O documento discute o uso de radioisótopos no diagnóstico médico, destacando o iodo-131 na avaliação da tireóide e o tecnécio-99m, que é amplamente utilizado devido à sua meia-vida e emissão de radiação gama ideal. Também menciona possíveis efeitos colaterais do tratamento com radiação, que podem ser imediatos ou tardios.
1. Instituto Estadual de Educação
Florianópolis, março de 2012.
Radioisótopos
André Borba Mondo
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Radioisótopos
Os radioisótopos, ou isótopos radiativos, podem ser usados para realizar diagnósticos,
fornecendo informações sobre o tipo ou extensão da doença.
O isótopo iodo-131, por exemplo, é usado para determinar o tamanho, forma e atividade da
glândula tireóide. O paciente bebe uma solução de KI, incorporando iodo-131. O corpo
concentra o iodo na tireóide. Após algum tempo, um detector de radiação faz uma leitura da
região da glândula e a informação é exibida, no computador, sob a forma visual. A figura é
então chamada de fotoscan. O aparelho lê apenas a radiação gama, mas o I-131 também emite
radiação beta. O tempo de meia-vida do I-131 é de apenas 8 minutos, o que faz com que toda
a radioatividade cesse após algumas horas.
O radioisótopo ideal para uso de diagnóstico deveria possuir algumas qualidades: emitir
partículas gama, pois tem um grande poder de penetração, e podem sair do organismo;
preferencialmente não emitir partículas alfa ou beta; e o tempo de meia-vida deve ser ideal:
nem tão curto, que não possa ser detectado a tempo, nem tão longo, onde atividade ainda
existiria após o diagnóstico. Felizmente, existe um isótopo que atende a quase todas as
necessidades: o tecnécio-99m, 99mTc. A letra m corresponde a metaestável: o isótopo pode
perder alguma energia e se tornar estável. É isto o que ocorre: o átomo 99mTc emite uma
partícula gama e se torna o átomo 99Tc, estável:
99mTc 99Tc + Y
A energia da radiação emitida pelo 99mTc é ideal, e o tempo de meia vida é de 6 horas. O
isótopo é largamente empregado na varredura dos rins, fígado, bexiga, cérebro e pulmões.
Este isótopo tem substituído um grande número de outros radioisótopos menos ideais, e a
demanda para a produção do 99mTc é muito grande, o que tornou o seu preço bastante alto.
Há também outros tipos de tratamentos, como o fósforo-32, que se usa para identificar
tumores malignos, porque as células cancerosas tendem a acumular fosfatos em quantidade
maior do que as células normais; ou também o cobalto-60 e o césio-137 que são usados no
tratamento de cânceres, para minimizar os prejuízos causados às outras células; entre outros.
Sintomatologia
Normalmente, os efeitos do tratamento com radiação são bem tolerados, desde que se
respeitem os princípios de dose total e a aplicação fracionada.
Os efeitos colaterais podem ser imediatos ou tardios.
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Os efeitos imediatos são observados nos tecidos que se proliferam com maior facilidade -
gônadas, a epiderme, as mucosas dos tratos digestivo, urinário e genital, e a medula óssea – e
que estavam inclusos no campo de irradiação. Devem ser tratados sintomaticamente, pois
geralmente são bem tolerados e reversíveis. Já os efeitos tardios são raros e ocorrem quando
as doses toleradas são ultrapassadas.
Os efeitos tardios manifestam-se por atrofias e fibroses. As alterações de genes e o
desenvolvimento de tumores malignos são raramente observados.