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Morte e Vida Severina

O retirante Severino deixa o sertão pernambucano em busca do litoral, na esperança de
uma vida melhor. Entre as passagens, ele se apresenta ao leitor e diz a que vai, encontra
dois homens (irmãos das almas) que carregam um defunto numa rede. Severino conversa
com ambos e acontece um denúncia contra os poderosos, mandantes de crimes e sua
impunidade.

O rio-guia está seco e com medo de se extraviar, sem saber para que lado corria o rio, ele
vai em direção de uma cantoria e dá com um velório. As vozes cantam excelências ao
defunto, enquanto do lado de fora, um homem vai parodiando as palavras dos
cantadores.. Cansado da viagem, Severino pensa em interrompê-la por uns instantes e
procurar trabalho.

Ele se dirige a uma mulher na janela e se oferece, diz o que sabe fazer. A mulher, porém
é uma rezadeira. O retirante chega então à Zona da Mata e pensa novamente em
interromper a viagem. Assiste, então, ao enterro de um trabalhador do eito e escuta o que
os amigos dizem do morto. Por todo o trajeto e em Recife, ele só encontra morte e
compreende estar enganado com o sonho da viagem: a busca de uma vida mais longa.

Ele resolve se suicidar, como que adiantando a morte, nas águas do Capiberibe.
Enquanto se prepara para o desenlace, conversa com seu José‚ mestre carpina, para
quem uma mulher anuncia que seu filho havia nascido. Severino, então, assiste à
encenação celebrativa do nascimento, como se fora um auto de Natal. Seu José tenta
dissuadi-lo do suicídio. A peça é apresentada com músicas de Chico Buarque de
Hollanda.



Resumo mais aprimorado


Em forma de poema a peça apresenta a história de um dos tantos Severinos de
Maria, filhos de Zacarias que saíam da Paraíba pra fugir da velhice que mata os
jovens aos trinta anos, da seca e da fome.


Este Severino parte das terras à beira da serra e segue o caminho para o Recife, no
caminho encontra-se com dois homens que levam um defunto. Esse havia morrido de
“morte matada” em uma emboscada por uma bala que estava perdida no vento. Tinha
uma pequena terra onde plantava. Severino então ajuda a levar o defunto ao
cemitério que cruzava seu caminho e assim seguiu ele com um dos homens e o
falecido.
Quem guiava o caminho de Severino era o Rio Capibaribe, mas ele havia sido cortado
pelo verão. Ele encontra em uma cidade um homem sendo velado. Mais tarde resolve
parar no local onde está e interromper sua jornada e tenta ali encontrar um trabalho,
mas na cidade o que ele sabe fazer, plantar e pastorear, não tem serventia, pois o
único negócio da cidade é a morte.


Severino segue na sua emigração e chega à Zona da Mata, uma terra macia diferente
da que ele conhecia. Ali ele acredita que a vida não é vivida junto com a morte e que
nessa terra o cemitério praticamente não funciona. Ele acaba por ouvir a conversa de
amigos de um morto recém enterrado e resolve seguir mais rápido para chegar logo
ao Recife.


Ele não esperava muita coisa do destino, apenas seguia para escapar da velhice que
chegava mais cedo na sua terra. Não tinha grandes ambições. Finalmente Severino
chega ao Recife, quando pára pra descansar ao lado de um muro ouve a conversa de
dois coveiros. Cada um fala sobre a área do cemitério em que trabalha e como ali há
muitos mortos e assim, muito serviço, e como nas outras áreas há menos enterros e
ainda se ganha gorjeta.

Os dois ainda falam sobre as pessoas que migram do sertão e que só tendo o mar
pela frente se instalam, vivem na lama e comem siri; e depois que morrem são
enterrados no seco. Antes fossem jogados nos rios, seria mais barato e acabaria no
mar sem mais problemas.


Severino se surpreende, vê que migrara seguindo o seu enterro, mas já que não
viajou esperando grandes coisas segue o rio que, segundo os coveiros, faria um
enterro melhor. Anda e se encontra com um morador da beira do rio. Ficam ali falando
sobre o rio, sobre a fome e sobre a vida. Até que José, o morador, é chamado, seu
filho nascera.

Severino fica de fora sem tomar parte em nada, os vizinhos chegam, cumprimentam
os pais, dão presentes que sua pobreza permite, falam sobre o menino e ainda duas
ciganas falam sobre o futuro dele.

Por fim, o recém pai fala a Severino que a pergunta dele sobre a vida ele não sabe
responder mais que apenas deve-se viver a vida.
Por Rebeca Cabral




Frase

Mesmo sem querer fala em verso
Quem fala a partir da emoção
João Cabral de Melo Neto

Biografia confiável

oão Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto nasceu no Recife, em 1920.
Em 1940 vai com a família para o Rio de Janeiro, e é lá que conhece o círculo
de intelectuais que o acompanharia, nomes como Carlos Drummond de
Andrade e Murilo Mendes foram apresentados ao escritor.

Apenas dois anos depois, em 1942, marcou a publicação de Pedra do Sono,
que seria seu primeiro livro. No mesmo ano passa a morar na cidade do Rio de
Janeiro e freqüenta os mesmos lugares que os intelectuais cariocas, no centro
da cidade. Publica Os três mal-amados na Revista do Brasil e em 1945 publica
O engenheiro.

No ano seguinte, faz concurso para ser diplomata e começa a trabalhar no
Departamento Cultural do Itamaraty, depois passando pelo Departamento
Político e até pela Comissão de Organismos Internacionais.

Por causa da vida de diplomata, muda-se para Barcelona e Londres, mas sem
nunca deixar de lado os escritos. O cão sem plumas e O rio são frutos dessa
época, além disso, tomou posse na Academia Brasileira de Letras em 1969. O
retorno ao Brasil só aconteceu em 1987, quando finalmente voltou a residir no
Rio de Janeiro.

Ganhou diversos prêmios, dentre eles: o Prêmio José de Anchieta, de poesia,
do 4o Centenário de São Paulo; o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira
de Letras; o Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro e o Jabuti, da
Câmara Brasileira do Livro.

Em 1990, João Cabral se aposentou no posto de Embaixador, e em 1999,
faleceu aos 79 anos.

Algumas de suas principais obras:
"Pedro do sono", 1942;
"O engenheiro", 1945;
"O cão sem plumas", 1950;
"O rio", 1954; "Quaderna", 1960;
"Poemas escolhidos", 1963;
"A educação pela pedra", 1966;
"Morte e vida severina e outros poemas em voz alta", 1966;
"Museu de tudo", 1975;
"A escola das facas", 1980;
"Agrestes", 1985;
"Auto do frade", 1986;
"Crime na Calle Relator", 1987;
"Sevilla andando", 1989.

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  • 1. Morte e Vida Severina O retirante Severino deixa o sertão pernambucano em busca do litoral, na esperança de uma vida melhor. Entre as passagens, ele se apresenta ao leitor e diz a que vai, encontra dois homens (irmãos das almas) que carregam um defunto numa rede. Severino conversa com ambos e acontece um denúncia contra os poderosos, mandantes de crimes e sua impunidade. O rio-guia está seco e com medo de se extraviar, sem saber para que lado corria o rio, ele vai em direção de uma cantoria e dá com um velório. As vozes cantam excelências ao defunto, enquanto do lado de fora, um homem vai parodiando as palavras dos cantadores.. Cansado da viagem, Severino pensa em interrompê-la por uns instantes e procurar trabalho. Ele se dirige a uma mulher na janela e se oferece, diz o que sabe fazer. A mulher, porém é uma rezadeira. O retirante chega então à Zona da Mata e pensa novamente em interromper a viagem. Assiste, então, ao enterro de um trabalhador do eito e escuta o que os amigos dizem do morto. Por todo o trajeto e em Recife, ele só encontra morte e compreende estar enganado com o sonho da viagem: a busca de uma vida mais longa. Ele resolve se suicidar, como que adiantando a morte, nas águas do Capiberibe. Enquanto se prepara para o desenlace, conversa com seu José‚ mestre carpina, para quem uma mulher anuncia que seu filho havia nascido. Severino, então, assiste à encenação celebrativa do nascimento, como se fora um auto de Natal. Seu José tenta dissuadi-lo do suicídio. A peça é apresentada com músicas de Chico Buarque de Hollanda. Resumo mais aprimorado Em forma de poema a peça apresenta a história de um dos tantos Severinos de Maria, filhos de Zacarias que saíam da Paraíba pra fugir da velhice que mata os jovens aos trinta anos, da seca e da fome. Este Severino parte das terras à beira da serra e segue o caminho para o Recife, no caminho encontra-se com dois homens que levam um defunto. Esse havia morrido de “morte matada” em uma emboscada por uma bala que estava perdida no vento. Tinha uma pequena terra onde plantava. Severino então ajuda a levar o defunto ao cemitério que cruzava seu caminho e assim seguiu ele com um dos homens e o falecido.
  • 2. Quem guiava o caminho de Severino era o Rio Capibaribe, mas ele havia sido cortado pelo verão. Ele encontra em uma cidade um homem sendo velado. Mais tarde resolve parar no local onde está e interromper sua jornada e tenta ali encontrar um trabalho, mas na cidade o que ele sabe fazer, plantar e pastorear, não tem serventia, pois o único negócio da cidade é a morte. Severino segue na sua emigração e chega à Zona da Mata, uma terra macia diferente da que ele conhecia. Ali ele acredita que a vida não é vivida junto com a morte e que nessa terra o cemitério praticamente não funciona. Ele acaba por ouvir a conversa de amigos de um morto recém enterrado e resolve seguir mais rápido para chegar logo ao Recife. Ele não esperava muita coisa do destino, apenas seguia para escapar da velhice que chegava mais cedo na sua terra. Não tinha grandes ambições. Finalmente Severino chega ao Recife, quando pára pra descansar ao lado de um muro ouve a conversa de dois coveiros. Cada um fala sobre a área do cemitério em que trabalha e como ali há muitos mortos e assim, muito serviço, e como nas outras áreas há menos enterros e ainda se ganha gorjeta. Os dois ainda falam sobre as pessoas que migram do sertão e que só tendo o mar pela frente se instalam, vivem na lama e comem siri; e depois que morrem são enterrados no seco. Antes fossem jogados nos rios, seria mais barato e acabaria no mar sem mais problemas. Severino se surpreende, vê que migrara seguindo o seu enterro, mas já que não viajou esperando grandes coisas segue o rio que, segundo os coveiros, faria um enterro melhor. Anda e se encontra com um morador da beira do rio. Ficam ali falando sobre o rio, sobre a fome e sobre a vida. Até que José, o morador, é chamado, seu filho nascera. Severino fica de fora sem tomar parte em nada, os vizinhos chegam, cumprimentam os pais, dão presentes que sua pobreza permite, falam sobre o menino e ainda duas ciganas falam sobre o futuro dele. Por fim, o recém pai fala a Severino que a pergunta dele sobre a vida ele não sabe responder mais que apenas deve-se viver a vida.
  • 3. Por Rebeca Cabral Frase Mesmo sem querer fala em verso Quem fala a partir da emoção João Cabral de Melo Neto Biografia confiável oão Cabral de Melo Neto João Cabral de Melo Neto nasceu no Recife, em 1920. Em 1940 vai com a família para o Rio de Janeiro, e é lá que conhece o círculo de intelectuais que o acompanharia, nomes como Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes foram apresentados ao escritor. Apenas dois anos depois, em 1942, marcou a publicação de Pedra do Sono, que seria seu primeiro livro. No mesmo ano passa a morar na cidade do Rio de Janeiro e freqüenta os mesmos lugares que os intelectuais cariocas, no centro da cidade. Publica Os três mal-amados na Revista do Brasil e em 1945 publica O engenheiro. No ano seguinte, faz concurso para ser diplomata e começa a trabalhar no Departamento Cultural do Itamaraty, depois passando pelo Departamento Político e até pela Comissão de Organismos Internacionais. Por causa da vida de diplomata, muda-se para Barcelona e Londres, mas sem nunca deixar de lado os escritos. O cão sem plumas e O rio são frutos dessa época, além disso, tomou posse na Academia Brasileira de Letras em 1969. O retorno ao Brasil só aconteceu em 1987, quando finalmente voltou a residir no Rio de Janeiro. Ganhou diversos prêmios, dentre eles: o Prêmio José de Anchieta, de poesia, do 4o Centenário de São Paulo; o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras; o Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro e o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Em 1990, João Cabral se aposentou no posto de Embaixador, e em 1999, faleceu aos 79 anos. Algumas de suas principais obras:
  • 4. "Pedro do sono", 1942; "O engenheiro", 1945; "O cão sem plumas", 1950; "O rio", 1954; "Quaderna", 1960; "Poemas escolhidos", 1963; "A educação pela pedra", 1966; "Morte e vida severina e outros poemas em voz alta", 1966; "Museu de tudo", 1975; "A escola das facas", 1980; "Agrestes", 1985; "Auto do frade", 1986; "Crime na Calle Relator", 1987; "Sevilla andando", 1989.