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MANUAL DO
PROFESSOR
em
Ciências
Humanas
Área de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
ENSINO MÉDIO
Cláudio Vicentino
Eduardo Campos
Eustáquio de Sene
MANUAL DO
PROFESSOR
em
Ciências
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MANUAL DO
PROFESSOR
Área de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
ENSINO MÉDIO
Cláudio Vicentino
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP)
Professor de História no Ensino Médio e em cursos pré-vestibulares. Autor
de obras didáticas e paradidáticas para Ensino Fundamental e Ensino Médio
Eduardo Campos
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP)
Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP)
CoordenadoreducacionalepedagógicodoEnsinoFundamental(anosfinais)
e do Ensino Médio. Professor na Educação Básica e no Ensino Superior
Eustáquio de Sene
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP)
Mestre e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP)
Professor de Geografia do Ensino Médio na rede pública e em escolas parti-
culares. Professor de Metodologia do Ensino de Geografia na Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo por 5 anos
1a
edição, São Paulo, 2020
em
Ci•ncias
Humanas
2
Presidência: Paulo Serino
Direção editorial: Lauri Cericato
Gestão de projeto editorial: Heloisa Pimentel
Gestão de área: Brunna Paulussi
Coordenação de área: Carlos Eduardo de Almeida Ogawa
Edição: Izabel Perez, Tami Buzaite e Wellington Santos
Planejamento e controle de produção: Vilma Rossi e Camila Cunha
Revisão: Rosângela Muricy (coord.), Alexandra Costa da Fonseca,
Ana Paula C. Malfa, Ana Maria Herrera, Carlos Eduardo Sigrist,
Flavia S. Vênezio, Heloísa Schiavo, Hires Heglan, Kátia S. Lopes Godoi,
Luciana B. Azevedo, Luís M. Boa Nova, Luiz Gustavo Bazana,
Patricia Cordeiro, Patrícia Travanca, Paula T. de Jesus,
Sandra Fernandez e Sueli Bossi
Arte: Claudio Faustino (ger.), Erika Tiemi Yamauchi (coord.),
Keila Grandis (edição de arte), Arte Ação (diagramação)
Iconografia e tratamento de imagens: Roberto Silva (coord.),
Douglas Cometti e Mariana Sampaio (pesquisa iconográfica),
Cesar Wolf (tratamento de imagens)
Licenciamento de conteúdos de terceiros: Fernanda Carvalho (coord.),
Erika Ramires e Márcio Henrique (analistas adm.)
Ilustrações: Fórmula Produções
Cartografia: Mouses Sagiorato e Portal de Mapas
Design: Luis Vassallo (proj. gráfico, capa e Manual do Professor)
Foto de capa: Monalyn Gracia/Corbis/Getty Images
Todos os direitos reservados por Editora Ática S.A.
Avenida Paulista, 901, 4o
andar
Jardins – São Paulo – SP – CEP 01310-200
Tel.: 4003-3061
www.edocente.com.br
atendimento@aticascipione.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua - CRB-8/7057
2020
Código da obra CL 720007
CAE 729789 (AL) / 729790 (PR)
1a
edição
1a
impressão
De acordo com a BNCC.
Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens
presentes nesta obra didática. Colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões
de créditos e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que,
eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão,
são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.
Impressão e acabamento
3
Apresentação
Caro(a) estudante,
Este volume foi organizado em torno do conceito de democracia, enfocando
os desafios da convivência coletiva no passado e no presente, destacando direi-
tos e impasses. Trata-se de um tema essencial para a construção da cidadania,
que considera o aprender a ser e o aprender a conviver e exige sujeitos efetiva-
mente autônomos e não heterônomos, que agem apenas por obediência, medo,
ou para atender aos desejos do outro.
Além do entendimento de democracia em seu aspecto político mais restrito,
propomos a análise das desigualdades existentes entre países e também entre
grupos sociais em um mesmo país.
Como em toda a coleção, os textos e as atividades são propostos tendo-se
como objetivo a construção de um olhar crítico sobre os fatos e fenômenos, pas-
sados e contemporâneos, com a perspectiva de construção de argumentação
cientificamente embasada.
Você será estimulado a aplicar o repertório que acumulou até aqui para ava-
liar o mundo e também o lugar onde vive, trazendo para a sala de aula sua realida-
de, suas vivências e interpretações.
As propostas de atividades favorecem a mobilização de diferentes habilida-
des por meio de debates, atividades individuais, em dupla e em grupos, valen-
do-se de diversas técnicas e metodologias de investigação e pesquisa, leituras
de textos de variados gêneros discursivos, propostas de intervenção e uso das
novas tecnologias de comunicação e informação, explorando o registro e a pro-
dução de sínteses. Estão também compreendidos momentos para desenvolvi-
mento de aspectos socioemocionais observando os princípios de uma formação
integral e humanista, na qual sejam valorizados o diálogo, a alteridade, a respon-
sabilidade na relação consigo mesmo, com os outros, com o ambiente natural e
com espaços públicos.
Bom estudo!
Os autores.
4
Conheça
seu livro
O mundo é marcado por profundas desigualdades socioeconômicas
entre os países e no interior de cada um deles. Essas disparidades
se materializam nas paisagens, principalmente dos países em
desenvolvimento, onde, em geral, elas são mais acentuadas.
Observe as fotografias ao lado e faça o que se pede.
• Descreva a foto que retrata a desigualdade socioeconômica
materializada na paisagem geográfica. Como você percebe essas
disparidades? Observe a paisagem no lugar onde você vive. Você nota
desigualdades semelhantes às da foto?
Contexto
Os desafios
do nosso
tempo
1
UNIDA
D
E
ESSE TEMA SERÁ
RETOMADO NA
SEÇÃO PRÁTICA
• Descreva a foto que retrata a
desigualdade socioeconômica
materializada na paisagem
geográfica. Como você
percebe essas disparidades?
Observe a paisagem no lugar
onde você vive. Você nota
desigualdades semelhantes às
da foto?
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Observe a charge, leia o excerto e reflita:
Contexto
Desigualdades
socioeconômicas no
mundo contemporâneo
1
OBJETIVOS
• Diferenciar os conceitos de desigualdade e diferença
na interpretação de injustiças sociais.
• Problematizar a classificação do desenvolvimento de
um país por meio de dados estatísticos isolados.
• Analisar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
de diferentes países para identificar a desigualdade
socioeconômica que existe no mundo.
• Relacionar a desigualdade política entre os Estados
ao grau de vulnerabilidade por meio do Índice de
Fragilidade dos Estados (IFE).
• Conhecer o Índice de Percepção da Corrupção (IPC)
para relacionar o grau de corrupção em um país com
IDH e IFE.
JUSTIFICATIVA
Compreender o significado dos conceitos de
“desigualdade” e “diferença” é importante porque
viabiliza uma análise mais embasada da conjuntura
nacional e internacional, assim como conhecer e utilizar
os conceitos de IDH, IFE e IPC, percebendo como esses
índices expressam realidades que se correlacionam.
São metodologias bastante eficientes para analisar e
combater as desigualdades socioeconômicas, sem, no
entanto, desvalorizar as diferenças entre as pessoas
nem as diferenças culturais entre os países.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC
• Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2,
CG3, CG4, CG5, CG6, CG7, CG9 e CG10.
• Competências específicas e habilidades de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas:
Competência 1: EM13CHS101 e EM13CHS106.
Competência 4: EM13CHS402. Competência 5:
EM13CHS401 e EM13CHS502. Competência 6:
EM13CHS602 e EM13CHS606.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS
Cidadania e civismo
• Educação em direitos humanos
• Processo de envelhecimento, respeito e valorização
do idoso
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NÃO ESCREVA NO LIVRO
CAZO, Luiz Fernando. IDH avança, mas a educação é o ponto fraco...
Disponível em: https://www.humorpolitico.com.br/?s=cazo+idh.
Acesso em: 5 set. 2020.
Cazo/Acervo
do
cartunista
Existem boas razões para que se veja a pobreza
como uma privação de capacidades básicas, e não
apenas como baixa renda. A privação de capacidades
elementares pode refletir-se em morte prematura,
subnutrição significativa (especialmente de crianças),
morbidez persistente, analfabetismo muito dissemi-
nado e outras deficiências.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000. p. 35.
1. Oquevocêentendepordesigualdadesocioeconômica?
2. Quaissãooscritériostradicionaisparamedirapobreza?
3. Que relação pode ser estabelecida entre a charge e a
perspectiva de Amartya Sen?
18
CONEXÕES
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
NÃO ESCREVA NO LIVRO
Andy Warhol, principal representante do movimento artístico visual co-
nhecido por pop art, interessava-se pelas imagens continuamente propaga-
das e repetidas nos meios de comunicação de massa. Transformou tudo em
produto visual, assumindo uma estética própria da publicidade: ícones do ci-
nema e da política, produtos de consumo cotidiano e até mesmo imagens de
acidentesquefiguravamnosjornais.Todasassuasobrasabsorviamelemen-
tos dessa cultura pop, que ele trabalhava e apresentava com cores intensas.
Os retratos são um exemplo fundamental da obsessão de Warhol pela cul-
tura das celebridades. Graças à técnica da serigrafia, o artista pôde produzir
imagens em massa de suas musas, apagando nesse processo as imperfei-
ções que as tornavam humanas.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Em duplas, pesquisem em livros e na internet as obras de Warhol e a épo-
ca em que foram produzidas. Coletem também informações sobre o ar-
tista e seu estilo. Em seguida, reflitam sobre a questão a seguir, e, com a
orientação do professor, compartilhem suas anotações com os colegas.
A atitude de Warhol parece criticar ou exaltar o excesso de exposição mi-
diática das imagens?
Green Marilyn. 1962. Andy
Warhol. National Gallery
of Art, Washington, D.C.
(Estados Unidos).
Alamy/Fotoarena
108
Vista aérea de Mumbai (Índia), em 2015. Em primeiro plano, Dharavi Slum, que, com cerca de 750 mil
habitantes, é a maior favela da Índia e uma das maiores do mundo.
Premraj
K.P/Alamy/Fotoarena
17
Desigualdade x diferença
Desigualdade e diferença
No dia a dia, as palavras “desigualdade” e “diferença”, muitas vezes, são
utilizadas como sinônimos, no entanto, no contexto histórico e sociocultural,
elas não têm o mesmo significado. É importante fazer a distinção entre elas
para que possamos compreender melhor a realidade social, cultural e econô-
mica do Brasil e do mundo, que é muito rica em diferenças, porém marcada
por profundas desigualdades. Os diagramas a seguir trazem exemplos de de-
sigualdades e de diferenças que vão esclarecer esses conceitos.
Ao longo da história, as lutas sociais contra imposições e violências se
orientaram e continuam se orientando por valorizar as diferenças e combater
as desigualdades.
Algumas formas de desigualdades, como veremos ao longo deste capí-
tulo, de tão arraigadas nas sociedades, passam a ser vistas como fenôme-
nos naturais, o que evidentemente não são. Elas são resultantes de uma
construção social, portanto, podem, e devem, ser combatidas e reduzidas
(em nenhum período da história elas foram completamente eliminadas).
Já as diferenças são múltiplas, têm um grau maior de permanência e, em
geral, não podem ou são muito difíceis de serem transformadas, mesmo as
que foram construídas culturalmente. E as diferenças não são em si posi-
tivas ou negativas.
A crítica à desigualdade que existe entre os homens (“homens” como con-
ceito antropológico, sinônimo de espécie) é antiga. Uma das mais conhecidas
é a do filósofo iluminista francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
Fonte: BARROS, José D’Assunção. Igualdade e diferença: uma discussão conceitual mediada pelo contraponto das desigualdades.
Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 23, e230093, 2018. p. 5.
Desigualdade Diferença
Hierarquias
Riqueza/Pobreza
Acesso desigual
à educação e à
cultura
Preconceitos Outros
Tratamento desigual
para grupos
diferenciados
Acesso desigual a
direitos políticos
Oportunidades
desiguais
Nacionalidades
Necessidades
especiais
Etnias
Gêneros
Faixas
etárias
Religiosidades
Outros
Banco
de
imagens/Arquivo
da
editora
19
Tendo em vista o estudo do capítulo e a observação da paisagem do lugar em que você mora,
reavalie suas respostas:
1. O que você entende por desigualdade socioeconômica?
2. Como ela se materializa nas paisagens?
Retome o contexto
Indicadores
IDH
IPC
Maior o IFE
Menor o IDH
IFE
Combatida
Diferença Econômica
Educação
Voto
Saúde
Liberdade de
expressão
Saneamento
básico, etc.
Ir e vir, etc.
Serviços
públicos
Renda
per capita
Direitos
políticos
Desenvolvimento
humano
Fragilidade
dos Estados
Percepção da corrupção
Riqueza
Política
Social
Valorizada
Concentrada
DESIGUALDADE
deve ser
deve ser
não é a mesma
coisa que
desigual
acesso à
medida
pela
como
como
no entanto,
pode ser
desigual
acesso aos
desigual
acesso aos
entre pessoas
pode ser
entre Estados
pode ser
medida por
como
que
indica o
que
indica a
que indica a
ambos se
relacionam
entre si e com o
quanto
maior
Mapa conceitual organizados pelos autores.
45
VOCÊ PRECISA SABER
NÃO ESCREVA NO LIVRO
45
Seu livro está organizado em duas unidades, divididas em dois capítulos, que
tratam de temas atuais e relevantes para a sua formação durante o Ensino Médio.
Ao longo dos capítulos e unidades, você encontrará diferentes estruturas
que utilizam diversos recursos pensados para auxiliá-lo no processo de
aprendizagem.
As aberturas de unidades apresentam textos e imagens
que sintetizam o tema principal e vão mobilizar os seus
conhecimentos sobre o assunto. Nessas aberturas, a
seção Contexto traz situações concretas cuja análise
exige conteúdos, conceitos e procedimentos de diferentes
disciplinas das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Essas situações serão retomadas ao longo dos capítulos
e estão relacionadas com a seção Prática, que traz
uma proposta de trabalho para que você aplique os
conhecimentos que são produzidos em sala de aula na
comunidade escolar e em seu entorno.
As aberturas dos capítulos trazem recursos diversos
(fotografias, mapas, gráficos, entrevistas, charges) que
sintetizam o conteúdo que será trabalhado, além de propor
questionamentos, por meio de uma nova ocorrência da
seção Contexto, que vão ajudá-lo a realizar o projeto
proposto na seção Prática. Na abertura de cada capítulo,
você também encontrará um boxe com os objetivos, a
justificativa para o trabalho com os conteúdos propostos
e as competências, habilidades e temas contemporâneos
transversais mobilizados no capítulo.
Em todos os capítulos, você encontrará uma
ocorrência da seção Conexões, que trabalha a
interdisciplinaridade com componentes curriculares
de outras áreas do conhecimento, especialmente
as Ciências da Natureza e suas Tecnologias e as
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, bem como
com disciplinas que não estão presentes no
currículo escolar.
Seção que finaliza o trabalho do capítulo e traz
propostas de retomada das questões apresentadas
na seção Contexto, na abertura do capítulo.
Momento que serve de recurso para resumo
e sistematização de alguns dos conteúdos
trabalhados ao longo dos capítulos. Pode surgir
na forma de mapas conceituais, esquemas,
fluxogramas ou lista de palavras e pode apresentar
atividades que estabeleçam relação dos conteúdos
trabalhados com os seus lugares de vivência e as
suas experiências pessoais.
5
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
DA BNCC
• Competências específicas de
Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas: 1 e 5.
• Habilidades de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas: EM13CHS101,
EM13CHS102, EM13CHS103,
EM13CHS106, EM13CHS502 e
EM13CHS503.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS
TRANSVERSAIS
Cidadania e civismo
• Educação em Direitos Humanos.
A letalidade policial nas
capitais brasileiras: o
perfil das vítimas
PRÁTICA
A realidade sob investigação:
o método do estudo de caso
Para começar
Nesta unidade, analisamos que o conflito, seja entre indivíduos, seja
entre sociedades, pode ocorrer por razões diversas. No entanto, o que
se verifica em todo conflito é sempre a discordância de ideias entre
duas ou mais partes envolvidas.
Ao estudar o conflito social, alguns teóricos chegaram à conclusão
de sua inevitabilidade. A desigualdade social existente nas sociedades
motivaria os conflitos, que, nesse caso, funcionariam como mola pro-
pulsora para o surgimento de uma nova ordem social. Porém, mesmo
com a nova ordem, desigualdades seriam deflagradas e, como conse-
quência, novos conflitos surgiriam.
Atualmente, quando abrimos o jornal, navegamos por sites de no-
tícias ou assistimos à televisão, tomamos conhecimento de diversos
conflitos, muitos dos quais nos causam horror, envolvendo países di-
versos ou segmentos de uma mesma população. Você, talvez, conhe-
ça ou já tenha visto programas de televisão especializados em noticiar
assaltos, homicídios, roubos, entre outros crimes. Geralmente, nesses
programas, que se proclamam defensores da ordem e da moral, a con-
duta da polícia é sempre valorizada – ainda que muitas de suas ações
causem danos físicos ou mesmo a morte de pessoas.
Determinadas pela Constituição Federal
de 1988, que garante, como dever do Esta-
do, a ordem e a segurança pública, além da
incolumidade de pessoas, as polícias civis e
militares respondem aos governadores dos
estados brasileiros. Entre seus deveres estão
apurar infrações contra as ordens políticas e
sociais, prevenir e reprimir o tráfico ilícito de
entorpecentes e de drogas e preservar a or-
dem pública.
Entretanto, não são incomuns os abusos
de poder por policiais, como na manifestação
de 2013 contra o aumento da passagem de
NÃO ESCREVA NO LIVRO
Charge de Benett, publicada no jornal Folha de S.Paulo, em 12 de
dezembro de 2019, critica a reação das pessoas a outra charge que
satirizou a ação violenta da polícia militar em Paraisópolis, em São
Paulo, dias antes.
Alberto
Benett/Acervo
do
cartunista
78
1. (2019)
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS)
como uma política para todos constitui-se uma
das mais importantes conquistas da sociedade
brasileira no século XX. O SUS deve ser valorizado
e defendido como um marco para a cidadania e
o avanço civilizatório. A democracia envolve um
modelo de Estado no qual políticas protegem os
cidadãos e reduzem as desigualdades. O SUS é
uma diretriz que fortalece a cidadania e contribui
para assegurar o exercício de direitos, o pluralis-
mo político e o bem-estar como valores de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos,
conforme prevê a Constituição Federal de 1988.
RIZZOTO, M. L. F. et al. Justiça social,
democracia com direitos sociais e saúde:
a luta do Cebes. Revista Saœde em Debate, n. 116,
jan./mar. 2018 (adaptado).
Segundo o texto, duas características da con-
cepção da política pública analisada são:
a)Paternalismo e filantropia.
b)Liberalismo e meritocracia.
c)Universalismo e igualitarismo.
d)Nacionalismo e individualismo.
e)Revolucionarismo e coparticipação.
2. (2012)
Cada uma das personagens adota uma forma
diferente de designar os países “não desenvolvi-
dos”,porém,atualmentetem-seadotadoatermi-
nologia“paísesemdesenvolvimento”porque
a)representa melhor a ausência de desigual-
dades econômicas que se observa hoje en-
tre essas nações.
b)facilita as relações comerciais no mercado
globalizado ao aproximar países mais e me-
nos desenvolvidos.
c)indica que os países estão em processo de
desenvolvimento, reduzindo o estigma ine-
rente ao termo “subdesenvolvidos”.
d)demonstra o crescimento econômico des-
ses países, que vem sendo maior ao longo
dos anos, erradicando as desigualdades.
e)reafirma que durante a Guerra Fria os países
que eram subdesenvolvidos alcançaram es-
tágios avançados de desenvolvimento.
3. (2014)
Disponível em: www.ipta.gov.br. Acesso em: 2 ago. 2013.
Reprodução/ENEM,
2014
Na imagem, é ressaltado, em tom mais escuro,
um grupo de países que, na atualidade, pos-
suem características político-econômicas co-
muns no sentido de:
a)adotarem o liberalismo político na dinâmica
dos seus setores públicos.
b)constituírem modelos de ações decisórias
vinculadas à social-democracia.
c)instituírem fóruns de discussão sobre inter-
câmbiomultilateraldeeconomiasemergentes.
d)promoverem a integração representativa dos
diversospovosintegrantesdeseusterritórios.
e)apresentarem uma frente de desalinhamen-
to político aos polos dominantes do sistema-
-mundo.
©
Joaquín
Salvador
Lavado
(Quino)/Fotoarena
44
QUESTÕES DO ENEM NÃO ESCREVA NO LIVRO
Desigualdades políticas: Índice
de Fragilidade dos Estados
Além dos problemas sociais, outro problema que vários países em desen-
volvimento enfrentam são as guerras, a maioria delas civis, ou a violência
associada ao tráfico de drogas ou à instabilidade política. Esses conflitos
atingem principalmente países que o Fund for Peace (Fundo para a Paz, ONG
com sede em Washington, Estados Unidos) chama de “Estados frágeis”, ter-
mo que define nações em que o Estado apresenta tal grau de desestrutura-
ção que não consegue cumprir sua missão de garantir paz, segurança e coe-
são social aos habitantes de seu território. A classificação é feita pelo Índice
de Fragilidade dos Estados (IFE), composto de doze indicadores sociais,
econômicos, políticos e militares. As notas para cada um desses indicado-
res variam de um a dez, e a média final compõe um único indicador. Quanto
mais próximo de 120, maior a fragilidade do Estado e a desagregação social;
quanto mais próximo de zero, mais sustentável é o Estado e mais coesa é a
sociedade. Em 2019, o Iêmen era o Estado mais vulnerável, e a Finlândia, o
mais sustentável.
Dos nove Estados com maior IFE, em situação de alerta alto e muito alto,
seis são da África subsaariana e três ficam na Ásia.
Hotel Ruanda. Direção:
Terry George. Estados
Unidos/Reino Unido/
Itália/África do Sul,
2004.
Baseado na
história real de Paul
Rusesabagina, gerente
de um hotel em Kigali,
capital de Ruanda.
Em 1994, durante o
conflito entre hutus e
tútsis, Rusesabagina,
que era hutu, salvou a
vida de mais de 1200
pessoas da etnia tútsi,
abrigando-as no hotel
em que trabalhava.
Saber
Fonte: elaborado com base
em FUND FOR PEACE. Fragile
States Index: Annual Report
2019. Washington, DC:
FFP, 2019. Disponível em:
https://fragilestatesindex.
org/wp-content/
uploads/2019/03/9511904-
fragilestatesindex.pdf.
Acesso em: 19 jun. 2020.
Fórmula
Produções/Arquivo
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IFE
Os três Estados mais vulneráveis, os três mais
sustentáveis e outros selecionados (2019)
• Estabeleça correlações entre os países do gráfico anterior com os países que
aparecem no gráfico da página 40. A que conclusões você chega?
Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO
Reprodução/MGM
37
Desigualdade e corrupção:
Índice de Percepção da Corrupção
BOBBIO, Norberto;
MATTEUCCI, Nicola;
PASQUINO, Gianfranco.
Dicionário de Política. 7. ed.
Brasília: Editora UnB, 1995.
p. 291.
Estado predatório
Conceito criado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells (1942- ) para nomear a
apropriação do Estado por governantes que deixam de cumprir muitas de suas
atribuições básicas e dedicam-se a satisfazer os interesses de sua família, da classe
social ou do grupo étnico detentor do poder. Um exemplo foi o Zaire, atual República
Democrática do Congo, entre 1965 e 1997, quando governado pelo ditador Mobutu
Sese Seko (1930-1997), ex-sargento do exército colonial belga. Durante seu governo,
Mobutu acumulou uma fortuna avaliada em 6 bilhões de dólares, segundo dados do
Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 1997, o líder guerrilheiro
Laurent Kabila tomou o poder, e Mobutu fugiu para o Marrocos. Kabila instaurou uma
nova ditadura, dando origem a uma guerra civil que provocou a morte de milhares de
pessoas. Com seu assassinato em 2001, seu filho, Joseph Kabila, assumiu o governo.
Posteriormente, venceu as eleições para presidente, em 2006 e 2011. Rica em
recursos minerais, a República Democrática do Congo é um dos países mais pobres do
mundo: ocupa a 179a
posição no IDH, segundo o relatório de 2019 do Pnud, e tem 76,7%
da população sobrevivendo na extrema pobreza.
Conceitos
Subsídio: benefício concedido
pelo governo a pessoas,
empresas ou setores da
economia. Esse benefício
pode ser instituído na forma
de pagamento da diferença
entre o preço de custo (mais
alto) e o preço de mercado
(mais baixo) de determinado
bem, pode ocorrer na forma
de empréstimos a juros abaixo
da taxa de mercado ou, ainda,
como isenção de impostos.
Incentivo fiscal: subsídio
concedido pelos governos
(federal, estaduais ou
municipais) em operações
ou atividades que queiram
incentivar, geralmente na
forma de redução ou mesmo
isenção de impostos.
De acordo com o Dicionário de Política, do filósofo italiano Norberto
Bobbio (1909-2004), corrupção é “o fenômeno pelo qual um funcionário pú-
blico é levado a agir de modo diverso dos padrões normativos do sistema, fa-
vorecendo interesses particulares em troca de recompensa”. Evidentemen-
te, para um funcionário público se corromper deve existir um corruptor, que
pode ser pessoa ou empresa.
Trata-se de um grave problema nos países em desenvolvimento, sobre-
tudo nos menos desenvolvidos que, com poucas exceções, são, ou foram
por longo período, governados por ditaduras ou regimes democráticos pouco
consolidados, sob o comando de elites em geral indiferentes ao bem-estar
social do restante da população. Em casos extremos, uma pessoa chega a
comandar todo um país, caracterizando um “Estado predatório”.
Jáempaísesemdesenvolvimentoqueatingiramcertograudeindustriali-
zação, como a maioria dos emergentes, é comum um grupo social ou partido
político se apropriar do aparelho de Estado utilizando-o para favorecimentos,
como a concessão de subsídios e de incentivos fiscais a grupos econômicos
ligados ao poder, muitas vezes em detrimento de investimentos sociais que
beneficiariam toda população.
A corrupção está arraigada no setor público em razão da falta de trans-
parência dos governos, da fragilidade do sistema jurídico e da impunidade
dos corruptores. Como é impossível mensurar com precisão essa prática, a
Transparência Internacional (ONG com sede em Berlim, Alemanha) criou o
Índice de Percepção da Corrupção (IPC), elaborado anualmente com base
em pesquisas e entrevistas feitas por diversas entidades junto a setores da
sociedade mundial e de cada país.
39
DIÁLOGOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
1. Observe atentamente a reprodução da tela Guernica, de Pablo Picasso,
que representa os horrores do ataque nazista à cidade basca de mesmo
nome. Pintada em tempo recorde, a tela foi apresentada, ainda em 1937,
na Exposição Internacional de Paris.
Em 26 de abril de 1937, uma unidade da Força Aérea da Alemanha, cha-
mada Legião Condor, bombardeou a cidade de Guernica, na Espanha, para
fazer um cálculo da quantidade de explosivos necessária para aniquilar
uma cidade. Guernica foi totalmente destruída pelos bombardeios.
Na ocasião, Pablo Picasso estava exilado em Paris e inspirou-se nos re-
latos sobre o bombardeio de Guernica para pintar uma das obras de arte
mais famosas da história.
Faça uma descrição da tela:
a)Quais foram as cores utilizadas?
b)O que você acha que as figuras representadas na tela significam?
c)Como as figuras estão dispostas na tela?
d)Quais impressões essa obra causa em você?
e)Em sua opinião, por que Picasso pintou o contorno de uma flor brotando
no centro da tela? Qual seria o significado dessa flor?
2. Umaanedotamuitoconhecidadizque,duranteaSegundaGuerraMundial,
o general alemão Otto Abetz, que governava a cidade de Paris ocupada pe-
losnazistas,dirigiu-seaPicassoe,referindo-seàtelaGuernica,perguntou:
“Foi o senhor quem fez este horror?”, ao que, com toda a elegância, Pi-
casso teria respondido: “Não, senhor general. Esse horror foi feito pelos
senhores!” Explique a resposta de Picasso dada ao general nazista.
Guernica. 1937. Pablo Picasso
(1881-1973). Museu Nacional
Centro de Arte Rainha Sofia
(Madri, Espanha).
Reprodução/Museu
Nacional
Centro
de
Arte
Rainha
Sofia,
Madri,
Espanha
148
Seção que apresenta atividades em diversos
formatos pensadas para auxiliar no trabalho
com diferentes competências específicas e
habilidades estabelecidas pela BNCC, como
identificar, analisar e comparar fontes e
narrativas, elaborar hipóteses, selecionar
evidências e compor argumentos, que
possibilitem o compartilhamento de pontos de
vistas, o diálogo e a reflexão.
Uma página com atividades de edições
recentes de avaliações oficiais para
que você possa verificar como os temas
trabalhados em sala de aula aparecem
nessas provas, em especial no Enem.
Apresenta uma proposta de projeto
que aborda um tema relacionado
aos capítulos da unidade por meio
das metodologias de pesquisa
(como revisão bibliográfica, análise
documental, construção e uso
de amostragens ou observação
participante). Os projetos propostos
permitem a valorização dos
conhecimentos, da ciência e da
argumentação com base em fatos,
além de articular os conhecimentos
construídos em sala de aula com a
realidade vivida.
Recursos de linguagens variados (livros, filmes,
podcasts, músicas, sites, obras de arte, etc.)
para aprofundar temas abordados no capítulo e
complementar seu repertório cultural e científico.
Traz a indicação dos autores e obras que
apresentam conceitos importantes para o
trabalho com os temas propostos nos capítulos.
Apresenta os significados de palavras
destacadas no texto.
Apresenta conceitos estruturantes
das Ciências Humanas e de outras
áreas do conhecimento, que devem
ser conhecidos para o trabalho com os
temas propostos.
6
Competências e habilidades da BNCC
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento oficial que define o con-
junto de aprendizagens que os estudantes precisam desenvolver ao longo da Educação
Básica, desde o início da Educação Infantil até o final do Ensino Médio. Dessa forma, a
BNCC é norteadora para a formulação dos currículos escolares no Brasil.
Esse conjunto de aprendizagens essenciais definido na BNCC corresponde a conhe-
cimentos, competências e habilidades.
Algumas dessas competências devem ser desenvolvidas durante todas as etapas
da Educação Básica; outras especificamente em cada uma das etapas. No Ensino Mé-
dio, essas competências e habilidades estão distribuídas por áreas de conhecimento.
Nas aberturas dos capítulos do seu livro, você encontrará indicações de quais com-
petências e habilidades estão sendo preferencialmente mobilizadas.
Nas páginas a seguir, você conhecerá as dez competências gerais da Educação Bá-
sicaetodasascompetênciasehabilidadesespecíficasdasáreasdeCiênciasHumanas
e Sociais Aplicadas e as competências e habilidades de Linguagens e suas Tecnologias,
Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias que serão
trabalhadas neste livro.
DeacordocomaBNCC,competênciassãoconhecimentos(conceitoseprocedimentos)
mobilizadospararesolverdemandasdavidacotidiana,doexercíciodacidadaniaedomun-
do do trabalho. Já as habilidades são capacidades práticas, cognitivas e socioemocionais.
Aocompreenderoqueéesperadodesenvolvercomosprojetosdestaobra,vocêterá
a chance de se apropriar melhor de seus estudos, reconhecendo um sentido em tudo
aquilo que é proposto e, consequentemente, percebendo a aplicação que isso pode ter
em seu cotidiano.
Dessa forma, o seu protagonismo se manifestará também em relação à sua apren-
dizagem.
Se você tiver interesse, consulte o texto completo da BNCC no site: http://basenacional
comum.mec.gov.br/.Acessoem:27jan.2020.
Composição dos códigos das habilidades
CADERNO
BNCC
O primeiro número indica
a competência da área e
os dois últimos indicam a
habilidade relativa a essa
competência.
EM 13 CHS 101
Indica a etapa de Ensino Médio.
Indica que a habilidade
pode ser desenvolvida
em qualquer série do
Ensino Médio.
Indica a área à qual a
habilidade pertence.
7
Competências gerais da Educação Básica
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mun-
do físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar
aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática
e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, in-
cluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas
e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das dife-
rentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às
mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-
-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escri-
ta), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens
artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, ex-
periências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que
levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluin-
do as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pes-
soal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conheci-
mentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mun-
do do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo res-
ponsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação
ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreenden-
do-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com
autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazen-
do-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
8
Competências específicas e habilidades de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Competência específica 1
Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos
âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da plurali-
dade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a com-
preender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes
pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.
Habilidades
EM13CHS101 – Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens,
com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econô-
micos, sociais, ambientais e culturais.
EM13CHS102 – Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, so-
ciais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperati-
vismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que
contemplem outros agentes e discursos.
EM13CHS103–Elaborarhipóteses,selecionarevidênciasecomporargumentosrelativosaprocessospolíticos,eco-
nômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de
diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos,
gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
EM13CHS104 – Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos,
valores,crençasepráticasquecaracterizamaidentidadeeadiversidadeculturaldediferentessociedadesinseridas
no tempo e no espaço.
EM13CHS105 – Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre
outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/
virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
EM13CHS106 – Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais,
incluindoasescolares,parasecomunicar,acessaredifundirinformações,produzirconhecimentos,resolverproble-
mas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
Competência específica 2
Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão das relações de poder que determinam as territorialida-
des e o papel geopolítico dos Estados-nações.
Habilidades
EM13CHS201 – Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos con-
tinentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos
naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se criticamente
em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
CADERNO
BNCC
9
EM13CHS202 – Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e
sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores éticos
e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais.
EM13CHS203 – Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferen-
tes sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo,
esclarecimento/obscurantismo, cidade/campo, entre outras).
EM13CHS204 – Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialida-
des e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Na-
cionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade
étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
EM13CHS205 – Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas dimensões culturais, econômicas, am-
bientais, políticas e sociais, no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.
EM13CHS206 – Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios
de localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para o
raciocínio geográfico.
Competência específica 3
Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e socieda-
des com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômi-
cos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e pro-
movam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional, nacional e global.
Habilidades
EM13CHS301 – Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de produção, reaproveitamento e descarte
de resíduos em metrópoles, áreas urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características socioeconômi-
cas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade socioambiental, o combate à
poluição sistêmica e o consumo responsável.
EM13CHS302 – Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas
ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de aná-
lise, considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comunida-
des tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade.
EM13CHS303 – Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo,
seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas pelo consu-
mo e à adoção de hábitos sustentáveis.
EM13CHS304 – Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de
empresasedeindivíduos,discutindoasorigensdessaspráticas,selecionando,incorporandoepromovendoaquelas
que favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável.
EM13CHS305 – Analisar e discutir o papel e as competências legais dos organismos nacionais e internacionais de
regulação, controle e fiscalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas
ambientais sustentáveis.
EM13CHS306 – Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos socioeconômicos no uso dos
recursos naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta (como a adoção dos
sistemas da agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes comunidades, entre outros)
10
Competência específica 4
Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, con-
textos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e
transformação das sociedades.
Habilidades
EM13CHS401 – Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas
distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao
longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
EM13CHS402 – Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e
tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
EM13CHS403 – Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de
trabalho próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da
opressão e da violação dos Direitos Humanos.
EM13CHS404 – Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos
históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na
atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.
Competência específica 5
Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência,
adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os
Direitos Humanos.
Habilidades
EM13CHS501 – Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando proces-
sos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o
empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
EM13CHS502 – Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e pro-
blematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam
os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
EM13CHS503 – Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas,
suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e ava-
liando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
EM13CHS504 – Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais,
históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores
de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.
CADERNO
BNCC
11
Competência específica 6
Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fa-
zendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liber-
dade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
Habilidades
EM13CHS601 – Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos in-
dígenas e das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a
história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica
atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país.
EM13CHS602 – Identificar e caracterizar a presença do paternalismo, do autoritarismo e do populismo na política,
na sociedade e nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e democráticos, relacionando-os
com as formas de organização e de articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade, do diálogo e
da promoção da democracia, da cidadania e dos direitos humanos na sociedade atual.
EM13CHS603 – Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de
exercíciodacidadania,aplicandoconceitospolíticosbásicos(Estado,poder,formas,sistemaseregimesdegoverno,
soberania etc.).
EM13CHS604 – Discutir o papel dos organismos internacionais no contexto mundial, com vistas à elaboração de
uma visão crítica sobre seus limites e suas formas de atuação nos países, considerando os aspectos positivos e
negativos dessa atuação para as populações locais.
EM13CHS605 – Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igual-
dade e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades
contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes
espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.
EM13CHS606 – Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de do-
cumentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas identi-
ficados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos e
promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.
12
Competências específicas e habilidades de
Linguagens e suas Tecnologias para o Ensino Médio
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1
Compreender o funcionamento das diferentes
linguagens e práticas (artísticas, corporais e
verbais) e mobilizar esses conhecimentos na
recepção e produção de discursos nos diferen-
tes campos de atuação social e nas diversas
mídias,paraampliarasformasdeparticipação
social, o entendimento e as possibilidades de
explicação e interpretação crítica da realidade
e para continuar aprendendo.
HABILIDADES
EM13LGG101 Compreender e analisar processos de produ-
ção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens,
para fazer escolhas fundamentadas em função de interes-
ses pessoais e coletivos.
EM13LGG102 Analisar visões de mundo, conflitos de inte-
resse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos
veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibi-
lidades de explicação, interpretação e intervenção crítica
da/na realidade.
EM13LGG104 Utilizar as diferentes linguagens, levando em
conta seus funcionamentos, para a compreensão e produ-
ção de textos e discursos em diversos campos de atuação
social.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2
Compreender os processos identitários, con-
flitos e relações de poder que permeiam as
práticas sociais de linguagem, respeitar as di-
versidades, a pluralidade de ideias e posições
e atuar socialmente com base em princípios e
valores assentados na democracia, na igual-
dade e nos Direitos Humanos, exercitando a
empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e
a cooperação, e combatendo preconceitos de
qualquer natureza.
HABILIDADES
EM13LGG201 Utilizar adequadamente as diversas lingua-
gens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contex-
tos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, históri-
co, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
EM13LGG202 Analisar interesses, relações de poder e pers-
pectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de
linguagem (artísticas, corporais e verbais), para compreen-
der o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem
significação e ideologias.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3
Utilizar diferentes linguagens (artísticas, cor-
porais e verbais) para exercer, com autonomia
e colaboração, protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa,
ética e solidária, defendendo pontos de vista
que respeitem o outro e promovam os Direitos
Humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável, em âmbito local, regio-
nal e global.
HABILIDADES
EM13LGG301 Participar de processos de produção individual
e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corpo-
rais e verbais), levando em conta seus funcionamentos,
para produzir sentidos em diferentes contextos.
EM13LGG302 Posicionar-se criticamente diante de diversas
visões de mundo presentes nos discursos em diferentes
linguagens, levando em conta seus contextos de produção
e de circulação.
EM13LGG303 Debater questões polêmicas de relevância
social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para
formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de
perspectivas distintas.
EM13LGG305 Mapear e criar, por meio de práticas de lingua-
gem, possibilidades de atuação social, política, artística e
cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutin-
do princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica,
criativa, solidária e ética.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 5
Compreender os processos de produção e ne-
gociação de sentidos nas práticas corporais,
reconhecendo-as e vivenciando-as como for-
mas de expressão de valores e identidades,
em uma perspectiva democrática e de respeito
à diversidade.
HABILIDADES
EM13LGG502 Analisar criticamente preconceitos, estereóti-
pos e relações de poder subjacentes presentes nas práticas
corporais, adotando posicionamento contrário a qualquer
manifestação de injustiça e desrespeito a direitos humanos
e valores democráticos.
CADERNO
BNCC
13
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6
Apreciar esteticamente as mais diversas pro-
duções artísticas e culturais, considerando
suas características locais, regionais e glo-
bais, e mobilizar seus conhecimentos sobre
as linguagens artísticas para dar significado e
(re)construir produções autorais individuais e
coletivas, exercendo protagonismo de maneira
crítica e criativa, com respeito à diversidade de
saberes, identidades e culturas.
HABILIDADES
EM13LGG601 Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes
tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como
os processos de legitimação das manifestações artísticas na
sociedade, desenvolvendo visão crítica e histórica.
EM13LGG603 Expressar-se e atuar em processos de criação au-
torais individuais e coletivos nas diferentes linguagens artísticas
(artes visuais, audiovisual, dança, música e teatro) e nas inter-
secçõesentreelas,recorrendoareferênciasestéticaseculturais,
conhecimentos de naturezas diversas (artísticos, históricos, so-
ciais e políticos) e experiências individuais e coletivas.
EM13LGG604 Relacionar as práticas artísticas às diferentes di-
mensões da vida social, cultural, política, histórica e econômica
eidentificaroprocessodeconstruçãohistóricadessaspráticas.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 7
Mobilizar práticas de linguagem no universo di-
gital, considerando as dimensões técnicas, crí-
ticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir
as formas de produzir sentidos, de engajar-se
empráticasautoraisecoletivas,edeaprendera
aprender nos campos da ciência, cultura, traba-
lho, informação e vida pessoal e coletiva.
HABILIDADES
EM13LGG702Avaliaroimpactodastecnologiasdigitaisdainforma-
ção e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e em suas prá-
ticas sociais, para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de se-
leção,compreensãoeproduçãodediscursosemambientedigital.
EM13LGG703 Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramen-
tas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e
projetos autorais em ambientes digitais.
Competências específicas e habilidades de
Matemática e suas Tecnologias para o Ensino Médio
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1
Utilizar estratégias, conceitos e procedi-
mentos matemáticos para interpretar situa-
ções em diversos contextos, sejam ativida-
des cotidianas, sejam fatos das Ciências da
Natureza e Humanas, das questões socioe-
conômicas ou tecnológicas, divulgados por
diferentes meios, de modo a contribuir para
uma formação geral.
HABILIDADES
EM13MAT101 Interpretar criticamente situações econômicas,
sociais e fatos relativos às Ciências da Natureza que envolvam
a variação de grandezas, pela análise dos gráficos das funções
representadas e das taxas de variação, com ou sem apoio de tec-
nologias digitais.
EM13MAT102 Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesqui-
sas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por dife-
rentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso,
inadequações que possam induzir a erros de interpretação,
como escalas e amostras não apropriadas.
CompetênciasespecíficasehabilidadesdeCiências
da Natureza e suas Tecnologias para o Ensino Médio
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3
Investigar situações-problema e avaliar apli-
cações do conhecimento científico e tecnoló-
gico e suas implicações no mundo, utilizando
procedimentos e linguagens próprios das
Ciências da Natureza, para propor soluções
que considerem demandas locais, regionais
e/ou globais, e comunicar suas descobertas e
conclusões a públicos variados, em diversos
contextos e por meio de diferentes mídias e
tecnologias digitais de informação e comuni-
cação (TDIC).
HABILIDADES
EM13CNT301 Construir questões, elaborar hipóteses, previsões
e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar
e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experi-
mentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfren-
tamento de situações-problema sob uma perspectiva científica.
EM13CNT302 Comunicar, para públicos variados, em diversos
contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimen-
tos, elaborando e/ou interpretando gráficos, tabelas, símbolos,
códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de dife-
rentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e
comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover deba-
tes em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevân-
cia sociocultural e ambiental.
14
SUMÁRIO
Caderno BNCC 6
Capítulo 1
Desigualdades socioeconômicas
no mundo contemporâneo ...................... 18
Desigualdade e diferença........................................................ 19
Diferenças não justificam desigualdades........................................... 23
Heterogeneidade crescente no mundo............................... 25
Desigualdades socioeconômicas mundiais....................................... 27
A pobreza extrema................................................................................. 32
Desigualdades socioeconômicas:
o Índice de Desenvolvimento Humano................................ 34
Desigualdades políticas: O índice de
fragilidade dos Estados............................................................ 37
Desigualdade e corrupção: o Índice de
Percepção da Corrupção........................................................... 39
Capítulo 2
Sociedades e violência ........................... 46
Violência e suas manifestações ............................................ 47
Violência pessoal ou direta................................................................... 48
Violência estrutural ou indireta............................................................ 48
Violência cultural.................................................................................... 50
Destaqueshistóricosdassociedadesfrenteàviolência...... 52
Idade Média e Idade Moderna europeias............................................. 52
Guerras, holocausto e genocídio no século XX................................... 57
Violências na sociedade atual.............................................................. 64
Genocídios .............................................................................................. 64
Violência urbana e marginalidade no Brasil........................................ 66
Violência de Estado................................................................................ 68
Violência de gênero................................................................................ 70
Reflexões sobre os mecanismos de
combate à violência................................................................... 74
• Prática
A letalidade policial nas capitais brasileiras:
o perfil das vítimas.............................................................................. 78
Os desafios
do nosso
tempo
1
UNIDA
D
E
16
Premraj
K.P/Alamy/Fotoarena
15
Capítulo 3
Convivendo nas cidades e nas redes ..... 86
Mundo urbano............................................................................. 88
Mobilidade urbana ................................................................................. 94
A sociedade em rede................................................................. 100
O impacto das redes sociais no cotidiano........................................... 100
O império do efêmero e suas consequências..................................... 104
Capítulo 4
Cultura e costumes em transformação ... 118
As transformações culturais do século XX ao XXI ............. 119
Nas artes................................................................................................. 121
Na educação........................................................................................... 126
Nos valores sociais................................................................................ 128
Nas linguagens....................................................................................... 132
Da ditadura à democracia: a atuação
dos intelectuais e dos jovens................................................. 135
Os anos rebeldes da década de 1960 ................................................. 135
O maio de 1968 na França.................................................................... 137
Movimento estudantil no Brasil ........................................................... 139
Mundo recente e os modos de ser e viver
das culturas juvenis ................................................................. 142
Combate à intolerância, ao preconceito e à discriminação.............. 143
Prática de virtudes: respeito, empatia, solidariedade
coragem e perseverança ...................................................................... 145
• Prática
Técnica de grupo focal para compreender
a juventude no século XXI..................................................... 152
Direitos e
Impasses
2
UNIDA
D
E
84
Referências bibliográficas comentadas 158
João
Laet/Fotoarena
O mundo é marcado por profundas desigualdades socioeconômicas
entre os países e no interior de cada um deles. Essas disparidades
se materializam nas paisagens, principalmente dos países em
desenvolvimento, onde, em geral, elas são mais acentuadas.
Observe as fotografias ao lado e faça o que se pede.
• Descreva a foto que retrata a desigualdade socioeconômica
materializada na paisagem geográfica. Como você percebe essas
disparidades? Observe a paisagem no lugar onde você vive. Você nota
desigualdades semelhantes às da foto?
• Descreva a foto que retrata a
desigualdade socioeconômica
materializada na paisagem
geográfica. Como você
percebe essas disparidades?
Observe a paisagem no lugar
onde você vive. Você nota
desigualdades semelhantes
às da foto?
Contexto
Os desafios
do nosso
tempo
1
UNIDA
D
E
ESSE TEMA SERÁ
RETOMADO NA
SEÇÃO PRÁTICA
Veja respostas e
orientações no Manual
do Professor.
16
Vista aérea de Mumbai (Índia), em 2015. Em primeiro plano, Dharavi Slum, que, com cerca de 750 mil
habitantes, é a maior favela da Índia e uma das maiores do mundo.
Premraj
K.P/Alamy/Fotoarena
17
Observe a charge, leia o excerto e reflita:
Contexto
Desigualdades
socioeconômicas no
mundo contemporâneo
1
OBJETIVOS
• Diferenciar os conceitos de desigualdade e diferença
na interpretação de injustiças sociais.
• Problematizar a classificação do desenvolvimento de
um país por meio de dados estatísticos isolados.
• Analisar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
de diferentes países para identificar a desigualdade
socioeconômica que existe no mundo.
• Relacionar a desigualdade política entre os Estados
ao grau de vulnerabilidade por meio do Índice de
Fragilidade dos Estados (IFE).
• Conhecer o Índice de Percepção da Corrupção (IPC)
para relacionar o grau de corrupção em um país com
IDH e IFE.
JUSTIFICATIVA
Compreender o significado dos conceitos de
“desigualdade” e “diferença” é importante porque
viabiliza uma análise mais embasada da conjuntura
nacional e internacional, assim como conhecer e utilizar
os conceitos de IDH, IFE e IPC, percebendo como esses
índices expressam realidades que se correlacionam.
São metodologias bastante eficientes para analisar e
combater as desigualdades socioeconômicas, sem, no
entanto, desvalorizar as diferenças entre as pessoas
nem as diferenças culturais entre os países.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC
• Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2,
CG3, CG4, CG5, CG6, CG7, CG9 e CG10.
• Competências específicas e habilidades de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas:
Competência 1: EM13CHS101 e EM13CHS106.
Competência 4: EM13CHS402. Competência 5:
EM13CHS401 e EM13CHS502. Competência 6:
EM13CHS602 e EM13CHS606.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS
Cidadania e civismo
• Educação em direitos humanos
• Processo de envelhecimento, respeito e valorização
do idoso
C
A
P
Í
T
U
L
O
C
A
P
Í
T
U
L
O
NÃO ESCREVA NO LIVRO
Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
CAZO, Luiz Fernando. IDH avança, mas a educação é o ponto fraco...
Disponível em: https://www.humorpolitico.com.br/?s=cazo+idh.
Acesso em: 5 set. 2020.
Cazo/Acervo
do
cartunista
Existem boas razões para que se veja a pobreza
como uma privação de capacidades básicas, e não
apenas como baixa renda. A privação de capacidades
elementares pode refletir-se em morte prematura,
subnutrição significativa (especialmente de crianças),
morbidez persistente, analfabetismo muito dissemi-
nado e outras deficiências.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000. p. 35.
1. Oquevocêentendepordesigualdadesocioeconômica?
2. Quaissãooscritériostradicionaisparamedirapobreza?
3. Que relação pode ser estabelecida entre a charge e a
perspectiva de Amartya Sen?
18
Desigualdade x diferença
Desigualdade e diferença
No dia a dia, as palavras “desigualdade” e “diferença”, muitas vezes, são
utilizadas como sinônimos, no entanto, no contexto histórico e sociocultural,
elas não têm o mesmo significado. É importante fazer a distinção entre elas
para que possamos compreender melhor a realidade social, cultural e econô-
mica do Brasil e do mundo, que é muito rica em diferenças, porém marcada
por profundas desigualdades. Os diagramas a seguir trazem exemplos de de-
sigualdades e de diferenças que vão esclarecer esses conceitos.
Ao longo da história, as lutas sociais contra imposições e violências se
orientaram e continuam se orientando por valorizar as diferenças e combater
as desigualdades.
Algumas formas de desigualdades, como veremos ao longo deste capí-
tulo, de tão arraigadas nas sociedades, passam a ser vistas como fenôme-
nos naturais, o que evidentemente não são. Elas são resultantes de uma
construção social, portanto, podem, e devem, ser combatidas e reduzidas
(em nenhum período da história elas foram completamente eliminadas).
Já as diferenças são múltiplas, têm um grau maior de permanência e, em
geral, não podem ou são muito difíceis de serem transformadas, mesmo as
que foram construídas culturalmente. E as diferenças não são em si posi-
tivas ou negativas.
A crítica à desigualdade que existe entre os homens (“homens” como con-
ceito antropológico, sinônimo de espécie) é antiga. Uma das mais conhecidas
é a do filósofo iluminista francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
Fonte: BARROS, José D’Assunção. Igualdade e diferença: uma discussão conceitual mediada pelo contraponto das desigualdades.
Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 23, e230093, 2018. p. 5.
Desigualdade Diferença
Hierarquias
Riqueza/Pobreza
Acesso desigual
à educação e à
cultura
Preconceitos Outros
Tratamento desigual
para grupos
diferenciados
Acesso desigual a
direitos políticos
Oportunidades
desiguais
Nacionalidades
Necessidades
especiais
Etnias
Gêneros
Faixas
etárias
Religiosidades
Outros
Banco
de
imagens/Arquivo
da
editora
19
Em seu livro A origem da desigualdade entre os homens, publicado em 1754,
eleafirma:
Discurso sobre a origem da desigualdade
entre os homens
Concebo na espécie humana duas espécies de desigualdades. Uma,
que chamo de natural ou física, porque é estabelecida pela natureza e
que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das
qualidades do espírito ou da alma.A outra, que pode ser chamada de desi-
gualdade moral ou política porque depende de uma espécie de convenção
e que é estabelecida ou pelo menos autorizada pelo consentimento dos
homens. Esta consiste nos diferentes privilégios de que gozam alguns em
prejuízo dos outros, como ser mais ricos, mais honrados, mais poderosos
do que os outros ou mesmo fazer-se obedecer por eles.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. A origem da desigualdade entre os homens.
São Paulo: Lafonte, 2017. p. 29.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Após ler o trecho do livro de Rousseau, compare a afirmação dele com os
diagramas da página anterior. Aponte um aspecto da definição feita pelo
filósofo que pode dificultar a interpretação dos conceitos de desigualdade e
diferença atualmente. Veja respostas e orientações no Manual do Professor.
Interpretar
O exemplo de desigualdade mais conhecido e visível tanto social quanto
geograficamente nas paisagens, sobretudo urbanas, é a desigualdade socio-
econômica, isto é, a oposição entre riqueza e pobreza, que consta no primei-
ro diagrama. A desigualdade de acesso à riqueza produz outras formas de
desigualdade, como acesso desigual a bens e serviços, educação, cultura,
assistência médica, lazer e até mesmo direitos políticos.
O Brasil é um exemplo disso, pois, como veremos adiante, é um dos paí-
ses mais desiguais do ponto de vista socioeconômico: os 10% mais ricos da
sociedade brasileira detêm 42,5% do rendimento nacional, ao passo que aos
10% mais pobres cabe apenas 1%.
A desigualdade e a injustiça social atravessam gerações, num círculo vi-
cioso no qual os filhos de famílias pobres, com poucas exceções, tendem a
permanecer pobres.
Para quebrar esse círculo vicioso, o Estado em suas três esferas teria de
garantir uma educação pública de qualidade para toda a população. Trata-se
de um direito de todo cidadão. Uma educação pública de qualidade e gratui-
ta seria a melhor forma de igualar minimamente as oportunidades entre as
classes sociais, que hoje são muito desiguais.
No entanto, mesmo uma educação formal de qualidade não consegue
compensar totalmente as desvantagens, em termos de capital cultural,
apresentadas pelos estudantes oriundos de famílias pobres. Oportunida-
des de viajar, até mesmo para outros países, aprender uma língua estran-
geira, ter acesso a bens culturais diversos, que famílias ricas e de classe
20
média podem proporcionar aos filhos, tornam-se barreiras para famílias
pobres que não têm como oferecer esses benefícios aos filhos por insufi-
ciência de renda.
A educação formal pode compensar parte dessas desvantagens, mas não
compensa todas elas. Portanto, o discurso da meritocracia, muito em voga
hoje em dia, só faria sentido se as oportunidades fossem iguais, se o ponto
de partida fosse exatamente o mesmo para todos os estudantes, o que, na
realidade, não é. Enquanto não há igualdade de oportunidades na formação
inicial dos jovens, têm sido tomadas algumas medidas compensatórias, por
exemplo, estabelecer cotas sociais e/ou raciais nas universidades federais e
estaduais para estudantes de escolas públicas.
Certamente,empaísesmuitodesiguais,comoÁfricadoSul,Brasil,Méxicoe
Nigéria, entre outros, muitos talentos são desperdiçados por falta de oportuni-
dade e de estímulo. Essa é uma das principais limitações que impedem países
em desenvolvimento, como o nosso, de darem um salto educacional e tecnoló-
gico para se tornarem nações menos desiguais e com melhores condições de
vida para toda a população. Países que se desenvolveram e apresentam altos
índices de desenvolvimento humano, como a Alemanha, a França, o Japão, a
Finlândiae,maisrecentemente,aCoreiadoSul,fizeramissocombaseemaltos
investimentos em educação, em tecnologia e na construção de um sistema de
ensino básico público, gratuito e de qualidade para toda a população; também
desenvolveram políticas econômicas que propiciaram o acesso ao mercado de
trabalho para os jovens e que favoreceram a melhoria na distribuição da renda.
Capital cultural
Conceito criado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002) para expressar o fato de que, além do capital
econômico, o capital cultural também pode reproduzir distinção social e gerar desigualdades.
A cultura geral, as formas de se comunicar, o senso estético e o conhecimento, entre outros, são bens simbólicos que,
quanto mais se têm, mais fácil fica sua acumulação e o trânsito entre segmentos sociais privilegiados. Famílias de
maior renda têm condições de oferecer aos seus filhos bens e serviços, como livros, assinatura de jornais e revistas,
viagens, acesso à internet, entre outros, que farão com que eles acumulem mais capital cultural e tenham melhor
desempenho escolar, ao contrário do que acontece com os filhos de famílias de menor renda, que não têm acesso a
tais bens e serviços, por exemplo.
Pode ocorrer ainda de famílias de origem pobre enriquecerem financeiramente, porém não ampliarem seu capital
cultural na mesma proporção por não reconhecerem os valores das classes sociais mais altas e, assim, não
investirem em viagens internacionais, aprendizagem de idiomas, visitas a museus, entre outros.
Conceitos
Que horas ela volta? Direção: Anna Muylaert. Brasil, 2015.
Quando a filha afastada de uma empregada doméstica aparece de repente, as veladas barreiras
de classe que existem dentro da casa dos patrões são evidenciadas.
Saber
Reprodu•‹o/Globo
Filmes
21
DIÁLOGOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
1. Observe a charge abaixo. Troque ideia com os colegas e, depois, faça o
que se pede.
©
Toni
D'Agostinho/www.acaricatura.com.br
• A charge traduz um dos maiores problemas brasileiros. Identifique-o.
2. Agora, observe o gráfico a seguir.
Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
• Com base nos dados apresentados nos gráficos e em seus conheci-
mentos, responda:
a)Que forma de desigualdade é diretamente decorrente do acesso desi-
gual à educação e de desvantagens em relação ao capital cultural?
b)Cruzando os dados do gráfico com outros que você conhece sobre a
realidade brasileira é possível afirmar que o discurso da meritocracia é
uma farsa? Para quem a manutenção desse discurso é conveniente?
Elaborado com base em IBGE Educa. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/
conheca-o-brasil/populacao/18317-educacao.html. Acesso em: 6 jul. 2020.
Brasil: nível de instrução das pessoas com 25 anos de idade ou mais – 2018
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Sem instrução
Fundamental incompleto
Fendamental completo
Médio incompleto
Médio completo
Superior incompleto
Superior completo
33,1%
4,0%
Fórmula
Produções/Arquivo
da
editora
22
Diferenças não justificam desigualdades
Alinhada com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que em seu
artigo 1o
apregoa que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e direitos”, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5o
, insti-
tui que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.
O inciso I desse artigo afirma que “homens e mulheres são iguais em direitos
e obrigações”. Ou seja, embora homens e mulheres sejam biologicamente
diferentes, isso não pode legitimar desigualdades de oportunidades e des-
respeito a direitos humanos elementares, como remunerar um homem mais
que uma mulher que desempenha a mesma função ou privar as mulheres
de direitos básicos concedidos aos homens. Mas a conquista de um direito
básico, muitas vezes, pode levar anos. No Brasil, o direito ao voto, por exem-
plo, foi concedido às mulheres apenas pelo Código Eleitoral de 1932 (Decreto
21076), quando foram igualadas aos homens como cidadãs. Em compara-
ção, a Nova Zelândia, primeiro país a permitir o voto feminino, fez isso em
1893, e a Arábia Saudita, o último, em 2015.
E ainda há muitas desigualdades de gênero que precisam ser superadas,
como a questão salarial, que ainda é muito desigual no mundo todo. A Islân-
dia foi o primeiro país a dar um passo contra esse cenário, aprovando em
2018 uma lei que proíbe a desigualdade salarial entre homens e mulheres.
Outrasparcelasdapopulaçãocontinuamlutandoparateremseusdireitos
básicos assegurados, como LGBTQI+, negros, indígenas, portadores de mo-
bilidade reduzida, idosos, entre outros grupos. Há muitos casos em que dife-
renças são instrumentalizadas para criar ou justificar desigualdades. Mas o
mundo já reconhece que nenhum tipo de diferença que existe entre os seres
humanos pode ser usado para criar ou justificar desigualdades.
Ativistas lideram marcha do
movimento Black Lives Matter
na cidade de Nova York, Estados
Unidos, em 2020. O movimento
internacional, cuja origem se
deu na comunidade
afro-estadunidense, entre
outros objetivos, organiza
protestos contra a morte de
pessoas negras pela polícia.
ZUMA
Press,
Inc./Alamy/Fotoarena
23
DI¡LOGOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Observe o gráfico e, em grupo de três estudantes, façam o que se pede
nos itens a seguir.
A desigualdade de gênero no Brasil (2016)
Homens
Total
10,5% 62,2% 37,8%
dos assentos da Câmara
dos Deputados são
ocupados por mulheres
ocupados por
homens
ocupados por
mulheres
Brancos
Pretos ou
pardos
63,2%
73,5%
10,5
R$ 1.764
R$ 2.306
18,1
10,4
17,7
10,6
18,6
Mulheres
Taxa de frequência escolar
no Ensino Médio:
Proporção de adultos com
Ensino Superior completo:
(25 anos ou mais)
Tempo dedicado aos
afazeres domésticos
(em horas semanais)
Diferenças salariais
(rendimento médio mensal)
Representação política
na Câmara
Cargo de gerência
nas empresas
Brancos
23,5%
20,7%
10,4%
7,0%
Pretos ou
pardos
Fórmula
Produções/Arquivo
da
editora
Fonte: elaborado com base em CALEGARI, Luiza. A desigualdade de gênero no Brasil em um gráfico. Exame, 7 mar. 2018.
Disponível em: https://exame.com/brasil/a-desigualdade-de-genero-no-brasil-em-um-grafico/. Acesso em: 21 jul. 2020.
a)Com base nos dados disponíveis, façam uma avaliação da condição
feminina no Brasil.
b)Determinem o papel das políticas afirmativas na consolidação da
democracia brasileira.
Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
24
Heterogeneidade crescente
no mundo
Desde o início das Grandes Navegações, no final do século XV, houve
transferência de riqueza das colônias para as metrópoles, fruto da explora-
çãocolonialistaedepoisimperialista,oquecriouasbasesparaumdesenvol-
vimento econômico desigual entre os países. A diferença de renda no mundo
(considerando a renda per capita dos países e das regiões) não era muito
evidente no início da expansão colonial, mas foi aumentando progressiva-
mente ao longo do desenvolvimento do capitalismo e tornou-se muito acen-
tuada no final do século XX. Acompanhe a discrepância dessa evolução na
tabela abaixo.
Regiões selecionadas: renda per capita (dólares de 1990)
Região/País 1500 1870 1950 1998
Aumento entre
1500 e 1998
(%)
Europa ocidental 774 1974 4594 17921 2215
Mundo anglo-saxão* 400 2431 9288 26146 6437
Japão 500 737 1926 20413 3983
Ásia (exceto Japão) 572 543 635 2936 413
América Latina 416 698 2554 5795 1293
África 400 444 852 1368 242
Mundo 565 867 2114 5709 910
* Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Fonte: elaborada com base em MADDISON, 2006. In: THE WORLD BANK. World Development Report 2009.
Washington, DC: The World Bank, 2009. p. 109.
Leia a tabela e responda:
• Quais países/regiões do mundo mais aumentaram e quais menos
aumentaram a renda per capita a partir de 1870? Por quê? Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO
Quando surgiu a expressão “países subdesenvolvidos”? Entre as décadas
de 1940 e 1960, várias guerras e guerrilhas de libertação nacional eclodiram
na África e na Ásia, desencadeando um processo generalizado de descoloni-
zação nos dois continentes (na América Latina esse processo aconteceu no
século XIX). Surgiram vários países independentes, todos caracterizados por
graves problemas socioeconômicos oriundos de um passado de colonização
Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
25
de exploração – altas taxas de natalidade e mortalidade, baixa expectativa de
vida, subnutrição,analfabetismo,entre outrosproblemasassociadosà pobre-
za. Estatísticas e avaliações de organismos internacionais, como a Organiza-
ção das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial, há muito demonstram que
a maioria dos povos que habitam essas ex-colônias tem um padrão de vida
muitoinferioraoconsideradosatisfatórioemtermosdealimentação,moradia,
saneamento básico, saúde, educação e trabalho. A gravidade desses proble-
mas levou governos e instituições internacionais, como a ONU, a ter consciên-
cia das desigualdades entre os países e, como tentativa de compreender essa
realidade, criar os conceitos de “subdesenvolvimento” e “Terceiro Mundo”.
Terceiro Mundo
Conceito utilizado pela primeira vez pelo demógrafo francês Alfred Sauvy (1898-1990) em um artigo publicado em 1952,
no qual estabeleceu uma comparação entre os países subdesenvolvidos, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
e o Terceiro Estado, na época da Revolução Francesa. Concluiu o artigo, intitulado “Três Mundos, um planeta”, com a
seguinte frase: “Pois enfim esse Terceiro Mundo, ignorado, explorado, desprezado, tal como o Terceiro Estado, também
quer ser alguma coisa”.
Sauvy parafraseou a frase do abade Emmanuel Joseph Sieyès (político francês simpatizante do movimento
revolucionário), que, em 1789, ao se referir ao grupo de deputados eleitos pela burguesia e pelos camponeses,
qualificou-o de Terceiro Estado, em contraposição ao Clero (Primeiro Estado) e à Nobreza (Segundo Estado).
NoperíododaGuerraFria(1947-1991),emumatentativaderegionalizaçãodoespaçogeográficomundial,eracomum
classificarosEstadosnacionaisemumdos“trêsmundos”:oPrimeiroformadoporpaísescapitalistasdesenvolvidos,sob
aliderançadosEstadosUnidos;oSegundocompostodepaísessocialistas,sobaliderançadaUniãoSoviética,eoTerceiro
integradoporpaísessubdesenvolvidos,capitalistasemsuamaioria,mastambémporalgunssocialistasnãoalinhados
comaentãosuperpotênciadoleste.AsnaçõesdoTerceiroMundoselocalizavamnaÁsia,naÁfricaenaAméricaLatina.
Após a Segunda Guerra Mundial, o fato de pertencer ao Terceiro Mundo tinha um significado geopolítico e
socioeconômico e expressava identidade entre os países que pertenciam a esse grupo. Em 1955, foi realizada
em Bandung (Indonésia) uma conferência que reuniu as nações recém-independentes da Ásia e da África. Nesse
encontro, o Terceiro Mundo passou a ser identificado como uma terceira via de desenvolvimento, uma alternativa
ao capitalismo estadunidense e ao socialismo soviético. Com isso, a Conferência de Bandung lançou as bases do
movimento dos países não alinhados.
Hojeemdia,naetapainformacionaldocapitalismo,esse
conceitoganhoucaráterpejorativo(sinônimodepobreza),e
nenhumpaísquerseridentificadocomopertencenteaesse
grupo(omesmoocorrecom“subdesenvolvido”).Assim,o
conceitodeTerceiroMundoéhistoricamentedatado.
Desde 1991, com o fim da União Soviética e, portanto,
da Guerra Fria, o Segundo Mundo deixou de existir. Com
o surgimento das economias emergentes, o grupo de
países então classificados de Terceiro Mundo ficou
muito heterogêneo. E, mesmo no interior dos países
desenvolvidos, aumentam os índices de desigualdade social,
marginalização e pobreza, principalmente a partir da crise
financeira iniciada nos Estados Unidos em 2008/2009.
Assim, embora eventualmente ainda sejam empregadas,
atualmente não faz sentido usar as expressões Primeiro
Mundo e Terceiro Mundo para agrupar os países.
Conceitos
A foto, de 2020, mostra a favela de Balkhu, em Katmandu
(Nepal), na qual as pessoas vivem sem sistema de esgoto
e tratamento de água. As desigualdades sociais são bem
visíveis nas paisagens dos países em desenvolvimento,
sobretudo quando o tema é saneamento básico.
Jonas
Gratzer/LightRocket/Getty
Images
26
Mundo: classificação da FTSE (2020)
0º
0º
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Equador
Meridiano
de
Greenwich
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Círculo Polar Antártico
Círculo Polar Ártico
Círculo Polar Ártico
Economia
De fronteira
Emergente
Desenvolvida
Não classificada
0 4800 9600
km
Portal
de
Mapas/Arquivo
da
editora
Desigualdades socioeconômicas mundiais
É muito difícil agrupar os mais de duzentos Estados do mundo em apenas
duas ou três categorias, pois há grande heterogeneidade entre eles do ponto
de vista social e econômico.
Os antigos países “subdesenvolvidos”, atualmente chamados “países em
desenvolvimento”, apresentam profundas desigualdades sociais e regio-
nais e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) menor do que o dos países
desenvolvidos. Essa é a realidade de vários Estados africanos, asiáticos e
latino-americanos.
Grande parte dessas nações não conseguiu diversificar sua economia e
continua exportando produtos agrícolas e minerais, como na época do colonia-
lismo. Entretanto, nesse grupo considerado em desenvolvimento, há países
cujascondiçõessocioeconômicassãobastantediversas.Porissoexistemsub-
classificações, como “países emergentes” e “países menos desenvolvidos”.
DeacordocomoglossáriodoG20(Grupodos20),“paísesemergentes”são
aquelesemrápidoprocessodecrescimentoeconômicoeindustrialização,que
avançam da condição de países em desenvolvimento para a de países desen-
volvidos. Segundo a FTSE, empresa britânica especializada na classificação de
países e empresas, os emergentes situam-se entre as economias desenvolvi-
das e as chamadas “economias de fronteira”, que, no jargão do meio empresa-
rial, são consideradas menos desenvolvidas do que os países emergentes.
Entretanto, não há uma classificação consensual dos países incluí-
dos na categoria “emergente”. A ONU, por meio de sua agência para o co-
mércio e o desenvolvimento, a United Nations Conference on Trade and
Development (Unctad), lista 38 países nessa categoria, entre os quais
o Brasil. No entanto, a expressão “economia emergente” é mais utilizada
no mundo dos negócios.
Fonte: elaborado com base em FTSE Russell. FTSE Equity Country Classification. London: LSE
Group, 2020. p. 4. Disponível em: www.ftse.com/products/downloads/
FTSE-Country-Classification-Update_latest.pdf. Acesso em: 15 maio 2020.
27
Segundo a ONU, os “países menos desenvolvidos” são os mais pobres do
mundo e apresentam graves problemas socioeconômicos e os piores IDHs. Es-
tão classificados nessa categoria 47 países: 33 na África, 13 na Ásia/Pacífico e
um na América, o Haiti. Alguns dos antigos países socialistas têm feito refor-
mas de cunho capitalista e, por esse motivo, a ONU os classifica como “econo-
mias em transição”, conforme se pode observar no mapa a seguir.
Reconhecendo a dificuldade de classificação dos países, a ONU faz a se-
guinte ressalva: “As designações ‘desenvolvido’, ‘em transição’ e ‘em desen-
volvimento’ foram adotadas por conveniência estatística e não necessaria-
mente expressam um julgamento sobre o estágio alcançado por um país em
particular no processo de desenvolvimento”.
Veja exemplos da dificuldade de classificar países tão diversos em três ou
quatro categorias:
• A Coreia do Sul, país com IDH muito elevado e uma das economias mais
modernas e competitivas do mundo, ainda aparece no grupo das econo-
mias em desenvolvimento na publicação World Economic Situation and
Prospects 2019 (Situação Econômica Mundial e Perspectivas 2019) da
ONU, como se pode ver no mapa a seguir. Na classificação estatística da
Unctad, agência da ONU, aparece como economia emergente. Segundo a
FTSE, a Coreia do Sul é classificada como economia desenvolvida. Ou seja,
dependendo da fonte, o país aparece em cada uma das três categorias.
• No mapa da ONU, os antigos países socialistas que ingressaram na União
Europeia, como a Polônia, não são classificados como economias em tran-
sição, e sim como economias desenvolvidas. Já a Rússia, herdeira da an-
tiga superpotência, é considerada uma economia em transição. A Unctad
classifica esses dois países como economias emergentes, enquanto a
FTSE reconhece a Polônia como país desenvolvido e a Rússia como emer-
gente. Na classificação do meio empresarial, apenas um país dos antigos
países socialistas aparece como economia desenvolvida.
Fonte: elaborado com base
em UNITED NATIONS. World
Economic Situation and
Prospects: 2019. New York,
United Nations, 2019.
p. 169-173. Disponível em:
www.un.org/development/
desa/dpad/wp-content/
uploads/sites/45/
WESP2019_BOOK-web.pdf.
Acesso em: 16 maio 2020.
Mundo: classificação da ONU (2019)
Economia
Menos desenvolvida
Em desenvolvimento
Em transição
Desenvolvida
Sem dados
0º
0º
Equador
Meridiano
de
Greenwich
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Círculo Polar Antártico
Círculo Polar Ártico
Círculo Polar Ártico
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
0 4800 9600
km
Portal
de
Mapas/Arquivo
da
editora
28
Países selecionados: Rendimento Nacional
Bruto (RNB)* per capita (2018)
Segundo o Atlas do desenvolvimento global 2013, do Banco Mundial, as
economias de baixa e média renda são muitas vezes definidas como econo-
mias em desenvolvimento. Por sua vez, os países de renda alta são em geral
definidos como economias desenvolvidas, mas há exceções: a Arábia Saudi-
ta e a Argentina são países de alta renda, mas não são considerados desen-
volvidos nem por instituições internacionais, como a ONU, como se observa
no mapa da página 28, nem por empresas de classificação de países, como
a FTSE, que, como vimos no mapa da página 27, classifica a Arábia Saudita
como “economia emergente” e a Argentina como “economia de fronteira”.
* O Rendimento Nacional Bruto (RNB) é diferente do Produto Interno Bruto (PIB). O PIB mostra a produção interna de
um país gerada por todos os setores de sua economia; o RNB mostra essa produção mais os rendimentos que entram
em seu território menos os que saem. Por exemplo: dinheiro enviado ao exterior ou recebido de fora do país, pagamento
ou recebimento de empréstimos, exportações/importações, etc. Se um país recebe mais rendimentos do que envia ao
exterior, terá um RNB maior que o PIB; se, ao contrário, mais envia ao exterior do que recebe, terá um RNB menor que o PIB.
Fonte: elaborado com base em THE WORLD BANK. Classifying countries by income. 9 set. 2019. Disponível em:
https://datatopics.worldbank.org/world-development-indicators/stories/the-classification-of-countries-by-income.html.
Acesso em: 16 maio 2020.
Noruega 80 610
Estados Unidos 63 080
47 090
41 310
30 600
21 600
12 390
10 230
9 460
9 180
9 140
5 750
2 020
Alemanha
Japão
Coreia do Sul
Arábia Saudita
Argentina
Rússia
China
México
Brasil
África do Sul
Índia
Renda alta
(maior que 12 376 dólares)
Renda média alta
(entre 3 996 e 12 375 dólares)
Renda média baixa
(entre 1.026 e 3 995 dólares)
0 20 000 40 000 60 000 80 000 100 000
Fórmula
Produções/Arquivo
da
editora
29
O Brasil, país de renda média alta e classificado como “economia emer-
gente”, tem uma das piores distribuições de renda do mundo, de acordo com
dados do Banco Mundial. Por isso, desde 2016, o Banco Mundial não faz mais
essa correlação entre desenvolvimento e renda, embora a correlação, de for-
ma geral, continue existindo na realidade.
A tabela a seguir mostra como, de maneira geral, o rendimento nacional
bruto se distribui de forma muito mais desigual nos países em desenvolvi-
mento, principalmente em alguns emergentes.
Países selecionados: distribuição de renda
País* (ano da pesquisa)
Percentual sobre o total do
rendimento nacional Índice de
Gini**
10% mais pobres 10% mais ricos
Eslovênia (2017) 4,1 20,4 24,2
Noruega (2017) 3,3 21,6 27,0
Alemanha (2016) 2,9 24,6 31,9
Bangladesh (2016) 3,7 26,8 32,4
Japão (2013) 2,9 26,4 32,9
Níger (2014) 3,2 27,0 34,3
Índia (2011) 3,3 31,7 37,8
China (2016) 2,7 29,3 38,5
Estados Unidos (2016) 1,7 30,5 41,4
Argentina (2018) 1,8 29,9 41,4
Rep. Dem. do Congo (2012) 2,1 32,0 42,1
Nigéria (2009) 2,0 32,7 43,0
México (2018) 2,0 36,4 45,4
Brasil (2018) 1,0 42,5 53,9
África do Sul (2014) 0,9 50,5 63,0
* A Arábia Saudita não disponibiliza esse dado. ** O coeficiente de desigualdade, nome em homenagem ao seu criador,
o estatístico italiano Corrado Gini (1884-1965), varia de zero, que indica plena igualdade, a cem, situação de máxima
desigualdade, mostrando como a renda está distribuída em um país.
Fonte: elaborada com base em THE WORLD BANK. World Development Indicators 2020. Washington, DC: The World Bank
Group, 2020. Disponível em: http://wdi.worldbank.org/tables. Acesso em: 16 maio 2020.
Analise os dados da tabela e faça o que se pede:
1. Que país apresenta a melhor distribuição de renda no mundo? E a pior?
Comente a situação do Brasil.
2. Estabeleça uma comparação entre os países desenvolvidos e os países em
desenvolvimento quanto à distribuição de renda.
3. Crescimento do PIB sem distribuição de renda é injustiça social, porém
distribuição de renda sem crescimento do PIB é justiça social sem meios.
Comente essa frase e dê exemplos. Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO
30
A desigualdade relativa ao acesso à riqueza pode ser revertida, pois é uma
construção social. No plano individual, uma pessoa pobre pode enriquecer
e uma pessoa rica pode empobrecer. O mesmo ocorre com grupos sociais
maiores. Um país pode enriquecer, considerando a renda per capita, ainda
que em seu interior continue existindo pessoas ricas e pessoas pobres, por-
que esse indicador nada mais é do que o PIB ou RNB dividido pela população,
ou seja, é uma média. Ele é um bom indicador de produtividade econômica,
mas não retrata a real distribuição de renda na sociedade.
A China, por exemplo, protagonizou um dos mais acelerados processos de
enriquecimento da história, no entanto, paralelamente aumentou a desigual-
dade social. Segundo o Banco Mundial, em 1981, quando começaram as re-
formas que impulsionaram seu crescimento econômico, 97,8% da população
chinesa vivia abaixo da linha internacional de pobreza (com menos de 2 dóla-
res por dia). Em 2016, após décadas de crescimento acelerado do PIB, o per-
centual da população vivendo abaixo da linha internacional de pobreza (agora
ajustada para 3,20 dólares por dia) foi reduzido para apenas 5,4%. A renda per
capita chinesa subiu de 530 dólares, em 1994, para 9 460 dólares, em 2018.
Para se ter uma dimensão do rápido crescimento econômico da China,
no mesmo período, a renda per capita do Brasil subiu de 2970 para 9140
dólares. Ou seja, nesse período, a China aumentou muito sua produtividade
econômica e sua riqueza per capita, superando a brasileira, e se transformou
num país de renda média, porém mais desigual. De todo modo, é um feito
notável o país ter tirado milhões de pessoas da miséria para uma condição
de classe média. E vale ressaltar que, mesmo em países democráticos e bas-
tanteigualitários,comoNoruegaeJapão,hádesigualdadesocial,hápessoas
ricas (algumas muito ricas) e pessoas pobres; a diferença é que os pobres
são minoritários e a maior parte da população faz parte da classe média.
Na foto, morador de rua em Tóquio (Japão), em 2019. Embora minoritárias, nos países
desenvolvidos também há pessoas socioeconomicamente marginalizadas.
Meeh/Shutterstock
31
A pobreza extrema
De acordo com dados do Banco Mundial, nos países em desenvolvimento,
ainda há um elevado percentual de pessoas vivendo em situação de pobreza
extrema, sobretudo na África subsaariana e no sul da Ásia, regiões onde se
concentra a maioria dos países menos desenvolvidos.
São consideradas pobres pessoas que vivem com renda inferior a 3,20
dólares PPC por dia – portanto, abaixo da linha internacional de pobreza. Pes-
soas extremamente pobres são aquelas que sobrevivem com menos de 1,90
dólar PPC por dia, o limite da miséria. Observe as tabelas a seguir.
Países selecionados: população abaixo da linha
internacional de pobreza extrema
País (ano da pesquisa)
População total (milhões
de habitantes)
em 2018
% da população vivendo
com menos de 1,90 dólar
PPC por dia
Alemanha (2016) 82,9 0,0
Noruega (2017) 5,3 0,2
Coreia do Sul (2012) 51,6 0,2
China (2016) 1352,6 0,5
Argentina (2017) 44,5 0,5
Japão (2013) 126,5 0,7
Estados Unidos (2016) 327,2 1,2
México (2016) 126,2 2,2
Brasil (2014) 209,5 3,7
Bangladesh (2016) 161,4 14,8
África do Sul (2014) 57,8 18,9
Índia (2011) 1311,0 21,2
Níger (2014) 22,4 44,5
Nigéria (2009) 195,9 53,5
Rep. Dem. do Congo (2012) 84,1 76,6
Fonte: elaborada com base em THE WORLD BANK. World Development Indicators 2020. Washington, DC: The World Bank
Group, 2020. Disponível em: http://wdi.worldbank.org/tables. Acesso em: 16 maio 2020.
PPC: sigla para Paridade do
Poder de Compra, método
utilizado para estabelecer
comparações entre o PIB (e a
renda per capita) dos países,
no qual a paridade do poder de
compra é calculada para ajustar
esses indicadores. O dólar
estadunidense (US$) ajustado
pela PPC é mais adequado
para comparar os PIBs dos
países do que o dólar corrente,
usado pelo Banco Mundial (que
considera só a variação da taxa
de câmbio), pois este último
não mostra com precisão as
diferenças de capacidade de
compra e de padrão de vida da
população de cada país.
Quem quer ser um
milion‡rio? Direção:
Danny Boyle. Estados
Unidos/Reino Unido,
2008.
Jovem de origem
pobre, que trabalha
servindo chá em
uma empresa de
telemarketing,
inscreve-se para
participar do programa
de TV Quem quer ser
um milionário?. O filme
retrata as contradições
da sociedade indiana:
apesar das altas
taxas de crescimento
econômico e da
modernização, há
milhões que vivem na
miséria em habitações
precárias.
Saber
Celador
Films/Film4/Fox
Searchlight
Pictures/Warner
Bros.
32
Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
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Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo
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  • 1. MANUAL DO PROFESSOR em Ciências Humanas Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ENSINO MÉDIO Cláudio Vicentino Eduardo Campos Eustáquio de Sene MANUAL DO PROFESSOR em Ciências M A T E R I A L D E D I V U L G A Ç Ã O − V E R S Ã O S U B M E T I D A À A V A L I A Ç Ã O C Ó D I G O D A C O L E Ç Ã O : 0 1 5 2 P 2 1 2 0 4 C Ó D I G O D A O B R A : 0 1 5 2 P 2 1 2 0 4 1 3 7
  • 2.
  • 3. MANUAL DO PROFESSOR Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ENSINO MÉDIO Cláudio Vicentino Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) Professor de História no Ensino Médio e em cursos pré-vestibulares. Autor de obras didáticas e paradidáticas para Ensino Fundamental e Ensino Médio Eduardo Campos Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) CoordenadoreducacionalepedagógicodoEnsinoFundamental(anosfinais) e do Ensino Médio. Professor na Educação Básica e no Ensino Superior Eustáquio de Sene Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) Mestre e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) Professor de Geografia do Ensino Médio na rede pública e em escolas parti- culares. Professor de Metodologia do Ensino de Geografia na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo por 5 anos 1a edição, São Paulo, 2020 em Ci•ncias Humanas
  • 4. 2 Presidência: Paulo Serino Direção editorial: Lauri Cericato Gestão de projeto editorial: Heloisa Pimentel Gestão de área: Brunna Paulussi Coordenação de área: Carlos Eduardo de Almeida Ogawa Edição: Izabel Perez, Tami Buzaite e Wellington Santos Planejamento e controle de produção: Vilma Rossi e Camila Cunha Revisão: Rosângela Muricy (coord.), Alexandra Costa da Fonseca, Ana Paula C. Malfa, Ana Maria Herrera, Carlos Eduardo Sigrist, Flavia S. Vênezio, Heloísa Schiavo, Hires Heglan, Kátia S. Lopes Godoi, Luciana B. Azevedo, Luís M. Boa Nova, Luiz Gustavo Bazana, Patricia Cordeiro, Patrícia Travanca, Paula T. de Jesus, Sandra Fernandez e Sueli Bossi Arte: Claudio Faustino (ger.), Erika Tiemi Yamauchi (coord.), Keila Grandis (edição de arte), Arte Ação (diagramação) Iconografia e tratamento de imagens: Roberto Silva (coord.), Douglas Cometti e Mariana Sampaio (pesquisa iconográfica), Cesar Wolf (tratamento de imagens) Licenciamento de conteúdos de terceiros: Fernanda Carvalho (coord.), Erika Ramires e Márcio Henrique (analistas adm.) Ilustrações: Fórmula Produções Cartografia: Mouses Sagiorato e Portal de Mapas Design: Luis Vassallo (proj. gráfico, capa e Manual do Professor) Foto de capa: Monalyn Gracia/Corbis/Getty Images Todos os direitos reservados por Editora Ática S.A. Avenida Paulista, 901, 4o andar Jardins – São Paulo – SP – CEP 01310-200 Tel.: 4003-3061 www.edocente.com.br atendimento@aticascipione.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua - CRB-8/7057 2020 Código da obra CL 720007 CAE 729789 (AL) / 729790 (PR) 1a edição 1a impressão De acordo com a BNCC. Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. Colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de créditos e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo. Impressão e acabamento
  • 5. 3 Apresentação Caro(a) estudante, Este volume foi organizado em torno do conceito de democracia, enfocando os desafios da convivência coletiva no passado e no presente, destacando direi- tos e impasses. Trata-se de um tema essencial para a construção da cidadania, que considera o aprender a ser e o aprender a conviver e exige sujeitos efetiva- mente autônomos e não heterônomos, que agem apenas por obediência, medo, ou para atender aos desejos do outro. Além do entendimento de democracia em seu aspecto político mais restrito, propomos a análise das desigualdades existentes entre países e também entre grupos sociais em um mesmo país. Como em toda a coleção, os textos e as atividades são propostos tendo-se como objetivo a construção de um olhar crítico sobre os fatos e fenômenos, pas- sados e contemporâneos, com a perspectiva de construção de argumentação cientificamente embasada. Você será estimulado a aplicar o repertório que acumulou até aqui para ava- liar o mundo e também o lugar onde vive, trazendo para a sala de aula sua realida- de, suas vivências e interpretações. As propostas de atividades favorecem a mobilização de diferentes habilida- des por meio de debates, atividades individuais, em dupla e em grupos, valen- do-se de diversas técnicas e metodologias de investigação e pesquisa, leituras de textos de variados gêneros discursivos, propostas de intervenção e uso das novas tecnologias de comunicação e informação, explorando o registro e a pro- dução de sínteses. Estão também compreendidos momentos para desenvolvi- mento de aspectos socioemocionais observando os princípios de uma formação integral e humanista, na qual sejam valorizados o diálogo, a alteridade, a respon- sabilidade na relação consigo mesmo, com os outros, com o ambiente natural e com espaços públicos. Bom estudo! Os autores.
  • 6. 4 Conheça seu livro O mundo é marcado por profundas desigualdades socioeconômicas entre os países e no interior de cada um deles. Essas disparidades se materializam nas paisagens, principalmente dos países em desenvolvimento, onde, em geral, elas são mais acentuadas. Observe as fotografias ao lado e faça o que se pede. • Descreva a foto que retrata a desigualdade socioeconômica materializada na paisagem geográfica. Como você percebe essas disparidades? Observe a paisagem no lugar onde você vive. Você nota desigualdades semelhantes às da foto? Contexto Os desafios do nosso tempo 1 UNIDA D E ESSE TEMA SERÁ RETOMADO NA SEÇÃO PRÁTICA • Descreva a foto que retrata a desigualdade socioeconômica materializada na paisagem geográfica. Como você percebe essas disparidades? Observe a paisagem no lugar onde você vive. Você nota desigualdades semelhantes às da foto? 16 Observe a charge, leia o excerto e reflita: Contexto Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo 1 OBJETIVOS • Diferenciar os conceitos de desigualdade e diferença na interpretação de injustiças sociais. • Problematizar a classificação do desenvolvimento de um país por meio de dados estatísticos isolados. • Analisar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de diferentes países para identificar a desigualdade socioeconômica que existe no mundo. • Relacionar a desigualdade política entre os Estados ao grau de vulnerabilidade por meio do Índice de Fragilidade dos Estados (IFE). • Conhecer o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) para relacionar o grau de corrupção em um país com IDH e IFE. JUSTIFICATIVA Compreender o significado dos conceitos de “desigualdade” e “diferença” é importante porque viabiliza uma análise mais embasada da conjuntura nacional e internacional, assim como conhecer e utilizar os conceitos de IDH, IFE e IPC, percebendo como esses índices expressam realidades que se correlacionam. São metodologias bastante eficientes para analisar e combater as desigualdades socioeconômicas, sem, no entanto, desvalorizar as diferenças entre as pessoas nem as diferenças culturais entre os países. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC • Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2, CG3, CG4, CG5, CG6, CG7, CG9 e CG10. • Competências específicas e habilidades de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Competência 1: EM13CHS101 e EM13CHS106. Competência 4: EM13CHS402. Competência 5: EM13CHS401 e EM13CHS502. Competência 6: EM13CHS602 e EM13CHS606. TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS Cidadania e civismo • Educação em direitos humanos • Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso C A P Í T U L O C A P Í T U L O NÃO ESCREVA NO LIVRO CAZO, Luiz Fernando. IDH avança, mas a educação é o ponto fraco... Disponível em: https://www.humorpolitico.com.br/?s=cazo+idh. Acesso em: 5 set. 2020. Cazo/Acervo do cartunista Existem boas razões para que se veja a pobreza como uma privação de capacidades básicas, e não apenas como baixa renda. A privação de capacidades elementares pode refletir-se em morte prematura, subnutrição significativa (especialmente de crianças), morbidez persistente, analfabetismo muito dissemi- nado e outras deficiências. SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 35. 1. Oquevocêentendepordesigualdadesocioeconômica? 2. Quaissãooscritériostradicionaisparamedirapobreza? 3. Que relação pode ser estabelecida entre a charge e a perspectiva de Amartya Sen? 18 CONEXÕES LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS NÃO ESCREVA NO LIVRO Andy Warhol, principal representante do movimento artístico visual co- nhecido por pop art, interessava-se pelas imagens continuamente propaga- das e repetidas nos meios de comunicação de massa. Transformou tudo em produto visual, assumindo uma estética própria da publicidade: ícones do ci- nema e da política, produtos de consumo cotidiano e até mesmo imagens de acidentesquefiguravamnosjornais.Todasassuasobrasabsorviamelemen- tos dessa cultura pop, que ele trabalhava e apresentava com cores intensas. Os retratos são um exemplo fundamental da obsessão de Warhol pela cul- tura das celebridades. Graças à técnica da serigrafia, o artista pôde produzir imagens em massa de suas musas, apagando nesse processo as imperfei- ções que as tornavam humanas. NÃO ESCREVA NO LIVRO • Em duplas, pesquisem em livros e na internet as obras de Warhol e a épo- ca em que foram produzidas. Coletem também informações sobre o ar- tista e seu estilo. Em seguida, reflitam sobre a questão a seguir, e, com a orientação do professor, compartilhem suas anotações com os colegas. A atitude de Warhol parece criticar ou exaltar o excesso de exposição mi- diática das imagens? Green Marilyn. 1962. Andy Warhol. National Gallery of Art, Washington, D.C. (Estados Unidos). Alamy/Fotoarena 108 Vista aérea de Mumbai (Índia), em 2015. Em primeiro plano, Dharavi Slum, que, com cerca de 750 mil habitantes, é a maior favela da Índia e uma das maiores do mundo. Premraj K.P/Alamy/Fotoarena 17 Desigualdade x diferença Desigualdade e diferença No dia a dia, as palavras “desigualdade” e “diferença”, muitas vezes, são utilizadas como sinônimos, no entanto, no contexto histórico e sociocultural, elas não têm o mesmo significado. É importante fazer a distinção entre elas para que possamos compreender melhor a realidade social, cultural e econô- mica do Brasil e do mundo, que é muito rica em diferenças, porém marcada por profundas desigualdades. Os diagramas a seguir trazem exemplos de de- sigualdades e de diferenças que vão esclarecer esses conceitos. Ao longo da história, as lutas sociais contra imposições e violências se orientaram e continuam se orientando por valorizar as diferenças e combater as desigualdades. Algumas formas de desigualdades, como veremos ao longo deste capí- tulo, de tão arraigadas nas sociedades, passam a ser vistas como fenôme- nos naturais, o que evidentemente não são. Elas são resultantes de uma construção social, portanto, podem, e devem, ser combatidas e reduzidas (em nenhum período da história elas foram completamente eliminadas). Já as diferenças são múltiplas, têm um grau maior de permanência e, em geral, não podem ou são muito difíceis de serem transformadas, mesmo as que foram construídas culturalmente. E as diferenças não são em si posi- tivas ou negativas. A crítica à desigualdade que existe entre os homens (“homens” como con- ceito antropológico, sinônimo de espécie) é antiga. Uma das mais conhecidas é a do filósofo iluminista francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Fonte: BARROS, José D’Assunção. Igualdade e diferença: uma discussão conceitual mediada pelo contraponto das desigualdades. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 23, e230093, 2018. p. 5. Desigualdade Diferença Hierarquias Riqueza/Pobreza Acesso desigual à educação e à cultura Preconceitos Outros Tratamento desigual para grupos diferenciados Acesso desigual a direitos políticos Oportunidades desiguais Nacionalidades Necessidades especiais Etnias Gêneros Faixas etárias Religiosidades Outros Banco de imagens/Arquivo da editora 19 Tendo em vista o estudo do capítulo e a observação da paisagem do lugar em que você mora, reavalie suas respostas: 1. O que você entende por desigualdade socioeconômica? 2. Como ela se materializa nas paisagens? Retome o contexto Indicadores IDH IPC Maior o IFE Menor o IDH IFE Combatida Diferença Econômica Educação Voto Saúde Liberdade de expressão Saneamento básico, etc. Ir e vir, etc. Serviços públicos Renda per capita Direitos políticos Desenvolvimento humano Fragilidade dos Estados Percepção da corrupção Riqueza Política Social Valorizada Concentrada DESIGUALDADE deve ser deve ser não é a mesma coisa que desigual acesso à medida pela como como no entanto, pode ser desigual acesso aos desigual acesso aos entre pessoas pode ser entre Estados pode ser medida por como que indica o que indica a que indica a ambos se relacionam entre si e com o quanto maior Mapa conceitual organizados pelos autores. 45 VOCÊ PRECISA SABER NÃO ESCREVA NO LIVRO 45 Seu livro está organizado em duas unidades, divididas em dois capítulos, que tratam de temas atuais e relevantes para a sua formação durante o Ensino Médio. Ao longo dos capítulos e unidades, você encontrará diferentes estruturas que utilizam diversos recursos pensados para auxiliá-lo no processo de aprendizagem. As aberturas de unidades apresentam textos e imagens que sintetizam o tema principal e vão mobilizar os seus conhecimentos sobre o assunto. Nessas aberturas, a seção Contexto traz situações concretas cuja análise exige conteúdos, conceitos e procedimentos de diferentes disciplinas das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Essas situações serão retomadas ao longo dos capítulos e estão relacionadas com a seção Prática, que traz uma proposta de trabalho para que você aplique os conhecimentos que são produzidos em sala de aula na comunidade escolar e em seu entorno. As aberturas dos capítulos trazem recursos diversos (fotografias, mapas, gráficos, entrevistas, charges) que sintetizam o conteúdo que será trabalhado, além de propor questionamentos, por meio de uma nova ocorrência da seção Contexto, que vão ajudá-lo a realizar o projeto proposto na seção Prática. Na abertura de cada capítulo, você também encontrará um boxe com os objetivos, a justificativa para o trabalho com os conteúdos propostos e as competências, habilidades e temas contemporâneos transversais mobilizados no capítulo. Em todos os capítulos, você encontrará uma ocorrência da seção Conexões, que trabalha a interdisciplinaridade com componentes curriculares de outras áreas do conhecimento, especialmente as Ciências da Natureza e suas Tecnologias e as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, bem como com disciplinas que não estão presentes no currículo escolar. Seção que finaliza o trabalho do capítulo e traz propostas de retomada das questões apresentadas na seção Contexto, na abertura do capítulo. Momento que serve de recurso para resumo e sistematização de alguns dos conteúdos trabalhados ao longo dos capítulos. Pode surgir na forma de mapas conceituais, esquemas, fluxogramas ou lista de palavras e pode apresentar atividades que estabeleçam relação dos conteúdos trabalhados com os seus lugares de vivência e as suas experiências pessoais.
  • 7. 5 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC • Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 1 e 5. • Habilidades de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS103, EM13CHS106, EM13CHS502 e EM13CHS503. TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS Cidadania e civismo • Educação em Direitos Humanos. A letalidade policial nas capitais brasileiras: o perfil das vítimas PRÁTICA A realidade sob investigação: o método do estudo de caso Para começar Nesta unidade, analisamos que o conflito, seja entre indivíduos, seja entre sociedades, pode ocorrer por razões diversas. No entanto, o que se verifica em todo conflito é sempre a discordância de ideias entre duas ou mais partes envolvidas. Ao estudar o conflito social, alguns teóricos chegaram à conclusão de sua inevitabilidade. A desigualdade social existente nas sociedades motivaria os conflitos, que, nesse caso, funcionariam como mola pro- pulsora para o surgimento de uma nova ordem social. Porém, mesmo com a nova ordem, desigualdades seriam deflagradas e, como conse- quência, novos conflitos surgiriam. Atualmente, quando abrimos o jornal, navegamos por sites de no- tícias ou assistimos à televisão, tomamos conhecimento de diversos conflitos, muitos dos quais nos causam horror, envolvendo países di- versos ou segmentos de uma mesma população. Você, talvez, conhe- ça ou já tenha visto programas de televisão especializados em noticiar assaltos, homicídios, roubos, entre outros crimes. Geralmente, nesses programas, que se proclamam defensores da ordem e da moral, a con- duta da polícia é sempre valorizada – ainda que muitas de suas ações causem danos físicos ou mesmo a morte de pessoas. Determinadas pela Constituição Federal de 1988, que garante, como dever do Esta- do, a ordem e a segurança pública, além da incolumidade de pessoas, as polícias civis e militares respondem aos governadores dos estados brasileiros. Entre seus deveres estão apurar infrações contra as ordens políticas e sociais, prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e de drogas e preservar a or- dem pública. Entretanto, não são incomuns os abusos de poder por policiais, como na manifestação de 2013 contra o aumento da passagem de NÃO ESCREVA NO LIVRO Charge de Benett, publicada no jornal Folha de S.Paulo, em 12 de dezembro de 2019, critica a reação das pessoas a outra charge que satirizou a ação violenta da polícia militar em Paraisópolis, em São Paulo, dias antes. Alberto Benett/Acervo do cartunista 78 1. (2019) A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) como uma política para todos constitui-se uma das mais importantes conquistas da sociedade brasileira no século XX. O SUS deve ser valorizado e defendido como um marco para a cidadania e o avanço civilizatório. A democracia envolve um modelo de Estado no qual políticas protegem os cidadãos e reduzem as desigualdades. O SUS é uma diretriz que fortalece a cidadania e contribui para assegurar o exercício de direitos, o pluralis- mo político e o bem-estar como valores de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, conforme prevê a Constituição Federal de 1988. RIZZOTO, M. L. F. et al. Justiça social, democracia com direitos sociais e saúde: a luta do Cebes. Revista Saœde em Debate, n. 116, jan./mar. 2018 (adaptado). Segundo o texto, duas características da con- cepção da política pública analisada são: a)Paternalismo e filantropia. b)Liberalismo e meritocracia. c)Universalismo e igualitarismo. d)Nacionalismo e individualismo. e)Revolucionarismo e coparticipação. 2. (2012) Cada uma das personagens adota uma forma diferente de designar os países “não desenvolvi- dos”,porém,atualmentetem-seadotadoatermi- nologia“paísesemdesenvolvimento”porque a)representa melhor a ausência de desigual- dades econômicas que se observa hoje en- tre essas nações. b)facilita as relações comerciais no mercado globalizado ao aproximar países mais e me- nos desenvolvidos. c)indica que os países estão em processo de desenvolvimento, reduzindo o estigma ine- rente ao termo “subdesenvolvidos”. d)demonstra o crescimento econômico des- ses países, que vem sendo maior ao longo dos anos, erradicando as desigualdades. e)reafirma que durante a Guerra Fria os países que eram subdesenvolvidos alcançaram es- tágios avançados de desenvolvimento. 3. (2014) Disponível em: www.ipta.gov.br. Acesso em: 2 ago. 2013. Reprodução/ENEM, 2014 Na imagem, é ressaltado, em tom mais escuro, um grupo de países que, na atualidade, pos- suem características político-econômicas co- muns no sentido de: a)adotarem o liberalismo político na dinâmica dos seus setores públicos. b)constituírem modelos de ações decisórias vinculadas à social-democracia. c)instituírem fóruns de discussão sobre inter- câmbiomultilateraldeeconomiasemergentes. d)promoverem a integração representativa dos diversospovosintegrantesdeseusterritórios. e)apresentarem uma frente de desalinhamen- to político aos polos dominantes do sistema- -mundo. © Joaquín Salvador Lavado (Quino)/Fotoarena 44 QUESTÕES DO ENEM NÃO ESCREVA NO LIVRO Desigualdades políticas: Índice de Fragilidade dos Estados Além dos problemas sociais, outro problema que vários países em desen- volvimento enfrentam são as guerras, a maioria delas civis, ou a violência associada ao tráfico de drogas ou à instabilidade política. Esses conflitos atingem principalmente países que o Fund for Peace (Fundo para a Paz, ONG com sede em Washington, Estados Unidos) chama de “Estados frágeis”, ter- mo que define nações em que o Estado apresenta tal grau de desestrutura- ção que não consegue cumprir sua missão de garantir paz, segurança e coe- são social aos habitantes de seu território. A classificação é feita pelo Índice de Fragilidade dos Estados (IFE), composto de doze indicadores sociais, econômicos, políticos e militares. As notas para cada um desses indicado- res variam de um a dez, e a média final compõe um único indicador. Quanto mais próximo de 120, maior a fragilidade do Estado e a desagregação social; quanto mais próximo de zero, mais sustentável é o Estado e mais coesa é a sociedade. Em 2019, o Iêmen era o Estado mais vulnerável, e a Finlândia, o mais sustentável. Dos nove Estados com maior IFE, em situação de alerta alto e muito alto, seis são da África subsaariana e três ficam na Ásia. Hotel Ruanda. Direção: Terry George. Estados Unidos/Reino Unido/ Itália/África do Sul, 2004. Baseado na história real de Paul Rusesabagina, gerente de um hotel em Kigali, capital de Ruanda. Em 1994, durante o conflito entre hutus e tútsis, Rusesabagina, que era hutu, salvou a vida de mais de 1200 pessoas da etnia tútsi, abrigando-as no hotel em que trabalhava. Saber Fonte: elaborado com base em FUND FOR PEACE. Fragile States Index: Annual Report 2019. Washington, DC: FFP, 2019. Disponível em: https://fragilestatesindex. org/wp-content/ uploads/2019/03/9511904- fragilestatesindex.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020. Fórmula Produções/Arquivo da editora 0 20 1 . Iê m e n 2 . S o m á li a 3 . S u d ã o d o S u l 5 . R e p . D e m . d o C o n g o 1 4 . N ig é ri a 1 8 . N íg e r 3 5 . A n g o la 7 3 . R ú s s ia 7 4 . Ín d ia 8 3 . B ra s il 8 8 . Á fr ic a d o S u l 8 8 . C h in a 9 3 . A rá b ia S a u d it a 9 8 . M é x ic o 1 4 0 . A rg e n ti n a 1 5 3 . E s ta d o s U n id o s 1 5 7 . J a p ã o 1 5 8 . U ru g u a i 1 5 9 . C o re ia d o S u l 1 6 7 . A le m a n h a 1 7 6 . S u íç a 1 7 7 . N o ru e g a 1 7 8 . F in lâ n d ia 40 60 80 100 120 IFE Os três Estados mais vulneráveis, os três mais sustentáveis e outros selecionados (2019) • Estabeleça correlações entre os países do gráfico anterior com os países que aparecem no gráfico da página 40. A que conclusões você chega? Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO Reprodução/MGM 37 Desigualdade e corrupção: Índice de Percepção da Corrupção BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 7. ed. Brasília: Editora UnB, 1995. p. 291. Estado predatório Conceito criado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells (1942- ) para nomear a apropriação do Estado por governantes que deixam de cumprir muitas de suas atribuições básicas e dedicam-se a satisfazer os interesses de sua família, da classe social ou do grupo étnico detentor do poder. Um exemplo foi o Zaire, atual República Democrática do Congo, entre 1965 e 1997, quando governado pelo ditador Mobutu Sese Seko (1930-1997), ex-sargento do exército colonial belga. Durante seu governo, Mobutu acumulou uma fortuna avaliada em 6 bilhões de dólares, segundo dados do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 1997, o líder guerrilheiro Laurent Kabila tomou o poder, e Mobutu fugiu para o Marrocos. Kabila instaurou uma nova ditadura, dando origem a uma guerra civil que provocou a morte de milhares de pessoas. Com seu assassinato em 2001, seu filho, Joseph Kabila, assumiu o governo. Posteriormente, venceu as eleições para presidente, em 2006 e 2011. Rica em recursos minerais, a República Democrática do Congo é um dos países mais pobres do mundo: ocupa a 179a posição no IDH, segundo o relatório de 2019 do Pnud, e tem 76,7% da população sobrevivendo na extrema pobreza. Conceitos Subsídio: benefício concedido pelo governo a pessoas, empresas ou setores da economia. Esse benefício pode ser instituído na forma de pagamento da diferença entre o preço de custo (mais alto) e o preço de mercado (mais baixo) de determinado bem, pode ocorrer na forma de empréstimos a juros abaixo da taxa de mercado ou, ainda, como isenção de impostos. Incentivo fiscal: subsídio concedido pelos governos (federal, estaduais ou municipais) em operações ou atividades que queiram incentivar, geralmente na forma de redução ou mesmo isenção de impostos. De acordo com o Dicionário de Política, do filósofo italiano Norberto Bobbio (1909-2004), corrupção é “o fenômeno pelo qual um funcionário pú- blico é levado a agir de modo diverso dos padrões normativos do sistema, fa- vorecendo interesses particulares em troca de recompensa”. Evidentemen- te, para um funcionário público se corromper deve existir um corruptor, que pode ser pessoa ou empresa. Trata-se de um grave problema nos países em desenvolvimento, sobre- tudo nos menos desenvolvidos que, com poucas exceções, são, ou foram por longo período, governados por ditaduras ou regimes democráticos pouco consolidados, sob o comando de elites em geral indiferentes ao bem-estar social do restante da população. Em casos extremos, uma pessoa chega a comandar todo um país, caracterizando um “Estado predatório”. Jáempaísesemdesenvolvimentoqueatingiramcertograudeindustriali- zação, como a maioria dos emergentes, é comum um grupo social ou partido político se apropriar do aparelho de Estado utilizando-o para favorecimentos, como a concessão de subsídios e de incentivos fiscais a grupos econômicos ligados ao poder, muitas vezes em detrimento de investimentos sociais que beneficiariam toda população. A corrupção está arraigada no setor público em razão da falta de trans- parência dos governos, da fragilidade do sistema jurídico e da impunidade dos corruptores. Como é impossível mensurar com precisão essa prática, a Transparência Internacional (ONG com sede em Berlim, Alemanha) criou o Índice de Percepção da Corrupção (IPC), elaborado anualmente com base em pesquisas e entrevistas feitas por diversas entidades junto a setores da sociedade mundial e de cada país. 39 DIÁLOGOS NÃO ESCREVA NO LIVRO 1. Observe atentamente a reprodução da tela Guernica, de Pablo Picasso, que representa os horrores do ataque nazista à cidade basca de mesmo nome. Pintada em tempo recorde, a tela foi apresentada, ainda em 1937, na Exposição Internacional de Paris. Em 26 de abril de 1937, uma unidade da Força Aérea da Alemanha, cha- mada Legião Condor, bombardeou a cidade de Guernica, na Espanha, para fazer um cálculo da quantidade de explosivos necessária para aniquilar uma cidade. Guernica foi totalmente destruída pelos bombardeios. Na ocasião, Pablo Picasso estava exilado em Paris e inspirou-se nos re- latos sobre o bombardeio de Guernica para pintar uma das obras de arte mais famosas da história. Faça uma descrição da tela: a)Quais foram as cores utilizadas? b)O que você acha que as figuras representadas na tela significam? c)Como as figuras estão dispostas na tela? d)Quais impressões essa obra causa em você? e)Em sua opinião, por que Picasso pintou o contorno de uma flor brotando no centro da tela? Qual seria o significado dessa flor? 2. Umaanedotamuitoconhecidadizque,duranteaSegundaGuerraMundial, o general alemão Otto Abetz, que governava a cidade de Paris ocupada pe- losnazistas,dirigiu-seaPicassoe,referindo-seàtelaGuernica,perguntou: “Foi o senhor quem fez este horror?”, ao que, com toda a elegância, Pi- casso teria respondido: “Não, senhor general. Esse horror foi feito pelos senhores!” Explique a resposta de Picasso dada ao general nazista. Guernica. 1937. Pablo Picasso (1881-1973). Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia (Madri, Espanha). Reprodução/Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, Madri, Espanha 148 Seção que apresenta atividades em diversos formatos pensadas para auxiliar no trabalho com diferentes competências específicas e habilidades estabelecidas pela BNCC, como identificar, analisar e comparar fontes e narrativas, elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos, que possibilitem o compartilhamento de pontos de vistas, o diálogo e a reflexão. Uma página com atividades de edições recentes de avaliações oficiais para que você possa verificar como os temas trabalhados em sala de aula aparecem nessas provas, em especial no Enem. Apresenta uma proposta de projeto que aborda um tema relacionado aos capítulos da unidade por meio das metodologias de pesquisa (como revisão bibliográfica, análise documental, construção e uso de amostragens ou observação participante). Os projetos propostos permitem a valorização dos conhecimentos, da ciência e da argumentação com base em fatos, além de articular os conhecimentos construídos em sala de aula com a realidade vivida. Recursos de linguagens variados (livros, filmes, podcasts, músicas, sites, obras de arte, etc.) para aprofundar temas abordados no capítulo e complementar seu repertório cultural e científico. Traz a indicação dos autores e obras que apresentam conceitos importantes para o trabalho com os temas propostos nos capítulos. Apresenta os significados de palavras destacadas no texto. Apresenta conceitos estruturantes das Ciências Humanas e de outras áreas do conhecimento, que devem ser conhecidos para o trabalho com os temas propostos.
  • 8. 6 Competências e habilidades da BNCC A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento oficial que define o con- junto de aprendizagens que os estudantes precisam desenvolver ao longo da Educação Básica, desde o início da Educação Infantil até o final do Ensino Médio. Dessa forma, a BNCC é norteadora para a formulação dos currículos escolares no Brasil. Esse conjunto de aprendizagens essenciais definido na BNCC corresponde a conhe- cimentos, competências e habilidades. Algumas dessas competências devem ser desenvolvidas durante todas as etapas da Educação Básica; outras especificamente em cada uma das etapas. No Ensino Mé- dio, essas competências e habilidades estão distribuídas por áreas de conhecimento. Nas aberturas dos capítulos do seu livro, você encontrará indicações de quais com- petências e habilidades estão sendo preferencialmente mobilizadas. Nas páginas a seguir, você conhecerá as dez competências gerais da Educação Bá- sicaetodasascompetênciasehabilidadesespecíficasdasáreasdeCiênciasHumanas e Sociais Aplicadas e as competências e habilidades de Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias que serão trabalhadas neste livro. DeacordocomaBNCC,competênciassãoconhecimentos(conceitoseprocedimentos) mobilizadospararesolverdemandasdavidacotidiana,doexercíciodacidadaniaedomun- do do trabalho. Já as habilidades são capacidades práticas, cognitivas e socioemocionais. Aocompreenderoqueéesperadodesenvolvercomosprojetosdestaobra,vocêterá a chance de se apropriar melhor de seus estudos, reconhecendo um sentido em tudo aquilo que é proposto e, consequentemente, percebendo a aplicação que isso pode ter em seu cotidiano. Dessa forma, o seu protagonismo se manifestará também em relação à sua apren- dizagem. Se você tiver interesse, consulte o texto completo da BNCC no site: http://basenacional comum.mec.gov.br/.Acessoem:27jan.2020. Composição dos códigos das habilidades CADERNO BNCC O primeiro número indica a competência da área e os dois últimos indicam a habilidade relativa a essa competência. EM 13 CHS 101 Indica a etapa de Ensino Médio. Indica que a habilidade pode ser desenvolvida em qualquer série do Ensino Médio. Indica a área à qual a habilidade pertence.
  • 9. 7 Competências gerais da Educação Básica 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mun- do físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, in- cluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das dife- rentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico- -cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escri- ta), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, ex- periências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluin- do as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pes- soal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conheci- mentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mun- do do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo res- ponsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreenden- do-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazen- do-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
  • 10. 8 Competências específicas e habilidades de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Competência específica 1 Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da plurali- dade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a com- preender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica. Habilidades EM13CHS101 – Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econô- micos, sociais, ambientais e culturais. EM13CHS102 – Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, so- ciais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperati- vismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos. EM13CHS103–Elaborarhipóteses,selecionarevidênciasecomporargumentosrelativosaprocessospolíticos,eco- nômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros). EM13CHS104 – Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores,crençasepráticasquecaracterizamaidentidadeeadiversidadeculturaldediferentessociedadesinseridas no tempo e no espaço. EM13CHS105 – Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/ virtual etc.), explicitando suas ambiguidades. EM13CHS106 – Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais, incluindoasescolares,parasecomunicar,acessaredifundirinformações,produzirconhecimentos,resolverproble- mas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Competência específica 2 Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão das relações de poder que determinam as territorialida- des e o papel geopolítico dos Estados-nações. Habilidades EM13CHS201 – Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos con- tinentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles. CADERNO BNCC
  • 11. 9 EM13CHS202 – Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores éticos e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais. EM13CHS203 – Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferen- tes sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/campo, entre outras). EM13CHS204 – Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialida- des e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Na- cionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas. EM13CHS205 – Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas dimensões culturais, econômicas, am- bientais, políticas e sociais, no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis. EM13CHS206 – Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios de localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para o raciocínio geográfico. Competência específica 3 Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e socieda- des com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômi- cos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e pro- movam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e global. Habilidades EM13CHS301 – Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de produção, reaproveitamento e descarte de resíduos em metrópoles, áreas urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características socioeconômi- cas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade socioambiental, o combate à poluição sistêmica e o consumo responsável. EM13CHS302 – Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de aná- lise, considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comunida- des tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade. EM13CHS303 – Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo, seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas pelo consu- mo e à adoção de hábitos sustentáveis. EM13CHS304 – Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de empresasedeindivíduos,discutindoasorigensdessaspráticas,selecionando,incorporandoepromovendoaquelas que favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável. EM13CHS305 – Analisar e discutir o papel e as competências legais dos organismos nacionais e internacionais de regulação, controle e fiscalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas ambientais sustentáveis. EM13CHS306 – Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos socioeconômicos no uso dos recursos naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta (como a adoção dos sistemas da agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes comunidades, entre outros)
  • 12. 10 Competência específica 4 Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, con- textos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades. Habilidades EM13CHS401 – Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos. EM13CHS402 – Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica. EM13CHS403 – Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de trabalho próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da opressão e da violação dos Direitos Humanos. EM13CHS404 – Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais. Competência específica 5 Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos. Habilidades EM13CHS501 – Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando proces- sos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade. EM13CHS502 – Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e pro- blematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais. EM13CHS503 – Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e ava- liando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos. EM13CHS504 – Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas. CADERNO BNCC
  • 13. 11 Competência específica 6 Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fa- zendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liber- dade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Habilidades EM13CHS601 – Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos in- dígenas e das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país. EM13CHS602 – Identificar e caracterizar a presença do paternalismo, do autoritarismo e do populismo na política, na sociedade e nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e democráticos, relacionando-os com as formas de organização e de articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade, do diálogo e da promoção da democracia, da cidadania e dos direitos humanos na sociedade atual. EM13CHS603 – Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de exercíciodacidadania,aplicandoconceitospolíticosbásicos(Estado,poder,formas,sistemaseregimesdegoverno, soberania etc.). EM13CHS604 – Discutir o papel dos organismos internacionais no contexto mundial, com vistas à elaboração de uma visão crítica sobre seus limites e suas formas de atuação nos países, considerando os aspectos positivos e negativos dessa atuação para as populações locais. EM13CHS605 – Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igual- dade e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo. EM13CHS606 – Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de do- cumentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas identi- ficados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos e promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.
  • 14. 12 Competências específicas e habilidades de Linguagens e suas Tecnologias para o Ensino Médio COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1 Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferen- tes campos de atuação social e nas diversas mídias,paraampliarasformasdeparticipação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo. HABILIDADES EM13LGG101 Compreender e analisar processos de produ- ção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interes- ses pessoais e coletivos. EM13LGG102 Analisar visões de mundo, conflitos de inte- resse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibi- lidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade. EM13LGG104 Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produ- ção de textos e discursos em diversos campos de atuação social. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2 Compreender os processos identitários, con- flitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitar as di- versidades, a pluralidade de ideias e posições e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igual- dade e nos Direitos Humanos, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza. HABILIDADES EM13LGG201 Utilizar adequadamente as diversas lingua- gens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contex- tos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, históri- co, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. EM13LGG202 Analisar interesses, relações de poder e pers- pectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e verbais), para compreen- der o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3 Utilizar diferentes linguagens (artísticas, cor- porais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regio- nal e global. HABILIDADES EM13LGG301 Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corpo- rais e verbais), levando em conta seus funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos. EM13LGG302 Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, levando em conta seus contextos de produção e de circulação. EM13LGG303 Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas. EM13LGG305 Mapear e criar, por meio de práticas de lingua- gem, possibilidades de atuação social, política, artística e cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutin- do princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica, criativa, solidária e ética. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 5 Compreender os processos de produção e ne- gociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como for- mas de expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à diversidade. HABILIDADES EM13LGG502 Analisar criticamente preconceitos, estereóti- pos e relações de poder subjacentes presentes nas práticas corporais, adotando posicionamento contrário a qualquer manifestação de injustiça e desrespeito a direitos humanos e valores democráticos. CADERNO BNCC
  • 15. 13 COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6 Apreciar esteticamente as mais diversas pro- duções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e glo- bais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. HABILIDADES EM13LGG601 Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como os processos de legitimação das manifestações artísticas na sociedade, desenvolvendo visão crítica e histórica. EM13LGG603 Expressar-se e atuar em processos de criação au- torais individuais e coletivos nas diferentes linguagens artísticas (artes visuais, audiovisual, dança, música e teatro) e nas inter- secçõesentreelas,recorrendoareferênciasestéticaseculturais, conhecimentos de naturezas diversas (artísticos, históricos, so- ciais e políticos) e experiências individuais e coletivas. EM13LGG604 Relacionar as práticas artísticas às diferentes di- mensões da vida social, cultural, política, histórica e econômica eidentificaroprocessodeconstruçãohistóricadessaspráticas. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 7 Mobilizar práticas de linguagem no universo di- gital, considerando as dimensões técnicas, crí- ticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se empráticasautoraisecoletivas,edeaprendera aprender nos campos da ciência, cultura, traba- lho, informação e vida pessoal e coletiva. HABILIDADES EM13LGG702Avaliaroimpactodastecnologiasdigitaisdainforma- ção e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e em suas prá- ticas sociais, para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de se- leção,compreensãoeproduçãodediscursosemambientedigital. EM13LGG703 Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramen- tas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos autorais em ambientes digitais. Competências específicas e habilidades de Matemática e suas Tecnologias para o Ensino Médio COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1 Utilizar estratégias, conceitos e procedi- mentos matemáticos para interpretar situa- ções em diversos contextos, sejam ativida- des cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza e Humanas, das questões socioe- conômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a contribuir para uma formação geral. HABILIDADES EM13MAT101 Interpretar criticamente situações econômicas, sociais e fatos relativos às Ciências da Natureza que envolvam a variação de grandezas, pela análise dos gráficos das funções representadas e das taxas de variação, com ou sem apoio de tec- nologias digitais. EM13MAT102 Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesqui- sas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por dife- rentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso, inadequações que possam induzir a erros de interpretação, como escalas e amostras não apropriadas. CompetênciasespecíficasehabilidadesdeCiências da Natureza e suas Tecnologias para o Ensino Médio COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3 Investigar situações-problema e avaliar apli- cações do conhecimento científico e tecnoló- gico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comuni- cação (TDIC). HABILIDADES EM13CNT301 Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experi- mentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfren- tamento de situações-problema sob uma perspectiva científica. EM13CNT302 Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimen- tos, elaborando e/ou interpretando gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de dife- rentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover deba- tes em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevân- cia sociocultural e ambiental.
  • 16. 14 SUMÁRIO Caderno BNCC 6 Capítulo 1 Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo ...................... 18 Desigualdade e diferença........................................................ 19 Diferenças não justificam desigualdades........................................... 23 Heterogeneidade crescente no mundo............................... 25 Desigualdades socioeconômicas mundiais....................................... 27 A pobreza extrema................................................................................. 32 Desigualdades socioeconômicas: o Índice de Desenvolvimento Humano................................ 34 Desigualdades políticas: O índice de fragilidade dos Estados............................................................ 37 Desigualdade e corrupção: o Índice de Percepção da Corrupção........................................................... 39 Capítulo 2 Sociedades e violência ........................... 46 Violência e suas manifestações ............................................ 47 Violência pessoal ou direta................................................................... 48 Violência estrutural ou indireta............................................................ 48 Violência cultural.................................................................................... 50 Destaqueshistóricosdassociedadesfrenteàviolência...... 52 Idade Média e Idade Moderna europeias............................................. 52 Guerras, holocausto e genocídio no século XX................................... 57 Violências na sociedade atual.............................................................. 64 Genocídios .............................................................................................. 64 Violência urbana e marginalidade no Brasil........................................ 66 Violência de Estado................................................................................ 68 Violência de gênero................................................................................ 70 Reflexões sobre os mecanismos de combate à violência................................................................... 74 • Prática A letalidade policial nas capitais brasileiras: o perfil das vítimas.............................................................................. 78 Os desafios do nosso tempo 1 UNIDA D E 16 Premraj K.P/Alamy/Fotoarena
  • 17. 15 Capítulo 3 Convivendo nas cidades e nas redes ..... 86 Mundo urbano............................................................................. 88 Mobilidade urbana ................................................................................. 94 A sociedade em rede................................................................. 100 O impacto das redes sociais no cotidiano........................................... 100 O império do efêmero e suas consequências..................................... 104 Capítulo 4 Cultura e costumes em transformação ... 118 As transformações culturais do século XX ao XXI ............. 119 Nas artes................................................................................................. 121 Na educação........................................................................................... 126 Nos valores sociais................................................................................ 128 Nas linguagens....................................................................................... 132 Da ditadura à democracia: a atuação dos intelectuais e dos jovens................................................. 135 Os anos rebeldes da década de 1960 ................................................. 135 O maio de 1968 na França.................................................................... 137 Movimento estudantil no Brasil ........................................................... 139 Mundo recente e os modos de ser e viver das culturas juvenis ................................................................. 142 Combate à intolerância, ao preconceito e à discriminação.............. 143 Prática de virtudes: respeito, empatia, solidariedade coragem e perseverança ...................................................................... 145 • Prática Técnica de grupo focal para compreender a juventude no século XXI..................................................... 152 Direitos e Impasses 2 UNIDA D E 84 Referências bibliográficas comentadas 158 João Laet/Fotoarena
  • 18. O mundo é marcado por profundas desigualdades socioeconômicas entre os países e no interior de cada um deles. Essas disparidades se materializam nas paisagens, principalmente dos países em desenvolvimento, onde, em geral, elas são mais acentuadas. Observe as fotografias ao lado e faça o que se pede. • Descreva a foto que retrata a desigualdade socioeconômica materializada na paisagem geográfica. Como você percebe essas disparidades? Observe a paisagem no lugar onde você vive. Você nota desigualdades semelhantes às da foto? • Descreva a foto que retrata a desigualdade socioeconômica materializada na paisagem geográfica. Como você percebe essas disparidades? Observe a paisagem no lugar onde você vive. Você nota desigualdades semelhantes às da foto? Contexto Os desafios do nosso tempo 1 UNIDA D E ESSE TEMA SERÁ RETOMADO NA SEÇÃO PRÁTICA Veja respostas e orientações no Manual do Professor. 16
  • 19. Vista aérea de Mumbai (Índia), em 2015. Em primeiro plano, Dharavi Slum, que, com cerca de 750 mil habitantes, é a maior favela da Índia e uma das maiores do mundo. Premraj K.P/Alamy/Fotoarena 17
  • 20. Observe a charge, leia o excerto e reflita: Contexto Desigualdades socioeconômicas no mundo contemporâneo 1 OBJETIVOS • Diferenciar os conceitos de desigualdade e diferença na interpretação de injustiças sociais. • Problematizar a classificação do desenvolvimento de um país por meio de dados estatísticos isolados. • Analisar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de diferentes países para identificar a desigualdade socioeconômica que existe no mundo. • Relacionar a desigualdade política entre os Estados ao grau de vulnerabilidade por meio do Índice de Fragilidade dos Estados (IFE). • Conhecer o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) para relacionar o grau de corrupção em um país com IDH e IFE. JUSTIFICATIVA Compreender o significado dos conceitos de “desigualdade” e “diferença” é importante porque viabiliza uma análise mais embasada da conjuntura nacional e internacional, assim como conhecer e utilizar os conceitos de IDH, IFE e IPC, percebendo como esses índices expressam realidades que se correlacionam. São metodologias bastante eficientes para analisar e combater as desigualdades socioeconômicas, sem, no entanto, desvalorizar as diferenças entre as pessoas nem as diferenças culturais entre os países. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC • Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2, CG3, CG4, CG5, CG6, CG7, CG9 e CG10. • Competências específicas e habilidades de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Competência 1: EM13CHS101 e EM13CHS106. Competência 4: EM13CHS402. Competência 5: EM13CHS401 e EM13CHS502. Competência 6: EM13CHS602 e EM13CHS606. TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS Cidadania e civismo • Educação em direitos humanos • Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso C A P Í T U L O C A P Í T U L O NÃO ESCREVA NO LIVRO Veja respostas e orientações no Manual do Professor. CAZO, Luiz Fernando. IDH avança, mas a educação é o ponto fraco... Disponível em: https://www.humorpolitico.com.br/?s=cazo+idh. Acesso em: 5 set. 2020. Cazo/Acervo do cartunista Existem boas razões para que se veja a pobreza como uma privação de capacidades básicas, e não apenas como baixa renda. A privação de capacidades elementares pode refletir-se em morte prematura, subnutrição significativa (especialmente de crianças), morbidez persistente, analfabetismo muito dissemi- nado e outras deficiências. SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 35. 1. Oquevocêentendepordesigualdadesocioeconômica? 2. Quaissãooscritériostradicionaisparamedirapobreza? 3. Que relação pode ser estabelecida entre a charge e a perspectiva de Amartya Sen? 18
  • 21. Desigualdade x diferença Desigualdade e diferença No dia a dia, as palavras “desigualdade” e “diferença”, muitas vezes, são utilizadas como sinônimos, no entanto, no contexto histórico e sociocultural, elas não têm o mesmo significado. É importante fazer a distinção entre elas para que possamos compreender melhor a realidade social, cultural e econô- mica do Brasil e do mundo, que é muito rica em diferenças, porém marcada por profundas desigualdades. Os diagramas a seguir trazem exemplos de de- sigualdades e de diferenças que vão esclarecer esses conceitos. Ao longo da história, as lutas sociais contra imposições e violências se orientaram e continuam se orientando por valorizar as diferenças e combater as desigualdades. Algumas formas de desigualdades, como veremos ao longo deste capí- tulo, de tão arraigadas nas sociedades, passam a ser vistas como fenôme- nos naturais, o que evidentemente não são. Elas são resultantes de uma construção social, portanto, podem, e devem, ser combatidas e reduzidas (em nenhum período da história elas foram completamente eliminadas). Já as diferenças são múltiplas, têm um grau maior de permanência e, em geral, não podem ou são muito difíceis de serem transformadas, mesmo as que foram construídas culturalmente. E as diferenças não são em si posi- tivas ou negativas. A crítica à desigualdade que existe entre os homens (“homens” como con- ceito antropológico, sinônimo de espécie) é antiga. Uma das mais conhecidas é a do filósofo iluminista francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Fonte: BARROS, José D’Assunção. Igualdade e diferença: uma discussão conceitual mediada pelo contraponto das desigualdades. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 23, e230093, 2018. p. 5. Desigualdade Diferença Hierarquias Riqueza/Pobreza Acesso desigual à educação e à cultura Preconceitos Outros Tratamento desigual para grupos diferenciados Acesso desigual a direitos políticos Oportunidades desiguais Nacionalidades Necessidades especiais Etnias Gêneros Faixas etárias Religiosidades Outros Banco de imagens/Arquivo da editora 19
  • 22. Em seu livro A origem da desigualdade entre os homens, publicado em 1754, eleafirma: Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens Concebo na espécie humana duas espécies de desigualdades. Uma, que chamo de natural ou física, porque é estabelecida pela natureza e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito ou da alma.A outra, que pode ser chamada de desi- gualdade moral ou política porque depende de uma espécie de convenção e que é estabelecida ou pelo menos autorizada pelo consentimento dos homens. Esta consiste nos diferentes privilégios de que gozam alguns em prejuízo dos outros, como ser mais ricos, mais honrados, mais poderosos do que os outros ou mesmo fazer-se obedecer por eles. ROUSSEAU, Jean-Jacques. A origem da desigualdade entre os homens. São Paulo: Lafonte, 2017. p. 29. NÃO ESCREVA NO LIVRO • Após ler o trecho do livro de Rousseau, compare a afirmação dele com os diagramas da página anterior. Aponte um aspecto da definição feita pelo filósofo que pode dificultar a interpretação dos conceitos de desigualdade e diferença atualmente. Veja respostas e orientações no Manual do Professor. Interpretar O exemplo de desigualdade mais conhecido e visível tanto social quanto geograficamente nas paisagens, sobretudo urbanas, é a desigualdade socio- econômica, isto é, a oposição entre riqueza e pobreza, que consta no primei- ro diagrama. A desigualdade de acesso à riqueza produz outras formas de desigualdade, como acesso desigual a bens e serviços, educação, cultura, assistência médica, lazer e até mesmo direitos políticos. O Brasil é um exemplo disso, pois, como veremos adiante, é um dos paí- ses mais desiguais do ponto de vista socioeconômico: os 10% mais ricos da sociedade brasileira detêm 42,5% do rendimento nacional, ao passo que aos 10% mais pobres cabe apenas 1%. A desigualdade e a injustiça social atravessam gerações, num círculo vi- cioso no qual os filhos de famílias pobres, com poucas exceções, tendem a permanecer pobres. Para quebrar esse círculo vicioso, o Estado em suas três esferas teria de garantir uma educação pública de qualidade para toda a população. Trata-se de um direito de todo cidadão. Uma educação pública de qualidade e gratui- ta seria a melhor forma de igualar minimamente as oportunidades entre as classes sociais, que hoje são muito desiguais. No entanto, mesmo uma educação formal de qualidade não consegue compensar totalmente as desvantagens, em termos de capital cultural, apresentadas pelos estudantes oriundos de famílias pobres. Oportunida- des de viajar, até mesmo para outros países, aprender uma língua estran- geira, ter acesso a bens culturais diversos, que famílias ricas e de classe 20
  • 23. média podem proporcionar aos filhos, tornam-se barreiras para famílias pobres que não têm como oferecer esses benefícios aos filhos por insufi- ciência de renda. A educação formal pode compensar parte dessas desvantagens, mas não compensa todas elas. Portanto, o discurso da meritocracia, muito em voga hoje em dia, só faria sentido se as oportunidades fossem iguais, se o ponto de partida fosse exatamente o mesmo para todos os estudantes, o que, na realidade, não é. Enquanto não há igualdade de oportunidades na formação inicial dos jovens, têm sido tomadas algumas medidas compensatórias, por exemplo, estabelecer cotas sociais e/ou raciais nas universidades federais e estaduais para estudantes de escolas públicas. Certamente,empaísesmuitodesiguais,comoÁfricadoSul,Brasil,Méxicoe Nigéria, entre outros, muitos talentos são desperdiçados por falta de oportuni- dade e de estímulo. Essa é uma das principais limitações que impedem países em desenvolvimento, como o nosso, de darem um salto educacional e tecnoló- gico para se tornarem nações menos desiguais e com melhores condições de vida para toda a população. Países que se desenvolveram e apresentam altos índices de desenvolvimento humano, como a Alemanha, a França, o Japão, a Finlândiae,maisrecentemente,aCoreiadoSul,fizeramissocombaseemaltos investimentos em educação, em tecnologia e na construção de um sistema de ensino básico público, gratuito e de qualidade para toda a população; também desenvolveram políticas econômicas que propiciaram o acesso ao mercado de trabalho para os jovens e que favoreceram a melhoria na distribuição da renda. Capital cultural Conceito criado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002) para expressar o fato de que, além do capital econômico, o capital cultural também pode reproduzir distinção social e gerar desigualdades. A cultura geral, as formas de se comunicar, o senso estético e o conhecimento, entre outros, são bens simbólicos que, quanto mais se têm, mais fácil fica sua acumulação e o trânsito entre segmentos sociais privilegiados. Famílias de maior renda têm condições de oferecer aos seus filhos bens e serviços, como livros, assinatura de jornais e revistas, viagens, acesso à internet, entre outros, que farão com que eles acumulem mais capital cultural e tenham melhor desempenho escolar, ao contrário do que acontece com os filhos de famílias de menor renda, que não têm acesso a tais bens e serviços, por exemplo. Pode ocorrer ainda de famílias de origem pobre enriquecerem financeiramente, porém não ampliarem seu capital cultural na mesma proporção por não reconhecerem os valores das classes sociais mais altas e, assim, não investirem em viagens internacionais, aprendizagem de idiomas, visitas a museus, entre outros. Conceitos Que horas ela volta? Direção: Anna Muylaert. Brasil, 2015. Quando a filha afastada de uma empregada doméstica aparece de repente, as veladas barreiras de classe que existem dentro da casa dos patrões são evidenciadas. Saber Reprodu•‹o/Globo Filmes 21
  • 24. DIÁLOGOS NÃO ESCREVA NO LIVRO 1. Observe a charge abaixo. Troque ideia com os colegas e, depois, faça o que se pede. © Toni D'Agostinho/www.acaricatura.com.br • A charge traduz um dos maiores problemas brasileiros. Identifique-o. 2. Agora, observe o gráfico a seguir. Veja respostas e orientações no Manual do Professor. • Com base nos dados apresentados nos gráficos e em seus conheci- mentos, responda: a)Que forma de desigualdade é diretamente decorrente do acesso desi- gual à educação e de desvantagens em relação ao capital cultural? b)Cruzando os dados do gráfico com outros que você conhece sobre a realidade brasileira é possível afirmar que o discurso da meritocracia é uma farsa? Para quem a manutenção desse discurso é conveniente? Elaborado com base em IBGE Educa. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/ conheca-o-brasil/populacao/18317-educacao.html. Acesso em: 6 jul. 2020. Brasil: nível de instrução das pessoas com 25 anos de idade ou mais – 2018 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% Sem instrução Fundamental incompleto Fendamental completo Médio incompleto Médio completo Superior incompleto Superior completo 33,1% 4,0% Fórmula Produções/Arquivo da editora 22
  • 25. Diferenças não justificam desigualdades Alinhada com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que em seu artigo 1o apregoa que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5o , insti- tui que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. O inciso I desse artigo afirma que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Ou seja, embora homens e mulheres sejam biologicamente diferentes, isso não pode legitimar desigualdades de oportunidades e des- respeito a direitos humanos elementares, como remunerar um homem mais que uma mulher que desempenha a mesma função ou privar as mulheres de direitos básicos concedidos aos homens. Mas a conquista de um direito básico, muitas vezes, pode levar anos. No Brasil, o direito ao voto, por exem- plo, foi concedido às mulheres apenas pelo Código Eleitoral de 1932 (Decreto 21076), quando foram igualadas aos homens como cidadãs. Em compara- ção, a Nova Zelândia, primeiro país a permitir o voto feminino, fez isso em 1893, e a Arábia Saudita, o último, em 2015. E ainda há muitas desigualdades de gênero que precisam ser superadas, como a questão salarial, que ainda é muito desigual no mundo todo. A Islân- dia foi o primeiro país a dar um passo contra esse cenário, aprovando em 2018 uma lei que proíbe a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Outrasparcelasdapopulaçãocontinuamlutandoparateremseusdireitos básicos assegurados, como LGBTQI+, negros, indígenas, portadores de mo- bilidade reduzida, idosos, entre outros grupos. Há muitos casos em que dife- renças são instrumentalizadas para criar ou justificar desigualdades. Mas o mundo já reconhece que nenhum tipo de diferença que existe entre os seres humanos pode ser usado para criar ou justificar desigualdades. Ativistas lideram marcha do movimento Black Lives Matter na cidade de Nova York, Estados Unidos, em 2020. O movimento internacional, cuja origem se deu na comunidade afro-estadunidense, entre outros objetivos, organiza protestos contra a morte de pessoas negras pela polícia. ZUMA Press, Inc./Alamy/Fotoarena 23
  • 26. DI¡LOGOS NÃO ESCREVA NO LIVRO • Observe o gráfico e, em grupo de três estudantes, façam o que se pede nos itens a seguir. A desigualdade de gênero no Brasil (2016) Homens Total 10,5% 62,2% 37,8% dos assentos da Câmara dos Deputados são ocupados por mulheres ocupados por homens ocupados por mulheres Brancos Pretos ou pardos 63,2% 73,5% 10,5 R$ 1.764 R$ 2.306 18,1 10,4 17,7 10,6 18,6 Mulheres Taxa de frequência escolar no Ensino Médio: Proporção de adultos com Ensino Superior completo: (25 anos ou mais) Tempo dedicado aos afazeres domésticos (em horas semanais) Diferenças salariais (rendimento médio mensal) Representação política na Câmara Cargo de gerência nas empresas Brancos 23,5% 20,7% 10,4% 7,0% Pretos ou pardos Fórmula Produções/Arquivo da editora Fonte: elaborado com base em CALEGARI, Luiza. A desigualdade de gênero no Brasil em um gráfico. Exame, 7 mar. 2018. Disponível em: https://exame.com/brasil/a-desigualdade-de-genero-no-brasil-em-um-grafico/. Acesso em: 21 jul. 2020. a)Com base nos dados disponíveis, façam uma avaliação da condição feminina no Brasil. b)Determinem o papel das políticas afirmativas na consolidação da democracia brasileira. Veja respostas e orientações no Manual do Professor. 24
  • 27. Heterogeneidade crescente no mundo Desde o início das Grandes Navegações, no final do século XV, houve transferência de riqueza das colônias para as metrópoles, fruto da explora- çãocolonialistaedepoisimperialista,oquecriouasbasesparaumdesenvol- vimento econômico desigual entre os países. A diferença de renda no mundo (considerando a renda per capita dos países e das regiões) não era muito evidente no início da expansão colonial, mas foi aumentando progressiva- mente ao longo do desenvolvimento do capitalismo e tornou-se muito acen- tuada no final do século XX. Acompanhe a discrepância dessa evolução na tabela abaixo. Regiões selecionadas: renda per capita (dólares de 1990) Região/País 1500 1870 1950 1998 Aumento entre 1500 e 1998 (%) Europa ocidental 774 1974 4594 17921 2215 Mundo anglo-saxão* 400 2431 9288 26146 6437 Japão 500 737 1926 20413 3983 Ásia (exceto Japão) 572 543 635 2936 413 América Latina 416 698 2554 5795 1293 África 400 444 852 1368 242 Mundo 565 867 2114 5709 910 * Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Fonte: elaborada com base em MADDISON, 2006. In: THE WORLD BANK. World Development Report 2009. Washington, DC: The World Bank, 2009. p. 109. Leia a tabela e responda: • Quais países/regiões do mundo mais aumentaram e quais menos aumentaram a renda per capita a partir de 1870? Por quê? Veja respostas e orientações no Manual do Professor. Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO Quando surgiu a expressão “países subdesenvolvidos”? Entre as décadas de 1940 e 1960, várias guerras e guerrilhas de libertação nacional eclodiram na África e na Ásia, desencadeando um processo generalizado de descoloni- zação nos dois continentes (na América Latina esse processo aconteceu no século XIX). Surgiram vários países independentes, todos caracterizados por graves problemas socioeconômicos oriundos de um passado de colonização Veja respostas e orientações no Manual do Professor. 25
  • 28. de exploração – altas taxas de natalidade e mortalidade, baixa expectativa de vida, subnutrição,analfabetismo,entre outrosproblemasassociadosà pobre- za. Estatísticas e avaliações de organismos internacionais, como a Organiza- ção das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial, há muito demonstram que a maioria dos povos que habitam essas ex-colônias tem um padrão de vida muitoinferioraoconsideradosatisfatórioemtermosdealimentação,moradia, saneamento básico, saúde, educação e trabalho. A gravidade desses proble- mas levou governos e instituições internacionais, como a ONU, a ter consciên- cia das desigualdades entre os países e, como tentativa de compreender essa realidade, criar os conceitos de “subdesenvolvimento” e “Terceiro Mundo”. Terceiro Mundo Conceito utilizado pela primeira vez pelo demógrafo francês Alfred Sauvy (1898-1990) em um artigo publicado em 1952, no qual estabeleceu uma comparação entre os países subdesenvolvidos, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e o Terceiro Estado, na época da Revolução Francesa. Concluiu o artigo, intitulado “Três Mundos, um planeta”, com a seguinte frase: “Pois enfim esse Terceiro Mundo, ignorado, explorado, desprezado, tal como o Terceiro Estado, também quer ser alguma coisa”. Sauvy parafraseou a frase do abade Emmanuel Joseph Sieyès (político francês simpatizante do movimento revolucionário), que, em 1789, ao se referir ao grupo de deputados eleitos pela burguesia e pelos camponeses, qualificou-o de Terceiro Estado, em contraposição ao Clero (Primeiro Estado) e à Nobreza (Segundo Estado). NoperíododaGuerraFria(1947-1991),emumatentativaderegionalizaçãodoespaçogeográficomundial,eracomum classificarosEstadosnacionaisemumdos“trêsmundos”:oPrimeiroformadoporpaísescapitalistasdesenvolvidos,sob aliderançadosEstadosUnidos;oSegundocompostodepaísessocialistas,sobaliderançadaUniãoSoviética,eoTerceiro integradoporpaísessubdesenvolvidos,capitalistasemsuamaioria,mastambémporalgunssocialistasnãoalinhados comaentãosuperpotênciadoleste.AsnaçõesdoTerceiroMundoselocalizavamnaÁsia,naÁfricaenaAméricaLatina. Após a Segunda Guerra Mundial, o fato de pertencer ao Terceiro Mundo tinha um significado geopolítico e socioeconômico e expressava identidade entre os países que pertenciam a esse grupo. Em 1955, foi realizada em Bandung (Indonésia) uma conferência que reuniu as nações recém-independentes da Ásia e da África. Nesse encontro, o Terceiro Mundo passou a ser identificado como uma terceira via de desenvolvimento, uma alternativa ao capitalismo estadunidense e ao socialismo soviético. Com isso, a Conferência de Bandung lançou as bases do movimento dos países não alinhados. Hojeemdia,naetapainformacionaldocapitalismo,esse conceitoganhoucaráterpejorativo(sinônimodepobreza),e nenhumpaísquerseridentificadocomopertencenteaesse grupo(omesmoocorrecom“subdesenvolvido”).Assim,o conceitodeTerceiroMundoéhistoricamentedatado. Desde 1991, com o fim da União Soviética e, portanto, da Guerra Fria, o Segundo Mundo deixou de existir. Com o surgimento das economias emergentes, o grupo de países então classificados de Terceiro Mundo ficou muito heterogêneo. E, mesmo no interior dos países desenvolvidos, aumentam os índices de desigualdade social, marginalização e pobreza, principalmente a partir da crise financeira iniciada nos Estados Unidos em 2008/2009. Assim, embora eventualmente ainda sejam empregadas, atualmente não faz sentido usar as expressões Primeiro Mundo e Terceiro Mundo para agrupar os países. Conceitos A foto, de 2020, mostra a favela de Balkhu, em Katmandu (Nepal), na qual as pessoas vivem sem sistema de esgoto e tratamento de água. As desigualdades sociais são bem visíveis nas paisagens dos países em desenvolvimento, sobretudo quando o tema é saneamento básico. Jonas Gratzer/LightRocket/Getty Images 26
  • 29. Mundo: classificação da FTSE (2020) 0º 0º OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO OCEANO GLACIAL ÁRTICO Equador Meridiano de Greenwich Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Círculo Polar Antártico Círculo Polar Ártico Círculo Polar Ártico Economia De fronteira Emergente Desenvolvida Não classificada 0 4800 9600 km Portal de Mapas/Arquivo da editora Desigualdades socioeconômicas mundiais É muito difícil agrupar os mais de duzentos Estados do mundo em apenas duas ou três categorias, pois há grande heterogeneidade entre eles do ponto de vista social e econômico. Os antigos países “subdesenvolvidos”, atualmente chamados “países em desenvolvimento”, apresentam profundas desigualdades sociais e regio- nais e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) menor do que o dos países desenvolvidos. Essa é a realidade de vários Estados africanos, asiáticos e latino-americanos. Grande parte dessas nações não conseguiu diversificar sua economia e continua exportando produtos agrícolas e minerais, como na época do colonia- lismo. Entretanto, nesse grupo considerado em desenvolvimento, há países cujascondiçõessocioeconômicassãobastantediversas.Porissoexistemsub- classificações, como “países emergentes” e “países menos desenvolvidos”. DeacordocomoglossáriodoG20(Grupodos20),“paísesemergentes”são aquelesemrápidoprocessodecrescimentoeconômicoeindustrialização,que avançam da condição de países em desenvolvimento para a de países desen- volvidos. Segundo a FTSE, empresa britânica especializada na classificação de países e empresas, os emergentes situam-se entre as economias desenvolvi- das e as chamadas “economias de fronteira”, que, no jargão do meio empresa- rial, são consideradas menos desenvolvidas do que os países emergentes. Entretanto, não há uma classificação consensual dos países incluí- dos na categoria “emergente”. A ONU, por meio de sua agência para o co- mércio e o desenvolvimento, a United Nations Conference on Trade and Development (Unctad), lista 38 países nessa categoria, entre os quais o Brasil. No entanto, a expressão “economia emergente” é mais utilizada no mundo dos negócios. Fonte: elaborado com base em FTSE Russell. FTSE Equity Country Classification. London: LSE Group, 2020. p. 4. Disponível em: www.ftse.com/products/downloads/ FTSE-Country-Classification-Update_latest.pdf. Acesso em: 15 maio 2020. 27
  • 30. Segundo a ONU, os “países menos desenvolvidos” são os mais pobres do mundo e apresentam graves problemas socioeconômicos e os piores IDHs. Es- tão classificados nessa categoria 47 países: 33 na África, 13 na Ásia/Pacífico e um na América, o Haiti. Alguns dos antigos países socialistas têm feito refor- mas de cunho capitalista e, por esse motivo, a ONU os classifica como “econo- mias em transição”, conforme se pode observar no mapa a seguir. Reconhecendo a dificuldade de classificação dos países, a ONU faz a se- guinte ressalva: “As designações ‘desenvolvido’, ‘em transição’ e ‘em desen- volvimento’ foram adotadas por conveniência estatística e não necessaria- mente expressam um julgamento sobre o estágio alcançado por um país em particular no processo de desenvolvimento”. Veja exemplos da dificuldade de classificar países tão diversos em três ou quatro categorias: • A Coreia do Sul, país com IDH muito elevado e uma das economias mais modernas e competitivas do mundo, ainda aparece no grupo das econo- mias em desenvolvimento na publicação World Economic Situation and Prospects 2019 (Situação Econômica Mundial e Perspectivas 2019) da ONU, como se pode ver no mapa a seguir. Na classificação estatística da Unctad, agência da ONU, aparece como economia emergente. Segundo a FTSE, a Coreia do Sul é classificada como economia desenvolvida. Ou seja, dependendo da fonte, o país aparece em cada uma das três categorias. • No mapa da ONU, os antigos países socialistas que ingressaram na União Europeia, como a Polônia, não são classificados como economias em tran- sição, e sim como economias desenvolvidas. Já a Rússia, herdeira da an- tiga superpotência, é considerada uma economia em transição. A Unctad classifica esses dois países como economias emergentes, enquanto a FTSE reconhece a Polônia como país desenvolvido e a Rússia como emer- gente. Na classificação do meio empresarial, apenas um país dos antigos países socialistas aparece como economia desenvolvida. Fonte: elaborado com base em UNITED NATIONS. World Economic Situation and Prospects: 2019. New York, United Nations, 2019. p. 169-173. Disponível em: www.un.org/development/ desa/dpad/wp-content/ uploads/sites/45/ WESP2019_BOOK-web.pdf. Acesso em: 16 maio 2020. Mundo: classificação da ONU (2019) Economia Menos desenvolvida Em desenvolvimento Em transição Desenvolvida Sem dados 0º 0º Equador Meridiano de Greenwich Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Círculo Polar Antártico Círculo Polar Ártico Círculo Polar Ártico OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO OCEANO GLACIAL ÁRTICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0 4800 9600 km Portal de Mapas/Arquivo da editora 28
  • 31. Países selecionados: Rendimento Nacional Bruto (RNB)* per capita (2018) Segundo o Atlas do desenvolvimento global 2013, do Banco Mundial, as economias de baixa e média renda são muitas vezes definidas como econo- mias em desenvolvimento. Por sua vez, os países de renda alta são em geral definidos como economias desenvolvidas, mas há exceções: a Arábia Saudi- ta e a Argentina são países de alta renda, mas não são considerados desen- volvidos nem por instituições internacionais, como a ONU, como se observa no mapa da página 28, nem por empresas de classificação de países, como a FTSE, que, como vimos no mapa da página 27, classifica a Arábia Saudita como “economia emergente” e a Argentina como “economia de fronteira”. * O Rendimento Nacional Bruto (RNB) é diferente do Produto Interno Bruto (PIB). O PIB mostra a produção interna de um país gerada por todos os setores de sua economia; o RNB mostra essa produção mais os rendimentos que entram em seu território menos os que saem. Por exemplo: dinheiro enviado ao exterior ou recebido de fora do país, pagamento ou recebimento de empréstimos, exportações/importações, etc. Se um país recebe mais rendimentos do que envia ao exterior, terá um RNB maior que o PIB; se, ao contrário, mais envia ao exterior do que recebe, terá um RNB menor que o PIB. Fonte: elaborado com base em THE WORLD BANK. Classifying countries by income. 9 set. 2019. Disponível em: https://datatopics.worldbank.org/world-development-indicators/stories/the-classification-of-countries-by-income.html. Acesso em: 16 maio 2020. Noruega 80 610 Estados Unidos 63 080 47 090 41 310 30 600 21 600 12 390 10 230 9 460 9 180 9 140 5 750 2 020 Alemanha Japão Coreia do Sul Arábia Saudita Argentina Rússia China México Brasil África do Sul Índia Renda alta (maior que 12 376 dólares) Renda média alta (entre 3 996 e 12 375 dólares) Renda média baixa (entre 1.026 e 3 995 dólares) 0 20 000 40 000 60 000 80 000 100 000 Fórmula Produções/Arquivo da editora 29
  • 32. O Brasil, país de renda média alta e classificado como “economia emer- gente”, tem uma das piores distribuições de renda do mundo, de acordo com dados do Banco Mundial. Por isso, desde 2016, o Banco Mundial não faz mais essa correlação entre desenvolvimento e renda, embora a correlação, de for- ma geral, continue existindo na realidade. A tabela a seguir mostra como, de maneira geral, o rendimento nacional bruto se distribui de forma muito mais desigual nos países em desenvolvi- mento, principalmente em alguns emergentes. Países selecionados: distribuição de renda País* (ano da pesquisa) Percentual sobre o total do rendimento nacional Índice de Gini** 10% mais pobres 10% mais ricos Eslovênia (2017) 4,1 20,4 24,2 Noruega (2017) 3,3 21,6 27,0 Alemanha (2016) 2,9 24,6 31,9 Bangladesh (2016) 3,7 26,8 32,4 Japão (2013) 2,9 26,4 32,9 Níger (2014) 3,2 27,0 34,3 Índia (2011) 3,3 31,7 37,8 China (2016) 2,7 29,3 38,5 Estados Unidos (2016) 1,7 30,5 41,4 Argentina (2018) 1,8 29,9 41,4 Rep. Dem. do Congo (2012) 2,1 32,0 42,1 Nigéria (2009) 2,0 32,7 43,0 México (2018) 2,0 36,4 45,4 Brasil (2018) 1,0 42,5 53,9 África do Sul (2014) 0,9 50,5 63,0 * A Arábia Saudita não disponibiliza esse dado. ** O coeficiente de desigualdade, nome em homenagem ao seu criador, o estatístico italiano Corrado Gini (1884-1965), varia de zero, que indica plena igualdade, a cem, situação de máxima desigualdade, mostrando como a renda está distribuída em um país. Fonte: elaborada com base em THE WORLD BANK. World Development Indicators 2020. Washington, DC: The World Bank Group, 2020. Disponível em: http://wdi.worldbank.org/tables. Acesso em: 16 maio 2020. Analise os dados da tabela e faça o que se pede: 1. Que país apresenta a melhor distribuição de renda no mundo? E a pior? Comente a situação do Brasil. 2. Estabeleça uma comparação entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento quanto à distribuição de renda. 3. Crescimento do PIB sem distribuição de renda é injustiça social, porém distribuição de renda sem crescimento do PIB é justiça social sem meios. Comente essa frase e dê exemplos. Veja respostas e orientações no Manual do Professor. Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO 30
  • 33. A desigualdade relativa ao acesso à riqueza pode ser revertida, pois é uma construção social. No plano individual, uma pessoa pobre pode enriquecer e uma pessoa rica pode empobrecer. O mesmo ocorre com grupos sociais maiores. Um país pode enriquecer, considerando a renda per capita, ainda que em seu interior continue existindo pessoas ricas e pessoas pobres, por- que esse indicador nada mais é do que o PIB ou RNB dividido pela população, ou seja, é uma média. Ele é um bom indicador de produtividade econômica, mas não retrata a real distribuição de renda na sociedade. A China, por exemplo, protagonizou um dos mais acelerados processos de enriquecimento da história, no entanto, paralelamente aumentou a desigual- dade social. Segundo o Banco Mundial, em 1981, quando começaram as re- formas que impulsionaram seu crescimento econômico, 97,8% da população chinesa vivia abaixo da linha internacional de pobreza (com menos de 2 dóla- res por dia). Em 2016, após décadas de crescimento acelerado do PIB, o per- centual da população vivendo abaixo da linha internacional de pobreza (agora ajustada para 3,20 dólares por dia) foi reduzido para apenas 5,4%. A renda per capita chinesa subiu de 530 dólares, em 1994, para 9 460 dólares, em 2018. Para se ter uma dimensão do rápido crescimento econômico da China, no mesmo período, a renda per capita do Brasil subiu de 2970 para 9140 dólares. Ou seja, nesse período, a China aumentou muito sua produtividade econômica e sua riqueza per capita, superando a brasileira, e se transformou num país de renda média, porém mais desigual. De todo modo, é um feito notável o país ter tirado milhões de pessoas da miséria para uma condição de classe média. E vale ressaltar que, mesmo em países democráticos e bas- tanteigualitários,comoNoruegaeJapão,hádesigualdadesocial,hápessoas ricas (algumas muito ricas) e pessoas pobres; a diferença é que os pobres são minoritários e a maior parte da população faz parte da classe média. Na foto, morador de rua em Tóquio (Japão), em 2019. Embora minoritárias, nos países desenvolvidos também há pessoas socioeconomicamente marginalizadas. Meeh/Shutterstock 31
  • 34. A pobreza extrema De acordo com dados do Banco Mundial, nos países em desenvolvimento, ainda há um elevado percentual de pessoas vivendo em situação de pobreza extrema, sobretudo na África subsaariana e no sul da Ásia, regiões onde se concentra a maioria dos países menos desenvolvidos. São consideradas pobres pessoas que vivem com renda inferior a 3,20 dólares PPC por dia – portanto, abaixo da linha internacional de pobreza. Pes- soas extremamente pobres são aquelas que sobrevivem com menos de 1,90 dólar PPC por dia, o limite da miséria. Observe as tabelas a seguir. Países selecionados: população abaixo da linha internacional de pobreza extrema País (ano da pesquisa) População total (milhões de habitantes) em 2018 % da população vivendo com menos de 1,90 dólar PPC por dia Alemanha (2016) 82,9 0,0 Noruega (2017) 5,3 0,2 Coreia do Sul (2012) 51,6 0,2 China (2016) 1352,6 0,5 Argentina (2017) 44,5 0,5 Japão (2013) 126,5 0,7 Estados Unidos (2016) 327,2 1,2 México (2016) 126,2 2,2 Brasil (2014) 209,5 3,7 Bangladesh (2016) 161,4 14,8 África do Sul (2014) 57,8 18,9 Índia (2011) 1311,0 21,2 Níger (2014) 22,4 44,5 Nigéria (2009) 195,9 53,5 Rep. Dem. do Congo (2012) 84,1 76,6 Fonte: elaborada com base em THE WORLD BANK. World Development Indicators 2020. Washington, DC: The World Bank Group, 2020. Disponível em: http://wdi.worldbank.org/tables. Acesso em: 16 maio 2020. PPC: sigla para Paridade do Poder de Compra, método utilizado para estabelecer comparações entre o PIB (e a renda per capita) dos países, no qual a paridade do poder de compra é calculada para ajustar esses indicadores. O dólar estadunidense (US$) ajustado pela PPC é mais adequado para comparar os PIBs dos países do que o dólar corrente, usado pelo Banco Mundial (que considera só a variação da taxa de câmbio), pois este último não mostra com precisão as diferenças de capacidade de compra e de padrão de vida da população de cada país. Quem quer ser um milion‡rio? Direção: Danny Boyle. Estados Unidos/Reino Unido, 2008. Jovem de origem pobre, que trabalha servindo chá em uma empresa de telemarketing, inscreve-se para participar do programa de TV Quem quer ser um milionário?. O filme retrata as contradições da sociedade indiana: apesar das altas taxas de crescimento econômico e da modernização, há milhões que vivem na miséria em habitações precárias. Saber Celador Films/Film4/Fox Searchlight Pictures/Warner Bros. 32