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                              OS DESABAFOS

                              DE RUI CARDOSO
Paulo Cardoso e Rui Cardoso
                                                0
(Maio 2010 – Novembro 2010)
Índice

Introdução: ............................................................................................................................... 2

2 – Crónica / Saúde (04-02-2010) ............................................................................................. 7

3 – Crónica / Juventude (11-02-2010) ..................................................................................... 11

4 – Crónica / Desporto (18-02-2010) ...................................................................................... 14

5 – Crónica / A Internet (25-02-2010) ..................................................................................... 17

6 – Crónica / Mulher (04-03-2010) ......................................................................................... 20

7 – Crónica / Cultura (11-03-2010)......................................................................................... 23

8 – Crónica / Terceira Idade (18-03-2010) .............................................................................. 26

9 – Crónica / Segurança nas Escolas (25-03-2010) ................................................................. 29

10 – Crónica / Ambiente (01-04-2010) .................................................................................... 33

11 – Crónica / Economia (08-04-2010) ................................................................................... 36

12 – Crónica / Grandes Superfícies (15-04-2010).................................................................... 39

13 – Crónica / 25 de Abril (22-04-2010) ................................................................................. 42

14 – Crónica / 1º de Maio (29-04-2010) ................................................................................. 45

15 – Crónica / Mães (06-05-2010) ......................................................................................... 49

16 – Crónica / Modelo Político (13-05-2010) ......................................................................... 52

17 – Crónica / Portalegre (20-05-2010) ................................................................................. 55

18 – Crónica / Balanço (27-05-2010) ..................................................................................... 58

19 – Crónica / Acessibilidades (05-10-2010) ........................................................................... 62

20 – Crónica / Projectos Vida (12-10-2010) ............................................................................ 66

21 – Crónica / Literatura (19-10-2010) ................................................................................... 69

22 – Crónica / Ranking das escolas (26-10-2010) ................................................................... 72

23 – Crónica / Orçamento de Estado (02-11-2010) ................................................................. 75

24 – Crónica / Dependências (09-11-2010) ............................................................................. 78

25 – Crónica / Balanço (16-11-2010) ...................................................................................... 81

                                                                                                                                           1
Introdução:


Não foi uma surpresa constatar o desempenho do Rui como
mandatário da lista candidata às Legislativas de 2009 pelo círculo de
Portalegre. Porém, a experiência como cronista aos microfones da
Rádio Portalegre apresentou-se como um desafio que o Rui venceu
e convenceu. Numa fase dos estudos em que o tempo andava, já a
alta velocidade, o Rui contou com uma equipa de apoio que lhe
permitiu estar descansado com esta responsabilidade, de todas as
quintas-feiras transmitir ao auditório, assuntos interessantes de
forma abreviada e clara.

Essa equipa, todas as semanas trabalhou o tema, dando tópicos,
pesquisando, coordenando e orientando o texto. Por fim, ouvia a
crónica com atenção para perceber onde se podia melhorar. A
satisfação foi enorme quando percebemos através de ouvintes,
comentários elogiosos às crónicas e ao desempenho do Rui.

Em meu nome e do Rui, ficam aqui os agradecimentos a essa
equipa:

Adelina Roque, Elsa São João, Milu e

Nuno Cardoso (também autor da capa desta colectânea)

E porque toda a equipa reconhece que não fora os problemas de
saúde poderíamos contar com outra valiosa ajuda. A ele, dedicamos
esta colectânea de crónicas.

Força, Adelino Cardoso!

                                                                    2
Paulo Cardoso




                3
1 – Crónica / A Educação (28-01-2010)

Boa tarde, o meu nome é Rui
Cardoso, tenho 18 anos, sou de
Portalegre e estudo na Antiga Escola
Industrial e Comercial de Portalegre,
hoje Secundária de S. Lourenço.

Caros ouvintes, na minha primeira crónica não posso deixar de
escolher um assunto que me afecta, assim como a todos os jovens,
sem deixar de parte os professores. É fácil perceber que vou
abordar o tema da educação que é, ou devia ser, junto com a
saúde, o pilar de um país. Apontada por alguns como a sua paixão,
por exemplo, por António Guterres, a Educação tem sido alvo das
experiências de governos incompetentes com políticas falhadas que
arrastaram o país para a situação em que estamos.

Do Magalhães só nos resta esperar por mais uma multa da União
Europeia, depois da avultada multa da compra de submarinos de
Paulo Portas. Depois, os Magalhães ficarão no rol de medidas
falhadas porque a casa foi construída pelo telhado.

Em relação a Portalegre, acuso o ministério de irresponsabilidade
quando gasta mais de 4,5 milhões de euros na Mousinho da Silveira
e os alunos e professores trabalharam sem aquecimento nos dias
rigorosos que tivemos há pouco tempo. O meu aplauso vai para os
manifestantes que deram um raro exemplo em Portalegre de que o
silêncio nada resolve e a manifestação deu, logo, frutos.



                                                                4
Não só esta, mas muitas outras escolas deixam muito a desejar, o
estatuto do aluno e a guerra travada pelo Governo Sócrates contra
os professores tornaram o ensino num verdadeiro estado de sítio.
Outras medidas como os PIEF, do tempo de Durão Barroso e os
Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) e Novas
Oportunidades, são o retrato de medidas avulsas cujo único
resultado é a transfiguração da realidade nas estatísticas.

A maioria das escolas de intervenção prioritária têm altas taxas de
insucesso e mantêm os problemas de indisciplina, conforme consta
do resultado de uma recente avaliação externa. Em Portalegre,
temos uma das 17 escolas do país de intervenção prioritária ainda
em avaliação, falo da Escola José Régio. Esta, a par das restantes,
no seu funcionamento deixa muito a desejar, sendo o campo da
indisciplina o que mais me preocupa, não esquecendo as altas taxas
de   insucesso.   Ainda   recentemente    uma    professora   e   uma
funcionária foram agredidas e os alunos vivem em sobressalto.

Ainda assim, gostaria de fazer uma referência positiva ao aumento
da verba para o IPP (15 milhões de euros) no orçamento para 2010.
Esta verba já garante os salários para os funcionários desta
importante instituição, oxalá se consiga baixar o valor das propinas
para desta forma podermos atrair mais estudantes. Também faço
votos para que se criem mais cursos apelativos e com saída no
mercado de trabalho.

Melhorar, seriamente, estas escolas é prioritário e, infelizmente, não
vale a pena pensar em mais escolas. Contudo, massificar os
estudantes como fizeram erradamente com os reclusos dos Centros
                                                                     5
Educativos como o de Vila Fernando que fechou seria outro erro e
por isso vos digo, terminando - Ainda bem que o estádio não veio
abaixo!




                                                               6
2 – Crónica / Saúde (04-02-2010)

Caros ouvintes, na crónica anterior referi a educação como um pilar
sem deixar de mencionar a saúde que é o princípio de um bom
desenvolvimento porque implica, segundo a ONU, capacidade de
bem-estar e acima de tudo um factor de humanização e a garantia
de um verdadeiro estado social agora tão posto em causa por
Portugal e até pela Europa. Não é por acaso que, actualmente, a
saúde é regulada por números e não por necessidades sociais.
Fecham-se     maternidades     e,    outras     especialidades   como,
recentemente, foi anunciado em oncologia. Retiram-se os apoios a
doentes crónicos e paga-se aos privados para fazerem o que o SNS
podia fazer. Enquanto isso, gastamos 45 milhões em vacinas para a
nova estirpe da Gripe (H1n1), que a maioria dos portugueses não
vai levar. E eu, que sou um jovem estudante, para ser assistido
tenho de pagar uma taxa moderadora, numa violação ao artigo 64º
da Constituição Portuguesa. Quando o SNS nasceu, por mão do
socialista António Arnaut, estava muito longe de imaginar que seria
o próprio PS que mais tarde iria ameaçar a sua grande obra.
Falando de Portalegre, o processo da Hemodiálise só não tem
contornos de escândalo, porque atinge uma pequena minoria e as
restantes pessoas preferem ignorar e calar-se. Desde concursos
anulados, à demora e anúncios com pompa e circunstância, tudo
vale e fica bem patente o rumo que leva o nosso país também nesta
área.
Mas a saúde também passa pela qualidade de vida e dessa não
sabemos     porque   razão   não    existiram   durante   décadas,   a
monitorização do ar que se respira em Portalegre. Será que o medo
                                                                     7
do fecho da Robinson justificava poluir casas e pessoas, em especial
as que moram em S. Cristóvão? Era simples, tinham mudado as
instalações para a periferia e talvez a Robinson hoje ainda fosse um
símbolo da nossa terra.
A saúde também passa pela mobilidade em condições dignas e
ainda mais quando nos dirigimos a um centro de saúde. E aqui
caros ouvintes, todos nós sabemos o que sentimos quando nos
dirigimos ao nosso centro de saúde, em especial, de autocarro. Para
quem é idoso, é penoso o trajecto, e se tiver problemas de ossos ou
de articulações o caso agrava-se, não se percebe como se coloca
uma calçada tão desconfortável num acesso tão importante...
Lamentavelmente é uma lacuna nossa, mas a prevenção na saúde é
o primeiro passo para um SNS com menos despesas e as apostas do
estado em oftalmologia e estomatologia são importantes para a
saúde, desenvolvimento e produtividade de um país. São os países
que fazem estas apostas que vêem os efeitos práticos desse
desenvolvimento, não esquecendo que o mais importante é a
qualidade de vida das pessoas. Não é por acaso que Barak Obama
decidiu apostar num serviço nacional de saúde onde quatro vezes a
população de Portugal, é o número de Americanos que não têm
acesso à saúde. Por isso, espero que Obama consiga este propósito,
que sabemos não ser fácil na actual conjectura, em que os Estados
Unidos precisam de muitos dólares para manterem as suas guerras
às quais Portugal vai dando uma ajuda.
Mas a saúde também se faz com pessoas e é necessário pessoal
especializado. Todos sabemos da dificuldade em atrair médicos e
outros especialistas que tudo fazem para não virem para o interior.
                                                                   8
E o que acontece a jovens, como eu, que querem entrar no ramo
profissional da saúde? É isso, temos de ir para fora estudar! E
muitos, depois, acabam por não regressar, uma vez que a oferta de
trabalho no nosso distrito está cada vez mais escassa. Isto, quando
temos no nosso distrito apenas licenciatura em enfermagem (Escola
Superior de Saúde) e enfermagem veterinária (Escola Superior
Agrária), um jovem como eu e outros se quiserem outras
especialidades têm que ir estudar para fora. Fiz questão de elogiar o
aumento da dotação orçamental para o IPP na crónica anterior, mas
também referi que era importante termos mais atracção e para isso
era bom fixar cá os nossos jovens. O tecido empresarial é diminuto
e sem expectativas de melhorar. O comércio e os serviços públicos
já tiveram melhores dias e por isto tudo vos digo, a nossa saída
pode estar no desenvolvimento do Politécnico, também na saúde,
não esquecendo a nossa Escola Superior de Arte que podia ter mais
que a área da formação musical. Saliento também a falta de cursos
que apostem na engenharia genética, que poderia levar à
descoberta de novos tratamentos para o cancro, por exemplo, e à
realização de tratamentos de terapia génica.



Na ordem do dia está a greve dos enfermeiros que reclamam para
verem as suas licenciaturas reconhecidas e serem pagos como tal.
Recordo que este assunto também se aplica aos técnicos da saúde,
como os analistas, fisioterapeutas, radiologistas e outros. Mais uma
vez saúdo quem luta pelos seus direitos.
Para terminar não posso deixar de incentivar os jovens à prática do

                                                                    9
desporto e a todas e todos que me ouvem, façam uma alimentação
variada, com pouca gordura, pouco sal e pratiquem exercício físico
regularmente. E muita saúde é o que vos desejo.




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3 – Crónica / Juventude (11-02-2010)

O processo de humanização da nossa sociedade sofre evidentes
retrocessos,   muito   por   culpa     dos   governos   subvertidos   ao
capitalismo. Estes desistiram de apostar no modelo social para
insistir no modelo capitalista neoliberal. Este modelo, que tem
aumentado as desigualdades, e que provoca a asfixia económica, é
o principal responsável por um mundo cada vez menos sustentável.
Com impactos negativos em larga escala, são os jovens, que
atingidos, não conseguem ter um projecto de vida e são herdeiros
de um futuro hipotecado por políticas desastrosas. O Governo
Sócrates em sintonia com a Europa de Barroso empenhou-se em
defender as grandes fortunas e a banca, deixando à sua sorte as
vítimas de um sistema corrupto e viciado por entendimentos de
favorecimentos políticos aos grandes grupos económicos.
Os trabalhadores, em especial as mulheres e os jovens, sujeitos ao
Código Vieira da Silva (dito socialista), passaram a ser mera
mercadoria laboral, descartável e sem direitos, por isso já somos
conhecidos pela geração dos 500€. Todas as alíneas dos direitos
consagrados na lei, não passam de meras intenções, destronadas
pela precariedade imposta por um código do trabalho perverso que
permite o despedimento ao livre arbítrio e alimenta a exploração por
parte de empresas de trabalho temporário, agora até na saúde.
É por estas razões que o apelo de Cavaco Silva e outros políticos, à
participação dos jovens na vida política e o incentivo ao
“empreendedorismo”, não passam de puras hipocrisias num país em
que a formação e o apoio não passam de malabarismos para as

                                                                      11
estatísticas, com poucos efeitos práticos na vida profissional. Por
exemplo, as Novas Oportunidades não passam de uma mera
certificação da ignorância e da iliteracia; Os apoios aos projectos de
jovens portalegrenses não passam dos papéis, com um QREN que
não passa de uma miragem com cerca de 6,5% de execução.
A participação dos jovens é condicionada pela falta de estabilidade e
pelo crescente abuso das empresas cada vez mais a impor mais
horas de trabalho sem retribuição e com a consequente falta de
tempo e de disposição para outras actividades. Destas actividades
destacam-se as dificuldades no Associativismo estudantil, cultural e
desportivo, do direito ao sindicalismo e à criação de Comissões de
Trabalhadores. Este é um ponto que vai decerto também afectar a
vida das colectividades não só pelo afastamento dos jovens mas
também porque muitos dos que foram os impulsionadores e garante
do funcionamento destas instituições sofrem também do mesmo
problema e esta é uma consequência terrível que preconiza o
desmoronamento de uma sociedade eclética e plural.
Durante o tempo que tenho de vida, sucessivos governos têm dado
primazia à salvaguarda dos grandes interesses económicos num
jogo de interesses entre as grandes empresas e classe política, num
casamento perfeito. Os resultados estão à vista e a factura quem a
vai pagar são os jovens que já começaram a perceber esta
realidade.   A   aposta   deve   estar   numa   viragem   na   política
portuguesa, políticas para as pessoas e não para interesses
capitalistas como defendem os partidos que têm governado
Portugal. Está na hora de dizermos que estamos fartos de tanta
mentira e hipocrisia e que um outro modelo de sociedade é possível
                                                                     12
e exigível. Só com políticas sociais sérias (sem aproveitamentos) e
apostas sérias na educação, na cultura e no investimento público é
possível criamos condições para que os jovens possam acreditar no
futuro.
É muito importante que a aposta nos jovens seja séria para que
possamos garantir uma sociedade sustentável e justa e para
terminar, faço aqui um apelo aos jovens que me ouvem – Lutem
pelo   vosso   futuro   exigindo   direitos   e   respeito.   A   recente
manifestação, exigindo educação sexual e um outro estatuto do
aluno é mais um exemplo que devemos exigir respeito para
podermos respeitar.
Jean Jacques Rousseau escreveu - «Todo o homem nasce bom, o
contacto com a sociedade é que o corrompe». Nós queremos uma
sociedade diferente!




                                                                       13
4 – Crónica / Desporto (18-02-2010)

Caros ouvintes, terminei a minha primeira crónica dizendo, ainda
bem que o estádio não veio abaixo. Seria um crime, perdermos um
espaço emblemático e raro para a prática desportiva. Bem sei que a
sua manutenção é um custo acrescido para uma câmara endividada
e um país desgovernado, mas se fosse destruído era mais um bem
que perderíamos, a par dos lindos jardins que Portalegre já teve.

A CERCI, não podia estar dependente deste crime, merece e tem
de ter, um espaço próprio e condigno. É uma vergonha a forma
como tratamos os nossos deficientes, e as pessoas que se dedicam
a esta nobre causa.

A Escola Cristóvão Falcão, também, precisa de uma solução com
melhores resultados do que o pavilhão, que construíram em anexo,
e que foi um autêntico desastre. Provavelmente, também não se
sabe se os terrenos do estádio municipal têm condições para se
construir.

É preciso aprender com os erros do passado, como por exemplo no
caso da Urbanização do Ribeiro do Baco cujo projecto comprado
pelo edil da altura, Rui Simplício, que além de caro, foi um autêntico
fiasco, por falta de estudos de vária ordem, acerca do terreno.

O nosso parque desportivo é pobre, e com deficiências, incluindo as
estruturas mais recentes, como o estádio Eduardo Sousa Lima.
Temos, Inclusive, um espaço desportivo que é o Clube de Ténis que
está desaproveitado. Não se percebe como é que este espaço com
características únicas no distrito, não é utilizado. O Governo Civil e a
                                                                      14
Câmara de Portalegre têm responsabilidades, e deviam ter a
coragem de tomar uma atitude. Portalegre bem precisa de quem se
interesse pelo seu património. Ainda, a Entidade Turismo devia
estar mais atenta a estes espaços importantes, dado que o turismo
não é só gastronomia.

Na última crónica referi a importância do exercício físico para a
saúde. Os acessos pedonais, que aos poucos vão aparecendo, são
um bem precioso para a comunidade. Também se devia apostar nas
ciclovias entre Portalegre, Fortios, Alagoa, Urra e Ribeira de Nisa. As
caminhadas promovidas por grupos como os Pés Vagarosos são
também um bom exemplo a manter; seria igualmente bom que os
responsáveis pelas freguesias cuidassem das nossas fontes, para os
nossos caminheiros poderem satisfazer a sua sede, com a garantia
de beber as nossas águas, com tão boa tradição, mas que por falta
de análises ou boa vontade estão carimbadas com um "Imprópria
para consumo".

Mal ou bem, o desporto foi sempre sustentado pelas colectividades,
e se hoje as SAD representam a deturpação do verdadeiro
sentimento    clubista,   assistimos    no    actual    contexto    ao
desmoronamento do associativismo desportivo. Onde eu quero
chegar é ao facto de faltar um verdadeiro modelo sustentado da
prática desportiva, que garanta o funcionamento das colectividades.
Uma actividade tão importante para a mobilização de jovens e para
a saúde não pode estar assente apenas na carolice e boa vontade
de algumas instituições. Hoje assiste-se às dificuldades dos grupos
desportivos por falta de apoio estatal, à altura pois sempre se
                                                                     15
apoiou nos financiamentos ocasionais públicos e privados. Em
Portalegre, cada vez são menos as empresas e com capacidade de
apoiar as colectividades, simultaneamente a Câmara com as
dificuldades económicas que tem, não consegue dar os apoios
necessários.

Por tudo isto vos digo que este modelo é insuficiente e não garante
o desenvolvimento desportivo. O estado tem que garantir as infra-
estruturas necessárias para a prática do desporto. Da mesma forma,
Os utentes da CERCI não podem ser votados ao esquecimento.
Exige-se condições condignas para eles.




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5 – Crónica / A Internet (25-02-2010)

Caros ouvintes, em primeiro lugar, não posso deixar de expressar o
meu sentimento de pesar pelos recentes acontecimentos na
Madeira. Estou certo que a minha mensagem chegará à região dado
que temos madeirenses que estudam cá em Portalegre. Para eles
vai, toda a minha solidariedade.

Nos dias de hoje, as rádios já têm um alcance que antes não
imaginávamos. Há pouco tempo,            soube que   um casal de
portalegrenses emigrantes em Inglaterra, há vários anos, ouve a
Rádio Portalegre pela Internet. Este facto, tem uma importância
enorme, dado que assim se consegue ter uma ligação à terra de
origem através da Rádio, via Internet.

Ninguém, dúvida da utilidade e do impacto da Internet. Também,
todos sabemos dos perigos que a Internet oferece, em especial às
crianças. Sabendo da sua importância, dimensão e alcance, não nos
admiramos que a China, onde além das constantes violações dos
direitos humanos, o governo chinês controla e censura a Internet.
Este controlo estende-se, imaginem, em sites de informação política
onde até, já, bloqueou sites como o Twitter, o Flickr e o Hotmail.
Ainda este mês, assistimos à tentativa do governo Iraquiano de
controlar a Internet sem sucesso, e aqui está a grande força que
mete medo a países como a China e o Irão. Lembrem-se, não é só
em Portugal que há controlo na informação, este problema, só na
Internet envolve 60 países. Nestes países não só assistimos ao
controlo da Internet como até à detenção de blogguer’s, uma
espécie de jornalismo na Internet.
                                                                 17
A qualidade da Internet e a propaganda do governo apoiada pela
publicidade enganosa das operadoras é um autêntico embuste. Esta
falta de seriedade atira-nos para os piores do mundo na relação
qualidade/preço. No acesso à Internet, em 2009, estávamos em 22º
lugar, entre os 27 países da União Europeia, - 42% das pessoas
entre os 16 e os 74 anos têm acesso à Internet, o que deixa
Portugal só à frente de Itália, Chipre, Grécia, Bulgária e Roménia.

Enganosa, foi, ainda, toda a política de multiplicação de pontos
públicos de acesso, que o governo em tempos anunciou, e que até
teve um nome: "Rede de Espaços Internet". Esta rede ficou parada
e esquecida, aquém das expectativas. A Internet no Interior do país
sai prejudicada com uma deficiente distribuição de fibra óptica, o
Gavião nem acesso tem à Banda Larga tem e a banda larga móvel,
aqui no interior é um autêntico desastre.
O Magalhães foi mais uma oportunidade falhada, a par dos fundos
estruturais europeus. Percebe-se, agora, que o Magalhães foi mais
um negócio das operadoras de telecomunicações, e mais um
negócio de trapalhadas, até nas entregas aqui em Portalegre e
Castelo de Vide. A ideia podia ter sido boa, mas não houve
preocupação    em   preparar   os   programas,    as   escolas   e    os
professores, o que interessou foi distribuir Magalhães e, retirar a
empresa, J.P. Sá Couto do buraco. Por isso, agora estamos sujeitos
a uma pesada multa europeia por ter sido entregue o negócio, sem
concurso, a essa empresa. Coisa deste governo, que se diz
caluniado… Porque será?



                                                                      18
Para terminar, e porque quero abrir este espaço a todos vós, deixo
aqui o meu endereço de e-mail para quem queira colocar questões,
ou   sugestões   às   minhas   crónicas.   O   meu   endereço   é:
desabafosrui@sapo.pt ou podem escrever para DesabafosRui –
Rádio Portalegre, Avenida de Santo António, Edifício Régio I r/c –
154, 7300-074 Portalegre.

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…




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6 – Crónica / Mulher (04-03-2010)

Desculpem-me os homens mas não posso deixar de dedicar esta
crónica às mulheres. Aproxima-se o dia 8, o Dia Mundial da Mulher
e pouca coisa mudou nesta sociedade ainda machista que continua
a descriminar as mulheres. Esta descriminação existe muito por
culpa das religiões que as condenaram e discriminaram logo à
partida, dos políticos que falam do assunto mas não adoptam
medidas sérias e dos homens que se dizem apaixonados e depois
esquecem-se de respeitar quem nos dá o ser. Também existe por
falta de progresso civilizacional, onde muitos homens optam por
uma mentalidade medieval.

De 2009, em relação à violência doméstica ficaram os números
chocantes de 25 mulheres assassinadas e uma média de 81 queixas
por dia. Face à falta de leis e de forças de segurança, muitas
mulheres vivem num inferno solitário e muitas vezes escondidas
para evitarem, fazer parte do número de crimes que mais mata em
Portugal e que tem a mão leve da justiça por falta de um código
penal eficaz.

Digo aqui às mulheres que devem acreditar num futuro diferente a
não baixarem os braços, pois algumas conquistas já foram feitas.
Devem incentivar, apoiar quem tenta fazer deste Portugal um país
melhor nem que para isso seja necessário remar, contra as
tendências neoliberais criadas por uma globalização que tem como
mote o grande interesse económico / capitalista. Este sistema que
descrimina muito as mulheres arrasta os nossos políticos medíocres
numa atitude cínica a colocarem de lado os valores humanos que
                                                                20
têm sido cultivados em prol de um mundo melhor. Por isso fecham
os olhos ao mercado sujo da actual escravatura feminina como por
exemplo a que tem origem na Tailândia, Brasil, Birmânia e países do
leste europeu para servirem de escravas domésticas e sexuais. Não
posso também, esquecer as vítimas do fundamentalismo islâmico
que   condena    as   mulheres   à   morte   por   degolamento   e
apedrejamento… assim como uma prática comum a muitos países
até ocidentais que é a aviltante mutilação dos órgãos sexuais
femininos.

No nosso país faltam leis sérias que protejam as mulheres. Todos os
anos, assistimos impávidos ao número de mortes de mulheres
vítimas de violência doméstica. A partir de 2000 passou a ser um
crime público, mas por falta de coragem dos governos seguintes,
incluindo o actual, este crime não é suficientemente reprimido e a
vítima sai sempre bastante prejudicada. É preciso uma Lei clara,
com objectivos bem definidos e que de facto proporcione avanços
no combate à violência doméstica. O “Estatuto de vítima” que este
governo quer aprovar pode ser um retrocesso nesta luta que
esbarra com muita hipocrisia.

      Neste dia da mulher não é a oferta de uma flor ou enviar uma
mensagem que me deixa satisfeito, mas sim continuar respeitar a
minha mãe, a minha irmã, as minhas avós, as minhas amigas e
todas as mulheres do mundo, durante o ano inteiro, declarando-me
contra os que sustentam esta sociedade machista!

Daqui envio um beijinho especial para todas as mulheres, não
esquecendo as que trabalham nesta rádio, e todas as que telefonam
                                                                 21
aqui para a Rádio, todos os dias, a enviar de forma tão carinhosa,
beijinhos para todos.

Mais uma vez, deixo aqui o meu endereço de e-mail para quem
queira colocar questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu
endereço é:    desabafosrui@sapo.pt       ou podem escrever para
DesabafosRui – Rádio Portalegre, Avenida de Santo António, Edifício
Régio I r/c – 154, 7300-074 Portalegre.

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…




                                                                 22
7 – Crónica / Cultura (11-03-2010)

Caros ouvintes, hoje venho falar-vos de Cultura. Da mesma forma
como vos falei das dificuldades que as associações desportivas
atravessam, também as associações e actores culturais sofrem do
mesmo problema. Não existe um projecto sustentável e os apoios
são cada vez mais escassos. Falta no país uma política cultural que
facilite o acesso das populações à fruição de bens culturais e a
meios de produção artística e cultural; Falta também a salvaguarda
do património cultural e a defesa dos direitos laborais dos
profissionais do sector cultural e a sua sustentabilidade. Por
exemplo, não chega criar uma rede nacional de leitura, é necessário
dar continuidade a esse trabalho e continuar a investir para não se
perder, também não chega fazer obras em museus, é preciso dar-
lhes vida.

Em Portalegre temos associações importantes e antigas, como é
exemplo a Euterpe, a banda mais antiga do país no activo, que
sobrevive sem o apoio que devia ter. Também, os artistas e
artesãos portalegrenses sentem-se abandonados pelo poder local e
nacional. O Município, a Entidade de Turismo e o Governo estão de
costas voltados para os nossos artistas e artesãos. O orçamento de
estado é sempre miserável para a importante área da Cultura que
até é rentável e necessária para dar apoio ao turismo e edificar um
país. A nossa identidade não se resume à gastronomia e corre-se o
risco de perdermos o pouco que temos. Os nossos artistas não são
apoiados, divulgados e pior, muitas vezes ainda são desprezados.
                                                                   23
Temos pessoas da terra que não esperam que os outros façam por
nós e tentam eles promover e dar expressão ao que temos em
Portalegre. Mesmo assim, esbarram com a falta de apoio e a falta
de uma política cultural que passa apenas por espectáculos pára-
quedistas. Tem sido esta a política dos últimos vereadores da
cultura que não passaram de meros agentes de espectáculos, muito
criticados pelos artistas locais.

Para piorar, verifica-se que a informação dos eventos tem vindo a
ser cada vez mais insuficiente. Por exemplo, hoje, quinta-feira
temos dois eventos importantes sobre Régio, um ás 18H00 no
Castelo, alusivo à chegada de Régio a Portalegre e às 21H30 no
CAEP, com Francisco Ceia a cantar Régio. A divulgação destes
eventos foi muito pobre, pior do que o habitual. Aproveito para
fazer publicidade a uma iniciativa de apoio à luta contra o cancro
inserido no Projecto “Um dia pela Vida”, a realizar no Centro de
Congressos da Câmara Municipal, quando era para ser no CAEP.
Esta iniciativa tem lugar no dia 26 de Março pelas 21H30 e conta
com artistas portalegrenses que vão colaborar de forma generosa e
gratuitamente. Saliento que é preciso ter uma política cultural séria,
bem divulgada e apoiada.

Temos Grupos, Associações, artistas e artesãos com muito valor e é
escandaloso como deixamos perder este património. Por isso, as
festas da cidade eram muito importantes. E pergunto, porque não
recuperar a festa dos aventais com o seu famoso concurso de
aventais, agora também alargado às artes plásticas? Convidar os
nossos artistas e artesãos, fazer daquele evento, uma grande festa
                                                                    24
que chame pessoas a nível nacional, como fazia a festa das flores
em Campo Maior e como faz a festa da castanha em Marvão.
Portalegre merece sair desta condição de cidade morta. Temos
gente com ideias e vontade de trabalhar, falta o apoio e condições.

Como jovem não posso deixar de evidenciar a importância do CAEP.
Deixo agora de lado a escolha do local o atraso com custos
acrescidos e os problemas que já surgiram entretanto. O importante
é termos esse espaço e faço um apelo, usem esse espaço também
para os artistas locais e por favor melhorem a qualidade da exibição
dos filmes que aparecem tardiamente.

Para terminar, recordo o meu endereço de e-mail para quem queira
colocar questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu endereço
é: desabafosrui@sapo.pt ou podem escrever para DesabafosRui –
Rádio Portalegre.

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…




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8 – Crónica / Terceira Idade (18-03-2010)

Caros ouvintes, falando da terceira idade é hábito falar-se em idosos
e é assim que os vou referir nesta crónica, embora na verdade eu
esteja a falar dos nossos queridos velhinhos e velhinhas. Sendo eu
um jovem perguntarão o que me move a falar deste assunto? Por
respeito a todos, amor aos meus avós e lembrem-se todos nós um
dia seremos velhinhos e vamos precisar de amor e de um lar de
acolhimento e onde pergunto eu?

É um dever de qualquer sociedade, tratar bem e respeitar aqueles
que nesta fase da vida precisam de apoio e protecção. Mas, a
realidade é bem diferente, o estado falha e outros, da necessidade
fazem um negócio, é o caso das Misericórdias que cobram 14 meses
aos utentes em vez de 12. «Vemos, ouvimos e lemos, não podemos
ignorar», escreveu um dia Sophia de Mello Breyner Andresen, por
isso não podemos ficar indiferentes quando sabemos de notícias de
alguns casos em que não tratam os idosos da melhor forma,
chegando a existirem denúncias de casos de maus-tratos um pouco
por todo o país.

Com a bandeira do combate à pobreza, o governo Sócrates criou o
“complemento solidário para idosos”, este sim devia ser de 14
meses. Esta medida abrangeria apenas 300 mil idosos, ou seja,
menos de um em cada três reformados com pensão inferior a 300
euros por mês. Este complemento foi mais um acto de propaganda
e a prova de falta de eficácia no combate à pobreza onde temos em
2009 pelos números da DECO, 40 mil idosos a passar fome. Com
este PEC que nos impõem para resolver a crise por eles criada, são
                                                                   26
a classe média em vias de extinção, os jovens e os velhinhos quem
mais vão sofrer. Ao contrário adia-se a tributação das mais-valias e
corta-se nas pensões mínimas e sociais.

O factor de sustentabilidade baseado na teoria da quarta idade é
mais um erro destes governos insensíveis. A evolução da nossa
sociedade tem que visar a qualidade de vida e não o acelerado
enriquecimento de algumas elites. A liberalização das horas de
trabalho e o aumento do tempo de trabalho para a reforma vão
deitar por terra a ambição de uma sociedade sustentada. As
famílias, as instituições e as pessoas vão sofrer com isto. Pior, com
os salários miseráveis e pensões miseráveis deste país, excepto para
os cargos daqueles que defendem este modelo, a nossa sociedade
pode atingir num futuro próximo o colapso. E são principalmente os
jovens e os idosos que mais sofrem com estas medidas desumanas
praticadas por um governo que até se diz socialista. É urgente criar
a carta dos direitos dos cidadãos no acesso aos equipamentos
sociais públicos ou que beneficiem de financiamento público.

Os cuidados continuados e paliativos, tardam em se tornarem
efectivos serviços públicos a prestarem um bom serviço. Também
ao nível dos medicamentos este governo teima em ceder ao lobby
farmacêutico e em contrapartida cresce o número de idosos que
têm dificuldade em comprar os medicamentos e nem quero falar do
escasso apoio que têm os doentes crónicos. Recentemente este
governo aumentou os encargos dos doentes aliviando o estado.
Ora, a crise nunca pode ser combatida por esta via tão desumana.
Já em 2007 Sócrates diminuiu as comparticipações e não havia o
                                                                   27
cenário de crise e eu pergunto: É este um governo socialista? Claro
que não, está à vista que só defende os interesses económicos e as
grandes negociatas onde os seus amigos estão envolvidos. Porreiro
Pá! Tão amigos que nós somos, os nossos velhinhos estão ao
“rubro” com o tratado de Lisboa, realmente ainda não perceberam o
que é que melhorou a não ser que os deputados europeus ficaram a
ganhar o dobro, mas as pensões não deixam de ser miseráveis e o
acesso aos medicamentos um escândalo.

Fazer algo pelos nossos idosos não é assim tão difícil e vou dar-vos
um exemplo. Devolvam os velhinhos, mas confortáveis bancos de
madeira ao vandalizado Jardim da Corredoura, devolvam as flores,
uns cisnes e os velhinhos agradecem e até voltam a frequentar
aquele espaço outrora emblemático onde até os candeeiros eram
castiços. Já agora, alguém sabe dizer onde estão esses candeeiros?

Por favor, respeitem e cuidem dos nossos velhinhos e velhinhas, um
dia seremos nós a precisar.

Para terminar, recordo o meu endereço de e-mail para quem queira
colocar questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu endereço
é: desabafosrui@sapo.pt

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…




                                                                  28
9 – Crónica / Segurança nas Escolas (25-03-2010)

Caros ouvintes, nos últimos dias muito se tem falado de Bowling nas
escolas. Estima-se que nas escolas, um em cada quatro alunos são
vítimas de agressão, muitas vezes abandonadas e até silenciadas.
Os pregões de uma escola inclusiva, ou seja uma escola para todos
e uma escola segura, não passam de mais propaganda do Ministério
da Educação. Na minha primeira crónica, denunciei o caso de
violência de um aluno para com uma funcionária e uma professora.
Neste fenómeno, conhecido por Bulling, ao contrário do Bowling são
os docentes e funcionários as vítimas, não só de alunos, mas
também dos pais. São, ainda, vítimas de assédio moral por parte
daqueles que desempenham cargos de destaque. Estes, de forma
pouco clara, tudo fazem para impor o seu estatuto e as medidas da
escola a qualquer preço.

A razão que me faz voltar a este tema, é o facto de o problema se
agudizar dia após dia. Basta ouvir os noticiários, para percebermos
a gravidade da situação. Um aluno dispara sobre outro, e a
responsável da escola diz           na televisão para não     ficarmos
preocupados, porque o aluno não ia ser expulso, e agora pergunto
eu: - porque razão foi o caso silenciado? Um aluno morre, um
professor   suicida-se     e   eu     pergunto:    -   Quem   assume
responsabilidades? Paulo Portas, nas suas recentes propostas
populistas, parece falar muito bem, eu, ao contrário, fico indignado
porque ele não apresenta soluções, apenas apresenta sanções, e
não tem a mais pequena ideia do resultado desastroso que iriam ter
essas medidas. Mas, o Governo Sócrates não está melhor, o

                                                                    29
estatuto da carreira docente, é a vergonha do sistema educativo, o
modelo de gestão das escolas é um ataque desenfreado à sua
democratização e o estatuto do aluno perturba o funcionamento das
escolas. Estes, deviam ser pensados numa lógica conjunta e não
separadas, como faz a Ministra da Educação. Nem oito, nem oitenta,
devolvam a autoridade aos professores e o respeito pelos alunos e
tudo será bem melhor. Ponham de lado os interesses pessoais e
económicos, e as teorias baratas que já provaram não nos levar a
lado nenhum. Como já vos disse, não ganhamos nada em trabalhar
para as estatísticas, nem em certificar a ignorância. É preciso uma
escola séria, democrática, construtiva e evoluída!

Mas o principal problema está no clima repressivo que se vive nas
escolas. Em função de uma melhor classificação das escolas, os
professores são pressionados e até intimidados como aconteceu em
recentes manifestações. Do trabalhar para as estatísticas, à
fabricação de resultados, e à pressão de alguns pais e funcionários,
tudo indica que é necessário alterar a administração e gestão da
escola pública. Assim, qualquer dia, a escola pública é como a
escola privada, em que o dinheiro compra as notas. Esta situação
torna-se mais difícil de resolver, porque diminui a democracia nas
escolas. A concentração de poder na figura do director, dá origem
ao aumento do “amiguismo” e convergência de BOYS, desta vez do
partido, dito socialista. Por exemplo, até o concelho geral da escola
é pouco democrático e os cargos distribuídos vão, na maior parte,
para os BOYS. Os partidos que têm governado, transformaram-se
em agências de empregos e fabricantes de tachos, e, assim,

                                                                   30
dificilmente saímos deste estado de sítio; o ensino está ao nível das
lojas dos chineses e o resultado reflecte-se nos alunos a todos os
níveis, a violência é um deles.

Outro dos problemas, tem a ver com o decréscimo de funcionários
nas escolas, onde, imagine-se Paulo Portas, o dos submarinos, é um
dos culpados, quer em coligação com o PSD ou em parceria com o
PS. Alguns dos funcionários e professores, por medo ou por
reconhecimento de favores, alinham neste esquema da intriga
escolar e o clima de instabilidade, acaba por dar aos alunos
indisciplinados um espaço difícil de controlar. Até os agentes da
escola segura, chegam a ter receio de ter de intervir no espaço
escolar. É urgente, uma política de educação séria e políticas sociais
efectivas. É preciso investir e a segurança também passa pela
credibilidade das instalações escolares. Por exemplo, na Escola José
Régio, alunos, docentes e não docentes correm riscos no seu
ginásio, contudo recentemente o PS com a ajuda do PSD e CDS
inviabilizaram uma pequena verba para reparar o problema. É assim
que querem a credibilidade nas escolas? Tenham vergonha!
Dignifiquem as escolas! Os alunos e professores até passam frio e
depois querem que tudo corra bem? Foi preciso a ministra mandar
ligar os aquecimentos, e já agora porque não pede para nos
portarmos todos bem? Enfim…

Para se ser respeitado, é preciso dar-se ao respeito e Bowling ou
Bulling aparte, já me ensinaram as minhas avós – Casa onde não há
pão, todos ralham e ninguém tem razão! Os pais, aqui, também têm
um papel importante, quer nas escolhas dos políticos, quer na
                                                                    31
intervenção correcta nas escolas e mais importante ainda, nos
valores que transmitem aos filhos. Passou o dia do pai e eu lembrei-
me, que todos os dias evoco os princípios com os quais o meu pai
me educou. Esses sim fazem de mim um homem!

Terminando,    recordo    o    meu     endereço    de    e-mail    -
desabafosrui@sapo.pt

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…




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10 – Crónica / Ambiente (01-04-2010)

Caros ouvintes, quando falamos de ambiente, é inevitável falar de
aquecimento global e este, é o assunto que mais aflige os cientistas.
O caso é sério, há países no pacífico sul que podem desaparecer. As
alterações climáticas são uma ameaça ao equilíbrio do ecossistema.
Todos nós somos responsáveis, mas não posso deixar de acusar os
países mais industrializados de não quererem reduzir as emissões,
aplicando medidas para o efeito. A ganância das companhias
petrolíferas, das grandes indústrias, o consumismo e a forma de
vida das sociedades, impediram que a Cimeira de Copenhaga
tivesse sucesso. Antes pelo contrário, foi mais um fracasso e a
prova evidente que os países mais ricos queriam esta Cimeira
manipulada. Do Tratado de Quioto, ao Tratado de Lisboa, passando
por estas cimeiras estamos conversados, não passam de desfiles de
vaidades a espalhar hipocrisia. Temos um mundo capitalista,
toxicodependente, viciado em combustíveis sólidos. Em Portalegre
por exemplo faltam ciclovias!

Em Portugal, apesar de alguns avanços importantes continua-se a
privilegiar o negócio em detrimento do ambiente. O recente projecto
“Renováveis”, teria todo o sentido se fosse extensivo a todos e não
só a grupos económicos ou empresas.

O passo positivo foi dado na reciclagem que além de contribuir para
menos poluição, cria postos de trabalho. No entanto, ainda está
longe do ideal e os cidadãos questionam-se quanto às taxas de
resíduos sólidos quando eles ao reciclarem, contribuem para os
lucros das empresas ligadas ao sector como é exemplo a Valnor. Os
                                                                   33
pontos de recolha são outro ponto a melhorar em especial nas
pilhas e baterias. E para quando a recolha de tampinhas?

Outro passo positivo foi o fim das lixeiras a céu aberto e a criação
de Etar’s. Foi feito um investimento de milhões de euros, mas,
infelizmente estamos a recuar. Recentemente por ocasião de uma
importante acção de limpeza que envolveu milhares de voluntários,
o Sr. Governador Civil Jaime Estorninho, lamentou o facto de
estarem a surgir lixeiras clandestinas. Mas eu lembro também, que
a ETAR de Tolosa já está a funcionar mal há muito e ainda
recentemente os Deputados do PS, PSD e CDS, inviabilizaram uma
verba para reparar este problema de saúde pública, porquê?

O Sr. Governador apelou aos jovens para inverter esta situação e eu
dou-lhe o meu aplauso não só pela sua participação mas também
por compreender que os actuais responsáveis são incapazes de
mudar a sua mentalidade, tal como os governantes dos países mais
ricos que muito falam e pouco fazem. Assim como Obama recebeu o
prémio Nobel da Paz, só me falta ver o maior poluidor do mundo ser
apelidado de ambientalista. Em matéria de ambiente garanto-vos,
há muita hipocrisia! Desde abate de sobreiros para construções de
luxo a um presidente de câmara, Fernando Ruas, que incita ao
apedrejamento aos ambientalistas vê-se de tudo. Isto, sem
esquecer os famosos PIN, Projectos de Interesse Nacional apoiados
pelo governo Sócrates, em que vale tudo sem estudos de impacto
ambiental. Hoje é o dia das mentiras e não deixa de ter a sua piada
porque quando oiço os nossos governantes a falarem de ambiente
lembro-me sempre deste dia…
                                                                  34
Apesar da fraca participação, os meus parabéns para a iniciativa de
plantação de árvores na tapada da Escola José Régio, por ocasião
do dia da árvore. Espero que para o ano haja mais participantes.

Tal como no ambiente, cuja poluição contribui para doenças
cancerígenas,     temos    de   mudar    os   nossos   comportamentos
alimentares e sedentários para invertermos as estatísticas desta
doença que espreita qualquer um. Não posso deixar de aplaudir o
concerto promovido pela organização, Um dia pela Vida. Foi um
espectáculo único, como nunca tinha ocorrido em Portalegre.
Parabéns aos Promotores, ao Prof. João Banheiro, António
Eustáquio e o seu Guitolão, Quarteto do Sol e Grupo de Cantares “O
Semeador” que generosamente participaram nesta luta contra o
cancro.

Para      terminar,   recordo    o      meu   endereço    de   e-mail:
desabafosrui@sapo.pt

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…

E até à próxima crónica!




                                                                    35
11 – Crónica / Economia (08-04-2010)

Caros ouvintes, esta Páscoa foi bem mais pobre para a maioria dos
portugueses. Depois de em 2008 assistirmos a uma miopia
económica e social por parte do governo Sócrates, que via tudo cor-
de-rosa, miopia essa reforçada pelos comentadores do sistema,
agora assistimos a um distúrbio psicótico pelo mesmo governo que
tem a mania da perseguição. Os partidos da direita em nome do
“sentido de estado” que no meu entender deixa muito a desejar,
deram as mãos ao PS e viabilizaram um orçamento de estado com o
qual não concordavam e, o próprio PS sabe ser inviável. Este é o
sentido de estado destes políticos que apenas se preocupam com as
agências de rating, agências estas, que, também, fazem parte do
problema e assumem-se como entidades sérias quando não o são.
O próprio Teixeira dos Santos, em Janeiro, acusava estas agências
de interesses de estratégia comercial e depois alegou a necessidade
de aprovar medidas para calar estas agências. Daí podemos deduzir
que as medidas do governo, além de comerciais são incoerentes. Já
no PEC, o CDS recuou a tempo, apesar de saber que esse PEC é a
repetição do que já fizera no governo, mas o populismo fala mais
alto, apesar de os submarinos andarem lá bem no fundo… O PSD
continua enleado às políticas de Sócrates que afinal sempre foram
as do PSD. O que custa perceber, é, como os militantes do PS
aprovaram um programa eleitoral e aceitam outro no governo.

Com a desculpa da crise os portugueses têm sido castigados,
enquanto os responsáveis engordam os lucros. As medidas
continuam a penalizar os inocentes e a criar cada vez mais vítimas,

                                                                 36
o desemprego e a pobreza são exemplos. Pior, não existem
garantias das condições de vida das pessoas e a única garantia é “a
do crescimento das desigualdades”. Sócrates, e com alguma razão,
aponta o problema para a crise mundial, mas o que faz em relação
a isso? Nada! Alinha e colabora sem exigir nada, antes pelo
contrário gastamos o dinheiro que não temos numa guerra de apoio
a um governo que sustenta o Narcotráfico no Afeganistão e viola os
direitos humanos. E quem são os partidos que apoiam tudo isto?
Claro, do PS à direita, todos de mãos dadas. Porque será que a
OCDE elogia o PEC português? Porque será que convidam Victor
Constâncio para fazer o que não soube fazer em Portugal? Uma
deputada luxemburguesa disse que é como dar dinamite a um
pirómano. Para ser realista eu garanto-vos,          a recuperação
económica internacional é um embuste e só ganha quem se
aproveita da crise para explorar ainda mais. Os Offshore aí estão
intocáveis e os contribuintes mais sobrecarregados, onde é que está
a justiça? Sócrates e Barroso no nacional porreirismo!

O pior disto tudo é termos o país em saldo e prestes a ser entregue
por atacado a privados. O caso é sério e os proveitos justificam
manter e não vender. Esta forma de gestão ruinosa do país não tem
o apoio dos portugueses, o programa do PS não falava disto em
Setembro do ano passado e a crise já era reconhecida. Existe
portanto aqui um abuso e mais uma vez, um discurso nas eleições e
outro no governo.

Em Portalegre, os reflexos são maiores, sentimos com mais impacto
esta governação que nos vira as costas, e é no desemprego que o
                                                                 37
caso se agrava e assume um cenário de desastre. Podemos explicar
a crise pegando no nosso caso, as pessoas ao perderem poder de
compra, o comércio e serviços ficam penalizados e começam por
despedir e depois fechar e o que acontece? Mais crise, mais
desemprego, resultado, muitos adiam o projecto de família, outros
procuram soluções fora de Portalegre e continuamos a enfraquecer
e a desaparecer. E quem tem a culpa disto? O desemprego cria
mais encargos para o estado e mais problemas sociais e tudo isto
podia ser evitado se Sócrates tivesse políticas sérias para as pessoas
e não para os grandes interesses económicos.

A Banca continua a beneficiar de grandes privilégios fiscais com
fugas de capitais para offshore, uma taxa de IRC privilegiada e a
abusar dos seus funcionários e dos seus clientes e o que lhes
acontece? Eu digo-vos – Têm milhões de lucros! E Sócrates mexe
com estes grupos de terrorismo económico? Claro que não, é mais
fácil carregar em cima do Zé-povinho que é pacífico e encolhe os
ombros recordando que foi sempre assim, habituados a pedir por
favor aquilo que é seu. Tudo isto, um dia pode mudar, mas isso
requer uma revolução de mentalidades. É altura de se perceber que
Sócrates não é de confiança, que engana os portugueses! Até
quando?

Para   terminar,    recordo    o    meu     endereço     de   e-mail:
desabafosrui@sapo.pt

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…

E até à próxima crónica!

                                                                    38
12 – Crónica / Grandes Superfícies (15-04-2010)

Caros ouvintes, a instalação de uma grande superfície, origina
transformações sociais significativas. Portalegre, à imagem de
outras cidades, foi também invadida por este novo estilo de vida e
de mercado. O Comércio tradicional e a vida dos portalegrenses
sofreram as inevitáveis alterações.

Podemos considerar positivas, na óptica do consumidor, quando
podem significar acesso, ainda que temporário, a preços mais
baixos, horários alargados ou maior variedade de passatempos num
espaço físico concentrado.

Mas, também temos transformações negativas na óptica dos
pequenos comerciantes, porque, acelera o enfraquecimento das
pequenas lojas, do mercado dito tradicional e com isso aumenta o
número de falências e empobrecimento de um sector que abrange
muitas pessoas já em dificuldades. A par deste problema, regista-se
a desertificação dos centros históricos, o facto do lucro destes
espaços não ser investido na região e a ameaça sempre presente da
deslocalização.

Aparentemente induzirá aumento de emprego, o que é quase
sempre contrariado pelo desemprego que advém das falências dos
pequenos comerciantes. Quase sempre o emprego criado é muito
instável   e   mal   remunerado.      Sujeitos    ao   desemprego,   os
trabalhadores aceitam, “antes estes que nenhum”. Mas, já todos se
vão apercebendo das condições precárias destes postos de trabalho
onde as já pobres leis do trabalho não têm efeito.

                                                                     39
Em qualquer um destes aspectos citados, o poder local pode ter um
papel de pressão sobre o investidor. Em primeiro lugar porque é a
Câmara que tem sempre a palavra final sobre a licença de
utilização, em segundo lugar, porque os representantes dos
cidadãos têm uma palavra a dizer em sua defesa. Por exemplo, se
uma superfície comercial no contrato se comprometeu com noventa
trabalhadores, não pode estar a funcionar com metade. E é o que
acontece com toda a impunidade.

Mas há outros aspectos interessantes, as grandes superfícies estão
a verticalizar a cadeia de distribuição de produtos. Cada vez é mais
difícil aos pequenos produtores terem acesso à distribuição dos seus
produtos.   As   compras   das   grandes   superfícies,   em   geral,
condicionam os preços ao produtor em baixa e pagam a este só
depois de receberem a revenda dos produtos. O que, por vezes,
induz condições de empobrecimento em sectores já em dificuldades,
como é o caso da agricultura. Os nossos governantes nada fazem
para reparar este problema.

As grandes superfícies promovem o consumo padronizado. A roupa
é toda daquelas mesmas marcas que existem numa outra qualquer
superfície do país, o que faz por vezes diminuir a diversidade aos
consumidores; por exemplo os alfaiates e costureiras entraram em
crise e começamos a comprar roupa feita por mão-de-obra barata,
explorada, e até produzida em condições de escravatura. A comida
das grandes superfícies é tendencialmente de “plástico”, o que
tende a aumentar problemas como a obesidade e a má nutrição e


                                                                   40
um peso acrescido para o sistema nacional de saúde. Mais de
metade da população é obesa.

Acontece também, que as pessoas estão a trocar os passeios e
momentos de lazer, por passeios nos Centros Comerciais. Não se
apercebem de que trocam o descanso e o convívio, pela estadia
num local que apesar de parecer atraente é ruidoso e de ar
saturado. Com isto, estão a contribuir para fazer crescer os números
de uma calamidade que conhecemos por Stress. Dados muito
recentes, demonstram que em alguns locais, chega-se a ter 100
decibéis de ruído. Outros dados indicam que o número de roubos
tem aumentado e, sabe-se, que este número é mais significativo
nos clientes e não nos funcionários. No entanto, são estes que
vivem constantemente sob vigilância e até são condicionados
quando passam de funcionários a clientes.

Agora, pensem naqueles que trabalham nesses locais, a maior parte
de forma muito precária e sem direitos. E agora a abertura aos
Domingos à tarde? Dá mais postos de trabalho? Os funcionários
recebem mais? Claro que não, e nós sem querer estamos a apoiar
este tipo de exploração porque preferimos, antes, ir para o Centro
Comercial do que ir passear ou conviver para os locais próprios e
mais saudáveis.

Para   terminar,   recordo     o   meu      endereço   de    e-mail:
desabafosrui@sapo.pt.

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…

E até ao próximo desabafo!
                                                                  41
13 – Crónica / 25 de Abril (22-04-2010)

Caros ouvintes, a minha geração é posterior à Revolução do 25 de
Abril, mas não tenho dúvidas do que foi e porque razão, Portugal
teve de acabar com uma ditadura que nos deixava cada vez mais
atrasados e isolados do resto do mundo. Muitos, e em especial os
mais velhos porque viveram outros tempos com características
diferentes, associam a violência, a falta de educação e a
toxicodependência ao 25 de Abril. É errado, pois estes problemas
sociais também apareceram em outros países onde não aconteceu o
25 de Abril. Tudo resulta, da evolução das sociedades que
acarretam sempre os seus custos negativos. Muitos, ainda, vêem
Salazar como um homem que impunha o respeito, porém, caros
ouvintes, o respeito não se impõe, conquista-se. Não é por acaso
que Fernando Pessoa classificou o ditador Salazar como fazendo
parte do «rol de políticos cínicos e medíocres».

O 25 de Abril permitiu aos portugueses fazerem as suas escolhas,
evoluir, crescer e acima de tudo garantir a justiça, educação e
saúde. Hoje percebe-se que existe um retrocesso e o estado social
está em risco. Os governos pós 25 de Abril, aos poucos foram
cedendo aos grandes grupos económicos e hoje temos um país
endividado e praticamente entregue a esses grupos económicos.
Então o que falhou? Em todos os países, os períodos pós
revolucionários são sempre conturbados e levam algum tempo a
estabilizarem. No entanto, quando começaram a existir condições
para tal, começou o descalabro provocado pelos oportunistas, todos
eles apoiados nos partidos que governaram.

                                                                42
Quando    Cavaco    Silva   governou,    perdemos     uma    grande
oportunidade de evoluirmos. Relatórios da OCDE indicam que um
dos problemas da frágil situação de Portugal deve-se à falta de
aproveitamento dos fundos europeus e o primeiro descalabro
aconteceu porque Cavaco Silva não soube gerir, nem impor regras.
Muitas pessoas ainda se devem lembrar dos famosos jipes no lugar
de tractores, rebanhos fantasma e outras vigarices. Pois é, hoje
pagamos isso e os governos seguintes alinharam pelo mesmo
diapasão. Além disso, também, temos o caso de muitos fundos que
não foram sequer aplicados por falta de eficiência, e isto deve-se ao
facto de que os cargos são entregues a “boys” e não a pessoas
competentes, é um bom exemplo recente o ex - administrador da
PT indicado pelo governo – Rui Pedro Soares que em 2009 ainda
arrecadou de prémio, milhão e meio de euros. Esses relatórios,
também, indicam outro problema de Portugal, a corrupção, e hoje
vemos antigos governantes do PSD, CDS e PS embrulhados numa
teia de trapalhadas que só vão sendo abafadas porque estamos a
regressar ao tempo da outra senhora. Veja-se este pequeno
exemplo, O projecto Magalhães – “E-Escolinhas”, custou 80 milhões
de euros e existiram procedimentos que não foram correctos, até
apontados pela União Europeia e o que acontece? O PS e PSD não
colaboram no apuramento da verdade.

Eu e os meus amigos olhamos para este país com preocupação,
depois de saqueado pelos oportunistas o que vamos ter? Custos
mais caros com a Educação, saúde refém da indústria farmacêutica
e clínicas privadas, emprego precário e mal pago e com o

                                                                   43
desemprego sempre na mira. Não foi para isto que homens e
mulheres tanto lutaram pelo fim da ditadura.

É notório o falhanço destes governos, as apostas foram erradas e a
melhor homenagem que podemos fazer ao 25 de Abril é lutarmos
por uma mudança e acabar com o escândalo de Portugal estar no
topo das desigualdades.

No dia 25 de Abril, lembrem-se que esta data também representa a
mudança e é prova de que o futuro está sempre na nossa mão.

Para terminar, recordo o meu endereço desabafosrui@sapo.pt,

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…

E até à próxima crónica!




                                                                44
14 – Crónica / 1º de Maio (29-04-2010)

Caros ouvintes, aproxima-se o 1º de Maio, o dia do trabalhador e
muitos ignoram a origem deste dia. Para a história ficou o 1º de
Maio de 1886, uma manifestação operária com mais de um milhão
de trabalhadores, através de uma greve geral em Chicago que
terminou com mortes e detenções. Três anos depois nascia o Dia do
Trabalhador.

Durante a ditadura, o 1º de Maio não era comemorado em Portugal
como acontecia nos países evoluídos e livres. Foi preciso o 25 de
Abril para se poder voltar a festejar o dia do trabalhador sem se ser
preso. Foi no séc. XIX e princípio do séc. XX que a luta dos
trabalhadores conseguiu as primeiras grandes conquistas como a
subida de salários, a diminuição dos horários de trabalho e a
melhoria das condições de trabalho. Hoje assiste-se a uma inversão
e a um regresso ao séc. XIX. A falta de sensibilidade e de vergonha
destes governos mostram bem que estão curvados perante o
capitalismo insaciável e desumano.

Agora, reduz-se salários em nome da crise quando se sabe que essa
medida só a aumenta, por falta de poder de compra. Este processo
extravasou com a lei 99/2003 de Bagão Félix. Este governante, quis
convencer que a sua nova lei iria atrair muitas empresas e dinamizar
o crescimento económico. Tal teoria foi logo desmentida pelos
efeitos antagónicos, evidenciados desde 2004 até 2008, sem o
cenário da crise mundial. O que de facto sucedeu foi a conversão ao
emprego do terceiro mundo e uma derrocada no sistema social
português, contribuindo para o aumento das desigualdades sociais.
                                                                   45
Na realidade foram criadas condições para fomentar a baixa
produtividade, resultante da insatisfação provocada pelo trabalho
sem direitos, sem limites e sem protecção. Vieira da Silva, que
criticou Bagão Félix agravou com a lei 7/2009, fazendo o que o seu
antecessor de direita não teve coragem de fazer.

O vazio da lei e a falta de capacidade das autoridades, ACT, para
fiscalizar e fazer cumprir uma lei que oferece várias interpretações
ao desejo da entidade patronal, deixam os trabalhadores entregues
aos caprichos e desígnios de quem já não compra mão-de-obra,
mas faz desta um artigo seu impondo as regras e o preço.

A flexibilização dos horários de trabalho acabou, não só com as
horas extraordinárias como passou a permitir à entidade patronal,
dispor e abusar sempre que quiser, onde o banco de horas ainda
consegue ser o mal menor e a família é relegada para segundo
plano.

Igualmente, na representatividade dos trabalhadores a nossa frágil
democracia está pobre. A demagogia de Bagão Félix e Vieira da
Silva estão carregadas de hipocrisia numa tentativa de flexi-
segurança, à portuguesa. Estamos a assistir ao engordar da
corrupção laboral, do trabalho precário e da desumanização das
condições de trabalho. Temos uma sobre protecção ao sector
privado e em contrapartida o assassinato dos direitos colectivos. E
quando o despedimento for na hora, tipo "simplex", qual vai ser o
trabalhador que vai denunciar a entidade patronal? Sabendo de
antemão que a protecção judicial e social são limitadas ou
inexistentes?   Violando   as   indicações   da    OIT,   Organização
                                                                   46
Internacional do Trabalho, o governo Sócrates insiste no seu
exercício musculado de hipocrisia, enquanto as empresas vão
asfixiando os trabalhadores e recorrendo às empresas de trabalho
temporário. Estas são defendidas por Vitalino Canas que não
consegue ou não quer ver o que se passa nesta dupla exploração.
Por outro lado temos os “jobs for the boys” e salários de gestores e
administradores acima do nível europeu, contrastando com os
baixos salários.

Uma última palavra para os sindicatos. Muito se fala sobre o
sindicalismo, esquecendo que são os sindicatos quem tem a
obrigação de defender os trabalhadores. Devem ter esse ponto em
conta, isentos de interesses particulares e políticos. Sem bons
sindicatos   nunca    chegaremos     ao     nível   dos   países     mais
desenvolvidos onde os mesmos são fortes, como acontece na
Alemanha.      Mas,   os   trabalhadores,    também,      têm   a     sua
responsabilidade, há que escolher bem o sindicato e exigir dele,
competência.

Defender e festejar o dia do trabalhador é prestar homenagem
àqueles que ganham o pão de uma forma honesta. Apelo para que
todos quantos nos ouvem, sigam o exemplo de milhares de
trabalhadores que em todo o mundo, independentemente da sua
ideologia política, participam nas manifestações de comemoração
deste dia, eu próprio não deixarei de o fazer!

Para    terminar,     recordo   o    meu      endereço     de       e-mail
desabafosrui@sapo.pt


                                                                        47
E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…

E até à próxima crónica!




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15 – Crónica / Mães (06-05-2010)

Caros ouvintes, não posso deixar de referir que passou este
domingo mais um dia da mãe, o qual acontece todos os anos no
primeiro domingo de Maio. Ninguém fica indiferente à palavra
“mãe”, a mãe é a origem, o princípio de tudo, é aquela que dá o
ser, a que traz o filho ao mundo e sofre todas as suas dores, pela
vida fora. A relação umbilical, entre mãe e filho, é sempre
privilegiada e dura para a vida inteira. Parafraseando Fernando
Pessoa, «o melhor do mundo são as crianças», e por isso vos digo,
quem as trás ao mundo merecem a nossa admiração. A primeira
homenagem que quero prestar é à minha mãe. Admiro-a enquanto
mulher e, igualmente, enquanto mãe. Saúdo, ainda, todas as mães,
mas não posso deixar de dar uma palavra especial de carinho para
aquelas mães que por circunstâncias da vida, ficaram sem os filhos,
ou estão privadas dos seus filhos. Muitas, por problemas vários, até
de saúde, vêem-se na contingência de deixar os filhos nos
Internatos e, decerto, o seu amor por eles não está em causa.

Ao longo da história da humanidade, o papel das mães, também,
tem sofrido alterações. Com a emancipação da mulher e as
transformações sociais e económicas, esta tomou parte na vida
activa da sociedade, o que provocou alterações profundas nas vidas
das famílias. Para as mães que trabalham por turnos, a prestação
na vida familiar já não é a desejável. Com a flexibilização dos
horários de trabalho a situação agravou-se, dado que impede
muitas mães de ter uma vida familiar estabilizada. Eu já abordei
esse assunto e a propósito deste tema quero aqui afirmar que

                                                                  49
Bagão Félix e Vieira da Silva, através do Código do Trabalho,
contribuíram para a destruição da harmonia familiar. Com a
precariedade no mundo do trabalho, são as mães as mais
penalizadas. Começa logo na gravidez onde muitas até são
despedidas. Os baixos salários obrigam muitas mães de famílias
monoparentais a grandes sacrifícios para criar os seus filhos. Como
é que estes governantes, que incham de hipocrisia, querem falar de
família? Muitas empresas porque não são obrigadas a isso, pagam
salários mais baixos às mulheres e uma mãe com três filhos não
tem distinção na declaração de IRS, de uma mãe com um filho
apenas. E ainda falam da baixa natalidade…

Os Infantários, Jardins de Infância, Atl’s, que durante o dia
substituem as mães trabalhadoras, já tiveram melhores dias. Em
Portalegre escasseiam as soluções e as mães vivem sempre na
angústia de saber onde colocar as suas crianças e a oferta /
qualidade começam a preocupar. O Infantário de S. Lourenço,
pertencente à Segurança Social, já foi uma referência. Está, agora
num   processo   de   transformação   que    passa   pelo   interesse
económico e não pelo interesse das crianças. Esta cultura do
negócio, da privatização agora parcial, é o princípio do descalabro
de um estado de direito. Os responsáveis assobiam para o lado e os
pais vão encolhendo os ombros. Teimo em afirmar que o estado
relega para segundo plano o superior interesse das nossas crianças.

Também não posso esquecer as mães que são vítimas de violência
doméstica e que têm de se esconder, bem como, os filhos como se


                                                                   50
fossem criminosas, tudo porque os governos não têm tido coragem
de tomar medidas que as protejam verdadeiramente.

Vários foram os escritores e músicos que dedicaram as suas obras
às mães. Mas, as melhores homenagens que podemos fazer às
nossas mães, é respeitá-las enquanto mulheres.

Em criança, pela mão da minha mãe entrava no antigo parque
infantil da Corredoura e de fronte estava uma bela quadra alusiva à
mãe numa Pedra de Xisto que infelizmente desapareceu. Na falta
desta e porque este ano é dedicado a José Régio, termino com uma
linda quadra desse ilustre professor que escrevia, pintava e
coleccionava arte: A quadra versa assim:

                  P’ra que o dia fosse enorme

                             Bastava

                   Toda a ternura que olhava

                   Nos olhos de minha Mãe…




                                                                 51
16 – Crónica / Modelo Político (13-05-2010)

Caros ouvintes, fazendo uma análise sobre as políticas europeias e
perante os actuais resultados, importa, questionarmos o modelo
político actual. A Europa, dos valores sociais, da democracia e da
cultura, está encaixada no mundo globalizado em que os grandes
impérios, americano e chinês dominam. Estão em perigo os valores
sociais para poder competir com esses impérios, cujos mercados
agressivos assentam no capitalismo puro e duro como modelo e
desta forma a Europa é arrastada por uma crise que não é, só
financeira, mas também de valores. Paradoxalmente, mas pela via
do populismo, a extrema-direita, semeando o ódio social, tira
dividendos e consegue crescer neste cenário crítico. A Europa Social
Democrata, com os Partidos (ditos) Socialistas também convertidos,
começa a perder o controlo da situação, onde o tratado de Lisboa
não passa de um inútil exercício de ambiguidades. Nunca foi tão
oportuno, nem tão necessário, transmitir às populações que o
capitalismo gera desigualdades e injustiças; Que, para sobreviver
usa a ganância, a exploração e a sua ferocidade para atingir os fins.
Também, é importante que as populações percebam, que existem
outras alternativas, e que, essas alternativas, por razões óbvias são
combatidas com todos os meios de que as elites dispõem. Chamar a
atenção para as realidades políticas, é talvez o maior exercício que
se impõe e isso implica um discurso distinto e uma postura
pragmática. É necessário um modelo político que seja entendido
como credível e exequível. Os modelos não capitalistas não são
tidos em conta como governativos, dada a conjectura em que nos


                                                                   52
situamos. E o pior, é que a falta de preparação das populações para
estas realidades, leva a que tudo isto pareça um novelo entrelaçado.

Estamos perante uma ofensiva de terrorismo social. Este terrorismo
atinge cirurgicamente o emprego e quem detém o poder, sabe da
importância e o papel que o trabalho representa na sociedade.
Ninguém sobrevive sem uma fonte de rendimento ou no mínimo,
apoio social. Em ambos os casos os governos neoliberais atacam
sem piedade semeando o terror social. Desta forma, tem crescido o
sucesso das empresas de trabalho temporário, permitindo aos
patrões “escravizar” os trabalhadores e inibir muitos dos que
querem simplesmente lutar pelos seus direitos.

Não foi surpresa nenhuma, assistir ao fracasso das medidas de
combate à crise. Aqueles que a provocaram estão agora a preparar
a segunda ofensiva. Os governos e a União Europeia, subjugados à
Banca Internacional cuidaram dos banqueiros sacrificando o
dinheiro dos contribuintes, e agora é o segundo assalto comandado
pelas agências de rating. Estas, considerando as dez mais
importantes, lucraram no ano da crise, em 2009, 18 mil milhões de
euros. O momento actual é decisivo e temos de confrontar os
defensores do capitalismo e responsabilizá-los pelos falhanços
económicos e sociais. Neste “assalto”, disfarçado de crise onde a
Grécia com os empréstimos que vai obter, uma parte, 17 mil
milhões de euros vão direitinhos para a Banca. Então, qual foi o
resultado das medidas contra a crise? Tratou-se de mais uma
mentira de Obama, Angela Merkel, Barroso, Sócrates e companhia
quando garantiam o fim dos paraísos fiscais. Agora, o Governo
                                                                  53
Sócrates prepara-se para provocar um novo assalto ao contribuinte.
Teixeira dos Santos confirmou isso mesmo com o I.V.A. e não se
admirem, se, a seguir, o governo queira cortar no subsídio de natal.
No entanto o governo deixa fugir 18 mil milhões de euros para
offshore e perdoa os fabulosos bónus dos gestores.

Entretanto, esta crise serve para alguns que se aproveitam e a
outros que já esconderam as suas fortunas colossais. Enquanto isso
a América, desorientada, tenta segurar o jogo económico numa
altura em que a China se torna a segunda potência mundial e a
Índia começa a incomodar. Por tabela, são os europeus que estão a
pagar e muito por culpa de não termos uma Comissão Europeia
competente. Durão Barroso e a sua equipa continuam a revelar falta
de capacidade e o tratado de Lisboa é um rotundo falhanço.
Resultado, o Euro e a própria Europa estão sob ameaça, refém do
seu próprio modelo neoliberal. Agora, são os europeus e os
portugueses que devem questionar e decidir que modelo político
querem afinal. Ou continuamos a ser enganados…

Para   terminar,    recordo   o    meu     endereço    de    e-mail:
desabafosrui@sapo.pt

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…

E até à próxima crónica!




                                                                  54
17 – Crónica / Portalegre (20-05-2010)

Caros ouvintes, começo esta crónica ao jeito de José Régio,
professor irreverente, que não tinha receio de falar, escrever e lutar
contra o que o próprio considerava não estar certo. Régio, sofria de
uma sedução inquietante por Portalegre, como o mesmo, relatou
em carta a Branquinho da Fonseca a 25-4-1942, in Colóquio /
Letras, n.º 79, Maio 1984, pg.45-46.

«Em Portalegre, cidade do Alto Alentejo cercada de serras, ventos,
penhascos, oliveiras e sobreiros», e, também, cercada de barreiras
ao progresso, vive muito boa gente convencida de que tudo corre
bem e de que não vale a pena lutar e exigir atenção para esta
região. Sinto alguma revolta e tristeza, por verificar que estamos
abandonados e sem recursos. Resta-nos o ensino superior, a escola
da GNR e os serviços públicos, também eles, ameaçados.
Com as recentes medidas de agravamento fiscal, todo o país sabe
que vamos ter tempos, ainda, mais difíceis. E, aqui, no interior do
país, como é que ficamos? É evidente que vamos ter o golpe de
misericórdia, as pessoas, o comércio e as empresas vão sofrer o
maior golpe desde o 25 de Abril. Ao contrário do que acontece com
as ilhas, a nossa região não tem qualquer tipo de apoio especial,
muito pelo contrário. Estas medidas do Bloco Central PS/PSD vão
afectar, igualmente, a nossa Câmara que tem um problema
financeiro grave, por resolver e será, ainda mais, asfixiada com
estas medidas. Sem esquecer os erros que levaram a este
descalabro financeiro, é preciso não esquecer que uma Câmara não
sobrevive sem receitas, e que nesta matéria a cidade pouco vai

                                                                    55
tendo, com uma indústria quase inexistente e a que existe deixa de
contribuir como é o caso da Selenis, antiga Finicisa. Para umas
dezenas de trabalhadores da Selenis, este ano, as festas da cidade
vão ter o sabor amargo do despedimento. Vamos esperar pelos
habitantes do concelho, pelos nossos vizinhos espanhóis para dar
alento ao Comércio Tradicional. É inegável que somos as grandes
vítimas da crise com os cortes no investimento que nos separam do
resto do país. Enquanto, que o IC13 fica parado vamos assistir à
construção da terceira travessia do Tejo. Estamos mergulhados
numa crise com mais despedimentos e fome à vista. Permanecem
alguns resistentes que não se conformam e vão remando contra a
maré, nesta cidade e neste país desgovernado.

«Quando não os consegues vencer junta-te a eles». Este provérbio
aplica-se bem à dupla Sócrates e Passos Coelho por motivos
diferentes. Se os motivos são diferentes as políticas na prática são
idênticas, Sócrates, sem maioria tem agora um grande aliado e
Passos Coelho “reclama” para si as medidas de direita. Na prática aí
está o bloco central a funcionar, com a batuta de Cavaco Silva. São
esses dois partidos, os liquidatários deste distrito. Ironias do
destino, pelo Alto Alentejo, foram eleitos dois deputados, um do PS,
outro do PSD. Seria interessante ouvir o deputado do PS que nada
diz e aceitar as desculpas do deputado do PSD que é conivente.

Louvo, aqui, o grupo Pró-Portalegre que anunciou a intenção de
recuperar as festas dos aventais. Se aceitarem a sugestão que dei
numa das minhas crónicas anteriores, sejam audazes e promovam
esta festa a nível nacional.
                                                                  56
E, como Tristezas não pagam dívidas, desejo a todos e a todas
umas boas festas da cidade. Apareçam!

Para   terminar,   recordo   o   meu    endereço   de   e-mail:
desabafosrui@sapo.pt

E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem…

E até à próxima crónica!




                                                             57
18 – Crónica / Balanço (27-05-2010)

Caros ouvintes, esta é a minha última crónica, desta edição dos
“Desabafos”. Não posso deixar de fazer um balanço aos momentos
que este programa me proporcionou e de vos transmitir o que
penso sobre a actualidade. Falei-vos dos problemas da educação, da
saúde,   dos   jovens,   dos   idosos,   dos   trabalhadores      e   dos
desempregados. Dei a minha opinião sobre cultura, economia,
política, comunicação entre outros assuntos. Resumindo, desabafei
o que me ia na alma e estou certo de que alguns concordaram
comigo, outros não, mas o importante foi, debater os assuntos.
Muito mais há para dizer e decerto, outros assuntos também com
importância, tais como, os problemas da nossa interioridade, da
dependência do álcool, do tabaco e outras drogas. Porém, o tempo
das crónicas é limitado e pode parecer que me limitei a criticar,
contudo dei algumas sugestões, teci elogios e seria interessante
poder dizer-vos ainda que é possível um projecto exequível para
esta região que vários governos têm negado. Nós temos muito para
fazer e para oferecer, o nosso único problema é o abandono e o
desprezo a que nos votaram. Por isso não posso deixar de voltar a
reprovar os eleitos locais pela sua inoperância. Os factos estão à
vista, Miranda Calha só apresentou algum trabalho por Portalegre
quando teve como 2º deputado, Ceia da Silva. Agora, sem o Ceia da
Silva a sua participação por este distrito é quase inexistente.

Participei pela primeira vez, activamente, na campanha eleitoral das
legislativas de 2009 na qual fui mandatário pelo Bloco de Esquerda.
Conheço o programa e os projectos do Bloco relativos ao

                                                                       58
desenvolvimento económico, necessários para este distrito. Do PS e
do PSD, tirando a Barragem do Pisão e as estradas, não se
percebeu mais nada, mas elegeram deputados. Para quê? Falta-lhes
um projecto, ideias credíveis, que se possam concretizar e acima de
tudo vontade dos seus partidos em apostar nesta região como
reconheceu, recentemente, Passos Coelho.

Comentei, várias vezes, o problema da crise financeira dando o meu
parecer e como, infelizmente, este panorama nos vai perseguir nos
próximos anos não quero deixar de mostrar o meu desagrado com a
falta de honestidade política do Governador do Banco de Portugal. O
país que tem a 14ª maior reserva de ouro do mundo e a 7ª da
Europa, cujos governantes e gestores, em especial Victor Constâncio
são pagos acima da média europeia, vem, agora, falar em baixar
salários quando são eles os responsáveis por tanta despesa
excessiva? Não posso deixar de dizer que se estamos assim é
porque tivemos um PS e um PSD que gastaram acima das
possibilidades. Santana Lopes apela a um governo de salvação
nacional e eu até concordo, desde que não contem com os partidos
que conduziram o país a este estado. Vejam só o que acontece em
tempo de crise, o parlamento vai poder gastar mais 7 milhões de
euros em despesas. Na função pública há congelamento de
admissões, mas o mesmo não se passa nos gabinetes dos Ministros.
Mas que belo exemplo! E qualquer dia temos aí a terceira versão do
PEC com mais sacrifícios para os mesmos, enquanto Sócrates e
Passos Coelho dançam o tango da tanga.



                                                                 59
São estes programas da Rádio que permitem a pluralidade na
comunicação e acima de tudo a possibilidade de transmitir várias
opiniões e sensibilidades. Este é o verdadeiro espírito da democracia
e o espírito da liberdade. Eu respeito quem não concorda comigo,
que tem opiniões diferentes e vice-versa. A informação, tal como a
cultura são essenciais para o desenvolvimento da sociedade e nunca
podem ser manipuladas ou instrumentalizadas. Vem a propósito,
falar-vos de um profissional da comunicação que recentemente foi
homenageado pelos seus colegas. Amado por uns, odiado por
outros, este profissional tem ao longo dos anos, quer na imprensa
escrita, quer através da rádio, defendido os seus pontos de vista
sempre chamando a atenção para os problemas de Portalegre.
Entre várias causas relembro a sua participação na luta pela
manutenção da Extensão do Centro de Saúde do Atalaião. Falo
como muitos, já, sabem do Sr. João Trindade. Quer se goste ou
não, é uma voz que diz o que pensa, que tem uma opinião vincada
e que, como tal deve ser respeitada. Envio-lhe, daqui, os meus mais
sinceros parabéns parafraseando Charles Evans Hughes (político
americano), “quando perdemos o direito de ser diferentes,
perdemos o privilégio de ser livres”.

Não   posso    deixar   de   agradecer   à   Rádio   Portalegre   pela
oportunidade que me deu e a todas e todos quantos contribuíram
de várias formas, quer para o meu e-mail, quer, inclusivamente,
com contributos pessoais. O meu muito obrigado pelas sugestões,
críticas e apoio. Fica aqui, também, um cumprimento, muito
especial, aos funcionários da Rádio Portalegre pela sua simpatia e

                                                                    60
profissionalismo. Finalmente, quero saudar todos os ouvintes para
os quais foi um prazer contribuir com as minhas opiniões.

A todos, um até sempre.




                                                               61
19 – Crónica / Acessibilidades (05-10-2010)


Caros ouvintes, é para mim, um enorme privilégio voltar a poder
desabafar convosco. Desta vez, quero manifestar a minha tristeza
por continuar a constatar o desprezo que os governantes têm por
Portalegre. Agora, encontro-me a estudar em Castelo Branco e ao
falar com outros colegas, vindos de outras terras, constato que
mesmo sendo de mais perto, sou o que tenho mais dificuldades em
chegar a Castelo Branco. Muitos deles usam o comboio, mais rápido,
mais barato e mais seguro. Eu estou limitado a duas carreiras de
expresso durante a semana e ao fim de semana só tenho uma. Pior
é saber que se for de carro com outros portalegrenses que,
também, estudam em Castelo Branco, vou estar sujeito às
portagens na A23, já a partir de Abril do próximo ano e o
combustível mais caro com a subida do IVA. A nossa ligação à A23
está longe de ser a que outras cidades têm às vias rápidas. A nossa
ferrovia foi abandonada e querem que paguemos portagens na A23.

Enquanto potencial utilizador, assisto estupefacto à nova central de
camionagem que não passa de uma paragem de autocarro
avantajada com acessos complicados. É desolador, mas mais uma
vez complica-se o que era fácil e hipoteca-se a possibilidade de
termos uma central de transportes a sério. "A promoção da indústria
local", "a atracção de mais fábricas" e o aumento da zona industrial
que mais parece comercial, não fosse a existência da Hutchinson,
são prioridades para o desenvolvimento. Segundo o Presidente da
Câmara, a grande prioridade para a zona industrial seriam as

                                                                  62
empresas tradicionais, que este designou por "investimentos
estratégicos", entre as quais destacou as "agro-indústrias". O
Projecto Lei do Bloco de Esquerda (N.º 311/XI Assembleia da
República, 11 de Junho de 2010), que consiste na criação do banco
público   de   terras   agrícolas   para   arrendamento   rural,   foi
recentemente apresentado pelo BE e chumbado pelo governo. Este
projecto, daria decerto a hipótese de ressuscitar a área da produção
agrícola e as unidades agro-alimentares destruídas por sucessivos
governos incompetentes. O que a cidade e a zona industrial
precisam é de melhores acessos e, desculpem a minha insistência, a
via-férrea tem de chegar a Portalegre; este foi o investimento que
sempre faltou e atirou a cidade para o buraco em que está. O
contraste entre Portalegre e Castelo Branco é enorme. A beleza de
Portalegre não chega para colmatar a falta que nos faz uma A23 e
um comboio à porta, e isto faz toda a diferença. O anúncio recente
de uma auto-estrada para Portalegre, feito pelo Secretário de
Estado em Castelo de Vide, não nos deixa descansados, pois
sabemos que não passa de mais propaganda. Nem a conclusão do
IC13 o governo é capaz de garantir, quanto mais a auto-estrada. É
importante, que o próximo orçamento de estado, que se prevê
anoréctico e suicida, não seja mais uma vez tão penalizador para
este distrito. Se tem que haver cortes, que os façam para todos,
pois também aqui, são os mais desprotegidos que pagam mais com
a factura da crise. Estamos a pagar a economia da ganância que se
torna na economia do medo, o medo de investir e o medo de perder
o emprego.


                                                                   63
Não posso deixar de comentar a recente novela do orçamento de
estado onde se percebeu que Passos Coelho fez o papel de moço de
recados e agora depois de se entender com Sócrates, vai, sem ser
às escondidas, viabilizar o Orçamento de Estado. Este orçamento é
o mais violento ataque de que há memória às pessoas, às
instituições e à economia. Existem outras soluções como taxar as
transferências para offshore, as mais-valias, as grandes fortunas, tal
como se faz em países desenvolvidos. Temos a certeza de que vem
aí mais crise e mais recessão porque os governantes não tomam
medidas sérias, justas e corajosas como defende o Nobel da
economia Paul Krugman.

Para terminar, quero deixar aqui uma palavra sobre a República que
hoje comemora cem anos. No lugar de um representante por
descendência monárquica temos, desde há um século, um
representante   democraticamente      eleito   pelo   povo,   e   que
brevemente irá a votos. Espero que o próximo presidente faça algo
em defesa dos mais desfavorecidos e condene estas políticas
injustas e incompetentes. Este mandato de Cavaco Silva, não
representa bem a república e não apaga a má imagem que este
deixou como primeiro-ministro, que lhe valeu o apelido de o pai do
“monstro” da despesa pública. Hoje pagamos caro, os seus erros e
Cavaco Silva insiste em apoiar políticas gémeas às suas que
conduzem esta república para uma crise sem precedentes.
Enquanto Primeiro-Ministro, recebemos verbas para melhorar as
acessibilidades. O ex-ministro de Cavaco Silva, Mira Amaral que até
dá o nome a uma avenida em Portalegre, esqueceu-se da nossa

                                                                    64
cidade. Precisamos de acessos que nos tirem do interior esquecido
atraindo mais gente a esta terra, por exemplo, mais estudantes para
o nosso Politécnico. E já agora, fica o meu desabafo: tive de ir
estudar para Castelo Branco porque a Escola Superior de Saúde
continua apenas a ter Enfermagem e o novo curso de Higiene Oral.
Esta escola não pode ter mais cursos a funcionar porque é muito
pequena, teriam de construir uma nova escola ou ampliar a que
existe, não se investe, e os filhos da terra têm que partir. Estou
certo de que os meus amigos vão provavelmente imigrar para outra
terra, mas gostaria de vir a sonhar um dia, que iriam apostar e
ajudar a desenvolver a terra que os viu nascer.

Recordo o meu endereço de e-mail para quem queira colocar
questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu endereço é:
desabafosrui@sapo.pt     ,   e   AGORA,    NÃO    SE   ESQUEÇAM,
DESABAFEM, TAMBÉM, QUE FAZ BEM…




                                                                 65
20 – Crónica / Projectos Vida (12-10-2010)


Caros ouvintes, o desenvolvimento, o sucesso e o futuro de um país
assentam na Educação. Infelizmente, as apostas neste sector têm
sido desastrosas, a começar pelo fracasso dos cursos de Formação
financiados pela União Europeia, que na maior parte dos casos
funcionaram para alguns senhores poderosos e ou oportunistas
ganharem muito dinheiro em proveito próprio e não para o
desenvolvimento profissional dos jovens deste país. Actualmente, as
novas oportunidades, são mais oportunidades perdidas, mas, mais
grave é o que se passa no ensino superior com cursos muitos deles
sem interesse e fraca procura no mundo laboral, no entanto com
notas de acesso baixas. Hoje ser estudante no ensino dito superior
significa ter de contar com cerca de 1000€ para propinas, tirar um
curso à pressão, uma “receita bolonhesa”, faltando depois tempo
para outras actividades académicas. Os apoios sociais para os
estudantes diminuem e aceder a eles é uma corrida contra o tempo.

No âmbito das comemorações do centenário da República foram
Inauguradas 100 escolas. Este anúncio foi feito como se de algo
grandioso se tratasse. E até pode ser, pois aqui, foram aproveitados
os fundos da União Europeia e as escolas com condições são
essenciais para o desenvolvimento do país. Contudo, estas
inaugurações contrastam com o fecho de 700 escolas. Isto
representou acima de tudo, mais desemprego e crianças a estudar
longe de casa. Acresce também a falta de pessoal auxiliar, a
vergonhosa contratação barata e a mobilidade de pessoal nos

                                                                  66
agrupamentos,    que    todos   começamos      a   perceber   agora    a
verdadeira intenção.

Trabalha-se para as estatísticas e entretanto, as Escolas foram
despojadas do espírito democrático. A figura do Director, predomina
em todos os órgãos de gestão, e o Estatuto da Carreira Docente
deixa as decisões para o órgão directivo. Resumindo, quem é da cor
come, quem não é, não come. E dado que o estatuto da carreira
docente retirou limites e direitos, à semelhança do Código do
Trabalho, hoje é possível atribuir mais que quatro níveis a um
professor, sacrificando-o e pondo em risco o bom desempenho do
ensino. Isto associado ao número de alunos por turma, o resultado,
sendo assim só pode ser mau. A desorientação é evidente e para
trás ficam as Associações de Estudantes e a possibilidade dos pais
participarem na vida da escola com os seus horários agora
flexibilizados pelo código do trabalho.

Agora, associemos isto tudo ao desemprego e a uma economia
estagnada. E pergunto: - O que podem esperar os jovens deste
país? Quais são as saídas que temos? O que quer dizer Cavaco Silva
com jovens empreendedores se tudo isto é uma falácia? Num país
com    tantas   dificuldades    e   pobreza,   mas     recordista     em
desigualdades, muitos jovens vêem-se logo impedidos de sonhar
mais alto pois somos aqueles que na zona euro mais pagam pela
educação. Assim, é difícil pensar num projecto de vida!

Para terminar, não posso deixar de aplaudir o facto da UGT se
juntar à CGTP na greve geral do dia 24 de Novembro, contra as
novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.
                                                                      67
Recordo o meu endereço de e-mail para quem queira colocar
questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu endereço é:
desabafosrui@sapo.pt

E AGORA, NÃO SE ESQUEÇAM, DESABAFEM, TAMBÉM, QUE FAZ
BEM…




                                                          68
21 – Crónica / Literatura (19-10-2010)


Caros ouvintes, neste distrito, onde Régio viveu e escreveu grande
parte da sua obra, nasceram pessoas com uma forte ligação à
literatura. O Professor Catedrático, António Ventura é o responsável
por várias obras que vão desde a monarquia à implantação da
República, passando, pela história da Maçonaria no distrito de
Portalegre. Este homem é uma referência a nível nacional e foi
eleito como Académico de Número da Academia Portuguesa de
História. Recentemente, assistimos à atribuição do “Grande prémio
do romance e novela, da Associação Portuguesa de Escritores” a Rui
Cardoso Martins com o seu segundo romance, “Deixem passar o
homem invisível”. Igualmente, José Luís Peixoto, das Galveias,
editou mais uma obra com o título, “Livro”. Devo dizer-vos que tive
o prazer de conhecer, pessoalmente, o José Luís Peixoto. As obras
destes filhos da terra estão editadas em várias línguas. Tanto um
quanto outro já ganharam vários prémios e galardões e no caso do
José Luís Peixoto recebeu, entre outros, o Prémio Saramago em
2001. Por sinal, os dois escritores privaram bastante e tinham um
relacionamento de amizade bastante salutar.

Saramago foi sem dúvida a maior referência dos últimos tempos,
amado por uns, odiado por outros, deixou assinalada a nossa
literatura ao ter sido nomeado com o Nobel. Também não se
consegue falar de Saramago sem evitar a má memória das atitudes
do Ministro da Cultura do governo de Cavaco Silva e até a sua falta
de sentido de estado, no funeral de Saramago. Cavaco Silva, prefere

                                                                  69
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Cronicas desabafos rp_i

  • 1. -I OS DESABAFOS DE RUI CARDOSO Paulo Cardoso e Rui Cardoso 0 (Maio 2010 – Novembro 2010)
  • 2. Índice Introdução: ............................................................................................................................... 2 2 – Crónica / Saúde (04-02-2010) ............................................................................................. 7 3 – Crónica / Juventude (11-02-2010) ..................................................................................... 11 4 – Crónica / Desporto (18-02-2010) ...................................................................................... 14 5 – Crónica / A Internet (25-02-2010) ..................................................................................... 17 6 – Crónica / Mulher (04-03-2010) ......................................................................................... 20 7 – Crónica / Cultura (11-03-2010)......................................................................................... 23 8 – Crónica / Terceira Idade (18-03-2010) .............................................................................. 26 9 – Crónica / Segurança nas Escolas (25-03-2010) ................................................................. 29 10 – Crónica / Ambiente (01-04-2010) .................................................................................... 33 11 – Crónica / Economia (08-04-2010) ................................................................................... 36 12 – Crónica / Grandes Superfícies (15-04-2010).................................................................... 39 13 – Crónica / 25 de Abril (22-04-2010) ................................................................................. 42 14 – Crónica / 1º de Maio (29-04-2010) ................................................................................. 45 15 – Crónica / Mães (06-05-2010) ......................................................................................... 49 16 – Crónica / Modelo Político (13-05-2010) ......................................................................... 52 17 – Crónica / Portalegre (20-05-2010) ................................................................................. 55 18 – Crónica / Balanço (27-05-2010) ..................................................................................... 58 19 – Crónica / Acessibilidades (05-10-2010) ........................................................................... 62 20 – Crónica / Projectos Vida (12-10-2010) ............................................................................ 66 21 – Crónica / Literatura (19-10-2010) ................................................................................... 69 22 – Crónica / Ranking das escolas (26-10-2010) ................................................................... 72 23 – Crónica / Orçamento de Estado (02-11-2010) ................................................................. 75 24 – Crónica / Dependências (09-11-2010) ............................................................................. 78 25 – Crónica / Balanço (16-11-2010) ...................................................................................... 81 1
  • 3. Introdução: Não foi uma surpresa constatar o desempenho do Rui como mandatário da lista candidata às Legislativas de 2009 pelo círculo de Portalegre. Porém, a experiência como cronista aos microfones da Rádio Portalegre apresentou-se como um desafio que o Rui venceu e convenceu. Numa fase dos estudos em que o tempo andava, já a alta velocidade, o Rui contou com uma equipa de apoio que lhe permitiu estar descansado com esta responsabilidade, de todas as quintas-feiras transmitir ao auditório, assuntos interessantes de forma abreviada e clara. Essa equipa, todas as semanas trabalhou o tema, dando tópicos, pesquisando, coordenando e orientando o texto. Por fim, ouvia a crónica com atenção para perceber onde se podia melhorar. A satisfação foi enorme quando percebemos através de ouvintes, comentários elogiosos às crónicas e ao desempenho do Rui. Em meu nome e do Rui, ficam aqui os agradecimentos a essa equipa: Adelina Roque, Elsa São João, Milu e Nuno Cardoso (também autor da capa desta colectânea) E porque toda a equipa reconhece que não fora os problemas de saúde poderíamos contar com outra valiosa ajuda. A ele, dedicamos esta colectânea de crónicas. Força, Adelino Cardoso! 2
  • 5. 1 – Crónica / A Educação (28-01-2010) Boa tarde, o meu nome é Rui Cardoso, tenho 18 anos, sou de Portalegre e estudo na Antiga Escola Industrial e Comercial de Portalegre, hoje Secundária de S. Lourenço. Caros ouvintes, na minha primeira crónica não posso deixar de escolher um assunto que me afecta, assim como a todos os jovens, sem deixar de parte os professores. É fácil perceber que vou abordar o tema da educação que é, ou devia ser, junto com a saúde, o pilar de um país. Apontada por alguns como a sua paixão, por exemplo, por António Guterres, a Educação tem sido alvo das experiências de governos incompetentes com políticas falhadas que arrastaram o país para a situação em que estamos. Do Magalhães só nos resta esperar por mais uma multa da União Europeia, depois da avultada multa da compra de submarinos de Paulo Portas. Depois, os Magalhães ficarão no rol de medidas falhadas porque a casa foi construída pelo telhado. Em relação a Portalegre, acuso o ministério de irresponsabilidade quando gasta mais de 4,5 milhões de euros na Mousinho da Silveira e os alunos e professores trabalharam sem aquecimento nos dias rigorosos que tivemos há pouco tempo. O meu aplauso vai para os manifestantes que deram um raro exemplo em Portalegre de que o silêncio nada resolve e a manifestação deu, logo, frutos. 4
  • 6. Não só esta, mas muitas outras escolas deixam muito a desejar, o estatuto do aluno e a guerra travada pelo Governo Sócrates contra os professores tornaram o ensino num verdadeiro estado de sítio. Outras medidas como os PIEF, do tempo de Durão Barroso e os Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) e Novas Oportunidades, são o retrato de medidas avulsas cujo único resultado é a transfiguração da realidade nas estatísticas. A maioria das escolas de intervenção prioritária têm altas taxas de insucesso e mantêm os problemas de indisciplina, conforme consta do resultado de uma recente avaliação externa. Em Portalegre, temos uma das 17 escolas do país de intervenção prioritária ainda em avaliação, falo da Escola José Régio. Esta, a par das restantes, no seu funcionamento deixa muito a desejar, sendo o campo da indisciplina o que mais me preocupa, não esquecendo as altas taxas de insucesso. Ainda recentemente uma professora e uma funcionária foram agredidas e os alunos vivem em sobressalto. Ainda assim, gostaria de fazer uma referência positiva ao aumento da verba para o IPP (15 milhões de euros) no orçamento para 2010. Esta verba já garante os salários para os funcionários desta importante instituição, oxalá se consiga baixar o valor das propinas para desta forma podermos atrair mais estudantes. Também faço votos para que se criem mais cursos apelativos e com saída no mercado de trabalho. Melhorar, seriamente, estas escolas é prioritário e, infelizmente, não vale a pena pensar em mais escolas. Contudo, massificar os estudantes como fizeram erradamente com os reclusos dos Centros 5
  • 7. Educativos como o de Vila Fernando que fechou seria outro erro e por isso vos digo, terminando - Ainda bem que o estádio não veio abaixo! 6
  • 8. 2 – Crónica / Saúde (04-02-2010) Caros ouvintes, na crónica anterior referi a educação como um pilar sem deixar de mencionar a saúde que é o princípio de um bom desenvolvimento porque implica, segundo a ONU, capacidade de bem-estar e acima de tudo um factor de humanização e a garantia de um verdadeiro estado social agora tão posto em causa por Portugal e até pela Europa. Não é por acaso que, actualmente, a saúde é regulada por números e não por necessidades sociais. Fecham-se maternidades e, outras especialidades como, recentemente, foi anunciado em oncologia. Retiram-se os apoios a doentes crónicos e paga-se aos privados para fazerem o que o SNS podia fazer. Enquanto isso, gastamos 45 milhões em vacinas para a nova estirpe da Gripe (H1n1), que a maioria dos portugueses não vai levar. E eu, que sou um jovem estudante, para ser assistido tenho de pagar uma taxa moderadora, numa violação ao artigo 64º da Constituição Portuguesa. Quando o SNS nasceu, por mão do socialista António Arnaut, estava muito longe de imaginar que seria o próprio PS que mais tarde iria ameaçar a sua grande obra. Falando de Portalegre, o processo da Hemodiálise só não tem contornos de escândalo, porque atinge uma pequena minoria e as restantes pessoas preferem ignorar e calar-se. Desde concursos anulados, à demora e anúncios com pompa e circunstância, tudo vale e fica bem patente o rumo que leva o nosso país também nesta área. Mas a saúde também passa pela qualidade de vida e dessa não sabemos porque razão não existiram durante décadas, a monitorização do ar que se respira em Portalegre. Será que o medo 7
  • 9. do fecho da Robinson justificava poluir casas e pessoas, em especial as que moram em S. Cristóvão? Era simples, tinham mudado as instalações para a periferia e talvez a Robinson hoje ainda fosse um símbolo da nossa terra. A saúde também passa pela mobilidade em condições dignas e ainda mais quando nos dirigimos a um centro de saúde. E aqui caros ouvintes, todos nós sabemos o que sentimos quando nos dirigimos ao nosso centro de saúde, em especial, de autocarro. Para quem é idoso, é penoso o trajecto, e se tiver problemas de ossos ou de articulações o caso agrava-se, não se percebe como se coloca uma calçada tão desconfortável num acesso tão importante... Lamentavelmente é uma lacuna nossa, mas a prevenção na saúde é o primeiro passo para um SNS com menos despesas e as apostas do estado em oftalmologia e estomatologia são importantes para a saúde, desenvolvimento e produtividade de um país. São os países que fazem estas apostas que vêem os efeitos práticos desse desenvolvimento, não esquecendo que o mais importante é a qualidade de vida das pessoas. Não é por acaso que Barak Obama decidiu apostar num serviço nacional de saúde onde quatro vezes a população de Portugal, é o número de Americanos que não têm acesso à saúde. Por isso, espero que Obama consiga este propósito, que sabemos não ser fácil na actual conjectura, em que os Estados Unidos precisam de muitos dólares para manterem as suas guerras às quais Portugal vai dando uma ajuda. Mas a saúde também se faz com pessoas e é necessário pessoal especializado. Todos sabemos da dificuldade em atrair médicos e outros especialistas que tudo fazem para não virem para o interior. 8
  • 10. E o que acontece a jovens, como eu, que querem entrar no ramo profissional da saúde? É isso, temos de ir para fora estudar! E muitos, depois, acabam por não regressar, uma vez que a oferta de trabalho no nosso distrito está cada vez mais escassa. Isto, quando temos no nosso distrito apenas licenciatura em enfermagem (Escola Superior de Saúde) e enfermagem veterinária (Escola Superior Agrária), um jovem como eu e outros se quiserem outras especialidades têm que ir estudar para fora. Fiz questão de elogiar o aumento da dotação orçamental para o IPP na crónica anterior, mas também referi que era importante termos mais atracção e para isso era bom fixar cá os nossos jovens. O tecido empresarial é diminuto e sem expectativas de melhorar. O comércio e os serviços públicos já tiveram melhores dias e por isto tudo vos digo, a nossa saída pode estar no desenvolvimento do Politécnico, também na saúde, não esquecendo a nossa Escola Superior de Arte que podia ter mais que a área da formação musical. Saliento também a falta de cursos que apostem na engenharia genética, que poderia levar à descoberta de novos tratamentos para o cancro, por exemplo, e à realização de tratamentos de terapia génica. Na ordem do dia está a greve dos enfermeiros que reclamam para verem as suas licenciaturas reconhecidas e serem pagos como tal. Recordo que este assunto também se aplica aos técnicos da saúde, como os analistas, fisioterapeutas, radiologistas e outros. Mais uma vez saúdo quem luta pelos seus direitos. Para terminar não posso deixar de incentivar os jovens à prática do 9
  • 11. desporto e a todas e todos que me ouvem, façam uma alimentação variada, com pouca gordura, pouco sal e pratiquem exercício físico regularmente. E muita saúde é o que vos desejo. 10
  • 12. 3 – Crónica / Juventude (11-02-2010) O processo de humanização da nossa sociedade sofre evidentes retrocessos, muito por culpa dos governos subvertidos ao capitalismo. Estes desistiram de apostar no modelo social para insistir no modelo capitalista neoliberal. Este modelo, que tem aumentado as desigualdades, e que provoca a asfixia económica, é o principal responsável por um mundo cada vez menos sustentável. Com impactos negativos em larga escala, são os jovens, que atingidos, não conseguem ter um projecto de vida e são herdeiros de um futuro hipotecado por políticas desastrosas. O Governo Sócrates em sintonia com a Europa de Barroso empenhou-se em defender as grandes fortunas e a banca, deixando à sua sorte as vítimas de um sistema corrupto e viciado por entendimentos de favorecimentos políticos aos grandes grupos económicos. Os trabalhadores, em especial as mulheres e os jovens, sujeitos ao Código Vieira da Silva (dito socialista), passaram a ser mera mercadoria laboral, descartável e sem direitos, por isso já somos conhecidos pela geração dos 500€. Todas as alíneas dos direitos consagrados na lei, não passam de meras intenções, destronadas pela precariedade imposta por um código do trabalho perverso que permite o despedimento ao livre arbítrio e alimenta a exploração por parte de empresas de trabalho temporário, agora até na saúde. É por estas razões que o apelo de Cavaco Silva e outros políticos, à participação dos jovens na vida política e o incentivo ao “empreendedorismo”, não passam de puras hipocrisias num país em que a formação e o apoio não passam de malabarismos para as 11
  • 13. estatísticas, com poucos efeitos práticos na vida profissional. Por exemplo, as Novas Oportunidades não passam de uma mera certificação da ignorância e da iliteracia; Os apoios aos projectos de jovens portalegrenses não passam dos papéis, com um QREN que não passa de uma miragem com cerca de 6,5% de execução. A participação dos jovens é condicionada pela falta de estabilidade e pelo crescente abuso das empresas cada vez mais a impor mais horas de trabalho sem retribuição e com a consequente falta de tempo e de disposição para outras actividades. Destas actividades destacam-se as dificuldades no Associativismo estudantil, cultural e desportivo, do direito ao sindicalismo e à criação de Comissões de Trabalhadores. Este é um ponto que vai decerto também afectar a vida das colectividades não só pelo afastamento dos jovens mas também porque muitos dos que foram os impulsionadores e garante do funcionamento destas instituições sofrem também do mesmo problema e esta é uma consequência terrível que preconiza o desmoronamento de uma sociedade eclética e plural. Durante o tempo que tenho de vida, sucessivos governos têm dado primazia à salvaguarda dos grandes interesses económicos num jogo de interesses entre as grandes empresas e classe política, num casamento perfeito. Os resultados estão à vista e a factura quem a vai pagar são os jovens que já começaram a perceber esta realidade. A aposta deve estar numa viragem na política portuguesa, políticas para as pessoas e não para interesses capitalistas como defendem os partidos que têm governado Portugal. Está na hora de dizermos que estamos fartos de tanta mentira e hipocrisia e que um outro modelo de sociedade é possível 12
  • 14. e exigível. Só com políticas sociais sérias (sem aproveitamentos) e apostas sérias na educação, na cultura e no investimento público é possível criamos condições para que os jovens possam acreditar no futuro. É muito importante que a aposta nos jovens seja séria para que possamos garantir uma sociedade sustentável e justa e para terminar, faço aqui um apelo aos jovens que me ouvem – Lutem pelo vosso futuro exigindo direitos e respeito. A recente manifestação, exigindo educação sexual e um outro estatuto do aluno é mais um exemplo que devemos exigir respeito para podermos respeitar. Jean Jacques Rousseau escreveu - «Todo o homem nasce bom, o contacto com a sociedade é que o corrompe». Nós queremos uma sociedade diferente! 13
  • 15. 4 – Crónica / Desporto (18-02-2010) Caros ouvintes, terminei a minha primeira crónica dizendo, ainda bem que o estádio não veio abaixo. Seria um crime, perdermos um espaço emblemático e raro para a prática desportiva. Bem sei que a sua manutenção é um custo acrescido para uma câmara endividada e um país desgovernado, mas se fosse destruído era mais um bem que perderíamos, a par dos lindos jardins que Portalegre já teve. A CERCI, não podia estar dependente deste crime, merece e tem de ter, um espaço próprio e condigno. É uma vergonha a forma como tratamos os nossos deficientes, e as pessoas que se dedicam a esta nobre causa. A Escola Cristóvão Falcão, também, precisa de uma solução com melhores resultados do que o pavilhão, que construíram em anexo, e que foi um autêntico desastre. Provavelmente, também não se sabe se os terrenos do estádio municipal têm condições para se construir. É preciso aprender com os erros do passado, como por exemplo no caso da Urbanização do Ribeiro do Baco cujo projecto comprado pelo edil da altura, Rui Simplício, que além de caro, foi um autêntico fiasco, por falta de estudos de vária ordem, acerca do terreno. O nosso parque desportivo é pobre, e com deficiências, incluindo as estruturas mais recentes, como o estádio Eduardo Sousa Lima. Temos, Inclusive, um espaço desportivo que é o Clube de Ténis que está desaproveitado. Não se percebe como é que este espaço com características únicas no distrito, não é utilizado. O Governo Civil e a 14
  • 16. Câmara de Portalegre têm responsabilidades, e deviam ter a coragem de tomar uma atitude. Portalegre bem precisa de quem se interesse pelo seu património. Ainda, a Entidade Turismo devia estar mais atenta a estes espaços importantes, dado que o turismo não é só gastronomia. Na última crónica referi a importância do exercício físico para a saúde. Os acessos pedonais, que aos poucos vão aparecendo, são um bem precioso para a comunidade. Também se devia apostar nas ciclovias entre Portalegre, Fortios, Alagoa, Urra e Ribeira de Nisa. As caminhadas promovidas por grupos como os Pés Vagarosos são também um bom exemplo a manter; seria igualmente bom que os responsáveis pelas freguesias cuidassem das nossas fontes, para os nossos caminheiros poderem satisfazer a sua sede, com a garantia de beber as nossas águas, com tão boa tradição, mas que por falta de análises ou boa vontade estão carimbadas com um "Imprópria para consumo". Mal ou bem, o desporto foi sempre sustentado pelas colectividades, e se hoje as SAD representam a deturpação do verdadeiro sentimento clubista, assistimos no actual contexto ao desmoronamento do associativismo desportivo. Onde eu quero chegar é ao facto de faltar um verdadeiro modelo sustentado da prática desportiva, que garanta o funcionamento das colectividades. Uma actividade tão importante para a mobilização de jovens e para a saúde não pode estar assente apenas na carolice e boa vontade de algumas instituições. Hoje assiste-se às dificuldades dos grupos desportivos por falta de apoio estatal, à altura pois sempre se 15
  • 17. apoiou nos financiamentos ocasionais públicos e privados. Em Portalegre, cada vez são menos as empresas e com capacidade de apoiar as colectividades, simultaneamente a Câmara com as dificuldades económicas que tem, não consegue dar os apoios necessários. Por tudo isto vos digo que este modelo é insuficiente e não garante o desenvolvimento desportivo. O estado tem que garantir as infra- estruturas necessárias para a prática do desporto. Da mesma forma, Os utentes da CERCI não podem ser votados ao esquecimento. Exige-se condições condignas para eles. 16
  • 18. 5 – Crónica / A Internet (25-02-2010) Caros ouvintes, em primeiro lugar, não posso deixar de expressar o meu sentimento de pesar pelos recentes acontecimentos na Madeira. Estou certo que a minha mensagem chegará à região dado que temos madeirenses que estudam cá em Portalegre. Para eles vai, toda a minha solidariedade. Nos dias de hoje, as rádios já têm um alcance que antes não imaginávamos. Há pouco tempo, soube que um casal de portalegrenses emigrantes em Inglaterra, há vários anos, ouve a Rádio Portalegre pela Internet. Este facto, tem uma importância enorme, dado que assim se consegue ter uma ligação à terra de origem através da Rádio, via Internet. Ninguém, dúvida da utilidade e do impacto da Internet. Também, todos sabemos dos perigos que a Internet oferece, em especial às crianças. Sabendo da sua importância, dimensão e alcance, não nos admiramos que a China, onde além das constantes violações dos direitos humanos, o governo chinês controla e censura a Internet. Este controlo estende-se, imaginem, em sites de informação política onde até, já, bloqueou sites como o Twitter, o Flickr e o Hotmail. Ainda este mês, assistimos à tentativa do governo Iraquiano de controlar a Internet sem sucesso, e aqui está a grande força que mete medo a países como a China e o Irão. Lembrem-se, não é só em Portugal que há controlo na informação, este problema, só na Internet envolve 60 países. Nestes países não só assistimos ao controlo da Internet como até à detenção de blogguer’s, uma espécie de jornalismo na Internet. 17
  • 19. A qualidade da Internet e a propaganda do governo apoiada pela publicidade enganosa das operadoras é um autêntico embuste. Esta falta de seriedade atira-nos para os piores do mundo na relação qualidade/preço. No acesso à Internet, em 2009, estávamos em 22º lugar, entre os 27 países da União Europeia, - 42% das pessoas entre os 16 e os 74 anos têm acesso à Internet, o que deixa Portugal só à frente de Itália, Chipre, Grécia, Bulgária e Roménia. Enganosa, foi, ainda, toda a política de multiplicação de pontos públicos de acesso, que o governo em tempos anunciou, e que até teve um nome: "Rede de Espaços Internet". Esta rede ficou parada e esquecida, aquém das expectativas. A Internet no Interior do país sai prejudicada com uma deficiente distribuição de fibra óptica, o Gavião nem acesso tem à Banda Larga tem e a banda larga móvel, aqui no interior é um autêntico desastre. O Magalhães foi mais uma oportunidade falhada, a par dos fundos estruturais europeus. Percebe-se, agora, que o Magalhães foi mais um negócio das operadoras de telecomunicações, e mais um negócio de trapalhadas, até nas entregas aqui em Portalegre e Castelo de Vide. A ideia podia ter sido boa, mas não houve preocupação em preparar os programas, as escolas e os professores, o que interessou foi distribuir Magalhães e, retirar a empresa, J.P. Sá Couto do buraco. Por isso, agora estamos sujeitos a uma pesada multa europeia por ter sido entregue o negócio, sem concurso, a essa empresa. Coisa deste governo, que se diz caluniado… Porque será? 18
  • 20. Para terminar, e porque quero abrir este espaço a todos vós, deixo aqui o meu endereço de e-mail para quem queira colocar questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu endereço é: desabafosrui@sapo.pt ou podem escrever para DesabafosRui – Rádio Portalegre, Avenida de Santo António, Edifício Régio I r/c – 154, 7300-074 Portalegre. E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… 19
  • 21. 6 – Crónica / Mulher (04-03-2010) Desculpem-me os homens mas não posso deixar de dedicar esta crónica às mulheres. Aproxima-se o dia 8, o Dia Mundial da Mulher e pouca coisa mudou nesta sociedade ainda machista que continua a descriminar as mulheres. Esta descriminação existe muito por culpa das religiões que as condenaram e discriminaram logo à partida, dos políticos que falam do assunto mas não adoptam medidas sérias e dos homens que se dizem apaixonados e depois esquecem-se de respeitar quem nos dá o ser. Também existe por falta de progresso civilizacional, onde muitos homens optam por uma mentalidade medieval. De 2009, em relação à violência doméstica ficaram os números chocantes de 25 mulheres assassinadas e uma média de 81 queixas por dia. Face à falta de leis e de forças de segurança, muitas mulheres vivem num inferno solitário e muitas vezes escondidas para evitarem, fazer parte do número de crimes que mais mata em Portugal e que tem a mão leve da justiça por falta de um código penal eficaz. Digo aqui às mulheres que devem acreditar num futuro diferente a não baixarem os braços, pois algumas conquistas já foram feitas. Devem incentivar, apoiar quem tenta fazer deste Portugal um país melhor nem que para isso seja necessário remar, contra as tendências neoliberais criadas por uma globalização que tem como mote o grande interesse económico / capitalista. Este sistema que descrimina muito as mulheres arrasta os nossos políticos medíocres numa atitude cínica a colocarem de lado os valores humanos que 20
  • 22. têm sido cultivados em prol de um mundo melhor. Por isso fecham os olhos ao mercado sujo da actual escravatura feminina como por exemplo a que tem origem na Tailândia, Brasil, Birmânia e países do leste europeu para servirem de escravas domésticas e sexuais. Não posso também, esquecer as vítimas do fundamentalismo islâmico que condena as mulheres à morte por degolamento e apedrejamento… assim como uma prática comum a muitos países até ocidentais que é a aviltante mutilação dos órgãos sexuais femininos. No nosso país faltam leis sérias que protejam as mulheres. Todos os anos, assistimos impávidos ao número de mortes de mulheres vítimas de violência doméstica. A partir de 2000 passou a ser um crime público, mas por falta de coragem dos governos seguintes, incluindo o actual, este crime não é suficientemente reprimido e a vítima sai sempre bastante prejudicada. É preciso uma Lei clara, com objectivos bem definidos e que de facto proporcione avanços no combate à violência doméstica. O “Estatuto de vítima” que este governo quer aprovar pode ser um retrocesso nesta luta que esbarra com muita hipocrisia. Neste dia da mulher não é a oferta de uma flor ou enviar uma mensagem que me deixa satisfeito, mas sim continuar respeitar a minha mãe, a minha irmã, as minhas avós, as minhas amigas e todas as mulheres do mundo, durante o ano inteiro, declarando-me contra os que sustentam esta sociedade machista! Daqui envio um beijinho especial para todas as mulheres, não esquecendo as que trabalham nesta rádio, e todas as que telefonam 21
  • 23. aqui para a Rádio, todos os dias, a enviar de forma tão carinhosa, beijinhos para todos. Mais uma vez, deixo aqui o meu endereço de e-mail para quem queira colocar questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu endereço é: desabafosrui@sapo.pt ou podem escrever para DesabafosRui – Rádio Portalegre, Avenida de Santo António, Edifício Régio I r/c – 154, 7300-074 Portalegre. E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… 22
  • 24. 7 – Crónica / Cultura (11-03-2010) Caros ouvintes, hoje venho falar-vos de Cultura. Da mesma forma como vos falei das dificuldades que as associações desportivas atravessam, também as associações e actores culturais sofrem do mesmo problema. Não existe um projecto sustentável e os apoios são cada vez mais escassos. Falta no país uma política cultural que facilite o acesso das populações à fruição de bens culturais e a meios de produção artística e cultural; Falta também a salvaguarda do património cultural e a defesa dos direitos laborais dos profissionais do sector cultural e a sua sustentabilidade. Por exemplo, não chega criar uma rede nacional de leitura, é necessário dar continuidade a esse trabalho e continuar a investir para não se perder, também não chega fazer obras em museus, é preciso dar- lhes vida. Em Portalegre temos associações importantes e antigas, como é exemplo a Euterpe, a banda mais antiga do país no activo, que sobrevive sem o apoio que devia ter. Também, os artistas e artesãos portalegrenses sentem-se abandonados pelo poder local e nacional. O Município, a Entidade de Turismo e o Governo estão de costas voltados para os nossos artistas e artesãos. O orçamento de estado é sempre miserável para a importante área da Cultura que até é rentável e necessária para dar apoio ao turismo e edificar um país. A nossa identidade não se resume à gastronomia e corre-se o risco de perdermos o pouco que temos. Os nossos artistas não são apoiados, divulgados e pior, muitas vezes ainda são desprezados. 23
  • 25. Temos pessoas da terra que não esperam que os outros façam por nós e tentam eles promover e dar expressão ao que temos em Portalegre. Mesmo assim, esbarram com a falta de apoio e a falta de uma política cultural que passa apenas por espectáculos pára- quedistas. Tem sido esta a política dos últimos vereadores da cultura que não passaram de meros agentes de espectáculos, muito criticados pelos artistas locais. Para piorar, verifica-se que a informação dos eventos tem vindo a ser cada vez mais insuficiente. Por exemplo, hoje, quinta-feira temos dois eventos importantes sobre Régio, um ás 18H00 no Castelo, alusivo à chegada de Régio a Portalegre e às 21H30 no CAEP, com Francisco Ceia a cantar Régio. A divulgação destes eventos foi muito pobre, pior do que o habitual. Aproveito para fazer publicidade a uma iniciativa de apoio à luta contra o cancro inserido no Projecto “Um dia pela Vida”, a realizar no Centro de Congressos da Câmara Municipal, quando era para ser no CAEP. Esta iniciativa tem lugar no dia 26 de Março pelas 21H30 e conta com artistas portalegrenses que vão colaborar de forma generosa e gratuitamente. Saliento que é preciso ter uma política cultural séria, bem divulgada e apoiada. Temos Grupos, Associações, artistas e artesãos com muito valor e é escandaloso como deixamos perder este património. Por isso, as festas da cidade eram muito importantes. E pergunto, porque não recuperar a festa dos aventais com o seu famoso concurso de aventais, agora também alargado às artes plásticas? Convidar os nossos artistas e artesãos, fazer daquele evento, uma grande festa 24
  • 26. que chame pessoas a nível nacional, como fazia a festa das flores em Campo Maior e como faz a festa da castanha em Marvão. Portalegre merece sair desta condição de cidade morta. Temos gente com ideias e vontade de trabalhar, falta o apoio e condições. Como jovem não posso deixar de evidenciar a importância do CAEP. Deixo agora de lado a escolha do local o atraso com custos acrescidos e os problemas que já surgiram entretanto. O importante é termos esse espaço e faço um apelo, usem esse espaço também para os artistas locais e por favor melhorem a qualidade da exibição dos filmes que aparecem tardiamente. Para terminar, recordo o meu endereço de e-mail para quem queira colocar questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu endereço é: desabafosrui@sapo.pt ou podem escrever para DesabafosRui – Rádio Portalegre. E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… 25
  • 27. 8 – Crónica / Terceira Idade (18-03-2010) Caros ouvintes, falando da terceira idade é hábito falar-se em idosos e é assim que os vou referir nesta crónica, embora na verdade eu esteja a falar dos nossos queridos velhinhos e velhinhas. Sendo eu um jovem perguntarão o que me move a falar deste assunto? Por respeito a todos, amor aos meus avós e lembrem-se todos nós um dia seremos velhinhos e vamos precisar de amor e de um lar de acolhimento e onde pergunto eu? É um dever de qualquer sociedade, tratar bem e respeitar aqueles que nesta fase da vida precisam de apoio e protecção. Mas, a realidade é bem diferente, o estado falha e outros, da necessidade fazem um negócio, é o caso das Misericórdias que cobram 14 meses aos utentes em vez de 12. «Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar», escreveu um dia Sophia de Mello Breyner Andresen, por isso não podemos ficar indiferentes quando sabemos de notícias de alguns casos em que não tratam os idosos da melhor forma, chegando a existirem denúncias de casos de maus-tratos um pouco por todo o país. Com a bandeira do combate à pobreza, o governo Sócrates criou o “complemento solidário para idosos”, este sim devia ser de 14 meses. Esta medida abrangeria apenas 300 mil idosos, ou seja, menos de um em cada três reformados com pensão inferior a 300 euros por mês. Este complemento foi mais um acto de propaganda e a prova de falta de eficácia no combate à pobreza onde temos em 2009 pelos números da DECO, 40 mil idosos a passar fome. Com este PEC que nos impõem para resolver a crise por eles criada, são 26
  • 28. a classe média em vias de extinção, os jovens e os velhinhos quem mais vão sofrer. Ao contrário adia-se a tributação das mais-valias e corta-se nas pensões mínimas e sociais. O factor de sustentabilidade baseado na teoria da quarta idade é mais um erro destes governos insensíveis. A evolução da nossa sociedade tem que visar a qualidade de vida e não o acelerado enriquecimento de algumas elites. A liberalização das horas de trabalho e o aumento do tempo de trabalho para a reforma vão deitar por terra a ambição de uma sociedade sustentada. As famílias, as instituições e as pessoas vão sofrer com isto. Pior, com os salários miseráveis e pensões miseráveis deste país, excepto para os cargos daqueles que defendem este modelo, a nossa sociedade pode atingir num futuro próximo o colapso. E são principalmente os jovens e os idosos que mais sofrem com estas medidas desumanas praticadas por um governo que até se diz socialista. É urgente criar a carta dos direitos dos cidadãos no acesso aos equipamentos sociais públicos ou que beneficiem de financiamento público. Os cuidados continuados e paliativos, tardam em se tornarem efectivos serviços públicos a prestarem um bom serviço. Também ao nível dos medicamentos este governo teima em ceder ao lobby farmacêutico e em contrapartida cresce o número de idosos que têm dificuldade em comprar os medicamentos e nem quero falar do escasso apoio que têm os doentes crónicos. Recentemente este governo aumentou os encargos dos doentes aliviando o estado. Ora, a crise nunca pode ser combatida por esta via tão desumana. Já em 2007 Sócrates diminuiu as comparticipações e não havia o 27
  • 29. cenário de crise e eu pergunto: É este um governo socialista? Claro que não, está à vista que só defende os interesses económicos e as grandes negociatas onde os seus amigos estão envolvidos. Porreiro Pá! Tão amigos que nós somos, os nossos velhinhos estão ao “rubro” com o tratado de Lisboa, realmente ainda não perceberam o que é que melhorou a não ser que os deputados europeus ficaram a ganhar o dobro, mas as pensões não deixam de ser miseráveis e o acesso aos medicamentos um escândalo. Fazer algo pelos nossos idosos não é assim tão difícil e vou dar-vos um exemplo. Devolvam os velhinhos, mas confortáveis bancos de madeira ao vandalizado Jardim da Corredoura, devolvam as flores, uns cisnes e os velhinhos agradecem e até voltam a frequentar aquele espaço outrora emblemático onde até os candeeiros eram castiços. Já agora, alguém sabe dizer onde estão esses candeeiros? Por favor, respeitem e cuidem dos nossos velhinhos e velhinhas, um dia seremos nós a precisar. Para terminar, recordo o meu endereço de e-mail para quem queira colocar questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu endereço é: desabafosrui@sapo.pt E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… 28
  • 30. 9 – Crónica / Segurança nas Escolas (25-03-2010) Caros ouvintes, nos últimos dias muito se tem falado de Bowling nas escolas. Estima-se que nas escolas, um em cada quatro alunos são vítimas de agressão, muitas vezes abandonadas e até silenciadas. Os pregões de uma escola inclusiva, ou seja uma escola para todos e uma escola segura, não passam de mais propaganda do Ministério da Educação. Na minha primeira crónica, denunciei o caso de violência de um aluno para com uma funcionária e uma professora. Neste fenómeno, conhecido por Bulling, ao contrário do Bowling são os docentes e funcionários as vítimas, não só de alunos, mas também dos pais. São, ainda, vítimas de assédio moral por parte daqueles que desempenham cargos de destaque. Estes, de forma pouco clara, tudo fazem para impor o seu estatuto e as medidas da escola a qualquer preço. A razão que me faz voltar a este tema, é o facto de o problema se agudizar dia após dia. Basta ouvir os noticiários, para percebermos a gravidade da situação. Um aluno dispara sobre outro, e a responsável da escola diz na televisão para não ficarmos preocupados, porque o aluno não ia ser expulso, e agora pergunto eu: - porque razão foi o caso silenciado? Um aluno morre, um professor suicida-se e eu pergunto: - Quem assume responsabilidades? Paulo Portas, nas suas recentes propostas populistas, parece falar muito bem, eu, ao contrário, fico indignado porque ele não apresenta soluções, apenas apresenta sanções, e não tem a mais pequena ideia do resultado desastroso que iriam ter essas medidas. Mas, o Governo Sócrates não está melhor, o 29
  • 31. estatuto da carreira docente, é a vergonha do sistema educativo, o modelo de gestão das escolas é um ataque desenfreado à sua democratização e o estatuto do aluno perturba o funcionamento das escolas. Estes, deviam ser pensados numa lógica conjunta e não separadas, como faz a Ministra da Educação. Nem oito, nem oitenta, devolvam a autoridade aos professores e o respeito pelos alunos e tudo será bem melhor. Ponham de lado os interesses pessoais e económicos, e as teorias baratas que já provaram não nos levar a lado nenhum. Como já vos disse, não ganhamos nada em trabalhar para as estatísticas, nem em certificar a ignorância. É preciso uma escola séria, democrática, construtiva e evoluída! Mas o principal problema está no clima repressivo que se vive nas escolas. Em função de uma melhor classificação das escolas, os professores são pressionados e até intimidados como aconteceu em recentes manifestações. Do trabalhar para as estatísticas, à fabricação de resultados, e à pressão de alguns pais e funcionários, tudo indica que é necessário alterar a administração e gestão da escola pública. Assim, qualquer dia, a escola pública é como a escola privada, em que o dinheiro compra as notas. Esta situação torna-se mais difícil de resolver, porque diminui a democracia nas escolas. A concentração de poder na figura do director, dá origem ao aumento do “amiguismo” e convergência de BOYS, desta vez do partido, dito socialista. Por exemplo, até o concelho geral da escola é pouco democrático e os cargos distribuídos vão, na maior parte, para os BOYS. Os partidos que têm governado, transformaram-se em agências de empregos e fabricantes de tachos, e, assim, 30
  • 32. dificilmente saímos deste estado de sítio; o ensino está ao nível das lojas dos chineses e o resultado reflecte-se nos alunos a todos os níveis, a violência é um deles. Outro dos problemas, tem a ver com o decréscimo de funcionários nas escolas, onde, imagine-se Paulo Portas, o dos submarinos, é um dos culpados, quer em coligação com o PSD ou em parceria com o PS. Alguns dos funcionários e professores, por medo ou por reconhecimento de favores, alinham neste esquema da intriga escolar e o clima de instabilidade, acaba por dar aos alunos indisciplinados um espaço difícil de controlar. Até os agentes da escola segura, chegam a ter receio de ter de intervir no espaço escolar. É urgente, uma política de educação séria e políticas sociais efectivas. É preciso investir e a segurança também passa pela credibilidade das instalações escolares. Por exemplo, na Escola José Régio, alunos, docentes e não docentes correm riscos no seu ginásio, contudo recentemente o PS com a ajuda do PSD e CDS inviabilizaram uma pequena verba para reparar o problema. É assim que querem a credibilidade nas escolas? Tenham vergonha! Dignifiquem as escolas! Os alunos e professores até passam frio e depois querem que tudo corra bem? Foi preciso a ministra mandar ligar os aquecimentos, e já agora porque não pede para nos portarmos todos bem? Enfim… Para se ser respeitado, é preciso dar-se ao respeito e Bowling ou Bulling aparte, já me ensinaram as minhas avós – Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão! Os pais, aqui, também têm um papel importante, quer nas escolhas dos políticos, quer na 31
  • 33. intervenção correcta nas escolas e mais importante ainda, nos valores que transmitem aos filhos. Passou o dia do pai e eu lembrei- me, que todos os dias evoco os princípios com os quais o meu pai me educou. Esses sim fazem de mim um homem! Terminando, recordo o meu endereço de e-mail - desabafosrui@sapo.pt E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… 32
  • 34. 10 – Crónica / Ambiente (01-04-2010) Caros ouvintes, quando falamos de ambiente, é inevitável falar de aquecimento global e este, é o assunto que mais aflige os cientistas. O caso é sério, há países no pacífico sul que podem desaparecer. As alterações climáticas são uma ameaça ao equilíbrio do ecossistema. Todos nós somos responsáveis, mas não posso deixar de acusar os países mais industrializados de não quererem reduzir as emissões, aplicando medidas para o efeito. A ganância das companhias petrolíferas, das grandes indústrias, o consumismo e a forma de vida das sociedades, impediram que a Cimeira de Copenhaga tivesse sucesso. Antes pelo contrário, foi mais um fracasso e a prova evidente que os países mais ricos queriam esta Cimeira manipulada. Do Tratado de Quioto, ao Tratado de Lisboa, passando por estas cimeiras estamos conversados, não passam de desfiles de vaidades a espalhar hipocrisia. Temos um mundo capitalista, toxicodependente, viciado em combustíveis sólidos. Em Portalegre por exemplo faltam ciclovias! Em Portugal, apesar de alguns avanços importantes continua-se a privilegiar o negócio em detrimento do ambiente. O recente projecto “Renováveis”, teria todo o sentido se fosse extensivo a todos e não só a grupos económicos ou empresas. O passo positivo foi dado na reciclagem que além de contribuir para menos poluição, cria postos de trabalho. No entanto, ainda está longe do ideal e os cidadãos questionam-se quanto às taxas de resíduos sólidos quando eles ao reciclarem, contribuem para os lucros das empresas ligadas ao sector como é exemplo a Valnor. Os 33
  • 35. pontos de recolha são outro ponto a melhorar em especial nas pilhas e baterias. E para quando a recolha de tampinhas? Outro passo positivo foi o fim das lixeiras a céu aberto e a criação de Etar’s. Foi feito um investimento de milhões de euros, mas, infelizmente estamos a recuar. Recentemente por ocasião de uma importante acção de limpeza que envolveu milhares de voluntários, o Sr. Governador Civil Jaime Estorninho, lamentou o facto de estarem a surgir lixeiras clandestinas. Mas eu lembro também, que a ETAR de Tolosa já está a funcionar mal há muito e ainda recentemente os Deputados do PS, PSD e CDS, inviabilizaram uma verba para reparar este problema de saúde pública, porquê? O Sr. Governador apelou aos jovens para inverter esta situação e eu dou-lhe o meu aplauso não só pela sua participação mas também por compreender que os actuais responsáveis são incapazes de mudar a sua mentalidade, tal como os governantes dos países mais ricos que muito falam e pouco fazem. Assim como Obama recebeu o prémio Nobel da Paz, só me falta ver o maior poluidor do mundo ser apelidado de ambientalista. Em matéria de ambiente garanto-vos, há muita hipocrisia! Desde abate de sobreiros para construções de luxo a um presidente de câmara, Fernando Ruas, que incita ao apedrejamento aos ambientalistas vê-se de tudo. Isto, sem esquecer os famosos PIN, Projectos de Interesse Nacional apoiados pelo governo Sócrates, em que vale tudo sem estudos de impacto ambiental. Hoje é o dia das mentiras e não deixa de ter a sua piada porque quando oiço os nossos governantes a falarem de ambiente lembro-me sempre deste dia… 34
  • 36. Apesar da fraca participação, os meus parabéns para a iniciativa de plantação de árvores na tapada da Escola José Régio, por ocasião do dia da árvore. Espero que para o ano haja mais participantes. Tal como no ambiente, cuja poluição contribui para doenças cancerígenas, temos de mudar os nossos comportamentos alimentares e sedentários para invertermos as estatísticas desta doença que espreita qualquer um. Não posso deixar de aplaudir o concerto promovido pela organização, Um dia pela Vida. Foi um espectáculo único, como nunca tinha ocorrido em Portalegre. Parabéns aos Promotores, ao Prof. João Banheiro, António Eustáquio e o seu Guitolão, Quarteto do Sol e Grupo de Cantares “O Semeador” que generosamente participaram nesta luta contra o cancro. Para terminar, recordo o meu endereço de e-mail: desabafosrui@sapo.pt E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… E até à próxima crónica! 35
  • 37. 11 – Crónica / Economia (08-04-2010) Caros ouvintes, esta Páscoa foi bem mais pobre para a maioria dos portugueses. Depois de em 2008 assistirmos a uma miopia económica e social por parte do governo Sócrates, que via tudo cor- de-rosa, miopia essa reforçada pelos comentadores do sistema, agora assistimos a um distúrbio psicótico pelo mesmo governo que tem a mania da perseguição. Os partidos da direita em nome do “sentido de estado” que no meu entender deixa muito a desejar, deram as mãos ao PS e viabilizaram um orçamento de estado com o qual não concordavam e, o próprio PS sabe ser inviável. Este é o sentido de estado destes políticos que apenas se preocupam com as agências de rating, agências estas, que, também, fazem parte do problema e assumem-se como entidades sérias quando não o são. O próprio Teixeira dos Santos, em Janeiro, acusava estas agências de interesses de estratégia comercial e depois alegou a necessidade de aprovar medidas para calar estas agências. Daí podemos deduzir que as medidas do governo, além de comerciais são incoerentes. Já no PEC, o CDS recuou a tempo, apesar de saber que esse PEC é a repetição do que já fizera no governo, mas o populismo fala mais alto, apesar de os submarinos andarem lá bem no fundo… O PSD continua enleado às políticas de Sócrates que afinal sempre foram as do PSD. O que custa perceber, é, como os militantes do PS aprovaram um programa eleitoral e aceitam outro no governo. Com a desculpa da crise os portugueses têm sido castigados, enquanto os responsáveis engordam os lucros. As medidas continuam a penalizar os inocentes e a criar cada vez mais vítimas, 36
  • 38. o desemprego e a pobreza são exemplos. Pior, não existem garantias das condições de vida das pessoas e a única garantia é “a do crescimento das desigualdades”. Sócrates, e com alguma razão, aponta o problema para a crise mundial, mas o que faz em relação a isso? Nada! Alinha e colabora sem exigir nada, antes pelo contrário gastamos o dinheiro que não temos numa guerra de apoio a um governo que sustenta o Narcotráfico no Afeganistão e viola os direitos humanos. E quem são os partidos que apoiam tudo isto? Claro, do PS à direita, todos de mãos dadas. Porque será que a OCDE elogia o PEC português? Porque será que convidam Victor Constâncio para fazer o que não soube fazer em Portugal? Uma deputada luxemburguesa disse que é como dar dinamite a um pirómano. Para ser realista eu garanto-vos, a recuperação económica internacional é um embuste e só ganha quem se aproveita da crise para explorar ainda mais. Os Offshore aí estão intocáveis e os contribuintes mais sobrecarregados, onde é que está a justiça? Sócrates e Barroso no nacional porreirismo! O pior disto tudo é termos o país em saldo e prestes a ser entregue por atacado a privados. O caso é sério e os proveitos justificam manter e não vender. Esta forma de gestão ruinosa do país não tem o apoio dos portugueses, o programa do PS não falava disto em Setembro do ano passado e a crise já era reconhecida. Existe portanto aqui um abuso e mais uma vez, um discurso nas eleições e outro no governo. Em Portalegre, os reflexos são maiores, sentimos com mais impacto esta governação que nos vira as costas, e é no desemprego que o 37
  • 39. caso se agrava e assume um cenário de desastre. Podemos explicar a crise pegando no nosso caso, as pessoas ao perderem poder de compra, o comércio e serviços ficam penalizados e começam por despedir e depois fechar e o que acontece? Mais crise, mais desemprego, resultado, muitos adiam o projecto de família, outros procuram soluções fora de Portalegre e continuamos a enfraquecer e a desaparecer. E quem tem a culpa disto? O desemprego cria mais encargos para o estado e mais problemas sociais e tudo isto podia ser evitado se Sócrates tivesse políticas sérias para as pessoas e não para os grandes interesses económicos. A Banca continua a beneficiar de grandes privilégios fiscais com fugas de capitais para offshore, uma taxa de IRC privilegiada e a abusar dos seus funcionários e dos seus clientes e o que lhes acontece? Eu digo-vos – Têm milhões de lucros! E Sócrates mexe com estes grupos de terrorismo económico? Claro que não, é mais fácil carregar em cima do Zé-povinho que é pacífico e encolhe os ombros recordando que foi sempre assim, habituados a pedir por favor aquilo que é seu. Tudo isto, um dia pode mudar, mas isso requer uma revolução de mentalidades. É altura de se perceber que Sócrates não é de confiança, que engana os portugueses! Até quando? Para terminar, recordo o meu endereço de e-mail: desabafosrui@sapo.pt E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… E até à próxima crónica! 38
  • 40. 12 – Crónica / Grandes Superfícies (15-04-2010) Caros ouvintes, a instalação de uma grande superfície, origina transformações sociais significativas. Portalegre, à imagem de outras cidades, foi também invadida por este novo estilo de vida e de mercado. O Comércio tradicional e a vida dos portalegrenses sofreram as inevitáveis alterações. Podemos considerar positivas, na óptica do consumidor, quando podem significar acesso, ainda que temporário, a preços mais baixos, horários alargados ou maior variedade de passatempos num espaço físico concentrado. Mas, também temos transformações negativas na óptica dos pequenos comerciantes, porque, acelera o enfraquecimento das pequenas lojas, do mercado dito tradicional e com isso aumenta o número de falências e empobrecimento de um sector que abrange muitas pessoas já em dificuldades. A par deste problema, regista-se a desertificação dos centros históricos, o facto do lucro destes espaços não ser investido na região e a ameaça sempre presente da deslocalização. Aparentemente induzirá aumento de emprego, o que é quase sempre contrariado pelo desemprego que advém das falências dos pequenos comerciantes. Quase sempre o emprego criado é muito instável e mal remunerado. Sujeitos ao desemprego, os trabalhadores aceitam, “antes estes que nenhum”. Mas, já todos se vão apercebendo das condições precárias destes postos de trabalho onde as já pobres leis do trabalho não têm efeito. 39
  • 41. Em qualquer um destes aspectos citados, o poder local pode ter um papel de pressão sobre o investidor. Em primeiro lugar porque é a Câmara que tem sempre a palavra final sobre a licença de utilização, em segundo lugar, porque os representantes dos cidadãos têm uma palavra a dizer em sua defesa. Por exemplo, se uma superfície comercial no contrato se comprometeu com noventa trabalhadores, não pode estar a funcionar com metade. E é o que acontece com toda a impunidade. Mas há outros aspectos interessantes, as grandes superfícies estão a verticalizar a cadeia de distribuição de produtos. Cada vez é mais difícil aos pequenos produtores terem acesso à distribuição dos seus produtos. As compras das grandes superfícies, em geral, condicionam os preços ao produtor em baixa e pagam a este só depois de receberem a revenda dos produtos. O que, por vezes, induz condições de empobrecimento em sectores já em dificuldades, como é o caso da agricultura. Os nossos governantes nada fazem para reparar este problema. As grandes superfícies promovem o consumo padronizado. A roupa é toda daquelas mesmas marcas que existem numa outra qualquer superfície do país, o que faz por vezes diminuir a diversidade aos consumidores; por exemplo os alfaiates e costureiras entraram em crise e começamos a comprar roupa feita por mão-de-obra barata, explorada, e até produzida em condições de escravatura. A comida das grandes superfícies é tendencialmente de “plástico”, o que tende a aumentar problemas como a obesidade e a má nutrição e 40
  • 42. um peso acrescido para o sistema nacional de saúde. Mais de metade da população é obesa. Acontece também, que as pessoas estão a trocar os passeios e momentos de lazer, por passeios nos Centros Comerciais. Não se apercebem de que trocam o descanso e o convívio, pela estadia num local que apesar de parecer atraente é ruidoso e de ar saturado. Com isto, estão a contribuir para fazer crescer os números de uma calamidade que conhecemos por Stress. Dados muito recentes, demonstram que em alguns locais, chega-se a ter 100 decibéis de ruído. Outros dados indicam que o número de roubos tem aumentado e, sabe-se, que este número é mais significativo nos clientes e não nos funcionários. No entanto, são estes que vivem constantemente sob vigilância e até são condicionados quando passam de funcionários a clientes. Agora, pensem naqueles que trabalham nesses locais, a maior parte de forma muito precária e sem direitos. E agora a abertura aos Domingos à tarde? Dá mais postos de trabalho? Os funcionários recebem mais? Claro que não, e nós sem querer estamos a apoiar este tipo de exploração porque preferimos, antes, ir para o Centro Comercial do que ir passear ou conviver para os locais próprios e mais saudáveis. Para terminar, recordo o meu endereço de e-mail: desabafosrui@sapo.pt. E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… E até ao próximo desabafo! 41
  • 43. 13 – Crónica / 25 de Abril (22-04-2010) Caros ouvintes, a minha geração é posterior à Revolução do 25 de Abril, mas não tenho dúvidas do que foi e porque razão, Portugal teve de acabar com uma ditadura que nos deixava cada vez mais atrasados e isolados do resto do mundo. Muitos, e em especial os mais velhos porque viveram outros tempos com características diferentes, associam a violência, a falta de educação e a toxicodependência ao 25 de Abril. É errado, pois estes problemas sociais também apareceram em outros países onde não aconteceu o 25 de Abril. Tudo resulta, da evolução das sociedades que acarretam sempre os seus custos negativos. Muitos, ainda, vêem Salazar como um homem que impunha o respeito, porém, caros ouvintes, o respeito não se impõe, conquista-se. Não é por acaso que Fernando Pessoa classificou o ditador Salazar como fazendo parte do «rol de políticos cínicos e medíocres». O 25 de Abril permitiu aos portugueses fazerem as suas escolhas, evoluir, crescer e acima de tudo garantir a justiça, educação e saúde. Hoje percebe-se que existe um retrocesso e o estado social está em risco. Os governos pós 25 de Abril, aos poucos foram cedendo aos grandes grupos económicos e hoje temos um país endividado e praticamente entregue a esses grupos económicos. Então o que falhou? Em todos os países, os períodos pós revolucionários são sempre conturbados e levam algum tempo a estabilizarem. No entanto, quando começaram a existir condições para tal, começou o descalabro provocado pelos oportunistas, todos eles apoiados nos partidos que governaram. 42
  • 44. Quando Cavaco Silva governou, perdemos uma grande oportunidade de evoluirmos. Relatórios da OCDE indicam que um dos problemas da frágil situação de Portugal deve-se à falta de aproveitamento dos fundos europeus e o primeiro descalabro aconteceu porque Cavaco Silva não soube gerir, nem impor regras. Muitas pessoas ainda se devem lembrar dos famosos jipes no lugar de tractores, rebanhos fantasma e outras vigarices. Pois é, hoje pagamos isso e os governos seguintes alinharam pelo mesmo diapasão. Além disso, também, temos o caso de muitos fundos que não foram sequer aplicados por falta de eficiência, e isto deve-se ao facto de que os cargos são entregues a “boys” e não a pessoas competentes, é um bom exemplo recente o ex - administrador da PT indicado pelo governo – Rui Pedro Soares que em 2009 ainda arrecadou de prémio, milhão e meio de euros. Esses relatórios, também, indicam outro problema de Portugal, a corrupção, e hoje vemos antigos governantes do PSD, CDS e PS embrulhados numa teia de trapalhadas que só vão sendo abafadas porque estamos a regressar ao tempo da outra senhora. Veja-se este pequeno exemplo, O projecto Magalhães – “E-Escolinhas”, custou 80 milhões de euros e existiram procedimentos que não foram correctos, até apontados pela União Europeia e o que acontece? O PS e PSD não colaboram no apuramento da verdade. Eu e os meus amigos olhamos para este país com preocupação, depois de saqueado pelos oportunistas o que vamos ter? Custos mais caros com a Educação, saúde refém da indústria farmacêutica e clínicas privadas, emprego precário e mal pago e com o 43
  • 45. desemprego sempre na mira. Não foi para isto que homens e mulheres tanto lutaram pelo fim da ditadura. É notório o falhanço destes governos, as apostas foram erradas e a melhor homenagem que podemos fazer ao 25 de Abril é lutarmos por uma mudança e acabar com o escândalo de Portugal estar no topo das desigualdades. No dia 25 de Abril, lembrem-se que esta data também representa a mudança e é prova de que o futuro está sempre na nossa mão. Para terminar, recordo o meu endereço desabafosrui@sapo.pt, E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… E até à próxima crónica! 44
  • 46. 14 – Crónica / 1º de Maio (29-04-2010) Caros ouvintes, aproxima-se o 1º de Maio, o dia do trabalhador e muitos ignoram a origem deste dia. Para a história ficou o 1º de Maio de 1886, uma manifestação operária com mais de um milhão de trabalhadores, através de uma greve geral em Chicago que terminou com mortes e detenções. Três anos depois nascia o Dia do Trabalhador. Durante a ditadura, o 1º de Maio não era comemorado em Portugal como acontecia nos países evoluídos e livres. Foi preciso o 25 de Abril para se poder voltar a festejar o dia do trabalhador sem se ser preso. Foi no séc. XIX e princípio do séc. XX que a luta dos trabalhadores conseguiu as primeiras grandes conquistas como a subida de salários, a diminuição dos horários de trabalho e a melhoria das condições de trabalho. Hoje assiste-se a uma inversão e a um regresso ao séc. XIX. A falta de sensibilidade e de vergonha destes governos mostram bem que estão curvados perante o capitalismo insaciável e desumano. Agora, reduz-se salários em nome da crise quando se sabe que essa medida só a aumenta, por falta de poder de compra. Este processo extravasou com a lei 99/2003 de Bagão Félix. Este governante, quis convencer que a sua nova lei iria atrair muitas empresas e dinamizar o crescimento económico. Tal teoria foi logo desmentida pelos efeitos antagónicos, evidenciados desde 2004 até 2008, sem o cenário da crise mundial. O que de facto sucedeu foi a conversão ao emprego do terceiro mundo e uma derrocada no sistema social português, contribuindo para o aumento das desigualdades sociais. 45
  • 47. Na realidade foram criadas condições para fomentar a baixa produtividade, resultante da insatisfação provocada pelo trabalho sem direitos, sem limites e sem protecção. Vieira da Silva, que criticou Bagão Félix agravou com a lei 7/2009, fazendo o que o seu antecessor de direita não teve coragem de fazer. O vazio da lei e a falta de capacidade das autoridades, ACT, para fiscalizar e fazer cumprir uma lei que oferece várias interpretações ao desejo da entidade patronal, deixam os trabalhadores entregues aos caprichos e desígnios de quem já não compra mão-de-obra, mas faz desta um artigo seu impondo as regras e o preço. A flexibilização dos horários de trabalho acabou, não só com as horas extraordinárias como passou a permitir à entidade patronal, dispor e abusar sempre que quiser, onde o banco de horas ainda consegue ser o mal menor e a família é relegada para segundo plano. Igualmente, na representatividade dos trabalhadores a nossa frágil democracia está pobre. A demagogia de Bagão Félix e Vieira da Silva estão carregadas de hipocrisia numa tentativa de flexi- segurança, à portuguesa. Estamos a assistir ao engordar da corrupção laboral, do trabalho precário e da desumanização das condições de trabalho. Temos uma sobre protecção ao sector privado e em contrapartida o assassinato dos direitos colectivos. E quando o despedimento for na hora, tipo "simplex", qual vai ser o trabalhador que vai denunciar a entidade patronal? Sabendo de antemão que a protecção judicial e social são limitadas ou inexistentes? Violando as indicações da OIT, Organização 46
  • 48. Internacional do Trabalho, o governo Sócrates insiste no seu exercício musculado de hipocrisia, enquanto as empresas vão asfixiando os trabalhadores e recorrendo às empresas de trabalho temporário. Estas são defendidas por Vitalino Canas que não consegue ou não quer ver o que se passa nesta dupla exploração. Por outro lado temos os “jobs for the boys” e salários de gestores e administradores acima do nível europeu, contrastando com os baixos salários. Uma última palavra para os sindicatos. Muito se fala sobre o sindicalismo, esquecendo que são os sindicatos quem tem a obrigação de defender os trabalhadores. Devem ter esse ponto em conta, isentos de interesses particulares e políticos. Sem bons sindicatos nunca chegaremos ao nível dos países mais desenvolvidos onde os mesmos são fortes, como acontece na Alemanha. Mas, os trabalhadores, também, têm a sua responsabilidade, há que escolher bem o sindicato e exigir dele, competência. Defender e festejar o dia do trabalhador é prestar homenagem àqueles que ganham o pão de uma forma honesta. Apelo para que todos quantos nos ouvem, sigam o exemplo de milhares de trabalhadores que em todo o mundo, independentemente da sua ideologia política, participam nas manifestações de comemoração deste dia, eu próprio não deixarei de o fazer! Para terminar, recordo o meu endereço de e-mail desabafosrui@sapo.pt 47
  • 49. E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… E até à próxima crónica! 48
  • 50. 15 – Crónica / Mães (06-05-2010) Caros ouvintes, não posso deixar de referir que passou este domingo mais um dia da mãe, o qual acontece todos os anos no primeiro domingo de Maio. Ninguém fica indiferente à palavra “mãe”, a mãe é a origem, o princípio de tudo, é aquela que dá o ser, a que traz o filho ao mundo e sofre todas as suas dores, pela vida fora. A relação umbilical, entre mãe e filho, é sempre privilegiada e dura para a vida inteira. Parafraseando Fernando Pessoa, «o melhor do mundo são as crianças», e por isso vos digo, quem as trás ao mundo merecem a nossa admiração. A primeira homenagem que quero prestar é à minha mãe. Admiro-a enquanto mulher e, igualmente, enquanto mãe. Saúdo, ainda, todas as mães, mas não posso deixar de dar uma palavra especial de carinho para aquelas mães que por circunstâncias da vida, ficaram sem os filhos, ou estão privadas dos seus filhos. Muitas, por problemas vários, até de saúde, vêem-se na contingência de deixar os filhos nos Internatos e, decerto, o seu amor por eles não está em causa. Ao longo da história da humanidade, o papel das mães, também, tem sofrido alterações. Com a emancipação da mulher e as transformações sociais e económicas, esta tomou parte na vida activa da sociedade, o que provocou alterações profundas nas vidas das famílias. Para as mães que trabalham por turnos, a prestação na vida familiar já não é a desejável. Com a flexibilização dos horários de trabalho a situação agravou-se, dado que impede muitas mães de ter uma vida familiar estabilizada. Eu já abordei esse assunto e a propósito deste tema quero aqui afirmar que 49
  • 51. Bagão Félix e Vieira da Silva, através do Código do Trabalho, contribuíram para a destruição da harmonia familiar. Com a precariedade no mundo do trabalho, são as mães as mais penalizadas. Começa logo na gravidez onde muitas até são despedidas. Os baixos salários obrigam muitas mães de famílias monoparentais a grandes sacrifícios para criar os seus filhos. Como é que estes governantes, que incham de hipocrisia, querem falar de família? Muitas empresas porque não são obrigadas a isso, pagam salários mais baixos às mulheres e uma mãe com três filhos não tem distinção na declaração de IRS, de uma mãe com um filho apenas. E ainda falam da baixa natalidade… Os Infantários, Jardins de Infância, Atl’s, que durante o dia substituem as mães trabalhadoras, já tiveram melhores dias. Em Portalegre escasseiam as soluções e as mães vivem sempre na angústia de saber onde colocar as suas crianças e a oferta / qualidade começam a preocupar. O Infantário de S. Lourenço, pertencente à Segurança Social, já foi uma referência. Está, agora num processo de transformação que passa pelo interesse económico e não pelo interesse das crianças. Esta cultura do negócio, da privatização agora parcial, é o princípio do descalabro de um estado de direito. Os responsáveis assobiam para o lado e os pais vão encolhendo os ombros. Teimo em afirmar que o estado relega para segundo plano o superior interesse das nossas crianças. Também não posso esquecer as mães que são vítimas de violência doméstica e que têm de se esconder, bem como, os filhos como se 50
  • 52. fossem criminosas, tudo porque os governos não têm tido coragem de tomar medidas que as protejam verdadeiramente. Vários foram os escritores e músicos que dedicaram as suas obras às mães. Mas, as melhores homenagens que podemos fazer às nossas mães, é respeitá-las enquanto mulheres. Em criança, pela mão da minha mãe entrava no antigo parque infantil da Corredoura e de fronte estava uma bela quadra alusiva à mãe numa Pedra de Xisto que infelizmente desapareceu. Na falta desta e porque este ano é dedicado a José Régio, termino com uma linda quadra desse ilustre professor que escrevia, pintava e coleccionava arte: A quadra versa assim: P’ra que o dia fosse enorme Bastava Toda a ternura que olhava Nos olhos de minha Mãe… 51
  • 53. 16 – Crónica / Modelo Político (13-05-2010) Caros ouvintes, fazendo uma análise sobre as políticas europeias e perante os actuais resultados, importa, questionarmos o modelo político actual. A Europa, dos valores sociais, da democracia e da cultura, está encaixada no mundo globalizado em que os grandes impérios, americano e chinês dominam. Estão em perigo os valores sociais para poder competir com esses impérios, cujos mercados agressivos assentam no capitalismo puro e duro como modelo e desta forma a Europa é arrastada por uma crise que não é, só financeira, mas também de valores. Paradoxalmente, mas pela via do populismo, a extrema-direita, semeando o ódio social, tira dividendos e consegue crescer neste cenário crítico. A Europa Social Democrata, com os Partidos (ditos) Socialistas também convertidos, começa a perder o controlo da situação, onde o tratado de Lisboa não passa de um inútil exercício de ambiguidades. Nunca foi tão oportuno, nem tão necessário, transmitir às populações que o capitalismo gera desigualdades e injustiças; Que, para sobreviver usa a ganância, a exploração e a sua ferocidade para atingir os fins. Também, é importante que as populações percebam, que existem outras alternativas, e que, essas alternativas, por razões óbvias são combatidas com todos os meios de que as elites dispõem. Chamar a atenção para as realidades políticas, é talvez o maior exercício que se impõe e isso implica um discurso distinto e uma postura pragmática. É necessário um modelo político que seja entendido como credível e exequível. Os modelos não capitalistas não são tidos em conta como governativos, dada a conjectura em que nos 52
  • 54. situamos. E o pior, é que a falta de preparação das populações para estas realidades, leva a que tudo isto pareça um novelo entrelaçado. Estamos perante uma ofensiva de terrorismo social. Este terrorismo atinge cirurgicamente o emprego e quem detém o poder, sabe da importância e o papel que o trabalho representa na sociedade. Ninguém sobrevive sem uma fonte de rendimento ou no mínimo, apoio social. Em ambos os casos os governos neoliberais atacam sem piedade semeando o terror social. Desta forma, tem crescido o sucesso das empresas de trabalho temporário, permitindo aos patrões “escravizar” os trabalhadores e inibir muitos dos que querem simplesmente lutar pelos seus direitos. Não foi surpresa nenhuma, assistir ao fracasso das medidas de combate à crise. Aqueles que a provocaram estão agora a preparar a segunda ofensiva. Os governos e a União Europeia, subjugados à Banca Internacional cuidaram dos banqueiros sacrificando o dinheiro dos contribuintes, e agora é o segundo assalto comandado pelas agências de rating. Estas, considerando as dez mais importantes, lucraram no ano da crise, em 2009, 18 mil milhões de euros. O momento actual é decisivo e temos de confrontar os defensores do capitalismo e responsabilizá-los pelos falhanços económicos e sociais. Neste “assalto”, disfarçado de crise onde a Grécia com os empréstimos que vai obter, uma parte, 17 mil milhões de euros vão direitinhos para a Banca. Então, qual foi o resultado das medidas contra a crise? Tratou-se de mais uma mentira de Obama, Angela Merkel, Barroso, Sócrates e companhia quando garantiam o fim dos paraísos fiscais. Agora, o Governo 53
  • 55. Sócrates prepara-se para provocar um novo assalto ao contribuinte. Teixeira dos Santos confirmou isso mesmo com o I.V.A. e não se admirem, se, a seguir, o governo queira cortar no subsídio de natal. No entanto o governo deixa fugir 18 mil milhões de euros para offshore e perdoa os fabulosos bónus dos gestores. Entretanto, esta crise serve para alguns que se aproveitam e a outros que já esconderam as suas fortunas colossais. Enquanto isso a América, desorientada, tenta segurar o jogo económico numa altura em que a China se torna a segunda potência mundial e a Índia começa a incomodar. Por tabela, são os europeus que estão a pagar e muito por culpa de não termos uma Comissão Europeia competente. Durão Barroso e a sua equipa continuam a revelar falta de capacidade e o tratado de Lisboa é um rotundo falhanço. Resultado, o Euro e a própria Europa estão sob ameaça, refém do seu próprio modelo neoliberal. Agora, são os europeus e os portugueses que devem questionar e decidir que modelo político querem afinal. Ou continuamos a ser enganados… Para terminar, recordo o meu endereço de e-mail: desabafosrui@sapo.pt E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… E até à próxima crónica! 54
  • 56. 17 – Crónica / Portalegre (20-05-2010) Caros ouvintes, começo esta crónica ao jeito de José Régio, professor irreverente, que não tinha receio de falar, escrever e lutar contra o que o próprio considerava não estar certo. Régio, sofria de uma sedução inquietante por Portalegre, como o mesmo, relatou em carta a Branquinho da Fonseca a 25-4-1942, in Colóquio / Letras, n.º 79, Maio 1984, pg.45-46. «Em Portalegre, cidade do Alto Alentejo cercada de serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros», e, também, cercada de barreiras ao progresso, vive muito boa gente convencida de que tudo corre bem e de que não vale a pena lutar e exigir atenção para esta região. Sinto alguma revolta e tristeza, por verificar que estamos abandonados e sem recursos. Resta-nos o ensino superior, a escola da GNR e os serviços públicos, também eles, ameaçados. Com as recentes medidas de agravamento fiscal, todo o país sabe que vamos ter tempos, ainda, mais difíceis. E, aqui, no interior do país, como é que ficamos? É evidente que vamos ter o golpe de misericórdia, as pessoas, o comércio e as empresas vão sofrer o maior golpe desde o 25 de Abril. Ao contrário do que acontece com as ilhas, a nossa região não tem qualquer tipo de apoio especial, muito pelo contrário. Estas medidas do Bloco Central PS/PSD vão afectar, igualmente, a nossa Câmara que tem um problema financeiro grave, por resolver e será, ainda mais, asfixiada com estas medidas. Sem esquecer os erros que levaram a este descalabro financeiro, é preciso não esquecer que uma Câmara não sobrevive sem receitas, e que nesta matéria a cidade pouco vai 55
  • 57. tendo, com uma indústria quase inexistente e a que existe deixa de contribuir como é o caso da Selenis, antiga Finicisa. Para umas dezenas de trabalhadores da Selenis, este ano, as festas da cidade vão ter o sabor amargo do despedimento. Vamos esperar pelos habitantes do concelho, pelos nossos vizinhos espanhóis para dar alento ao Comércio Tradicional. É inegável que somos as grandes vítimas da crise com os cortes no investimento que nos separam do resto do país. Enquanto, que o IC13 fica parado vamos assistir à construção da terceira travessia do Tejo. Estamos mergulhados numa crise com mais despedimentos e fome à vista. Permanecem alguns resistentes que não se conformam e vão remando contra a maré, nesta cidade e neste país desgovernado. «Quando não os consegues vencer junta-te a eles». Este provérbio aplica-se bem à dupla Sócrates e Passos Coelho por motivos diferentes. Se os motivos são diferentes as políticas na prática são idênticas, Sócrates, sem maioria tem agora um grande aliado e Passos Coelho “reclama” para si as medidas de direita. Na prática aí está o bloco central a funcionar, com a batuta de Cavaco Silva. São esses dois partidos, os liquidatários deste distrito. Ironias do destino, pelo Alto Alentejo, foram eleitos dois deputados, um do PS, outro do PSD. Seria interessante ouvir o deputado do PS que nada diz e aceitar as desculpas do deputado do PSD que é conivente. Louvo, aqui, o grupo Pró-Portalegre que anunciou a intenção de recuperar as festas dos aventais. Se aceitarem a sugestão que dei numa das minhas crónicas anteriores, sejam audazes e promovam esta festa a nível nacional. 56
  • 58. E, como Tristezas não pagam dívidas, desejo a todos e a todas umas boas festas da cidade. Apareçam! Para terminar, recordo o meu endereço de e-mail: desabafosrui@sapo.pt E agora, não se esqueçam, desabafem, também, que faz bem… E até à próxima crónica! 57
  • 59. 18 – Crónica / Balanço (27-05-2010) Caros ouvintes, esta é a minha última crónica, desta edição dos “Desabafos”. Não posso deixar de fazer um balanço aos momentos que este programa me proporcionou e de vos transmitir o que penso sobre a actualidade. Falei-vos dos problemas da educação, da saúde, dos jovens, dos idosos, dos trabalhadores e dos desempregados. Dei a minha opinião sobre cultura, economia, política, comunicação entre outros assuntos. Resumindo, desabafei o que me ia na alma e estou certo de que alguns concordaram comigo, outros não, mas o importante foi, debater os assuntos. Muito mais há para dizer e decerto, outros assuntos também com importância, tais como, os problemas da nossa interioridade, da dependência do álcool, do tabaco e outras drogas. Porém, o tempo das crónicas é limitado e pode parecer que me limitei a criticar, contudo dei algumas sugestões, teci elogios e seria interessante poder dizer-vos ainda que é possível um projecto exequível para esta região que vários governos têm negado. Nós temos muito para fazer e para oferecer, o nosso único problema é o abandono e o desprezo a que nos votaram. Por isso não posso deixar de voltar a reprovar os eleitos locais pela sua inoperância. Os factos estão à vista, Miranda Calha só apresentou algum trabalho por Portalegre quando teve como 2º deputado, Ceia da Silva. Agora, sem o Ceia da Silva a sua participação por este distrito é quase inexistente. Participei pela primeira vez, activamente, na campanha eleitoral das legislativas de 2009 na qual fui mandatário pelo Bloco de Esquerda. Conheço o programa e os projectos do Bloco relativos ao 58
  • 60. desenvolvimento económico, necessários para este distrito. Do PS e do PSD, tirando a Barragem do Pisão e as estradas, não se percebeu mais nada, mas elegeram deputados. Para quê? Falta-lhes um projecto, ideias credíveis, que se possam concretizar e acima de tudo vontade dos seus partidos em apostar nesta região como reconheceu, recentemente, Passos Coelho. Comentei, várias vezes, o problema da crise financeira dando o meu parecer e como, infelizmente, este panorama nos vai perseguir nos próximos anos não quero deixar de mostrar o meu desagrado com a falta de honestidade política do Governador do Banco de Portugal. O país que tem a 14ª maior reserva de ouro do mundo e a 7ª da Europa, cujos governantes e gestores, em especial Victor Constâncio são pagos acima da média europeia, vem, agora, falar em baixar salários quando são eles os responsáveis por tanta despesa excessiva? Não posso deixar de dizer que se estamos assim é porque tivemos um PS e um PSD que gastaram acima das possibilidades. Santana Lopes apela a um governo de salvação nacional e eu até concordo, desde que não contem com os partidos que conduziram o país a este estado. Vejam só o que acontece em tempo de crise, o parlamento vai poder gastar mais 7 milhões de euros em despesas. Na função pública há congelamento de admissões, mas o mesmo não se passa nos gabinetes dos Ministros. Mas que belo exemplo! E qualquer dia temos aí a terceira versão do PEC com mais sacrifícios para os mesmos, enquanto Sócrates e Passos Coelho dançam o tango da tanga. 59
  • 61. São estes programas da Rádio que permitem a pluralidade na comunicação e acima de tudo a possibilidade de transmitir várias opiniões e sensibilidades. Este é o verdadeiro espírito da democracia e o espírito da liberdade. Eu respeito quem não concorda comigo, que tem opiniões diferentes e vice-versa. A informação, tal como a cultura são essenciais para o desenvolvimento da sociedade e nunca podem ser manipuladas ou instrumentalizadas. Vem a propósito, falar-vos de um profissional da comunicação que recentemente foi homenageado pelos seus colegas. Amado por uns, odiado por outros, este profissional tem ao longo dos anos, quer na imprensa escrita, quer através da rádio, defendido os seus pontos de vista sempre chamando a atenção para os problemas de Portalegre. Entre várias causas relembro a sua participação na luta pela manutenção da Extensão do Centro de Saúde do Atalaião. Falo como muitos, já, sabem do Sr. João Trindade. Quer se goste ou não, é uma voz que diz o que pensa, que tem uma opinião vincada e que, como tal deve ser respeitada. Envio-lhe, daqui, os meus mais sinceros parabéns parafraseando Charles Evans Hughes (político americano), “quando perdemos o direito de ser diferentes, perdemos o privilégio de ser livres”. Não posso deixar de agradecer à Rádio Portalegre pela oportunidade que me deu e a todas e todos quantos contribuíram de várias formas, quer para o meu e-mail, quer, inclusivamente, com contributos pessoais. O meu muito obrigado pelas sugestões, críticas e apoio. Fica aqui, também, um cumprimento, muito especial, aos funcionários da Rádio Portalegre pela sua simpatia e 60
  • 62. profissionalismo. Finalmente, quero saudar todos os ouvintes para os quais foi um prazer contribuir com as minhas opiniões. A todos, um até sempre. 61
  • 63. 19 – Crónica / Acessibilidades (05-10-2010) Caros ouvintes, é para mim, um enorme privilégio voltar a poder desabafar convosco. Desta vez, quero manifestar a minha tristeza por continuar a constatar o desprezo que os governantes têm por Portalegre. Agora, encontro-me a estudar em Castelo Branco e ao falar com outros colegas, vindos de outras terras, constato que mesmo sendo de mais perto, sou o que tenho mais dificuldades em chegar a Castelo Branco. Muitos deles usam o comboio, mais rápido, mais barato e mais seguro. Eu estou limitado a duas carreiras de expresso durante a semana e ao fim de semana só tenho uma. Pior é saber que se for de carro com outros portalegrenses que, também, estudam em Castelo Branco, vou estar sujeito às portagens na A23, já a partir de Abril do próximo ano e o combustível mais caro com a subida do IVA. A nossa ligação à A23 está longe de ser a que outras cidades têm às vias rápidas. A nossa ferrovia foi abandonada e querem que paguemos portagens na A23. Enquanto potencial utilizador, assisto estupefacto à nova central de camionagem que não passa de uma paragem de autocarro avantajada com acessos complicados. É desolador, mas mais uma vez complica-se o que era fácil e hipoteca-se a possibilidade de termos uma central de transportes a sério. "A promoção da indústria local", "a atracção de mais fábricas" e o aumento da zona industrial que mais parece comercial, não fosse a existência da Hutchinson, são prioridades para o desenvolvimento. Segundo o Presidente da Câmara, a grande prioridade para a zona industrial seriam as 62
  • 64. empresas tradicionais, que este designou por "investimentos estratégicos", entre as quais destacou as "agro-indústrias". O Projecto Lei do Bloco de Esquerda (N.º 311/XI Assembleia da República, 11 de Junho de 2010), que consiste na criação do banco público de terras agrícolas para arrendamento rural, foi recentemente apresentado pelo BE e chumbado pelo governo. Este projecto, daria decerto a hipótese de ressuscitar a área da produção agrícola e as unidades agro-alimentares destruídas por sucessivos governos incompetentes. O que a cidade e a zona industrial precisam é de melhores acessos e, desculpem a minha insistência, a via-férrea tem de chegar a Portalegre; este foi o investimento que sempre faltou e atirou a cidade para o buraco em que está. O contraste entre Portalegre e Castelo Branco é enorme. A beleza de Portalegre não chega para colmatar a falta que nos faz uma A23 e um comboio à porta, e isto faz toda a diferença. O anúncio recente de uma auto-estrada para Portalegre, feito pelo Secretário de Estado em Castelo de Vide, não nos deixa descansados, pois sabemos que não passa de mais propaganda. Nem a conclusão do IC13 o governo é capaz de garantir, quanto mais a auto-estrada. É importante, que o próximo orçamento de estado, que se prevê anoréctico e suicida, não seja mais uma vez tão penalizador para este distrito. Se tem que haver cortes, que os façam para todos, pois também aqui, são os mais desprotegidos que pagam mais com a factura da crise. Estamos a pagar a economia da ganância que se torna na economia do medo, o medo de investir e o medo de perder o emprego. 63
  • 65. Não posso deixar de comentar a recente novela do orçamento de estado onde se percebeu que Passos Coelho fez o papel de moço de recados e agora depois de se entender com Sócrates, vai, sem ser às escondidas, viabilizar o Orçamento de Estado. Este orçamento é o mais violento ataque de que há memória às pessoas, às instituições e à economia. Existem outras soluções como taxar as transferências para offshore, as mais-valias, as grandes fortunas, tal como se faz em países desenvolvidos. Temos a certeza de que vem aí mais crise e mais recessão porque os governantes não tomam medidas sérias, justas e corajosas como defende o Nobel da economia Paul Krugman. Para terminar, quero deixar aqui uma palavra sobre a República que hoje comemora cem anos. No lugar de um representante por descendência monárquica temos, desde há um século, um representante democraticamente eleito pelo povo, e que brevemente irá a votos. Espero que o próximo presidente faça algo em defesa dos mais desfavorecidos e condene estas políticas injustas e incompetentes. Este mandato de Cavaco Silva, não representa bem a república e não apaga a má imagem que este deixou como primeiro-ministro, que lhe valeu o apelido de o pai do “monstro” da despesa pública. Hoje pagamos caro, os seus erros e Cavaco Silva insiste em apoiar políticas gémeas às suas que conduzem esta república para uma crise sem precedentes. Enquanto Primeiro-Ministro, recebemos verbas para melhorar as acessibilidades. O ex-ministro de Cavaco Silva, Mira Amaral que até dá o nome a uma avenida em Portalegre, esqueceu-se da nossa 64
  • 66. cidade. Precisamos de acessos que nos tirem do interior esquecido atraindo mais gente a esta terra, por exemplo, mais estudantes para o nosso Politécnico. E já agora, fica o meu desabafo: tive de ir estudar para Castelo Branco porque a Escola Superior de Saúde continua apenas a ter Enfermagem e o novo curso de Higiene Oral. Esta escola não pode ter mais cursos a funcionar porque é muito pequena, teriam de construir uma nova escola ou ampliar a que existe, não se investe, e os filhos da terra têm que partir. Estou certo de que os meus amigos vão provavelmente imigrar para outra terra, mas gostaria de vir a sonhar um dia, que iriam apostar e ajudar a desenvolver a terra que os viu nascer. Recordo o meu endereço de e-mail para quem queira colocar questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu endereço é: desabafosrui@sapo.pt , e AGORA, NÃO SE ESQUEÇAM, DESABAFEM, TAMBÉM, QUE FAZ BEM… 65
  • 67. 20 – Crónica / Projectos Vida (12-10-2010) Caros ouvintes, o desenvolvimento, o sucesso e o futuro de um país assentam na Educação. Infelizmente, as apostas neste sector têm sido desastrosas, a começar pelo fracasso dos cursos de Formação financiados pela União Europeia, que na maior parte dos casos funcionaram para alguns senhores poderosos e ou oportunistas ganharem muito dinheiro em proveito próprio e não para o desenvolvimento profissional dos jovens deste país. Actualmente, as novas oportunidades, são mais oportunidades perdidas, mas, mais grave é o que se passa no ensino superior com cursos muitos deles sem interesse e fraca procura no mundo laboral, no entanto com notas de acesso baixas. Hoje ser estudante no ensino dito superior significa ter de contar com cerca de 1000€ para propinas, tirar um curso à pressão, uma “receita bolonhesa”, faltando depois tempo para outras actividades académicas. Os apoios sociais para os estudantes diminuem e aceder a eles é uma corrida contra o tempo. No âmbito das comemorações do centenário da República foram Inauguradas 100 escolas. Este anúncio foi feito como se de algo grandioso se tratasse. E até pode ser, pois aqui, foram aproveitados os fundos da União Europeia e as escolas com condições são essenciais para o desenvolvimento do país. Contudo, estas inaugurações contrastam com o fecho de 700 escolas. Isto representou acima de tudo, mais desemprego e crianças a estudar longe de casa. Acresce também a falta de pessoal auxiliar, a vergonhosa contratação barata e a mobilidade de pessoal nos 66
  • 68. agrupamentos, que todos começamos a perceber agora a verdadeira intenção. Trabalha-se para as estatísticas e entretanto, as Escolas foram despojadas do espírito democrático. A figura do Director, predomina em todos os órgãos de gestão, e o Estatuto da Carreira Docente deixa as decisões para o órgão directivo. Resumindo, quem é da cor come, quem não é, não come. E dado que o estatuto da carreira docente retirou limites e direitos, à semelhança do Código do Trabalho, hoje é possível atribuir mais que quatro níveis a um professor, sacrificando-o e pondo em risco o bom desempenho do ensino. Isto associado ao número de alunos por turma, o resultado, sendo assim só pode ser mau. A desorientação é evidente e para trás ficam as Associações de Estudantes e a possibilidade dos pais participarem na vida da escola com os seus horários agora flexibilizados pelo código do trabalho. Agora, associemos isto tudo ao desemprego e a uma economia estagnada. E pergunto: - O que podem esperar os jovens deste país? Quais são as saídas que temos? O que quer dizer Cavaco Silva com jovens empreendedores se tudo isto é uma falácia? Num país com tantas dificuldades e pobreza, mas recordista em desigualdades, muitos jovens vêem-se logo impedidos de sonhar mais alto pois somos aqueles que na zona euro mais pagam pela educação. Assim, é difícil pensar num projecto de vida! Para terminar, não posso deixar de aplaudir o facto da UGT se juntar à CGTP na greve geral do dia 24 de Novembro, contra as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo. 67
  • 69. Recordo o meu endereço de e-mail para quem queira colocar questões, ou sugestões às minhas crónicas. O meu endereço é: desabafosrui@sapo.pt E AGORA, NÃO SE ESQUEÇAM, DESABAFEM, TAMBÉM, QUE FAZ BEM… 68
  • 70. 21 – Crónica / Literatura (19-10-2010) Caros ouvintes, neste distrito, onde Régio viveu e escreveu grande parte da sua obra, nasceram pessoas com uma forte ligação à literatura. O Professor Catedrático, António Ventura é o responsável por várias obras que vão desde a monarquia à implantação da República, passando, pela história da Maçonaria no distrito de Portalegre. Este homem é uma referência a nível nacional e foi eleito como Académico de Número da Academia Portuguesa de História. Recentemente, assistimos à atribuição do “Grande prémio do romance e novela, da Associação Portuguesa de Escritores” a Rui Cardoso Martins com o seu segundo romance, “Deixem passar o homem invisível”. Igualmente, José Luís Peixoto, das Galveias, editou mais uma obra com o título, “Livro”. Devo dizer-vos que tive o prazer de conhecer, pessoalmente, o José Luís Peixoto. As obras destes filhos da terra estão editadas em várias línguas. Tanto um quanto outro já ganharam vários prémios e galardões e no caso do José Luís Peixoto recebeu, entre outros, o Prémio Saramago em 2001. Por sinal, os dois escritores privaram bastante e tinham um relacionamento de amizade bastante salutar. Saramago foi sem dúvida a maior referência dos últimos tempos, amado por uns, odiado por outros, deixou assinalada a nossa literatura ao ter sido nomeado com o Nobel. Também não se consegue falar de Saramago sem evitar a má memória das atitudes do Ministro da Cultura do governo de Cavaco Silva e até a sua falta de sentido de estado, no funeral de Saramago. Cavaco Silva, prefere 69