1. Gás Natural na industria
A diminuição dos consumos de energia dependerá fundamentalmente das medidas de
correcção dos parâmetros ambientais, em particular das emissões gasosas. Tendo em conta as
principais fontes de emissões gasosas, as que decorrem das instalações de queima e as dos
processos de fabrico, pode fazer-se uma análise das consequencias da optimização dos
consumos de energia por correcção de parâmetros ambientais.
Sob o ponto de vista da economia de energia, uma boa queima deve processar-se com
excesso de ar mínimo, sendo o rendimento térmico óptimo conseguido com teores de
monóxido de carbono e particulas nos gases de combustão superiores ao máximo permitido
pela legislação actualmente em vigor.
Medidas preventivas que devem ser tomadas para manter os queimadores em perfeito estado
de limpeza e afinação:
Revestimentos e cones de queima em material refractário com geometria original e
sem fissuras ou esboroamentos visíveis, pois qualquer falha neste ponto provoca
correntes de ar secundárias e distorção da direcção de cone de chama com queima
deficiente e excesso de partículas de carbono mesmo na queima de combustíveis
gasosos;
Difusores metálicos dos queimadores limpos e com geometria original;
Bicos de queima com desenho adequado, sem marcas, estrias ou deformações
decorrentes de má manutenção e limpos com frequência;
Parâmetros de exploração mantidos conforme recomendação do fabricante (pressão
do combustível e viscosidade do combustível à saida do queimador), para
combustíveis liquidos uma temperatura elevada à entrada dos queimadores origina
uma queda de eficiência e um perigo para a segurança pois existe libertação de
voláteis;
No caso de combustíveis sólidos, devem ser removidos os corpos estranhos ou
inqueimáveis e garantida a sua correcta calibração, de acordo com o especificado
pelos construtores dos geradores de vapor;
No caso de combustíveis líquidos não se deve prescindir da sua filtração devendo ser
utilizada malha adquada a cada tipo de combustível, sendo que a limpeza dos filtros
deve ser feita frequentemente. Para os combustíveis líquidos podeser necessária a
utilização de aditivos com poder dispersante acom o preposito de evitar a formação
de partículas carbonosas que não irão queimar completamente e originar excesso de
emissões de sólidos pela chaminé;
No caso de combustíveis gasosos, é imprescindivel a correcta exploração dos
depósitos de gás, sobretudo se o combustível for armazenado com fases líquida e
gasosa em equilíbrio, e o respeito pelas gamas de pressões de alimentação
recomendadas pelo construtor dos queimadores;
As zonas de bombagem e aquecimento de combustíveis líquidos devem ser
confinadas a fim da recolha de derrames possa ser facilitada;
2. As fornalhas ou câmaras de combustão deverão ser regularmente limpas e escovadas,
se estiverem sujas ou repletas de resíduos carbonosos, o rendimento do gerador
diminui e o arraste de partículas sólidas pela chaminé aumenta rapidamente;
Deve ser prestada especial atenção à zona das caldeiras imediatamente antes da
chaminé, pois é ai que se encontram preferencialmente os resíduos carbonosos e os
cristais de enxofre habitualmente saturados de humidade, sendo que uma limpeza
frequente elimina essa fonte de corrasão e de emissão desnecessária de partículas
sólidas.
A escolha dos combustíveis desde que estejam disponíveis é normalmente assumida por
razões económicas, no entanto, a eficiência energética e o enorme impacte ambiental ligado à
sua utilização, têm sido nos últimos anos fonte de diversas correntes de opinião e de políticas
energéticas. Ao longo dos anos passou-se do consumo energético desregrado para a sucessão
de diversas correntes, tais como, a opção pelo carvão como alternativa abundante e mais
barata, a opção pelo gás natural devido a ser menos poluente e o optimismo relativo ao
aumento das energias renováveis.
Comparação das emissões de gases de combustão de alguns combustíveis
Combustível Ar O2 CO2+SO2 H2O O2 N2 Teor de
tomado consumido particulas
Carvão 429 83 98 23 17 330 Muito elevado
Fuelóleo 396 77 80 22 15 300 Elevado
Gás Natural 335 69 49 42 10 258 Improvável
Biocombustivel 366 72 72 27 12 279 reduzido
Unidade: Kg
Base: 106KJ
O gás natural é o combustível menos poluente, sendo o único que emite menos CO2+SO2 do
que a quantidade de oxigénio que consome para efectuar a queima. Sobre esta vantagem
acresce ainda o facto de enquanto a queima de combustíveis com enxofre obrigar a emissões
de fumos a temperatura superior a 150°C, a queima de combustíveis sem enxofre permite
emissões de fumos a temperaturas inferiores a 100°C.
Outra caracteristica relevante do gás natural prende-se com o seu elevado poder calor
inferior, superior no minimo em cerca de 5% relativamente aos outros combustíveis, o que lhe
confere uma vantagem qualitativa e ambiental.
Emissão de gases de efeito de estufa associados à queima de combustíveis
Combustível CO2 (ton/109J) CH4 (Kg/109J) NO2 (Kg/109J)
GPL 62,44 1,40 1,40
Gás Natural 55,82 1,40 1,40
Gasóleo 73,33 4,99 0,60
Fuelóleo 76,59 2,90 0,60
Carvão 96,30 2,40 0,70
3. Mais uma vez se repara nas vantagem da queima de gás natural em detrimento de outros
combustíveis, agora relativamente à libertação de gases de efeito de estufa. Da observação da
tabela anterior constata-se uma percentagem de cerca de 10% menor na libertação de dioxido
de carbono, juntamente com o GPL o gás natural tem emissões de metano de cerca de metade
dos outos combustíveis, perdendo somente nas emissões de dioxido de azoto.
Relação ar-combustível
Para numa caldeia se coseguir um alto rendimento térmico, e assim minimizar os custos de
combustível, a quantidade de ar admitido para a combustão deve ser apenas a necessária para
assegurar a combustão completa do gás em todas as ocasiões (com uma margem de segurança
adequada a cada conjunto queimador-caldeira).
Se na relação ar-combustível a quantidade de ar for elevada, as perdas nos gases de exaustão
são grandes e o custo operacional aumenta. De um modo semelhante, se a quantidade de ar
for muito baixa, parte do gás deixará d equeimar e o custo operacional também aumentará.
O tipo de queimador e controlos, bem como o ajuste, determinarão o resultado que se pode
obter. Os fornecedores da caldeira e do queimador devem ser consultados para determinação
do ajuste ideal.
Para comprovar se essa relação ar-combustivel está correcta, o método usual é fazer ensaios
com o gás de exaustão ao sair da caldeira. A partir da temperatura e composição desse gás, é
possivel obter-se a perda de calor na exaustão.
4. Gás natural Vs Combustível liquido
Fazendo um pequeno exercico relativamente à alteração do excesso de ar na queima dos dois
combustíveis, alteração de resultados da passagem de 40 para cerca de 20% de excesso de ar
para uma mesma temperatura dos gases de 220°C.
Gráfico 1 – Resultados da queima de gás natural
5. Gráfico 2 - Resultados da queima de combustível liquido
Comparando os dois gráficos, observa-se que a passagem de um excesso de ar de 40 para 20%
não trás diferenças significativas relativamente à redução de perdas de calor nos gases de
exaustão pois ambos os combustíveis apresentaram uma redução de 1,5%. As diferenças
significativas relativamente às perdas de calor nota-se sim mas em valor absoluto, pois, com
um excesso de ar de 40% os combustíveis liquidos apresentam 16% de perdas e o gás natural
de 20%, com a passagem para 20% de excesso de ar os combustíveis liquidos passaram a
apresentar perdas de 14,5% enquanto o gás natural de 18,5%.
A emissão de dioxido de carbono por seu lado faz-se sentir em maior numero na queima dos
combustíveis liquidos, 13,5% volume dos produtos secos nos gases de exaustão para um
excesso de ar de 20% e 11% de emissões de dioxido de carbono em volume de produtos secos
6. nos gases de exaustão para 40% de excesso de ar, o que mostra que com a diminuição de
excesso de ar aumenta a percentagem de produtos secos nos gases de exaustão.
Na queima de gás natural como já foi referido a percentagem de dioxido de carbono em
volume de produtos secos nos gases de exaustão é menor, cerca de 10% para 20% de excesso
de ar e de 8% para 40% de excesso de ar.
Fazendo uma análise de resultados observa-se que as perdas de calor nos gases de exaustão
são maiores na combustão do gás natural e que o combustível mais poluente é o combustível
líquido.
Comparativo Gás natural vs GPL na Industria
Combustíveis Gás Natural GPL
Investimento Menor Maior
Custo de utilização Menor Maior
Cuto de manutenção Menor Maior
Necessidade de stock Não Necessário
Condição de pagamento Após uso Antecipado
Área necessária Menor Maior
Espaço de recepção Não Necessário
Condicionamento para uso Nenhum Vaporização
Controle das emissões Simples Simples
Controle da combustão Simples Simples
Limpeza do local de uso Fácil Remoção do condensado
Caso de fuga Fácil dispersão Remoção difícil
Agressividade das emissões Muito baixa Muito baixa