Este documento apresenta o projeto "Sentidos 12" que inclui:
1. Um manual com 6 unidades sobre autores e obras literárias portuguesas do século XX de acordo com o programa.
2. Recursos complementares como textos, exercícios e soluções para apoiar os alunos.
3. Um dossier para o professor com planificações, transcrições audio, grelhas de avaliação e textos adicionais.
4. Um site com recursos digitais que permitem uma fácil utilização do projeto em sala de aula.
4. 1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
4 SENTIDOS 12
APRESENTAÇÃO DO PROJETO SENTIDOS — 12.O
ANO
O projeto Sentidos 12 disponibiliza os componentes a seguir elencados e descritos.
Manual
O Manual dedica as primeiras páginas a sugestões para o Projeto de Leitura e à Diagnose – Recordar.
Apresenta, de seguida, a Unidade 0, que exibe um friso cronológico com datas associadas a aconte-
cimentos relevantes, ocorridos nos períodos temporais delimitados – nascimento de Fernando Pessoa
(1888) e atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago (1998), – autores que iniciam e
encerram o Programa/Metas Curriculares de 12.o
ano (domínio da Educação Literária). Acompanha
estes frisos uma seleção de textos de referência, com informação pertinente sobre acontecimentos
históricos, culturais e literários. A Unidade 0 encerra com um texto inédito do Professor José Augusto
Cardoso Bernardes, que, numa linguagem acessível aos alunos, faz a apresentação macro da Literatura
Portuguesa do século XX e contextualiza os autores/obras que serão objeto de estudo ao longo do ano
letivo.
A estrutura do Manual tem por base a definição dos autores/obras propostos pelo Programa/Metas
Curriculares para o domínio da Educação Literária. Assim, o Manual apresenta 6 unidades:
Unidade 1 – Fernando Pessoa, poesia do ortónimo.
Apesar de o Programa/Metas Curriculares apenas propor a abordagem obrigatória de 6 poemas
deste autor, o Manual apresenta 11 poemas, distribuídos pelos diferentes tópicos de conteúdo:
fingimento artístico, dor de pensar, sonho e realidade e nostalgia da infância.
Unidade 2 – Fernando Pessoa, heterónimos e Bernardo Soares.
A unidade integra a poesia dos heterónimos e a prosa de Bernardo Soares, com o Livro do desas-
sossego. Esta opção decorre, por um lado, do facto de Bernardo Soares ser considerado um se-
mi-heterónimo; por outro lado, os fragmentos de Bernardo Soares previstos no Programa/Metas
Curriculares permitem estabelecer um diálogo com alguns dos temas dos heterónimos pessoanos.
O Manual apresenta, globalmente, mais textos do que os sugeridos pelo Programa/Metas Curricu-
lares. Assim, o Professor terá um leque mais alargado de escolha, considerando as particularida-
des de cada uma das turmas.
Unidade 3 – Fernando Pessoa, Mensagem.
O Manual apresenta 11 poemas da obra Mensagem. Contudo, o Programa/Metas Curriculares
propõe a abordagem obrigatória de apenas 8 poemas desta obra.
Unidade 4 – Contos
Das 3 alternativas sugeridas no Programa/Metas Curriculares, o Professor deverá selecionar
2 contos.
O projeto Sentidos 12 apresenta, na íntegra, as opções abaixo elencadas, nas quais explora didati-
camente todos os tópicos de conteúdo.
– “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca;
– “George”, de Maria Judite de Carvalho.
5. 1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
5SENTIDOS 12
Para o caso de o Professor optar pela lecionação do conto “Famílias desavindas”, de Mário de
Carvalho, o projeto Sentidos 12 disponibiliza, no Dossiê do Professor, brochura Educação Literária,
o texto integral e a respetiva didatização, em metodologia idêntica à proposta no Manual. Esta
proposta didática pode ser fotocopiada e/ou projetada para trabalho em sala de aula.
Unidade 5 – Poetas contemporâneos
O projeto Sentidos 12 apresenta, no Manual, a proposta de 4 poemas de cada um dos seguintes
autores propostos pelo Programa/Metas Curriculares:
– Miguel Torga;
– Eugénio de Andrade;
– Ana Luísa Amaral;
– Manuel Alegre.
Os poemas selecionados de cada um destes autores permitem a abordagem dos tópicos do Pro-
grama/Metas Curriculares:
– representações do contemporâneo;
– tradição literária;
– figurações do poeta;
– arte poética.
Apesar de o Programa/Metas Curriculares apenas convocar o estudo de 3 poetas contemporâneos,
considerando a lista de autores e a possibilidade de o Professor selecionar poetas/textos que me-
lhor se adequem aos alunos, o projeto Sentidos 12 disponibiliza ainda um Roteiro Poético, com
poemas de Alexandre O´Neill e de Ruy Belo.
Optando por estes autores, o projeto Sentidos 12 disponibiliza, no Dossiê do Professor, brochura
Educação Literária, os poemas, na íntegra, que evidenciam a exploração dos tópicos de conteúdo
supramencionados. Estes textos podem ser fotocopiados e/ou projetados em sala de aula.
Unidade 6 – O ano da morte de Ricardo Reis1
OU Memorial do convento, de José Saramago.
Em conformidade com a intenção do Programa/Metas Curriculares, que pressupõe a leitura inte-
gral de uma das obras de Saramago, foi selecionada uma quantidade generosa de excertos textuais
de ambos os romances, dispostos no Manual de acordo com a exploração detalhada dos tópicos de
conteúdo indicados no Programa/Metas Curriculares.
Todas as unidades iniciam com o domínio da Oralidade (Compreensão e/ou Expressão Oral), seguido da
Leitura e/ou da Escrita (do 12.o
ano ou em recuperação de anos anteriores, devidamente identificados –
género textual e ano de lecionação), com atividades exemplificativas dos géneros contemplados no
Programa/Metas Curriculares e em articulação com as temáticas a desenvolver no domínio da Educa-
ção Literária.
O domínio da Educação Literária é acompanhado de textos de referência, na rubrica Informar, que
cumprem o propósito da contextualização e/ou fornecem informações relativas aos tópicos de conteúdo
do texto/autor em estudo.
1
Nos anos letivos de 2017/2018 e 2018/2019, esta será a obra a estudar obrigatoriamente.
6. 1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
6 SENTIDOS 12
Todos os textos, independentemente do domínio em que são trabalhados (incluindo os da rubrica
Informar), são acompanhados de questionários/exercícios para registo e tratamento da informação.
A Gramática é testada nos questionários que acompanham os vários textos (Educação Literária e Lei-
tura), convocando conteúdos de 12.o
ano e/ou de anos anteriores, tal como preconizado no Programa/
Metas Curriculares. Também se apresentam, em dupla página, sistematizações dos conteúdos grama-
ticais específicos deste ano de escolaridade – Aprender –, seguidas de exercícios para treino – Aplicar.
Todas as unidades terminam com:
Consolidar, sistematização dos conteúdos temáticos;
Verificar, exercícios para aferição de conhecimentos respeitantes às obras de Educação Literária
em estudo;
Avaliar, testes para avaliação formativa com estrutura semelhante à que tem sido usada em
Exame Nacional (modelo IAVE).
O Manual encerra com duas rubricas – Relacionar/Recordar e Bloco Informativo – que cumprem o
propósito de consolidação de conteúdos, organizados de forma a incluir o essencial de todo este ciclo
de estudos.
Relacionar/Recordar, por Carla Marques.
Esta rubrica, centrada sobretudo no domínio da Educação Literária, permite estabelecer relações
temáticas entre as obras estudadas nos 10.o
, 11.o
e 12.o
anos. Apresenta, como ponto de partida,
os seguintes temas:
– “A variedade do sentimento amoroso”
– “Representações do quotidiano”
– “Matéria épica”
– “Crítica”
Na versão digital do Manual, disponível em , são ainda apresentados excertos tex-
tuais das diferentes obras do Ensino Secundário que evidenciam as relações temáticas/textuais
explicitadas.
Além da exploração das várias relações temáticas, são igualmente propostas atividades práticas,
com base nos seguintes temas:
– “O tema do amor” (Camões lírico vs. O ano da morte de Ricardo Reis)
– “Representações da mulher na literatura”
– “A crítica na literatura”
– “A reflexão existencial”
Os cenários de resposta destas propostas de atividades estão agregadas no Guia do Professor.
Além de serem editáveis, podem ser disponibilizadas aos alunos (formato fotocopiável e/ou pro-
jetável).
7. 1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
7SENTIDOS 12
Bloco Informativo, no qual se sistematizam conteúdos de natureza gramatical (tanto do 3.o
Ciclo
como de todos os anos do Ensino Secundário); se apresentam verbos instrucionais e se explicitam
as operações que estes implicam; se elencam e exemplificam os recursos expressivos, as noções
de versificação e os géneros textuais dos vários domínios relativos ao Ensino Secundário e traba-
lhados ao longo das diferentes unidades. Também apresenta ao aluno uma proposta de ficha de
leitura/apreciação crítica da obra que pode ser utilizada a propósito do Projeto de Leitura.
O projeto Sentidos 12 é composto, além do Manual, pelos seguintes componentes:
Recordar Textos e Obras — 10.˚/11.˚ anos
Publicação que apresenta uma síntese dos tópicos de conteúdo dos diferentes autores/obras dos 10.o
e
11.o
anos. Além de constituir um importante recurso para revisão do conteúdo do domínio da Educação
Literária dos anos precedentes, permite a autoavaliação das aprendizagens através da questionação
(escolhas múltiplas, classificações verdadeiro/falso, associações, …) e dos cenários de resposta pro-
postos.
Preparar o Exame
Este componente, de grande utilidade para o aluno, permite desenvolver um trabalho autónomo,
de reforço e de consolidação das aprendizagens.
Apresenta fichas de trabalho para os seguintes domínios:
Compreensão do Oral, com propostas de exercícios que respeitam os géneros convocados pelo
Programa/Metas Curriculares para o 12.o
ano. Os recursos vídeo estão disponibilizados no sítio do
projeto em: www.sentidos12.asa.pt.
Leitura, com textos de todos os géneros textuais convocados pelo Programa/Metas Curriculares
do Ensino Secundário, acompanhados de questionamento em itens de seleção e de construção.
Leitura e Gramática, estruturada em fichas globalizantes, semelhantes às do grupo II do Exame
Nacional, que permitem avaliar a compreensão leitora e os conteúdos gramaticais do 12.o
ano e
de anos anteriores.
Gramática, organizada em fichas que permitem rever, reforçar e consolidar as aprendizagens de
determinado conteúdo gramatical.
Escrita, estruturada em 4 etapas: Para recordar/Para exemplificar/Para praticar/Para avaliar.
Abarca todos géneros textuais indicados no Programa/Metas Curriculares para o Ensino Secun-
dário. As propostas de produção escrita do Manual são remetidas para as diferentes grelhas de
avaliação desta secção, destinadas a registar a autoavaliação das produções realizadas, conside-
rando as marcas específicas de cada um dos géneros textuais.
Educação Literária, estruturada de acordo com a distribuição das unidades didáticas no Manual,
primeiramente com exemplificação de análise textual e, seguidamente, com propostas de traba-
lho, que contemplam os objetivos e os descritores para o 12.o
ano.
Soluções, destacáveis, de modo a serem geridas pelo Encarregado de Educação ou pelo Professor.
8. 1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
8 SENTIDOS 12
Dossiê do Professor
Componente de apoio ao Professor nos vários momentos da sua prática letiva. É constituído por cinco
brochuras, picotadas, que permitem uma utilização ajustada à realidade dos alunos/turmas.
I – Planificações e Planos de Aula
Planificação Anual e Trimestral
Planos de Aula2
II – Guia do Professor
Programa e Metas Curriculares de Português
Transcrição dos Recursos Áudio
Soluções do Manual
Grelhas de Avaliação
– Grelhas de classificação, por teste, em formato Excel, disponível em .
III – Livro de Testes
Matrizes de Conteúdos/Cotação
14 Testes de Avaliação
Cenários de Resposta
IV – Livro de Fichas e Questões de Aula
2 Fichas de Diagnóstico
8 Fichas de Gramática (por conteúdo gramatical)
5 Fichas Globais (compreensão leitora e gramática)
6 Fichas Questões de Aula
Cenários de Resposta
V – Educação Literária
Textos Inéditos (por José Augusto Cardoso Bernardes e Ana Paula Arnaut)
Relações entre Textos (documentos de apoio a questões do Manual relativos ao domínio da
Educação Literária)
Esquemas Interpretativos (das unidades 1, 3 , 4 e 5)
Textos Complementares (de apoio à rubrica Informar)
Textos em Opção
– Roteiro Poético (Alexandre O’Neill e Ruy Belo)
– “Famílias Desavindas”, de Mário de Carvalho
Cenários de Resposta
Os diferentes recursos do Dossiê do Professor são fotocopiáveis e estão disponíveis em ,
em formato editável e/ou projetável.
2
Na versão de demonstração, disponibilizam-se todos os planos para as aulas previstas para o 1.˚ período letivo (unidades
0, 1 e 2). Os restantes planos (unidades 3, 4, 5 e 6) encontram-se disponíveis, em formato editável, em .
9. 1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
9SENTIDOS 12
— Sentidos 12
O é uma ferramenta inovadora que possibilita, em sala de aula, a fácil exploração do
projeto Sentidos 12 através das novas tecnologias. Permite o acesso a um vasto conjunto de conteúdos
multimédia associados ao Manual:
Vídeos
Animações
Apresentações em PowerPoint®
Áudios
Documentos
Fichas de Avaliação
Links
Soluções
Vídeos (5 no total)
Vídeos de apoio às atividades propostas no Manual, sobretudo respeitantes ao domínio da Oralidade e
da Educação Literária, com vista à contextualização histórico-literária (MC 16.1).
Disponibiliza-se para a obra O ano da morte de Ricardo Reis uma encenação, com aproximada-
mente 10 minutos, que poderá funcionar como ponto de partida para o estudo desta obra do Pré-
mio Nobel português.
Animações (4 no total)
O projeto Sentidos 12 disponibiliza um conjunto de Animações de apoio às atividades propostas no Ma-
nual. Estas Animações visam, sobretudo, apresentar o contexto político e social em que decorre a ação
da obra O ano da morte de Ricardo Reis.
– As características do Estado Novo
– Guernica
A Guerra Civil espanhola
“Guernica” – Introdução
– Fascismo
Regime totalitário
Nacionalismo e Imperialismo
A caminho da Segunda Guerra Mundial
Apresentações em PowerPoint® (50 no total)
Estes recursos, projetáveis e editáveis, permitem a apresentação de diversos conteúdos programáti-
cos, em articulação com as atividades sugeridas no Manual. Estas apresentações cumprem diferentes
funções:
– Contextualização histórico-literária
– Exposição de novos conteúdos gramaticais
– Projeção de esquemas interpretativos
poemas de Fernando Pessoa ortónimo e da obra Mensagem (unidades 1 e 3)
peripécia final do conto “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca (unidade 4)
poemas da unidade Poetas contemporâneos (unidade 5)
– Síntese das unidades
10. 1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
10 SENTIDOS 12
Áudios (48 no total)
Recursos multimédia que complementam algumas atividades dos domínios da Educação Literária e da
Compreensão do Oral. São disponibilizadas canções, programas radiofónicos, declamações/recitações
de poemas e documentários.
Documentos (35 no total)
Recursos que permitem complementar algumas atividades propostas no Manual e/ou possibilitar a
exploração de conteúdos programáticos sugeridos no Manual. De entre os vários Documentos, de des-
tacar:
– Ampliação de imagens que, no Manual, apresentem o ícone , ou de ilustrações dos separadores,
para complemento de atividades de Expressão Oral.
– Projeção de tabelas, fichas, listas, quadros comparativos, textos, entre outros.
– Projeção da rubrica Relacionar/Recordar que permite estabelecer ligações com diferentes textos
de Educação Literária do Programa/Metas Curriculares dos três anos do Ensino Secundário que
estabeleçam, entre si, relações temáticas.
Fichas de Avaliação (7 no total)
Fichas de avaliação, em formato editável, apresentadas no final de cada unidade e associadas à rubrica
Avaliar.
Links (24 no total)
Suportes de apoio às atividades propostas no Manual, sobretudo respeitantes ao domínio da Compreen-
são do Oral e da Educação Literária, com vista à contextualização histórico-literária (MC 16.1).
Soluções (14 no total)
Recursos que facultam os cenários de resposta de todas as atividades propostas em cada uma das
unidades didáticas do Manual.
Estas Soluções, que o Professor poderá editar e disponibilizar aos alunos, reproduzem os cenários de
resposta constantes nas bandas do Manual, edição do Professor.
12. 12 SENTIDOS 12
2. PROGRAMA E METAS CURRICULARES
OBJETIVOS GERAIS
1. Compreender textos orais de complexidade crescente e de diferentes géneros, apreciando a sua
intenção e a sua eficácia comunicativas.
2. Utilizar uma expressão oral correta, fluente e adequada a diversas situações de comunicação.
3. Produzir textos orais de acordo com os géneros definidos no Programa.
4. Ler e interpretar textos escritos de complexidade crescente e de diversos géneros, apreciando cri-
ticamente o seu conteúdo e desenvolvendo a consciência reflexiva das suas funcionalidades.
5. Produzir textos de complexidade crescente e de diferentes géneros, com diversas finalidades e em
diferentes situações de comunicação, demonstrando um domínio adequado da língua e das técnicas
de escrita.
6. Ler, interpretar e apreciar textos literários, portugueses e estrangeiros, de diferentes épocas e géne-
ros literários.
7. Aprofundar a capacidade de compreensão inferencial.
8. Desenvolver a consciência linguística e metalinguística, mobilizando-a para melhores desempenhos
no uso da língua.
9. Desenvolver o espírito crítico, no contacto com textos orais e escritos e outras manifestações cul-
turais.
ORALIDADE, LEITURA E ESCRITA: DISTRIBUIÇÃO DOS GÉNEROS
Géneros
10.0
Ano 11.0
Ano 12.0
Ano
CO EO L E CO EO L E CO EO L E
Reportagem
Documentário
Anúncio publicitário
Relato de viagem
Artigo de divulgação científica
Diário
Memórias
Discurso político
Síntese
Exposição
Apreciação crítica
Texto/artigo de opinião
Diálogo argumentativo
Debate
CO: Compreensão do Oral; EO: Expressão Oral; L: Leitura; E: Escrita.
20. 20 SENTIDOS 12
2. PROGRAMA E METAS CURRICULARES
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS — 12.O
ANO
DOMÍNIOS TÓPICOS DE CONTEÚDO TEMPOS
ORALIDADE 14
Compreensão do Oral (4)
Diálogo argumentativo
Debate
Marcas de género comuns:
Tema, informação significativa, encadeamento lógico dos tópicos
tratados, recursos verbais e não verbais (e.g. postura, tom de voz,
articulação, ritmo, entoação, expressividade, silêncio e olhar).
Marcas de género específicas:
– diálogo argumentativo: caráter persuasivo, defesa de um ponto
de vista sustentado por argumentos válidos e exemplos significativos,
concisão do discurso e respeito pelo princípio da cortesia;
− debate: caráter persuasivo, papéis e funções dos intervenientes,
capacidade de argumentar e contra-argumentar, concisão das
intervenções e respeito pelo princípio da cortesia.
Expressão Oral (10)
Texto de opinião
Diálogo argumentativo
Debate
Marcas de género comuns:
Tema, informação significativa, encadeamento lógico dos tópicos
tratados, recursos verbais e não verbais (e.g. postura, tom de voz,
articulação, ritmo, entoação, expressividade, uso adequado de
ferramentas tecnológicas de suporte à intervenção oral), correção
linguística.
Marcas de género específicas:
− texto de opinião: explicitação de um ponto de vista, clareza
e pertinência da perspetiva adotada, dos argumentos desenvolvidos
e dos respetivos exemplos; discurso valorativo (juízo de valor explícito
ou implícito);
− diálogo argumentativo: caráter persuasivo, defesa de um ponto
de vista sustentado por argumentos válidos e exemplos significativos,
concisão do discurso e respeito pelo princípio da cortesia;
− debate: caráter persuasivo, papéis e funções dos intervenientes,
capacidade de argumentar e contra-argumentar, concisão
das intervenções e respeito pelo princípio da cortesia.
LEITURA 15
Diário
Memórias
Apreciação crítica
(de filme, de peça
de teatro, de livro,
de exposição ou outra
manifestação cultural)
Artigo de opinião
Marcas de género comuns:
Tema, informação significativa, encadeamento lógico dos tópicos
tratados, aspetos paratextuais (e.g. título e subtítulo, epígrafe,
prefácio, notas de rodapé ou notas finais, bibliografia, índice
e ilustração).
Marcas de género específicas:
– diário: variedade de temas, ligação ao quotidiano (real ou suposta),
narratividade, ordenação cronológica, discurso pessoal (prevalência
da 1.a
pessoa);
− memórias: variedade de temas, narratividade, mobilização
de informação seletiva, discurso pessoal e retrospetivo (prevalência
da 1.a
pessoa, formas de expressão do tempo);
− apreciação crítica: descrição sucinta do objeto, acompanhada
de comentário crítico;
− artigo de opinião: explicitação de um ponto de vista, clareza e
pertinência da perspetiva adotada, dos argumentos desenvolvidos
e dos respetivos exemplos; discurso valorativo (juízo de valor explícito
ou implícito).
A presente proposta indica apenas o peso relativo dos cinco domínios. A sua concretização terá em conta o facto de, em cada aula, dever
existir uma articulação entre os vários domínios considerados pertinentes.
21. 21SENTIDOS 12
2. PROGRAMA E METAS CURRICULARES
DOMÍNIOS TÓPICOS DE CONTEÚDO TEMPOS
ESCRITA 25
Exposição sobre
um tema
Apreciação crítica
(de filme, de peça
de teatro, de livro, de
exposição ou outra
manifestação cultural)
Texto de opinião
Marcas de género comuns:
Tema, informação significativa; encadeamento lógico dos tópicos
tratados; aspetos paratextuais (e.g. título e subtítulo, notas de rodapé
ou notas finais, bibliografia, índice e ilustração), correção linguística.
Marcas de género específicas:
– exposição sobre um tema: caráter demonstrativo, elucidação
evidente do tema (fundamentação das ideias), concisão e objetividade,
valor expressivo das formas linguísticas (deíticos, conectores…);
– apreciação crítica: descrição sucinta do objeto, acompanhada
de comentário crítico;
– texto de opinião: explicitação de um ponto de vista, clareza
e pertinência da perspetiva adotada, dos argumentos desenvolvidos
e dos respetivos exemplos; discurso valorativo (juízo de valor explícito
ou implícito).
EDUCAÇÃO LITERÁRIA 68
Retoma (em revisão) de conteúdos do 10.˚ e do 11.˚ Ano (10)
Fernando Pessoa
Poesia do ortónimo
(Escolher 6 poemas)
Contextualização histórico-literária.
A questão da heteronímia.
O fingimento artístico.
A dor de pensar.
Sonho e realidade.
A nostalgia da infância.
Linguagem, estilo e estrutura:
– recursos expressivos: a anáfora, a antítese, a apóstrofe, a enumeração,
a gradação, a metáfora e a personificação.
(6)
Fernando Pessoa −
Bernardo Soares, Livro
do desassossego
Escolher 3 dos
fragmentos indicados:
1. “Eu nunca fiz senão
sonhar. […]”
2. “Amo, pelas tardes
demoradas de verão
[…]”
3. “Quando outra virtude
não haja em mim […]”
4. “Releio passivamente
[…]”
5. “O único viajante com
verdadeira alma […]”
6. “Tudo é absurdo. […]”
O imaginário urbano.
O quotidiano.
Deambulação e sonho: o observador acidental.
Perceção e transfiguração poética do real.
Linguagem, estilo e estrutura:
– a natureza fragmentária da obra.
(4)
22. 22 SENTIDOS 12
2. PROGRAMA E METAS CURRICULARES
DOMÍNIOS TÓPICOS DE CONTEÚDO TEMPOS
Fernando Pessoa −
Poesia dos heterónimos
Alberto Caeiro
(Escolher 2 poemas)
O fingimento artístico:
– Alberto Caeiro, o poeta “bucólico”;
– Ricardo Reis, o poeta “clássico”;
– Álvaro de Campos, o poeta da modernidade.
Reflexão existencial:
– Alberto Caeiro: o primado das sensações;
– Ricardo Reis: a consciência e a encenação da mortalidade;
– Álvaro de Campos: sujeito, consciência e tempo; nostalgia da infância.
(10)
Ricardo Reis
(Escolher 3 poemas)
Álvaro de Campos
(Escolher 3 poemas)
O imaginário épico (Álvaro de Campos):
– matéria épica: a exaltação do Moderno;
– o arrebatamento do canto.
Linguagem, estilo e estrutura:
– formas poéticas e formas estróficas, métrica e rima;
– recursos expressivos: a aliteração, a anáfora, a anástrofe, a apóstrofe,
a enumeração, a gradação, a metáfora e a personificação;
– a onomatopeia.
Fernando Pessoa –
Mensagem
(Escolher 8 poemas)
O Sebastianismo.
O imaginário épico:
– natureza épico-lírica da obra;
– estrutura da obra;
– dimensão simbólica do herói;
– exaltação patriótica.
Linguagem, estilo e estrutura:
– estrutura estrófica, métrica e rima;
– recursos expressivos: a apóstrofe, a enumeração, a gradação,
a interrogação retórica e a metáfora.
(6)
Contos
(Escolher 2 dos contos)
Manuel da Fonseca
“Sempre é uma
companhia”
OU
Maria Judite
de Carvalho
“George”
OU
Mário de Carvalho
“Famílias desavindas”
Linguagem, estilo e estrutura:
– o conto: unidade de ação; brevidade narrativa; concentração de tempo
e espaço; número limitado de personagens;
– a estrutura da obra;
– discurso direto e indireto;
– recursos expressivos.
Solidão e convivialidade.
Caracterização das personagens. Relação entre elas.
Caracterização do espaço: físico, psicológico e sociopolítico.
Importância das peripécias inicial e final.
As três idades da vida.
O diálogo entre realidade, memória e imaginação.
Metamorfoses da figura feminina.
A complexidade da natureza humana.
História pessoal e história social: as duas famílias.
Valor simbólico dos marcos históricos referidos.
A dimensão irónica do conto.
A importância dos episódios e da peripécia final.
(6)
23. 23SENTIDOS 12
2. PROGRAMA E METAS CURRICULARES
DOMÍNIOS TÓPICOS DE CONTEÚDO TEMPOS
Poetas
contemporâneos
(Escolher, de 3 autores,
4 poemas de cada)
Miguel Torga
Jorge de Sena
Eugénio de Andrade
Alexandre O’Neill
António Ramos Rosa
Herberto Helder
Ruy Belo
Manuel Alegre
Luiza Neto Jorge
Vasco Graça Moura
Nuno Júdice
Ana Luísa Amaral
Representações do contemporâneo.
Tradição literária.
Figurações do poeta.
Arte poética.
Linguagem, estilo e estrutura:
– formas poéticas e formas estróficas;
– métrica;
– recursos expressivos.
(12)
José Saramago
O ano da morte
de Ricardo Reis
(integral)*
OU
Memorial do convento
(integral)*
*Nos anos letivos de
2017/2018 e 2018/2019,
a obra a estudar será,
obrigatoriamente,
O ano da morte
de Ricardo Reis.
Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico
e os acontecimentos políticos.
Deambulação geográfica e viagem literária.
Representações do amor.
Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário
Verde e Fernando Pessoa.
Linguagem, estilo e estrutura:
– a estrutura da obra;
– o tom oralizante e a pontuação;
– recursos expressivos: a antítese, a comparação, a enumeração,
a ironia e a metáfora;
– reprodução do discurso no discurso.
O título e as linhas de ação.
Caracterização das personagens. Relação entre elas.
O tempo histórico e o tempo da narrativa.
Visão crítica.
Dimensão simbólica.
Linguagem, estilo e estrutura:
– a estrutura da obra;
– intertextualidade;
– pontuação;
– recursos expressivos: a anáfora, a comparação, a enumeração,
a ironia e a metáfora;
– reprodução do discurso no discurso.
(14)
24. 24 SENTIDOS 12
2. PROGRAMA E METAS CURRICULARES
GRAMÁTICA 20
1. Retoma (em revisão) dos conteúdos estudados no 10.o
e 11.o
ano. (10)
2. Linguística textual
2.1. Texto e textualidade:
a) organização de sequências textuais (narrativa, descritiva, argumentativa, explicativa
e dialogal);
b) intertextualidade.
(4)
3. Semântica
3.1. Valor temporal:
a) formas de expressão do tempo (localização temporal): flexão verbal, verbos auxiliares,
advérbios ou expressões de tempo e orações temporais;
b) relações de ordem cronológica: simultaneidade, anterioridade e posterioridade.
3.2. Valor aspetual: aspeto gramatical (valor perfetivo, valor imperfetivo, situação genérica,
situação habitual e situação iterativa).
3.2. Valor modal: modalidade epistémica (valor de probabilidade ou de certeza), deôntica
(valor de permissão ou de obrigação) e apreciativa.
(2)
(2)
(2)
Avaliação escrita 18
Total 160
PROGRAMA/METAS CURRICULARES 12.O
VS. MANUAL
DOMÍNIOS/OBJETIVOS CONTEÚDOS PÁGINAS DO MANUAL
ORALIDADE
1. Interpretar textos orais
de diferentes géneros.
2. Registar e tratar a informação.
3. Planificar intervenções orais.
4. Participar oportuna e
construtivamente em situações
de interação oral.
5. Produzir textos orais com
correção e pertinência.
6. Produzir textos orais de
diferentes géneros e com
diferentes finalidades.
COMPREENSÃO DO ORAL
Diálogo argumentativo
Debate
EXPRESSÃO ORAL
Texto de opinião
Diálogo argumentativo
Debate
58, 188
40, 248
29, 71, 159, 226, 317
116, 188, 269, 321
41, 291
LEITURA
7. Ler e interpretar textos
de diferentes géneros e graus
de complexidade.
8. Utilizar procedimentos
adequados ao registo
e ao tratamento
da informação.
9. Ler para apreciar criticamente
textos variados.
Diário
Memórias
Apreciação crítica
Artigo de opinião
113, 227
166, 196
27, 96
116, 178, 247
25. 25SENTIDOS 12
2. PROGRAMA E METAS CURRICULARES
DOMÍNIOS/OBJETIVOS CONTEÚDOS PÁGINAS DO MANUAL
ESCRITA
10. Planificar a escrita de textos.
11. Escrever textos de diferentes
géneros e finalidades.
12. Redigir textos com coerência
e correção linguística.
13. Rever os textos escritos.
EDUCAÇÃOLITERÁRIA
14. Ler e interpretar textos
literários.
15. Apreciar textos literários.
16. Situar obras literárias em
função de grandes marcos
históricos e culturais.
UNIDADE 1
Fernando Pessoa ortónimo
UNIDADE 2
Fernando Pessoa –
Heterónimos e
Bernardo Soares, Livro do desassossego
UNIDADE 3
Fernando Pessoa –
Mensagem
UNIDADE 4
Contos
Manuel da Fonseca,
“Sempre é uma companhia”
OU
Maria Judite de Carvalho,
“George”
OU
Mário de Carvalho,
“Famílias desavindas”
UNIDADE 5
Poetas contemporêneos
Miguel Torga
Eugénio de Andrade
Manuel Alegre
Ana Luísa Amaral
Alexandre O’Neill
Ruy Belo
UNIDADE 6
José Saramago
O ano da morte de Ricardo Reis
OU
Memorial do convento
RELACIONAR/RECORDAR
Educação
Literária, Dossiê do
Professor
Educação
Literária, Dossiê do
Professor (Roteiro
Poético)
26. 26 SENTIDOS 12
2. PROGRAMA E METAS CURRICULARES
DOMÍNIOS/OBJETIVOS CONTEÚDOS PÁGINAS DO MANUAL
GRAMÁTICA
17. Construir um conhecimento
reflexivo sobre a estrutura
e o uso do português.
18. Reconhecer a forma como
se constrói a textualidade.
19. Explicitar aspetos da
semântica do português. 237
65, 73, 97, 104, 131,
158, 167, 212, 317
65, 73, 97, 129, 135,
269, 293
313
313, 327
38, 42, 49, 87, 101,
124, 129, 135, 179,
190, 237, 269, 307
68, 86, 124, 158, 167,
212, 307
148, 158, 190, 297
129, 227, 237, 317
121, 129, 159, 175, 307
204, 214, 255, 269
162, 175, 261, 269,
307, 317
27. 27SENTIDOS 12
2. PROGRAMA E METAS CURRICULARES
PROJETO DE LEITURA
O Projeto de Leitura, assumido por cada aluno, deve ser concretizado nos três anos do Ensino Secundá-
rio e pressupõe a leitura, por ano, de uma ou duas obras de literaturas de língua portuguesa ou traduzi-
das para português, escolhida(s) da lista apresentada no Programa.
Este Projeto tem em vista diferentes formas de relacionamento com a Educação Literária, tais como:
– confronto com autores coetâneos dos estudados;
– escolha de obras que dialoguem com as analisadas;
– existência de temas comuns aos indicados no Programa.
Podem ainda ser exploradas várias formas de relacionamento com o domínio da Leitura, nomeada-
mente a proposta de obras que pertençam a alguns dos géneros a estudar nesse domínio (por exemplo,
relatos de viagem, diários, memórias).
A articulação com a Oralidade e a Escrita far-se-á mediante a concretização de atividades inerentes a
estes domínios, consoante o ano de escolaridade e de acordo com o estabelecido entre professor e alunos.
Obras propostas para o Projeto de Leitura — 12.0
Ano
Agualusa, José Eduardo
Almeida, Germano
Anónimo
Andrade, Carlos Drummond de
Assis, Machado de
Borges, Jorge Luís
Cendrars, Blaise
Dionísio, Mário
García Lorca, Federico
Garcia Márquez, Gabriel
Gersão, Teolinda
Gogol, Nikolai
Honwana, Luís Bernardo
Kafka, Franz
Kavafis, Konstandinos
Knopfli, Rui
Levi, Primo
Márai, Sándor
Mourão-Ferreira, David
Murakami, Haruki
Namora, Fernando
Negreiros, Almada
Neruda, Pablo
Orwell, George
Pamuk, Ohran
Patraquim, Luís Carlos
Paz, Octavio
O vendedor de passados
Estórias de dentro de casa
As mil e uma noites (excertos escolhidos)
Antologia poética (poemas escolhidos)
Memórias póstumas de Brás Cubas
Ficções
Poesias em viagem (poemas escolhidos)
Calçada do sol: Diário desgrenhado de um qualquer homem nascido
no princípio do século XX
Antologia poética (poemas escolhidos)
Cem anos de solidão
A árvore das palavras
Contos de São Petersburgo
Nós matámos o Cão Tinhoso
Contos
Poemas e prosas (poemas escolhidos)
Obra poética (poemas escolhidos)
Se isto é um homem
As velas ardem até ao fim
Obra poética (poemas escolhidos)
Autorretrato do escritor enquanto corredor de fundo
Retalhos da vida de um médico
Nome de guerra
Vinte poemas de amor e uma canção desesperada
1984
Istambul
O osso côncavo e outros poemas (poemas escolhidos)
Antologia poética (poemas escolhidos)
28. 28 SENTIDOS 12
2. PROGRAMA E METAS CURRICULARES
Obras propostas para o Projeto de Leitura — 12.0
Ano
Pessanha, Camilo
Pina, Manuel António
Pires, José Cardoso
Proust, Marcel
Régio, José
Sá-Carneiro, Mário de
Strindberg, August
Tabucchi, Antonio
Tavares, Paula
Vieira, Arménio
Whitman, Walt
Woolf, Virginia
Xingjian, Gao
Clepsydra
Como se desenha uma casa
Balada da praia dos cães
Em busca do tempo perdido. Vol. I: Do lado de Swann
Poemas de Deus e do Diabo
Indícios de oiro
A menina Júlia
O tempo envelhece depressa
Como veias finas da Terra
O poema, a viagem, o sonho
Folhas de erva (poemas escolhidos)
A casa assombrada e outros contos
Uma cana de pesca para o meu avô
30. 3. TRANSCRIÇÕES DOS RECURSOS ÁUDIO
30 SENTIDOS 12
TRANSCRIÇÃO DOS RECURSOS ÁUDIO
Unidade2—CompreensãodoOral, página 71
Ricardo Reis, o reinado da abdicação
Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.
Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra
Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.
Ricardo Reis nasceu em 1887, no Porto. Educado num colégio de Jesuítas, é médico, vive no Brasil desde
1919, pois expatriou-se espontaneamente por ser monárquico. É um latinista por educação alheia e um
semi-helenista por educação própria. Se há uma atitude perante a vida e o destino que pode resumir o
heterónimo mais altivo de Fernando Pessoa é a tranquilidade. Como viver ou passar pela vida está no
cerne da sua obra poética. A aceitação tranquila do destino, a aceitação da brevidade da vida, a aceita-
ção do tempo que passa e leva consigo a permanência: fomos, já não somos; somos, já não fomos.
Nada, senão o instante, me conhece.
Minha mesma lembrança é nada, e sinto
Que quem sou e quem fui
São sonhos diferentes.
Esquivando-se do amor e do ódio, Ricardo Reis busca a calma de passar pela vida sem se entregar aos
sentimentos. Essa é a sua liberdade, embora saiba que “só na ilusão da liberdade / A liberdade existe”.
Poderia também ter dito: “só na ilusão da tranquilidade, a tranquilidade existe”. Por detrás da aparente
calma, esconde-se uma inquietude por ser, por conhecer, por se realizar.
31. 3. TRANSCRIÇÕES DOS RECURSOS ÁUDIO
31SENTIDOS 12
Reis adere ao estoicismo e ao epicurismo para formular uma compreensão trágica da vida, sobre a qual
erige o seu imaginário poético, simbolizado pela rosa, pelo rio, pelo destino, pelos deuses, pelo jogo,
enfim, por tudo o que remete para a brevidade da vida.
Breve o dia, breve o ano, breve tudo.
Não tarda nada sermos.
Na primeira pessoa do plural ou na segunda do singular, Ricardo Reis vai compondo uma espécie de
código sobre como viver entre o gozo dos prazeres e a atenuação do sofrimento. Ser rei é saber viver,
saber que a vida é indiferente, que o tempo não cessa de passar, o destino de conduzir, e que a morte
inevitavelmente chegará sobre os “cadáveres adiados que procriam”. Para Ricardo reis, a liberdade
funda-se sobre o nada querer.
Quer pouco, terás tudo
Quer nada, serás livre.
Mas esse nada querer não se confunde com mediocridade.
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha porque alta vive.
Na sua conceção pagã da religiosidade, Ricardo Reis acredita que os deuses são reais e irreais ao mesmo
tempo. São irreais porque não são realidade mas são reais porque são abstrações concretizadas. Uma
ideia só se torna deus quando é devolvida à concreção. Passa então a ser uma força da natureza. Isso
é um deus. Na obra de Fernando Pessoa, o deus que concretiza o seu imaginário é Hermes. Deus da
comunicação e das diferenças entre os comunicantes, Hermes é o mensageiro, a divindade dos limites,
o deus das encruzilhadas, dos ladrões e do comércio. A Hermes ligam-se os símbolos da estrada, do
caminho onde o acaso e o imprevisto serpenteiam, labirinto de provas, viagem, jornada, trajeto, media-
ção. Conhecido como puer e senex, a criança e o velho, é também língua e razão, não só responsável
pela pluralidade, mas ele próprio plural, como plural foi Fernando Pessoa.
Unidade2—CompreensãodoOral, página 78
Álvaro de Campos, a experiência de existir
Álvaro de Campos transpira emoção. A vida pulsa nas suas palavras, o poeta sente e quer sentir de
todas as maneiras. Existe e quer ser tudo e todos.
Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!
Querendo viver a totalidade, encontra um mundo fragmentado; entendendo a sua existência como um
vaso partido, entrega-se à busca do mistério, entusiasma-se e deprime-se. Dionisíaco, entrega-se à
orgia das sensações, crava as suas garras na terra e, embebido em feminilidade, funde-se com a noite
32. 3. TRANSCRIÇÕES DOS RECURSOS ÁUDIO
32 SENTIDOS 12
sagrada, ancestral, com o mar, de cujo cais partimos. Prometeico, saúda o novo mundo, uma nova
humanidade, seduzido pela tecnologia, pelas máquinas, pelo progresso que aproxima os homens dos
deuses. Hermesiano, lança-se à vida como uma viagem, está sempre de partida ou de chegada, mesmo
que nunca chegue, mesmo que nunca parta, mesmo que adie indefinidamente a arrumação das malas.
Deslizando pelo labirinto ou perdendo-se nele, concilia os contrários, a razão e a emoção, a infância e a
vida adulta, sonho e técnica, grandes propósitos e nenhuma ação. Álvaro de Campos foi, de todos, o que
mais desejou a pluralidade, o que mais a sentiu, mas foi também o que se esqueceu de agir, o que viveu
frequentemente deprimido, enfim, o grande fracassado.
Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de outubro de 1890. É engenheiro naval mas agora está
aqui em Lisboa em inatividade. É alto, magro, e um pouco tendente a curvar-se, teve uma educação vul-
gar de liceu. Depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica, depois naval.
Numas férias, fez a viagem ao oriente, de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que
era padre.
A poesia de Campos retrata o universo do homem moderno, tanto no seu quotidiano, como nas suas in-
quietações metafísicas; nega a racionalidade, que convoca para a ação objetivada e recolhe-se nos seus
sonhos, onde e quando tudo se torna possível, como o seu desejo de abarcar a totalidade da existência.
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente
Porque todas as coisas são, em verdade excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora,
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d’EIe há só EIe, e Tudo para Ele é pouco.
Campos oscila entre a plenitude do sentido e o esvaziamento do mundo moderno. Em certos momentos
irascível, noutros dócil, irónico ou cético, capaz de sonhar tudo e sentir-se nada, deixar-se abandonar ou
saber-se lúcido. Atado à vontade de conhecer, reconhece que o conhecimento é impossível e faz dessa
impossibilidade o seu conhecimento. Álvaro de Campos é o arquétipo do homem moderno, a voz que fala
do inefável. Há sangue, suor e sémen nas suas palavras.
33. 3. TRANSCRIÇÕES DOS RECURSOS ÁUDIO
33SENTIDOS 12
Não: não quero nada
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
36. 4.PROPOSTAS ALTERNATIVAS
36 SENTIDOS 12
Proposta alternativa à contextualização de Fernando Pessoa (p. 26)
COMPREENSÃO DO ORAL
Visione uma sequência fílmica do programa Grandes Livros que apresenta Fernando Pessoa – um dos
maiores poetas portugueses – e o contexto político-cultural que o envolveu.
1. Assinale a alternativa que corresponde ao visionado na sequência vídeo.
1.1 O documento começa com a referência
[A] a um livro que nunca foi publicado.
[B] a uma obra pessoana que levou 20 anos a construir.
[C] a um conjunto de obras escritas por Fernando Pessoa.
1.2 Ainda no início da sequência fílmica, estabelece-se uma comparação entre
[A] as cidades de Lisboa, Braga e Porto.
[B] Fernando Pessoa e outros escritores modernistas.
[C] Fernando Pessoa, o vinho do Porto e Eusébio.
1.3 As personalidades convidadas a pronunciarem-se sobre o autor do Livro do desassossego
pertencem
[A] a diversificadas áreas do saber.
[B] às mesmas áreas do saber.
[C] à área de investigação em Literatura.
1.4 O excerto fílmico realça
[A] o percurso biográfico de Fernando Pessoa.
[B] a biobibliografia de Fernando Pessoa.
[C] Fernando Pessoa e alguns aspetos variados com ele relacionados.
2. Complete os espaços atendendo às informações recolhidas.
No documento vídeo, sucedem-se vários depoimentos. O primeiro é de a. _________________, edi-
tor e investigador. Segue-se o de b. _________________, professor universitário. José Eduardo Agualusa,
c. _________________, diz que muitos são os que pensam que Fernando Pessoa é brasileiro, as-
sim como d. _________________, dado serem os dois autores portugueses mais lidos no Brasil. Já
e. _________________, especialista em criação e gestão de marcas, realça o facto de Pessoa ter muitos
f. _________________, e g. _________________, diretora da Casa Fernando Pessoa, afirma que o poeta se tor-
nou num ícone gráfico. Ainda intervêm h. _________________, psiquiatra, e i. _________________, escritor.
Este último afirma que Pessoa não foi um génio mas cinco ou seis génios. Na mesma linha,
o poeta j. _________________ diz que o melhor poeta português devia chamar-se k. _________________.
37. 4.PROPOSTAS ALTERNATIVAS
37SENTIDOS 12
3. O documento audiovisual apresenta também factos relacionados com a biografia de Fernando
Pessoa.
3.1 Classifique como verdadeiras ou como falsas as seguintes afirmações, considerando o docu-
mento visionado.
a. Fernando Pessoa nasceu no largo de S. Carlos, no dia de Camões.
b. A avó do poeta padecia de doença mental.
c. Toda a família de Pessoa chegou a viver em Durban.
d. Os heterónimos pessoanos surgiram na idade adulta do poeta, em Portugal.
e. Fernando Pessoa regressou a Portugal no ano em que se deu o assassinato do rei D. Carlos
e do príncipe Luís Filipe.
f. O escritor, após a implantação da República, inscreve-se na Faculdade de Letras.
g. Em 1914, numa noite, Pessoa criou três heterónimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro
de Campos.
h. Ao longo da vida, Fernando Pessoa só inventou, além dos três heterónimos mais conhecidos,
mais um outro heterónimo – Bernardo Soares.
i. O mais íntimo amigo de Pessoa era Almada Negreiros.
j. Pessoa e Sá-Carneiro foram os principais responsáveis pelo aparecimento da revista Orpheu.
k. A publicação do primeiro número de Orpheu causou polémica e os textos publicados foram
rotulados de literatura de manicómio.
l. Orpheu defende o aburguesamento das artes e o provincianismo do país.
m. Almada Negreiros publicou o Ultimato futurista às gerações portuguesas do século XX.
n. O Modernismo, em Portugal, deveu-se à geração do Orpheu, constituída por Fernando Pes-
soa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Amadeu Sousa Cardoso e Santa-Rita Pintor.
38. 4.PROPOSTAS ALTERNATIVAS
38 SENTIDOS 12
Proposta alternativa à análise da “Ode triunfal”, de Álvaro de Campos (pp. 80-86 do Manual)
(ver cenários de resposta – p. 50 desta brochura)
1. Complete, em trabalho de pares, a tabela relativa à análise da obra “Ode triunfal”, de Álvaro de
Campos, após a leitura integral do poema.
Tópicos Justificação/Exemplificação
Tema e sua relação com o título Exaltação da modernidade e de aspetos com ela relacionados, como se an-
tevê pelo título (“Ode triunfal”), uma vez que a palavra “ode” significa canto
elogioso, a que se acrescenta “triunfal”, que reforça a magnitude desse elogio
(neste caso, é dirigido à era moderna e industrial).
Contexto espacial
a. __________________________________________________________________________
Estado emocional do sujeito
poético
b. __________________________________________________________________________
Realidades retratadas c. __________________________________________________________________________
Matéria épica d. __________________________________________________________________________
Valorização do tempo e. __________________________________________________________________________
Tipos sociais evocados Referem-se vários tipos sociais, nomeadamente “comerciantes”, “vadios”,
“escrocs”, “aristocratas”, “esquálidas figuras dúbias”, “chefes de família”,
“cocottes”, “burguesinhas”, “pederastas”, “gente elegante que passeia”,
“caixeiros-viajantes”, “gente ordinária e suja”, “gente humana que vive como
cães”.
Presença do Sensacionismo f. __________________________________________________________________________
Elogio da modernidade g. __________________________________________________________________________
Recursos estilísticos
- apóstrofe
- aliteração
- enumeração
- gradação
- anáfora
- onomatopeia
- metáfora
- personificação
h. __________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Ritmo e sua funcionalidade Impera no poema um ritmo torrencial, feroz, vivo, em que surgem, em
catadupa, as diferentes realidades captadas por um “eu” em plena histeria
de sensações. O autor incute no texto um ritmo alucinante, onde os aspetos
evidenciados se atropelam, sugerindo a euforia do sujeito poético e a sua
quase devoção à modernidade e às transformações, boas e más, operadas pela
civilização industrial em que este “eu” sensacionista se insere.
Marcas do Futurismo
e do Sensacionismo
O poema inscreve-se na segunda fase poética de Álvaro de Campos, aquela em
que se faz sentir o Futurismo e o Sensacionismo, o elogio à era Moderna e aos
símbolos da modernidade, ao belo feroz, e se assiste à anulação da estética
aristotélica e à mistura do objetivo com o subjetivo. A nível formal também
se verifica a subversão sintática, estrófica e métrica. O vocabulário é atípico,
rompendo, em todos os aspetos, com a tradição poética anterior.
40. 5. SOLUÇÕES DO MANUAL
40 SENTIDOS 12
SOLUÇÕES DO MANUAL
Página26–Oralidade
Documento (projeção) de apoio para resolução da questão 1.1
TEMAS NOTAS
a.
Situaçãopolíticaesocial
− Assassinato do rei D. Carlos e do príncipe Luís Filipe.
− Implantação da República a 5 de outubro de 1910.
− Início da Primeira Guerra Mundial no verão de 1914 (após assassinato do arquiduque Augusto Fernando,
herdeiro do trono austro-húngaro).
− Portugal tenta manter-se afastado do conflito, uma vez que procura sanar as dificuldades do início
da República.
− Declaração de guerra a Portugal, por parte da Alemanha, em 1917, o que obriga o país a entrar
no conflito.
− Golpe militar (1917) leva Sidónio Pais ao poder.
− Fernando Pessoa acredita ver em Sidónio Pais a personificação do regresso de D. Sebastião.
− Golpe militar de 28 de maio de 1926 e instauração da Ditadura Militar.
− Nomeação de Oliveira Salazar como ministro das Finanças.
− Agitação política a nível europeu durante a década de 1930.
− (Acontecimentos sumariados após 1935 – Segunda Guerra Mundial, Guerra Colonial e a Guerra Fria,
anos dourados do cinema, o advento da televisão…)
b.
Movimentosestéticoseculturaiseformas
dedivulgação
− Publicações de Fernando Pessoa: A Águia, O Jornal, República, Renascença, O Raio…
− Publicação, em 1915, do 1.o
número da revista Orpheu e consequente polémica (discussão entre
a admiração e o escárnio, o atrevimento e a vanguarda de uma nova geração: Fernando Pessoa
e Álvaro de Campos, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Santa-Rita
Pintor – a geração do Orpheu).
− Almada Negreiros sintetiza, No Ultimatum futurista às gerações portuguesas, a crítica: “o povo completo
será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos: coragem,
portugueses, só vos faltam as qualidades”.
− O Modernismo (estética, autores).
− Publicação do segundo Orpheu. O escândalo repete-se.
− Em Paris, a depressão de Sá-Carneiro acentua-se e, depois de intensa correspondência com Fernando
Pessoa, põe termo à vida, em abril de 1916. Morrem, pouco depois, Santa-Rita e Souza-Cardoso.
O Modernismo sobrevive, mas dispersa-se em múltiplas direções e Fernando Pessoa segue o seu próprio
caminho.
− O Modernismo tem o segundo fôlego com a revista Presença. Logo nos primeiros números, José Régio
reconhece Fernando Pessoa como mestre da nova geração.
c.
Dadosbiográficos
deFernandoPessoa
− Nascimento no Largo de S. Carlos no dia 13 de junho.
− Torna-se órfão de pai aos 5 anos; pouco depois morre o irmão Jorge com meses de idade. A mãe casa
com o cônsul português em Durban e a família parte para a África do Sul.
− Fernando Pessoa cresce, estuda e escreve sempre que pode, em português ou inglês, na língua
que o poema falar, e cria os seus primeiros heterónimos.
− Regressa a Portugal, com cerca de 17 anos.
− Frequenta a Faculdade de Letras, torna-se empregado de escritório e traduz cartas comerciais.
− Muda de casa constantemente e publica um pouco por toda a imprensa.
− Amizade com Mário de Sá-Carneiro, um génio precoce que na adolescência já traduzia Goethe
e Schiller, filho de famílias abastadas da alta burguesia.
− Depois da morte do padrasto, a mãe e os irmãos de Fernando Pessoa regressam a Portugal
e instalam-se no n.o
16 da rua Coelho da Rocha. Fernando Pessoa fixa-se, finalmente, na casa
onde viverá até ao fim da sua vida.
− Relação (“desjeitada” e relativamente curta) com uma jovem de nome Ofélia Queirós.
− Perde a mãe em 1925 e entrega-se cada vez mais ao álcool. Vive obcecado com a sua obra e tem
constantes crises depressivas. Por isso, a reaproximação a Ofélia Queirós volta a terminar pouco tempo
depois do reatamento.
− Publica o seu primeiro livro de poesia em português, em 1934: Mensagem. A obra é premiada pelo
Secretariado da Propaganda Nacional, mas Pessoa falta à cerimónia.
− Morre a 30 de novembro de 1935.
41. 5. SOLUÇÕES DO MANUAL
41SENTIDOS 12
d.
Heterónimospessoanos
− Cria os primeiros heterónimos, Chevalier de Pas, com cerca de 6-7 anos de idade, e Alexander Search.
− Criou, numa só noite, três heterónimos: o mestre, Alberto Caeiro; o médico e classicista, Ricardo Reis e o
engenheiro futurista, Álvaro de Campos. Eram três personalidades distintas, com uma história própria,
qualquer deles candidato a melhor poeta do seu tempo.
− Terá inventado, ao longo da vida, mais de 70 heterónimos. Mas os três que ali nasciam eram mais que
estilos de escrita.
− Fernando Pessoa “viveu” com Bernardo Soares durante 20 anos, escrevendo na sombra quase doentia
(aparece sempre que Pessoa está cansado ou sonolento. É um semi-heterónimo porque, não sendo
a personalidade a dele, é uma mutilação dela).
e.
Livrododesassossego
− Publicado em 1982.
− Bernardo Soares, o semi-heterónimo, é o autor desse livro.
− Caracterizado com um livro interminado, um livro impossível, sobre o qual os intervenientes destacam
o hibridismo (valter hugo mãe), a surpresa, ideias intensas que se entrechocam.
− Composto por mais de mais de 500 textos escritos à solta, sem um sentido concreto, sem princípio, nem
meio, nem fim que refletem a solidão profunda de quem vive em sonho.
− Livro traduzido em várias línguas.
f.
Intervenientes:profissõeseopiniões
Jerónimo Pizarro:
editor e investigador
− Considera Pessoa um dos maiores autores do século XX e afirma que Portugal
é praticamente o único país que no século XX desafiou o grande autor e grande
épico da literatura – Camões.
Fernando Cabral
Martins: professor
na Universidade Nova
de Lisboa.
− Diz que houve toda uma euforia de marchandise em torno do Pessoa que
ganhou um peso cultural específico.
− Fernando Pessoa é sozinho o modernismo português.
José Eduardo
Agualusa: escritor
− Afirma que há muitos brasileiros que estão convencidos que Fernando
Pessoa era brasileiro, tal como Eça de Queirós, que foi mais lido no Brasil
do que em Portugal.
− Pessoa é um génio que consegue ir além dos limites normais.
Carlos Coelho:
especialista em
criação e gestão
de marcas
− A marca Fernando Pessoa é uma das primeiras linhas do património en-
dógeno do país. Ele tinha muitos “eus” e isso é também característico
da marca.
Inês Pedrosa:
diretora da Casa
Fernando Pessoa
− Fernando Pessoa é um ícone gráfico.
− O facto de Fernando Pessoa escrever sob vários nomes, e de criar polémicas
consigo próprio, mostra que ele não acreditava em movimentos, não acredi-
tava em rebanhos em sentido cultural nem em sentido político. Ele ultrapassou
muito a questão da época e é por isso que continua tão atual.
− A pátria de Pessoa era Lisboa.
Carlos Amaral Dias:
psiquiatra
− Destaca a presença de uma avó maníaco-depressiva que pode ter tido grande
impacto na vida de Pessoa. Evidencia, ainda, o facto de, em Pessoa, se verificar
a procura de um génio imaginário, alguém com quem se pode falar, dialogar,
que corresponde a um duplo, a um “eu” que somos “nós próprios”.
valter hugo mãe:
escritor
− Pessoa não foi um génio, foi cinco ou seis génios. Seria um ser humano
esdrúxulo, eventualmente um louco.
− É absolutamente fascinante perceber que o escritor máximo do Modernismo
português poderia ser o escritor máximo do nosso pós-Modernismo. Ainda
estamos muito longe de o esgotar.
António Cícero: poeta
− Pessoa devia chamar-se Fernando Pessoas.
− Refere que quando Pessoa criou um poema como Mensagem, tal como Homero
com a Ilíada, fez uma coisa memorável que muda a própria língua portuguesa
e Portugal.
42. 5. SOLUÇÕES DO MANUAL
42 SENTIDOS 12
Página26–Escrita
1. Proposta de planificação do texto:
Introdução: A genialidade de Pessoa e o impacto cultu-
ral que teve.
Desenvolvimento: Breves referências biográficas: data
e local de nascimento; partida para a África do Sul; re-
gresso a Portugal e entrega à escrita; a criação de três
grandes heterónimos e de um semi-heterónimo; revistas
em que colaborou com destaque para o Orpheu, seus co-
laboradores e intenções.
Conclusão: Reforço da incomparável genialidade de Fer-
nando Pessoa, o único que igualou ou suplantou Camões.
Página29–Escrita
1. Resposta de caráter pessoal. No entanto, os alunos po-
derão abordar/desenvolver os seguintes tópicos:
− o tema do diálogo é o sentido da existência humana;
− a necessidade de saber “por que existimos” parece não
ser importante para o interlocutor de Mafalda seja por-
que nunca se questionou sobre o assunto seja porque
a existência é um fim em si mesma, não necessitando,
portanto, de explicação;
− embora a personagem Mafalda apresente um ar “re-
flexivo” e, de certa forma, “apreensivo”, o seu interlo-
cutor ostenta uma atitude bastante descontraída face
à complexidade do tema; conclui-se que Filipe atribui
pouca importância à questão;
− entre o sujeito poético de “Autopsicografia” e o interlo-
cutor de Mafalda são notórias as diferenças: à atitude
reflexiva e à intelectualidade de Pessoa, opõe-se a su-
perficialidade e a leviandade intelectual de Filipe, que
se mostra ansioso pela resolução do “problema”, não
importando a resposta que irá obter.
Página36–EducaçãoLiterária
9. O último verso, que encerra um apelo, traduz a incer-
teza da vida do “eu”: o coração é incerto e a sombra re-
mete para o sonho, logo para a irrealidade.
10. Predominam, ao longo do texto, sons sibilantes (/s/) e
nasais (/-m/, /-ão/, /nh/), sugerindo o estado de angústia
e de reflexão em que o “eu” se encontra.
Página40–CompreensãodoOral
4. De entre os argumentos da posição contrária à prática
da eutanásia, o mais persuasivo parece ser o que refere o
perigo de aquele ato se tornar “a pedido”. Este argumento
torna-se forte dada a possibilidade de refutação a que
está sujeito: até que ponto a pessoa que “deseja” a prá-
tica da eutanásia estará na posse de todas as faculdades
para tomar tal decisão? Esta é uma prática irreversível!
O argumento que pode assumir relevância na defesa da
eutanásia é a possibilidade que esta prática dá de uma
morte com dignidade, evitando o risco da dependência
total relativamente a alguém.
5. Este debate é pertinente para a abordagem do tema da
eutanásia dada a informação que disponibiliza à audiên-
cia. Os intervenientes são especialistas na área da me-
dicina (cuidados paliativos e biomédica) e deputados da
Comissão de Ética. Na defesa das suas posições, apre-
sentam argumentos, sustentados em exemplos concre-
tos, que ajudam a esclarecer a opinião pública sobre o
tema em causa.
6. O moderador apresenta o tema, os intervenientes e gere
as várias intervenções de modo a garantir a imparcialidade
do tratamento do tema. Solicita intervenções concisas ou
sintetiza ideias para melhor condução e compreensão das
ideias defendidas. Respeita e promove o princípio de cor-
tesia entre os vários interlocutores.
Página67–EducaçãoLiterária
5. A tristeza do sujeito poético resulta do gozo excessivo
proporcionado pelas sensações e pelo contacto com a
Natureza. Porém, o “eu” aceita essa tristeza com natu-
ralidade, uma vez que provém do excesso de felicidade,
a qual resulta da relação direta com a realidade (“Sinto
todo o meu corpo deitado na realidade”).
6. Justifica-se pela oração introduzida por uma conjun-
ção subordinativa “quando”.
7. “dia”
8. Derivação por sufixação
Página67–Escrita
1.
Introdução: Caeiro, o heterónimo considerado o mestre.
Desenvolvimento: Vive em permanente contacto com
a Natureza (bucolismo) e apreende a realidade através
dos sentidos, recusando questionar a existência do que
o rodeia e aceitando a ordem natural do mundo, como a
chuva e o sol, a felicidade e a infelicidade.
No poema, o sujeito poético identifica-se com um guar-
dador de rebanhos e com o próprio rebanho. Na imagem,
destaca-se o pastor que, no meio do seu rebanho, con-
templa a Natureza, comungando daquela realidade que
o faz feliz, tal como acontece ao sujeito poético.
Conclusão: Espécie de compensação para o subjeti-
vismo do criador, que viveu atormentado pela raciona-
lidade excessiva.
Página73−EducaçãoLiterária
9. O classicismo é visível, a nível temático, na crença nos
deuses e na mitologia pagã, na crença no destino, na uti-
lização de símbolos que remetem para a consciência da
brevidade da vida e a inexorabilidade da morte. A nível
formal, a preferência pela ode, pela sintaxe alatinada e
pelo vocabulário impregnado de termos latinizantes, com
recurso à anástrofe, à gradação, à metáfora.
10. Lídia é elevada à categoria de musa, sendo que a
expectativa do sujeito lírico é a de que ela seja plato-
nicamente distante, alheia, descomprometida e, à sua
semelhança, espetadora do mundo.
43. 5. SOLUÇÕES DO MANUAL
43SENTIDOS 12
11.
a. estamos, fica, deixa, regressa, vai, vale, passamos, le-
vantam, dão, cremos enlaçamos, beijamos
b. lembrar-te-ás, terei, ser-me-ás
c. fitemos, aprendamos, enlacemos, pensemos, desenla-
cemos, gozemos, amemo-nos, colhamos, suavize, arda,
fira, mova
d. levares
e. tivesse, quiséssemos
12.
a. Oração subordinada substantiva completiva.
b. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
12.1. Complemento direto.
Página75−EducaçãoLiterária
3. As formas verbais no presente servem o propósito de
enfatizar o momento atual e delimitar unidades tempo-
rais mais restritas, de forma a estabelecer uma homologia
entre o tempo presente e o ser humano. É como se o ser
humano se diluísse no próprio tempo e fosse ele o tempo:
“No mesmo hausto / Em que vivemos, morreremos. Colhe
/ O dia, porque és ele”. Remete ainda para a intemporali-
dade dos conselhos dados pelo “eu”.
4. Como marcas clássicas evidenciam-se o carpe diem
(aproveita o dia), a consciência da efemeridade da vida e
a eminência da morte, o caráter moralista, recorrendo-
-se ao imperativo. Ao nível estilístico, destaca-se a iso-
metria (regularidade métrica) e a regularidade estrófica,
as construções sintáticas alatinadas (recurso às anás-
trofes e ao hipérbato), o uso da primeira pessoa do plural.
5. A passagem da nuvem branca parece ser inútil, uma
vez que o sujeito poético afirma que ela é “fugidia” (“inútil
nuvem fugidia” – v. 2) e que apenas ergue instantanea-
mente um “sopro arrefecido” entre os campos. Além
disso, a sua inutilidade acaba por se tornar ainda mais
evidente nos efeitos nefastos que produz no “eu”.
6. A passagem da nuvem suscita no “eu” poético uma
espécie de autoanálise que o leva a comparar esta pas-
sagem à ideia que povoa a sua alma e lhe enegrece a
mente, revelando que a racionalização excessiva lhe traz
sofrimento e dor, dado que a ideia é perturbadora, altera
a sua tranquilidade, tal como a nuvem branca produz
efeitos negativos na terra pela sua passagem, ainda que
breve.
7. A personificação é suscitada pela utilização do adjetivo
“Solene” para caracterizar a nuvem e a sua passagem,
conferindo-lhe um estatuto humano e, por isso, desenca-
deando efeitos concretos no sujeito poético. A anástrofe
é também visível nos versos 1 e 2, uma vez que a ordem
direta seria “A inútil nuvem branca fugidia passa solene
sobre a fértil terra”. O objetivo é destacar, primeiro, as
características do objeto que vai ser alvo da descrição do
“eu” porque são elas que refletem as suas atitudes. A ali-
teração é visível, por exemplo, no verso 4 em que o som
/r/ (“um sopro arrefecido”) sugere o barulho produzido
pela passagem da nuvem bem como o efeito negativo
que ela produz no sujeito poético.
Página75−Escrita
1. A imagem apresenta um rosto indefinido e o contorno
de um chapéu colocado numa cabeça que, imediata-
mente, associamos a Fernando Pessoa.
No lugar do rosto está um espaço, uma espécie de rua
cercada de muros altos, com portas laterais à direita,
com um fundo escuro. À esquerda, no muro, está uma
janela que, pela cor clara, parece deixar ver o espaço
exterior. Nesta rua encontram-se figuras humanas mas-
culinas, dispostas num plano que vai do particular para
o geral, sendo que há três silhuetas mais percetíveis e
uma, ao fundo, menos clara.
Parece representar-se nesta imagem a fragmentação
daquele que vive os heterónimos na sua mente, ou seja,
a figura de Fernando Pessoa que, como sabemos, povoou
a sua vida de outros “eus” ou outros seres, mais autên-
ticos que ele próprio. Por isso, facilmente se identificam
os seus três principais heterónimos na posição mais pró-
xima, sendo que o que se encontra mais distante tanto
pode ser o seu semi-heterónimo Bernardo Soares como
o próprio Pessoa.
Este tipo de representação da heteronímia pessoana é
bastante sugestiva, dado que permite perceber que os
heterónimos são representações mentais mas também
configurações autênticas daquele que se “outrou” e
viveu várias entidades.
(196 palavras)
Página87−EducaçãoLiterária
4. No verso está presente uma metáfora que sugere a
enormidade, a dimensão do estado emotivo e das emo-
ções que se apossaram do sujeito poético.
5. Como típico da modernidade, temos a referência à
eletricidade e à paz reinante na província que permite
perceber que contrastava com o bulício citadino a que o
“eu” estaria habituado. O versilibrismo e o heteroestro-
fismo (verso livre e variedade estrófica, respetivamente)
evidenciam-se, deixando antever o desprezo pelo rigor
formal que sempre esteve associado à poesia tradicio-
nal. Como marcas temátivas de Campos, destacam-se
o abatimento, a desilusão, a angústia existencial e a
consciência da impossibilidade de realização por não ser
nada (“Sou nada… / sou uma ficção…”, vv. 13-14), numa
aproximação evidente ao ortónimo e que caracteriza a
última fase de Campos.
6. Como exemplos de marca deítica temporal temos as
formas verbais usadas na primeira estrofe que remetem
para o passado (“não havia”, “foi”, “li”) e que se opõem
às usadas na segunda e apontam para o presente (“sou”,
“ando”, “manda”). Deíticos que marcam a pessoa estão
presentes não só em algumas formas verbais, mas es-
pecialmente nos pronomes pessoais “eu”, “me”, “mim”.
Como indiciador do espaço, evidencia-se o advérbio com
valor semântico de lugar “Ali”.
7. A forma verbal “Relia-a” (v. 11), conjugada pronomi-
nalmente, ilustra a coesão referencial por anáfora, dado
que o pronome pessoal aí presente retoma o antecedente
“A Primeira Epístola aos Coríntios” (v. 10).
44. 5. SOLUÇÕES DO MANUAL
44 SENTIDOS 12
8. A coesão interfrásica é visível no verso 2, mais preci-
samente na utilização do conector “Por isso”, que intro-
duz a explicação para a afirmação anterior.
9. A forma verbal permite identificar o valor aspetual
habitual, porque o facto de não haver luz é uma situação
recorrente num período de tempo ilimitado.
Página89−EducaçãoLiterária
4.
a. As expressões “Transbordou da vasilha” (v. 3) e “pre-
gas na alma!” (v. 9) exemplificam a metáfora e apontam
para o excesso da angústia e para os efeitos que ela pro-
duz, respetivamente.
b. A afirmação “que trago há séculos em mim” (v. 2) confi-
gura uma hipérbole, uma vez que dá conta da quantidade
de tempo em que se sente neste estado de espírito nega-
tivo, exagerando-o para acentuar a sua dor.
c. A anáfora está presente nos versos 1 e 2 (“Esta”) e
também nos versos 4, 5 e 6. Enquanto na primeira situa-
ção, e através do deítico demonstrativo, se presentifica
a angústia, nos versos seguintes a anáfora é reveladora
do modo como ela se manifesta.
d. A gradação presente em “Este quase, / Este poder
ser que..., / Isto.” (vv. 12-14) ou em “Era feiíssimo, era
grotesco” (v. 32) sugerem o crescendo do abatimento
que pode mesmo levar à anulação do “eu”, como se de-
preende na sua transformação em “Isto”.
5.1 De um modo geral, a pontuação “obriga” a uma de-
clamação marcada por um ritmo pausado que reforça o
pendor reflexivo do poema (como se confirma na decla-
mação do ator Virgílio Castelo). Particularmente, o ponto
de interrogação reforça o desespero do sujeito poético;
as reticências expressam a hesitação, a indefinição e a
ansiedade; o ponto de exclamação traduz a emotividade
que assola o “eu”; o ponto final está ao serviço da expres-
são da certeza dos factos enunciados; os dois pontos an-
tecedem a explicação para a dicotomia “Estou alheio a
tudo” e “igual a todos”.
6. O “eu” manifesta o desejo de encontrar uma solução
para o seu drama interior que poderia passar pela crença
numa “religião qualquer”, não importando qual, desde
que fosse consoladora. Reafirma ainda a vontade de
“crer num manipanso qualquer”, o que evidencia a neces-
sidade de encontrar formas de ultrapassar ou atenuar
a angústia que o domina. Note-se que a fé, a crença se
inscreve num plano não racional e, portanto, assiste-se
à subordinação da razão à emoção, uma vez que o pen-
samento, a sua racionalidade e lucidez são a causa do
sofrimento atual, ainda que tenha consciência da impos-
sibilidade de se libertar dessa angústia, como se percebe
pela utilização do condicional “serviria” (v. 36).
7. Neste verso, o sujeito poético dirige-se ao coração,
pedindo-lhe que estale pois só assim, dado que parece
exprimir um desejo subtil de morte, poderá pôr fim ao
sofrimento. Este coração é de “vidro pintado”, logo é frá-
gil, não servindo, por isso, para lhe dar a força necessária
para ultrapassar a angústia sentida.
Página89−Oralidade
1.
− O orador é Richard Zenith.
− O objetivo é ler e comentar um dos últimos poemas de
Álvaro de Campos.
− A partir de determinados versos, Richard Zenith tece
alguns comentários que se prendem, por exemplo, com
o facto de Pessoa afirmar não ser nada, mas também
poder ser tudo. Para este estudioso, Pessoa era o poeta
do nada e do tudo e, por isso, ficou sempre “entre”.
− Explora ainda a afirmação que diz que “o coração é
maior que o universo inteiro” e justifica-a, dizendo que
realmente o coração é o ritmo da vida, é o que sente
tudo, até a própria existência.
Proposta de planificação da exposição oral:
Introdução: Justificação e tema da intervenção (res-
posta à atividade do Manual, sob solicitação do profes-
sor, com o objetivo de falar de Fernando Pessoa).
Desenvolvimento: Informações relativas ao orador
(Richard Zenith, especialista em Fernando Pessoa e
galardoado com o prémio Pessoa em 2012. Poder-se-á
ainda disponibilizar o sítio: https://www.publico.pt/cul-
turaipsilon/noticia/premio-pessoa-2012-para-richard-
zenith-1577444, onde se encontra uma notícia sobre a
atribuição do referido prémio e informações mais deta-
lhadas sobre o orador; aspetos abordados e sua impor-
tância para a compreensão da heteronímia pessoana.
Conclusão: Contributos deste tipo de tarefas para o es-
tudo de obras e pessoas.
Página89–Escrita
Pessoa e os heterónimos (proposta de texto)
A complexidade e a riqueza intelectual de Fernando
Pessoa fizeram-no, desde muito cedo, imaginar “outros”,
através dos quais pudesse exprimir os seus pensamen-
tos, “dando à luz”, numa fase mais tardia, aqueles a quem
deu total autonomia: Caeiro, Reis e Campos.
Pessoa concedeu a estes três heterónimos uma identi-
dade e estilos próprios, tornando-os distintos entre si e
de si, demarcando-se das suas posições e anulando-se
para lhes dar voz. Ao primeiro dotou-o da instintividade
e primitivismo típicos de alguém pouco culto academi-
camente e que privilegia as sensações em detrimento
do pensamento bem como a ruralidade à cidade. Ao
segundo fê-lo clássico, pagão, latinista, adepto do epi-
curismo e do estoicismo. Ao terceiro deu-lhe a missão
de ser o porta-voz do Modernismo e do Futurismo, mas
também seu irmão quando chega à última fase poética.
Distintos entre si, mas filhos do mesmo pai e pupilos do
mesmo mestre, é normal que partilhem algumas dispo-
sições: Reis aproxima-se de Caeiro no amor à Natureza
e Campos no sensacionismo. Porém, se Pessoa quis uni-
ficar a cisão do seu “eu” através dos heterónimos, essa
tentativa saiu gorada pois estes estilhaçaram-no ainda
mais, fazendo-o questionar a sua própria existência.
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