4. Ler o mundo sempre precede ler a palavra,
e ler a palavra implica continuamente ler o mundo...
Neste caminho, entretanto, nós podemos ir mais longe
e dizer que ler a palavra não precede meramente o ato
de ler o mundo, mas de uma certa forma de inscrevê-lo
ou reescrevê-lo, que é de transformá-lo por significados
de consciência,
trabalho prático. Para mim, esse movimento é central
para o processo de Letramento.
FREIRE, Paulo & MACEDO, Donaldo
Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. Rio, Paz e Terra, 1987.
6. Segundo o ponto de vista bakhtiniano, toda
a enunciação é apenas uma fração de
uma “corrente de comunicação verbal
ininterrupta”.
7. Como situar nesta corrente os textos escritos por
crianças em seus primeiros anos de
escolaridade?
Excluí-los desta corrente significaria assumir que o esforço
da criança para escrever produz o perverso efeito de
uma desterritorialização enunciativa: enquanto falantes,
as crianças participariam do processo contínuo de
produção de enunciados; enquanto aprendizes da
escrita, face ao estranhamento próprio dos convívios
iniciais,produziriam textos excluídos deste mesmo fluxo,
como se fossem estrangeiros diante das palavras de
sua própria língua.
Artigo: PALAVRAS ESCRITAS, INDÍCIOS DE PALAVRAS DITAS
João Wanderley Geraldi
8. O direito à palavra
Vamos utilizar os seguintes textos (feitos por crianças) para reflexão:
Texto 1: A casa é bonita.
A casa é do menino.
A casa é do pai.
A casa tem uma sala.
A casa é amarela.
Texto 2: Era uma vez umpionho queroia ocabelo
Dai um emninopinheto dapasou um umenino lipo
Enei pionho ai pasou. Daí omenino pegoupionho da amunhér
pegoupionho
Dai todo mundosaiogritãdo todomundo pegou pionho
Di até sofinho begoupionho.
9. A partir das considerações acerca dos
textos lidos, o que é letramento?
10. Base pedagógica do Pacto
“Não se lê e se escreve “no vazio”. É preciso entender as
práticas culturais, ser capaz de construir conhecimentos e
participar de modo ativo nos diferentes espaços de
interlocução, defendendo princípios e valores”.
É preciso realizar a integração dos diferentes componentes
curriculares (DE MANEIRA INTERDISCIPLINAR): língua
portuguesa, artes, educação física, história, geografia,
matemática, ciências, no sentido de garantir o ensino da
leitura, da escrita e da oralidade.
11. Assim, no PNAIC, quatro princípios centrais serão considerados ao longo
do desenvolvimento do trabalho pedagógico:
1. O Sistema de Escrita Alfabética é complexo e exige um ensino
sistemático e problematizador;
2. O desenvolvimento das capacidades de leitura e de produção de textos
ocorre durante todo o processo de escolarização, mas deve ser iniciado
logo no início da Educação Básica, garantindo acesso precoce a gêneros
discursivos de circulação social e a situações de interação em que as
crianças se reconheçam como protagonistas de suas próprias histórias;
3. Conhecimentos oriundos das diferentes áreas de conhecimento podem
e devem ser apropriados pelas crianças, de modo que elas possam, ouvir,
falar, ler, escrever sobre temas diversos e agir na sociedade;
4. A ludicidade e o cuidado com as crianças são condições básicas nos
processos de ensino e de aprendizagem.
13. "... são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam...
Prosterno-me diante delas... Amo-as, uno-me a elas, persigo-as,
mordo-as, derreto-as... Amo tanto as palavras... As inesperadas...
As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente
caem... Vocábulos amados... Brilham como pedras coloridas, saltam
como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho...
Persigo algumas palavras... São tão belas que quero colocá-las todas
em meu poema... Agarro-as no voo, quando vão zumbindo, e capturo-
as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as
cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como
algas, como ágatas, como azeitonas... E então as revolvo, agito-as,
bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as... Deixo-as como
estalactites em meu poema; como pedacinhos de madeira polida,
como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda... Tudo
está na palavra ..."
A palavra/Pablo Neruda
14. Tarefa de Casa
Ler a entrevista “Ler é uma revolução cerebral”,
de Stanilas Dehaene
Registrar as impressões no portfólio
Apresentar resultados na oficina seguinte
Trazer uma poesia que o identifique com sua
prática pedagógica