O documento descreve a região Sudeste do Brasil, abordando sua caracterização física, formação socioespacial, mobilidade populacional e transformações econômicas. A região possui relevo dominado por planaltos e serras, clima tropical e vegetação original de Mata Atlântica. Sua ocupação iniciou-se com a mineração e expandiu-se com a economia cafeeira, concentrando população e atividades nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e regiões próximas.
3. 1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA
REGIÃO SUDESTE
A Regiāo Sudeste ocupa
924.573,82 km², equivalente a
10,86% do território nacional.
Grande parte desse território é
dominada por formações
planálticas, com destaque para os
Planaltos e Serras do Atlântico
Leste-Sudeste, constituídos pelos
cinturões Orogenéticos, e os
Planaltos da Bacia Sedimentar do
Paraná.
4. Em direção à calha do Rio Paraná, a superfície do Planalto
Atlântico foi bastante desgastada pelos processos erosivos,
formando um relevo dominante de morros com topos
convexos, denominados mares de morros.
Entre os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná e o Planalto
Atlântico, encontram-se as depressões periféricas, superfícies
bastante erodidas entre o Terciário e o Quaternário (há cerca
de 70 milhões de anos).
Nesses compartimentos do relevo da Região Sudeste, os
terrenos apresentam altitudes menores, sendo delimitados
pelos Planaltos Sedimentares da Bacia do Paraná por
escarpas denominadas frentes de Cuestas.
5. Do norte do Espírito Santo ao sul do estado de São
Paulo, há um conjunto diversificado de ambientes
Costeiros. Nesse trecho do litoral brasileiro, de
formação terciária e quaternária, existem inúmeras
restingas, baías e ilhas costeiras.
O clima tropical predomina na Região Sudeste.
No oeste paulista, parte do Triângulo Mineiro e na
porção centro-norte de Minas Gerais, o padrão
climático tropical apresenta duas estações bem
demarcadas.
Na faixa litorânea, o volume e a freqüência das
chuvas são maiores. Ao contrário, no norte de Minas
Gerais, as chuvas são escassas e irregulares.
6. O clima tropical de altitude abrange as regiões
serranas de São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas
Gerais.
Por fim, o clima subtropical ocorre no extremo
meridional do território paulista, ao sul do Trópico
de Capricórnio.
Originalmente, a mata tropical era a cobertura de
vegetação dominante no Sudeste, refletindo o
padrão climático regional.
Na depressão periférica e nas regiões mineiras com
a estação seca mais acentuada, predominavam os
cerrados. Tanto a Mata Atlântica como o cerrado
foram amplamente devastados no processo de
ocupação e formação territorial da Região Sudeste.
7. 2. A FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL
E AS RUGOSIDADES
O Sudeste é, provavelmente, a região brasileira que
apresenta os maiores exemplos de rugosidades.
A ocupação portuguesa nas terras habitadas pelos
povos indígenas formou as bases territoriais dos
atuais estados da Regiāo Sudeste.
No entanto, foram os investimentos na
infraestrutura de transporte da economia cafeeira e
os empreendimentos estatais no setor industrial que
possibilitaram a concentração da riqueza nacional
nesses estados, combinando formas espaciais de
diferentes épocas em um mesmo lugar.
9. 2.1. A mineração e os primeiros
núcleos urbanos no interior
A descoberta de ouro provocou a rápida
ocupação das regiões produtoras, dinamizando
e aumentando as atividades comerciais e de
serviços, o que impulsionou o desenvolvimento
urbano.
Pela primeira vez, depois de mais de dois
séculos de colonização, áreas do interior
tornaram-se povoadas, além de chamarem a
atenção da metrópole em razão das
oportunidades de enriquecimento da atividade
de mineração.
11. 2.2. A configuração das fronteiras e
os novos caminhos rumo ao interior
Algumas transformações políticas como:
1708 e 1709: Guerra dos Emboabas.
1709: separação territorial das capitanias de
Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
1759: o Marquês de Pombal substituiu as
Capitanias Hereditárias pelas Capitanias da Coroa.
Foram reforçadas pela transferência da sede
do Vice—Reino de Salvador para o Rio de
Janeiro, em 1763. A nova capital permitiu
melhorar a articulação do território.
12. Mais próxima das regiões mineradoras, facilitava o
controle do comércio do ouro e das pedras preciosas
e a administração do fluxo cada vez mais intenso do
tráfico de escravizados africanos.
Dessa forma, rapidamente o Rio de Janeiro assumiu
o estatuto de centro articulador de uma vasta rede
territorial. Posicionada estrategicamente mais perto
da zona de fronteira luso-espanhola, em permanente
conflito, a nova capital do Vice—Reino possuía
vários caminhos para as Minas Gerais.
A transferência da Corte portuguesa para o Brasil,
em 1808, veio reforçar o papel do Rio de Janeiro
como o grande centro econômico do território
colonial.
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14. 2.3. O desenvolvimento econômico
e a integração dos estados
A expansão da cafeicultura pelo Vale do Paraíba, no
período de 1830 a 1880, integrou ainda mais a economia
do Rio de Janeiro e São Paulo.
A riqueza gerada pelo comércio do café permitiu o
investimento em grandes obras de infraestrutura
portuária, primeiro com a construção de ferrovias e
depois com a modernização dos portos, tornando Santos
uma área portuária tão importante como a do Rio de
Janeiro.
Em 1890, o Vale do Paraíba já não era a principal região
cafeeira do país, substituída pelo oeste paulista.
Mas a marcha do café para o oeste deixou um rastro de
povoamento, formando novos núcleos urbanos nas
margens das ferrovias.
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16. A infraestrutura e o capital gerado pela economia cafeeira também
foram importantes para o desenvolvimento industrial do Rio de
Janeiro e, principalmente, de São Paulo.
Em primeiro lugar, as redes bancária e comercial organizadas para
os negócios do mercado de exportaçāo formaram um sistema
financeiro com recursos para novos investimentos.
As redes elétrica e de transporte ferroviário, que interligavam as
cidades paulistas e fluminenses, criaram as condições para a
instalação de indústria de bens de consumo em núcleos urbanos
com grande crescimento populacional.
No decorrer do século XX, a atividade industrial concentrou-se
cada vez mais em São Paulo.
O investimento na indústria de base durante a era Vargas (1930-
1945) reforçou ainda mais o papel de São Paulo como centro da
economia nacional.
Ao mesmo tempo, os investimentos realizados no setor siderúrgico
próximo aos centros de extração do minério de ferro e dos portos
marítimos, integraram Minas Gerais e Espírito Santo aos circuitos
produtivos industriais.
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18. 3. MOBILIDADE E DINÂMICA
POPULACIONAL
0 Sudeste é a região brasileira mais populosa do
Brasil.
Em 2007, contava com 77.873.120 habitantes, o
que representava 42% do total da população
brasileira.
No entanto, esse
contingente populacional
está desigualmente
distribuído pelo território.
19. A partir de 1940, São Paulo tornou·se o estado
mais povoado do Brasil.
Esse crescimento foi provocado pelos fluxos
internos de migrantes em busca de trabalho,
principalmente do Nordeste.
Na década de 1990, apesar do registro de fluxos
de regresso de São Paulo para os estados de
origem o saldo ainda foi positivo, indicando que o
território paulista ainda exercia forte atração da
população migrante ao mesmo tempo,
aumentaram-se os fluxos de saída da metrópole
para cidades do interior do estado, onde o custo
de vida é menor.
20. Entre as regiões brasileiras, o
Sudeste foi a que apresentou o
ritmo de urbanização mais intenso.
Enquanto o cruzamento das curvas
de crescimento das populações
rural e urbana no Brasil ocorreu na
década de 1960, essa reversão de
proporcionalidade no Sudeste
ocorreu já nos anos 1950, quando
fluxos migratórios provocaram o
crescimento da população urbana
da região e houve aceleração do
crescimento vegetativo.
21. As cidades com mais de 500 mil
habitantes que não são capitais
concentram-se no Sudeste; com
exceção apenas de Jaboatão dos
Guararapes, na região
metropolitana de Recife, e Feira
de Santana, na Bahia.
Embora esses grandes núcleos
urbanos conectem o mercado
brasileiro à economia mundial, a
desigualdade social e a
degradaçāo ambiental - causada,
por exemplo, pela emissão de
poluentes - são cada vez maiores
e tendem, de forma irreversível, a
agravar-se nos próximos anos.
22. 4. TRANSFORMAÇÕES DO
ESPAÇO ECONÔMICO REGIONAL
Entre 1985 e 2001, a participação do estado de São
Paulo no valor da produção industrial nacional
reduziu-se de quase 52% para 44%.
A desconcentração ocorreu também em escala
estadual, pela transferência de investimentos da
metrópole paulista para o interior do estado.
Contudo, a produção industrial paulista é maior que
a do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul,
juntos.
O Rio de Janeiro é a segunda maior economia do
Brasil, sendo responsável por 11,5% do PIB.
Primeira capital da República, a cidade do Rio de
Janeiro, agora capital do estado, é sede de alguns dos
principais órgãos federais e empresas estatais, como
BNDES e Petrobras.
23. Em termos de produção industrial e economia, o
Espírito Santo pode ser dividido em quatro regiões:
Metropolitana, Norte, Noroeste e Sul. As grandes
empresas exportadoras de aço, minérios aglomerados,
celulose e café são responsáveis por mais de 80% das
exportações do estado.
Minas Gerais é o terceiro maior parque industrial do
Brasil, com destaque na produção de automóveis (30%
do valor da produção nacional); aço (38% da produção
nacional); ferro gusa (53%); cimento (25%).
Belo Horizonte pode ser considerado o pólo de
biotecnologia mais importante do país, concentrando
1/5 das mais de 300 empresas brasileiras do setor.