1. Ação de Formação
Maria Rodrigues Henriques
Carlos Simões
Dislexia:
Identificar, Intervir para o Sucesso Escolar e inclusão
Aprendizagem da Leitura e da Escrita
2. Leitura e Escrita
A leitura e a escrita fazem parte do sistema de comunicação humana e
ambas estão ligadas quer à aprendizagem quer à utilização da linguagem.
Assim, aprender a ler e a escrever, na sociedade moderna, tornou-se como
que uma necessidade básica, sendo fundamental para nela se poder viver,
ser aceite e participar nos recursos que ela disponibiliza.
(Rebelo, 1993)
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3. A linguagem apresenta três grandes dimensões: a forma, o conteúdo e o
uso. E dentro de cada dimensão, encontram-se os cinco domínios da
linguagem:
Dislexia:
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4. Dislexia:
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• Fonologia: sons da língua e respetivas combinações que formam as palavras
• Morfologia: forma e estrutura interna como a palavra é constituída (prefixos,
sufixos, concordância de género, do número ou verbal)
• Sintaxe: regras que determinam como as palavras se devem ordenar para
criar as frases corretas
Forma
• Semântica: significado das palavras, das frases e do discurso (léxico)
Conteúdo
• Pragmática: uso da linguagem em contexto social
Uso
5. Importância da linguagem
A linguagem permite:
a comunicação social/ as relações pessoais
desenvolver a cognição “A linguagem é o veículo da cognição.”
questionar, argumentar, descrever as situações aprender a ler, a escrever, a
adquirir conceitos novos, a refletir sobre os problemas, a criar uma
“imagem mental”, manter uma sequência, perceber causa-efeito…
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6. • Existem 2 processos de linguagem:
a compreensão verbal que diz respeito ao que a criança entende e assimila da
informação que recebeu
a expressão verbal que se refere ao que a criança expressa ou diz e à forma como
o transmite.
No seu desenvolvimento a criança primeiro desenvolve a compreensão (integra
tudo aquilo que vê e ouve) e só mais tarde expressa aquilo que ouviu.
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7. A aprendizagem da linguagem escrita (leitura/escrita), é uma das tarefas
fundamentais a resolver pelas crianças no início da escolaridade básica,
considerando, também, que a aprendizagem da leitura e da escrita deve
ser concebida como um processo de apropriação contínuo que se
começa a desenvolver muito precocemente e não apenas quando existe
ensino formal.
(Martins, 1996)
Aprendizagem da linguagem escrita
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8. A aprendizagem da leitura não é um processo natural como o da linguagem
oral. Aprender a decifrar consiste na apropriação de estratégias. Requer,
por isso, um ensino explícito, consistente e sistematizado por parte de
quem ensina.
(Sim-Sim, 2009)
Os contactos precoces com a leitura no jardim-de infância são
determinantes para a formação de pequenos leitores envolvidos.
(Mata, 2008)
Aprendizagem da leitura
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9. Primeira etapa: Logográfica
Reconhecimento global de algumas palavras através da forma do vocábulo
ou de alguma marca gráfica mais saliente.
Duas fases: simbólica
estratégias logográficas
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10. Segunda etapa: Alfabética
Correspondências grafema-fonema: aprender as letras, a dividir palavras,
a aplicar as correspondências grafema-fonema e a aglutinar sons de forma
a construir palavras. (numa primeira fase, apenas na escrita)
Numa segunda fase, as estratégias alfabéticas passam a ser utilizadas na
escrita e na leitura.
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11. Terceira etapa: Ortográfica
Reconhecimento das palavras de forma direta (a prática da leitura
permite reconhecer imediatamente os padrões ortográficos da sua
língua)
Inicialmente, na leitura, e, posteriormente, na escrita.
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12. Aprendizagem da Escrita
Das fases de aprendizagem da escrita, constam, de forma geral, os
mesmos elementos que nas de leitura:
- ordenação e junção de letras para formar palavras
- relevância dada à acentuação e pontuação
- aplicação de regras ortográficas
(Rebelo, 1993)
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13. Níveis de aprendizagem da escrita
Quando a criança é capaz de apontar para o escrito e fizer a leitura do que escreveu, significa que adquiriu
habilidades de escrita, num percurso que engloba diferentes níveis.
• Nível 1 - a criança procura fazer a correspondência da escrita com o objeto.
• Nível 2 - Hipótese Pré-Silábica – para que a criança possa “ler coisas diferentes (atribuir significados
diferentes), deve haver uma diferença objetiva nas escritas” .
• Nível 3 - Hipótese Silábica – utilização da hipótese silábica, começando pelo nome próprio. A criança
passa a “dar um valor sonoro a cada uma das letras, que compõem uma escrita”.
• Nível 4 - Hipótese Alfabética - a criança deixa a hipótese silábica e passa a fazer uma análise que vai
além da sílaba.
• Nível 5 - Escrita Alfabética –evolução final da escrita alfabética. (…) compreende que cada um dos
caracteres da escrita está ligado a um valor sonoro menor que as sílabas. De forma sistemática,
concretiza uma análise sonora das palavras que passará a escrever. (Ferreiro & Teberosky, 2007)
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16. “depois de uma criança ter analisado e lido corretamente uma palavra várias vezes,
forma um modelo neural exato dessa palavra específica.
Este modelo (forma da palavra), que reflete a ortografia da palavra, a forma como se
pronuncia e o respetivo significado está agora permanentemente guardado no sistema
occipitotemporal.
Subsequentemente, basta ver a palavra escrita para, de imediato, ser ativada a forma
da palavra e toda a informação relevante acerca da mesma. Tudo acontece
automaticamente, sem pensamento ou esforço conscientes.”
Shaywitz (2008)
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17. A leitura resulta da interação de dois componentes essenciais: a descodificação e a
compreensão (Carvalho, 2011).
Ler é compreender (Carvalho, 2011), o mesmo é dizer que a compreensão é o
objetivo último da leitura (Nation, 2007).
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18. Quando inicia a aprendizagem da leitura, a criança possui já um conjunto
de componentes de que irá necessitar:
- capacidades de análise auditiva
- um sistema de reconhecimento de palavras
- um léxico fonológico (conjunto memorizado de representações da forma sonora da
palavra)
- capacidades implícitas de análise sintática
(Carvalho, 2011)
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19. Métodos de ensino da leitura
Para cada modelo de aprendizagem surgiram métodos do ensino da
leitura: aos ascendentes, o método fónico; aos descendentes, o global e
aos interativos, o método estrutural ou misto.
Métodos fónicos ou sintéticos – ensino da leitura através da correlação
imediata dos sons das letras que os representam.
Métodos globais ou analíticos – ensino da leitura através da construção
ativa de significado a partir de uma mensagem escrita.
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20. Bibliografia
Carvalho, A. C. (2011). Aprendizagem da Leitura: Processos Cognitivos, Avaliação e Intervenção. Viseu: PsicoSoma.
Coimbra, M. N. (2008). Processos de (co) Construção da Competência de Comunicação Escrita em Língua Materna: um estudo de caso em
contexto de estágio (vol. 1). Dissertação apresentada a Universidade Portucalense Infante D. Henrique, para obtenção do grau de Mestre em
Supervisão e Coordenação da Educação. Porto.
Ferreiro, E., & Teberosky, A. (2007). Psicogénese da língua escrita (D. M. Lichtenstein & L. Di Marco & M. Corso, Trad.). Porto Alegre: Artmed. (Publicação original,
1999).
Martins, M. (1996). Pré-história da Aprendizagem da leitura. Lisboa: Instituto Superior Psicologia Aplicada.
Mata, L. (2008). A descoberta da escrita: textos de apoio para educadores de infância. Lisboa: Ministério da Educação - DGIDC.
Nation, K. (2007). Children‘s Reading Comprehension Difficulties. In M. J. Snowling & C. Hulme, The Science of Reading – a Handbook (pp. 248-
265). Victoria: Blackwell.
Rebelo, J. (1993). Dificuldades da leitura e da escrita em alunos do ensino básico. Rio Tinto: Edições Asa.
Shaywitz, S. (2008). Vencer a Dislexia: Como dar resposta às perturbações da leitura em qualquer fase da vida. Porto: Porto Editora
Sim-Sim, I. (2009). O Ensino da Leitura: A Decifração. Direcção Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. Lisboa: Ministério da
Educação.
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