1) A arquitetura grega clássica procurou a harmonia e proporção através da combinação de elementos racionais e estéticos.
2) Sua evolução ocorreu em três períodos (Arcaico, Clássico e Helenístico) marcados por avanços técnicos e estéticos.
3) As cidades gregas eram organizadas em três áreas principais - acrópole, ágora e bairros residenciais - dispostas de forma a integrar a cidade à natureza.
1. lllss
libô
7 A arquitetura: em busca da harmonia e da proporção
e do
A arte grega clássica foi uma arte racional, expressão da comunidade
e ética'
homem/cidadão. Conciliou dualidades e oposições - aliou
estética
política e religião, técnica e ciência, reaÌismo e idealismo, beieza e funcionali-
glegos, pela sua perfei
dade e esteve ao sewiço da vida pública. os edifícios
-
ção,estabeleceramumaligaçãoharmoniosaentÍeoHomemeosdeuses'o
perfei
mundo concreto e o mundo espirituai e estão, pelas suas volumetrias,
plocesso evolutivo que
tamente enquadrados na Natureza, culminando um
teve o seu início no 2." milénio antes de Cristo'
povos que habi
A sua génese fundou-se em duas grandes heranças: a dos
cretenses e
taram a bacia do Mediterrâneo, como os Mesopotâmios, Egípcios,
cicládicos; e a das vagas de povos indo-europeus que invadiram
o território -
primeiro os Aqueus, que produziram a civilização Micénica, e depois
os
bório, (conhecedores do ferro), no século XII a. C., que deram continuidade
à
cuitura micénica e fizeram lenascel uma alte austela e rigorosa [19J'
Evoluiu em três períodos claramente definidos, quer pelas característi
estéticas quer pelas tecnológicas. São eles:
. o período arcaico, balizado entle o século vIII e o sécuio v a. c., que foi
um Ìongo espaço de tempo caracterizado pela plocula do inteligíveÌ,
da
ordem, do monumental, da sobriedade e da maturidade;
. o período clássico, que se desenvolveu entre a segunda metade dc
a pleni
século V e o século IV a. C. e foi um tempo em que a arte atingiu
tude, o equilíbrio, o realismo e o idealismo;
. e o período helenístico, marcado pela miscigenação de culturas'
gosto do particular, do concreto e individual e, simultaneamente,
tem
de declínio da cultlrra grega.
Inicialmente, a arquitetura gïega era executada em madeira' nomeada
pela pedra ca
mente a de cedro importada do Líbano, tendo sido substituída
cária (sobretudo o mármore) a pafifu dos finais do século
VII a. C' tlSl' A
ploporções evoluíram
da evolução dos materiais, também as estruturas e as
geometria e arqui
Isso aconteceu por meio de uma ligação pelmanente entle
Cria
tetura onde a matemática (o número) estabeleceu o ritmo e a harmonia'
e regras construtivas , cânonespara a concretização artística,
val
ram normas
os aspet(
res estéticos e modelos duradouros, nos quais todos os detalhes,
do co
decorativos e/ou os polmenoles tinham de se sujeitar à harmonia
junto. Determinaram, poÍ isso, os princípios básicos da geometria pla
Í8, Entablamento em madêira das primi- proporção, composi<
tivas construções gÍegas e espacial, definiram as primeiras noções de medida,
e ritmo através dos quais qualquer organização pIástica se deveria reg
arquitetos elaboraram projetos nos quais constavam
fverDescubra]. Para isso, os
ao relevo e a escolha c
estudo topográfico do terreno, a adaptação do edifício
elaborava
teriosa da ordem, de acordo com o tipo do edifício. Depois,
estabelecid
cálculos onde as medidas e proporções elam rigorosamente
2. Hrsrônn oas Anrrs Vrsuts I 39
ÍÍm[ a.,lrNúaÍr'Éfltos da Arte GÍega
ú[, .iDüffÍÌ, ies r,a3ens podemos inÍerir algumas influências sentidas na arte grega.
- r${u ilrout@tura
1k/rÍ@.a & Edíu, no Egito, séculos lll e ll a. C.
llliilÍ&nrn :::rs'trutivo baseia-se na coluna, que aqui possui capitel vegetâlista como na ordem coríntia, e arquitrave.
norte do Palácio de cnossos, creta, ll milénÍo a. c.
ilillrr ir: Ë3ito. o sistema construtivo é o mesmo mas, neste caso, a coluna possui capitel geométrico como na ordem dórica.
üllMG rtro€lar do Etectéion, Atenas, século V a. C.
ÌHir:rnEE r,: sislema lÍilítico, constituído por colunas e arquitrave, é evidente.
srllltLtrra
ú
a
de Assurnarzipal ll, século lV a. C.
.Emarun de Nessa, lmpério Antigo, lll dinastia, Egito, lll milénio a. C.
0n ffiÍÌ6 dê Auxerre, penúltimo quartel do século Vll a. C,, Grécia
mls :s:..::uas possuem características muito idênticas, porque são estátuas
* ]s:- a lei da frontalidade. No entanÌo, podemos verificar que no caso da
:Ê. lama de Auxerre, ela apresenta já indícios do naturalismo que irá ser
:ri,l:i: e que está patente na separação dos braços em relação ao bloco
liirmÌt
:GremÌ lca
tmË aretense com decoração geométrica sobre fundo escuro
ütaso miénico com repÍesentação de uma corrida de carros sobre Íundo claro
ïllüBrE grega de volutas, datada de entre 575 e 550 a, C
illil?T,:e grega soÍreu influências cretenses e micénicas nas formas de diversos vasos, na decoração geométrica e/ou figurativa e no tratamento dos fun-
::ifrì":s Dom figuras negras e vice-versa.
3. lll+o
üllliB{ilÍititil
Produziam maquetas, em madeira ou ter-
A ORTGEM DA SECÇAO DE OURO racota, que eram submetidas posterior-
"Segundo a lenda, foi o maÌemático grego Endoxe que ensaiou a primeira tentativa
mente a aprovação oficial.
explicativa. pela qual se considera a secção dourada tão agradável ao olhar.
Ële passeãv-a-se com um longo bastão e pedia aos que encontrava para designar A concretização da obra era um traba-
nesse bastão o p0nt0 que, segundo eles, Íosse mais interessante para dividir. lho coletivo, feito para a cidade, qu
Ficou eslupeïacto ao constatar que a maioria das pessoas inÌerrogadas escolhia o
ponto exaio da çecção de ouro. envolvia diversos profissionais: arquit
Ëndoxe prosseguiu os seus estudos maÌemáticos sobre a proporção divina e des- tos, projetistas, escultores, pintores
cobriu que ela se poderia exprimìr por uma ïórmula que se chama PHl, por causa outÍos artesãos. O objetivo final da art
do artista Phidias (Fídias) que a utilizava correntemente nas suas esculìuras. Hoje,
eÍa a procura de unidade, beleza e har
chamamos-lhe o Número de Auro.
0 geómetra grego Pitágoras também se interessou por tal e Íoi o primeiro a desco- monia universais, suportadas, é clar
brir que esÌe número é a base das proporÇões do corpo humano, Ìeoria que provou. poÍ uma filosofia que buscou a relaçã
0s Gregos, no seu conjunto, apropria-
do Homem com o divino, com o m
ram-se desta fórmula, que se pode em-
pregar como base numa inÍinidade de e a sua origem, com a vida e a mor
Íiguras e desenhos muito belos, como assim como com a dimensão interior
o pentagrama ou a estrela de cinco próprio Homem - vaÌores que hoje desi
braços que.fez furor na ltália do Renas-
cimenì0.
namos por Classicismo.
Apaixonados por esta descoberta, os A arte grega esteve, então, ao serv
Gregos Íizeram investigações aprofun-
da vida pública e da vida religiosa,
dadas para demonstrar que esïa Ía-
mosa proporqão era igualmente a base gando-as harmoniosamente. As suas c
da maior parte das Íormas na Natureza, des são exemplo disso.
como conchas, Ílocos de neve, plantas,
etc. A cidade grega, aberta à vida ao ar
Todos os artistas gregos - pintores, vre e enquadrada na Natureza, gerad
escultores, ceramistas - estabeleceram
inicialmente de forma empírica e ap
as suas obras segundo o ptincÍpio do
Número de Auro, mas ó na arquiteÌura
veitando os'declives'e acidentes do ter.
que ele encontra o seu total desenvolvi- reno, era concebida com três áreas di
menlo: 0 Ptáftenon de Atenas é talvez o tintas:
mais belo exemplo desta perÍeição
matemática na obra artística.''
. uma área fortificada, considerad
Fred Gettings, "Art, magie et ses sagrada - a acrópole -, na qual era
merveilles", un grandlivre dbn Édition construídos templos, santuários, orác
des deux coqs d'or, 1964
los e tesouros [20];
. uma área pública, na zona baixa, o
instalava aâgora,que era o centïo
se
vida da pólis, com espaços para reuniões políticas, manifestações desporti
vas e artísticas, em particular o teatro, e para o comércio; aí se erguera
construções como assembleias, teatros, estádios, mercados, sto as,... l21l;
. aâreaprivada, de menor importância monumental, constituída por bai
residenciais organizados por classes sociais, com casas de habitação geral
mente feitas em madeira, dispostaS ao longo de ruas estreitas, Iabirínticas
sem pavimentação [22].
4. HrsróRn ols ARrcs Ursuns I 41
Recinto de Atena Polias Palácio de Êumenes ìl
20. Reconstituição da acÍópole da cidade
Porta da Acrópole de Pérgamo, Ásia Menor, período hele-
Altar de Zeus Sóter
nístico
Está construída em anÍiÌeatro numa colina
Mercado de 310 m de altura (em: História da Arte,
aba- r{lllìÌÌtlÍìlÌtffi f, rÌr$ Ed. AlÍa).
que
ïãffeLiilrr
uite-
les e
!
'lllkmrmuo
râIte cnlrcs
:har-
Pórtico do teatro
laro,
hção
21. Planta da Stoa de Atalo, Atenas [al,
undo sua situação na ágora helenística [B]'
rorte, pormenor do alçado [G]
or do
ilesig-
li_]_M
----Fr
ô ro20
:wrço 1 -Templo de Heíesto
2 Stoa de Zeus
conju- ,Õ 3 - Buleuterio
4 - Métron
; cida- 5 - Tholos
(
r
a-
.." )
Ísj
6 - Stoa Central
7 Stoa Sul
) ar ii- 'RÌY
--!-.i /
B
9
- Via das Panateneias
Stoa de Atalo
lerada 3
;g
: apro-
lo ter-
as dis-
lerada
I eram
::r:q -+_- - oM
orácu-
22. Plano de um bairÍo residencial iunto
4 onde à ágora em Priene
ntro da
espofii-
sueram
th
:bairr
0 gera
hticas
I
5. ll rz
Apesar de, ao longo do tempo, não ter sofrido grandes alterações, a estru-
tura da cidade grega respondia a um piano urbanístico regido pelos seus
magistrados, reunidos em "colégios", dos quais faziam parte arquitetos e téc-
nicos responsáveis pelo estado de conservação das ruas e dos seus diversos
edifícios.
A organização espacial das cidades gregas foi fruto de uma evolução
empírica e natural. Âpenas a cidade de Mileto [24], situada na Ásia Menor,
possuiu inovações de raiz dignas de nota. A partir do seu piano urbanístico
(o primeiro de toda a arte ocidental) Hipódamo de Miieto (ag-a79 a.C.),
urbanista e filósofo, teorizou uma cidade perfeitamente racionai e funcio-
nal, não alterando, apesar disso, a estrutura tradicional da cidade grega. No
seu piano ideal, a cidade era formada por avenidas Ìongitudinais que se cru-
zavam ortogonalmente com ruas transversais, formando quarteirões regula-
',"1
res com áreas diferenciadas, segundo as suas funções. os quarteirões cons- -Tj-J-_<=--_:.4-.
[n mrrilE &a ciÉh& & flliil
tituíam o módulo a partir do quaÌ a cidade se desenvolvia e que era formado
por duas filas de cinco casas de configuração e área semelhantes. Estas, por
sua vez, eÍam espaçosas e organizadas à volta de um pátio central, utili
zando o plano centrípeto que os Romanos também desenvolveram [26].
Este plano de cidade, aplicado sobretudo no período helenístico, foi utili
zado anteriormente noutras cidades, tais como em Atenas, na reconstrução
do Pireu, no século V e em Priene, na Ásia Menor, no século IV a. C. [2S],
I
criando uma nova estética que seria adotada pelos Romanos.
Arquitetonicamente, o templo foi e continua a seÍ o exemplo máximo da
arquitetura grega e tem, no sécuÌo Y, no Prírtenln e em Atena Nikí, o encontro
exemplar entïe o racionalismo, o antropocentrismo e o ideaiismo do pensa-
mento grego. Todavia, a sua ferma e estrutuïas básicas evoÌuíram a partir do
mágaron micénico (sala de trono, no palácio), que era formado por uma sala
quadrangulaÍ, com um vestíbulo ou pórtico suportado por duas colunas e
com telhado de duas águas. Esta estrutura básica tornou-se, gradualmente, lilü,,immryinm * Eitrrr@, @ u!
mais complexa, com maiores dimensões e rodeada por colunas [281.
O templo era a morada e abrigo do deus, local onde se colocava a sua ima-
gem, à quaÌ os fiéis não tinham acesso, pois os rituais eram realizados ao ar
livre, em redor do templo. Os Gregos usaram, na sua constïução - aliás como
em toda a sua arquitetuÍa -, o sistema de construção designado por trilítico,
definido por pilares vefiicais unidos por lintéis horizontais [22], não utili
tL Sarlâ suHerrânea de consulta do orá-
cdo- cDbertâ por um sistema de arcadas zando linhas cuwas, como noutras civilizações da Antiguidade, não po
as não soubessem construir (') [zg]. o exterior do edifício era majestosamente
:. Sabemos pela arqueoÌogia que decorado com esculturas e pintado com azuis, vermelhos e dourados, remi
,s :Ísiemas constÍutivos em arco
:::am utiÌizados por mesopotâ- niscência das construções iniciais em madeira que se realizaram até finais do
:-:os e gregos em constÍuções século VII a. C.. Virado para o exterior, o tempÌo gÍego tem, como se pode
:::ìiiárias e funcionais como
:azéns, ou siÌos, e cisternas. constatar, um forte sentido escultórico [22].
6. HrsróRn om ARres Ursulrs I 43
, a estru-
los seus
DS e téc-
diversos
volução
tMenor,
anístico
79 a.c.),
:funcio-
rega. No
Ê SC CÍU.
b regula-
ES CONS- S,. krüa da cidade de Mileto, século V a. C. 25, Planta da cidade de Priêne, século lV a. C.
[ormado
stas, por
11, utiÌi
261.
foi utili-
Dstrução
- c. t251,
Hmo da
Mégaron
ffi
ncontro Mégaron com colunasffi
{remplo indnris)LL;ffi
D pensa-
partir do F-"qr*@
Templo lâ $ H
tma sala próstilo p ü dn+6@MM{
ffi
[$
olunas e Templo circular
ilmente,
[l krçetiva e planta de uma casa grega, em priene outholos @
b5
anrrduplo$
fld
Templo in fl ü .l
t^**-*F__l
sua ima- 27. Reconstituição da tr-iFè.ry--d
Íachada principal do Temptoaníipróstilop $ 5d
los ao ar (lemplo de Atena Niker
Pártenon segundo Be- le $
Ë@{t
fl E
noir Loviot, em 1881
ás como Templo períptero (templo
Como se podê verificar, de Zeus em Olímpia)
rilítico, o templo grego era "in- 6'#6&&SSSSS
vulgarmente colorido" em
Iao utrlr- relação à aparência que
I
I poÍque lhe conhecemos hoje. &
&
O sentido "escultórico"
hamente do templo advém-lhe
i tanto dos relevos como Templo períptero (Pártenon)
F, reml- da cor e do equilíbrio e &&&&ss&696#*&6ffi
justeza das proporções. & &
hnais do s
& 6 ss g
rse pode s
& @ *6 &
& $!a & s & & & fr 6 * m &
s
&&es&s&Õ&s&a*
28, Evolução planimétrica do templí
$re$o"--+
7. Ill+q
Na sua estrutura planimétrica final [zsì, o templo era formado por três
espaços: :uma cella ott naos, onde se encontrava a estátua da divindade, ante-
cedida poï um espaço designado poÍ pronaos, que era uma espécie de pórti
e um outro espaço do lado postedoÍ da cella designado por opistídomos, q
tinha como função ser a câmara do teslurl,local onde se guardavam as
rendas aos deuses e os bens preciosos da cidade. Esta estrutura tripartida er
rodeada por um peristilo, espécie de corredor coberto e circundante, abert
Iateralmente através de uma ou mais fiadas de colunas.
Em alçado, o templo era constituído por: uma base ou envasamento,
eÍa uma plataforma elevada e tinha como função nivelar o terreno; as colu
8, Templo de Hera, em Paestum, século nas, que constituíam o sistema de elevação e suporte do teto; e o entabla
lV a. C.
mento, elemento superior e de remate que era formado pela arquitraue, pel
A imagem mostra a simetria axial, em planta
lAl, alçado [B] e corte [C] do Ìemplo grego. fnso e pela cornija, encimada pelo frontão triangular. O teto de duas águas er
1. pronaos coberto por telhas de barro [33].
2. naos
3. opistódomos O tempÌo grego, como se pode verificar pela sua estrutura planimétrica
{. peristilo
pelo alçado principal, possui uma simetria axlal, criando fachadas simétric
duas a duas [29].
Processo de articulação métrì- Marcado poÍ esta mesma estrutura desde a sua origem no século IX a.
ca dos diversos elementos de
um todo, em Íunção da sua o templo grego sofreu, apesar disso, uma sensível evolução estilística. N
harmonia Íinal. Essa articula-
século VII a. C., os Gregos já tinham definido os dois principais estilos arqui
çã0, a partir da base, da coluna
e do Íriso, numa escala Íixa de tetónicos ou ordens: a ordem dórica e a ordem jónica.
valores, regula as dimensões
do templo em números, carac- O conceito de ordem está ligado a um sistema de proporções que h
terÍsticas e relaqões mútuas, é trrzava as partes do edifício em relação ao todo. Era aplicado ao traçado
uma regularidade, uma hierar-
quia, um ritmo, uma muìtiplici- coluna - determinando as proporções das suas partes con-stituintes:
dade na unidade,
fuste e capitel -, e à relação entre a sua espessura e a sua aÌtura totai
A coluna é o elemento que melhor define as características de cada ordem,
ta1 forma que o diâmetro médio do seu fuste determina o mídulo métríc
segundo o qual se construía todo o sistema proporcional do edifíci
A coluna teve também um valor icónico extÍemamente forte, que est
para além da sua função estrutural. Ela é o símboÌo do Homem, é antro
l mórfica - e tomou assumidamente essa forma humana no pórtico das cariá
li
tides [30] do Erectíion, na acrópole de Atenas, e de atlantes, como no caso
ir templo de Zeus Olímpíco, em Agrigento, datado do século IV a. C. [311.
i
A ordem dórica é a mais antiga [33 e 36ì. Nasceu na Grécia Continen
cerca de 6oo a. C. e possui formas geométricas, com quase total ausência
decoração. Derivou das primitivas construções em madeira nas quais a ped
I
!
era utilizada apenas nas colunas e alicerces. Possui um aspeto maciço e
atribuindo-se-lhe um carácter masculino e sóbrÌo, ligado ao espírito guerrei
i
i
dos Dórios, seus inventoÍes, que chegaram à Grécia vindos do Norte, aproxi
damente em rooo a. C.. Nesta ordem, o envasamento é composto pelo este
bato, plataforma de aÌicerçamento rodeada de dois ou mais degraus de
30. A cariátide é uma estátua Íeminina
úÌtimo degrau (o superior) onde assenta o edifíci
e pelo estilóbato, que é o
utilizada como coluna (na imagem, por- A coluna é robusta e possui fuste com caneluras em aresta viva e capitel
menor do Pórtico das Cariátides, no
Erectéion) mado por ábaco e equino, ou coxim, muito simples e geométrico [32J.
8. HrsróRn ons Anrrs Vrsults | 45
mÍl ììiruÌflnmrÍü úB jiq,s O{ímpico, em Agrigento, com os seus 32. Evolução do capitel dórico entre a época arcaica [À] e a clássica [B]
roÍfiiltÍrdrì riltur slnsr€rn com colunas dóricas adossadas
29t 27
16
t5
l0
-1 -z:'.a:2. perístases ou perístilo;3. pronaos; 4, cella;5, opistódomos
- 6. =stilóbato; 7. grampos de união; 8. fuste das colunas; 9. colarinho; 10. capitel; 1Í. anel
mtttt|lÍumiuna 12, équino; 13. ábaco;14. ortostato; Í5. arquitrave;
trruru "Ì i e:e e goteira; 18. lintel: 19. triglíÍo; 20. métopa; 21, gárgula; 22, mútulas; 23. teto; 24. telhas; 25. Írontão; 26. cimalha Írontal; 27. cornija
![. : -:ano: 29, cornija oblÍqua; 30. anteÍixo; 31. acrotério angular; 32. acrotério terminal
9. llllao
O entablamento compreende a arquitrave, o friso dividido em métopas
e tríglifos (reminiscências da construção em madeira) e a cornija. O frontão
triangular coloa o edifício [361. Os arquitetos $egos plocularam, em tudo o
que construíram, uma ilusória sensação de simplicidade. Tal não é inteira-
mente verdade. Observando os templos dóricos, verificou-se que' poI seÍem
perípteros,estavam sujeitos a determinadas deformações óticas que desvirtua-
34- Fachada oriental do Pártenon com vam a perfeição e a simetria que buscavam. Assim, corrigiram matematica-
exageradas alterações, para se conse-
guir um melhoÍ êÍeito ótico mente essas deformações [34 e 351.
Exemplos de templos de ordem dórica sáo: o Templo de Herq em Olímpia,
o de Poseídon, datado de meados do século V a. C. [3S], o de Apolo, em Corinto,
o de Ceres,e o mais famoso de todos, o Prírtenon[ver r.'Caso prático].
A ordem jónica nasceu no século vI a. c., na |ónia, e desenvolveu-se
sobretudo nas costas da Ásia Menor e nas ilhas do Mar Egeu. Esta ordem
difere da ordem dórica nas plopoIções de todos os seus elementos e na deco-
ração mais abundante da coluna e do entablamento. Esta, associada às suas
35, Dêformações veÍiíicadas no templo dimensões mais esbeltas, confere-lhe um carácter feminino'
dórico [Â] ê coÍÍêções [B] matemáticas
eÍetuadas de modo a que na construção O envasamento dos edifícios de ordem jónica é formado apenas pelo este-
se lessem corretamente as linhas vêrti- reóbato constituído poÍ tIês degraus. A coluna possui umabase individual, um
cais e hoÍizontais
Os elementos horizontais do Ìemplo que, fuste com caneluras semicilíndricas, sem alestas vivas, e em maior número
visualmente, são lidos de Íorma abaula-
que o da coluna dórica, e também mais longo e delgado, e um capitel com
da/côncava, são ligeiramente encurvados
para cima e para Íora, ou seja, convexos; ábaco simples e equino em forma de volutas enroladas em espiral [371.
os elementos verticais inclinados para den-
tro e para cima segundo um ponto de Íuga, O entablamento tem uma arquitrave tripartida longitudinalmente e um
conlrariando a leitura visual que era in-
versa; toda a colunata é construída ligeira- friso contínuo, com decoração esculpida, rematado pela cornija; o frontão
mente inclinada para dentro do templo'
uma vez que a tendência de leitura era ver
triangular encima o edifício, tal como acontece na ordem dórica. Este tipo de
a Íachada do ediÍício curvada para fora. estrutuÍa foi aplicado, inicialmente, a edifícios de planta simples, como o tem-
A curvatura desta Ílexão vertical era calcu-
lada com um raio de 800 metros, segundo plo de Atena Nikálver r.'Caso práticol. No entanto, outlas obras mais complexas
Vitrúvio; as distâncias entre as colunas,
utilizaram igualmente esta ordem, como o Erectáion. Neste edifício, a função
exatamente iguais quando medidas, apare-
cem aos olhos humanos ligeiramente dis- icónica da coluna adquire antlopomolfismo num dos pórticos, através da sua
torcidas; o Íuste das colunas era ligeira-
mênte engrossado, no primeiro terço da substituição por estátuas de figuras femininas - o pórtico das cariátides [30 e 421.
sua altuÍa (êntase); e o intercolúneo êra
maior entre as colunas das pontas do que
nas do meio.
A.
-++-f-"T-ê
Horizontal ÏTT
# ------------
:T-F-rr--rffil
verticar
W
10. .'
HrsTóRIÂ oAs ARTEs Vrsulrs I 47 lll
topas
Acrotério Moldura de cornija
ntão
udo o Faixa
Dentículos
Lteira- -_-l
Mútulos
Friso
;erem
Lacrimal ]- rn,"bt,-.n,.
irtua- Métopa
Tríglifo
Arquitrave
I
atica- Taenia Entablamento Ábaco
Régula -
Cotas voluta l- capiter
Arqüitrave
Ábaco corjar l
mrpia, Equino
lrinto, Aneletes
reu-se
rrdem
t deco-
ls SUAS
lo este-
ral,um Cilindros/tambores
úmero
el com
l Base
eeum
Lontão
tipo de
) o tem-
n:, Estrutura da ordem dórica
Estilóbato
lnfraestrutura
de apoio
(estereóbato)
37. EstÍutura da ordem jónica
Estilóbato
Estereóbato l Socalco
nplexas
função
; da sua
lilt e 42].
0i 5 '10 '15
i 10 15
!-ffi m
-m
ú^ Templo de Poseídon, datado do século V a. C., teito em calcáÍio
ssrÌquíÍero e rêvestido a estuque, com 59,93 x 24,31 m
i€ :iocos eram talhados com rigor e depois justapostos sem qualquer arga-
*. Basílica de PesÍos, na Magna Grécia, ltália, meados do século Vl a. C.
lt'r.sa, só esporadicamente unidos com cavilhas ou gatos de metal, em Tem cerca de 24,52 x 54,27 m e Íoi construída em calcário puro e poroso,
iil:r*a de H ou N. outrora coberto por uma camada de estuque.
11. I I Il,a
A ordem coríntia apaleceu apenas no final do sécu1o V a. C. e é uma deri
vação da ordem jónica, resultando do seu enriquecimento decorativo' O seu
autor foi Calímaco d.e Corínto- da cidade de Corinto - e daí o nome de corín-
tia. As principais diferenças estão na coÌuna que possui uma base mais traba-
thada, um fuste mais delgado e um capitel em forma de sino invertido, que
era repleto de decoração esculpida, formada por duas filas de folhas de
acanto, coroadas por volutas jónicas t401. O entablamento e o frontão eÍaln I
sobrecarregados de refinados preciosismos decorativos. A ordem coríntia
foi
i
usada pelos Gregos de forma parcimoniosa e encaÍna o espírito olnamenta-
lìsta do século IV a. C.. No entanto, seria a oldem preferida peÌos Romanos' ilìfi
que lhe deram grande exPansào.
Na Grécia, podemos encontrá Iano Templo de zeus olímpico 1411e no Montr iü
mento Cortígico aLisícrates,datado do século IV a. C., ambos situados em Atenas'
o tempÌo gÍego, quaÌquer que fosse a ordem utllizada, possuía na sua
40. Evolução do capitel iónico para o
estrutura espaços destinados à escultura que valorizavam o edifício e aumen- rilil clfrlLliilil{nï
coríntio
tavam o seu valor icónico, pois devemos considerar que o templo foi, po:
excelência, dedicado a glorificar um deus.
41. Ruínas do Templo de Zeus Olímpíco, em Atenas, iniciado em 174 a' C
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12. HrsróRn ons Anrrs Vrsuus I 49
f o Templo Antigo
m O Erectéion
N
Trìbu na
das Cariátides
nh, ullÌüt@M B. Planta
ftlm do Erectéíon, século V a. C., Atenas
ÍrNrmrn-: r"ì santuário triplo com uma cella desÌinada às marcas de Poseídon e à lança de Atena; uma outra destinada ao culto de Cécrope e Erecteu;
' r|Ìnmu mm'rr:
-s Cariátìdes destinada a Pândroso, Íilha de Cécrope. Havia ainda um espaço onde era colocada a oliveira sagrada de Atena. E, apesar de a
jónicas de 6,59 m de altura
=r regular, exisÌe proporcionalidade e harmonìa. Possui dois belos pórticos- O que está virado a norte tem colunas
'Íinlr' riÊmÍEìs :,:icados. No que está virado a sul, as colunas foram substituídas por seis cariátides (antigas KoraÌ), com cerca de 2,3 m de altura. Estas
i:,,:a possuem longas tranças e mantos magnìficamente pregueados, numa atitude graciosa, obra que se atribui à escola de Fídias. Na varanda
iim:Ërm*{ :Íriso não tem entablamento, mas possui uma arquitrave e uma cornija com dentículos, pequenas mísulas coìocadas sob a goteira, o que lhe
n|rÍJ,:4ade.Tal como noutros Ìemplos gregos, a sua decoração é requintada e policromada com pasta de vidro derretìdo e incrustado, com bandas e
*m ::nze dourado.