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O Mostrengo e
O Adamastor
ff
Análise comparativa
«O Mostrengo»
«Mar Português»
1
«O Mostrengo»
«Mar Português»
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«O Mostrengo»
«Mar Português»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D.João Segundo!»
«O Mostrengo»
«Mar Português»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
«O Mostrengo»
Análise comparativa
2
Análise
comparativa
Caracterização das
personagens
Não acabava, quando ua figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.
Os Lusíadas, Canto V – Est. 39
Análise
comparativa
Caracterização das
personagens
Texto (não incluído no
PowerPoint – apoio à
apresentação)
Apesar de semelhantes, as duas personagens
apresentam personalidades distintas. O Adamastor é-
nos apresentado como uma criatura horrível, e
Camões referencia, por exemplo, o seu “rosto
carregado”, “a sua postura medonha” e os seus “dentes
amarelos”, como é possível verificar na estrofe
apresentada. Ao longo de 24 estrofes, é relatada a
melancólica história do passado de Adamastor e,
nestas circunstâncias, é exposto o seu fracasso
amoroso, em relação a Tétis. O Adamastor é-nos
apresentado como um indivíduo com atributos e
sentimentos humanos.
Análise
comparativa
Caracterização das
personagens
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
A Mensagem, O Mostrengo – Est. 1
Análise
comparativa
Caracterização das
personagens
Texto (não incluído no
PowerPoint – apoio à
apresentação)
O mesmo não se verifica com o Mostrengo. Em
apenas 3 estrofes, Pessoa apresenta-nos a sua
personagem como a imagem de uma criatura que é
capaz de voar e “chiar”, um ser “imundo e grosso”.
Quando o mostrengo pergunta quem ousou entrar nas
suas cavernas, as quais não desvenda, Pessoa
desumaniza-o, afirmando que este habita nas
“cavernas”, metáfora dos perigos do mar.
Análise
comparativa
Discurso
“E da primeira armada que passagem
Fizer por estas ondas insofridas,
Eu farei de improviso tal castigo
Que seja mor o dano que o perigo!”
Os Lusíadas, Canto V – Est. 43 (vv. 5-8)
Análise
comparativa
Discurso
Texto (não incluído no
PowerPoint – apoio à
apresentação)
A nível do discurso, o Adamastor, inicialmente, intimida Vasco da
Gama e os seus navegadores, iniciando o seu discurso com um tom
assustador, como indicam os versos. Porém, deixa transparecer uma
certa admiração e espanto por este povo aventureiro que ousou
navegar os seus mares. Tentando manter o seu aterrorizante
temperamento, é de notar igualmente a presença de funestas
profecias, por parte do Adamastor. Ao referi-las, ao invés de
assustar os portugueses, o gigante fez com que estes começassem a
admirá-lo. Neste ponto da história, o Adamastor começa a relatar o
seu passado, fazendo com que o seu discurso perdesse o tom
assustador e se convertesse num tom mais melancólico, quando nos
deparamos com o fracasso amoroso entre o Adamastor e a Tétis.
Esta conversão, onde o antagonista demonstra um lado sensível, não
ocorre no poema de Pessoa.
Análise
comparativa
Discurso
“Sou um povo que quer o mar que é teu”
A Mensagem, O Mostrengo – Est. 3 (vv. 5)
Análise
comparativa
Discurso
Texto (não incluído no
PowerPoint – apoio à
apresentação)
O mostrengo não era autor de profecias. No entanto, nota-se um tom
de ameaça e agressividade mais intensos do que o Adamastor, os
quais se mantêm durante todo o seu discurso. Notamos este tom
porque o homem do leme revela sentimentos de temor e receio,
perante a primeira vez que deve responder. Contudo, após as
primeiras hesitações do homem do leme, que sente vontade de
fugir, de largar o leme, este acaba por reunir toda a sua
determinação e permanecer no seu posto. Ele sente que essa não é
apenas a sua vontade, mas a do povo português por ordem de D.
João II, como indica o verso 5, da estrofe 3. Até ao final do poema,
o tom ameaçador do antagonista não o volta a assustar.
Análise
comparativa
Simbologia
Texto (não incluído no
PowerPoint – apoio à
apresentação)
Adamastor e o mostrengo, embora associados à representação do
denominado Cabo das Tormentas, são personificações do medo e do
receio que os navegadores revelavam ao enfrentar o desconhecido e
o nunca antes navegado. Estes monstros também representam
guardiões de um objetivo inatingível, o que obriga o Homem a
praticar um ato heróico e a vencer o medo.
Para além disso, Pessoa decide usar apenas um protagonista na sua
história: o homem do leme, o qual simboliza todo o povo português
em um só. Remete-nos à ideia de unidade entre os portugueses.
Enquanto isso, Camões usa Vasco da Gama, mas este faz sempre
questão de mencionar que pertence a um grupo, cuja visão é
apoiada pelo Adamastor. Neste sentido, Camões não apresenta a
mesma unidade entre os portugueses, como uma só entidade.
O Mostrengo e
O Adamastor
Semelhanças e diferenças
SÍNTESE
3
Semelhanças
▹ Representação da forma
invencível do mar;
▹ Discurso ameaçador do
Adamastor e Mostrengo;
▹ Temor, seguido de
ousadia dos portugueses;
▹ Personificação dos
perigos e receios do mar
desconhecido.
Semelhanças/
Diferenças
Diferenças
▹ Atitude melancólica d’O
Adamastor;
▹ Mostrengo como
criatura desumana e
Adamastor como
sentimentalista;
▹ Unidade protagonista
d’O Mostrengo e entidade
protagonista n’O
Adamastor.

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Análise comparativa - Mostrengo e Adamastor

  • 1. O Mostrengo e O Adamastor ff Análise comparativa
  • 3. «O Mostrengo» «Mar Português» O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; A roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!»
  • 4. «O Mostrengo» «Mar Português» «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso, «Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D.João Segundo!»
  • 5. «O Mostrengo» «Mar Português» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»
  • 7. Análise comparativa Caracterização das personagens Não acabava, quando ua figura Se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura; O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados, e a postura Medonha e má e a cor terrena e pálida; Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos. Os Lusíadas, Canto V – Est. 39
  • 8. Análise comparativa Caracterização das personagens Texto (não incluído no PowerPoint – apoio à apresentação) Apesar de semelhantes, as duas personagens apresentam personalidades distintas. O Adamastor é- nos apresentado como uma criatura horrível, e Camões referencia, por exemplo, o seu “rosto carregado”, “a sua postura medonha” e os seus “dentes amarelos”, como é possível verificar na estrofe apresentada. Ao longo de 24 estrofes, é relatada a melancólica história do passado de Adamastor e, nestas circunstâncias, é exposto o seu fracasso amoroso, em relação a Tétis. O Adamastor é-nos apresentado como um indivíduo com atributos e sentimentos humanos.
  • 9. Análise comparativa Caracterização das personagens O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; A roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!» A Mensagem, O Mostrengo – Est. 1
  • 10. Análise comparativa Caracterização das personagens Texto (não incluído no PowerPoint – apoio à apresentação) O mesmo não se verifica com o Mostrengo. Em apenas 3 estrofes, Pessoa apresenta-nos a sua personagem como a imagem de uma criatura que é capaz de voar e “chiar”, um ser “imundo e grosso”. Quando o mostrengo pergunta quem ousou entrar nas suas cavernas, as quais não desvenda, Pessoa desumaniza-o, afirmando que este habita nas “cavernas”, metáfora dos perigos do mar.
  • 11. Análise comparativa Discurso “E da primeira armada que passagem Fizer por estas ondas insofridas, Eu farei de improviso tal castigo Que seja mor o dano que o perigo!” Os Lusíadas, Canto V – Est. 43 (vv. 5-8)
  • 12. Análise comparativa Discurso Texto (não incluído no PowerPoint – apoio à apresentação) A nível do discurso, o Adamastor, inicialmente, intimida Vasco da Gama e os seus navegadores, iniciando o seu discurso com um tom assustador, como indicam os versos. Porém, deixa transparecer uma certa admiração e espanto por este povo aventureiro que ousou navegar os seus mares. Tentando manter o seu aterrorizante temperamento, é de notar igualmente a presença de funestas profecias, por parte do Adamastor. Ao referi-las, ao invés de assustar os portugueses, o gigante fez com que estes começassem a admirá-lo. Neste ponto da história, o Adamastor começa a relatar o seu passado, fazendo com que o seu discurso perdesse o tom assustador e se convertesse num tom mais melancólico, quando nos deparamos com o fracasso amoroso entre o Adamastor e a Tétis. Esta conversão, onde o antagonista demonstra um lado sensível, não ocorre no poema de Pessoa.
  • 13. Análise comparativa Discurso “Sou um povo que quer o mar que é teu” A Mensagem, O Mostrengo – Est. 3 (vv. 5)
  • 14. Análise comparativa Discurso Texto (não incluído no PowerPoint – apoio à apresentação) O mostrengo não era autor de profecias. No entanto, nota-se um tom de ameaça e agressividade mais intensos do que o Adamastor, os quais se mantêm durante todo o seu discurso. Notamos este tom porque o homem do leme revela sentimentos de temor e receio, perante a primeira vez que deve responder. Contudo, após as primeiras hesitações do homem do leme, que sente vontade de fugir, de largar o leme, este acaba por reunir toda a sua determinação e permanecer no seu posto. Ele sente que essa não é apenas a sua vontade, mas a do povo português por ordem de D. João II, como indica o verso 5, da estrofe 3. Até ao final do poema, o tom ameaçador do antagonista não o volta a assustar.
  • 15. Análise comparativa Simbologia Texto (não incluído no PowerPoint – apoio à apresentação) Adamastor e o mostrengo, embora associados à representação do denominado Cabo das Tormentas, são personificações do medo e do receio que os navegadores revelavam ao enfrentar o desconhecido e o nunca antes navegado. Estes monstros também representam guardiões de um objetivo inatingível, o que obriga o Homem a praticar um ato heróico e a vencer o medo. Para além disso, Pessoa decide usar apenas um protagonista na sua história: o homem do leme, o qual simboliza todo o povo português em um só. Remete-nos à ideia de unidade entre os portugueses. Enquanto isso, Camões usa Vasco da Gama, mas este faz sempre questão de mencionar que pertence a um grupo, cuja visão é apoiada pelo Adamastor. Neste sentido, Camões não apresenta a mesma unidade entre os portugueses, como uma só entidade.
  • 16. O Mostrengo e O Adamastor Semelhanças e diferenças SÍNTESE 3
  • 17. Semelhanças ▹ Representação da forma invencível do mar; ▹ Discurso ameaçador do Adamastor e Mostrengo; ▹ Temor, seguido de ousadia dos portugueses; ▹ Personificação dos perigos e receios do mar desconhecido. Semelhanças/ Diferenças Diferenças ▹ Atitude melancólica d’O Adamastor; ▹ Mostrengo como criatura desumana e Adamastor como sentimentalista; ▹ Unidade protagonista d’O Mostrengo e entidade protagonista n’O Adamastor.