SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 68
Downloaden Sie, um offline zu lesen
FORMAÇÃO ESPECÍFICA – FUTEBOL (FEF)
UFCD 9499 - Futebol – metodologia do treino
2
1. CONCEITO DE TREINO
Para Bompa (1983), o Treino Desportivo é uma atividade desportiva sistemática
de longa duração, graduada de forma progressiva a nível individual, cujo objetivo
é preparar as funções humanas, psicológicas e fisiológicas para poder superar as
tarefas mais exigentes.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
3
1. CONCEITO DE TREINO
ANDRI VER, LECLERQ e CHIGNON (França), definem Treino Desportivo como um
conjunto de procedimentos tendentes a conduzir um ser humano ao máximo das
suas possibilidades físicas.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
4
1. CONCEITO DE TREINO
Por sua vez BAYER (Alemanha), diz-nos que o Treino Desportivo é um meio
encaminhado a exercitar e coordenar as funções fisiológicas dos diferentes
grupos musculares do organismo.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
5
1. CONCEITO DE TREINO
MATVÉIEV (Rússia), define o Treino Desportivo, como um fenómeno pedagógico,
sendo um processo especializado da Educação Física orientada, cujo objetivo é
alcançar elevados resultados desportivos.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
6
1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS
A noção de treino está, fundamentalmente, ligada a duas ideias principais:
■ Ao trabalho a realizar num determinado campo de atividade para se conseguir
um nível de eficácia elevado. Esta ideia aparece normalmente associada a uma
prática de repetição de tarefas, muitas vezes apresentadas segundo sequências
facilitadoras, organizadas de acordo com uma lógica de dificuldade crescente.
■ Ao processo de preparação para um qualquer acontecimento que exija grande
concentração por parte do indivíduo ou uma utilização dos recursos físicos e
psíquicos de grande exigência.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
7
O treino desportivo abarca estas duas ideias e subordina-as a um propósito
principal: a obtenção do máximo desempenho desportivo.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
Entende-se por desempenho desportivo,
também conhecido pelo termo inglês
“performance”, o resultado, obtido em
competição, que expressa as
possibilidades máximas individuais numa
determinada disciplina desportiva, num
determinado momento de
desenvolvimento do atleta e da época de
preparação.
O desempenho, especialmente em
desportos baseados na locomoção, ou seja,
na ação de translação do próprio corpo de
um ponto no espaço para outro, pode ser,
por exemplo, o tempo levado a percorrer
uma dada distância (fazer 14 minutos aos
5000 m é um desempenho) ou a distância
percorrida num determinado período de
tempo (conseguir correr 24 km numa hora).
8
1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS
Quando se fala em treino desportivo, estamos sempre a colocar a questão de
uma preparação ótima e sistemática para a competição. Não existe treino
desportivo sem um quadro competitivo definido e regulamentado que enquadre,
do ponto de vista das dinâmicas sociais, esta prática.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
9
1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS
No entanto, a preparação para a competição desportiva, é um processo que tem
que ser entendido a longo prazo, devendo desenrolar-se no máximo respeito
pelas características individuais, motivação e integridade do estado de saúde do
praticante.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
10
1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS
Daí que se considere que, se bem que não exista desporto, ou treino desportivo,
sem a competição, também não se poderá falar em treino desportivo quando
este não é firmemente orientado segundo uma perspectiva pedagógica e
formativa tendo em vista o desenvolvimento pessoal de cada praticante.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
11
1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS
Consideramos, então o treino desportivo como um processo pedagógico
complexo, porque aquilo que o treinador tem que fazer, essencialmente, é, de um
modo apropriado e bem adaptado às capacidades e fraquezas de cada um, ensinar
novas destrezas e formas de obter sucesso na competição, desenvolvendo,
simultaneamente, a capacidade de trabalho e de entrega do praticante, o espírito
de equipa e a aptidão de cooperação, a vontade de superação.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
12
1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS
O treino desportivo, conduzido adequadamente enquanto processo pedagógico é,
também, um fator de enriquecimento cultural e um estímulo para o
desenvolvimento intelectual e cognitivo.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
13
1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS
A quantidade enorme de fatores com que se lida no dia a dia do treino desportivo
fazem dele, também, um fenómeno complexo, que exige, para que seja bem
sucedido, saber e experiência por parte do elemento orientador e condutor deste
processo: o treinador.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
14
Outras Perspetivas…
O Treino é um processo pedagógico
que visa desenvolver as
capacidades técnicas, táticas, físicas
e psicológicas dos praticantes e das
equipas, articulado com princípios
científicos, através da prática
sistemática e planificada do
exercício.
Curso Treinadores III Grau Porto, 2014
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
O Treino é um processo sistematizado. Isto é,
não é apenas um conjunto de repetições de
exercícios escolhidos sem qualquer critério
que não seja a inspiração do momento. Tudo o
que se realiza no treino deve manter uma
relação lógica com os objetivos traçados pelo
Treinador (treinar em especificidade)
.
Curso Treinadores III Grau Porto, 2014
15
1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS
TREINO
Pretende que os praticantes sejam capazes de resolver as
situações que enfrentam durante a competição através do:
 Domínio das ações técnicas e dos comportamentos táticos;
 Adaptação do organismo aos esforços intensos solicitados
pela competição;
 Habituação progressiva dos praticantes às exigências psico-
-emocionais da competição.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
16
CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS
Objetivos do Treino Desportivo:
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
Eficácia
máxima
Recuperações
rápidas
Mínimo dispêndio
energético
Rendimento
Desportivo
17
1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS
Um autor bem conhecido no âmbito do treino desportivo sistematiza do seguinte
modo aquilo que considera serem os objetivos gerais desta atividade (Bompa, 1999):
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
1. Desenvolvimento Específico das
Aptidões e Capacidades
2. Desenvolvimento Físico Multilateral
4. Espírito de equipa
3. Desenvolvimento psicológico
5. Estado de saúde do atleta
6. Prevenção de lesões
7. Bases teóricas
18
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
1. DESENVOLVIMENTO ESPECÍFICO DAS
APTIDÕES E CAPACIDADES
O treino está centrado na preparação para
a competição. Neste sentido, ele procura,
em primeira instância, otimizar as aptidões
que mais influência terão nos resultados
desportivos. Isto implica uma integração
dos vários fatores do treino, sendo o treino
das qualidades físicas o suporte para um
melhor aprofundamento das habilidades
técnicas e uma melhor capacidade
concretização dos procedimentos táticos.
2. DESENVOLVIMENTO FÍSICO
MULTILATERAL
Apesar do anterior, é reconhecida a
necessidade de uma base alargada de
adaptações orgânicas e de um repertório
motor vasto e variado para melhor
responder às necessidades da preparação
especializada. Esta temática é nuclear no
âmbito da formação desportiva inicial e
relaciona-se, naturalmente, com a
manutenção do estado de saúde do atleta e
da prevenção de lesões.
19
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
3. DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO
Neste campo fala-se muitas vezes das
“qualidades volitivas*”: disciplina de treino
e de comportamentos em competição;
confiança; coragem; vontade de vencer;
gosto pela superação individual.
4. ESPÍRITO DE EQUIPA
Surge como necessidade em todos os
desportos, sejam coletivos ou individuais.
Tem a ver com a criação de uma cultura de
grupo propiciadora de coesão interna e
com amplas consequências no campo da
motivação, portanto, influenciando
grandemente a otimização dos resultados
desportivos e a longevidade da carreira do
atleta.
20
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
5. ESTADO DE SAÚDE DO ATLETA
A manutenção em estado ótimo da saúde
do atleta e prevenção cuidadosa de todos
os fatores de risco são preocupações
centrais num programa de treino
desportivo bem organizado e com impacto
social. A consideração de fatores como a
recuperação física, a integridade dos
equipamentos, a organização dos
exercícios, e muitos outros, podem ser
incluídos neste quadro.
6. PREVENÇÃO DE LESÕES
Este objetivo, ligado ao anterior, reveste-se
de um carácter mais restrito e detalhado,
uma vez que diz respeito, muito
especialmente à organização dos exercícios
de treino e ao suporte articular e muscular
envolvido, que deve estar plenamente
assegurado. Pode ter uma importância
especial no atleta jovem principalmente em
disciplinas desportiva onde o impacto físico
e o contacto entre oponentes é mais
habitual.
21
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
7. BASES TEÓRICAS
A atividade do treino deve ser
acompanhada pela exposição e discussão
sobre os procedimentos e seus
fundamentos. Não é aceitável que um
atleta não saiba distinguir um esforço de
base aeróbia de um outro de velocidade e
que não entenda quais os mecanismos
subjacentes. Esta questão alarga-se aos
domínios técnicos e táticos, assim como à
relevância de muitos fatores psicológicos,
entre eles o controlo da ansiedade pré-
competitiva.
22
1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE
“Aqui só se treina em especificidade. É tudo com bola.”
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
23
1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE
Nos meandros do treino desportivo, em concreto na modalidade de futebol,
ainda subsiste a crença, ou o mito, de que qualquer exercício que contenha a bola
é específico. A classificação que é feita dos exercícios baseia-se,
fundamentalmente, na premissa: tem bola é específico, não tem bola é geral!
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
24
1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE
Como é evidente, esta é uma visão extremamente redutora e limitada do treino e
condiciona, em muito, o processo de preparação de qualquer equipa para a
competição.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
25
1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE
Treinar em especificidade implica trabalhar num contexto que replique, o mais
aproximadamente possível, a realidade que se irá encontrar na competição, quer
seja a um nível mais macroscópico (ex: organização defensiva), ou mais
microscópico (ex. pontapés de canto defensivos).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
26
1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE
A bola é essencial, mas não é determinante para o exercício apresentar um
caráter específico. Para isso, terá de se acrescentar companheiros de equipa,
adversários, objetivos definidos em função da filosofia da equipa técnica e,
também, controlar algumas variáveis do foro contextual que possam ser
antecipadas, relativamente ao que é expectável ocorrer no compromisso
competitivo seguinte (dimensões do espaço, características do terreno,
temperatura, qualidade do árbitro, ruído do público, etc.).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
27
1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE
No fundo, treinar em especificidade é jogar com propósitos bem definidos. Para o
treinador, significará propor situações de jogo, mais ou menos reduzidas (mais ou
menos microscópicas), que pressuponham uma interação permanente entre os
jogadores (cooperação e oposição) e o seu envolvimento, equacionando inúmeras
variáveis passíveis de afetar momentaneamente a organização das ações dos
indivíduos e o plano estratégico-tático da equipa.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
28
1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE
Por exemplo, uma equipa a jogar com menos um jogador, por motivo de expulsão
ou lesão, conduz a um reajustamento das missões e das ações táticas dos outros
elementos da equipa.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
29
1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE
“Só se poderá chamar especificidade se houver uma permanente relação entre as
componentes psico-cognitivas, tático-técnicas, “físicas” e coordenativas, em
correlação permanente com o modelo de jogo adotado e respetivos princípios
que lhe dão corpo (Oliveira, 1991).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
30
1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE
O treinador é o espelho do seu modelo de jogo
Os jogadores e a equipa são o espelho dos
métodos de treino utilizados
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
31
1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE
A especificidade é um pressuposto fundamental na conceptualização e
estruturação dos métodos de treino
 
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
1. Manter as particularidades do
todo numa parte
2. Manter uma lógica de
continuidade e de sentido
32
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
2. Manter uma lógica de continuidade e de
sentido
Cada método de treino deve
representar uma parte do todo
(modelo de jogo), mantendo-se no
interior do seu quadro conceptual e
operacional.
A aplicação de diferentes temas de
treino não devem ser encarados como
uma fragmentação do jogo, mas sim,
como uma lógica de continuidade
estrutural e funcional.
A conceção e ordenação dos meios de treino
em cada sessão ou microciclo não devem
“fragmentar” o modelo de jogo
Devem desenvolver-se numa continuidade
lógica de identidade do conteúdo e estrutura
de jogo, convergindo num sentido único.
Se assim não for, estaremos perante uma
nova forma de mutilação da realidade deste.
1. Manter as particularidades do todo
numa parte
33
FADIGA (CONCEITO)
Uma das questões mais pertinentes que podemos atualmente colocar no estudo
fisiológico do futebol é saber porque é que a performance dos jogadores piora à
medida que o jogo se aproxima do seu final (Rebelo et ai. 1997). Dito por outras
palavras, urge estudar/compreender como é que a fadiga se desenvolve no
decorrer do jogo.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
34
FADIGA (CONCEITO)
A fadiga pode ser definida como a incapacidade de manter uma determinada
intensidade de exercício (Duarte, 1989) em resposta à atividade muscular, reversível
através do repouso (Sargeant, 1994).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
35
SOBRETREINO (CONCEITO)
Outra questão relevante a compreender nesta área (fadiga no futebol) é se, face à
extensão do período competitivo e ao grande aumento do número e da duração
das sessões de treino que tem vindo a verificar-se, os futebolistas correm o risco
de entrarem em sobretreino.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
36
SOBRETREINO (CONCEITO)
O sobretreino é um complexo de condições clínicas caracterizado pela estagnação
ou mesmo pelo decréscimo da performance, apesar da continuidade do treino
(Kuipers e Keizer, 1988; ParryBillings et ai. 1993; Soares et ai. 1998).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
37
SOBRETREINO (CONCEITO)
Trata-se de uma resposta de stress geral do organismo ao treino de grande
volume e/ou de alta intensidade, em que são utilizados períodos de recuperação
inadequados entre as sessões de treino (Mackinnon e Hooper, 1992). A recuperação deste
estado de desadaptação funcional e fisiológica pode durar semanas ou mesmo
meses (Kuipers e Keiser, 1988).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
38
SOBRETREINO (CONCEITO)
O estudo do sobretreino nos jogos desportivos coletivos é relativamente recente.
A sua aplicação ao futebol pode mesmo ser considerada rara. A aceitação
tradicional de que se tratava de uma modalidade em que apenas a competição
colocava grandes exigências tanto a nível físico, como psicológico terão estado na
génese destes factos.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
39
SOBRETREINO (CONCEITO)
Com efeito, a duração média diária dos treinos de futebol (1 a 2 horas) terá
levado a que se considerasse que, sob tão baixo volume de exercício, não se
encontrariam atletas sobretreinados. Todavia, face ao substancial aumento do
número de horas de treino e, em particular, do número e da intensidade das
competições que têm vindo a caracterizar a evolução da modalidade nos últimos
anos, não nos parece irreal esperar encontrar jogadores sobretreinados em
alguma fase da época desportiva. A verificar-se este quadro, as componentes
física e psicológica seriam as grandes responsáveis; as duas áreas em que o
sobretreino pode ter origem (Kreider et ai. 1998).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
40
FADIGA E SOBRETREINO (CONCEITOS)
Nos últimos slides pretendeu-se dar compreender de forma genérica a fadiga e o
sobretreino no futebol: respostas agudas e crónicas
Fadiga aguda (fadiga induzida pelo jogo): surge após esforço e desaparece
com o repouso.
Fadiga Crónicas (sobretreino): instala-se no jogador quando existe um desajuste
do volume de trabalho e repouso, por excesso de treino ou de competição e o seu
inicio é na maioria das vezes assintomático.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
41
FADIGA E SOBRETREINO
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
A – Adaptação Aguda ou fase de
alarme (estímulo de treino) e
consequente redução da
capacidade de rendimento;
B - Fase de recuperação;
C - Adaptação Crónica ou fase
de supercompensação;
D - Fase de adaptação
reversível (destreino).
42
FADIGA E SOBRETREINO
A Adaptação Aguda - reação rápida do organismo a uma intensidade máxima e
envolve três fases fundamentais:
1- Ativação dos sistemas funcionais: aumento brusco da frequência cardíaca,
débito cardíaco e ventilatório, etc.
2- Estabilização dos sistemas funcionais
3- Diminuição progressiva do equilíbrio: entre as necessidades da atividade
e a capacidade do organismo para satisfazê-la.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
43
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
FADIGA E SOBRETREINO
C Adaptação Crónica
1- Utilização repetitiva de cargas que solicitem os mecanismos de resposta
rápida;
2- Adaptação do organismo a novas condições de funcionamento;
3- Estabilização e aumento das reservas funcionais
44
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
A Fadiga é o Declínio do Rendimento Desportivo, como resultado da atividade
muscular.
Ou seja é a falta de capacidade para manter ou repetir uma determinada força
pela contração muscular.
De uma forma simplista podemos definir a fadiga como a rutura temporária do
equilíbrio interno (homeostasia).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
45
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
1 Durante o exercício as fibras se abastecem de açúcares e gorduras.
Para quebrar essas substâncias e transformá-las na energia que o
corpo precisa, o organismo produz ácido lático.
2 Em excesso, o ácido lático estimula os recetores musculares,
transmitindo aos neurónios a sensação de fadiga e enviando para o
cérebro um aviso de que o organismo está no limite
COMO SURGE A FADIGA
Mais comum que a dor, a sensação de cansaço intenso exige a interrupção da
prática corporal. Caso contrário, podem surgir cãimbras fortes.
COM EXERCÍCIOS DEMAIS…
… o organismo libera muito ácido
lático, que penetra nas placas
motoras (junção entre músculos e
neurónios), dificultando o controle
da musculatura. O resultado é a
sensação de cãimbra.
46
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
Incapacidade para manter:
a velocidade de deslocamento
os níveis de força e potência
Índice de
fadiga
47
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
Segundo Scherrer e Monod, a fadiga obedece a dois pressupostos :
- A uma baixa da capacidade contráctil do músculo provocada pelo
funcionamento desse músculo quando um estímulo adequado se mantém
constante;
- Á diminuição da capacidade funcional, que é reversível com o repouso.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
48
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
INDICADORES DE FADIGA POR PARTE DO JOGADOR:
- Alterações na performance;
- Redução da Eficácia;
- Redução do valores máximos e submáximos de força e velocidade;
- Aumento do número de Erros e uma maior descoordenação.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
49
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
FADIGA
Fatores
influenciadores
Repouso
50
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
ERROS PARA A INSTALAÇÃO RÁPIDA DE UMA FADIGA INDESEJÁVEL:
❑ Responsabilidade do jogador:
- Tempo insuficiente de sono
- Insuficiente tempo de lazer
- Alimentação
- Hábitos tabágicos, etílicos, etc...
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
51
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
ERROS PARA A INSTALAÇÃO RÁPIDA DE UMA FADIGA INDESEJÁVEL:
❑ Responsabilidade do Treinador:
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
Negligência na recuperação.
Progressão da carga ignorando os
processos de adaptação.
Excesso de competições.
Monotonia no processo de treino.
Número excessivo de falhanços.
52
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
NÍVEIS DE FADIGA:
1) Crise de Adaptação
É um estado de fadiga normal após os primeiros treinos da época ou após treinos
muito intensos, são sentidas algumas dores musculares que duram 3, 4, ou 5 dias.
Não é uma situação preocupante mas há que estar atento.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
53
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
NÍVEIS DE FADIGA:
2) Crise de Supra Solicitação
Instala-se quando o treinador não deteta a crise de adaptação e continua a
aplicar cargas para quem a resposta não é boa.
Este estado tem origem nas alterações bruscas do processo de treino sem o
respetivo controlo, a recuperação faz-se com um repouso ativo de algumas
semanas (2 /3 semanas praticando outras atividades).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
54
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
NÍVEIS DE FADIGA:
3) Crise de Sobretreino (overtraining):
É o estado de fadiga mais grave, não se deteta no organismo do indivíduo, o
jogador pode não voltar a ser a mesma pessoa, nem voltar a repetir as suas
melhores prestações, a recuperação pode levar a uma paragem longa (até
meses).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
55
Overtraining:
É um estado persistente de diminuição da capacidade funcional que resulta do
desequilíbrio entre a carga e a recuperação.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
56
FATORES DETERMINANTES DO SOBRETREINO:
- Intensidade e volume elevados de treino com
insuficiente tempo de recuperação entre cargas
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
57
FATORES DETERMINANTES DO SOBRETREINO:
- Incrementos súbitos de carga de treino
- Elevada densidade das competições
- Nível de aptidão física baixo ou insuficiente
- Lesões e infeções frequentes
- Baixos níveis de motivação e instabilidade emocional
- Aporte calórico insuficiente ou dieta desiquilibrada
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
58
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
INDICADORES DE SOBRETREINO POR PARTE DO JOGADOR:
▪ Alterações na performance ■ Anorexia (sem fome)
▪ Alterações gastro – intestinais ■ Perda de peso
▪ Aumento do tempo de recuperação (frequência cardíaca) ■ Polidipsia (muita sede)
▪ Estados de humor (hiperagressividade e hiperemotividade) ■ Insónias
▪ Fraca capacidade de adaptação ao meio envolvente ■ Perda de Concentração
▪ Maior Suscetibilidade a infeções (constipações, gripes, etc...) ■ Aumento da FC e TA - Repouso
▪ Alteração de atividade sistemas imunológico
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
59
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
DETEÇÃO DE SOBRETREINO (FADIGA)
Para podermos diagnosticar o sobretreino (fadiga) podemos recorrer a análises
ao sangue (técnica invasiva) e a análises à urina (mais utilizada).
Indicadores de fadiga (doseamentos urinários): Proteinúria; Mioglobinúria; Ácido
vanil – mandélico; Na+ (Sódio), K+ (Potássio), Mg++ (Magnésio).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
60
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
CONTROLO DO PROCESSO DE FADIGA:
- Pesar-se todos os dias de manhã, depois de urinar, e não deve haver uma
diferença < 1kg em relação ao dia anterior.
- Medir todos os dias a frequência cardíaca basal(assim que acorda) em 15”, e
esta não deve estar aumentada em relação ao dia anterior mais de 10
pulsações por minuto.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
61
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
O treinador através da sua relação quotidiana com o Jogador e baseado nos
conhecimentos que possui deverá ser o primeiro a suspeitar da instalação de uma
situação de fadiga.
Deverá também evitá-la, através da utilização de metodologias corretas e
aproveitando os contributos oriundos de outras áreas, nomeadamente a
psicológica e a médico desportiva.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
62
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
28/01/20
14
63
1.2 TREINO VERSUS FADIGA
RETARDAR O APARECIMENTO DA FADIGA POR:
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
Treino bem
orientado
Dieta
equilibrada
Acompanhamento
psicológico
Programa
recreativo
64
1.3 TREINO VERSUS DESTREINO
CONCEITO DE DESTREINO: Modificações corporais em resposta a uma redução ou
paragem do treino físico regular. Extinção de um hábito ou automatismo devido à
falta de atividade.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
65
1.3 TREINO VERSUS DESTREINO
PRINCÍPIO DA REVERSIBILIDADE
Os efeitos ou alterações induzidas no organismo pelo treino são reversíveis e a
maior parte pode perder-se quando o processo de treino é interrompido. Ainda
assim, há “adaptações conseguidas através do exercício que determinam um
traço no organismo humano” ou seja, um novo patamar de adaptação, com
perdas mais ou menos rápidas, em função daquilo que se treinou (Castelo, 1996).
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
66
1.3 TREINO VERSUS DESTREINO
PRINCÍPIO DA REVERSIBILIDADE
O mesmo diz Hoffman (2014), citando Mujika e Padilla (2001), que mencionam
decréscimos entre 4 e 20% nas primeiras oito semanas de destreino, deixando de
verificar-se perdas após esse período.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
67
1.3 TREINO VERSUS DESTREINO
Segundo Castelo (1996), podemos afirmar:
■ que as cargas de grande volume e pequena intensidade têm um efeito de treino mais
prolongado;
■ que as cargas de grande intensidade e pequeno volume têm um efeito mais breve;
■ que as aquisições que levam mais tempo a ser obtidas mantêm-se durante muito mais
tempo;
■ que o decréscimo dos efeitos de adaptação será tanto maior quanto mais recente e
menos consolidados forem os níveis de adaptação.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino
68
1.3 TREINO VERSUS DESTREINO
De modo a minorar os efeitos negativos associados a este princípio, Manso et al.
(1996) sugerem:
i) evitar, dentro do possível, toda a interrupção do treino,
ii) assegurar continuidade no desenvolvimento complexo de todos os fatores de
rendimento,
iii) em caso de lesão evitar paragens completas do treino e
iv) ajustar as fases de recuperação de modo evitar situações que impliquem restrições ao
treino.
Formação Específica - Futebol
9499 - Futebol – metodologia do treino
1ª parte: Conceito de treino

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Feedback em Aprendizagem Motora
Feedback em Aprendizagem MotoraFeedback em Aprendizagem Motora
Feedback em Aprendizagem MotoraCassio Meira Jr.
 
Materiais auxiliares na inicialização de aprendizagem da natação
Materiais auxiliares na inicialização de aprendizagem da nataçãoMateriais auxiliares na inicialização de aprendizagem da natação
Materiais auxiliares na inicialização de aprendizagem da nataçãoNeilor Roldão
 
Apostila ed.fisica 4 etapa
Apostila ed.fisica 4 etapaApostila ed.fisica 4 etapa
Apostila ed.fisica 4 etapaEdson Zacqueu
 
Capacidades motoras - Educação Física 11ºano
Capacidades motoras - Educação Física 11ºanoCapacidades motoras - Educação Física 11ºano
Capacidades motoras - Educação Física 11ºanoMaria Rebelo
 
Princípios do Treinamento Desportivo
Princípios do Treinamento DesportivoPrincípios do Treinamento Desportivo
Princípios do Treinamento DesportivoFoz
 
As Capacidades Motoras Condicionais e Coordenativas
As Capacidades Motoras Condicionais e CoordenativasAs Capacidades Motoras Condicionais e Coordenativas
As Capacidades Motoras Condicionais e CoordenativasAna Carvalho
 

Was ist angesagt? (20)

Aula 8 exercicio para populacoes especiais
Aula 8    exercicio para populacoes especiaisAula 8    exercicio para populacoes especiais
Aula 8 exercicio para populacoes especiais
 
Ciclos de treinamento
Ciclos de treinamentoCiclos de treinamento
Ciclos de treinamento
 
O Ensino do Futebol
O Ensino do FutebolO Ensino do Futebol
O Ensino do Futebol
 
Capacidades físicas
Capacidades físicasCapacidades físicas
Capacidades físicas
 
FISIOLOGIA DO ESFORÇO
FISIOLOGIA DO ESFORÇOFISIOLOGIA DO ESFORÇO
FISIOLOGIA DO ESFORÇO
 
Feedback em Aprendizagem Motora
Feedback em Aprendizagem MotoraFeedback em Aprendizagem Motora
Feedback em Aprendizagem Motora
 
Sebenta modulo 16. cursos profissionais
Sebenta modulo 16. cursos profissionaisSebenta modulo 16. cursos profissionais
Sebenta modulo 16. cursos profissionais
 
Materiais auxiliares na inicialização de aprendizagem da natação
Materiais auxiliares na inicialização de aprendizagem da nataçãoMateriais auxiliares na inicialização de aprendizagem da natação
Materiais auxiliares na inicialização de aprendizagem da natação
 
Treino desportivo
Treino desportivoTreino desportivo
Treino desportivo
 
Apostila ed.fisica 4 etapa
Apostila ed.fisica 4 etapaApostila ed.fisica 4 etapa
Apostila ed.fisica 4 etapa
 
Capacidades físicas
Capacidades físicasCapacidades físicas
Capacidades físicas
 
Principios do-treinamento-desportivo1
Principios do-treinamento-desportivo1Principios do-treinamento-desportivo1
Principios do-treinamento-desportivo1
 
Treinamento funcional
Treinamento funcionalTreinamento funcional
Treinamento funcional
 
Ciclos de treinamento 02
Ciclos de treinamento 02Ciclos de treinamento 02
Ciclos de treinamento 02
 
Capacidades motoras - Educação Física 11ºano
Capacidades motoras - Educação Física 11ºanoCapacidades motoras - Educação Física 11ºano
Capacidades motoras - Educação Física 11ºano
 
Periodização
PeriodizaçãoPeriodização
Periodização
 
Musculação
MusculaçãoMusculação
Musculação
 
Hidroginastica
HidroginasticaHidroginastica
Hidroginastica
 
Princípios do Treinamento Desportivo
Princípios do Treinamento DesportivoPrincípios do Treinamento Desportivo
Princípios do Treinamento Desportivo
 
As Capacidades Motoras Condicionais e Coordenativas
As Capacidades Motoras Condicionais e CoordenativasAs Capacidades Motoras Condicionais e Coordenativas
As Capacidades Motoras Condicionais e Coordenativas
 

9499 Conceito de treino.pdf

  • 1. FORMAÇÃO ESPECÍFICA – FUTEBOL (FEF) UFCD 9499 - Futebol – metodologia do treino
  • 2. 2 1. CONCEITO DE TREINO Para Bompa (1983), o Treino Desportivo é uma atividade desportiva sistemática de longa duração, graduada de forma progressiva a nível individual, cujo objetivo é preparar as funções humanas, psicológicas e fisiológicas para poder superar as tarefas mais exigentes. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 3. 3 1. CONCEITO DE TREINO ANDRI VER, LECLERQ e CHIGNON (França), definem Treino Desportivo como um conjunto de procedimentos tendentes a conduzir um ser humano ao máximo das suas possibilidades físicas. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 4. 4 1. CONCEITO DE TREINO Por sua vez BAYER (Alemanha), diz-nos que o Treino Desportivo é um meio encaminhado a exercitar e coordenar as funções fisiológicas dos diferentes grupos musculares do organismo. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 5. 5 1. CONCEITO DE TREINO MATVÉIEV (Rússia), define o Treino Desportivo, como um fenómeno pedagógico, sendo um processo especializado da Educação Física orientada, cujo objetivo é alcançar elevados resultados desportivos. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 6. 6 1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS A noção de treino está, fundamentalmente, ligada a duas ideias principais: ■ Ao trabalho a realizar num determinado campo de atividade para se conseguir um nível de eficácia elevado. Esta ideia aparece normalmente associada a uma prática de repetição de tarefas, muitas vezes apresentadas segundo sequências facilitadoras, organizadas de acordo com uma lógica de dificuldade crescente. ■ Ao processo de preparação para um qualquer acontecimento que exija grande concentração por parte do indivíduo ou uma utilização dos recursos físicos e psíquicos de grande exigência. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 7. 7 O treino desportivo abarca estas duas ideias e subordina-as a um propósito principal: a obtenção do máximo desempenho desportivo. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino Entende-se por desempenho desportivo, também conhecido pelo termo inglês “performance”, o resultado, obtido em competição, que expressa as possibilidades máximas individuais numa determinada disciplina desportiva, num determinado momento de desenvolvimento do atleta e da época de preparação. O desempenho, especialmente em desportos baseados na locomoção, ou seja, na ação de translação do próprio corpo de um ponto no espaço para outro, pode ser, por exemplo, o tempo levado a percorrer uma dada distância (fazer 14 minutos aos 5000 m é um desempenho) ou a distância percorrida num determinado período de tempo (conseguir correr 24 km numa hora).
  • 8. 8 1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS Quando se fala em treino desportivo, estamos sempre a colocar a questão de uma preparação ótima e sistemática para a competição. Não existe treino desportivo sem um quadro competitivo definido e regulamentado que enquadre, do ponto de vista das dinâmicas sociais, esta prática. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 9. 9 1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS No entanto, a preparação para a competição desportiva, é um processo que tem que ser entendido a longo prazo, devendo desenrolar-se no máximo respeito pelas características individuais, motivação e integridade do estado de saúde do praticante. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 10. 10 1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS Daí que se considere que, se bem que não exista desporto, ou treino desportivo, sem a competição, também não se poderá falar em treino desportivo quando este não é firmemente orientado segundo uma perspectiva pedagógica e formativa tendo em vista o desenvolvimento pessoal de cada praticante. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 11. 11 1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS Consideramos, então o treino desportivo como um processo pedagógico complexo, porque aquilo que o treinador tem que fazer, essencialmente, é, de um modo apropriado e bem adaptado às capacidades e fraquezas de cada um, ensinar novas destrezas e formas de obter sucesso na competição, desenvolvendo, simultaneamente, a capacidade de trabalho e de entrega do praticante, o espírito de equipa e a aptidão de cooperação, a vontade de superação. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 12. 12 1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS O treino desportivo, conduzido adequadamente enquanto processo pedagógico é, também, um fator de enriquecimento cultural e um estímulo para o desenvolvimento intelectual e cognitivo. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 13. 13 1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS A quantidade enorme de fatores com que se lida no dia a dia do treino desportivo fazem dele, também, um fenómeno complexo, que exige, para que seja bem sucedido, saber e experiência por parte do elemento orientador e condutor deste processo: o treinador. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 14. 14 Outras Perspetivas… O Treino é um processo pedagógico que visa desenvolver as capacidades técnicas, táticas, físicas e psicológicas dos praticantes e das equipas, articulado com princípios científicos, através da prática sistemática e planificada do exercício. Curso Treinadores III Grau Porto, 2014 Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino O Treino é um processo sistematizado. Isto é, não é apenas um conjunto de repetições de exercícios escolhidos sem qualquer critério que não seja a inspiração do momento. Tudo o que se realiza no treino deve manter uma relação lógica com os objetivos traçados pelo Treinador (treinar em especificidade) . Curso Treinadores III Grau Porto, 2014
  • 15. 15 1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS TREINO Pretende que os praticantes sejam capazes de resolver as situações que enfrentam durante a competição através do:  Domínio das ações técnicas e dos comportamentos táticos;  Adaptação do organismo aos esforços intensos solicitados pela competição;  Habituação progressiva dos praticantes às exigências psico- -emocionais da competição. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 16. 16 CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS Objetivos do Treino Desportivo: Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino Eficácia máxima Recuperações rápidas Mínimo dispêndio energético Rendimento Desportivo
  • 17. 17 1. CONCEITO DE TREINO DESPORTIVO E OS SEUS OBJETIVOS Um autor bem conhecido no âmbito do treino desportivo sistematiza do seguinte modo aquilo que considera serem os objetivos gerais desta atividade (Bompa, 1999): Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino 1. Desenvolvimento Específico das Aptidões e Capacidades 2. Desenvolvimento Físico Multilateral 4. Espírito de equipa 3. Desenvolvimento psicológico 5. Estado de saúde do atleta 6. Prevenção de lesões 7. Bases teóricas
  • 18. 18 Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino 1. DESENVOLVIMENTO ESPECÍFICO DAS APTIDÕES E CAPACIDADES O treino está centrado na preparação para a competição. Neste sentido, ele procura, em primeira instância, otimizar as aptidões que mais influência terão nos resultados desportivos. Isto implica uma integração dos vários fatores do treino, sendo o treino das qualidades físicas o suporte para um melhor aprofundamento das habilidades técnicas e uma melhor capacidade concretização dos procedimentos táticos. 2. DESENVOLVIMENTO FÍSICO MULTILATERAL Apesar do anterior, é reconhecida a necessidade de uma base alargada de adaptações orgânicas e de um repertório motor vasto e variado para melhor responder às necessidades da preparação especializada. Esta temática é nuclear no âmbito da formação desportiva inicial e relaciona-se, naturalmente, com a manutenção do estado de saúde do atleta e da prevenção de lesões.
  • 19. 19 Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino 3. DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO Neste campo fala-se muitas vezes das “qualidades volitivas*”: disciplina de treino e de comportamentos em competição; confiança; coragem; vontade de vencer; gosto pela superação individual. 4. ESPÍRITO DE EQUIPA Surge como necessidade em todos os desportos, sejam coletivos ou individuais. Tem a ver com a criação de uma cultura de grupo propiciadora de coesão interna e com amplas consequências no campo da motivação, portanto, influenciando grandemente a otimização dos resultados desportivos e a longevidade da carreira do atleta.
  • 20. 20 Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino 5. ESTADO DE SAÚDE DO ATLETA A manutenção em estado ótimo da saúde do atleta e prevenção cuidadosa de todos os fatores de risco são preocupações centrais num programa de treino desportivo bem organizado e com impacto social. A consideração de fatores como a recuperação física, a integridade dos equipamentos, a organização dos exercícios, e muitos outros, podem ser incluídos neste quadro. 6. PREVENÇÃO DE LESÕES Este objetivo, ligado ao anterior, reveste-se de um carácter mais restrito e detalhado, uma vez que diz respeito, muito especialmente à organização dos exercícios de treino e ao suporte articular e muscular envolvido, que deve estar plenamente assegurado. Pode ter uma importância especial no atleta jovem principalmente em disciplinas desportiva onde o impacto físico e o contacto entre oponentes é mais habitual.
  • 21. 21 Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino 7. BASES TEÓRICAS A atividade do treino deve ser acompanhada pela exposição e discussão sobre os procedimentos e seus fundamentos. Não é aceitável que um atleta não saiba distinguir um esforço de base aeróbia de um outro de velocidade e que não entenda quais os mecanismos subjacentes. Esta questão alarga-se aos domínios técnicos e táticos, assim como à relevância de muitos fatores psicológicos, entre eles o controlo da ansiedade pré- competitiva.
  • 22. 22 1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE “Aqui só se treina em especificidade. É tudo com bola.” Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 23. 23 1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE Nos meandros do treino desportivo, em concreto na modalidade de futebol, ainda subsiste a crença, ou o mito, de que qualquer exercício que contenha a bola é específico. A classificação que é feita dos exercícios baseia-se, fundamentalmente, na premissa: tem bola é específico, não tem bola é geral! Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 24. 24 1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE Como é evidente, esta é uma visão extremamente redutora e limitada do treino e condiciona, em muito, o processo de preparação de qualquer equipa para a competição. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 25. 25 1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE Treinar em especificidade implica trabalhar num contexto que replique, o mais aproximadamente possível, a realidade que se irá encontrar na competição, quer seja a um nível mais macroscópico (ex: organização defensiva), ou mais microscópico (ex. pontapés de canto defensivos). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 26. 26 1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE A bola é essencial, mas não é determinante para o exercício apresentar um caráter específico. Para isso, terá de se acrescentar companheiros de equipa, adversários, objetivos definidos em função da filosofia da equipa técnica e, também, controlar algumas variáveis do foro contextual que possam ser antecipadas, relativamente ao que é expectável ocorrer no compromisso competitivo seguinte (dimensões do espaço, características do terreno, temperatura, qualidade do árbitro, ruído do público, etc.). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 27. 27 1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE No fundo, treinar em especificidade é jogar com propósitos bem definidos. Para o treinador, significará propor situações de jogo, mais ou menos reduzidas (mais ou menos microscópicas), que pressuponham uma interação permanente entre os jogadores (cooperação e oposição) e o seu envolvimento, equacionando inúmeras variáveis passíveis de afetar momentaneamente a organização das ações dos indivíduos e o plano estratégico-tático da equipa. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 28. 28 1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE Por exemplo, uma equipa a jogar com menos um jogador, por motivo de expulsão ou lesão, conduz a um reajustamento das missões e das ações táticas dos outros elementos da equipa. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 29. 29 1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE “Só se poderá chamar especificidade se houver uma permanente relação entre as componentes psico-cognitivas, tático-técnicas, “físicas” e coordenativas, em correlação permanente com o modelo de jogo adotado e respetivos princípios que lhe dão corpo (Oliveira, 1991). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 30. 30 1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE O treinador é o espelho do seu modelo de jogo Os jogadores e a equipa são o espelho dos métodos de treino utilizados Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 31. 31 1.1 TREINO VERSUS NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE A especificidade é um pressuposto fundamental na conceptualização e estruturação dos métodos de treino   Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino 1. Manter as particularidades do todo numa parte 2. Manter uma lógica de continuidade e de sentido
  • 32. 32 Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino 2. Manter uma lógica de continuidade e de sentido Cada método de treino deve representar uma parte do todo (modelo de jogo), mantendo-se no interior do seu quadro conceptual e operacional. A aplicação de diferentes temas de treino não devem ser encarados como uma fragmentação do jogo, mas sim, como uma lógica de continuidade estrutural e funcional. A conceção e ordenação dos meios de treino em cada sessão ou microciclo não devem “fragmentar” o modelo de jogo Devem desenvolver-se numa continuidade lógica de identidade do conteúdo e estrutura de jogo, convergindo num sentido único. Se assim não for, estaremos perante uma nova forma de mutilação da realidade deste. 1. Manter as particularidades do todo numa parte
  • 33. 33 FADIGA (CONCEITO) Uma das questões mais pertinentes que podemos atualmente colocar no estudo fisiológico do futebol é saber porque é que a performance dos jogadores piora à medida que o jogo se aproxima do seu final (Rebelo et ai. 1997). Dito por outras palavras, urge estudar/compreender como é que a fadiga se desenvolve no decorrer do jogo. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 34. 34 FADIGA (CONCEITO) A fadiga pode ser definida como a incapacidade de manter uma determinada intensidade de exercício (Duarte, 1989) em resposta à atividade muscular, reversível através do repouso (Sargeant, 1994). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 35. 35 SOBRETREINO (CONCEITO) Outra questão relevante a compreender nesta área (fadiga no futebol) é se, face à extensão do período competitivo e ao grande aumento do número e da duração das sessões de treino que tem vindo a verificar-se, os futebolistas correm o risco de entrarem em sobretreino. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 36. 36 SOBRETREINO (CONCEITO) O sobretreino é um complexo de condições clínicas caracterizado pela estagnação ou mesmo pelo decréscimo da performance, apesar da continuidade do treino (Kuipers e Keizer, 1988; ParryBillings et ai. 1993; Soares et ai. 1998). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 37. 37 SOBRETREINO (CONCEITO) Trata-se de uma resposta de stress geral do organismo ao treino de grande volume e/ou de alta intensidade, em que são utilizados períodos de recuperação inadequados entre as sessões de treino (Mackinnon e Hooper, 1992). A recuperação deste estado de desadaptação funcional e fisiológica pode durar semanas ou mesmo meses (Kuipers e Keiser, 1988). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 38. 38 SOBRETREINO (CONCEITO) O estudo do sobretreino nos jogos desportivos coletivos é relativamente recente. A sua aplicação ao futebol pode mesmo ser considerada rara. A aceitação tradicional de que se tratava de uma modalidade em que apenas a competição colocava grandes exigências tanto a nível físico, como psicológico terão estado na génese destes factos. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 39. 39 SOBRETREINO (CONCEITO) Com efeito, a duração média diária dos treinos de futebol (1 a 2 horas) terá levado a que se considerasse que, sob tão baixo volume de exercício, não se encontrariam atletas sobretreinados. Todavia, face ao substancial aumento do número de horas de treino e, em particular, do número e da intensidade das competições que têm vindo a caracterizar a evolução da modalidade nos últimos anos, não nos parece irreal esperar encontrar jogadores sobretreinados em alguma fase da época desportiva. A verificar-se este quadro, as componentes física e psicológica seriam as grandes responsáveis; as duas áreas em que o sobretreino pode ter origem (Kreider et ai. 1998). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 40. 40 FADIGA E SOBRETREINO (CONCEITOS) Nos últimos slides pretendeu-se dar compreender de forma genérica a fadiga e o sobretreino no futebol: respostas agudas e crónicas Fadiga aguda (fadiga induzida pelo jogo): surge após esforço e desaparece com o repouso. Fadiga Crónicas (sobretreino): instala-se no jogador quando existe um desajuste do volume de trabalho e repouso, por excesso de treino ou de competição e o seu inicio é na maioria das vezes assintomático. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 41. 41 FADIGA E SOBRETREINO Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino A – Adaptação Aguda ou fase de alarme (estímulo de treino) e consequente redução da capacidade de rendimento; B - Fase de recuperação; C - Adaptação Crónica ou fase de supercompensação; D - Fase de adaptação reversível (destreino).
  • 42. 42 FADIGA E SOBRETREINO A Adaptação Aguda - reação rápida do organismo a uma intensidade máxima e envolve três fases fundamentais: 1- Ativação dos sistemas funcionais: aumento brusco da frequência cardíaca, débito cardíaco e ventilatório, etc. 2- Estabilização dos sistemas funcionais 3- Diminuição progressiva do equilíbrio: entre as necessidades da atividade e a capacidade do organismo para satisfazê-la. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 43. 43 Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino FADIGA E SOBRETREINO C Adaptação Crónica 1- Utilização repetitiva de cargas que solicitem os mecanismos de resposta rápida; 2- Adaptação do organismo a novas condições de funcionamento; 3- Estabilização e aumento das reservas funcionais
  • 44. 44 1.2 TREINO VERSUS FADIGA A Fadiga é o Declínio do Rendimento Desportivo, como resultado da atividade muscular. Ou seja é a falta de capacidade para manter ou repetir uma determinada força pela contração muscular. De uma forma simplista podemos definir a fadiga como a rutura temporária do equilíbrio interno (homeostasia). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 45. 45 Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino 1 Durante o exercício as fibras se abastecem de açúcares e gorduras. Para quebrar essas substâncias e transformá-las na energia que o corpo precisa, o organismo produz ácido lático. 2 Em excesso, o ácido lático estimula os recetores musculares, transmitindo aos neurónios a sensação de fadiga e enviando para o cérebro um aviso de que o organismo está no limite COMO SURGE A FADIGA Mais comum que a dor, a sensação de cansaço intenso exige a interrupção da prática corporal. Caso contrário, podem surgir cãimbras fortes. COM EXERCÍCIOS DEMAIS… … o organismo libera muito ácido lático, que penetra nas placas motoras (junção entre músculos e neurónios), dificultando o controle da musculatura. O resultado é a sensação de cãimbra.
  • 46. 46 1.2 TREINO VERSUS FADIGA Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino Incapacidade para manter: a velocidade de deslocamento os níveis de força e potência Índice de fadiga
  • 47. 47 1.2 TREINO VERSUS FADIGA Segundo Scherrer e Monod, a fadiga obedece a dois pressupostos : - A uma baixa da capacidade contráctil do músculo provocada pelo funcionamento desse músculo quando um estímulo adequado se mantém constante; - Á diminuição da capacidade funcional, que é reversível com o repouso. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 48. 48 1.2 TREINO VERSUS FADIGA INDICADORES DE FADIGA POR PARTE DO JOGADOR: - Alterações na performance; - Redução da Eficácia; - Redução do valores máximos e submáximos de força e velocidade; - Aumento do número de Erros e uma maior descoordenação. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 49. 49 Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino FADIGA Fatores influenciadores Repouso
  • 50. 50 1.2 TREINO VERSUS FADIGA ERROS PARA A INSTALAÇÃO RÁPIDA DE UMA FADIGA INDESEJÁVEL: ❑ Responsabilidade do jogador: - Tempo insuficiente de sono - Insuficiente tempo de lazer - Alimentação - Hábitos tabágicos, etílicos, etc... Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 51. 51 1.2 TREINO VERSUS FADIGA ERROS PARA A INSTALAÇÃO RÁPIDA DE UMA FADIGA INDESEJÁVEL: ❑ Responsabilidade do Treinador: Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino Negligência na recuperação. Progressão da carga ignorando os processos de adaptação. Excesso de competições. Monotonia no processo de treino. Número excessivo de falhanços.
  • 52. 52 1.2 TREINO VERSUS FADIGA NÍVEIS DE FADIGA: 1) Crise de Adaptação É um estado de fadiga normal após os primeiros treinos da época ou após treinos muito intensos, são sentidas algumas dores musculares que duram 3, 4, ou 5 dias. Não é uma situação preocupante mas há que estar atento. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 53. 53 1.2 TREINO VERSUS FADIGA NÍVEIS DE FADIGA: 2) Crise de Supra Solicitação Instala-se quando o treinador não deteta a crise de adaptação e continua a aplicar cargas para quem a resposta não é boa. Este estado tem origem nas alterações bruscas do processo de treino sem o respetivo controlo, a recuperação faz-se com um repouso ativo de algumas semanas (2 /3 semanas praticando outras atividades). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 54. 54 1.2 TREINO VERSUS FADIGA NÍVEIS DE FADIGA: 3) Crise de Sobretreino (overtraining): É o estado de fadiga mais grave, não se deteta no organismo do indivíduo, o jogador pode não voltar a ser a mesma pessoa, nem voltar a repetir as suas melhores prestações, a recuperação pode levar a uma paragem longa (até meses). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 55. 55 Overtraining: É um estado persistente de diminuição da capacidade funcional que resulta do desequilíbrio entre a carga e a recuperação. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 56. 56 FATORES DETERMINANTES DO SOBRETREINO: - Intensidade e volume elevados de treino com insuficiente tempo de recuperação entre cargas Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 57. 57 FATORES DETERMINANTES DO SOBRETREINO: - Incrementos súbitos de carga de treino - Elevada densidade das competições - Nível de aptidão física baixo ou insuficiente - Lesões e infeções frequentes - Baixos níveis de motivação e instabilidade emocional - Aporte calórico insuficiente ou dieta desiquilibrada Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 58. 58 1.2 TREINO VERSUS FADIGA INDICADORES DE SOBRETREINO POR PARTE DO JOGADOR: ▪ Alterações na performance ■ Anorexia (sem fome) ▪ Alterações gastro – intestinais ■ Perda de peso ▪ Aumento do tempo de recuperação (frequência cardíaca) ■ Polidipsia (muita sede) ▪ Estados de humor (hiperagressividade e hiperemotividade) ■ Insónias ▪ Fraca capacidade de adaptação ao meio envolvente ■ Perda de Concentração ▪ Maior Suscetibilidade a infeções (constipações, gripes, etc...) ■ Aumento da FC e TA - Repouso ▪ Alteração de atividade sistemas imunológico Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 59. 59 1.2 TREINO VERSUS FADIGA DETEÇÃO DE SOBRETREINO (FADIGA) Para podermos diagnosticar o sobretreino (fadiga) podemos recorrer a análises ao sangue (técnica invasiva) e a análises à urina (mais utilizada). Indicadores de fadiga (doseamentos urinários): Proteinúria; Mioglobinúria; Ácido vanil – mandélico; Na+ (Sódio), K+ (Potássio), Mg++ (Magnésio). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 60. 60 1.2 TREINO VERSUS FADIGA CONTROLO DO PROCESSO DE FADIGA: - Pesar-se todos os dias de manhã, depois de urinar, e não deve haver uma diferença < 1kg em relação ao dia anterior. - Medir todos os dias a frequência cardíaca basal(assim que acorda) em 15”, e esta não deve estar aumentada em relação ao dia anterior mais de 10 pulsações por minuto. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 61. 61 1.2 TREINO VERSUS FADIGA O treinador através da sua relação quotidiana com o Jogador e baseado nos conhecimentos que possui deverá ser o primeiro a suspeitar da instalação de uma situação de fadiga. Deverá também evitá-la, através da utilização de metodologias corretas e aproveitando os contributos oriundos de outras áreas, nomeadamente a psicológica e a médico desportiva. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 62. 62 1.2 TREINO VERSUS FADIGA Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino 28/01/20 14
  • 63. 63 1.2 TREINO VERSUS FADIGA RETARDAR O APARECIMENTO DA FADIGA POR: Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino Treino bem orientado Dieta equilibrada Acompanhamento psicológico Programa recreativo
  • 64. 64 1.3 TREINO VERSUS DESTREINO CONCEITO DE DESTREINO: Modificações corporais em resposta a uma redução ou paragem do treino físico regular. Extinção de um hábito ou automatismo devido à falta de atividade. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 65. 65 1.3 TREINO VERSUS DESTREINO PRINCÍPIO DA REVERSIBILIDADE Os efeitos ou alterações induzidas no organismo pelo treino são reversíveis e a maior parte pode perder-se quando o processo de treino é interrompido. Ainda assim, há “adaptações conseguidas através do exercício que determinam um traço no organismo humano” ou seja, um novo patamar de adaptação, com perdas mais ou menos rápidas, em função daquilo que se treinou (Castelo, 1996). Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 66. 66 1.3 TREINO VERSUS DESTREINO PRINCÍPIO DA REVERSIBILIDADE O mesmo diz Hoffman (2014), citando Mujika e Padilla (2001), que mencionam decréscimos entre 4 e 20% nas primeiras oito semanas de destreino, deixando de verificar-se perdas após esse período. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 67. 67 1.3 TREINO VERSUS DESTREINO Segundo Castelo (1996), podemos afirmar: ■ que as cargas de grande volume e pequena intensidade têm um efeito de treino mais prolongado; ■ que as cargas de grande intensidade e pequeno volume têm um efeito mais breve; ■ que as aquisições que levam mais tempo a ser obtidas mantêm-se durante muito mais tempo; ■ que o decréscimo dos efeitos de adaptação será tanto maior quanto mais recente e menos consolidados forem os níveis de adaptação. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino
  • 68. 68 1.3 TREINO VERSUS DESTREINO De modo a minorar os efeitos negativos associados a este princípio, Manso et al. (1996) sugerem: i) evitar, dentro do possível, toda a interrupção do treino, ii) assegurar continuidade no desenvolvimento complexo de todos os fatores de rendimento, iii) em caso de lesão evitar paragens completas do treino e iv) ajustar as fases de recuperação de modo evitar situações que impliquem restrições ao treino. Formação Específica - Futebol 9499 - Futebol – metodologia do treino 1ª parte: Conceito de treino