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CCoooorrddeennaaççããoo PPeeddaaggóóggiiccaa
Módulo I
Parabéns por participar de um curso dos
Cursos 24 Horas.
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Esperamos que este seja o começo de
um grande sucesso em sua carreira.
Desejamos boa sorte e bom estudo!
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Atenciosamente
Equipe Cursos 24 Horas
Sumário
Introdução.................................................................................................................................1
Unidade 1 - Abordagem Inicial .................................................................................................3
1.1 - O que é Educação .............................................................................................................4
1.2 - O que é Pedagogia ..........................................................................................................13
1.3 - O que é Didática .............................................................................................................18
1.4 - Jean Piaget......................................................................................................................19
1.5 - Lev Vygotsky .................................................................................................................22
1.6 - Henri Wallon ..................................................................................................................27
Unidade 2 - O Coordenador Pedagógico..................................................................................30
2.1 - O que é o Coordenador Pedagógico?...............................................................................31
2.2 - O que é Orientador Pedagógico.......................................................................................43
2.3 – Desafios à Coordenação Pedagógica...............................................................................47
2.4 - Formação do Coordenador Pedagógico ...........................................................................53
Conclusão do Módulo I...........................................................................................................57
1
Introdução
No Brasil, é notável que a educação não vem
recebendo a atenção devida da sociedade e dos governantes.
O trabalho do professor, e por consequência de todo o grupo
que trabalha com ele dentro da escola, é social e
economicamente desvalorizado, o que desestimula muitos
profissionais.
Mas aqueles que trabalham com a educação sabem o papel fundamental que ela
tem no crescimento e desenvolvimento do país, assim como sua importância para o
crescimento individual dos alunos. Sem educação, as crianças e jovens de hoje estão
despreparados para enfrentar o mercado de trabalho e a vida, pois não terão as
ferramentas necessárias para se colocarem no mundo enquanto cidadãos ativos e
possíveis agentes da mudança social.
Daí a importância de um esforço centrado na constante melhoria do processo
educacional. Neste quadro, o papel do coordenador pedagógico se destaca, uma vez que
ele é o profissional, dentro da escola, que faz a formação contínua do professor, e lhe
traz ferramentas novas para atuar dentro da sala de aula.
Quem trabalha com educação sabe que não é possível responsabilizar os
professores e a escola pelas condições em que a educação pública se encontra no Brasil,
uma vez que suas ações estão condicionadas pelas políticas públicas que afetam a
escola. É impossível, para o professor, dar uma aula para cinquenta alunos com a
mesma qualidade do que daria para trinta.
Esse é um pequeno exemplo, ao qual também se somam as condições de
infraestrutura da escola, os baixos salários, a falta de materiais para se trabalhar com os
alunos, entre muitas outras variáveis.
2
Mas é papel dos educadores, na medida em que as condições oferecidas pelo
poder público lhes permite, atuar para a contínua melhoria do processo de ensino e
aprendizagem em sua instituição de ensino.
Este curso é direcionado a coordenadores pedagógicos que já trabalham na área e
visam se aperfeiçoar, e para professores que visam trabalhar nesta função. Além disso,
discutiremos os conceitos básicos de gestão, e a função dos diretores, coordenadores e
professores, além da relação destes com o supervisor de ensino, sendo que todos estes
profissionais se beneficiarão com as informações que serão apresentadas.
Veremos que o trabalho do coordenador pedagógico é de fundamental
importância dentro da escola, pois ele é o responsável pela formação contínua dos
professores, sendo um ponto de referência para estes.
Bom curso!
3
Unidade 1 - Abordagem Inicial
Olá aluno!
Nesta unidade veremos o que é a educação, e como a evolução do conceito se
deu através dos séculos e das diferentes sociedades. Também procuraremos conceituar o
que é pedagogia e didática.
Em seguida, serão apresentadas as teorias educacionais de três grandes
pedagogos que guiam o debate sobre educação no Brasil e no mundo desde o começo
do século XX: Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon.
Bons estudos!
4
1.1 - O que é Educação
“Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não
aprendo nem ensino."
(Paulo Freire)
A educação é um conceito amplo, que envolve o processo de desenvolvimento
da personalidade, das qualidades físicas, morais, intelectuais e estéticas de um
indivíduo, orientando a ação deste em relação à sociedade, de acordo com o momento
histórico vivido. Isto é importante, pois a educação se dá de diferentes formas ao longo
da história e em diferentes sociedades.
Toda sociedade pressupõe a existência de uma prática educativa, ela é um
fenômeno social e global, sendo necessária para existência da sociedade. Cada
sociedade precisa cuidar da formação dos indivíduos que a compõe, auxiliando no
desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, a fim de prepará-los para as várias
esferas da vida social. A prática educativa não é apenas uma exigência da vida em
sociedade, mas também assume o papel de prover aos indivíduos os conhecimentos e
experiências sociais que os habilitam a atuar no meio social e transformar este meio de
acordo com as necessidades que ele exige.
Podemos dizer que a educação tem início com os homens do período primitivo,
através da transmissão de conhecimento necessário para a sobrevivência do grupo. A
grande diferença entre o ser humano e os animais, segundo os antropólogos, é que os
homens têm a capacidade de reter experiências obtidas a partir de situações vividas e
transmiti-las aos seus descendentes. Ou seja, o que diferencia os homens dos animais é
a capacidade de transmitir conhecimento e, assim, formar as bases para a construção da
cultura.
Na pré-história, não havia escolas e professores; o conhecimento era transmitido
pelos chefes de família e, posteriormente, essa função ficou a cargo dos líderes
religiosos ou sacerdotes. Ao receber as informações sobre como sobreviver, como por
5
exemplo caçar um animal, como construir uma ferramenta, como não deixar o fogo
apagar, os indivíduos estavam habilitados não somente a repetir as ações de seus
instrutores, como também de criar novos meios de sobrevivência mais eficientes.
Assim, começou a evolução do ser humano e a evolução do conhecimento.
O conhecimento, no período primitivo,
era puramente oral, contando com poucas
formas de registro, como a pintura em
cavernas. Foi no oriente, mais
especificamente na China, que a escrita surgiu
como registro do conhecimento humano.
Assim, a sociedade começou a se organizar de
outra forma mais centralizada, através do
registro das tradições e a manutenção da cultura dominante através da educação. É
importante ressaltar que a educação e o conhecimento da escrita, na China, era restrito,
pois aparecia nos livros religiosos e só os sacerdotes tinham acesso à ela. Depois, outras
sociedades que foram expoentes do desenvolvimento da linguagem escrita foram o
Egito, a Índia, a Babilônia, os fenícios e os hebreus.
Foi na Grécia Antiga que os princípios da educação ocidental tiveram início:
muitos dizem que a Grécia Antiga é o berço da civilização ocidental. Teve como
principais representantes os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles. O indivíduo deveria
ser educado para que pudesse desenvolver plenamente sua personalidade e assumir seu
papel enquanto cidadão participante do Estado. Devemos ressaltar que, na Grécia
Antiga, cidadão era um conceito restrito aos homens que não fossem escravos ou
estrangeiros, ou seja, a educação era atribuída exclusivamente a este grupo.
Na Roma Antiga, a educação já era voltada para um caráter mais prático, focada
em valores compartilhados pelos romanos, como o direito, que deveriam se apresentar
como superiores a outras civilizações. O objetivo era a formação de um guerreiro,
6
através da educação moral e física dos indivíduos, e não mais de um cidadão, como na
Grécia Antiga.
Na Idade Média, a educação era conservadora e estava nas mãos da Igreja
Católica, ou seja, apenas os que participavam da Igreja como padres e monges
aprendiam a escrita e os conteúdos das culturas antigas. Neste período houve um
afastamento do estudo do legado da cultura greco-romana. O modelo de escola como
conhecemos, com um professor que ensina a muitos alunos, vem do modo como o
conhecimento era transmitido dentro da instituição. As universidades também surgiram
neste período, e se dedicavam ao estudo mais aprofundado de uma área do
conhecimento como a medicina, o direito e a teologia.
No período Renascentista, que teve início entre o final do século XIV e início do
século XVI, foi retomado o estudo da cultura Greco-romana, mas os estudos ainda eram
concentrados naqueles que detinham o poder, fosse ele econômico, representado pelos
burgueses, fosse ele religioso. O estudo das ciências naturais e exatas também passou a
ser ressaltado, assim como o interesse na arte que representasse os homens, e não
apenas a religião.
No século XVII houve a separação entre a Igreja e o Estado, isso teve reflexo na
educação, pois a escola passou a ser uma instituição que não era mais orientada pelos
princípios religiosos. A centralidade agora é no indivíduo, ao invés da religião. Foram
se desenvolvendo novos conceitos pedagógicos que orientavam o método de
transmissão de conhecimento, e a escola, juntamente com a família, eram as instituições
que formavam o indivíduo para sua inserção na sociedade.
Atualmente, os estudos sobre educação definem duas modalidades para
diferenciar as influências na prática educativa: as influências educativas intencionais e
as não intencionais. A educação não intencional é aquela que é produto do contexto
social e do ambiente em que as pessoas vivem, e acontece através de experiências,
ideias, valores e práticas que não estão relacionadas especificamente a uma instituição e
não são, necessariamente, intencionais ou conscientes. Vivemos estas experiências
7
cotidianamente, por todos os meios sociais em que passamos e, quase que sem perceber,
recebemos esta influência e construímos conhecimento de forma quase inconsciente.
A educação intencional, por outro lado, é aquela em que há a intenção de
transmitir conhecimento e saber, através da educação escolar e extraescolar (como em
igrejas, sindicatos, partidos políticos, empresas etc.), o educador está consciente do seu
objetivo e da tarefa que tem que cumprir. É importante ressaltar que a educação na
escola se destaca, uma vez que é pressuposto para as outras formas de educação
intencional, pois é ela que fornece os instrumentos que permitem ao indivíduo a
interpretação crítica e consciente de outras influências educativas. Dessa forma é que se
possibilita ao cidadão a habilitação de ser um membro ativo da sociedade, analisando
criticamente a situação em que vive e podendo se tornar um agente da mudança social.
As diferentes formas de se transmitir conhecimento, sejam as intencionais, sejam
as não intencionais, se inter-relacionam, pois não há como separar o processo de ensino
da sociedade. A educação não é independente do contexto social em que está inserida.
Dessa forma, ela se torna um fenômeno social, que integra as relações entre as pessoas,
as relações econômicas, políticas e culturais. Em razão desta influência, a prática
educativa é determinada de acordo com exigências sociais, políticas e ideológicas, que
são específicas a cada sociedade, sendo determinada por valores, normas e
especificidades da estrutura social.
Dessa forma, podemos perceber que o processo de transmissão de conhecimento
é resultado de uma série de variáveis que são externas à sala de aula. Por exemplo, um
professor que tem uma sala superlotada, o que é, infelizmente, comum no Brasil, tem
muito mais dificuldade em dar aula e atender às diferentes demandas de cada estudante.
É consenso, entre os educadores, que quanto mais alunos há em uma classe, pior será o
processo de aprendizagem, uma vez que não é possível atender às necessidades
individuais dos alunos que têm mais dificuldade, por exemplo.
A média de alunos por sala de aula, no Brasil, é de 27, mas esse número sobe no
Estado de São Paulo para mais de 30 alunos por sala e, na capital, a média é de 40. É
8
comum, entretanto, encontrarmos escolas com mais de 50 alunos matriculados por sala
de aula. Este é um quadro que retrata a precarização do ensino público não só em São
Paulo, mas em todo o Brasil, devido à falta de políticas públicas que visem a melhoria
no sistema educacional. A partir disso, vemos que a educação não é responsabilidade
exclusiva do professor, mas resultado de todo um conjunto de fatores que possibilite sua
efetividade.
A atuação do professor se dá no campo da escola, onde sua tarefa principal é
garantir ao aluno o domínio de conceitos e o desenvolvimento de suas habilidades e
capacidades intelectuais, tornando-o capaz de ter um raciocínio crítico e lógico, não só
em função da matéria que estuda, mas em relação a todas as esferas sociais em que está
inserido. Dessa forma, o objetivo da escola é a formação de cidadãos ativos e
conscientes de seu papel da sociedade.
É fundamental que todos os membros da equipe pedagógica de uma escola ou
instituição de ensino conheçam quais são as políticas em relação à educação adotadas
em seu estado e em seu país. No que se refere às políticas educacionais globais, em
1993, o Brasil assumiu em Nova Délhi, Índia, em conferência realizada pela UNESCO
– Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –, juntamente
com mais oito países em desenvolvimento (Indonésia, China, Bangladesh, Egito,
México, Nigéria, Paquistão e Índia) a responsabilidade de alcançar 6 metas em relação à
educação:
1. Garantiremos a toda criança uma vaga em uma escola ou em um
programa educacional adequado às suas capacidades, para que a
educação não seja negada a uma só criança por falta de professor,
material didático ou espaço adequado - fazemos essa promessa em
cumprimento ao compromisso assumido na Convenção sobre os
Direitos da Criança que ratificamos;
9
2. Consolidaremos esforços dirigidos à educação básica de jovens e
adultos proporcionada por entidades públicas e privadas, melhorando e
ampliando nossos programas de alfabetização e educação de adultos no
contexto de uma estratégia integrada de educação básica para todo o
nosso povo;
3. Eliminaremos disparidades de acesso à educação básica em função
do sexo, idade, renda, família, diferenças culturais, étnicas e
lingüísticas, e distância geográfica;
4. Melhoraremos a qualidade e relevância dos programas de educação
básica através da intensificação de esforços para aperfeiçoar o
"status", o treinamento e as condições de trabalho do magistério;
melhorar os conteúdos educacionais e o material didático e
implementar outras reformas necessárias aos nossos sistemas
educacionais;
5. Em todas as nossas ações, em nível nacional e em todos os níveis,
atribuiremos a mais alta prioridade ao desenvolvimento humano,
assegurando que uma parcela crescente dos recursos nacionais e
comunitários seja canalizada à educação básica e melhoria do
gerenciamento dos recursos educacionais agora disponíveis;
6. Mobilizaremos todos os setores de nossas sociedades em prol da
educação para todos, endossando por este instrumento o Projeto de
Ação que acompanha esta Declaração e nos comprometendo a revisar
nosso progresso a nível nacional e a compartilhar nossas experiências
entre nós e com a comunidade global.
(UNESCO, Declaração de Nova Delhi sobre Educação para Todos, 6 de dezembro de
1993)
10
Para conhecer na íntegra a Declaração de Nova Delhi sobre a Educação de Nova
Délhi, acesse o site http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001393/139393por.pdf.
Na cidade de Dakar, no Marrocos, em 2000, foi realizado o 2° Fórum Mundial
para Educação, para avaliar os resultados obtidos pelos países que assinaram a
convenção em 1993. Entre os avanços registrados pelo Fórum, podemos citar que:
- a matrícula de meninas em escolas cresceu em 44 milhões entre 1990 e 1998;
- diminuição das taxas de evasão e repetência;
- a taxa de analfabetismo entre homens diminuiu para 15% da população, e de
mulheres diminuiu para 26%;
Tendo em vista que as metas do projeto não haviam sido alcançadas em sua
integralidade, seja por diferenças étnicas, seja por diferenças entre grupos sociais
(principal problema na América Latina e Caribe), o documento também estabelece
metas até o ano de 2015 em relação à educação. Dentre as resoluções tomadas no
Fórum, ficaram estabelecidas as seguintes metas:
1. Expansão e aprimoramento da assistência e educação da primeira
infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis e
desfavorecidas.
2. Garantir que em 2015 todas as crianças, especialmente meninas,
crianças em situações difíceis e crianças pertencentes a minorias
étnicas, tenham acesso a uma educação primária de boa qualidade,
gratuita e obrigatória, e possibilidade de completá-la.
11
3. Assegurar que as necessidades de aprendizagem de todos os jovens e
adultos sejam satisfeitas mediante o acesso equitativo à aprendizagem
apropriada e a programas de capacitação para a vida.
4. Atingir, em 2015, 50% de melhora nos níveis de alfabetização de
adultos, especialmente para as mulheres, e igualmente de acesso à
educação fundamental e permanente para todos os adultos.
5. Eliminar, até 2005, as disparidades existentes entre os gêneros na
educação primária e secundária e, até 2015, atingir a igualdade entre
os gêneros em educação, concentrando esforços para garantir que as
meninas tenham pleno acesso, em igualdade de condições, à educação
fundamental de boa qualidade e que consigam completá-la.
6. Melhorar todos os aspectos da qualidade da educação e assegurar a
excelência de todos, de modo que resultados de aprendizagem
reconhecidos e mensuráveis sejam alcançados por todos, especialmente
em alfabetização, cálculo e habilidades essenciais para a vida.
7. Mobilizar forte comprometimento político nacional e internacional
com a Educação para Todos, desenvolver planos de ação nacionais e
aumentar significativamente o investimento em educação fundamental.
8. Promover políticas da Educação para Todos dentro de um quadro
setorial sustentável e bem integrado, vinculado de maneira clara à
eliminação da pobreza e a estratégias de desenvolvimento.
9. Garantir o envolvimento e a participação da sociedade civil na
formulação, implementação e monitoramento das estratégias para o
desenvolvimento educacional.
12
10. Desenvolver sistema de direção e administração educacional
sensíveis, participativos e controláveis.
11. Atender às necessidades dos sistemas educacionais afetados por
conflitos, catástrofes naturais e instabilidade, e conduzir programas
educacionais de modo a promover a compreensão mútua, a paz e a
tolerância, e que ajudem a evitar a violência e o conflito.
12. Implementar estratégias integradas para a igualdade entre os
gêneros na educação que reconheçam a necessidade de mudanças nas
atitudes, valores e práticas.
13. Implementar urgentemente programas e ações educacionais para
combater a pandemia do HIV/AIDS.
14. Criar ambientes educacionais seguros, saudáveis, inclusivos e
equitativamente financiados que levem à excelência na aprendizagem,
com níveis claramente definidos de desempenho para todos.
15. Elevar o status, o moral e o profissionalismo dos professores.
16. Utilizar as novas tecnologias de informação e comunicação para
ajudar a atingir os objetivos da Educação para Todos.
17. Monitorar sistematicamente o progresso na direção dos objetivos da
Educação para Todos e as estratégias nos níveis regional, nacional e
internacional.
18. Apoiar-se em mecanismos existentes para acelerar o avanço na
política da Educação para Todos.
13
Para conhecer na íntegra o texto integral do 2° Fórum Mundial para Educação,
acesse o seguinte endereço:
http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001275/127509porb.pdf
1.2 - O que é Pedagogia
A Pedagogia, enquanto uma ciência, teve
início no século XIX, sempre buscando estudar a
educação, tanto na sua aplicação quanto seus
aspectos teóricos. Visa a melhoria do processo de
aprendizagem, refletindo sobre a prática e
produzindo conhecimento para esse
desenvolvimento. Entre os temas que aborda,
podemos citar, além da didática, as dificuldades de
aprendizado, as práticas pedagógicas, qual é o papel do aluno no processo educacional e
o papel do professor, além de estudar a legislação do país a respeito da educação. Ela
estuda a educação em seus aspectos sociais, políticos, econômicos e psicológicos,
recorrendo à contribuição de outras áreas de estudo como a história, a economia, a
sociologia e a psicologia, por exemplo.
Mas há muitos séculos a questão da pedagogia é trabalhada por muitos teóricos e
pensadores. Podemos dizer que, dentro da filosofia ocidental em que vivemos, o
primeiro pensador que refletiu a respeito da questão da educação foi Sócrates, na
Grécia, que viveu entre os anos de 469 a 399 a.C.. Para ele, os jovens deveriam ser
educados para serem capazes de conhecer o mundo e a si mesmos. Depois de Sócrates,
Platão (427-347 a.C.), discípulo dele, dizia que a realidade só poderia ser alcançada a
partir da concepção de um plano ideal, que deveria ser atingido. Um discípulo de Platão,
Aristóteles (384-322 a.C.), discordou de seu método idealista, invertendo a ordem pela
qual se poderia adquirir conhecimento: para ele, era a partir do estudo das coisas reais e
objetivas que se poderia adquirir sabedoria.
14
Assim, podemos dividir o pensamento pedagógico, desde Platão e Aristóteles,
entre os realistas e os idealistas. A seguir, veremos um esquema que apresenta os
maiores expoentes de cada corrente ao longo dos séculos.
Fonte: Revista Escola, edição 10/2008.
Disponível em
<http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/pensar-escola-aventura-2500-anos-
423194.shtml>
O critério apresentado no quadro não é absoluto, mas apresenta os autores que
mais influenciaram o desenvolvimento da pedagogia no ocidente. Na Idade Média, a
educação era dominada pelas Igrejas, e neste período podemos perceber a distinção de
dois grandes pensadores que se opunham enquanto realista e idealista: Santo Agostinho,
expoente do Idealismo, e Tomás de Aquino, expoente do Realismo na educação.
A partir do século XIV começa o Humanismo, devido à crescente queda do
feudalismo, que perdeu progressivamente espaço como organização da sociedade para
os Estados Nacionais. Nesta época, temos o pensador holandês Erasmo de Roterdã, para
quem a literatura e a liberdade de conhecimento eram instrumentos para o ser humano
15
conhecer a si mesmo. Neste período, há a transição do pensamento católico, cujo centro
do universo era Deus e a religião, para a centralidade no ser humano, ou seja, no
indivíduo – daí o nome Humanismo.
Neste período houve um grande questionamento sobre a autoridade que a Igreja
Católica exercia. O maior expoente deste questionamento e posterior ruptura com ela foi
Martinho Lutero, fundador da Religião Protestante, ele defendia que o adepto deveria
ter contato direto com Deus através da leitura da Bíblia, e não utilizar intermediários,
papel exercido pelo corpo burocrático da Igreja – padres, bispos e o papa. Ele foi o
articulador da Reforma Protestante, que previa um afastamento da Igreja Católica
Apostólica Romana devido às criticas em seu sistema, para a criação de uma nova
religião que estivesse mais de acordo com suas crenças religiosas.
A influência de Lutero na educação se deu justamente porque ele propunha que
as pessoas deveriam interpretar a Bíblia a partir de sua leitura, pois assim criou as bases
para a consolidação da educação pública e universal.
Durante o século XVII a forma de governo que predominava na Europa era o
absolutismo, quando todo o poder político estava concentrado nas mãos do soberano,
em geral o rei. Neste período, o pensamento racional vinha ganhando cada vez mais
força, com a queda do pensamento religioso. O maior expoente nesta época foi o tcheco
Comênio, que defendia que o ensino deveria respeitar a capacidade do aluno e manter
seu interesse sem severidade, como era adotado pela doutrina educacional jesuítica,
implementada pela Igreja Católica a partir da Reforma Protestante de Martinho Lutero.
No final do século XVII nasce o liberalismo com o inglês John Locke, para
quem as ideias humanas não são inatas, ou seja, não nascem com a pessoa, mas são
construídas a partir da experiência no mundo. Entre o final do século XVII e durante o
século XVIII começa a corrente de pensamento iluminista, que via a sociedade como
aquela em que “as luzes da razão” iluminariam o pensamento dos indivíduos para que
cada um pudesse desenvolver um aprendizado individual.
16
Para alguns filósofos, esse movimento significava o afastamento da natureza e
das experiências ligadas a ela. Rousseau, filósofo suíço, reconstruiu a criança como um
ser em processo, preservando-a da “influência corruptora” da sociedade. Outro que
trabalhou com o assunto foi Friedrich Frobel, que procurava construir o processo
educacional com crianças menores de oito anos de forma que seu desenvolvimento
espontâneo não fosse desrespeitado.
Em 1789, a Revolução
Francesa, derrubou o Absolutismo,
garantindo a expansão da escola
pública para todos em toda França,
fazendo com que as pessoas
tivessem o mesmo acesso às
oportunidades oferecidas pela
educação. De acordo com as ideias
iluministas, com a igualdade no
acesso à educação, todos teriam as
mesmas oportunidades e a diferenciação dos indivíduos se daria de acordo com o mérito
individual.
No final do século XIX se desenvolve o conceito de Escola Nova. Essa ideologia
defende que toda criança está em um processo de desenvolvimento que deve ser
estimulado e respeitado pelos educadores. A Escola Nova representa uma adequação da
educação ao processo de urbanização e industrialização das sociedades, que se deu a
partir da Revolução Industrial no século XVIII. Alguns dos seus representantes foram:
John Dewey, para quem deveria haver democracia dentro da escola, Maria Montessori,
que defendia a pedagogia científica e a motivação do aluno em aprender sozinho a partir
de materiais pedagógicos que o estimulassem. É assim que a pedagogia assume a
condição de uma ciência do conhecimento.
17
O Construtivismo, cujo maior expoente foi Jean Piaget - veremos sobre esse
pensador detalhadamente adiante no curso -, deu prosseguimento à doutrina da Escola
Nova, e sua obra foi referência durante todo o século XX. O maior expoente do
Construtivismo na América Latina foi Emilia Ferreiro, que exerceu grande influência no
pensamento pedagógico brasileiro.
Ao mesmo tempo que se desenvolvia a teoria construtivista, muitos pensadores,
baseados na obra do alemão Karl Marx, elaboraram teorias pedagógicas diversas, como
o russo Anton Makarenko, para quem a produção de bens em um país deveria estar
ligado ao processo educacional. O marxista mais influente neste período foi o bielo-
russo Lev Vygotsky, cuja teoria será explorada adiante neste capítulo, que uniu as
teorias da psicologia à pedagogia.
No Brasil, a maior referência em debates sobre a pedagogia foi o educador Paulo
Freire, que teve amplo reconhecimento internacional, pois defendia um método
educacional centralizado na necessidade de consciência social do aluno e na
importância de se considerar o outro. Para ele, a educação, antes de ser uma questão de
práticas pedagógicas, é uma questão política, ou seja, a educação não muda a sociedade,
mas esta é que exerce a mudança na educação. Segundo Paulo Freire:
“...ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a
sua produção ou a sua construção.” (Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia,
citado em http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/o-pensamento-
politico-e-pedagogico-de-paulo-freire-463336.html)
Para o coordenador pedagógico, ou para qualquer pessoa que trabalhe
diretamente com coordenação pedagógica, é fundamental dominar as teorias que têm
orientado o pensamento sobre o ensino ao longo dos séculos, pois são essas teorias que
continuarão a guiar o modo como a educação e a pedagogia se organizam no sentido de
transmitir conhecimento.
18
1.3 - O que é Didática
A palavra didática vem da
expressão grega techné didaktiké, que
significa a arte ou a técnica de ensinar. A
didática é um ramo de estudos da
pedagogia, cujo objeto de estudo é o
processo de ensino. Ela é uma disciplina
que estuda os objetivos, conteúdos, meios
e condições do processo de ensino com a finalidade educacional: uma vez que estes
processos sempre são sociais, a didática se baseia na pedagogia.
A função principal da didática é transformar os objetivos pedagógicos em
objetivos de ensino, selecionando os conteúdos e os métodos adequados para essa
transformação. O objetivo central da didática é estabelecer vínculo entre ensino e
aprendizagem, visando o desenvolvimento intelectual dos alunos.
Há também estreita ligação entre a didática e outros campos do conhecimento
que contribuem para a pedagogia, como a história da educação e a filosofia, uma vez
que estas podem contribuir para a reflexão a respeito das teorias educacionais, quais são
as variáveis que influenciam esta prática e as bases da prática educativa.
O primeiro pensador a teorizar a didática, consagrando-se como sua primeira
referência, foi o tcheco Comênio, que no século XVII escreveu Didactica Magna,
marcando o início da instalação de um processo sistemático da pedagogia e da didática
no ocidente. Seu objetivo era elaborar uma teoria abrangente, que racionalizasse todas
19
as atividades educativas, até mesmo aquelas que se referiam ao dia a dia da sala de aula.
Sua didática se baseava na relação entre professor e aluno, sendo que o primeiro deveria
considerar as capacidades e interesses da criança.
Para ele, a escola deveria ensinar “tudo a todos”, incluindo meninas e pessoas
com deficiência mental ou física que, até então, estavam absolutamente excluídas do
processo educacional formal, baseando o princípio universal de direito à educação que
conhecemos hoje. Na época de Comênio, o sistema de ensino era baseado em uma
didática extremamente rígida, utilizando a palmatória, por exemplo, e não havia o
interesse de ensinar de acordo com as capacidades do aluno.
Devido a sua influência, hoje o ensino é planejado de acordo com as
necessidades dos estudantes, e traz temas da vida social deles para a sala de aula, além
de se abrir ao uso de tecnologias para isso.
20
1.4 - Jean Piaget
Piaget viveu entre 1896 e 1980 e foi um grande teórico da educação. O foco de
seus estudos era a educação infantil. Este teórico desenvolveu a teoria da epistemologia
genética – o termo epistemologia significa o estudo do conhecimento – que propõe que
o desenvolvimento se dá em etapas, e que todas as pessoas passam por uma série de
fases, as mesmas são ordenadas e previsíveis, para assimilação do conhecimento. Para
ele, a maneira com a qual a criança raciocina passa por estágios.
Para Piaget, existem três conceitos chave na teoria do desenvolvimento
cognitivo da criança: organização/adaptação, assimilação/acomodação e processo
desenvolvimental.
Organização e adaptação
A organização acontece proporcionalmente com o crescimento da criança, pois
ela organiza os esquemas mentais em sistemas mais complexos, ou seja, a criança
progressivamente vai sendo capaz de relacionar coisas em sistemas lógicos. A
adaptação é a capacidade de adequar a estrutura mental que a criança já conhece, ou seu
comportamento, de acordo com as exigências que lhe vão sendo apresentadas. Isso
significa que, primeiramente, a criança organiza um sistema para que possa entender o
mundo a sua volta, e depois vai adaptando esse sistema para as situações com as quais
se depara ao longo do seu processo de desenvolvimento.
Assimilação e acomodação
21
Assimilar nada mais é do que adquirir informações novas que farão parte das
estruturas lógicas que a criança já construiu. Isso significa que, quando ela conhece algo
novo, o primeiro passo para que seja capaz de entendê-lo é encaixar esse objeto em um
sistema organizado anteriormente. O movimento de acomodação se dá em seguida à
assimilação, pois é quando os esquemas mentais se alteram devido à nova informação
recebida, ou seja, a cada assimilação, há um processo de modificação na lógica utilizada
pela criança para organizar seus conceitos ou no seu comportamento.
Processo desenvolvimental
O processo desenvolvimental é o momento em que a criança mantém sua
organização mental em equilíbrio, pois elas estão bem estruturadas.
Todas as crianças, segundo Piaget, apresentam quatro fases de desenvolvimento
cognitivo. Na primeira fase, que vai do nascimento até os três anos de idade, conhecida
como “estágio sensório-motor”, a criança elabora um conjunto de estruturas que orienta
a sua ação em relação a um determinado objeto, fazendo com que ela seja capaz de
construir um conhecimento objetivo da realidade. Ela começa a entender a natureza
física do objeto, ou seja, que ele tem forma, tamanho, peso, textura etc. (não só de um
objeto material, mas o mundo como um todo).
No estágio pré-operatório, que vai dos três aos sete anos, a criança passa a
compreender a relação de causa e efeito entre os fatos, e começa a construir uma
dimensão simbólica do mundo. É nesta fase que as crianças passam a perguntar o
porquê de tudo, e que começam a se inserir em brincadeiras que fazem alusão ao
imaginário, ao fantástico.
No terceiro estágio, operatório-concreto, entre os sete e onze anos, as crianças
passam a construir conceitos, fazendo uso de estruturas lógicas, compreendendo
conceitos como os números. Ela ainda não é capaz de fazer abstrações, pois seu
pensamento ainda está atrelado à simbolização do mundo através de objetos concretos.
22
No quarto e último estágio de desenvolvimento cognitivo, conhecido como
operatório-formal, entre onze e dezesseis anos, o adolescente já é capaz de elaborar
raciocínios abstratos, de assimilar conceitos e de pensar de maneira crítica e reflexiva.
1.5 - Lev Vygotsky
Vygotsky nasceu na Rússia e viveu o período da Revolução Russa, o que teve
uma influência decisiva em sua teoria sobre a educação. A Revolução Russa foi um
movimento liderado por Lênin, em 1914, que derrubou o império czarista russo e o
substituiu por um regime comunista. Vygotsky, no meio destes acontecimentos, aplicou
a psicologia ao estudo do desenvolvimento cognitivo e, segundo sua teoria, este é
resultado de um processo que engloba o meio social e a história vivida do indivíduo. O
autor se utiliza de uma abordagem interdisciplinar, uma vez que foi estudioso de várias
áreas do conhecimento, como o direito, a psicologia e a literatura, o que permitiu que
ele fosse capaz de apresentar uma visão integrada do campo educacional.
Muitos pedagogos, na época de Vygotsky, acreditavam que o consciente tinha
origem no universo espiritual e sensorial do indivíduo; para este, o desenvolvimento da
vida consciente é condicionada de acordo com a história social do ambiente em que vive
a pessoa. O homem muda de acordo com a influência da sociedade, da cultura e da
história. A partir disso, Vygotsky procura analisar a interação do indivíduo com a
realidade, procurando explicar como o mundo exterior se reflete no mundo interior
criado.
Sua teoria educacional é conhecida como histórico social, e ressalta o papel da
linguagem e da aprendizagem no desenvolvimento individual. Atividades como a
capacidade de imaginar, de planejar, agir, falar e ter memória, por exemplo, são
consequências da relação que o indivíduo estabelece com o meio ambiente e a
sociedade que o cerca. Isso significa que o desenvolvimento mental do indivíduo se dá
de acordo com a sua socialização no mundo e é dependente deste processo.
23
O desenvolvimento do processo de aprendizagem se dá de acordo com cinco
processos: a mediação, a linguagem, a cultura, o processo de internalização das
informações recebidas e de acordo com as funções mentais. Vamos ver mais
detalhadamente cada um destes aspectos:
Mediação
A mediação é o processo pelo qual a informação passa do objeto até o
entendimento da criança. Isso significa dizer que o conhecimento não é obtido pelo
contato direto da pessoa com aquilo que ela quer conhecer, com o objeto, mas é
transmitido através de símbolos que a pessoa consegue entender.
símbolosSUJEITO OBJETO
Linguagem
A língua é o meio pelo qual são expressos todos os conceitos de uma cultura. De
acordo com a linguagem é que conhecemos como está estruturada a lógica específica de
cada cultura, quais são seus conceitos e como o mundo é organizado de acordo com
aquele sistema simbólico específico.
A importância da linguagem no processo de aprendizado é que ela é o meio pelo
qual os conceitos culturais são transmitidos para as crianças, formando suas estruturas
mentais, ou seja, seus conceitos, a forma como elas organizam o mundo e pensam a
respeito dele. Diferentes línguas são representantes de diferentes sistemas lógicos de
organização da cultura e, portanto, formam estruturas mentais diferentes.
Cultura
24
A cultura tem muitas formas de definição possíveis, e é objeto de estudos de
diversas disciplinas, como a sociologia, a antropologia e a história, por exemplo. De
maneira geral, podemos defini-la como um conjunto de símbolos, ou seja, de
significados, partilhados por um conjunto de pessoas e que organiza a forma como elas
pensam e agem. A cultura fornece os instrumentos necessários para os indivíduos
interpretarem a realidade e construírem seu conceito do que é real.
Por exemplo, em algumas culturas indígenas, faz parte da realidade a crença de
que se for realizado um determinado ritual em um período do ano, choverá e isso
possibilitará um ano produtivo na lavoura. Para a cultura ocidental em que vivemos,
isso parece impossível, uma vez que as teorias científicas comprovam que chove todos
os anos em períodos determinados. Mas essas são duas visões igualmente válidas da
realidade, pois para a cultura indígena a interpretação do que é real está de acordo com
o sistema simbólico que aquela sociedade compartilha; para nós, a interpretação do que
é realidade é construída de acordo com aquilo que acreditamos, no caso citado, a
ciência.
Na teoria de Vygotsky, a cultura é responsável justamente por fornecer aos
indivíduos os conceitos necessários para interpretar e construir a realidade de acordo
com a sociedade em que vive. É importante pontuar que a cultura não é estática, e
evolui de acordo com a mudança nos conceitos dos indivíduos, que estão
constantemente interpretando e reconstruindo os significados, assim como a
interpretação da realidade.
Processos de Internalização
O processo de internalização se refere à absorção de uma atividade que é
observada para que se torne uma prática. Em outras palavras, a internalização poderia
ser descrita no exemplo de uma criança que escuta um adulto falando e começa a imitar
os sons que ele produz para indicar coisas que são suas necessidades básicas, como
tomar água ou comer.
25
A ação começa em outro indivíduo, e por isso é interpessoal e, com a
internalização, se torna intrapessoal, ou seja, vira uma prática adotada pela pessoa,
sendo fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos, pois, de outra maneira, eles
não teriam como aprender como se comportar ou como suprir suas necessidades básicas
de forma independente.
Funções Mentais
As funções mentais são aqueles processos como a memorização, o pensamento,
a atenção às coisas que ocorrem em torno do indivíduo. Elas são básicas para que possa
existir o processo de aprendizagem, pois sem as funções mentais a pessoa torna-se
incapaz de reter significados complexos e de traduzi-los em ações concretas.
Processo de Aprendizagem
Para Vygotsky o processo de aprendizagem passa por três fases:
- Sincretismo. É quando a criança não é capaz de reconhecer diferença entre os
objetos com os quais ela entra em contato; para ela, todos fazem parte de um mesmo
grupo, como se fosse um amontoado de informações que ela é incapaz de organizar.
Nesta fase, a criança ainda não é capaz de reconhecer que há diferença de categorias
entre plantas e animais, por exemplo.
- Pensamento por Complexos. Essa fase passa por dois períodos: primeiramente,
a criança é capaz de agrupar os objetos, mas de acordo com relações às quais ela própria
estabelece entre eles, sem que essas ligações sejam relacionadas com as separações que
nós estabelecemos entre as coisas. Por exemplo, ela pode colocar na mesma categoria o
objeto gato e o objeto caixa de areia que o gato utiliza, pois ela estabelece uma relação
direta entre esses dois elementos a partir da observação, quando que para um adulto
gato e caixa de areia pertencem a conceitos diferentes, uma vez que o primeiro é da
26
categoria animal e o segundo da categoria objeto. Em seguida, a criança passa para um
estágio em que consegue perceber semelhanças entre as coisas que são sensíveis e que
estão de acordo com a cultura que ela recebe de seu meio social e, assim, é capaz de
identificar os objetos em categorias diferenciadas de acordo com a relação de
semelhança entre eles. Nesta fase, a criança consegue agrupar o “gato” em um conceito
diferente da “caixa de areia”, por exemplo.
- Pensamento Conceitual. É a fase que se dá a partir da adolescência, nessa fase,
os indivíduos ainda não abandonaram totalmente as formas de pensamento mais
primitivas, correspondentes às duas primeiras fases, mas em que seu uso vai diminuindo
à medida que os verdadeiros conceitos se formam. Nesta etapa, as pessoas já são
capazes de entender realmente os significados dos símbolos e construir categorias de
acordo com a cultura e com a linguagem que compartilham com o meio social, fazendo
com que elas estejam habilitadas a obter e produzir conhecimentos teóricos.
27
1.6 - Henri Wallon
A teoria de aprendizagem de Wallon se aproxima da formulada por Vygotsky e
se afasta da formulada por Piaget, uma vez que para o autor compartilha com Vygotsky
que o ambiente externo é essencial para o desenvolvimento da criança. A origem da
inteligência, para Wallon, se dá pela genética herdada pela criança, assim como pela
sociedade que a cerca.
O primeiro sistema de comunicação das crianças seria a emoção, que se dá antes
delas aprenderem a falar. As emoções são derivadas do cérebro da criança, sendo um
processo interno, que é externalizado através da afetividade. Ou seja, a afetividade é um
processo externo, que permite que as emoções da criança sejam comunicadas ao mundo
fora dela.
Os estágios pelos quais a
criança passa não são contínuos e
derivados uns dos outros, como se
apresenta na teoria de Vygotsky,
mas as trocas entre as diferentes
fases são consequência de rupturas
na estrutura simbólica das crianças,
e isso afeta seu comportamento. O
desenvolvimento é descontínuo, e constantemente marcado por contradições e conflitos.
28
Para Wallon, existem cinco etapas do desenvolvimento humano: a etapa
impulsivo emocional, a sensório motor e projetivo, a personalista, a categorial e a da
predominância funcional. Vamos ver com mais detalhes cada uma dessas fases.
Impulsivo Emocional
Esta etapa acontece entre o nascimento da criança e um ano de idade. Existe um
predomínio da afetividade nas ações do bebê, pois é essa a forma que ele conhece de
reagir ao mundo externo e às pessoas com as quais interage. Essas pessoas são as
intermediárias do contato do bebê com o mundo, ou seja, lhe apresentam o mundo,
através de sons, símbolos, levando-os a lugares com objetos diferentes, a fim de que ele
conheça o maior número possível de objetos e seja capaz de reconhecê-los.
Sensório Motor e Projetivo
Esta etapa acontece entre um e três anos de vida. É neste período que a criança
aprende a controlar os movimentos do próprio corpo e passa a compreender o mundo, o
que lhe dá mais independência na manipulação dos objetos e na exploração do mundo,
ao dar os primeiros passos, por exemplo. Ela também passa a ser capaz de dominar a
linguagem e os conceitos simbólicos expressos por ela. O termo “projetivo” se refere ao
fato de que é nesta etapa que a criança passa a projetar seus pensamentos em atos
motores, ou seja, ela pensa em pegar um objeto e isso é traduzido na ação de pegar este
objeto, ou pelo menos na tentativa. Para Wallon, o pensamento se constrói a partir da
ação física da criança.
Personalista
29
É a fase que acontece entre os três e os seis anos de idade, quando a criança
passa a construir a noção de consciência de si mesma, através da relação que ela
estabelece com outras crianças e com os adultos. Desta forma, ela passa a ter outra visão
do mundo que a cerca e dos outros indivíduos.
Categorial
A fase categorial acontece a partir dos seis anos de idade, e é quando a criança
passa a construir categorias para encaixar os conceitos com os quais entra em contato.
Seu interesse passa a ser dirigido para os objetos, para as coisas, a fim de conhecer o
mundo exterior a ela.
Predominância Funcional
A última fase, da predominância funcional, acontece quando são redefinidos os
conceitos da personalidade do indivíduo, de acordo com as mudanças que acontecem no
corpo dos adolescentes devido às mudanças hormonais. Traços da personalidade como a
moralidade, os valores, questões existenciais, são todos trazidos à tona, e definidos
nesta fase, através do processo de ruptura e conflitos característicos das fases de
mudança dos indivíduos.
30
Unidade 2 - O Coordenador Pedagógico
Olá aluno(a).
Nesta unidade veremos detalhadamente o que é o coordenador pedagógico e
quais são suas atribuições dentro da escola.
Veremos também a diferença entre o coordenador e o orientador pedagógico,
uma vez que há grande confusão na literatura e nas escolas sobre as atribuições que
devem ser dadas a esses dois profissionais.
31
Em seguida, estudaremos quais são os desafios que o coordenador pedagógico
enfrenta no seu cotidiano e qual é a visão dos próprios coordenadores a respeito do dia-
a-dia na escola.
Por fim, mostraremos qual é a formação que o coordenador pedagógico deve ter,
e quais são suas opções para especialização.
Bons estudos!
2.1 - O que é o Coordenador Pedagógico?
A coordenação pedagógica,
na escola tem seu foco no processo
de ensino e de aprendizagem, o
que engloba todas as variáveis que
influenciam este processo. Este é o
profissional que acompanha, assiste,
coordena, controla e avalia tudo o
que se relaciona com o ensino e
com a aprendizagem.
32
É importante ressaltar que existe confusão entre o coordenador pedagógico e o
orientador educacional, mas é fácil reconhecer a diferença. O orientador educacional
desempenha um papel muito mais próximo aos alunos, pois ele os orienta, se aproxima
de seus problemas pessoais, auxiliando no seu desenvolvimento, ou seja, sua função é a
formação de valores, de cunho moral, sempre ajudando o estudante através de conversas
com ele e sua família e intervenções, quando necessário. O coordenador pedagógico
está mais ligado à estrutura da escola e de ensino. Veremos mais adiante no curso a
função do orientador pedagógico mais detalhadamente.
Os objetivos básicos da coordenação são a melhoria e o aperfeiçoamento do
ensino na escola e, posteriormente, ele trabalha com liderança e adequação do ambiente
escolar, ou seja, o foco é o desenvolvimento do aluno. A adequação do ambiente se trata
da criação de um clima ou de um ambiente físico propriamente dito que seja estrutural e
psicologicamente favorável ao ensino.
Para o coordenador pedagógico, a experiência é essencial, e ela deve ser aliada
aos conhecimentos teóricos referentes à educação, fazendo do coordenador um
profissional mais habilitado a atender às demandas tanto da escola quanto dos
professores de formas mais eficientes. Uma prova disso é a exigência, em editais
abertos pelo governo de todos os estados, de experiência em sala de aula e/ou de
vivência escolar, uma vez que a experiência ensina os desafios do dia a dia da escola e
como superá-los.
Segundo modelo dos teóricos Sergiovanni e Carver, citado em Supervisão
Pedagógica em Ação, a experiência aliada ao conhecimento teórico permite que o
coordenador desenvolva um critério que permita a avaliação de quais são as
contribuições que ele pode oferecer, baseadas na teoria ou na própria experiência.
Assim, ele é capaz de selecionar o que é mais adequado à realidade da escola, a fim de
alcançar objetivos como a autorrealização intelectual, social e emocional dos alunos.
Podemos resumir a coordenação eficiente de acordo com o seguinte esquema:
33
Relações inter-
pessoais
Critérios de Avaliação
Troca de
informações
Dimensões intuitivasDimensões teóricas
- Compreensão Teórica
- Pesquisas Empíricas
- Conhecimento científico sobre
pessoas, organizações e supervisão
- Experiências vividas, sabedoria,
bom senso, observação dos
acontecimentos, reflexão sobre as
pessoas e seus comportamentos
- Características particulares do
local de ensino
- Objetivos e fins da educação
- Sistema de valores
- Filosofia adotada pela escola
- Concepção de si mesmo
Orientações para ação como resultado da
teoria aliada à pratica, passando pelo critério
de avaliação do supervisor
Comunicação Liderança Motivação MudançaPlanejamento
34
O coordenador pedagógico
trabalha em várias esferas: no
auxílio ao professor, planejando
com ele como será realizado o
plano de aula, seja ele anual,
semestral ou bimestral; no
acompanhamento do trabalho dos
professores; na coordenação dos
conteúdos que serão ministrados ao longo do ano letivo; no método de avaliação
aplicado e na atualização e desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem,
como por exemplo agregando novas tecnologias ou novas metodologias de ensino à
pratica do professor.
Podemos resumir todas as tarefas do coordenador pedagógico em alguns tópicos,
que demonstram toda a complexidade e abrangência de seu trabalho:
1. Diagnóstico e avaliação da escola, ou seja, sua estrutura, sua origem, qual é a
filosofia de ensino que ela aplica, seu objetivo, quem são as pessoas que a frequentam,
como é a comunidade que se envolve com a escola e as perspectivas para o futuro.
2. Planejamento das próprias funções para atendimento ao diagnóstico
levantado.
3. Realizar o planejamento escolar em parceria com a direção e com os demais
setores da escola.
4. Análise da legislação à qual a escola está submetida, assim como a avaliação
de como ela será implementada.
5. Coordenação e orientação na elaboração do currículo da escola e de seus
programas.
35
6. Orientação e coordenação na elaboração dos pré-requisitos para que os alunos
possam entrar em cada série, ou seja, os critérios que serão utilizados para promover ou
para promover o ingresso do aluno em determinado ano escolar.
7. Orientação na elaboração dos planos de ensino, em parceria com os
professores, a fim de atender aos objetivos e à filosofia da escola.
8. Acompanhamento dos planos e das estratégias adotadas, seja no esquema de
ensino dos professores, seja na própria ação dos professores, sua metodologia e como
está acontecendo a transmissão de conhecimento.
9. Orientação, coordenação e análise de como são realizados os processos de
avaliação, assim como a análise de seus resultados.
10. Orientação, coordenação e acompanhamento dos processos de recuperação
de alunos com defasagem de aprendizado em relação à serie que frequentam.
11. Coordenação e estruturação dos conselhos de classe.
12. Assistência e ajuda aos professores, sempre que achar necessário ou quando
os professores demandarem tal auxílio.
13. Pesquisa constante sobre trabalhos que tratem de educação, pedagogia e
didática, para agregar novos conhecimentos à vida escolar.
14. Coordenação de cursos de atualização para os professores.
15. Avaliação dos objetivos, do currículo, da metodologia, da experiência de
aprendizagem, dos instrumentos de avaliação dos alunos, de recuperação e os resultados
obtidos pela própria coordenação.
36
16. A partir dessa avaliação, verificar se é necessário a reelaboração dos
objetivos ou etapas dos processos que competem ao coordenador, e como ele pode agir
a fim de alcançar os objetivos propostos.
Segundo a Resolução SE - 88, de 19 de dezembro de 2007, do Governo do
Estado de São Paulo, o papel de coordenador pedagógico como entendemos neste curso
é o cargo do professor coordenador. Para entender o papel do professor coordenador,
segundo o artigo 2 da resolução citada, suas atribuições são:
I - acompanhar e avaliar o ensino e o processo de aprendizagem, bem como os
resultados do desempenho dos alunos;
II - atuar no sentido de tornar as ações de coordenação pedagógica espaço
coletivo de construção permanente da prática docente;
III - assumir o trabalho de formação continuada, a partir do diagnóstico dos
saberes dos professores para garantir situações de estudo e de reflexão sobre a prática
pedagógica, estimulando os professores a investirem em seu desenvolvimento
profissional;
IV - assegurar a participação ativa de todos os professores do segmento/nível
objeto da coordenação, garantindo a realização de um trabalho produtivo e
integrador;
V - organizar e selecionar materiais adequados às diferentes situações de
ensino e de aprendizagem;
VI - conhecer os recentes referenciais teóricos relativos aos processos de
ensino e aprendizagem, para orientar os professores;
37
VII - divulgar práticas inovadoras, incentivando o uso dos recursos
tecnológicos disponíveis.
Pressupostos para a Coordenação Pedagógica
A coordenação pedagógica de uma escola
supõe um conjunto de características para o seu bom
funcionamento. Podemos destacar as cinco variáveis
mais importantes neste processo:
1. O objetivo da coordenação é a realização
dos objetivos da escola, através da melhoria do
processo de ensino e aprendizagem.
2. A ação da coordenação depende,
necessariamente, da interação entre indivíduos.
Assim, ela se torna um processo realizado através
das ações, relações e comportamentos das pessoas.
3. Sendo a coordenação um processo dinâmico, a melhoria da qualidade do
ensino não depende apenas daqueles que desempenham os papéis de coordenação, mas
também das ações, das influências e do envolvimento de todos aqueles que, de alguma
forma, participam do processo.
4. Uma vez que a coordenação é um processo dinâmico, é mais significativo que
seu foco se concentre na ação supervisora. A análise do comportamento da equipe de
coordenação pedagógica aumentará a compreensão do processo como um todo.
5. Como a coordenação tem o objetivo de melhorar a qualidade do ensino, a
ação da mesma implica sempre em mudança; dessa forma, ela é vista como um processo
de mudanças, sendo o coordenador um agente dessa transformação.
38
O que Afeta o Trabalho da Coordenação Pedagógica?
Como saber se a coordenação escolar está realizando um trabalho eficiente?
Muitos autores têm se preocupado com a questão e, para análise da coordenação
pedagógica eficiente, é preciso definir quais são as variáveis que influenciam no
trabalho de um coordenador pedagógico, seja em nível local, seja em nível global.
Podemos distinguir três grupos de variáveis que realizam tal influência: variáveis de
iniciação, variáveis intervenientes e variáveis de produção. Para que o coordenador
pedagógico tenha sucesso em seu trabalho, sempre agregando melhorias ao sistema
educacional da instituição de ensino, é importante que ele conheça essas variáveis para
identificá-las e fazer com que as mesmas sejam trabalhadas no sentido de aumentar a
eficiência de seus resultados.
As variáveis de iniciação são:
1. Conceitos pré-formulados dos coordenadores em relação a si mesmos, em
relação aos seus colegas de trabalho e aos seus subordinados.
2. A adoção de comportamentos administrativos pelo coordenador pedagógico
que ele desenvolveu a partir da observação de autoridades e figuras públicas, o que nem
sempre pode ser adequado à realidade da escola em que está trabalhando.
3. Características da estrutura de organização da escola, tanto de elementos da
sua organização interna quanto aqueles definidos pela legislação, como por exemplo o
respeito às normas e regulamentos, o incentivo na construção de sistemas hierárquicos
de trabalho, exigência de qualificação pessoal etc. Estes elementos influenciam
39
diretamente no estilo organizacional da unidade de ensino em que o coordenador
pedagógico atua.
4. O tipo de autoridade que predomina na unidade de ensino, assim como as
estratégias que a autoridade emprega em seu trabalho.
5. O tipo de objetivo e instruções dadas à escola e os procedimentos utilizados
para o estabelecimento desses objetivos (se eles são impostos externamente à escola, ou
se são produto de discussões entre toda a equipe, por exemplo).
6. Quais são os recursos de treinamento de professores e da equipe pedagógica e
sua adequação à realidade da escola.
As variáveis intervenientes, ou seja, aquelas que são produto da intervenção
externa ao trabalho do coordenador pedagógico, são:
1. A atitude do corpo escolar, ou seja, dos professores, do diretor, do
coordenador, entre outros profissionais, diante do seu trabalho e para com seus
supervisores, seus colegas de trabalho e seus subordinados.
2. Qual é a satisfação pessoal que cada integrante do corpo escolar sente em
relação ao seu trabalho.
3. O quanto as pessoas que compõe o corpo escolar estão comprometidas com os
objetivos e metas estabelecidas pela escola.
4. O quanto os professores, coordenadores, diretor e todos os funcionários da
instituição de ensino confiam na boa execução do próprio trabalho, assim como no
trabalho de seus colegas.
40
5. Como se dá a comunicação entre professores e equipe de coordenação
pedagógica, se há espaço para conversas, contribuições e trocas de experiências de
ambas as partes.
As variáveis de produção, ou variáveis do sucesso escolar, são aquelas ligadas
diretamente ao desempenho da escola. Enquanto as outras variáveis estão relacionadas
de forma indireta, ou seja, exercem influência em um indivíduo ou em uma situação que
futuramente terá consequência no sucesso escolar, as variáveis de produção influem
diretamente neste índice. São elas:
1. O nível de desempenho alcançado de fato por todos que compõe o corpo
escolar.
2. O nível de desempenho alcançado pelos alunos, sendo o mesmo medido
através de avaliações, sejam aquelas aplicadas pela escola ou aquelas que são
elaboradas fora das escolas, tendo como objetivo a medição do desempenho das
mesmas comparativamente.
3. Número de faltas, licenças e readequação do quadro de pessoal da escola.
4. Número de faltas, repetência e evasão escolar dos alunos.
5. Qualidade da relação da escola com a comunidade.
6. Aumento no valor dos recursos humanos disponíveis, ou seja, valorização
financeira do corpo escolar.
Os estudos com escolas ao longo dos anos têm mostrado que, para melhorar a
qualidade do ensino, ou seja, para melhorar as variáveis de sucesso da escola, a ação do
corpo pedagógico da escola deve estar focada sobre as variáveis intervenientes. Estas
variáveis, por sua vez, são diretamente influenciadas pelas variáveis de iniciação. Isso
41
significa que a condição das primeiras é resultado, em grande parte, das segundas, que
têm grande influência no resultado da escola.
A análise das variáveis apresentadas leva a conclusão da importância do tempo,
ou seja, da realização de um trabalho em longo prazo quando o coordenador pedagógico
pretende realizar uma mudança na qualidade de ensino da instituição em que trabalha. A
maneira mais eficiente de realizar esta transformação é o trabalho em parceria com as
pessoas que compõe o corpo escolar, ou seja, a interferência nos fatores humanos que
influenciam a eficiência do ensino. À medida que o processo se desenvolve ao longo do
tempo, em geral, as escolas sentem o resultado do investimento realizado nas pessoas, e
a melhoria da qualidade de ensino é percebida.
A ação supervisora tem suas raízes nas variáveis de iniciação, estabelecendo
seus objetivos a partir das variáveis de sucesso escolar, focalizando a mudança nas
variáveis intervenientes para alcançar os objetivos traçados.
Natureza da Organização Escolar
Para o coordenador pedagógico, é
essencial o conhecimento de como a escola está
organizada e como estabelece suas relações
internas e externas, pois o coordenador realiza
seu trabalho em um ambiente organizacional. A
ação do coordenador se dá dentro de uma
estrutura administrativa e esta exerce influência
na organização total.
Ao analisar a escola sob o ponto de
vista organizacional, percebemos que ela é um
tipo especial de organização, devido aos seus
objetivos específicos e ao fato de ela lidar com pessoas o que, em geral, não permite que
42
se crie uma “fórmula mágica” que resolva todos os seus problemas. É necessário que o
coordenador pedagógico conheça como se dá a estruturação escolar e as
particularidades de cada unidade de ensino, pois ele terá que se adaptar a suas
necessidades.
A escola é uma instituição social, e para sobreviver, precisa atender a dois
requisitos básicos: manter-se internamente e, simultaneamente, ser adaptável ao meio
externo. Isso significa que, ao mesmo tempo em que deve haver um esforço da escola
para responder às necessidades sociais, ela deve se estruturar internamente através da
interação entre os indivíduos e a manutenção de sua organização em longo prazo. Para
isso, o coordenador pedagógico tem o papel de ser sensível às necessidades tanto
internas quanto externas da escola, a fim de realizar as transformações necessárias para
a adaptação.
Segundo o sociólogo T. Parsons, as organizações sociais precisam atender a
quatro fatores para se manterem como tal: a adaptação ao meio ambiente, o alcance dos
objetivos propostos, a integração interna ao contexto mais amplo e a manutenção dos
padrões e dos valores socialmente estabelecidos. A aplicação destes conceitos à escola
ficaria da seguinte forma, conforme ilustrado no quadro:
Necessidade da organização Necessidade da escola
Adaptação ao meio ambiente - aceitação das mudanças sociais
- renovação profissional e cursos de
reciclagem de professores e equipe
pedagógica
- incorporação de novas tecnologias
no processo de ensino
- diálogo com grupos que podem
exercer pressão sobre a escola
Alcançar os objetivos em relação
aos alunos
- auto-realização dos alunos
- qualificação para inserção no
mercado de trabalho
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- exercício consciente da cidadania
- índices favoráveis em relação à
repetência e evasão escolar
- crescimento e desenvolvimento dos
professores e especialistas em
educação
Integração interna ao contexto
mais amplo
- melhoria das relações com outras
organizações que operam na
organização escolar
- coordenação curricular dentro da
escola e entre outras escolas que
compõem o sistema escolar estadual
- integração e articulação entre a
coordenação pedagógica e divisões
regionais de ensino, delegacias de
ensino e demais unidades
administrativas que compõem o
sistema escolar.
Manutenção dos padrões e dos
valores socialmente estabelecidos
- manutenção da moral vigente na
sociedade que se articula com a
escola
- manutenção da lealdade do corpo
escolar com os objetivos propostos
- socialização dos alunos e dos
educadores para adoção da ética
específica a cada unidade escolar
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2.2 - O que é Orientador Pedagógico
Neste capítulo, vamos definir o que é o
orientador pedagógico, para que o aluno possa conhecer
a diferença entre este profissional e o coordenador
pedagógico, procurando esclarecer algumas confusões
em relação à terminologia.
Conforme vimos, o orientador pedagógico exerce
uma função de maior proximidade com os alunos,
auxiliando com seus problemas pessoais, no seu
desenvolvimento enquanto indivíduo, ou seja, na
formação de valores. Se ele achar necessário, irá intervir
através de conversas com o estudante e com sua família.
O orientador pedagógico trabalha dentro do corpo da gestão escolar, exercendo o
papel de proximidade com o aluno e com a comunidade. Segundo Mirian Paura, da
Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em entrevista
para a Revista Nova Escola:
45
"O profissional de sala de aula está voltado para o processo de ensino-
aprendizagem na especificidade de sua área de conhecimento, como
Geografia ou Matemática... Já o orientador não tem currículo a seguir. Seu
compromisso é com a formação permanente no que diz respeito a valores,
atitudes, emoções e sentimentos, sempre discutindo, analisando e
criticando."
Devemos ressaltar que nem todas as escolas possuem este profissional, e que em
muitas delas o coordenador pedagógico acaba assumindo esta função, mas o ideal para o
desenvolvimento do aluno é que exista um profissional dedicado especificamente a esse
trabalho.
Além disso, o orientador pedagógico não deve ser confundido com um psicólogo
escolar, pois sua orientação tem relação com as esferas de vivência, escolhas
profissionais e relacionamento com colegas.
A orientação educacional pode atuar de duas maneiras: através da ação direta,
que se dá pelo trabalho em grupo, ou através da ação integrada entre várias equipes,
conforme abaixo:
1) Ação Direta.
- Através do contato direto com o aluno, a fim de preparar o mesmo para uma
participação ativa na sociedade, através da reflexão sobre o seu papel dentro dela, quais
são os desafios que ele vai enfrentar e como contorná-los.
- Conversar com o aluno sobre quais são suas áreas de interesse, quais são as
matérias em que ele se destaca e no que ele quer trabalhar, ou seja, orientação
vocacional.
- Treinamento de suas capacidades para o desenvolvimento do indivíduo como
um cidadão ativo e consciente.
46
- Propor e contribuir na realização de atividades que visem integrar a
comunidade à escola, como festas cívicas, programas relacionados à saúde, à cultura e
às atividades artísticas.
- Divulgar programas em que os alunos possam realizar estágios e monitorar a
realização destes estágios.
2) Ação Integrada.
- Trabalho com o corpo escolar para que o aluno possa se desenvolver. O
orientador pedagógico percebe quais são as lacunas que devem ser preenchidas pelos
vários profissionais que trabalham com os alunos, a fim de desenvolver, em cada um,
seu próprio potencial.
- O orientador pedagógico participa do planejamento escolar, a fim de propor
ideias e de auxiliar no alcance dos objetivos da escola como um todo, no que se refere
ao desenvolvimento do aluno.
- Trabalhar em parceria com a administração da escola, com a coordenação
pedagógica e com o corpo escolar como um todo.
Para ser um orientador pedagógico, é preciso ser formado no ensino superior na
área de Pedagogia, ou possuir pós-graduação nesta área ou especialização em
Orientação Educacional.
47
2.3 - Desafios à Coordenação Pedagógica
O coordenador pedagógico enfrenta vários desafios em seu trabalho
cotidianamente, pois ele tem que trabalhar com outras pessoas para chegar aos
resultados pretendidos. Os maiores desafios podem ser resumidos em quatro fatores
centrais:
1. Desagregação da estrutura social, em particular da família.
2. Currículo disciplinar guiado por doutrinas externas à escola e aplicação de
uma avaliação classificatória excludente dos alunos.
3. Condições de trabalho precárias.
4. Má formação dos professores e do corpo escolar.
Podemos pensar em outros problemas enfrentados pelos coordenadores
pedagógicos a partir das perspectivas desses próprios profissionais. A Fundação Victor
Civita, criada em 1985 pelo Grupo Editorial Abril, é uma instituição que visa contribuir
48
para o desenvolvimento da educação no Brasil, através de pesquisas e publicações que
discutem o estágio atual da educação, assim como propostas para seu desenvolvimento.
Em 2010, a instituição realizou uma pesquisa com coordenadores e supervisores
pedagógicos de todo Brasil, a fim de levantar qual seria sua percepção dos principais
problemas enfrentados por esses profissionais. Baseados nesta pesquisa, mostramos
abaixo uma tabela destacando os principais desafios apontados por esses profissionais,
com influência direta no seu cotidiano.
PRINCIPAIS PROBLEMAS DA COORDENAÇÃO
PEDAGÓGICA (RESPOSTA MÚLTIPLA)
ALUNOS - MOTIVAÇÃO E
DISCIPLINA
47%
Falta de disciplina dos alunos 31%
Baixo desempenho escolar dos
alunos
12%
Violência: os alunos agridem
colegas ou professor
11%
Ausência/falta dos alunos 7%
Falta de motivação/ compromisso/
interesse dos alunos
4%
Progressão continuada 4%
Presença de criança ou jovem
envolvida com comércio de
drogas ou outros delitos na sala de
aula
3%
PAIS E COMUNIDADE 43%
Falta de participação dos pais 43%
49
Problemas sociais acarretam
distúrbios na criança
-
Conflitos entre direção, escola e
pai
-
RECURSOS E
INFRAESTRUTURA
35%
Falta de professores (ter menos do
que deveria)
16%
Falta de conservação das
instalações/infraestrutura
9%
Falta de material didático 8%
Falta de funcionários (merendeira,
faxineira)
6%
Salas muito cheia 5%
Falta de equipamento 5%
PROFESSORES - PREPARO E
MOTIVAÇÃO
31%
Falta de motivação da equipe
docente
13%
Ausência de professores (faltar ao
trabalho)
12%
Equipe docente com pouco
conhecimento didático
5%
Professores resistem a ideias
novas/projetos/propostas
5%
EXCESSO DE
ATRIBUIÇÕES/FALTA DE
TEMPO
15%
Falta de tempo para planejamento 10%
Questões administrativas
competem com as questões
7%
50
pedagógicas
Excesso de relatórios 1%
GESTÃO DA
APRENDIZAGEM/
COORDENAÇÃO
14%
Faltam objetivos e metas de
conteúdo/ aprendizagem que o
professor deva seguir e cumprir
em sala de aula
7%
Indefinição do papel do
coordenado
4%
Falta de preparo do coordenador 2%
Falta de autoridade (não consigo
exercer minha autoridade)
2%
Falta de planejamento
pedagógico/ coordenação
1%
OUTROS 7%
Inclusão (crianças com
deficiências)
3%
Muitas atribuições 2%
Falta de apoio/ respaldo da
Secretaria da Educação/governo
1%
Dificuldade no encaminhamento
de problemas de saúde dos alunos
1%
Nenhum 2%
Dados disponíveis em
http://www.fvc.org.br/pdf/coordenador-apresentacao.pdf
51
Conforme percebemos a partir dos dados da pesquisa, os dois problemas mais
apontados pelos coordenadores pedagógicos estão relacionados ao comportamento dos
alunos e dos pais, sendo a indisciplina dos alunos e a falta de participação dos pais na
vida escolar destes os principais problemas de um coordenador pedagógico. Podemos
relacionar estes problemas à desagregação familiar, apontado no começo deste capítulo.
De acordo com a gravidade de cada problema encontrado, podemos mostrar o
gráfico abaixo, de acordo com a opinião dos próprios coordenadores pedagógicos:
Dados disponíveis em
http://www.fvc.org.br/pdf/coordenador-apresentacao.pdf
A mesma pesquisa também questionou os coordenadores pedagógicos sobre qual
seriam os principais problemas da escola para a boa execução do seu trabalho. De
acordo com o gráfico a seguir, vemos que os principais problemas apresentados na
escola estão relacionados com a infraestrutura e com os recursos destinados à escola,
como falta de verbas, de vagas para os alunos, de material e de espaço para os alunos.
52
Dados disponíveis em
http://www.fvc.org.br/pdf/coordenador-apresentacao.pdf
53
2.4 - Formação do Coordenador Pedagógico
O coordenador pedagógico exerce funções
muito específicas, que vão desde a elaboração do
currículo escolar em parceria com os diretores e
professores, o contato direto com os pais de alunos,
lidar com os próprios alunos e a formação
continuada de professores. Apesar de exercer
funções tão particulares, o coordenador pedagógico
não tem uma formação específica. Em geral, estes
profissionais são formados em pedagogia,
apresentando especializações ou cursos de formação
específicos para sua área.
Para Silvia Carvalho, coordenadora executiva da ONG Avisa Lá, instituição
especializada em educação, em entrevista para Revista Educação, o coordenador
pedagógico deve ter uma ampla experiência como professor no nível de ensino que irá
coordenar, além de uma pós-graduação ou especialização na área em que mais se
identifica.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996, que regula os parâmetros
que devem ser seguidos por todas as instituições de ensino no Brasil, a formação dos
profissionais que atuam na educação básica, ou seja, no ensino fundamental, deverá ser
o curso superior ou a pós-graduação na faculdade de Pedagogia, de acordo com o que
segue:
“Art. 64º. A formação de profissionais de educação para administração,
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a
educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em
nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida,
54
nesta formação, a base comum nacional.” (Lei de Diretrizes e Bases
(LBD) de 20 de dezembro de 1996)
Um curso superior em Pedagogia, na Universidade de São Paulo – USP, possui o
tempo total de estudo de quatro anos (ou oito semestres), com o total de 1.680 horas
cursadas nas disciplinas obrigatórias e 1.020 horas cursadas nas disciplinas
complementares, ou seja, aquelas que podem ser eleitas para serem cursadas.
A grade obrigatória da faculdade, a partir do ano de 2006, é a seguinte:
1°
Semestre
História
da
Educação
I
Sociologia
da
Educação I
Filosofia da
Educação I
Didática I Fundamentos
Econômicos da
Educação
2°
Semestre
História
da
Educação
II
Sociologia
da
Educação II
Filosofia da
Educação II
Psicologia
da Educação
I
Didática II
3°
Semestre
Optativa Optativa Política
Educacional
e
Organização
da Educação
Básica I -
POEB
Psicologia
da Educação
II
Aspectos
Ético-Político -
Educacionais
para Integração
da Pessoa com
Necessidades
Educativas
Especiais – IIE
4°
Semestre
Optativa Optativa Coordenação
do Trabalho
na Escola I
Política
Educacional
e
Organização
da Educação
Atividades
Práticas I -
Estágio e
Projetos
55
Básica II -
POEB II
5°
Semestre
Optativa Optativa Metodologia
do Ensino de
Matemática
Coordenação
do Trabalho
na Escola II
Atividades
Práticas II -
Estágio e
Projetos
6°
Semestre
Optativa Optativa Educação
Infantil
Metodologia
do Ensino de
Português: a
alfabetização
Atividades
Práticas III -
Estágio e
Projetos
7°
Semestre
Optativa Optativa Currículos e
Programas
Metodologia
do Ensino de
Arte e
Movimento
Corporal
Atividades
Práticas IV -
Estágio e
Projetos
8°
Semestre
Optativa Optativa Metodologia
do Ensino de
Ciências
Metodologia
do Ensino de
História/
Geografia
Atividades
Práticas V -
Estágio e
Projetos
Dados disponíveis em
http://www2.fe.usp.br/estrutura/pedago/grade.htm
Para os coordenadores pedagógicos de escolas públicas de educação básica, é
oferecido um curso de pós-graduação latu sensu, no formato de Curso de Educação à
Distância, com a carga horária de 405 horas, coordenado pelo Ministério da Educação.
Para mais informações, acesse
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14670&Ite
mid=947.
56
Segundo o estudo sobre coordenadores pedagógicos da Fundação Victor Civita,
a quantidade total de coordenadores que realizaram cursos de extensão específicos para
a coordenação pedagógica corresponde a 67% dos entrevistados, conforme o gráfico
abaixo:
Dados disponíveis em
http://www.fvc.org.br/pdf/coordenador-apresentacao.pdf
Dentre o total de coordenadores pedagógicos entrevistados, 55% eram formados
no curso superior em Pedagogia. Dos outros 45% que são formados em outros cursos,
61% fizeram Pedagogia como segunda faculdade.
Segundo a pesquisa, 70% dos entrevistados fizeram pós-graduação, sendo que
99% destes fizeram especialização latu sensu e 4% fizeram mestrado, sendo que os
cursos de especialização ou extensão tinham como maiores focos a pedagogia, escolhida
57
por 20% dos entrevistados, a gestão escolar e a psicopedagogia, com 19% de
preferência dos coordenadores pedagógicos cada.
Segundo estudo da Fundação Victor Civita, os coordenadores pedagógicos se
atualizam em sua profissão das seguintes formas: lendo livros relacionados à assuntos
pedagógicos (74%), lendo revistas especializadas em educação (63%), na participação
de cursos e palestras ligados à educação (62%), pesquisando na internet em sites de
educação (61%) ou em sites de notícias em geral (32%), lendo revistas ou jornais não
específicos para educação (28%), na discussão com outros coordenadores ou com
professores (21%), e, por fim, lendo livros de interesse geral, como romances ou
biografias (16%).
58
Conclusão do Módulo I
Olá aluno(a)!
Você está quase chegando ao fim da primeira etapa do nosso Curso de
Coordenação Pedagógica oferecido pelo Cursos 24 Horas!
Aqui falamos sobre diversos assuntos pertinentes a educação! Vimos inúmeros
conceitos, inclusive sobre educação, didática pedagogia etc.
Nesse módulo você pode conferir quais são as diversas atribuições de um
coordenador pedagógico, além de saber qual é a diferença entre ele e o orientador
pedagógico.
Para passar para próxima etapa, você deverá realizar a avaliação referente ao
primeiro módulo. Essa avaliação encontra-se em sua sala de aula virtual. Fique
tranquilo(a) e só faça a avaliação quando se sentir preparado!
Desejamos uma bom estudo, boa sorte e boa avaliação!
Até breve!

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O que é Educação

  • 1. CCoooorrddeennaaççããoo PPeeddaaggóóggiiccaa Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas
  • 2. Sumário Introdução.................................................................................................................................1 Unidade 1 - Abordagem Inicial .................................................................................................3 1.1 - O que é Educação .............................................................................................................4 1.2 - O que é Pedagogia ..........................................................................................................13 1.3 - O que é Didática .............................................................................................................18 1.4 - Jean Piaget......................................................................................................................19 1.5 - Lev Vygotsky .................................................................................................................22 1.6 - Henri Wallon ..................................................................................................................27 Unidade 2 - O Coordenador Pedagógico..................................................................................30 2.1 - O que é o Coordenador Pedagógico?...............................................................................31 2.2 - O que é Orientador Pedagógico.......................................................................................43 2.3 – Desafios à Coordenação Pedagógica...............................................................................47 2.4 - Formação do Coordenador Pedagógico ...........................................................................53 Conclusão do Módulo I...........................................................................................................57
  • 3. 1 Introdução No Brasil, é notável que a educação não vem recebendo a atenção devida da sociedade e dos governantes. O trabalho do professor, e por consequência de todo o grupo que trabalha com ele dentro da escola, é social e economicamente desvalorizado, o que desestimula muitos profissionais. Mas aqueles que trabalham com a educação sabem o papel fundamental que ela tem no crescimento e desenvolvimento do país, assim como sua importância para o crescimento individual dos alunos. Sem educação, as crianças e jovens de hoje estão despreparados para enfrentar o mercado de trabalho e a vida, pois não terão as ferramentas necessárias para se colocarem no mundo enquanto cidadãos ativos e possíveis agentes da mudança social. Daí a importância de um esforço centrado na constante melhoria do processo educacional. Neste quadro, o papel do coordenador pedagógico se destaca, uma vez que ele é o profissional, dentro da escola, que faz a formação contínua do professor, e lhe traz ferramentas novas para atuar dentro da sala de aula. Quem trabalha com educação sabe que não é possível responsabilizar os professores e a escola pelas condições em que a educação pública se encontra no Brasil, uma vez que suas ações estão condicionadas pelas políticas públicas que afetam a escola. É impossível, para o professor, dar uma aula para cinquenta alunos com a mesma qualidade do que daria para trinta. Esse é um pequeno exemplo, ao qual também se somam as condições de infraestrutura da escola, os baixos salários, a falta de materiais para se trabalhar com os alunos, entre muitas outras variáveis.
  • 4. 2 Mas é papel dos educadores, na medida em que as condições oferecidas pelo poder público lhes permite, atuar para a contínua melhoria do processo de ensino e aprendizagem em sua instituição de ensino. Este curso é direcionado a coordenadores pedagógicos que já trabalham na área e visam se aperfeiçoar, e para professores que visam trabalhar nesta função. Além disso, discutiremos os conceitos básicos de gestão, e a função dos diretores, coordenadores e professores, além da relação destes com o supervisor de ensino, sendo que todos estes profissionais se beneficiarão com as informações que serão apresentadas. Veremos que o trabalho do coordenador pedagógico é de fundamental importância dentro da escola, pois ele é o responsável pela formação contínua dos professores, sendo um ponto de referência para estes. Bom curso!
  • 5. 3 Unidade 1 - Abordagem Inicial Olá aluno! Nesta unidade veremos o que é a educação, e como a evolução do conceito se deu através dos séculos e das diferentes sociedades. Também procuraremos conceituar o que é pedagogia e didática. Em seguida, serão apresentadas as teorias educacionais de três grandes pedagogos que guiam o debate sobre educação no Brasil e no mundo desde o começo do século XX: Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon. Bons estudos!
  • 6. 4 1.1 - O que é Educação “Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino." (Paulo Freire) A educação é um conceito amplo, que envolve o processo de desenvolvimento da personalidade, das qualidades físicas, morais, intelectuais e estéticas de um indivíduo, orientando a ação deste em relação à sociedade, de acordo com o momento histórico vivido. Isto é importante, pois a educação se dá de diferentes formas ao longo da história e em diferentes sociedades. Toda sociedade pressupõe a existência de uma prática educativa, ela é um fenômeno social e global, sendo necessária para existência da sociedade. Cada sociedade precisa cuidar da formação dos indivíduos que a compõe, auxiliando no desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, a fim de prepará-los para as várias esferas da vida social. A prática educativa não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas também assume o papel de prover aos indivíduos os conhecimentos e experiências sociais que os habilitam a atuar no meio social e transformar este meio de acordo com as necessidades que ele exige. Podemos dizer que a educação tem início com os homens do período primitivo, através da transmissão de conhecimento necessário para a sobrevivência do grupo. A grande diferença entre o ser humano e os animais, segundo os antropólogos, é que os homens têm a capacidade de reter experiências obtidas a partir de situações vividas e transmiti-las aos seus descendentes. Ou seja, o que diferencia os homens dos animais é a capacidade de transmitir conhecimento e, assim, formar as bases para a construção da cultura. Na pré-história, não havia escolas e professores; o conhecimento era transmitido pelos chefes de família e, posteriormente, essa função ficou a cargo dos líderes religiosos ou sacerdotes. Ao receber as informações sobre como sobreviver, como por
  • 7. 5 exemplo caçar um animal, como construir uma ferramenta, como não deixar o fogo apagar, os indivíduos estavam habilitados não somente a repetir as ações de seus instrutores, como também de criar novos meios de sobrevivência mais eficientes. Assim, começou a evolução do ser humano e a evolução do conhecimento. O conhecimento, no período primitivo, era puramente oral, contando com poucas formas de registro, como a pintura em cavernas. Foi no oriente, mais especificamente na China, que a escrita surgiu como registro do conhecimento humano. Assim, a sociedade começou a se organizar de outra forma mais centralizada, através do registro das tradições e a manutenção da cultura dominante através da educação. É importante ressaltar que a educação e o conhecimento da escrita, na China, era restrito, pois aparecia nos livros religiosos e só os sacerdotes tinham acesso à ela. Depois, outras sociedades que foram expoentes do desenvolvimento da linguagem escrita foram o Egito, a Índia, a Babilônia, os fenícios e os hebreus. Foi na Grécia Antiga que os princípios da educação ocidental tiveram início: muitos dizem que a Grécia Antiga é o berço da civilização ocidental. Teve como principais representantes os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles. O indivíduo deveria ser educado para que pudesse desenvolver plenamente sua personalidade e assumir seu papel enquanto cidadão participante do Estado. Devemos ressaltar que, na Grécia Antiga, cidadão era um conceito restrito aos homens que não fossem escravos ou estrangeiros, ou seja, a educação era atribuída exclusivamente a este grupo. Na Roma Antiga, a educação já era voltada para um caráter mais prático, focada em valores compartilhados pelos romanos, como o direito, que deveriam se apresentar como superiores a outras civilizações. O objetivo era a formação de um guerreiro,
  • 8. 6 através da educação moral e física dos indivíduos, e não mais de um cidadão, como na Grécia Antiga. Na Idade Média, a educação era conservadora e estava nas mãos da Igreja Católica, ou seja, apenas os que participavam da Igreja como padres e monges aprendiam a escrita e os conteúdos das culturas antigas. Neste período houve um afastamento do estudo do legado da cultura greco-romana. O modelo de escola como conhecemos, com um professor que ensina a muitos alunos, vem do modo como o conhecimento era transmitido dentro da instituição. As universidades também surgiram neste período, e se dedicavam ao estudo mais aprofundado de uma área do conhecimento como a medicina, o direito e a teologia. No período Renascentista, que teve início entre o final do século XIV e início do século XVI, foi retomado o estudo da cultura Greco-romana, mas os estudos ainda eram concentrados naqueles que detinham o poder, fosse ele econômico, representado pelos burgueses, fosse ele religioso. O estudo das ciências naturais e exatas também passou a ser ressaltado, assim como o interesse na arte que representasse os homens, e não apenas a religião. No século XVII houve a separação entre a Igreja e o Estado, isso teve reflexo na educação, pois a escola passou a ser uma instituição que não era mais orientada pelos princípios religiosos. A centralidade agora é no indivíduo, ao invés da religião. Foram se desenvolvendo novos conceitos pedagógicos que orientavam o método de transmissão de conhecimento, e a escola, juntamente com a família, eram as instituições que formavam o indivíduo para sua inserção na sociedade. Atualmente, os estudos sobre educação definem duas modalidades para diferenciar as influências na prática educativa: as influências educativas intencionais e as não intencionais. A educação não intencional é aquela que é produto do contexto social e do ambiente em que as pessoas vivem, e acontece através de experiências, ideias, valores e práticas que não estão relacionadas especificamente a uma instituição e não são, necessariamente, intencionais ou conscientes. Vivemos estas experiências
  • 9. 7 cotidianamente, por todos os meios sociais em que passamos e, quase que sem perceber, recebemos esta influência e construímos conhecimento de forma quase inconsciente. A educação intencional, por outro lado, é aquela em que há a intenção de transmitir conhecimento e saber, através da educação escolar e extraescolar (como em igrejas, sindicatos, partidos políticos, empresas etc.), o educador está consciente do seu objetivo e da tarefa que tem que cumprir. É importante ressaltar que a educação na escola se destaca, uma vez que é pressuposto para as outras formas de educação intencional, pois é ela que fornece os instrumentos que permitem ao indivíduo a interpretação crítica e consciente de outras influências educativas. Dessa forma é que se possibilita ao cidadão a habilitação de ser um membro ativo da sociedade, analisando criticamente a situação em que vive e podendo se tornar um agente da mudança social. As diferentes formas de se transmitir conhecimento, sejam as intencionais, sejam as não intencionais, se inter-relacionam, pois não há como separar o processo de ensino da sociedade. A educação não é independente do contexto social em que está inserida. Dessa forma, ela se torna um fenômeno social, que integra as relações entre as pessoas, as relações econômicas, políticas e culturais. Em razão desta influência, a prática educativa é determinada de acordo com exigências sociais, políticas e ideológicas, que são específicas a cada sociedade, sendo determinada por valores, normas e especificidades da estrutura social. Dessa forma, podemos perceber que o processo de transmissão de conhecimento é resultado de uma série de variáveis que são externas à sala de aula. Por exemplo, um professor que tem uma sala superlotada, o que é, infelizmente, comum no Brasil, tem muito mais dificuldade em dar aula e atender às diferentes demandas de cada estudante. É consenso, entre os educadores, que quanto mais alunos há em uma classe, pior será o processo de aprendizagem, uma vez que não é possível atender às necessidades individuais dos alunos que têm mais dificuldade, por exemplo. A média de alunos por sala de aula, no Brasil, é de 27, mas esse número sobe no Estado de São Paulo para mais de 30 alunos por sala e, na capital, a média é de 40. É
  • 10. 8 comum, entretanto, encontrarmos escolas com mais de 50 alunos matriculados por sala de aula. Este é um quadro que retrata a precarização do ensino público não só em São Paulo, mas em todo o Brasil, devido à falta de políticas públicas que visem a melhoria no sistema educacional. A partir disso, vemos que a educação não é responsabilidade exclusiva do professor, mas resultado de todo um conjunto de fatores que possibilite sua efetividade. A atuação do professor se dá no campo da escola, onde sua tarefa principal é garantir ao aluno o domínio de conceitos e o desenvolvimento de suas habilidades e capacidades intelectuais, tornando-o capaz de ter um raciocínio crítico e lógico, não só em função da matéria que estuda, mas em relação a todas as esferas sociais em que está inserido. Dessa forma, o objetivo da escola é a formação de cidadãos ativos e conscientes de seu papel da sociedade. É fundamental que todos os membros da equipe pedagógica de uma escola ou instituição de ensino conheçam quais são as políticas em relação à educação adotadas em seu estado e em seu país. No que se refere às políticas educacionais globais, em 1993, o Brasil assumiu em Nova Délhi, Índia, em conferência realizada pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –, juntamente com mais oito países em desenvolvimento (Indonésia, China, Bangladesh, Egito, México, Nigéria, Paquistão e Índia) a responsabilidade de alcançar 6 metas em relação à educação: 1. Garantiremos a toda criança uma vaga em uma escola ou em um programa educacional adequado às suas capacidades, para que a educação não seja negada a uma só criança por falta de professor, material didático ou espaço adequado - fazemos essa promessa em cumprimento ao compromisso assumido na Convenção sobre os Direitos da Criança que ratificamos;
  • 11. 9 2. Consolidaremos esforços dirigidos à educação básica de jovens e adultos proporcionada por entidades públicas e privadas, melhorando e ampliando nossos programas de alfabetização e educação de adultos no contexto de uma estratégia integrada de educação básica para todo o nosso povo; 3. Eliminaremos disparidades de acesso à educação básica em função do sexo, idade, renda, família, diferenças culturais, étnicas e lingüísticas, e distância geográfica; 4. Melhoraremos a qualidade e relevância dos programas de educação básica através da intensificação de esforços para aperfeiçoar o "status", o treinamento e as condições de trabalho do magistério; melhorar os conteúdos educacionais e o material didático e implementar outras reformas necessárias aos nossos sistemas educacionais; 5. Em todas as nossas ações, em nível nacional e em todos os níveis, atribuiremos a mais alta prioridade ao desenvolvimento humano, assegurando que uma parcela crescente dos recursos nacionais e comunitários seja canalizada à educação básica e melhoria do gerenciamento dos recursos educacionais agora disponíveis; 6. Mobilizaremos todos os setores de nossas sociedades em prol da educação para todos, endossando por este instrumento o Projeto de Ação que acompanha esta Declaração e nos comprometendo a revisar nosso progresso a nível nacional e a compartilhar nossas experiências entre nós e com a comunidade global. (UNESCO, Declaração de Nova Delhi sobre Educação para Todos, 6 de dezembro de 1993)
  • 12. 10 Para conhecer na íntegra a Declaração de Nova Delhi sobre a Educação de Nova Délhi, acesse o site http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001393/139393por.pdf. Na cidade de Dakar, no Marrocos, em 2000, foi realizado o 2° Fórum Mundial para Educação, para avaliar os resultados obtidos pelos países que assinaram a convenção em 1993. Entre os avanços registrados pelo Fórum, podemos citar que: - a matrícula de meninas em escolas cresceu em 44 milhões entre 1990 e 1998; - diminuição das taxas de evasão e repetência; - a taxa de analfabetismo entre homens diminuiu para 15% da população, e de mulheres diminuiu para 26%; Tendo em vista que as metas do projeto não haviam sido alcançadas em sua integralidade, seja por diferenças étnicas, seja por diferenças entre grupos sociais (principal problema na América Latina e Caribe), o documento também estabelece metas até o ano de 2015 em relação à educação. Dentre as resoluções tomadas no Fórum, ficaram estabelecidas as seguintes metas: 1. Expansão e aprimoramento da assistência e educação da primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis e desfavorecidas. 2. Garantir que em 2015 todas as crianças, especialmente meninas, crianças em situações difíceis e crianças pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso a uma educação primária de boa qualidade, gratuita e obrigatória, e possibilidade de completá-la.
  • 13. 11 3. Assegurar que as necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos sejam satisfeitas mediante o acesso equitativo à aprendizagem apropriada e a programas de capacitação para a vida. 4. Atingir, em 2015, 50% de melhora nos níveis de alfabetização de adultos, especialmente para as mulheres, e igualmente de acesso à educação fundamental e permanente para todos os adultos. 5. Eliminar, até 2005, as disparidades existentes entre os gêneros na educação primária e secundária e, até 2015, atingir a igualdade entre os gêneros em educação, concentrando esforços para garantir que as meninas tenham pleno acesso, em igualdade de condições, à educação fundamental de boa qualidade e que consigam completá-la. 6. Melhorar todos os aspectos da qualidade da educação e assegurar a excelência de todos, de modo que resultados de aprendizagem reconhecidos e mensuráveis sejam alcançados por todos, especialmente em alfabetização, cálculo e habilidades essenciais para a vida. 7. Mobilizar forte comprometimento político nacional e internacional com a Educação para Todos, desenvolver planos de ação nacionais e aumentar significativamente o investimento em educação fundamental. 8. Promover políticas da Educação para Todos dentro de um quadro setorial sustentável e bem integrado, vinculado de maneira clara à eliminação da pobreza e a estratégias de desenvolvimento. 9. Garantir o envolvimento e a participação da sociedade civil na formulação, implementação e monitoramento das estratégias para o desenvolvimento educacional.
  • 14. 12 10. Desenvolver sistema de direção e administração educacional sensíveis, participativos e controláveis. 11. Atender às necessidades dos sistemas educacionais afetados por conflitos, catástrofes naturais e instabilidade, e conduzir programas educacionais de modo a promover a compreensão mútua, a paz e a tolerância, e que ajudem a evitar a violência e o conflito. 12. Implementar estratégias integradas para a igualdade entre os gêneros na educação que reconheçam a necessidade de mudanças nas atitudes, valores e práticas. 13. Implementar urgentemente programas e ações educacionais para combater a pandemia do HIV/AIDS. 14. Criar ambientes educacionais seguros, saudáveis, inclusivos e equitativamente financiados que levem à excelência na aprendizagem, com níveis claramente definidos de desempenho para todos. 15. Elevar o status, o moral e o profissionalismo dos professores. 16. Utilizar as novas tecnologias de informação e comunicação para ajudar a atingir os objetivos da Educação para Todos. 17. Monitorar sistematicamente o progresso na direção dos objetivos da Educação para Todos e as estratégias nos níveis regional, nacional e internacional. 18. Apoiar-se em mecanismos existentes para acelerar o avanço na política da Educação para Todos.
  • 15. 13 Para conhecer na íntegra o texto integral do 2° Fórum Mundial para Educação, acesse o seguinte endereço: http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001275/127509porb.pdf 1.2 - O que é Pedagogia A Pedagogia, enquanto uma ciência, teve início no século XIX, sempre buscando estudar a educação, tanto na sua aplicação quanto seus aspectos teóricos. Visa a melhoria do processo de aprendizagem, refletindo sobre a prática e produzindo conhecimento para esse desenvolvimento. Entre os temas que aborda, podemos citar, além da didática, as dificuldades de aprendizado, as práticas pedagógicas, qual é o papel do aluno no processo educacional e o papel do professor, além de estudar a legislação do país a respeito da educação. Ela estuda a educação em seus aspectos sociais, políticos, econômicos e psicológicos, recorrendo à contribuição de outras áreas de estudo como a história, a economia, a sociologia e a psicologia, por exemplo. Mas há muitos séculos a questão da pedagogia é trabalhada por muitos teóricos e pensadores. Podemos dizer que, dentro da filosofia ocidental em que vivemos, o primeiro pensador que refletiu a respeito da questão da educação foi Sócrates, na Grécia, que viveu entre os anos de 469 a 399 a.C.. Para ele, os jovens deveriam ser educados para serem capazes de conhecer o mundo e a si mesmos. Depois de Sócrates, Platão (427-347 a.C.), discípulo dele, dizia que a realidade só poderia ser alcançada a partir da concepção de um plano ideal, que deveria ser atingido. Um discípulo de Platão, Aristóteles (384-322 a.C.), discordou de seu método idealista, invertendo a ordem pela qual se poderia adquirir conhecimento: para ele, era a partir do estudo das coisas reais e objetivas que se poderia adquirir sabedoria.
  • 16. 14 Assim, podemos dividir o pensamento pedagógico, desde Platão e Aristóteles, entre os realistas e os idealistas. A seguir, veremos um esquema que apresenta os maiores expoentes de cada corrente ao longo dos séculos. Fonte: Revista Escola, edição 10/2008. Disponível em <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/pensar-escola-aventura-2500-anos- 423194.shtml> O critério apresentado no quadro não é absoluto, mas apresenta os autores que mais influenciaram o desenvolvimento da pedagogia no ocidente. Na Idade Média, a educação era dominada pelas Igrejas, e neste período podemos perceber a distinção de dois grandes pensadores que se opunham enquanto realista e idealista: Santo Agostinho, expoente do Idealismo, e Tomás de Aquino, expoente do Realismo na educação. A partir do século XIV começa o Humanismo, devido à crescente queda do feudalismo, que perdeu progressivamente espaço como organização da sociedade para os Estados Nacionais. Nesta época, temos o pensador holandês Erasmo de Roterdã, para quem a literatura e a liberdade de conhecimento eram instrumentos para o ser humano
  • 17. 15 conhecer a si mesmo. Neste período, há a transição do pensamento católico, cujo centro do universo era Deus e a religião, para a centralidade no ser humano, ou seja, no indivíduo – daí o nome Humanismo. Neste período houve um grande questionamento sobre a autoridade que a Igreja Católica exercia. O maior expoente deste questionamento e posterior ruptura com ela foi Martinho Lutero, fundador da Religião Protestante, ele defendia que o adepto deveria ter contato direto com Deus através da leitura da Bíblia, e não utilizar intermediários, papel exercido pelo corpo burocrático da Igreja – padres, bispos e o papa. Ele foi o articulador da Reforma Protestante, que previa um afastamento da Igreja Católica Apostólica Romana devido às criticas em seu sistema, para a criação de uma nova religião que estivesse mais de acordo com suas crenças religiosas. A influência de Lutero na educação se deu justamente porque ele propunha que as pessoas deveriam interpretar a Bíblia a partir de sua leitura, pois assim criou as bases para a consolidação da educação pública e universal. Durante o século XVII a forma de governo que predominava na Europa era o absolutismo, quando todo o poder político estava concentrado nas mãos do soberano, em geral o rei. Neste período, o pensamento racional vinha ganhando cada vez mais força, com a queda do pensamento religioso. O maior expoente nesta época foi o tcheco Comênio, que defendia que o ensino deveria respeitar a capacidade do aluno e manter seu interesse sem severidade, como era adotado pela doutrina educacional jesuítica, implementada pela Igreja Católica a partir da Reforma Protestante de Martinho Lutero. No final do século XVII nasce o liberalismo com o inglês John Locke, para quem as ideias humanas não são inatas, ou seja, não nascem com a pessoa, mas são construídas a partir da experiência no mundo. Entre o final do século XVII e durante o século XVIII começa a corrente de pensamento iluminista, que via a sociedade como aquela em que “as luzes da razão” iluminariam o pensamento dos indivíduos para que cada um pudesse desenvolver um aprendizado individual.
  • 18. 16 Para alguns filósofos, esse movimento significava o afastamento da natureza e das experiências ligadas a ela. Rousseau, filósofo suíço, reconstruiu a criança como um ser em processo, preservando-a da “influência corruptora” da sociedade. Outro que trabalhou com o assunto foi Friedrich Frobel, que procurava construir o processo educacional com crianças menores de oito anos de forma que seu desenvolvimento espontâneo não fosse desrespeitado. Em 1789, a Revolução Francesa, derrubou o Absolutismo, garantindo a expansão da escola pública para todos em toda França, fazendo com que as pessoas tivessem o mesmo acesso às oportunidades oferecidas pela educação. De acordo com as ideias iluministas, com a igualdade no acesso à educação, todos teriam as mesmas oportunidades e a diferenciação dos indivíduos se daria de acordo com o mérito individual. No final do século XIX se desenvolve o conceito de Escola Nova. Essa ideologia defende que toda criança está em um processo de desenvolvimento que deve ser estimulado e respeitado pelos educadores. A Escola Nova representa uma adequação da educação ao processo de urbanização e industrialização das sociedades, que se deu a partir da Revolução Industrial no século XVIII. Alguns dos seus representantes foram: John Dewey, para quem deveria haver democracia dentro da escola, Maria Montessori, que defendia a pedagogia científica e a motivação do aluno em aprender sozinho a partir de materiais pedagógicos que o estimulassem. É assim que a pedagogia assume a condição de uma ciência do conhecimento.
  • 19. 17 O Construtivismo, cujo maior expoente foi Jean Piaget - veremos sobre esse pensador detalhadamente adiante no curso -, deu prosseguimento à doutrina da Escola Nova, e sua obra foi referência durante todo o século XX. O maior expoente do Construtivismo na América Latina foi Emilia Ferreiro, que exerceu grande influência no pensamento pedagógico brasileiro. Ao mesmo tempo que se desenvolvia a teoria construtivista, muitos pensadores, baseados na obra do alemão Karl Marx, elaboraram teorias pedagógicas diversas, como o russo Anton Makarenko, para quem a produção de bens em um país deveria estar ligado ao processo educacional. O marxista mais influente neste período foi o bielo- russo Lev Vygotsky, cuja teoria será explorada adiante neste capítulo, que uniu as teorias da psicologia à pedagogia. No Brasil, a maior referência em debates sobre a pedagogia foi o educador Paulo Freire, que teve amplo reconhecimento internacional, pois defendia um método educacional centralizado na necessidade de consciência social do aluno e na importância de se considerar o outro. Para ele, a educação, antes de ser uma questão de práticas pedagógicas, é uma questão política, ou seja, a educação não muda a sociedade, mas esta é que exerce a mudança na educação. Segundo Paulo Freire: “...ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.” (Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, citado em http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/o-pensamento- politico-e-pedagogico-de-paulo-freire-463336.html) Para o coordenador pedagógico, ou para qualquer pessoa que trabalhe diretamente com coordenação pedagógica, é fundamental dominar as teorias que têm orientado o pensamento sobre o ensino ao longo dos séculos, pois são essas teorias que continuarão a guiar o modo como a educação e a pedagogia se organizam no sentido de transmitir conhecimento.
  • 20. 18 1.3 - O que é Didática A palavra didática vem da expressão grega techné didaktiké, que significa a arte ou a técnica de ensinar. A didática é um ramo de estudos da pedagogia, cujo objeto de estudo é o processo de ensino. Ela é uma disciplina que estuda os objetivos, conteúdos, meios e condições do processo de ensino com a finalidade educacional: uma vez que estes processos sempre são sociais, a didática se baseia na pedagogia. A função principal da didática é transformar os objetivos pedagógicos em objetivos de ensino, selecionando os conteúdos e os métodos adequados para essa transformação. O objetivo central da didática é estabelecer vínculo entre ensino e aprendizagem, visando o desenvolvimento intelectual dos alunos. Há também estreita ligação entre a didática e outros campos do conhecimento que contribuem para a pedagogia, como a história da educação e a filosofia, uma vez que estas podem contribuir para a reflexão a respeito das teorias educacionais, quais são as variáveis que influenciam esta prática e as bases da prática educativa. O primeiro pensador a teorizar a didática, consagrando-se como sua primeira referência, foi o tcheco Comênio, que no século XVII escreveu Didactica Magna, marcando o início da instalação de um processo sistemático da pedagogia e da didática no ocidente. Seu objetivo era elaborar uma teoria abrangente, que racionalizasse todas
  • 21. 19 as atividades educativas, até mesmo aquelas que se referiam ao dia a dia da sala de aula. Sua didática se baseava na relação entre professor e aluno, sendo que o primeiro deveria considerar as capacidades e interesses da criança. Para ele, a escola deveria ensinar “tudo a todos”, incluindo meninas e pessoas com deficiência mental ou física que, até então, estavam absolutamente excluídas do processo educacional formal, baseando o princípio universal de direito à educação que conhecemos hoje. Na época de Comênio, o sistema de ensino era baseado em uma didática extremamente rígida, utilizando a palmatória, por exemplo, e não havia o interesse de ensinar de acordo com as capacidades do aluno. Devido a sua influência, hoje o ensino é planejado de acordo com as necessidades dos estudantes, e traz temas da vida social deles para a sala de aula, além de se abrir ao uso de tecnologias para isso.
  • 22. 20 1.4 - Jean Piaget Piaget viveu entre 1896 e 1980 e foi um grande teórico da educação. O foco de seus estudos era a educação infantil. Este teórico desenvolveu a teoria da epistemologia genética – o termo epistemologia significa o estudo do conhecimento – que propõe que o desenvolvimento se dá em etapas, e que todas as pessoas passam por uma série de fases, as mesmas são ordenadas e previsíveis, para assimilação do conhecimento. Para ele, a maneira com a qual a criança raciocina passa por estágios. Para Piaget, existem três conceitos chave na teoria do desenvolvimento cognitivo da criança: organização/adaptação, assimilação/acomodação e processo desenvolvimental. Organização e adaptação A organização acontece proporcionalmente com o crescimento da criança, pois ela organiza os esquemas mentais em sistemas mais complexos, ou seja, a criança progressivamente vai sendo capaz de relacionar coisas em sistemas lógicos. A adaptação é a capacidade de adequar a estrutura mental que a criança já conhece, ou seu comportamento, de acordo com as exigências que lhe vão sendo apresentadas. Isso significa que, primeiramente, a criança organiza um sistema para que possa entender o mundo a sua volta, e depois vai adaptando esse sistema para as situações com as quais se depara ao longo do seu processo de desenvolvimento. Assimilação e acomodação
  • 23. 21 Assimilar nada mais é do que adquirir informações novas que farão parte das estruturas lógicas que a criança já construiu. Isso significa que, quando ela conhece algo novo, o primeiro passo para que seja capaz de entendê-lo é encaixar esse objeto em um sistema organizado anteriormente. O movimento de acomodação se dá em seguida à assimilação, pois é quando os esquemas mentais se alteram devido à nova informação recebida, ou seja, a cada assimilação, há um processo de modificação na lógica utilizada pela criança para organizar seus conceitos ou no seu comportamento. Processo desenvolvimental O processo desenvolvimental é o momento em que a criança mantém sua organização mental em equilíbrio, pois elas estão bem estruturadas. Todas as crianças, segundo Piaget, apresentam quatro fases de desenvolvimento cognitivo. Na primeira fase, que vai do nascimento até os três anos de idade, conhecida como “estágio sensório-motor”, a criança elabora um conjunto de estruturas que orienta a sua ação em relação a um determinado objeto, fazendo com que ela seja capaz de construir um conhecimento objetivo da realidade. Ela começa a entender a natureza física do objeto, ou seja, que ele tem forma, tamanho, peso, textura etc. (não só de um objeto material, mas o mundo como um todo). No estágio pré-operatório, que vai dos três aos sete anos, a criança passa a compreender a relação de causa e efeito entre os fatos, e começa a construir uma dimensão simbólica do mundo. É nesta fase que as crianças passam a perguntar o porquê de tudo, e que começam a se inserir em brincadeiras que fazem alusão ao imaginário, ao fantástico. No terceiro estágio, operatório-concreto, entre os sete e onze anos, as crianças passam a construir conceitos, fazendo uso de estruturas lógicas, compreendendo conceitos como os números. Ela ainda não é capaz de fazer abstrações, pois seu pensamento ainda está atrelado à simbolização do mundo através de objetos concretos.
  • 24. 22 No quarto e último estágio de desenvolvimento cognitivo, conhecido como operatório-formal, entre onze e dezesseis anos, o adolescente já é capaz de elaborar raciocínios abstratos, de assimilar conceitos e de pensar de maneira crítica e reflexiva. 1.5 - Lev Vygotsky Vygotsky nasceu na Rússia e viveu o período da Revolução Russa, o que teve uma influência decisiva em sua teoria sobre a educação. A Revolução Russa foi um movimento liderado por Lênin, em 1914, que derrubou o império czarista russo e o substituiu por um regime comunista. Vygotsky, no meio destes acontecimentos, aplicou a psicologia ao estudo do desenvolvimento cognitivo e, segundo sua teoria, este é resultado de um processo que engloba o meio social e a história vivida do indivíduo. O autor se utiliza de uma abordagem interdisciplinar, uma vez que foi estudioso de várias áreas do conhecimento, como o direito, a psicologia e a literatura, o que permitiu que ele fosse capaz de apresentar uma visão integrada do campo educacional. Muitos pedagogos, na época de Vygotsky, acreditavam que o consciente tinha origem no universo espiritual e sensorial do indivíduo; para este, o desenvolvimento da vida consciente é condicionada de acordo com a história social do ambiente em que vive a pessoa. O homem muda de acordo com a influência da sociedade, da cultura e da história. A partir disso, Vygotsky procura analisar a interação do indivíduo com a realidade, procurando explicar como o mundo exterior se reflete no mundo interior criado. Sua teoria educacional é conhecida como histórico social, e ressalta o papel da linguagem e da aprendizagem no desenvolvimento individual. Atividades como a capacidade de imaginar, de planejar, agir, falar e ter memória, por exemplo, são consequências da relação que o indivíduo estabelece com o meio ambiente e a sociedade que o cerca. Isso significa que o desenvolvimento mental do indivíduo se dá de acordo com a sua socialização no mundo e é dependente deste processo.
  • 25. 23 O desenvolvimento do processo de aprendizagem se dá de acordo com cinco processos: a mediação, a linguagem, a cultura, o processo de internalização das informações recebidas e de acordo com as funções mentais. Vamos ver mais detalhadamente cada um destes aspectos: Mediação A mediação é o processo pelo qual a informação passa do objeto até o entendimento da criança. Isso significa dizer que o conhecimento não é obtido pelo contato direto da pessoa com aquilo que ela quer conhecer, com o objeto, mas é transmitido através de símbolos que a pessoa consegue entender. símbolosSUJEITO OBJETO Linguagem A língua é o meio pelo qual são expressos todos os conceitos de uma cultura. De acordo com a linguagem é que conhecemos como está estruturada a lógica específica de cada cultura, quais são seus conceitos e como o mundo é organizado de acordo com aquele sistema simbólico específico. A importância da linguagem no processo de aprendizado é que ela é o meio pelo qual os conceitos culturais são transmitidos para as crianças, formando suas estruturas mentais, ou seja, seus conceitos, a forma como elas organizam o mundo e pensam a respeito dele. Diferentes línguas são representantes de diferentes sistemas lógicos de organização da cultura e, portanto, formam estruturas mentais diferentes. Cultura
  • 26. 24 A cultura tem muitas formas de definição possíveis, e é objeto de estudos de diversas disciplinas, como a sociologia, a antropologia e a história, por exemplo. De maneira geral, podemos defini-la como um conjunto de símbolos, ou seja, de significados, partilhados por um conjunto de pessoas e que organiza a forma como elas pensam e agem. A cultura fornece os instrumentos necessários para os indivíduos interpretarem a realidade e construírem seu conceito do que é real. Por exemplo, em algumas culturas indígenas, faz parte da realidade a crença de que se for realizado um determinado ritual em um período do ano, choverá e isso possibilitará um ano produtivo na lavoura. Para a cultura ocidental em que vivemos, isso parece impossível, uma vez que as teorias científicas comprovam que chove todos os anos em períodos determinados. Mas essas são duas visões igualmente válidas da realidade, pois para a cultura indígena a interpretação do que é real está de acordo com o sistema simbólico que aquela sociedade compartilha; para nós, a interpretação do que é realidade é construída de acordo com aquilo que acreditamos, no caso citado, a ciência. Na teoria de Vygotsky, a cultura é responsável justamente por fornecer aos indivíduos os conceitos necessários para interpretar e construir a realidade de acordo com a sociedade em que vive. É importante pontuar que a cultura não é estática, e evolui de acordo com a mudança nos conceitos dos indivíduos, que estão constantemente interpretando e reconstruindo os significados, assim como a interpretação da realidade. Processos de Internalização O processo de internalização se refere à absorção de uma atividade que é observada para que se torne uma prática. Em outras palavras, a internalização poderia ser descrita no exemplo de uma criança que escuta um adulto falando e começa a imitar os sons que ele produz para indicar coisas que são suas necessidades básicas, como tomar água ou comer.
  • 27. 25 A ação começa em outro indivíduo, e por isso é interpessoal e, com a internalização, se torna intrapessoal, ou seja, vira uma prática adotada pela pessoa, sendo fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos, pois, de outra maneira, eles não teriam como aprender como se comportar ou como suprir suas necessidades básicas de forma independente. Funções Mentais As funções mentais são aqueles processos como a memorização, o pensamento, a atenção às coisas que ocorrem em torno do indivíduo. Elas são básicas para que possa existir o processo de aprendizagem, pois sem as funções mentais a pessoa torna-se incapaz de reter significados complexos e de traduzi-los em ações concretas. Processo de Aprendizagem Para Vygotsky o processo de aprendizagem passa por três fases: - Sincretismo. É quando a criança não é capaz de reconhecer diferença entre os objetos com os quais ela entra em contato; para ela, todos fazem parte de um mesmo grupo, como se fosse um amontoado de informações que ela é incapaz de organizar. Nesta fase, a criança ainda não é capaz de reconhecer que há diferença de categorias entre plantas e animais, por exemplo. - Pensamento por Complexos. Essa fase passa por dois períodos: primeiramente, a criança é capaz de agrupar os objetos, mas de acordo com relações às quais ela própria estabelece entre eles, sem que essas ligações sejam relacionadas com as separações que nós estabelecemos entre as coisas. Por exemplo, ela pode colocar na mesma categoria o objeto gato e o objeto caixa de areia que o gato utiliza, pois ela estabelece uma relação direta entre esses dois elementos a partir da observação, quando que para um adulto gato e caixa de areia pertencem a conceitos diferentes, uma vez que o primeiro é da
  • 28. 26 categoria animal e o segundo da categoria objeto. Em seguida, a criança passa para um estágio em que consegue perceber semelhanças entre as coisas que são sensíveis e que estão de acordo com a cultura que ela recebe de seu meio social e, assim, é capaz de identificar os objetos em categorias diferenciadas de acordo com a relação de semelhança entre eles. Nesta fase, a criança consegue agrupar o “gato” em um conceito diferente da “caixa de areia”, por exemplo. - Pensamento Conceitual. É a fase que se dá a partir da adolescência, nessa fase, os indivíduos ainda não abandonaram totalmente as formas de pensamento mais primitivas, correspondentes às duas primeiras fases, mas em que seu uso vai diminuindo à medida que os verdadeiros conceitos se formam. Nesta etapa, as pessoas já são capazes de entender realmente os significados dos símbolos e construir categorias de acordo com a cultura e com a linguagem que compartilham com o meio social, fazendo com que elas estejam habilitadas a obter e produzir conhecimentos teóricos.
  • 29. 27 1.6 - Henri Wallon A teoria de aprendizagem de Wallon se aproxima da formulada por Vygotsky e se afasta da formulada por Piaget, uma vez que para o autor compartilha com Vygotsky que o ambiente externo é essencial para o desenvolvimento da criança. A origem da inteligência, para Wallon, se dá pela genética herdada pela criança, assim como pela sociedade que a cerca. O primeiro sistema de comunicação das crianças seria a emoção, que se dá antes delas aprenderem a falar. As emoções são derivadas do cérebro da criança, sendo um processo interno, que é externalizado através da afetividade. Ou seja, a afetividade é um processo externo, que permite que as emoções da criança sejam comunicadas ao mundo fora dela. Os estágios pelos quais a criança passa não são contínuos e derivados uns dos outros, como se apresenta na teoria de Vygotsky, mas as trocas entre as diferentes fases são consequência de rupturas na estrutura simbólica das crianças, e isso afeta seu comportamento. O desenvolvimento é descontínuo, e constantemente marcado por contradições e conflitos.
  • 30. 28 Para Wallon, existem cinco etapas do desenvolvimento humano: a etapa impulsivo emocional, a sensório motor e projetivo, a personalista, a categorial e a da predominância funcional. Vamos ver com mais detalhes cada uma dessas fases. Impulsivo Emocional Esta etapa acontece entre o nascimento da criança e um ano de idade. Existe um predomínio da afetividade nas ações do bebê, pois é essa a forma que ele conhece de reagir ao mundo externo e às pessoas com as quais interage. Essas pessoas são as intermediárias do contato do bebê com o mundo, ou seja, lhe apresentam o mundo, através de sons, símbolos, levando-os a lugares com objetos diferentes, a fim de que ele conheça o maior número possível de objetos e seja capaz de reconhecê-los. Sensório Motor e Projetivo Esta etapa acontece entre um e três anos de vida. É neste período que a criança aprende a controlar os movimentos do próprio corpo e passa a compreender o mundo, o que lhe dá mais independência na manipulação dos objetos e na exploração do mundo, ao dar os primeiros passos, por exemplo. Ela também passa a ser capaz de dominar a linguagem e os conceitos simbólicos expressos por ela. O termo “projetivo” se refere ao fato de que é nesta etapa que a criança passa a projetar seus pensamentos em atos motores, ou seja, ela pensa em pegar um objeto e isso é traduzido na ação de pegar este objeto, ou pelo menos na tentativa. Para Wallon, o pensamento se constrói a partir da ação física da criança. Personalista
  • 31. 29 É a fase que acontece entre os três e os seis anos de idade, quando a criança passa a construir a noção de consciência de si mesma, através da relação que ela estabelece com outras crianças e com os adultos. Desta forma, ela passa a ter outra visão do mundo que a cerca e dos outros indivíduos. Categorial A fase categorial acontece a partir dos seis anos de idade, e é quando a criança passa a construir categorias para encaixar os conceitos com os quais entra em contato. Seu interesse passa a ser dirigido para os objetos, para as coisas, a fim de conhecer o mundo exterior a ela. Predominância Funcional A última fase, da predominância funcional, acontece quando são redefinidos os conceitos da personalidade do indivíduo, de acordo com as mudanças que acontecem no corpo dos adolescentes devido às mudanças hormonais. Traços da personalidade como a moralidade, os valores, questões existenciais, são todos trazidos à tona, e definidos nesta fase, através do processo de ruptura e conflitos característicos das fases de mudança dos indivíduos.
  • 32. 30 Unidade 2 - O Coordenador Pedagógico Olá aluno(a). Nesta unidade veremos detalhadamente o que é o coordenador pedagógico e quais são suas atribuições dentro da escola. Veremos também a diferença entre o coordenador e o orientador pedagógico, uma vez que há grande confusão na literatura e nas escolas sobre as atribuições que devem ser dadas a esses dois profissionais.
  • 33. 31 Em seguida, estudaremos quais são os desafios que o coordenador pedagógico enfrenta no seu cotidiano e qual é a visão dos próprios coordenadores a respeito do dia- a-dia na escola. Por fim, mostraremos qual é a formação que o coordenador pedagógico deve ter, e quais são suas opções para especialização. Bons estudos! 2.1 - O que é o Coordenador Pedagógico? A coordenação pedagógica, na escola tem seu foco no processo de ensino e de aprendizagem, o que engloba todas as variáveis que influenciam este processo. Este é o profissional que acompanha, assiste, coordena, controla e avalia tudo o que se relaciona com o ensino e com a aprendizagem.
  • 34. 32 É importante ressaltar que existe confusão entre o coordenador pedagógico e o orientador educacional, mas é fácil reconhecer a diferença. O orientador educacional desempenha um papel muito mais próximo aos alunos, pois ele os orienta, se aproxima de seus problemas pessoais, auxiliando no seu desenvolvimento, ou seja, sua função é a formação de valores, de cunho moral, sempre ajudando o estudante através de conversas com ele e sua família e intervenções, quando necessário. O coordenador pedagógico está mais ligado à estrutura da escola e de ensino. Veremos mais adiante no curso a função do orientador pedagógico mais detalhadamente. Os objetivos básicos da coordenação são a melhoria e o aperfeiçoamento do ensino na escola e, posteriormente, ele trabalha com liderança e adequação do ambiente escolar, ou seja, o foco é o desenvolvimento do aluno. A adequação do ambiente se trata da criação de um clima ou de um ambiente físico propriamente dito que seja estrutural e psicologicamente favorável ao ensino. Para o coordenador pedagógico, a experiência é essencial, e ela deve ser aliada aos conhecimentos teóricos referentes à educação, fazendo do coordenador um profissional mais habilitado a atender às demandas tanto da escola quanto dos professores de formas mais eficientes. Uma prova disso é a exigência, em editais abertos pelo governo de todos os estados, de experiência em sala de aula e/ou de vivência escolar, uma vez que a experiência ensina os desafios do dia a dia da escola e como superá-los. Segundo modelo dos teóricos Sergiovanni e Carver, citado em Supervisão Pedagógica em Ação, a experiência aliada ao conhecimento teórico permite que o coordenador desenvolva um critério que permita a avaliação de quais são as contribuições que ele pode oferecer, baseadas na teoria ou na própria experiência. Assim, ele é capaz de selecionar o que é mais adequado à realidade da escola, a fim de alcançar objetivos como a autorrealização intelectual, social e emocional dos alunos. Podemos resumir a coordenação eficiente de acordo com o seguinte esquema:
  • 35. 33 Relações inter- pessoais Critérios de Avaliação Troca de informações Dimensões intuitivasDimensões teóricas - Compreensão Teórica - Pesquisas Empíricas - Conhecimento científico sobre pessoas, organizações e supervisão - Experiências vividas, sabedoria, bom senso, observação dos acontecimentos, reflexão sobre as pessoas e seus comportamentos - Características particulares do local de ensino - Objetivos e fins da educação - Sistema de valores - Filosofia adotada pela escola - Concepção de si mesmo Orientações para ação como resultado da teoria aliada à pratica, passando pelo critério de avaliação do supervisor Comunicação Liderança Motivação MudançaPlanejamento
  • 36. 34 O coordenador pedagógico trabalha em várias esferas: no auxílio ao professor, planejando com ele como será realizado o plano de aula, seja ele anual, semestral ou bimestral; no acompanhamento do trabalho dos professores; na coordenação dos conteúdos que serão ministrados ao longo do ano letivo; no método de avaliação aplicado e na atualização e desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, como por exemplo agregando novas tecnologias ou novas metodologias de ensino à pratica do professor. Podemos resumir todas as tarefas do coordenador pedagógico em alguns tópicos, que demonstram toda a complexidade e abrangência de seu trabalho: 1. Diagnóstico e avaliação da escola, ou seja, sua estrutura, sua origem, qual é a filosofia de ensino que ela aplica, seu objetivo, quem são as pessoas que a frequentam, como é a comunidade que se envolve com a escola e as perspectivas para o futuro. 2. Planejamento das próprias funções para atendimento ao diagnóstico levantado. 3. Realizar o planejamento escolar em parceria com a direção e com os demais setores da escola. 4. Análise da legislação à qual a escola está submetida, assim como a avaliação de como ela será implementada. 5. Coordenação e orientação na elaboração do currículo da escola e de seus programas.
  • 37. 35 6. Orientação e coordenação na elaboração dos pré-requisitos para que os alunos possam entrar em cada série, ou seja, os critérios que serão utilizados para promover ou para promover o ingresso do aluno em determinado ano escolar. 7. Orientação na elaboração dos planos de ensino, em parceria com os professores, a fim de atender aos objetivos e à filosofia da escola. 8. Acompanhamento dos planos e das estratégias adotadas, seja no esquema de ensino dos professores, seja na própria ação dos professores, sua metodologia e como está acontecendo a transmissão de conhecimento. 9. Orientação, coordenação e análise de como são realizados os processos de avaliação, assim como a análise de seus resultados. 10. Orientação, coordenação e acompanhamento dos processos de recuperação de alunos com defasagem de aprendizado em relação à serie que frequentam. 11. Coordenação e estruturação dos conselhos de classe. 12. Assistência e ajuda aos professores, sempre que achar necessário ou quando os professores demandarem tal auxílio. 13. Pesquisa constante sobre trabalhos que tratem de educação, pedagogia e didática, para agregar novos conhecimentos à vida escolar. 14. Coordenação de cursos de atualização para os professores. 15. Avaliação dos objetivos, do currículo, da metodologia, da experiência de aprendizagem, dos instrumentos de avaliação dos alunos, de recuperação e os resultados obtidos pela própria coordenação.
  • 38. 36 16. A partir dessa avaliação, verificar se é necessário a reelaboração dos objetivos ou etapas dos processos que competem ao coordenador, e como ele pode agir a fim de alcançar os objetivos propostos. Segundo a Resolução SE - 88, de 19 de dezembro de 2007, do Governo do Estado de São Paulo, o papel de coordenador pedagógico como entendemos neste curso é o cargo do professor coordenador. Para entender o papel do professor coordenador, segundo o artigo 2 da resolução citada, suas atribuições são: I - acompanhar e avaliar o ensino e o processo de aprendizagem, bem como os resultados do desempenho dos alunos; II - atuar no sentido de tornar as ações de coordenação pedagógica espaço coletivo de construção permanente da prática docente; III - assumir o trabalho de formação continuada, a partir do diagnóstico dos saberes dos professores para garantir situações de estudo e de reflexão sobre a prática pedagógica, estimulando os professores a investirem em seu desenvolvimento profissional; IV - assegurar a participação ativa de todos os professores do segmento/nível objeto da coordenação, garantindo a realização de um trabalho produtivo e integrador; V - organizar e selecionar materiais adequados às diferentes situações de ensino e de aprendizagem; VI - conhecer os recentes referenciais teóricos relativos aos processos de ensino e aprendizagem, para orientar os professores;
  • 39. 37 VII - divulgar práticas inovadoras, incentivando o uso dos recursos tecnológicos disponíveis. Pressupostos para a Coordenação Pedagógica A coordenação pedagógica de uma escola supõe um conjunto de características para o seu bom funcionamento. Podemos destacar as cinco variáveis mais importantes neste processo: 1. O objetivo da coordenação é a realização dos objetivos da escola, através da melhoria do processo de ensino e aprendizagem. 2. A ação da coordenação depende, necessariamente, da interação entre indivíduos. Assim, ela se torna um processo realizado através das ações, relações e comportamentos das pessoas. 3. Sendo a coordenação um processo dinâmico, a melhoria da qualidade do ensino não depende apenas daqueles que desempenham os papéis de coordenação, mas também das ações, das influências e do envolvimento de todos aqueles que, de alguma forma, participam do processo. 4. Uma vez que a coordenação é um processo dinâmico, é mais significativo que seu foco se concentre na ação supervisora. A análise do comportamento da equipe de coordenação pedagógica aumentará a compreensão do processo como um todo. 5. Como a coordenação tem o objetivo de melhorar a qualidade do ensino, a ação da mesma implica sempre em mudança; dessa forma, ela é vista como um processo de mudanças, sendo o coordenador um agente dessa transformação.
  • 40. 38 O que Afeta o Trabalho da Coordenação Pedagógica? Como saber se a coordenação escolar está realizando um trabalho eficiente? Muitos autores têm se preocupado com a questão e, para análise da coordenação pedagógica eficiente, é preciso definir quais são as variáveis que influenciam no trabalho de um coordenador pedagógico, seja em nível local, seja em nível global. Podemos distinguir três grupos de variáveis que realizam tal influência: variáveis de iniciação, variáveis intervenientes e variáveis de produção. Para que o coordenador pedagógico tenha sucesso em seu trabalho, sempre agregando melhorias ao sistema educacional da instituição de ensino, é importante que ele conheça essas variáveis para identificá-las e fazer com que as mesmas sejam trabalhadas no sentido de aumentar a eficiência de seus resultados. As variáveis de iniciação são: 1. Conceitos pré-formulados dos coordenadores em relação a si mesmos, em relação aos seus colegas de trabalho e aos seus subordinados. 2. A adoção de comportamentos administrativos pelo coordenador pedagógico que ele desenvolveu a partir da observação de autoridades e figuras públicas, o que nem sempre pode ser adequado à realidade da escola em que está trabalhando. 3. Características da estrutura de organização da escola, tanto de elementos da sua organização interna quanto aqueles definidos pela legislação, como por exemplo o respeito às normas e regulamentos, o incentivo na construção de sistemas hierárquicos de trabalho, exigência de qualificação pessoal etc. Estes elementos influenciam
  • 41. 39 diretamente no estilo organizacional da unidade de ensino em que o coordenador pedagógico atua. 4. O tipo de autoridade que predomina na unidade de ensino, assim como as estratégias que a autoridade emprega em seu trabalho. 5. O tipo de objetivo e instruções dadas à escola e os procedimentos utilizados para o estabelecimento desses objetivos (se eles são impostos externamente à escola, ou se são produto de discussões entre toda a equipe, por exemplo). 6. Quais são os recursos de treinamento de professores e da equipe pedagógica e sua adequação à realidade da escola. As variáveis intervenientes, ou seja, aquelas que são produto da intervenção externa ao trabalho do coordenador pedagógico, são: 1. A atitude do corpo escolar, ou seja, dos professores, do diretor, do coordenador, entre outros profissionais, diante do seu trabalho e para com seus supervisores, seus colegas de trabalho e seus subordinados. 2. Qual é a satisfação pessoal que cada integrante do corpo escolar sente em relação ao seu trabalho. 3. O quanto as pessoas que compõe o corpo escolar estão comprometidas com os objetivos e metas estabelecidas pela escola. 4. O quanto os professores, coordenadores, diretor e todos os funcionários da instituição de ensino confiam na boa execução do próprio trabalho, assim como no trabalho de seus colegas.
  • 42. 40 5. Como se dá a comunicação entre professores e equipe de coordenação pedagógica, se há espaço para conversas, contribuições e trocas de experiências de ambas as partes. As variáveis de produção, ou variáveis do sucesso escolar, são aquelas ligadas diretamente ao desempenho da escola. Enquanto as outras variáveis estão relacionadas de forma indireta, ou seja, exercem influência em um indivíduo ou em uma situação que futuramente terá consequência no sucesso escolar, as variáveis de produção influem diretamente neste índice. São elas: 1. O nível de desempenho alcançado de fato por todos que compõe o corpo escolar. 2. O nível de desempenho alcançado pelos alunos, sendo o mesmo medido através de avaliações, sejam aquelas aplicadas pela escola ou aquelas que são elaboradas fora das escolas, tendo como objetivo a medição do desempenho das mesmas comparativamente. 3. Número de faltas, licenças e readequação do quadro de pessoal da escola. 4. Número de faltas, repetência e evasão escolar dos alunos. 5. Qualidade da relação da escola com a comunidade. 6. Aumento no valor dos recursos humanos disponíveis, ou seja, valorização financeira do corpo escolar. Os estudos com escolas ao longo dos anos têm mostrado que, para melhorar a qualidade do ensino, ou seja, para melhorar as variáveis de sucesso da escola, a ação do corpo pedagógico da escola deve estar focada sobre as variáveis intervenientes. Estas variáveis, por sua vez, são diretamente influenciadas pelas variáveis de iniciação. Isso
  • 43. 41 significa que a condição das primeiras é resultado, em grande parte, das segundas, que têm grande influência no resultado da escola. A análise das variáveis apresentadas leva a conclusão da importância do tempo, ou seja, da realização de um trabalho em longo prazo quando o coordenador pedagógico pretende realizar uma mudança na qualidade de ensino da instituição em que trabalha. A maneira mais eficiente de realizar esta transformação é o trabalho em parceria com as pessoas que compõe o corpo escolar, ou seja, a interferência nos fatores humanos que influenciam a eficiência do ensino. À medida que o processo se desenvolve ao longo do tempo, em geral, as escolas sentem o resultado do investimento realizado nas pessoas, e a melhoria da qualidade de ensino é percebida. A ação supervisora tem suas raízes nas variáveis de iniciação, estabelecendo seus objetivos a partir das variáveis de sucesso escolar, focalizando a mudança nas variáveis intervenientes para alcançar os objetivos traçados. Natureza da Organização Escolar Para o coordenador pedagógico, é essencial o conhecimento de como a escola está organizada e como estabelece suas relações internas e externas, pois o coordenador realiza seu trabalho em um ambiente organizacional. A ação do coordenador se dá dentro de uma estrutura administrativa e esta exerce influência na organização total. Ao analisar a escola sob o ponto de vista organizacional, percebemos que ela é um tipo especial de organização, devido aos seus objetivos específicos e ao fato de ela lidar com pessoas o que, em geral, não permite que
  • 44. 42 se crie uma “fórmula mágica” que resolva todos os seus problemas. É necessário que o coordenador pedagógico conheça como se dá a estruturação escolar e as particularidades de cada unidade de ensino, pois ele terá que se adaptar a suas necessidades. A escola é uma instituição social, e para sobreviver, precisa atender a dois requisitos básicos: manter-se internamente e, simultaneamente, ser adaptável ao meio externo. Isso significa que, ao mesmo tempo em que deve haver um esforço da escola para responder às necessidades sociais, ela deve se estruturar internamente através da interação entre os indivíduos e a manutenção de sua organização em longo prazo. Para isso, o coordenador pedagógico tem o papel de ser sensível às necessidades tanto internas quanto externas da escola, a fim de realizar as transformações necessárias para a adaptação. Segundo o sociólogo T. Parsons, as organizações sociais precisam atender a quatro fatores para se manterem como tal: a adaptação ao meio ambiente, o alcance dos objetivos propostos, a integração interna ao contexto mais amplo e a manutenção dos padrões e dos valores socialmente estabelecidos. A aplicação destes conceitos à escola ficaria da seguinte forma, conforme ilustrado no quadro: Necessidade da organização Necessidade da escola Adaptação ao meio ambiente - aceitação das mudanças sociais - renovação profissional e cursos de reciclagem de professores e equipe pedagógica - incorporação de novas tecnologias no processo de ensino - diálogo com grupos que podem exercer pressão sobre a escola Alcançar os objetivos em relação aos alunos - auto-realização dos alunos - qualificação para inserção no mercado de trabalho
  • 45. 43 - exercício consciente da cidadania - índices favoráveis em relação à repetência e evasão escolar - crescimento e desenvolvimento dos professores e especialistas em educação Integração interna ao contexto mais amplo - melhoria das relações com outras organizações que operam na organização escolar - coordenação curricular dentro da escola e entre outras escolas que compõem o sistema escolar estadual - integração e articulação entre a coordenação pedagógica e divisões regionais de ensino, delegacias de ensino e demais unidades administrativas que compõem o sistema escolar. Manutenção dos padrões e dos valores socialmente estabelecidos - manutenção da moral vigente na sociedade que se articula com a escola - manutenção da lealdade do corpo escolar com os objetivos propostos - socialização dos alunos e dos educadores para adoção da ética específica a cada unidade escolar
  • 46. 44 2.2 - O que é Orientador Pedagógico Neste capítulo, vamos definir o que é o orientador pedagógico, para que o aluno possa conhecer a diferença entre este profissional e o coordenador pedagógico, procurando esclarecer algumas confusões em relação à terminologia. Conforme vimos, o orientador pedagógico exerce uma função de maior proximidade com os alunos, auxiliando com seus problemas pessoais, no seu desenvolvimento enquanto indivíduo, ou seja, na formação de valores. Se ele achar necessário, irá intervir através de conversas com o estudante e com sua família. O orientador pedagógico trabalha dentro do corpo da gestão escolar, exercendo o papel de proximidade com o aluno e com a comunidade. Segundo Mirian Paura, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em entrevista para a Revista Nova Escola:
  • 47. 45 "O profissional de sala de aula está voltado para o processo de ensino- aprendizagem na especificidade de sua área de conhecimento, como Geografia ou Matemática... Já o orientador não tem currículo a seguir. Seu compromisso é com a formação permanente no que diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, sempre discutindo, analisando e criticando." Devemos ressaltar que nem todas as escolas possuem este profissional, e que em muitas delas o coordenador pedagógico acaba assumindo esta função, mas o ideal para o desenvolvimento do aluno é que exista um profissional dedicado especificamente a esse trabalho. Além disso, o orientador pedagógico não deve ser confundido com um psicólogo escolar, pois sua orientação tem relação com as esferas de vivência, escolhas profissionais e relacionamento com colegas. A orientação educacional pode atuar de duas maneiras: através da ação direta, que se dá pelo trabalho em grupo, ou através da ação integrada entre várias equipes, conforme abaixo: 1) Ação Direta. - Através do contato direto com o aluno, a fim de preparar o mesmo para uma participação ativa na sociedade, através da reflexão sobre o seu papel dentro dela, quais são os desafios que ele vai enfrentar e como contorná-los. - Conversar com o aluno sobre quais são suas áreas de interesse, quais são as matérias em que ele se destaca e no que ele quer trabalhar, ou seja, orientação vocacional. - Treinamento de suas capacidades para o desenvolvimento do indivíduo como um cidadão ativo e consciente.
  • 48. 46 - Propor e contribuir na realização de atividades que visem integrar a comunidade à escola, como festas cívicas, programas relacionados à saúde, à cultura e às atividades artísticas. - Divulgar programas em que os alunos possam realizar estágios e monitorar a realização destes estágios. 2) Ação Integrada. - Trabalho com o corpo escolar para que o aluno possa se desenvolver. O orientador pedagógico percebe quais são as lacunas que devem ser preenchidas pelos vários profissionais que trabalham com os alunos, a fim de desenvolver, em cada um, seu próprio potencial. - O orientador pedagógico participa do planejamento escolar, a fim de propor ideias e de auxiliar no alcance dos objetivos da escola como um todo, no que se refere ao desenvolvimento do aluno. - Trabalhar em parceria com a administração da escola, com a coordenação pedagógica e com o corpo escolar como um todo. Para ser um orientador pedagógico, é preciso ser formado no ensino superior na área de Pedagogia, ou possuir pós-graduação nesta área ou especialização em Orientação Educacional.
  • 49. 47 2.3 - Desafios à Coordenação Pedagógica O coordenador pedagógico enfrenta vários desafios em seu trabalho cotidianamente, pois ele tem que trabalhar com outras pessoas para chegar aos resultados pretendidos. Os maiores desafios podem ser resumidos em quatro fatores centrais: 1. Desagregação da estrutura social, em particular da família. 2. Currículo disciplinar guiado por doutrinas externas à escola e aplicação de uma avaliação classificatória excludente dos alunos. 3. Condições de trabalho precárias. 4. Má formação dos professores e do corpo escolar. Podemos pensar em outros problemas enfrentados pelos coordenadores pedagógicos a partir das perspectivas desses próprios profissionais. A Fundação Victor Civita, criada em 1985 pelo Grupo Editorial Abril, é uma instituição que visa contribuir
  • 50. 48 para o desenvolvimento da educação no Brasil, através de pesquisas e publicações que discutem o estágio atual da educação, assim como propostas para seu desenvolvimento. Em 2010, a instituição realizou uma pesquisa com coordenadores e supervisores pedagógicos de todo Brasil, a fim de levantar qual seria sua percepção dos principais problemas enfrentados por esses profissionais. Baseados nesta pesquisa, mostramos abaixo uma tabela destacando os principais desafios apontados por esses profissionais, com influência direta no seu cotidiano. PRINCIPAIS PROBLEMAS DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA (RESPOSTA MÚLTIPLA) ALUNOS - MOTIVAÇÃO E DISCIPLINA 47% Falta de disciplina dos alunos 31% Baixo desempenho escolar dos alunos 12% Violência: os alunos agridem colegas ou professor 11% Ausência/falta dos alunos 7% Falta de motivação/ compromisso/ interesse dos alunos 4% Progressão continuada 4% Presença de criança ou jovem envolvida com comércio de drogas ou outros delitos na sala de aula 3% PAIS E COMUNIDADE 43% Falta de participação dos pais 43%
  • 51. 49 Problemas sociais acarretam distúrbios na criança - Conflitos entre direção, escola e pai - RECURSOS E INFRAESTRUTURA 35% Falta de professores (ter menos do que deveria) 16% Falta de conservação das instalações/infraestrutura 9% Falta de material didático 8% Falta de funcionários (merendeira, faxineira) 6% Salas muito cheia 5% Falta de equipamento 5% PROFESSORES - PREPARO E MOTIVAÇÃO 31% Falta de motivação da equipe docente 13% Ausência de professores (faltar ao trabalho) 12% Equipe docente com pouco conhecimento didático 5% Professores resistem a ideias novas/projetos/propostas 5% EXCESSO DE ATRIBUIÇÕES/FALTA DE TEMPO 15% Falta de tempo para planejamento 10% Questões administrativas competem com as questões 7%
  • 52. 50 pedagógicas Excesso de relatórios 1% GESTÃO DA APRENDIZAGEM/ COORDENAÇÃO 14% Faltam objetivos e metas de conteúdo/ aprendizagem que o professor deva seguir e cumprir em sala de aula 7% Indefinição do papel do coordenado 4% Falta de preparo do coordenador 2% Falta de autoridade (não consigo exercer minha autoridade) 2% Falta de planejamento pedagógico/ coordenação 1% OUTROS 7% Inclusão (crianças com deficiências) 3% Muitas atribuições 2% Falta de apoio/ respaldo da Secretaria da Educação/governo 1% Dificuldade no encaminhamento de problemas de saúde dos alunos 1% Nenhum 2% Dados disponíveis em http://www.fvc.org.br/pdf/coordenador-apresentacao.pdf
  • 53. 51 Conforme percebemos a partir dos dados da pesquisa, os dois problemas mais apontados pelos coordenadores pedagógicos estão relacionados ao comportamento dos alunos e dos pais, sendo a indisciplina dos alunos e a falta de participação dos pais na vida escolar destes os principais problemas de um coordenador pedagógico. Podemos relacionar estes problemas à desagregação familiar, apontado no começo deste capítulo. De acordo com a gravidade de cada problema encontrado, podemos mostrar o gráfico abaixo, de acordo com a opinião dos próprios coordenadores pedagógicos: Dados disponíveis em http://www.fvc.org.br/pdf/coordenador-apresentacao.pdf A mesma pesquisa também questionou os coordenadores pedagógicos sobre qual seriam os principais problemas da escola para a boa execução do seu trabalho. De acordo com o gráfico a seguir, vemos que os principais problemas apresentados na escola estão relacionados com a infraestrutura e com os recursos destinados à escola, como falta de verbas, de vagas para os alunos, de material e de espaço para os alunos.
  • 55. 53 2.4 - Formação do Coordenador Pedagógico O coordenador pedagógico exerce funções muito específicas, que vão desde a elaboração do currículo escolar em parceria com os diretores e professores, o contato direto com os pais de alunos, lidar com os próprios alunos e a formação continuada de professores. Apesar de exercer funções tão particulares, o coordenador pedagógico não tem uma formação específica. Em geral, estes profissionais são formados em pedagogia, apresentando especializações ou cursos de formação específicos para sua área. Para Silvia Carvalho, coordenadora executiva da ONG Avisa Lá, instituição especializada em educação, em entrevista para Revista Educação, o coordenador pedagógico deve ter uma ampla experiência como professor no nível de ensino que irá coordenar, além de uma pós-graduação ou especialização na área em que mais se identifica. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996, que regula os parâmetros que devem ser seguidos por todas as instituições de ensino no Brasil, a formação dos profissionais que atuam na educação básica, ou seja, no ensino fundamental, deverá ser o curso superior ou a pós-graduação na faculdade de Pedagogia, de acordo com o que segue: “Art. 64º. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida,
  • 56. 54 nesta formação, a base comum nacional.” (Lei de Diretrizes e Bases (LBD) de 20 de dezembro de 1996) Um curso superior em Pedagogia, na Universidade de São Paulo – USP, possui o tempo total de estudo de quatro anos (ou oito semestres), com o total de 1.680 horas cursadas nas disciplinas obrigatórias e 1.020 horas cursadas nas disciplinas complementares, ou seja, aquelas que podem ser eleitas para serem cursadas. A grade obrigatória da faculdade, a partir do ano de 2006, é a seguinte: 1° Semestre História da Educação I Sociologia da Educação I Filosofia da Educação I Didática I Fundamentos Econômicos da Educação 2° Semestre História da Educação II Sociologia da Educação II Filosofia da Educação II Psicologia da Educação I Didática II 3° Semestre Optativa Optativa Política Educacional e Organização da Educação Básica I - POEB Psicologia da Educação II Aspectos Ético-Político - Educacionais para Integração da Pessoa com Necessidades Educativas Especiais – IIE 4° Semestre Optativa Optativa Coordenação do Trabalho na Escola I Política Educacional e Organização da Educação Atividades Práticas I - Estágio e Projetos
  • 57. 55 Básica II - POEB II 5° Semestre Optativa Optativa Metodologia do Ensino de Matemática Coordenação do Trabalho na Escola II Atividades Práticas II - Estágio e Projetos 6° Semestre Optativa Optativa Educação Infantil Metodologia do Ensino de Português: a alfabetização Atividades Práticas III - Estágio e Projetos 7° Semestre Optativa Optativa Currículos e Programas Metodologia do Ensino de Arte e Movimento Corporal Atividades Práticas IV - Estágio e Projetos 8° Semestre Optativa Optativa Metodologia do Ensino de Ciências Metodologia do Ensino de História/ Geografia Atividades Práticas V - Estágio e Projetos Dados disponíveis em http://www2.fe.usp.br/estrutura/pedago/grade.htm Para os coordenadores pedagógicos de escolas públicas de educação básica, é oferecido um curso de pós-graduação latu sensu, no formato de Curso de Educação à Distância, com a carga horária de 405 horas, coordenado pelo Ministério da Educação. Para mais informações, acesse http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14670&Ite mid=947.
  • 58. 56 Segundo o estudo sobre coordenadores pedagógicos da Fundação Victor Civita, a quantidade total de coordenadores que realizaram cursos de extensão específicos para a coordenação pedagógica corresponde a 67% dos entrevistados, conforme o gráfico abaixo: Dados disponíveis em http://www.fvc.org.br/pdf/coordenador-apresentacao.pdf Dentre o total de coordenadores pedagógicos entrevistados, 55% eram formados no curso superior em Pedagogia. Dos outros 45% que são formados em outros cursos, 61% fizeram Pedagogia como segunda faculdade. Segundo a pesquisa, 70% dos entrevistados fizeram pós-graduação, sendo que 99% destes fizeram especialização latu sensu e 4% fizeram mestrado, sendo que os cursos de especialização ou extensão tinham como maiores focos a pedagogia, escolhida
  • 59. 57 por 20% dos entrevistados, a gestão escolar e a psicopedagogia, com 19% de preferência dos coordenadores pedagógicos cada. Segundo estudo da Fundação Victor Civita, os coordenadores pedagógicos se atualizam em sua profissão das seguintes formas: lendo livros relacionados à assuntos pedagógicos (74%), lendo revistas especializadas em educação (63%), na participação de cursos e palestras ligados à educação (62%), pesquisando na internet em sites de educação (61%) ou em sites de notícias em geral (32%), lendo revistas ou jornais não específicos para educação (28%), na discussão com outros coordenadores ou com professores (21%), e, por fim, lendo livros de interesse geral, como romances ou biografias (16%).
  • 60. 58 Conclusão do Módulo I Olá aluno(a)! Você está quase chegando ao fim da primeira etapa do nosso Curso de Coordenação Pedagógica oferecido pelo Cursos 24 Horas! Aqui falamos sobre diversos assuntos pertinentes a educação! Vimos inúmeros conceitos, inclusive sobre educação, didática pedagogia etc. Nesse módulo você pode conferir quais são as diversas atribuições de um coordenador pedagógico, além de saber qual é a diferença entre ele e o orientador pedagógico. Para passar para próxima etapa, você deverá realizar a avaliação referente ao primeiro módulo. Essa avaliação encontra-se em sua sala de aula virtual. Fique tranquilo(a) e só faça a avaliação quando se sentir preparado! Desejamos uma bom estudo, boa sorte e boa avaliação! Até breve!