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                             LINGUAGEM E TRABALHO:
                   A FIGURA DO TRABALHADOR EM LIMA BARRETO


Letícia L. Meirelles1 – lelumeirelles@hotmail.com
 Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras
Avenida Antônio Carlos, 6627 – Pampulha
31270-901 – Belo Horizonte, MG - Brasil



Resumo: O presente artigo pretende mostrar como é possível entender relações trabalhistas
a partir da análise linguística de textos da literatura brasileira. Nosso foco é entender o
papel do trabalhador enquanto personagem no discurso literário na obra de Lima Barreto.
Serão analisadas duas crônicas do autor: Maio e A matemática não falha. Pretende-se
apresentar um pouco da vida de Lima Barreto e sobre o Pré-Modernismo, fase esta da
literatura brasileira da qual o autor fez parte, a fim de se corroborar com a ideia de que a
literatura funciona como uma forma de representação da realidade, ou seja, ela é capaz de
explicitar as relações e costumes de cada época. No trabalho aqui presente, serão postos em
evidência as relações entre os trabalhadores e os costumes e sensações vivenciados pelos
mesmos no século XX, século este no qual Lima Barreto viveu.


Palavras-chave: Trabalho, Lima Barreto, Crônica, Linguagem, Literatura

1         INTRODUÇÃO

           Linguística e Literatura não constituem uma dicotomia. Ao contrário do que muitos
pensam, elas estão intimamente relacionadas. O linguista tem como objeto de estudo a
linguagem, seja esta escrita ou oral. Assim sendo, cabe ao mesmo analisar todos os tipos de
discurso, inclusive o literário. Este último carrega grande informação do contexto social,
político, econômico e histórico relativo à época em que foi produzido.
          O presente artigo visa fazer uma análise linguística da figura do trabalhador como
personagem do discurso de Lima Barreto. Procura-se atentar para como o discurso literário é
capaz de mostrar, através de recursos linguísticos, as relações de trabalho existentes no seu
período de produção. Serão analisadas duas crônicas do autor, o que ressalta que não só o

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    Aluna de graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais
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discurso literário, mas também o jornalístico serão postos em evidência. Pretende-se
explicitar os fatores e aspectos linguísticos analisados.


2     LINGUÍSTICA X LITERATURA


       Línguas e literatura formam uma parceria inquestionável, apesar de muitas vezes
serem vistas como uma dicotomia por força de contingências institucionais. Entretanto,
inúmeros trabalhos feitos por gramáticos, linguistas e teóricos da linguagem literária ou
cotidiana têm mostrado o quanto é artificial tal dicotomia. Roman Jakobson apud BRAIT
(2010), nos mostra como aquilo, que para muitos constitui uma dicotomia, na verdade parece
ser algo totalmente dependente:
                         A análise da língua parecia-me, com efeito, essencial à assimilação tanto
                         da literatura quanto do folclore e da cultura em geral. A ligação entre
                         língua e literatura estava fortemente enraizada na Universidade de Moscou
                         desde o século XVIII, uma verdadeira tradição, e foi particularmente
                         cultivada por um dos maiores eslavistas do século passado, Fiódor
                         Ivanovitch (1818 – 1897), que havia herdado do romantismo a correlação
                         entre a lingüística e a literatura sob seus dois aspectos, escrito e oral. O
                         termo ―sloviesnost‖ [N.T.: deriva de slovo, ―palavra‖], que ainda hoje é
                         empregado para designar a literatura enquanto objeto de estudo e que a
                         situa em forme laço etimológico com a palavra, caracteriza claramente essa
                         tendência.
                         (JAKOBSON apud BRAIT, 2010, p.17.)
        A língua não é um organismo autônomo. Apesar de dinâmica, ela não existe sozinha,
independente de uma sociedade. Pelo contrário, ela só existe ligada ao homem e evolui junto
com ele. Assim sendo, a linguagem é o reflexo da sociedade, o que faz com que possa
mostrar a realidade de cada época. O discurso literário, por sua vez, dialoga com os discursos
histórico, antropológico, cultural e sociológico, uma vez que estes perpassam pelo primeiro,
recriando linguisticamente todos os aspectos sociais. Sobre a relação da literatura com a
realidade, Jakobson faz a seguinte afirmação:
                         Estudo comparativo da língua e da literatura – era justamente essa a sua
                         importância- dava destaque à comunidade dos problemas e mencionava, de
                         maneira oportuna, a existência de uma relação mútua entre literatura (e
3




                          também a língua) e as diferentes séries contíguas do contexto cultural.
                          (Idem, p.18.)
          Ainda mencionando linguistas russos, se tomarmos como base o dialogismo de
Mikhail Bakhtin, que diz respeito ao processo de interação entre os textos, também podemos
percebemos o quanto língua e literatura estão entrelaçadas. O autor defende a ideia de que
nenhum texto/ diálogo que produzimos é totalmente original. Baseamos nossa fala e
comunicação em discursos de outros, discursos já ditos anteriormente. Bakhtin define como
diálogo todo tipo de comunicação verbal, seja esta oral ou escrita, o que nos mostra que tanto
a linguagem oral, como os textos literários se encaixam no seu dialogismo. Ou seja, ambos
sempre serão discursos de outrem e dificilmente se chegará ao discurso original.
          Após termos mostrado a importância de se ver linguística e literatura como disciplinas
complementares e não opostas, faremos uma análise linguística de duas crônicas de Lima
Barreto: Maio e a Matemática não falha. A seção 3 trata um pouco do Pré – Modernismo,
fase da literatura brasileira da qual o autor fez parte. A seção 4 traz um panorama geral das
crônicas de Lima Barreto. A seção 5 apresenta uma análise lingüística da crônica Maio e a
seção 6 faz o mesmo em relação à crônica A matemática não falha. A seção 7 conclui o
artigo.


3     LIMA BARETO E O PRÉ – MODERNISMO


          O Pré - Modernismo foi um momento de transição entre o Realismo/ Naturalismo e o
Modernismo propriamente dito. Por não ter sido uma ação organizada e nem um movimento,
não é considerado uma escola literária brasileira, sendo encarado apenas como uma fase na
literatura do país. Serviu de ponte para unir conceitos prevalecentes do Parnasianismo,
Simbolismo, Realismo e Naturalismo. Para Alfredo Bosi (1981), é pré-modernista tudo o que
rompe, de algum modo, com a cultura oficial, alienada e verbalista dos movimentos literários
anteriores, e abre caminho para sondagens sociais e estéticas, tendo como característica
marcante o descontentamento com a República do café- com- leite.
          Enquanto a Europa se preparava para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil começou a
viver, a partir de 1894, um novo período de sua história republicana: com a posse do paulista
Prudente de Morais, primeiro presidente civil, iniciou-se a República do café-com-leite, dos
grandes proprietários rurais, em substituição a República da Espada (governos do marechal
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Deodoro e do marechal Floriano). Foi a áurea da economia cafeeira no Sudeste; o movimento
de entrada de grandes levas de imigrantes, notadamente os italianos; o esplendor da
Amazônia com o ciclo da borracha; o surto de urbanização de São Paulo. Entretanto, toda
esta prosperidade deixou cada vez mais claros os fortes contrastes da realidade brasileira.
Foi, também, o tempo de agitações sociais, de modo que estas eram sintomas de crise na
República do café-com-leite, que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de
cenário ideal para os questionamentos da Semana da Arte Moderna em 1922.
       Assim sendo, as obras pré - modernistas, apesar de alguns conservadorismos, foram
obras inovadoras, apresentando uma ruptura com o passado e com o academismo, tendo
como características principais:
     1. O regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e Nordeste com
Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito
Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto;
     2. Os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários
públicos, os mulatos;
    3. Uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, diminuindo a
distância entre a realidade e a ficção.
       Ao fazermos uma leitura das obras de Lima Barreto, não é difícil perceber o quanto o
autor era engajado com os problemas sociais, com a vida do trabalhador e o quanto fora
marcado pelo preconceito sofrido por ser mestiço e de origem pobre. Tais fatores ficam
claros nas duas crônicas que serão analisadas nas seções 5 e 6, uma vez que estas retratam
importantes relações de trabalho da época em que foram produzidas.


4    A CRÔNICA DE LIMA BARRETO


       Lima Barreto fez de suas crônicas um instrumento direto e explícito de seu
posicionamento perante a realidade. Essa explicitude, segundo Assis (2008) deve-se
principalmente a dois motivos: o gênero não sofria imposições de editores, como os livros; e
atingia mais diretamente a camada popular, camada esta cuja Lima Barreto procurava
defender.
       Suas crônicas, normalmente originam-se de fatos já noticiados pela imprensa e é a
partir deles que o autor critica a vida pública, a ética dos governantes, o comportamento
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popular e a educação pública, tudo isso buscando a cumplicidade do leitor. O literato também
procurava utilizar uma linguagem mais próxima daquela utilizada pelo real cidadão
brasileiro, se livrando de todo o purismo do passado, como mostra Resende (1993) apud
Assis (2008):
                        Numa cidade (país), onde a letra, a linguagem, funcionava (funciona ainda)
                        como alavanca social, condição de respeitabilidade pública e de
                        incorporação ao poder, a linguagem do intelectual precisa se fazer
                        específica. Do ponto de vista da observação lingüística, é curioso
                        observarmos como, neste momento de construção da modernidade, se
                        evidenciam duas possibilidades de utilização da língua: uma de aparato a
                        doutores, a ser usada publicamente, e outra popular e cotidiana. Daí a
                        importância por uma dicção próxima do modelo popular dos folhetins nos
                        contos e nos romances de Lima Barreto, dicção que se acentua nas
                        crônicas, buscando aproximar-se dos leitores.
                       (Resende, 1993 apud Assis, 2008, p. 94.)
       A questão da cidadania é invariavelmente contemplada nas crônicas de Lima Barreto.
O autor critica o uso e abuso de poder pelos dirigentes, os processos de exclusão social e a
violência a qual a população encontra-se submetida. Também procura tratar de fatos
históricos importantes para a civilização, como a abolição da escravatura na crônica Maio e a
Revolução Russa na crônica Vera Zasulich.
       Para concretizar suas críticas aos modelos excludentes da época, Lima discorre sobre
temas variados, como a modificação nos espaços urbanos, a extrema importância do título de
doutor, a qualidade e o papel da educação pública, o preconceito racial e o papel da mulher.
Faremos a seguir uma pequena análise de duas crônicas do autor a fim de explicitarmos
algumas das características presentes nas mesmas.


5    MAIO


       Maio é uma crônica de Lima Barreto que relata o dia da abolição da escravatura: dia
13 de maio de 1888. O autor começa contando o quanto o mês em questão é importante por
ser o mês das flores e o mês sagrado pela poesia. Posteriormente afirma que maio torna-se
ainda mais importante por ser o mês de seu nascimento, cujo dia coincide com o da abolição.
6




Aí talvez possamos perceber uma forte ligação de Lima com o tema da escravidão, já que o
autor era mestiço e sofreu preconceito racial durante toda a vida.
   A crônica trata de um fato histórico altamente importante para a história dos
trabalhadores e dos negros. Ela marca a passagem de uma relação senhor x escravo para
patrão x empregado, mesmo que essa mudança ainda não tivesse sido colocada totalmente
em prática.
   O autor narra minuciosamente o caminho percorrido junto com o pai para chegarem ao
local onde o evento seria realizado. Nesse trecho da crônica podemos perceber a existência
de dois tempos distintos: o tempo da abolição no qual Lima descreve o que acontecia e o
tempo no qual o autor escreve o texto. Tal fato fica facilmente perceptível com a seguinte
passagem:
                        Na minha lembrança desses acontecimentos, o edifício do antigo paço, hoje
                        repartição dos Telégrafos, fica muito alto, um sky- scraper; e lá de uma das
                        janelas eu vejo um homem que acena para o povo.
                        (BARRETO, Feiras e Mafuás, 1956, p.255)
Note que o edifício do antigo paço se refere ao tempo da abolição da escravatura e a
repartição dos Telégrafos ao tempo em que o autor produziu a crônica. No trecho acima
também podemos destacar uma outra característica importante da obra de Lima: o uso de
estrangeirismos, rompendo com a linguagem purista dos movimentos literários passados.
       O léxico também é um dos importantes recursos da obra do autor. É facilmente
notável como, em trechos descritivos, Lima seleciona cuidadosamente as palavras para tentar
transmitir ao leitor cada sensação vivenciada pela população da época.
                        (...) Foi uma ovação: palmas, acenos com lenço, vivas... (...) Era como se o
                        Brasil tivesse sido descoberto outra vez... Houve o barulho de bandas de
                        música, de bombas e girândolas, indispensável aos nossos regozijos; e
                        houve também préstitos cívicos. Anjos despedaçando grilhões, alegorias
                        toscas passaram lentamente pelas ruas.(...)
                        (Idem, p.255-256)
       Observe como palavras como palmas, acenos com lenço, vivas e a descrição que o
autor faz das bandas de música e dos desfiles parecem nos transportar diretamente para o dia
do evento, produzindo em nossa mente uma imagem viva de como tudo aconteceu.
       Por fim, num determinado momento da crônica, o autor fala sobre a liberdade,
sensação esta que estava presente na mente de todos os cidadãos da época. Entretanto, a fim
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de se apontar para os problemas sociais ainda existentes e talvez até mesmo para a falta de
cumprimento da lei da abolição, faz a seguinte afirmação:
                        Mas como ainda estamos longe de ser livres! Como ainda nos enleamos
                        nas teias dos preceitos, das regras e das leis!
                        (Idem, p.257)


6    A MATEMÁTICA NÃO FALHA


       Nesta crônica Lima Barreto faz uma severa crítica à burguesia e aos burocratas da
época. Narra a história de Agostinho Petra de Bittencourt, um negro de quase 70 anos que
trabalhava na Secretaria como funcionário público juntamente ao autor. No passado havia
sido músico de um batalhão de Voluntários da Pátria, que estivera no Paraguai. O Ministério
da Guerra dava aos voluntários da Pátria que haviam sobrevivido uma espécie de pensão que
foi requerida por Agostinho. O negro dizia-se filho de um padre chamado Petra, morto há
mais de cinquenta anos, do qual havia herdado uma grande herança. Entretanto o padre era
branco e por isso, ninguém acreditava que Agostinho era filho do falecido. Quanto ao
requerimento da pensão, o ex-músico do batalhão de Voluntários da Pátria obteve a maior
dificuldade para consegui-la, pois os Generais não o queriam concedê-la alegando que o
negro havia sido apenas músico e não soldado. Entretanto, outros músicos de cor branca
receberam a pensão.
       A crônica também conta a história de um major chamado José Carlos Vital que
também era negro e perdera seu emprego por ter aparecido um homem branco dizendo ser o
verdadeiro Major José Carlos Vital. O negro foi julgado como mentiroso e perdera toda a
crença perante a sociedade.
       Apesar de esta ser uma crônica que conta a história de dois personagens específicos,
tais personagens são personagens metonímicos, ou seja, eles são uma parte que representam
um todo. Representam a injustiça e o preconceito que muitas vezes são sofridos pelos negros
em geral.
       Nessa mesma crônica também podemos perceber como o homem encontra-se
submisso ao trabalho e isto é mostrado logo no começo do texto, num trecho em que Lima
Barreto discorre sobre os burocratas e a relação de trabalho no capitalismo.
                        Neste como naquele, nesta ou naquela profissão, tenham-se as melhores ou
                        piores aptidões, o que nos pedem nessa sociedade burguesa e burocrática, é
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                        muita abdicação de nós mesmos, é um apagamento da nossa
                        individualidade particular, é um enriquecimento de ideias e sentimentos
                        comuns e vulgares, é um falso respeito pelos chamados superiores e uma
                        ausência de escrúpulos próprios, de modo a fazer os tímidos e delicados de
                        consciência não suportar sem os mais atrozes sofrimentos morais a dura
                        obrigação de viver, respirar a atmosfera deletéria de covardia moral, de
                        panurgismo, de bajulação, de pusilanimidade, de falsidade, que é a que
                        envolve este ou aquele grupo social e traz o sossego dos seus fariseus e
                        saduceus, um sossego de morte da consciência. Os delicados de alma, nos
                        nossos dias, mais do que, em outros quaisquer, estão fatalmente
                        condenados a errar por toda a parte. A grosseria dos processos, a
                        embromação mutua, a hipocrisia,e a bajulação, a dependência canina, é o
                        que pede a nossa época para dar felicidade ao jeito burguês. E' a época dos
                        registros e dos tabeliães; é a época dos códigos, sendo também o tempo das
                        mais vastas ladroeiras; é a época das polícias aperfeiçoadas, apesar de que
                        é o tempo dos crimes monstruosos e impunes; é o tempo dos fiadores
                        endossantes, etc, verificando-se nele os maiores "calotes"; é a época dos
                        diplomas e das cartas, entretanto, sobretudo, entre nós — é o tempo da
                        mediocridade triunfante, da ignorância arrogante, escondida atrás de
                        diplomas de saber; etc.etc.
                       (BARRETO, L. Bagatelas, 1956, p.177-178)
       Também é importante observar que muitos dos problemas apontados no trecho acima
ainda estão presentes na atualidade. A submissão do homem ao trabalho, a valorização
extrema do dinheiro, a perda de valores para se conseguir ascensão social, tudo isso está
presente nos dias de hoje e é característica marcante do mundo capitalista, onde o que
importa é o lucro e o prestígio. Para atingi-los as pessoas são capazes de passar por cima de
qualquer coisa, até mesmo de suas crenças. A partir daí, podemos perceber que há uma
aproximação do tempo do enunciado com o tempo da enunciação, uma vez que o primeiro
diz respeito, a grosso modo, ao tempo que o enunciado foi produzido e o segundo, ao tempo
que o enunciado é proferido. O mundo e a relação capitalista que existiam no tempo do
enunciado (tempo de produção da crônica) ainda existem hoje, tempo da enunciação.
       A atualidade das idéias e dos problemas trabalhados e discutidos por Lima Barreto
também é uma das características de suas crônicas. Freire (2005) apud Assis (2008) faz a
seguinte afirmação sobre o assunto:
9




                           Ao se considerar os temas e preocupações voltados para o Brasil, presentes
                           na obra do escritor, percebe-se a atualidade de suas idéias. A maior parte
                           dos problemas apontados continua atualíssima, basta citar a situação da
                           mulher e a discriminação racial. Para não dizer ainda, o imperialismo
                           econômico e a prepotência norte-americana.
                        (Freire, 2005, apud Assis, 2008, p. 96.)
       Por fim, podemos dizer que A Matemática não falha é uma crônica que aborda dois
problemas importantes e atuais: a discriminação social e a submissão do homem ao trabalho
e às classes dominantes.


7    CONSIDERAÇÕES FINAIS


       Este artigo teve como objetivo geral evidenciar como a literatura é uma das principais
formas de expressão da sociedade, devendo ser, portanto, objeto de estudo do linguista. Para
tal fez-se uma análise de duas crônicas de Lima Barreto, autor que trouxe em suas obras uma
série de críticas sociais, buscando a cumplicidade do leitor. Vários fatores lingüísticos foram
analisados, como o léxico utilizado pelo autor. Através dele, pudemos analisar as relações de
trabalhos presentes em cada crônica e o preconceito racial expresso através das narrativas, o
tempo do enunciado próximo ao da enunciação, entre outros. Isso tudo sem deixar de lado o
trabalhador como personagem protagonista do discurso do autor. Todos os personagens
tratados eram trabalhadores: escravos, funcionário público e major. Também se colocou em
evidência o problema da submissão do homem ao trabalho que vem desde antigamente e
ainda atinge os dias de hoje. Por fim, acredita-se que o presente artigo conseguiu dar um
panorama parcial da história vivenciada pelo trabalhador na primeira metade do século XX.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ASSIS, Lúcia Maria de. Lima Barreto: Língua, Identidade e Cidadania. São Paulo, 2008.
166f. Tese (Doutorado em Linguística). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo. Universidade de São Paulo.
BAKTHIN, M.M. The dialogic imagination. Austin: University of Texas Press, 1981.
BARRETO, Lima. Feiras e Mafuás: artigos e crônicas. 2.ed. São Paulo: Brasilense, 1956.
______________. Bagatelas: artigos. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 1956.
10




BRAIT, Beth . Literatura e outras linguagens. São Paulo: Contexto, 2010.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo : Cultrix ,1981.




                                LANGUAGE AND WORK:
                   THE WORKER’S FIGURE IN LIMA BARRETO




Abstract: This article aims to show how it is possible to understand work relations
through the linguistic analysis of texts of Brazilian literature. Our focus is to
understand the role of the worker as a character in the literary discourse in the work of
Lima Barreto. Two chronicles the author will be analyzed: Maio and A matemática não
falha. It also intends to submit a short biography of Lima Barreto and also about Pré-
Modernismo, a kind of a literary movement which the author was a member, in order to
corroborate the idea that literature serves as a form of representation of reality. In
other words, literature is able to explain the relationships and customs of each
historical period. In this text, we will be put in evidence the relationship between
workers and the customs and feelings experienced by them in the twentieth century, the
time when Lima Barreto lived.


Key-words: Work, Lima Barreto, Chronicle, Language, Literature

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A figura do trabalhador em Lima Barreto

  • 1. 1 LINGUAGEM E TRABALHO: A FIGURA DO TRABALHADOR EM LIMA BARRETO Letícia L. Meirelles1 – lelumeirelles@hotmail.com Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras Avenida Antônio Carlos, 6627 – Pampulha 31270-901 – Belo Horizonte, MG - Brasil Resumo: O presente artigo pretende mostrar como é possível entender relações trabalhistas a partir da análise linguística de textos da literatura brasileira. Nosso foco é entender o papel do trabalhador enquanto personagem no discurso literário na obra de Lima Barreto. Serão analisadas duas crônicas do autor: Maio e A matemática não falha. Pretende-se apresentar um pouco da vida de Lima Barreto e sobre o Pré-Modernismo, fase esta da literatura brasileira da qual o autor fez parte, a fim de se corroborar com a ideia de que a literatura funciona como uma forma de representação da realidade, ou seja, ela é capaz de explicitar as relações e costumes de cada época. No trabalho aqui presente, serão postos em evidência as relações entre os trabalhadores e os costumes e sensações vivenciados pelos mesmos no século XX, século este no qual Lima Barreto viveu. Palavras-chave: Trabalho, Lima Barreto, Crônica, Linguagem, Literatura 1 INTRODUÇÃO Linguística e Literatura não constituem uma dicotomia. Ao contrário do que muitos pensam, elas estão intimamente relacionadas. O linguista tem como objeto de estudo a linguagem, seja esta escrita ou oral. Assim sendo, cabe ao mesmo analisar todos os tipos de discurso, inclusive o literário. Este último carrega grande informação do contexto social, político, econômico e histórico relativo à época em que foi produzido. O presente artigo visa fazer uma análise linguística da figura do trabalhador como personagem do discurso de Lima Barreto. Procura-se atentar para como o discurso literário é capaz de mostrar, através de recursos linguísticos, as relações de trabalho existentes no seu período de produção. Serão analisadas duas crônicas do autor, o que ressalta que não só o 1 Aluna de graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais
  • 2. 2 discurso literário, mas também o jornalístico serão postos em evidência. Pretende-se explicitar os fatores e aspectos linguísticos analisados. 2 LINGUÍSTICA X LITERATURA Línguas e literatura formam uma parceria inquestionável, apesar de muitas vezes serem vistas como uma dicotomia por força de contingências institucionais. Entretanto, inúmeros trabalhos feitos por gramáticos, linguistas e teóricos da linguagem literária ou cotidiana têm mostrado o quanto é artificial tal dicotomia. Roman Jakobson apud BRAIT (2010), nos mostra como aquilo, que para muitos constitui uma dicotomia, na verdade parece ser algo totalmente dependente: A análise da língua parecia-me, com efeito, essencial à assimilação tanto da literatura quanto do folclore e da cultura em geral. A ligação entre língua e literatura estava fortemente enraizada na Universidade de Moscou desde o século XVIII, uma verdadeira tradição, e foi particularmente cultivada por um dos maiores eslavistas do século passado, Fiódor Ivanovitch (1818 – 1897), que havia herdado do romantismo a correlação entre a lingüística e a literatura sob seus dois aspectos, escrito e oral. O termo ―sloviesnost‖ [N.T.: deriva de slovo, ―palavra‖], que ainda hoje é empregado para designar a literatura enquanto objeto de estudo e que a situa em forme laço etimológico com a palavra, caracteriza claramente essa tendência. (JAKOBSON apud BRAIT, 2010, p.17.) A língua não é um organismo autônomo. Apesar de dinâmica, ela não existe sozinha, independente de uma sociedade. Pelo contrário, ela só existe ligada ao homem e evolui junto com ele. Assim sendo, a linguagem é o reflexo da sociedade, o que faz com que possa mostrar a realidade de cada época. O discurso literário, por sua vez, dialoga com os discursos histórico, antropológico, cultural e sociológico, uma vez que estes perpassam pelo primeiro, recriando linguisticamente todos os aspectos sociais. Sobre a relação da literatura com a realidade, Jakobson faz a seguinte afirmação: Estudo comparativo da língua e da literatura – era justamente essa a sua importância- dava destaque à comunidade dos problemas e mencionava, de maneira oportuna, a existência de uma relação mútua entre literatura (e
  • 3. 3 também a língua) e as diferentes séries contíguas do contexto cultural. (Idem, p.18.) Ainda mencionando linguistas russos, se tomarmos como base o dialogismo de Mikhail Bakhtin, que diz respeito ao processo de interação entre os textos, também podemos percebemos o quanto língua e literatura estão entrelaçadas. O autor defende a ideia de que nenhum texto/ diálogo que produzimos é totalmente original. Baseamos nossa fala e comunicação em discursos de outros, discursos já ditos anteriormente. Bakhtin define como diálogo todo tipo de comunicação verbal, seja esta oral ou escrita, o que nos mostra que tanto a linguagem oral, como os textos literários se encaixam no seu dialogismo. Ou seja, ambos sempre serão discursos de outrem e dificilmente se chegará ao discurso original. Após termos mostrado a importância de se ver linguística e literatura como disciplinas complementares e não opostas, faremos uma análise linguística de duas crônicas de Lima Barreto: Maio e a Matemática não falha. A seção 3 trata um pouco do Pré – Modernismo, fase da literatura brasileira da qual o autor fez parte. A seção 4 traz um panorama geral das crônicas de Lima Barreto. A seção 5 apresenta uma análise lingüística da crônica Maio e a seção 6 faz o mesmo em relação à crônica A matemática não falha. A seção 7 conclui o artigo. 3 LIMA BARETO E O PRÉ – MODERNISMO O Pré - Modernismo foi um momento de transição entre o Realismo/ Naturalismo e o Modernismo propriamente dito. Por não ter sido uma ação organizada e nem um movimento, não é considerado uma escola literária brasileira, sendo encarado apenas como uma fase na literatura do país. Serviu de ponte para unir conceitos prevalecentes do Parnasianismo, Simbolismo, Realismo e Naturalismo. Para Alfredo Bosi (1981), é pré-modernista tudo o que rompe, de algum modo, com a cultura oficial, alienada e verbalista dos movimentos literários anteriores, e abre caminho para sondagens sociais e estéticas, tendo como característica marcante o descontentamento com a República do café- com- leite. Enquanto a Europa se preparava para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil começou a viver, a partir de 1894, um novo período de sua história republicana: com a posse do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente civil, iniciou-se a República do café-com-leite, dos grandes proprietários rurais, em substituição a República da Espada (governos do marechal
  • 4. 4 Deodoro e do marechal Floriano). Foi a áurea da economia cafeeira no Sudeste; o movimento de entrada de grandes levas de imigrantes, notadamente os italianos; o esplendor da Amazônia com o ciclo da borracha; o surto de urbanização de São Paulo. Entretanto, toda esta prosperidade deixou cada vez mais claros os fortes contrastes da realidade brasileira. Foi, também, o tempo de agitações sociais, de modo que estas eram sintomas de crise na República do café-com-leite, que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana da Arte Moderna em 1922. Assim sendo, as obras pré - modernistas, apesar de alguns conservadorismos, foram obras inovadoras, apresentando uma ruptura com o passado e com o academismo, tendo como características principais: 1. O regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto; 2. Os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos; 3. Uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a ficção. Ao fazermos uma leitura das obras de Lima Barreto, não é difícil perceber o quanto o autor era engajado com os problemas sociais, com a vida do trabalhador e o quanto fora marcado pelo preconceito sofrido por ser mestiço e de origem pobre. Tais fatores ficam claros nas duas crônicas que serão analisadas nas seções 5 e 6, uma vez que estas retratam importantes relações de trabalho da época em que foram produzidas. 4 A CRÔNICA DE LIMA BARRETO Lima Barreto fez de suas crônicas um instrumento direto e explícito de seu posicionamento perante a realidade. Essa explicitude, segundo Assis (2008) deve-se principalmente a dois motivos: o gênero não sofria imposições de editores, como os livros; e atingia mais diretamente a camada popular, camada esta cuja Lima Barreto procurava defender. Suas crônicas, normalmente originam-se de fatos já noticiados pela imprensa e é a partir deles que o autor critica a vida pública, a ética dos governantes, o comportamento
  • 5. 5 popular e a educação pública, tudo isso buscando a cumplicidade do leitor. O literato também procurava utilizar uma linguagem mais próxima daquela utilizada pelo real cidadão brasileiro, se livrando de todo o purismo do passado, como mostra Resende (1993) apud Assis (2008): Numa cidade (país), onde a letra, a linguagem, funcionava (funciona ainda) como alavanca social, condição de respeitabilidade pública e de incorporação ao poder, a linguagem do intelectual precisa se fazer específica. Do ponto de vista da observação lingüística, é curioso observarmos como, neste momento de construção da modernidade, se evidenciam duas possibilidades de utilização da língua: uma de aparato a doutores, a ser usada publicamente, e outra popular e cotidiana. Daí a importância por uma dicção próxima do modelo popular dos folhetins nos contos e nos romances de Lima Barreto, dicção que se acentua nas crônicas, buscando aproximar-se dos leitores. (Resende, 1993 apud Assis, 2008, p. 94.) A questão da cidadania é invariavelmente contemplada nas crônicas de Lima Barreto. O autor critica o uso e abuso de poder pelos dirigentes, os processos de exclusão social e a violência a qual a população encontra-se submetida. Também procura tratar de fatos históricos importantes para a civilização, como a abolição da escravatura na crônica Maio e a Revolução Russa na crônica Vera Zasulich. Para concretizar suas críticas aos modelos excludentes da época, Lima discorre sobre temas variados, como a modificação nos espaços urbanos, a extrema importância do título de doutor, a qualidade e o papel da educação pública, o preconceito racial e o papel da mulher. Faremos a seguir uma pequena análise de duas crônicas do autor a fim de explicitarmos algumas das características presentes nas mesmas. 5 MAIO Maio é uma crônica de Lima Barreto que relata o dia da abolição da escravatura: dia 13 de maio de 1888. O autor começa contando o quanto o mês em questão é importante por ser o mês das flores e o mês sagrado pela poesia. Posteriormente afirma que maio torna-se ainda mais importante por ser o mês de seu nascimento, cujo dia coincide com o da abolição.
  • 6. 6 Aí talvez possamos perceber uma forte ligação de Lima com o tema da escravidão, já que o autor era mestiço e sofreu preconceito racial durante toda a vida. A crônica trata de um fato histórico altamente importante para a história dos trabalhadores e dos negros. Ela marca a passagem de uma relação senhor x escravo para patrão x empregado, mesmo que essa mudança ainda não tivesse sido colocada totalmente em prática. O autor narra minuciosamente o caminho percorrido junto com o pai para chegarem ao local onde o evento seria realizado. Nesse trecho da crônica podemos perceber a existência de dois tempos distintos: o tempo da abolição no qual Lima descreve o que acontecia e o tempo no qual o autor escreve o texto. Tal fato fica facilmente perceptível com a seguinte passagem: Na minha lembrança desses acontecimentos, o edifício do antigo paço, hoje repartição dos Telégrafos, fica muito alto, um sky- scraper; e lá de uma das janelas eu vejo um homem que acena para o povo. (BARRETO, Feiras e Mafuás, 1956, p.255) Note que o edifício do antigo paço se refere ao tempo da abolição da escravatura e a repartição dos Telégrafos ao tempo em que o autor produziu a crônica. No trecho acima também podemos destacar uma outra característica importante da obra de Lima: o uso de estrangeirismos, rompendo com a linguagem purista dos movimentos literários passados. O léxico também é um dos importantes recursos da obra do autor. É facilmente notável como, em trechos descritivos, Lima seleciona cuidadosamente as palavras para tentar transmitir ao leitor cada sensação vivenciada pela população da época. (...) Foi uma ovação: palmas, acenos com lenço, vivas... (...) Era como se o Brasil tivesse sido descoberto outra vez... Houve o barulho de bandas de música, de bombas e girândolas, indispensável aos nossos regozijos; e houve também préstitos cívicos. Anjos despedaçando grilhões, alegorias toscas passaram lentamente pelas ruas.(...) (Idem, p.255-256) Observe como palavras como palmas, acenos com lenço, vivas e a descrição que o autor faz das bandas de música e dos desfiles parecem nos transportar diretamente para o dia do evento, produzindo em nossa mente uma imagem viva de como tudo aconteceu. Por fim, num determinado momento da crônica, o autor fala sobre a liberdade, sensação esta que estava presente na mente de todos os cidadãos da época. Entretanto, a fim
  • 7. 7 de se apontar para os problemas sociais ainda existentes e talvez até mesmo para a falta de cumprimento da lei da abolição, faz a seguinte afirmação: Mas como ainda estamos longe de ser livres! Como ainda nos enleamos nas teias dos preceitos, das regras e das leis! (Idem, p.257) 6 A MATEMÁTICA NÃO FALHA Nesta crônica Lima Barreto faz uma severa crítica à burguesia e aos burocratas da época. Narra a história de Agostinho Petra de Bittencourt, um negro de quase 70 anos que trabalhava na Secretaria como funcionário público juntamente ao autor. No passado havia sido músico de um batalhão de Voluntários da Pátria, que estivera no Paraguai. O Ministério da Guerra dava aos voluntários da Pátria que haviam sobrevivido uma espécie de pensão que foi requerida por Agostinho. O negro dizia-se filho de um padre chamado Petra, morto há mais de cinquenta anos, do qual havia herdado uma grande herança. Entretanto o padre era branco e por isso, ninguém acreditava que Agostinho era filho do falecido. Quanto ao requerimento da pensão, o ex-músico do batalhão de Voluntários da Pátria obteve a maior dificuldade para consegui-la, pois os Generais não o queriam concedê-la alegando que o negro havia sido apenas músico e não soldado. Entretanto, outros músicos de cor branca receberam a pensão. A crônica também conta a história de um major chamado José Carlos Vital que também era negro e perdera seu emprego por ter aparecido um homem branco dizendo ser o verdadeiro Major José Carlos Vital. O negro foi julgado como mentiroso e perdera toda a crença perante a sociedade. Apesar de esta ser uma crônica que conta a história de dois personagens específicos, tais personagens são personagens metonímicos, ou seja, eles são uma parte que representam um todo. Representam a injustiça e o preconceito que muitas vezes são sofridos pelos negros em geral. Nessa mesma crônica também podemos perceber como o homem encontra-se submisso ao trabalho e isto é mostrado logo no começo do texto, num trecho em que Lima Barreto discorre sobre os burocratas e a relação de trabalho no capitalismo. Neste como naquele, nesta ou naquela profissão, tenham-se as melhores ou piores aptidões, o que nos pedem nessa sociedade burguesa e burocrática, é
  • 8. 8 muita abdicação de nós mesmos, é um apagamento da nossa individualidade particular, é um enriquecimento de ideias e sentimentos comuns e vulgares, é um falso respeito pelos chamados superiores e uma ausência de escrúpulos próprios, de modo a fazer os tímidos e delicados de consciência não suportar sem os mais atrozes sofrimentos morais a dura obrigação de viver, respirar a atmosfera deletéria de covardia moral, de panurgismo, de bajulação, de pusilanimidade, de falsidade, que é a que envolve este ou aquele grupo social e traz o sossego dos seus fariseus e saduceus, um sossego de morte da consciência. Os delicados de alma, nos nossos dias, mais do que, em outros quaisquer, estão fatalmente condenados a errar por toda a parte. A grosseria dos processos, a embromação mutua, a hipocrisia,e a bajulação, a dependência canina, é o que pede a nossa época para dar felicidade ao jeito burguês. E' a época dos registros e dos tabeliães; é a época dos códigos, sendo também o tempo das mais vastas ladroeiras; é a época das polícias aperfeiçoadas, apesar de que é o tempo dos crimes monstruosos e impunes; é o tempo dos fiadores endossantes, etc, verificando-se nele os maiores "calotes"; é a época dos diplomas e das cartas, entretanto, sobretudo, entre nós — é o tempo da mediocridade triunfante, da ignorância arrogante, escondida atrás de diplomas de saber; etc.etc. (BARRETO, L. Bagatelas, 1956, p.177-178) Também é importante observar que muitos dos problemas apontados no trecho acima ainda estão presentes na atualidade. A submissão do homem ao trabalho, a valorização extrema do dinheiro, a perda de valores para se conseguir ascensão social, tudo isso está presente nos dias de hoje e é característica marcante do mundo capitalista, onde o que importa é o lucro e o prestígio. Para atingi-los as pessoas são capazes de passar por cima de qualquer coisa, até mesmo de suas crenças. A partir daí, podemos perceber que há uma aproximação do tempo do enunciado com o tempo da enunciação, uma vez que o primeiro diz respeito, a grosso modo, ao tempo que o enunciado foi produzido e o segundo, ao tempo que o enunciado é proferido. O mundo e a relação capitalista que existiam no tempo do enunciado (tempo de produção da crônica) ainda existem hoje, tempo da enunciação. A atualidade das idéias e dos problemas trabalhados e discutidos por Lima Barreto também é uma das características de suas crônicas. Freire (2005) apud Assis (2008) faz a seguinte afirmação sobre o assunto:
  • 9. 9 Ao se considerar os temas e preocupações voltados para o Brasil, presentes na obra do escritor, percebe-se a atualidade de suas idéias. A maior parte dos problemas apontados continua atualíssima, basta citar a situação da mulher e a discriminação racial. Para não dizer ainda, o imperialismo econômico e a prepotência norte-americana. (Freire, 2005, apud Assis, 2008, p. 96.) Por fim, podemos dizer que A Matemática não falha é uma crônica que aborda dois problemas importantes e atuais: a discriminação social e a submissão do homem ao trabalho e às classes dominantes. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo teve como objetivo geral evidenciar como a literatura é uma das principais formas de expressão da sociedade, devendo ser, portanto, objeto de estudo do linguista. Para tal fez-se uma análise de duas crônicas de Lima Barreto, autor que trouxe em suas obras uma série de críticas sociais, buscando a cumplicidade do leitor. Vários fatores lingüísticos foram analisados, como o léxico utilizado pelo autor. Através dele, pudemos analisar as relações de trabalhos presentes em cada crônica e o preconceito racial expresso através das narrativas, o tempo do enunciado próximo ao da enunciação, entre outros. Isso tudo sem deixar de lado o trabalhador como personagem protagonista do discurso do autor. Todos os personagens tratados eram trabalhadores: escravos, funcionário público e major. Também se colocou em evidência o problema da submissão do homem ao trabalho que vem desde antigamente e ainda atinge os dias de hoje. Por fim, acredita-se que o presente artigo conseguiu dar um panorama parcial da história vivenciada pelo trabalhador na primeira metade do século XX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, Lúcia Maria de. Lima Barreto: Língua, Identidade e Cidadania. São Paulo, 2008. 166f. Tese (Doutorado em Linguística). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. Universidade de São Paulo. BAKTHIN, M.M. The dialogic imagination. Austin: University of Texas Press, 1981. BARRETO, Lima. Feiras e Mafuás: artigos e crônicas. 2.ed. São Paulo: Brasilense, 1956. ______________. Bagatelas: artigos. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 1956.
  • 10. 10 BRAIT, Beth . Literatura e outras linguagens. São Paulo: Contexto, 2010. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo : Cultrix ,1981. LANGUAGE AND WORK: THE WORKER’S FIGURE IN LIMA BARRETO Abstract: This article aims to show how it is possible to understand work relations through the linguistic analysis of texts of Brazilian literature. Our focus is to understand the role of the worker as a character in the literary discourse in the work of Lima Barreto. Two chronicles the author will be analyzed: Maio and A matemática não falha. It also intends to submit a short biography of Lima Barreto and also about Pré- Modernismo, a kind of a literary movement which the author was a member, in order to corroborate the idea that literature serves as a form of representation of reality. In other words, literature is able to explain the relationships and customs of each historical period. In this text, we will be put in evidence the relationship between workers and the customs and feelings experienced by them in the twentieth century, the time when Lima Barreto lived. Key-words: Work, Lima Barreto, Chronicle, Language, Literature