Miguel Torga foi um médico e escritor português conhecido por sua vasta obra literária. Recebeu diversos prêmios importantes como o Prêmio Camões. Seu trabalho mais famoso foi seu Diário, publicado em 16 volumes. Torga abordou temas como a problemática religiosa, desespero humanista e sentimento de ligação com a terra em suas obras.
2. Pseudónimo literário de Adolfo Correia Rocha,
médico de profissão. É autor de uma obra
extensa e diversificada, compreendendo poesia,
diário, ficção (contos e romances), teatro, ensaios
e textos doutrinários.
Foram-lhe atribuídos vários prémios, dos quais
devo salientar o Prémio Internacional de Poesia,
o Premio Camões e o Prémio Vida literária, da
Associação Portuguesa de Escritores.
Da sua longa lista literária, volto a salientar o seu
Diário, com 16 volumes.
3. Torga aborda nas suas obras vários temas,
entre os quais:
1. Problemática Religiosa (revolta da inocência
humana contra a divindade transcendente)
2. Desespero Humanista
3. Sentimento telúrico - relativo à terra, ao solo.
4. Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
5. Sísifo tinha a reputação de ser o mais habilidoso e esperto dos homens e por esta
razão dizia-se que era pai de Ulisses. Sísifo despertou a ira de Zeus
quando contou ao deus dos rios, Asopo, que Zeus tinha sequestrado a sua filha Egin
a.
Assim sendo, Zeus mandou o deus da
morte Tanatos, perseguir Sísifo, mas este conseguiu enganá-
lo e prender Tanatos. A prisão de Tanatos impedia que os mortos pudessem
alcançar o Reino das Trevas, tendo sido necessário que fosse libertado por Ares.
Foi então que Sísifo, não podendo escapar ao seu destino de morte, instruiu a sua
mulher a não lhe prestar exéquias fúnebres.
Quando chegou ao mundo dos mortos, queixou-se a Hades, soberano do reino das
sombras, da negligência da sua mulher e pediu-lhe para voltar ao mundo dos vivos
apenas por um curto período, para a castigar. Hades deu-lhe permissão para
regressar, mas quando Sísifo voltou ao mundo dos vivos, não quis mais voltar ao
mundo dos mortos. Hermes, o deus mensageiro e condutor das almas para o Além,
decidiu então castigá-lo pessoalmente, infligindo-lhe um duro castigo, pior do que
a morte. Sísifo foi condenado para todo o sempre a empurrar uma pedra até ao
cimo de um monte, caindo a pedra invariavelmente da montanha sempre que o
topo era atingido. Este processo seria sempre repetido até à eternidade.
6. 1ª parte (1ª estrofe): o sujeito poético
incentiva-nos a não desistir e a ser
ambiciosos, sugerindo o exemplo de uma
caminhada:“E os passos que deres/Nesse
caminho duro”
2ªparte (2ª estrofe): é sugerido pelo sujeito
poético que nunca deixemos de satisfazer a
nossa vontade, apesar dessa vontade apenas
ser uma ilusão causada pela maneira de ser
do ser humano em geral.“Vai
colhendo/Ilusões sucessivas no pomar.”
7. Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
A
B
A
B
C
C
D
E
E
D
F
G
H
G
F
I
J
I
J
Esquema
Rimático
Rima Cruzada
Rima Cruzada
Rima Interpolada
Rima Emparelhada
Verso Branco
Rima Interpolada
8. Este poema é constituído por uma
décima e uma nona, ambas com versos
variados, desde dissílabos até
octossílabos.
9. Neste poema, estão presentes os seguintes recursos
estilísticos:
Metáfora:“Vai colhendo/Ilusões sucessivas no
pomar”
Antítese:“E vendo/Acordado”
Paradoxo:“O logro da aventura”
Oxímoro:“Só é tua a loucura/Onde, com lucidez, te
reconheças”
10. O eu poético aconselha-nos ( tal como o
personagem) a nunca desistir, ser livre, a
lutar pelos nossos sonhos e a nunca
desistir.
Sísifo representa as diversas situações da
nossa vida, quando estamos prestes a
cumprir um objectivo mas algo nos
obriga a começar de novo. Sísifo é então
o símbolo do recomeço.