PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
Relações de produção agrícola sob o capitalismo
1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS – FFLCH
GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
DISCIPLINA : GEOGRAFIA AGRÁRIA I
AULA 9: Relações de produção na agricultura sob o capitalismo
2. TEXTOS DE REFERENCIA:
▪ OLIVEIRA, Ariovaldo U. de. Modo capitalista de produção e agricultura. São
Paulo, Ática, 1986. (cap. 5)
▪ MOURA, Margarida M. Camponeses. São Paulo. Ática, 1986. (cap. 6 e 7, p. 54-
71)
▪ PAULINO, Eliane. Por uma Geografia dos camponeses. São Paulo, UNESP,
2006. (p.27- 64)
3. Documentário “Migrantes”
Filme fruto de parceria entre quatro universidades
federais mostra a hipocrisia do discurso da “modernidade”
no campo brasileiro e expõe realidade dos migrantes
nordestinos.
A direção do documentário “Migrantes” é de Beto Novaes,
Francisco Alves e Cleisson Vidal, com edição de Luiz
Guimarães.
http://www.youtube.com/watch?v=Laf1BwcGpgI
4. RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO NA AGRICULTURA SOB O
CAPITALISMO
▪ As relações capitalistas de produção são baseadas no processo
de separação dos trabalhadores dos meios de produção, portanto
livres de toda propriedade, exceto de sua força de trabalho.
▪ Processo considerado como liberdade pela ideologia capitalista.
▪ Trabalhadores livres do meio de produção, mas proprietários da
força de trabalho.
▪ Capitalista compra a força de trabalho e é o proprietário dos
meios de produção.
▪ Relação social capitalista é uma relação baseada na
liberdade e igualdade, pois somente pessoas livres podem
realizar um contrato.
5. “…no capitalismo, só é pessoa quem troca, quem tem o que
trocar e tem liberdade para fazê-lo. A condição humana, a
condição de pessoa, específica dessa sociedade, surge da
mediação das relações de troca: uma pessoa somente existe
por intermédio de outra. Essa é uma contradição própria do
capitalismo, para entrar, em relação de troca, cada um tem que
ser cada um, individualizados, livre e igual a todos os outros, ao
mesmo tempo, cada um nunca é cada um, porque a existência
da pessoa depende totalmente de todas as outras pessoas, das
relações que cada um estabelece com os outros. Cada pessoa
se cria na pessoa do outro.” (Martins, 1981, p. 153)
6. ▪ Capitalista destina seu capital para a aquisição da força de
trabalho e dos meios de produção. Nesse processo, a força de
trabalho torna-se propriedade econômica do capitalista, ou
seja, algo que pertence ao capital e não ao trabalhador.
▪ Capitalista reverte em dinheiro de parte do trabalho (mais-valia,
como sendo propriedade do capital), pagando em forma
de salário. O trabalhador utiliza o salário para subsistência e
consumo de outras mercadorias, não permitindo acumular
riqueza ou tornar-se um capitalista, apenas configurando como
dinheiro propenso a compra de novas mercadorias.
▪ Se de início, no plano jurídico era de igualdade, acaba
revelando sua real intencionalidade que é a de o capitalista
sempre ganhar e o trabalhador sempre perder, numa
relação de desigualdade.
7. IDEOLOGIA CAPITALISTA E ALIENAÇÃO
▪ A riqueza que o capital acumula não aparece como se fosse
retirada do trabalhador, mas sim como fruto do capital.
▪ “Capitalista tem direito ao lucro pois é dono do capital”: é fala
comum aos trabalhadores.
▪ A alienação se dá quando o trabalhador não se vê na riqueza
que cria, e seu trabalho lhe parece estranho, dando-se assim o
processo de alienação.
▪ O trabalhador não aparece como criador da riqueza do capital,
mas como criatura desse mesmo capital.
8. CONCEITOS CENTRAIS DA
ECONOMIA CAPITALISTA
Capital ≠ Dinheiro
▪ O capital é produto de uma relação social baseada na troca
desigual entre proprietários distintos, porém iguais.
▪ O capital é a materialização do trabalho não pago ao
trabalhador, ou seja, a mais-valia expropriada do trabalhador.
▪ Então para ser capital deve haver captação de parte do trabalho,
convertido em capital, portanto configurando a exploração da mais
valia.
▪O trabalhador não acumula capital, acumula dinheiro.
9. CONCEITOS CENTRAIS DA
ECONOMIA CAPITALISTA
▪ O TRABALHO produz VALOR.
▪ Dinheiro não é capital.
▪ O CAPITAL (valor que produz mais-valia) é produto de uma
relação social baseada numa TROCA DESIGUAL.
▪ Um indivíduo só é CAPITALISTA e o seu dinheiro CAPITAL
quando o coloca no processo produtivo (comprando meios de
produção / capital constante e força de trabalho / capital variável)
para reproduzí-lo de forma ampliada.
10. MAIS-VALIA
Decorre do fato de ser a força de trabalho capaz de criar uma soma de
produtos superior à que é necessária à sua conservação e à sua
reprodução, a partir do momento em que forças produtivas atingem um
certo patamar de desenvolvimento.O nível do salário é mediado pela
taxa média de lucro.
▪ MAIS-VALIA ABSOLUTA: se dá pela apropriação formal, quando o
trabalhador ainda controla o processo de trabalho, e em que a exploração
da mais-valia só é possível de ser ampliada se forem ampliadas as
jornadas de trabalho.
▪ MAIS-VALIA RELATIVA: se dá pela apropriação real, e refere-se ao
momento em que o controle desses processos é transferido dos
trabalhadores para as máquinas, portanto para o capital.
11. RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO NA
AGRICULTURA SOB O CAPITALISMO
▪ São classes específicas da produção capitalista com suas
respectivas formas de remuneração ou de participação na
riqueza socialmente produzida:
▪ Capitalistas ou proprietário dos meios de produção: lucro
▪ Trabalhadores assalariados ou proprietários da força de trabalho:
salário
▪ Proprietário da terra: renda da terra
12. RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO NA
AGRICULTURA SOB O CAPITALISMO
Características gerais
▪ Diferença entre tempo de trabalho e tempo de
produção.
▪ Menor composição orgânica de capital (composição
orgânica do capital = capital constante / capital variável)
▪ A renda da terra representa uma irracionalidade para o
capitalista agrícola
13. RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO NA
AGRICULTURA SOB O CAPITALISMO
Consequências:
Setor com menor concentração de capital, mais atomizado:
▪ Subordinação da produção agrícola à circulação
▪ Subordinação da produção agrícola à indústria
14. RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO NA
AGRICULTURA SOB O CAPITALISMO
▪ Forte presença do trabalho assalariado temporário
(trabalhador boia-fria)
▪ Criação e recriação de relações de produção não
capitalistas - Subordinação da renda da terra
camponesa ao capital (industrial, comercial, bancário)
16. O que é o campesinato?
• CLASSE SOCIAL
• FORMA DE ECONOMIA (modo de fazer agricultura)
• MODO DE VIDA
(Moura e Oliveira)
17. O que é o campesinato?
• Classe subalterna e forma de economia específica.
• Apresenta relação contraditória com o capitalismo:
ao mesmo tempo em que ele o subordina, não o
organiza
• Simultaneamente: Unidade de produção e unidade
de consumo
• Modo de vida marcado por um vínculo social com a
terra e pelo uso como um valor
18. O que é o campesinato?
CLASSE SOCIAL E FORMA DE ECONOMIA:
(Moura e Oliveira)
• Objetivo da produção: reprodução da unidade familiar
• Produção simples de mercadoria (M – D – M)
(diferente da produção capitalista: D – M – D’)
• Cálculo camponês segundo Chayanov:
Renda Bruta – gastos em materiais = Renda do
trabalho familiar
19. Sugestões de filmes para entender
as relações capitalistas no campo
Bagaço - Documentário da CPT que mostra a questão
do aliciamento de trabalhadores para o corte da cana no
estado do Pernambuco.
http://www.youtube.com/watch?v=9WCoRYZ7y6E
Biovale - Alienação camponesa a partir da entrada de
uma grande companhia que contrata trabalhadores e
arrenda as terras para cultura do dendê, no estado do
Pará.
http://www.youtube.com/watch?v=fLfC1WK0A70