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Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar




    Atualização




                       Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar.
                                                      Pulmonary Hypertension.
                                                                                                                       Silvana Elena Romano1.




   RESUMO
   A hipertensão pulmonar (HP) apresenta-se como enfermidade de rápida evolução e sujeita a constantes mudanças em sua
   definição, em seu rastreamento, nas técnicas propedêuticas, na avaliação de seu estadiamento e em seu acompanhamen-
   to. Um progresso substancial no aperfeiçoamento das técnicas de imagem, nos biomarcadores usados para triagem dos
   pacientes com a doença e no acompanhamento das respostas clinicas vem sendo observado na última década. Devido às
   constantes modificações conceituais e classificações desta doença complexa, grave e com grande impacto socioeconômi-
   co, apresentamos um protocolo com a finalidade de nortear diagnóstico e tratamento clínicos, oferecendo ainda o devido
   suporte técnico para embasamento de decisões (pedidos de fornecimento de medicamentos especiais a nível público) na
   esfera do Poder Judiciário.
   Descritores: Hipertensão Pulmonar, Circulação Pulmonar.


   ABSTRACT
   Pulmonary Hypertension shows itself as a disease of swift evolution and as such subject to constant changes in its very de-
   finition, in its tracking it down , in its propraedeudetic techniques, in its ranking and its follow-up. In the last decade there
   has been observed a substantial progress in the embetterment of image techniques, in the biomarkers used for sorting
   out patients with the disease and in the following-up of clinical responses. Due to constant conceptual modifications and
   classifications of such a complex serious disease with great socioeconomic impact, it is hitherto present a protocol aiming
   at guiding at diagnosis and clinical treatment offering altogether due technical support for the framework of decisions (
   requests for supplying special medicines under public scale) at the Judiciary power level.
   Keywords: Pulmonary Hypertension; Pulmonary Circulation.




1. Pneumologista do Hospital Federal dos Servidores do Estado/MS/RJ. Coordenadora do Centro de Referencia em Hipertensão Pulmonar do HFSE/MS/RJ.
Este trabalho foi concebido no Hospital Federal dos Servidores do Estado, ficando patente que sua autora esta isenta de conflitos de interesse.

Endereço para correspondência: Silvana Elena Romano. Rua Sacadura Cabral 178, Unidade de Pacientes Externos (UPE), 2o andar, sala 200. CEP: 20221-903.
Tel: (21) 8461 9299 e (21) 2291 3131, R: 3743. E-mail: silvanar.elena@globo.com.


                                                                                                                     Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39   33
Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar




     O maior entendimento dos mecanismos fisiopato-         ocorre de forma idiopática ou em associação com ou-
lógicos registrados na última década sobre circulação       tras doenças. Critérios hemodinâmicos são adotados
pulmonar permitiu um aumento na conscientização             na definição de HAP, tais como: pressão arterial pul-
da importância da Hipertensão Pulmonar (HP), geran-         monar média >25mmHg, pressão capilar pulmonar
do maior clareza sobre a morbi- mortalidade de várias       <15mmHg e resistência pulmonar >3 unidades Wood.
doenças sistêmicas com acometimento pulmonar.
     A classificação de HP vem sofrendo transformações      Classificação:
desde a década de 1970. A renovação dos conhecimen-               A HAP engloba um grupo de enfermidades que
tos sobre sua fisiopatologia vem conduzindo à necessi-      apresentam situações fisiopatológicas semelhantes
dade de rever conceitos e também as classificações exis-    e está compreendida na classificação como uma
tentes. Como consequência houve reagrupamento das           subcategoria (ou subgrupo).
doenças que cursam com HP, que compartilham seme-                 O quadro 1 apresenta a classificação da Hiperten-
lhanças em seus mecanismos fisiopatológicos, nos qua-       são Pulmonar (HP). Além de se constituir um impor-
dros clínicos e nas abordagens terapêuticas. A HP ocorre    tante guia para orientação etiológica e de diagnóstico,
em várias doenças que de acordo com as expressões fi-       pois as doenças estão agrupadas por características
siopatológicas semelhantes foram relacionadas em um         comuns que orientam a escolha terapêutica. Essa clas-
mesmo subgrupo. Assim, quando uma HP é detectada            sificação foi elaborada pela OMS, em dezembro de
ao ecocardiograma, o paciente necessariamente deverá        2003, sendo utilizada pelas Sociedades Brasileiras de
ser encaminhado para extensa investigação diagnósti-        Pneumologia, Cardiologia e Reumatologia e adotada
ca objetivando melhor caracterizar a doença, confirmar      universalmente para o acompanhamento dos pacien-
o diagnóstico de HP e assim poder ser enquadrada em         tes e decisões terapêuticas.
um sub-grupo de sua classificação conforme a etiologia
                                                            Quadro 1 - Classificação da hipertensão pulmonar
e avaliando ainda sua possibilidade terapêutica.
     Pertencente a um desses sub-grupos encontra-se          1. Hipertensão arterial pulmonar (HAP)
a Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) que é conside-             1.1 Idiopática(HAPI)
rada uma doença complexa e rara. Devido ao fato de a             1.2 Familial (HAPF)
                                                                 1.3 Relacionada:
HAP não ser “lembrada”, seu sub diagnóstico contribui
                                                                     a doenças do tecido conectivo (DIC)
para diminuir sua prevalência, porém registros como                  a cardiopatias congênitas (CCg)
da França estimam uma prevalência de 25 casos por                    a hipertensão portal
milhão de adultos. Ressalte-se que para a sua real pre-              infecção pelo vírus da imunodeficiência humana(HIV)
valência é preciso considerar sua ocorrência nos paí-                drogas/ toxinas
                                                                     outras (hemoglobinopatias, telangectasia familiar hereditária)
ses em desenvolvimento, onde ocorrem casos de HAP
                                                                1.4 HAP com significante envolvimento venoso e/ou capilar
associados com anemia falciforme e esquistossomose.             1.5 Hipertensão Pulmonar persistente do recém nascido
     A HP requer cuidados multidisciplinares, porquanto      2. Hipertensão Pulmonar por doença do coração esquerdo
ser debilitante para o paciente em termos de atividade       3. Hipertensão Pulmonar por doença pulmonar e/ou hipóxia
funcional, qualidade de vida e por apresentar mortali-       4. Hipertensão Pulmonar por doença trombótica e/ou embólica crônica
                                                             5. Miscelânea
dade significativa em três anos. Vivenciando e comparti-
lhando das agruras dessa doença, elaboramos um proto-
colo que tem por objetivo básico primordial orientar para        Durante o 4o Simpósio Mundial de HAP ocorrido
o diagnóstico (fazer ser lembrada) e seu tratamento.        em 2008, em DANA POINT (Califórnia, USA), ficou deci-
     Nesse documento, voltado essencialmente para           dido manter a arquitetura e filosofia geral das classifica-
HAP, e considerando a necessidade de fazer tal enfer-       ções anteriores.
midade melhor ser lembrada, optou-se pelo maior de-              As modificações aprovadas neste Simpósio dizem
talhamento das evoluções e atualizações ocorridas em        respeito principalmente ao grupo 1, onde estão relacio-
suas classificação, etiologia, prevalência e tratamento.    nadas as enfermidades que cursam com HAP. Neste sub-
Importa ainda ressaltar que o mesmo foi escrito, se-        -grupo estão incluídos pacientes com história familiar
gundo normas técnicas previstas no Protocolo Clinico        de HAP e pacientes com HAP idiopática com mutações
e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Secretaria de Aten-     germinativas (como por exemplo: receptor 2 da proteína
ção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde (MS).              morfogenética óssea; receptor tipo 1 de ativina seme-
                                                            lhante à quinase, e endoglina).
Protocolo de Hipertensão Arterial Pulmonar                       Nesta nova classificação a esquistossomose e anemia
                                                            hemolítica crônica aparecem como entidades separadas
Introdução:                                                 no sub-grupo de HAP associada a doenças identificadas.
     A Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) é uma                 Por fim, decidiu-se colocar a doença veno-oclusiva e
condição patológica progressiva caracterizada por           hemangiomatosa capilar pulmonar em grupo separado
pressões elevadas na artéria pulmonar, levando à fa-        (grupo 1’), porém destacado e muito próximo do grupo 1.
lência do ventrículo direito. A lesão vascular na HAP       Assim, o grupo 1 com HAP ficou mais homogêneo.

34   Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39
Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar




QUADRO 2 - Classificação Clínica Atualizada de Hipertensão Pulmo-      Quadro 3 - Classificação funcional nyha para hipertensão pulmonar
nar (DANA POINT 2008)                                                  de acordo com OMS


  1. Hipertensão arterial pulmonar (HAP)                                  Classe I: ausência de sintomas (dispnéia ou fadiga, dor
  1.1. HAP Idiopática                                                     torácica, pré-sincope) nas atividades físicas habituais.
  1.2. Hereditária
  1.2.1. BMPR2                                                            Classe II: atividades físicas habituais causam sintomas
  1.2.2. ALK1 (sigla em inglês), endoglina (com ou sem                    acarretando discreta limitação. Não apresenta sintomas no
  telangiectasia hemorrágica hereditária)                                 repouso,
  1.2.3. Desconhecida                                                     Classe III: mínima atividade física habitual causa importante
  1.3. Induzida por medicamento e toxina                                  limitação. Não apresentam sintomas no repouso,
  1.4. Associada com
  1.4.1. Doenças do tecido conjuntivo                                     Classe IV: Incapacidade para qualquer tipo de atividade física
  1.4.2. Infecção por HIV (sigla em inglês)                               habitual. Sintomas podem estar presentes mesmo em repouso.
  1.4.3. Hipertensão portal                                               Sinais de falência de ventrículo direito
  1.4.4. Cardiopatias congênitas
  1.4.5. Esquitossomíase
  1.4.6. Anemia hemolítica crônica
                                                                       Epidemiologia
  1.5 Hipertensão pulmonar persistente de recém-nascido
  1’. Doença pulmonar veno-oclusiva (DPVO) e/ou hemangioma-                  Não existem dados disponíveis no Brasil sobre a
  tose capilar pulmonar (HCP)                                          prevalência de HAP. Estudos amplos na França e Escócia
                                                                       apuraram prevalência entre 15 e 70 pacientes por mi-
  2. Hipertensão pulmonar devido à cardiopatia esquerda                lhão de habitantes para a HAP. Um registro brasileiro de
  2.1. Disfunção sistólica                                             HP, coordenado pelo comitê Nacional de Hipertensão
  2.2. Disfunção diastólica
  2.3. Doença valvar
                                                                       Pulmonar formado pelas Sociedades Brasileira de Car-
                                                                       diologia, Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e Brasi-
  3. Hipertensão pulmonar devido a doenças pulmonares e/ou             leira de Reumatologia, encontra-se em andamento com
  hipoxia                                                              objetivo de suprir a ausência de dados epidemiológicos
  3.1. Doença pulmonar obstrutiva crônica                              sobre a doença (www.hap.med.br), já estando registra-
  3.2. Doença pulmonar intersticial                                    dos cerca de 1.200 pacientes até dezembro de 2010.
  3.3. Outras doenças pulmonares com modelo restritivo e obs-
  trutivo misto
                                                                             A prevalência de HAP nas doenças associadas (Gru-
  3.4. Respiração com distúrbios do sono                               po 1.3 da Classificação de 2003, e Grupo1.4 de DANA
  3.5. Distúrbios de hipoventilação alveolar                           POINT 2008) é muito diferente para cada subgrupo.
  3.6. Exposição crônica à alta altitude                                     Nas doenças do colágeno, particularmente na es-
  3.7. Anormalidades do desenvolvimento                                clerodermia, a HP ocorre em aproximadamente 15%
                                                                       dos indivíduos. No Brasil a esquistossomose tem um
  4. Hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTC)
                                                                       lugar de destaque entre as causas de HP. Estima-se que
  5. Hipertensão pulmonar com mecanismos multifatoriais não            existam 8 a 10 milhões de indivíduos parasitados e que
  evidentes                                                            a prevalência de cor pulmonale varie de 1% a 5% de to-
  5.1. Distúrbios hematológicos: distúrbios mieloproliferativos,       dos os casos infectados, sendo maior entre os pacientes
  esplenectomia                                                        com a forma hepato-esplênica. É estimada em 0,5% a
  5.2. Distúrbios sistêmicos: sarcoidose, histiocitose pulmonar de
  células de Langerhans: linfangioleiomiomatose, neurofibroma-
                                                                       incidência de HP em pacientes com HIV. Tais enfermida-
  tose, vasculite                                                      des mereceram referencia em razão de serem conheci-
  5.3. Distúrbios metabólicos: doença de armazenamento de              das suas prevalências, já que das demais integrantes do
  glicogênio, doença de Gaucher, distúrbios da tireóide                sub-grupo de doenças associadas não se tem um levan-
  5.4. Outros: obstrução tumoral, mediastinite fibrosante, insufi-     tamento fidedigno até o presente.
  ciência renal crônica em diálise
                                                                             A HP é doença debilitante e incapacitante que
  ALK1 - activin receptor-like kinase tipo 1; BMPR2 bone morphoge-
                                                                       pode levar o paciente ao óbito em curto espaço de tem-
  netic protein receptor tipo 2; HIV - human immunodeficiency virus.   po. Diversos estudos clínicos revelam uma sobrevida de
                                                                       apenas dois anos e meio a três anos. As internações nes-
                                                                       ses casos acontecem de forma prolongada, e no mínimo
     O comprometimento funcional expressivo dos                        a cada três meses devido às complicações apresentadas.
pacientes com HP requereu a utilização de uma gra-                     Assim, considera-se a HAP uma doença de forte impac-
duação para caracterizar o impacto inicial da doença e                 to sócio-econômico.
sua influencia nas atividades físicas habituais e servin-
do também para orientação prognóstica. Sendo assim,                    Hipertensão Arterial Pulmonar segundo a Classifica-
adotou-se a classificação funcional da New York Heart                  ção Internacional de Doenças -CID- 10
Association (NYHA) modificada para Hipertensão Pul-                         As modalidades diagnósticas da HAP mais pre-
monar, de acordo com a Organização Mundial da Saú-                     sentes nas casuísticas dos estudos clínicos baseados
de (Quadro 3).                                                         em seus tratamentos são;

                                                                                                             Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39   35
Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar




                                                                  A presença do aumento da intensidade da segun-
                                                         -   da bulha que representa a hipertensão na circulação
drome de Eisenmenger                                         pulmonar (P2>A2), os sinais de sobrecarga de câmaras
                                                             cardíacas direitas (estase jugular, visceromegalia, asci-
lupus eritematoso sistêmico                                  te, edema) são achados importantes e relevantes no
                                                             diagnóstico de HAP. As cardiopatias congênitas apre-
-esclerose sistêmica                                         sentam sinais específicos que devem ser reconhecidos
                                                             pelo examinador. A disfunção ventricular esquerda e
Diagnóstico                                                  doenças valvares quando cursam com HP devem ser
      Propedêutica clínica cuidadosa e exames comple-        identificadas de forma mais precisa para um enfoque
mentares são as pedras fundamentais no diagnóstico           terapêutico adequado.
da HP, sobretudo para gerar uma correta classificação
no subgrupo.                                                 Exames complementares
      Fundamental nesta fase diagnóstica é reconhecer             Os exames complementares são necessários para
a situação clínica exata da HP, diferenciando as causas      identificar a causa da HP, estabelecer sua gravidade e
secundárias e os subtipos de HAP (entre idiopática, in-      definir seu melhor tratamento.
duzida por medicamentos e associada a outras doen-                Relação de exames importantes no planejamento
ças). O tratamento para cada condição diagnóstica e,         do tratamento apropriado diante de um paciente em
sobretudo a utilização apropriada dos medicamentos,          investigação para HP:
depende de um diagnóstico preciso. As doenças res-
piratórias (incluídas no grupo 3 tanto da Classificação
de 2003, quanto daquela de DANA POINT 2008) devem
ter investigação adequada objetivando o reconheci-           Prova de Função Pulmonar com Teste de Difusão
mento de enfermidades que necessitam abordagem
terapêutica mais especifica (por exemplo: DPOC, do-                                                                  -
ença pulmonar intersticial).                                 mografia de Tórax
      O 4º Simpósio Mundial, DANA POINT 2008, sobre
HP foi o primeiro encontro internacional a focalizar
não apenas a HAP mas também as formas denomina-
das não-HAP de Hipertensão Pulmonar (HP). O termo
“não-HAP HP” compreende aquelas formas de HP, en-
quadradas nos grupos 2 a 5 da atual classificação de
HP (Quadro 2); isto é, aquelas formas associadas à do-
ença ventricular, doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC), tromboembolismo venoso recorrente e outras                                                                   -
doenças. Muitas dessas formas de HP são bem mais             lar com oxido nítrico
comuns que a HAP, porém menos estudadas, princi-
                                                             Legenda:
palmente em relação ao tratamento. Assim, a falta de
estudos clínicos de peso que abordem o assunto para          e Hipopnéia Obstrutiva do Sono
esses grupos contribui para a inexistência de terapia
adequada para a “não-HAP HP “

História Clinica:                                            Critérios de Inclusão e Exclusão para Tratamento de
     Dispnéia, cansaço, fadiga, limitação para ativida-      Hipertensão Arterial Pulmonar
des diárias, dor precordial e torácica, tonturas, síncope,
cianose, hemoptise são os sinais e sintomas pesquisa-          Critério de Inclusão
dos e encontrados na história clinica que traduzem o               Serão considerados portadores de HAP e, por-
grau da doença. Manifestações articulares das doenças        tanto, candidatos ao Protocolo de Tratamento, todos
do tecido conjuntivo, sangramento digestivo na hiper-        os pacientes cuja avaliação clínica e laboratorial con-
tensão porta, doenças oportunistas no paciente HIV           duza ao diagnóstico de uma das doenças relaciona-
positivo, representam os sintomas relacionados com o         das no grupo 1 da Classificação de DANA POINT 2008
comprometimento de outros órgãos no caso de doen-            (Quadro 3).
ça associada.                                                      Poderão ainda ser considerados para tratamen-
                                                             to, com base em análise caso a caso, os pacientes
Exame físico                                                 portadores de HP por tromboembolismo crônico,
     É mister o exame cuidadoso dos aparelhos respi-         sem indicação ou refratários ao tratamento cirúrgico
ratório e cardiovascular.                                    (tromboendarterectomia).

36   Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39
Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar




 Critério de Exclusão                                                 bidores das fosfodiesterases e análogos da prostacicli-
      Pacientes com avaliação diagnóstica incompleta                  na. A escolha depende primeiramente da resposta ao
que não permita categorizá-los como portadores de                     teste de vasodilatador apurado na avaliação hemodi-
HAP ou com avaliação completa que não indique este                    nâmica, assim como das características de gravidade
diagnóstico. Também serão excluídos do protocolo                      de cada paciente (Quadro3). O Quadro 4 , abaixo traz o
pacientes que de acordo com a impressão da equipe                     Algoritmo de orientação terapêutica de 2003.
clínica que os avalia, demonstrem incapacidade de                           Durante o Simpósio de DANA POINT 2008 ocorreu
aderência adequada ao tratamento proposto ou às                       uma atualização do algoritmo do tratamento baseado
etapas de reavaliação (acompanhamento) considera-                     em evidências clinicas (Quadro 5). O novo algoritmo
das necessárias para seu seguimento.                                  inclui drogas aprovadas por agencias regulatórias
                                                                      mundiais para o tratamento de HAP e/ou drogas dis-
Tratamento Farmacológico Específico                                   poníveis para outras indicações. Os diferentes trata-
     O tratamento farmacológico específico inclui um                  mentos foram avaliados principalmente na HAP idio-
elenco de drogas que tem sido desenvolvidas e testa-                  pática, HAP hereditária, e HAP associada à escleroder-
das através de estudos clínicos. Essas drogas incluem                 mia ou ao uso de anorexígenos. A extrapolação dessas
quatro categorias: bloqueadores de canais de cálcio                   recomendações para outros subgrupos de HAP deve
(BBC), antagonistas dos receptores da endotelina, ini-                ser feita com cautela,
Quadro 4 – Algoritmo de orientação terapêutica em HAP


                                          Hipertensão arterial pulmonar sintomática


                                   Tratamento convencional: anticoagulante oral (B para
                                   HAPI, E/C para outras HAP), diurético, oxigênio (E/A)



                                               Teste de vasoreatividade Agudo
                                             (A para HAPI, E/A para outras HAP)



         BCC oral (B para
          HAPI, E/B para
           outros HAP)                        CF II                       CF III                            CF IV


              Resposta
                                        Sildenafila (A)               Bosentana* (A)                  Bosentana (B)
             sustentada
                                        Bosentana(A)                  Sildenafila* (A)                Sildenafila (C)




          Continuar BCC

                                                                                   Não melhora ou deterioração
                                    Terapia combinada

                          Bosentana                     Sildenafila
                                                                                      Atrioseptostomia e/ou
                                                                                      transplante de pulmão


             * Não há ordem de
                 preferência

As letras que seguem as recomendações são baseadas em uma combinação de nível de evidência e benefício. A= recomendação forte; B=
recomendação moderada; C= recomendação fraca, Recomendação com um “E” são baseadas em opinião de especialistas em vez de evidência
baseada em estudos clínicos BCC= bloqueador de canal de cálcio. HAPI= hipertensão arterial pulmonar idiopática


                                                                                                           Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39   37
Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar




QUADRO 5: Algoritmo de Tratamento de HAP baseado em evidencias - 4º Simpósio de HAP – 2008




Os medicamentos dentro do mesmo grau de evidência estão listados em ordem alfabética e não por ordem de preferência. Nem todos os agen-
tes listados estão aprovados ou disponíveis para uso em todos os países. HAPA = hipertensão arterial pulmonar associada; ARE = antagonista do
receptor da endotelina; HAPH = hipertensão arterial pulmonar hereditária; HAPI = hipertensão arterial pulmonar idiopática; IV = intravenosa;
HAP = hipertensão arterial pulmonar; PDE 5 = fosfodiesterase tipo 5; SC = subcutânea; OMS = Organização Mundial da Saúde

Ordem de escolha dos medicamentos                                        cional IV. Assim, a terapia com esta droga está indicada
      Três categorias estão disponíveis comercialmente                   naqueles pacientes pertencentes as classes funcionais
no Brasil, a saber: os bloqueadores de canais de cálcio,                 II a IV, sendo que a escolha será baseada em avaliações
o antagonista de endotelina- bosentana, e o inibidor de                  individuais, tomando-se como referência principal-
fosfodiesterase-5- sildenafila. Os dois últimos estão regis-             mente a sub-classe da HAP.
trados na Anvisa com indicação para tratamento de HAP.
      Os bloqueadores de canais de cálcio, adminis-                      Fluxo de dispensação para Bosentana e Sildenafila
trados por via oral, constituem o grupo de drogas de                     (Sugestão de acordo com protocolos de outros Es-
escolha para tratamento em pacientes com resposta                        tados da União)
positiva ao teste de vasoreatividade pulmonar, sendo                           a. Sugere-se que os pacientes sejam encaminha-
portadores de HAP idiopática, ou HAP associada à do-                     dos e acompanhados nos ambulatórios específicos de
enças do tecido conectivo ou ao uso crônico de ano-                      HAP das instituições abaixo descritas, devendo ainda
rexígenos.                                                               ser direcionados para os mesmos através laudo de seu
      Para todas as outras condições da HAP será consi-                  médico assistente com descrição detalhada do quadro
derado o tratamento por via oral iniciado com uso de                     clínico e exames complementares já realizados. Até o
bosentana ou sildenafila para pacientes em classe fun-                   momento no Estado do Rio de Janeiro, dois hospitais da
cional III (Quadro 3). No momento existem evidências                     rede publica estão capacitados para realizar uma inves-
seguras que recomendam a bosentana em pacientes                          tigação diagnóstica e acompanhamento do tratamento
em classe funcional II como uma das opções terapêu-                      para pacientes portadores de HAP. Tais hospitais são:
ticas, objetivando impedir a progressão da doença.                       - Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HU-
Existe também nível de evidência para a utilização da                    CFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
bosentana em pacientes mais graves, isto é, classe fun-                  - Hospital Federal dos Servidores do Estado - HFSE/RJ

38   Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39
Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar




      b. Sugere-se que os médicos desses serviços fa-           para maior e melhor coordenação do fluxo de dis-
çam a solicitação dos medicamentos em formulário                pensação da medicação;
específico. Tal solicitação poderá será avaliada por Co-             e. Os pacientes que apresentarem solicitação
mitê de Especialistas em HAP, formado pelos responsá-           de medicamentos para tratamento especifico de
veis dos serviços acima mencionados, de modo que a              HAP mas não realizaram todas as etapas de inves-
indicação seja referendada por pelo menos dois espe-            tigação diagnósticas, não deverão recebe-los. Se
cialistas. Sugere-se que tais solicitações sejam refeitas       não estiverem em acompanhamento nos serviços
por médico destes serviços especializados, a cada 3             acima citados, deverão ser encaminhados para tais
meses.                                                          serviços pela Farmácia de Dispensação de Medica-
      Sugere-se a seguinte orientação para a dispensa-          mento Excepcional para avaliação e orientação. Não
ção da medicação:                                               deverão ser aceitos outros formulários que não os
1- cumprimento das etapas diagnósticas caracterizan-            oriundos dos serviços especializados em acompa-
do a HAP                                                        nhamento de pacientes com HAP mencionados no
2- avaliação por médicos experimentados em caso de              item “a”.
duvidas.
      c. Uma vez aprovada, a solicitação será encami-           Agradecimentos:
nhada para a Farmácia de Dispensação de Medica-                 1- Aos queridos amigos que muito incentivaram a ela-
mentos de Alto Custo (estadual ou municipal) corres-            boração desse trabalho
pondente ao local de moradia do paciente que provi-             2- Aos pacientes que são o objetivo desse protocolo
denciará o fornecimento da medicação ao mesmo.                  3- Ao Dr Eduardo de Oliveira Santos pela imensa cola-
      d. É sugerido confecção de formulários específi-          boração, incentivo e compartilhamento das agruras da
cos de acordo com a fase: inicial e/ou de seguimento,           Hipertensão Pulmonar

LEITURA RECOMENDADA
1.   Humbert M, Sitbon O, Simmoneau G. Treatment of             9.    Pepke-Zaba J, Gilbert C. Sildenafil improves health
     Pulmonary Hypertension N.Engl. J Med. 2004 ;351:1425-            related quality of life in patients with pulmonary arterial
     1436                                                             hypertension Chest.2008; 133:183-189
2.   Diretrizes Brasileiras para Manejo da Hipertensão          10.   Galié N, Ghofrari HA, Rubin L J. Sildenafil citrate therapy
     Pulmonar, J. Bras, Pneumol. 2005;31supl 2 ,S1-S31,               for Pulmonary Arterial Hypertension N.Engl.J.Med.2005;
3.    Machado R.F.P. Hipertensão Pulmonar em pneumopatias             353:2148-57
     crônicas :temos que aprender mais J.Bras.Pneumol. 2008;    11.   4º Simpósio Mundial –Updated Evidence-Based
     34(2):65-66                                                      Treatment Algorithm in Pulmonary Arterial Hypertension,
4.   Chin K., Rubin L. Pulmonary Arterial Hypertension JACC.          J Am Coll of Cardiol .2009;45:S1-S117
     2008 51(16):1527-1538,                                     12.   Guidelines for the diagnosis and treatment of Pulmonary
5.   McLaughlin V, McGoon Contemporary Reviews                        Hypertension ESC/ERS Guidelines European Heart
     in Cardiovascular Medicine Pulmonary Arterial                    Journal August 27, 2009
     Hypertension Circulation.2006; 114(12):1417-1431           13.   ACCF/AHA 2009 Expert Consensus Document
6.   Badesh D, Simonneau G, Rubin L., McLaughlin V. Medical           on Pulmonary Hypertension, J Am Coll of Cardiol
     Therapy for Pulmonary Arterial Hypertension Chest.2007           .2009;53(17): 1573-1619
     131(6): 1917-1928                                          14.   Lapa M, Dias B, Jardim C. Cardiopulmonary manifestations
7.   Galié N,Rubin LJ, Hoeper MM, Simonneau G., Treatment             of hepatosplenic schistosomosis. Circulation. 2009; 119:
     of patients with mildly symptomatic pulmonary arterial           1518-23
     hypertension with bosentan (EARLY study): a double         15.   Haque AK, Gokhale S, Rampy BA. Pulmonary hypertension
     –blind, randomized controlled trial Lancet .2008;371:            insicke cell hemoglobinopathy:a clinicopathologic study
     2093-2100                                                        of 20 cases. Hum Pathol. 2002, 33:1037-43
8.   Hoeper MM, Faulenbach C. Combination therapy with          16.   Humbert M, Stibon O, Simonneau G. Pulmonary arterial
     Bosentan and Sildenafil in idiopathic Pulmonary Arterial         Hypertension in France, Results from a National Registry
     Hypertension Eur. Resp. J.2004; 24:1-4                           Am. J. Respir. Crit Care Med.2006 173:1023-1030




                                                                                                     Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39   39

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Hap 2010

  • 1. Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar Atualização Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar. Pulmonary Hypertension. Silvana Elena Romano1. RESUMO A hipertensão pulmonar (HP) apresenta-se como enfermidade de rápida evolução e sujeita a constantes mudanças em sua definição, em seu rastreamento, nas técnicas propedêuticas, na avaliação de seu estadiamento e em seu acompanhamen- to. Um progresso substancial no aperfeiçoamento das técnicas de imagem, nos biomarcadores usados para triagem dos pacientes com a doença e no acompanhamento das respostas clinicas vem sendo observado na última década. Devido às constantes modificações conceituais e classificações desta doença complexa, grave e com grande impacto socioeconômi- co, apresentamos um protocolo com a finalidade de nortear diagnóstico e tratamento clínicos, oferecendo ainda o devido suporte técnico para embasamento de decisões (pedidos de fornecimento de medicamentos especiais a nível público) na esfera do Poder Judiciário. Descritores: Hipertensão Pulmonar, Circulação Pulmonar. ABSTRACT Pulmonary Hypertension shows itself as a disease of swift evolution and as such subject to constant changes in its very de- finition, in its tracking it down , in its propraedeudetic techniques, in its ranking and its follow-up. In the last decade there has been observed a substantial progress in the embetterment of image techniques, in the biomarkers used for sorting out patients with the disease and in the following-up of clinical responses. Due to constant conceptual modifications and classifications of such a complex serious disease with great socioeconomic impact, it is hitherto present a protocol aiming at guiding at diagnosis and clinical treatment offering altogether due technical support for the framework of decisions ( requests for supplying special medicines under public scale) at the Judiciary power level. Keywords: Pulmonary Hypertension; Pulmonary Circulation. 1. Pneumologista do Hospital Federal dos Servidores do Estado/MS/RJ. Coordenadora do Centro de Referencia em Hipertensão Pulmonar do HFSE/MS/RJ. Este trabalho foi concebido no Hospital Federal dos Servidores do Estado, ficando patente que sua autora esta isenta de conflitos de interesse. Endereço para correspondência: Silvana Elena Romano. Rua Sacadura Cabral 178, Unidade de Pacientes Externos (UPE), 2o andar, sala 200. CEP: 20221-903. Tel: (21) 8461 9299 e (21) 2291 3131, R: 3743. E-mail: silvanar.elena@globo.com. Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39 33
  • 2. Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar O maior entendimento dos mecanismos fisiopato- ocorre de forma idiopática ou em associação com ou- lógicos registrados na última década sobre circulação tras doenças. Critérios hemodinâmicos são adotados pulmonar permitiu um aumento na conscientização na definição de HAP, tais como: pressão arterial pul- da importância da Hipertensão Pulmonar (HP), geran- monar média >25mmHg, pressão capilar pulmonar do maior clareza sobre a morbi- mortalidade de várias <15mmHg e resistência pulmonar >3 unidades Wood. doenças sistêmicas com acometimento pulmonar. A classificação de HP vem sofrendo transformações Classificação: desde a década de 1970. A renovação dos conhecimen- A HAP engloba um grupo de enfermidades que tos sobre sua fisiopatologia vem conduzindo à necessi- apresentam situações fisiopatológicas semelhantes dade de rever conceitos e também as classificações exis- e está compreendida na classificação como uma tentes. Como consequência houve reagrupamento das subcategoria (ou subgrupo). doenças que cursam com HP, que compartilham seme- O quadro 1 apresenta a classificação da Hiperten- lhanças em seus mecanismos fisiopatológicos, nos qua- são Pulmonar (HP). Além de se constituir um impor- dros clínicos e nas abordagens terapêuticas. A HP ocorre tante guia para orientação etiológica e de diagnóstico, em várias doenças que de acordo com as expressões fi- pois as doenças estão agrupadas por características siopatológicas semelhantes foram relacionadas em um comuns que orientam a escolha terapêutica. Essa clas- mesmo subgrupo. Assim, quando uma HP é detectada sificação foi elaborada pela OMS, em dezembro de ao ecocardiograma, o paciente necessariamente deverá 2003, sendo utilizada pelas Sociedades Brasileiras de ser encaminhado para extensa investigação diagnósti- Pneumologia, Cardiologia e Reumatologia e adotada ca objetivando melhor caracterizar a doença, confirmar universalmente para o acompanhamento dos pacien- o diagnóstico de HP e assim poder ser enquadrada em tes e decisões terapêuticas. um sub-grupo de sua classificação conforme a etiologia Quadro 1 - Classificação da hipertensão pulmonar e avaliando ainda sua possibilidade terapêutica. Pertencente a um desses sub-grupos encontra-se 1. Hipertensão arterial pulmonar (HAP) a Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) que é conside- 1.1 Idiopática(HAPI) rada uma doença complexa e rara. Devido ao fato de a 1.2 Familial (HAPF) 1.3 Relacionada: HAP não ser “lembrada”, seu sub diagnóstico contribui a doenças do tecido conectivo (DIC) para diminuir sua prevalência, porém registros como a cardiopatias congênitas (CCg) da França estimam uma prevalência de 25 casos por a hipertensão portal milhão de adultos. Ressalte-se que para a sua real pre- infecção pelo vírus da imunodeficiência humana(HIV) valência é preciso considerar sua ocorrência nos paí- drogas/ toxinas outras (hemoglobinopatias, telangectasia familiar hereditária) ses em desenvolvimento, onde ocorrem casos de HAP 1.4 HAP com significante envolvimento venoso e/ou capilar associados com anemia falciforme e esquistossomose. 1.5 Hipertensão Pulmonar persistente do recém nascido A HP requer cuidados multidisciplinares, porquanto 2. Hipertensão Pulmonar por doença do coração esquerdo ser debilitante para o paciente em termos de atividade 3. Hipertensão Pulmonar por doença pulmonar e/ou hipóxia funcional, qualidade de vida e por apresentar mortali- 4. Hipertensão Pulmonar por doença trombótica e/ou embólica crônica 5. Miscelânea dade significativa em três anos. Vivenciando e comparti- lhando das agruras dessa doença, elaboramos um proto- colo que tem por objetivo básico primordial orientar para Durante o 4o Simpósio Mundial de HAP ocorrido o diagnóstico (fazer ser lembrada) e seu tratamento. em 2008, em DANA POINT (Califórnia, USA), ficou deci- Nesse documento, voltado essencialmente para dido manter a arquitetura e filosofia geral das classifica- HAP, e considerando a necessidade de fazer tal enfer- ções anteriores. midade melhor ser lembrada, optou-se pelo maior de- As modificações aprovadas neste Simpósio dizem talhamento das evoluções e atualizações ocorridas em respeito principalmente ao grupo 1, onde estão relacio- suas classificação, etiologia, prevalência e tratamento. nadas as enfermidades que cursam com HAP. Neste sub- Importa ainda ressaltar que o mesmo foi escrito, se- -grupo estão incluídos pacientes com história familiar gundo normas técnicas previstas no Protocolo Clinico de HAP e pacientes com HAP idiopática com mutações e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Secretaria de Aten- germinativas (como por exemplo: receptor 2 da proteína ção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde (MS). morfogenética óssea; receptor tipo 1 de ativina seme- lhante à quinase, e endoglina). Protocolo de Hipertensão Arterial Pulmonar Nesta nova classificação a esquistossomose e anemia hemolítica crônica aparecem como entidades separadas Introdução: no sub-grupo de HAP associada a doenças identificadas. A Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) é uma Por fim, decidiu-se colocar a doença veno-oclusiva e condição patológica progressiva caracterizada por hemangiomatosa capilar pulmonar em grupo separado pressões elevadas na artéria pulmonar, levando à fa- (grupo 1’), porém destacado e muito próximo do grupo 1. lência do ventrículo direito. A lesão vascular na HAP Assim, o grupo 1 com HAP ficou mais homogêneo. 34 Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39
  • 3. Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar QUADRO 2 - Classificação Clínica Atualizada de Hipertensão Pulmo- Quadro 3 - Classificação funcional nyha para hipertensão pulmonar nar (DANA POINT 2008) de acordo com OMS 1. Hipertensão arterial pulmonar (HAP) Classe I: ausência de sintomas (dispnéia ou fadiga, dor 1.1. HAP Idiopática torácica, pré-sincope) nas atividades físicas habituais. 1.2. Hereditária 1.2.1. BMPR2 Classe II: atividades físicas habituais causam sintomas 1.2.2. ALK1 (sigla em inglês), endoglina (com ou sem acarretando discreta limitação. Não apresenta sintomas no telangiectasia hemorrágica hereditária) repouso, 1.2.3. Desconhecida Classe III: mínima atividade física habitual causa importante 1.3. Induzida por medicamento e toxina limitação. Não apresentam sintomas no repouso, 1.4. Associada com 1.4.1. Doenças do tecido conjuntivo Classe IV: Incapacidade para qualquer tipo de atividade física 1.4.2. Infecção por HIV (sigla em inglês) habitual. Sintomas podem estar presentes mesmo em repouso. 1.4.3. Hipertensão portal Sinais de falência de ventrículo direito 1.4.4. Cardiopatias congênitas 1.4.5. Esquitossomíase 1.4.6. Anemia hemolítica crônica Epidemiologia 1.5 Hipertensão pulmonar persistente de recém-nascido 1’. Doença pulmonar veno-oclusiva (DPVO) e/ou hemangioma- Não existem dados disponíveis no Brasil sobre a tose capilar pulmonar (HCP) prevalência de HAP. Estudos amplos na França e Escócia apuraram prevalência entre 15 e 70 pacientes por mi- 2. Hipertensão pulmonar devido à cardiopatia esquerda lhão de habitantes para a HAP. Um registro brasileiro de 2.1. Disfunção sistólica HP, coordenado pelo comitê Nacional de Hipertensão 2.2. Disfunção diastólica 2.3. Doença valvar Pulmonar formado pelas Sociedades Brasileira de Car- diologia, Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e Brasi- 3. Hipertensão pulmonar devido a doenças pulmonares e/ou leira de Reumatologia, encontra-se em andamento com hipoxia objetivo de suprir a ausência de dados epidemiológicos 3.1. Doença pulmonar obstrutiva crônica sobre a doença (www.hap.med.br), já estando registra- 3.2. Doença pulmonar intersticial dos cerca de 1.200 pacientes até dezembro de 2010. 3.3. Outras doenças pulmonares com modelo restritivo e obs- trutivo misto A prevalência de HAP nas doenças associadas (Gru- 3.4. Respiração com distúrbios do sono po 1.3 da Classificação de 2003, e Grupo1.4 de DANA 3.5. Distúrbios de hipoventilação alveolar POINT 2008) é muito diferente para cada subgrupo. 3.6. Exposição crônica à alta altitude Nas doenças do colágeno, particularmente na es- 3.7. Anormalidades do desenvolvimento clerodermia, a HP ocorre em aproximadamente 15% dos indivíduos. No Brasil a esquistossomose tem um 4. Hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTC) lugar de destaque entre as causas de HP. Estima-se que 5. Hipertensão pulmonar com mecanismos multifatoriais não existam 8 a 10 milhões de indivíduos parasitados e que evidentes a prevalência de cor pulmonale varie de 1% a 5% de to- 5.1. Distúrbios hematológicos: distúrbios mieloproliferativos, dos os casos infectados, sendo maior entre os pacientes esplenectomia com a forma hepato-esplênica. É estimada em 0,5% a 5.2. Distúrbios sistêmicos: sarcoidose, histiocitose pulmonar de células de Langerhans: linfangioleiomiomatose, neurofibroma- incidência de HP em pacientes com HIV. Tais enfermida- tose, vasculite des mereceram referencia em razão de serem conheci- 5.3. Distúrbios metabólicos: doença de armazenamento de das suas prevalências, já que das demais integrantes do glicogênio, doença de Gaucher, distúrbios da tireóide sub-grupo de doenças associadas não se tem um levan- 5.4. Outros: obstrução tumoral, mediastinite fibrosante, insufi- tamento fidedigno até o presente. ciência renal crônica em diálise A HP é doença debilitante e incapacitante que ALK1 - activin receptor-like kinase tipo 1; BMPR2 bone morphoge- pode levar o paciente ao óbito em curto espaço de tem- netic protein receptor tipo 2; HIV - human immunodeficiency virus. po. Diversos estudos clínicos revelam uma sobrevida de apenas dois anos e meio a três anos. As internações nes- ses casos acontecem de forma prolongada, e no mínimo O comprometimento funcional expressivo dos a cada três meses devido às complicações apresentadas. pacientes com HP requereu a utilização de uma gra- Assim, considera-se a HAP uma doença de forte impac- duação para caracterizar o impacto inicial da doença e to sócio-econômico. sua influencia nas atividades físicas habituais e servin- do também para orientação prognóstica. Sendo assim, Hipertensão Arterial Pulmonar segundo a Classifica- adotou-se a classificação funcional da New York Heart ção Internacional de Doenças -CID- 10 Association (NYHA) modificada para Hipertensão Pul- As modalidades diagnósticas da HAP mais pre- monar, de acordo com a Organização Mundial da Saú- sentes nas casuísticas dos estudos clínicos baseados de (Quadro 3). em seus tratamentos são; Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39 35
  • 4. Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar A presença do aumento da intensidade da segun- - da bulha que representa a hipertensão na circulação drome de Eisenmenger pulmonar (P2>A2), os sinais de sobrecarga de câmaras cardíacas direitas (estase jugular, visceromegalia, asci- lupus eritematoso sistêmico te, edema) são achados importantes e relevantes no diagnóstico de HAP. As cardiopatias congênitas apre- -esclerose sistêmica sentam sinais específicos que devem ser reconhecidos pelo examinador. A disfunção ventricular esquerda e Diagnóstico doenças valvares quando cursam com HP devem ser Propedêutica clínica cuidadosa e exames comple- identificadas de forma mais precisa para um enfoque mentares são as pedras fundamentais no diagnóstico terapêutico adequado. da HP, sobretudo para gerar uma correta classificação no subgrupo. Exames complementares Fundamental nesta fase diagnóstica é reconhecer Os exames complementares são necessários para a situação clínica exata da HP, diferenciando as causas identificar a causa da HP, estabelecer sua gravidade e secundárias e os subtipos de HAP (entre idiopática, in- definir seu melhor tratamento. duzida por medicamentos e associada a outras doen- Relação de exames importantes no planejamento ças). O tratamento para cada condição diagnóstica e, do tratamento apropriado diante de um paciente em sobretudo a utilização apropriada dos medicamentos, investigação para HP: depende de um diagnóstico preciso. As doenças res- piratórias (incluídas no grupo 3 tanto da Classificação de 2003, quanto daquela de DANA POINT 2008) devem ter investigação adequada objetivando o reconheci- Prova de Função Pulmonar com Teste de Difusão mento de enfermidades que necessitam abordagem terapêutica mais especifica (por exemplo: DPOC, do- - ença pulmonar intersticial). mografia de Tórax O 4º Simpósio Mundial, DANA POINT 2008, sobre HP foi o primeiro encontro internacional a focalizar não apenas a HAP mas também as formas denomina- das não-HAP de Hipertensão Pulmonar (HP). O termo “não-HAP HP” compreende aquelas formas de HP, en- quadradas nos grupos 2 a 5 da atual classificação de HP (Quadro 2); isto é, aquelas formas associadas à do- ença ventricular, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), tromboembolismo venoso recorrente e outras - doenças. Muitas dessas formas de HP são bem mais lar com oxido nítrico comuns que a HAP, porém menos estudadas, princi- Legenda: palmente em relação ao tratamento. Assim, a falta de estudos clínicos de peso que abordem o assunto para e Hipopnéia Obstrutiva do Sono esses grupos contribui para a inexistência de terapia adequada para a “não-HAP HP “ História Clinica: Critérios de Inclusão e Exclusão para Tratamento de Dispnéia, cansaço, fadiga, limitação para ativida- Hipertensão Arterial Pulmonar des diárias, dor precordial e torácica, tonturas, síncope, cianose, hemoptise são os sinais e sintomas pesquisa- Critério de Inclusão dos e encontrados na história clinica que traduzem o Serão considerados portadores de HAP e, por- grau da doença. Manifestações articulares das doenças tanto, candidatos ao Protocolo de Tratamento, todos do tecido conjuntivo, sangramento digestivo na hiper- os pacientes cuja avaliação clínica e laboratorial con- tensão porta, doenças oportunistas no paciente HIV duza ao diagnóstico de uma das doenças relaciona- positivo, representam os sintomas relacionados com o das no grupo 1 da Classificação de DANA POINT 2008 comprometimento de outros órgãos no caso de doen- (Quadro 3). ça associada. Poderão ainda ser considerados para tratamen- to, com base em análise caso a caso, os pacientes Exame físico portadores de HP por tromboembolismo crônico, É mister o exame cuidadoso dos aparelhos respi- sem indicação ou refratários ao tratamento cirúrgico ratório e cardiovascular. (tromboendarterectomia). 36 Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39
  • 5. Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar Critério de Exclusão bidores das fosfodiesterases e análogos da prostacicli- Pacientes com avaliação diagnóstica incompleta na. A escolha depende primeiramente da resposta ao que não permita categorizá-los como portadores de teste de vasodilatador apurado na avaliação hemodi- HAP ou com avaliação completa que não indique este nâmica, assim como das características de gravidade diagnóstico. Também serão excluídos do protocolo de cada paciente (Quadro3). O Quadro 4 , abaixo traz o pacientes que de acordo com a impressão da equipe Algoritmo de orientação terapêutica de 2003. clínica que os avalia, demonstrem incapacidade de Durante o Simpósio de DANA POINT 2008 ocorreu aderência adequada ao tratamento proposto ou às uma atualização do algoritmo do tratamento baseado etapas de reavaliação (acompanhamento) considera- em evidências clinicas (Quadro 5). O novo algoritmo das necessárias para seu seguimento. inclui drogas aprovadas por agencias regulatórias mundiais para o tratamento de HAP e/ou drogas dis- Tratamento Farmacológico Específico poníveis para outras indicações. Os diferentes trata- O tratamento farmacológico específico inclui um mentos foram avaliados principalmente na HAP idio- elenco de drogas que tem sido desenvolvidas e testa- pática, HAP hereditária, e HAP associada à escleroder- das através de estudos clínicos. Essas drogas incluem mia ou ao uso de anorexígenos. A extrapolação dessas quatro categorias: bloqueadores de canais de cálcio recomendações para outros subgrupos de HAP deve (BBC), antagonistas dos receptores da endotelina, ini- ser feita com cautela, Quadro 4 – Algoritmo de orientação terapêutica em HAP Hipertensão arterial pulmonar sintomática Tratamento convencional: anticoagulante oral (B para HAPI, E/C para outras HAP), diurético, oxigênio (E/A) Teste de vasoreatividade Agudo (A para HAPI, E/A para outras HAP) BCC oral (B para HAPI, E/B para outros HAP) CF II CF III CF IV Resposta Sildenafila (A) Bosentana* (A) Bosentana (B) sustentada Bosentana(A) Sildenafila* (A) Sildenafila (C) Continuar BCC Não melhora ou deterioração Terapia combinada Bosentana Sildenafila Atrioseptostomia e/ou transplante de pulmão * Não há ordem de preferência As letras que seguem as recomendações são baseadas em uma combinação de nível de evidência e benefício. A= recomendação forte; B= recomendação moderada; C= recomendação fraca, Recomendação com um “E” são baseadas em opinião de especialistas em vez de evidência baseada em estudos clínicos BCC= bloqueador de canal de cálcio. HAPI= hipertensão arterial pulmonar idiopática Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39 37
  • 6. Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar QUADRO 5: Algoritmo de Tratamento de HAP baseado em evidencias - 4º Simpósio de HAP – 2008 Os medicamentos dentro do mesmo grau de evidência estão listados em ordem alfabética e não por ordem de preferência. Nem todos os agen- tes listados estão aprovados ou disponíveis para uso em todos os países. HAPA = hipertensão arterial pulmonar associada; ARE = antagonista do receptor da endotelina; HAPH = hipertensão arterial pulmonar hereditária; HAPI = hipertensão arterial pulmonar idiopática; IV = intravenosa; HAP = hipertensão arterial pulmonar; PDE 5 = fosfodiesterase tipo 5; SC = subcutânea; OMS = Organização Mundial da Saúde Ordem de escolha dos medicamentos cional IV. Assim, a terapia com esta droga está indicada Três categorias estão disponíveis comercialmente naqueles pacientes pertencentes as classes funcionais no Brasil, a saber: os bloqueadores de canais de cálcio, II a IV, sendo que a escolha será baseada em avaliações o antagonista de endotelina- bosentana, e o inibidor de individuais, tomando-se como referência principal- fosfodiesterase-5- sildenafila. Os dois últimos estão regis- mente a sub-classe da HAP. trados na Anvisa com indicação para tratamento de HAP. Os bloqueadores de canais de cálcio, adminis- Fluxo de dispensação para Bosentana e Sildenafila trados por via oral, constituem o grupo de drogas de (Sugestão de acordo com protocolos de outros Es- escolha para tratamento em pacientes com resposta tados da União) positiva ao teste de vasoreatividade pulmonar, sendo a. Sugere-se que os pacientes sejam encaminha- portadores de HAP idiopática, ou HAP associada à do- dos e acompanhados nos ambulatórios específicos de enças do tecido conectivo ou ao uso crônico de ano- HAP das instituições abaixo descritas, devendo ainda rexígenos. ser direcionados para os mesmos através laudo de seu Para todas as outras condições da HAP será consi- médico assistente com descrição detalhada do quadro derado o tratamento por via oral iniciado com uso de clínico e exames complementares já realizados. Até o bosentana ou sildenafila para pacientes em classe fun- momento no Estado do Rio de Janeiro, dois hospitais da cional III (Quadro 3). No momento existem evidências rede publica estão capacitados para realizar uma inves- seguras que recomendam a bosentana em pacientes tigação diagnóstica e acompanhamento do tratamento em classe funcional II como uma das opções terapêu- para pacientes portadores de HAP. Tais hospitais são: ticas, objetivando impedir a progressão da doença. - Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HU- Existe também nível de evidência para a utilização da CFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) bosentana em pacientes mais graves, isto é, classe fun- - Hospital Federal dos Servidores do Estado - HFSE/RJ 38 Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39
  • 7. Romano SE . Revisão conceitual de Hipertensão Pulmonar b. Sugere-se que os médicos desses serviços fa- para maior e melhor coordenação do fluxo de dis- çam a solicitação dos medicamentos em formulário pensação da medicação; específico. Tal solicitação poderá será avaliada por Co- e. Os pacientes que apresentarem solicitação mitê de Especialistas em HAP, formado pelos responsá- de medicamentos para tratamento especifico de veis dos serviços acima mencionados, de modo que a HAP mas não realizaram todas as etapas de inves- indicação seja referendada por pelo menos dois espe- tigação diagnósticas, não deverão recebe-los. Se cialistas. Sugere-se que tais solicitações sejam refeitas não estiverem em acompanhamento nos serviços por médico destes serviços especializados, a cada 3 acima citados, deverão ser encaminhados para tais meses. serviços pela Farmácia de Dispensação de Medica- Sugere-se a seguinte orientação para a dispensa- mento Excepcional para avaliação e orientação. Não ção da medicação: deverão ser aceitos outros formulários que não os 1- cumprimento das etapas diagnósticas caracterizan- oriundos dos serviços especializados em acompa- do a HAP nhamento de pacientes com HAP mencionados no 2- avaliação por médicos experimentados em caso de item “a”. duvidas. c. Uma vez aprovada, a solicitação será encami- Agradecimentos: nhada para a Farmácia de Dispensação de Medica- 1- Aos queridos amigos que muito incentivaram a ela- mentos de Alto Custo (estadual ou municipal) corres- boração desse trabalho pondente ao local de moradia do paciente que provi- 2- Aos pacientes que são o objetivo desse protocolo denciará o fornecimento da medicação ao mesmo. 3- Ao Dr Eduardo de Oliveira Santos pela imensa cola- d. É sugerido confecção de formulários específi- boração, incentivo e compartilhamento das agruras da cos de acordo com a fase: inicial e/ou de seguimento, Hipertensão Pulmonar LEITURA RECOMENDADA 1. Humbert M, Sitbon O, Simmoneau G. Treatment of 9. Pepke-Zaba J, Gilbert C. Sildenafil improves health Pulmonary Hypertension N.Engl. J Med. 2004 ;351:1425- related quality of life in patients with pulmonary arterial 1436 hypertension Chest.2008; 133:183-189 2. Diretrizes Brasileiras para Manejo da Hipertensão 10. Galié N, Ghofrari HA, Rubin L J. Sildenafil citrate therapy Pulmonar, J. Bras, Pneumol. 2005;31supl 2 ,S1-S31, for Pulmonary Arterial Hypertension N.Engl.J.Med.2005; 3. Machado R.F.P. Hipertensão Pulmonar em pneumopatias 353:2148-57 crônicas :temos que aprender mais J.Bras.Pneumol. 2008; 11. 4º Simpósio Mundial –Updated Evidence-Based 34(2):65-66 Treatment Algorithm in Pulmonary Arterial Hypertension, 4. Chin K., Rubin L. Pulmonary Arterial Hypertension JACC. J Am Coll of Cardiol .2009;45:S1-S117 2008 51(16):1527-1538, 12. Guidelines for the diagnosis and treatment of Pulmonary 5. McLaughlin V, McGoon Contemporary Reviews Hypertension ESC/ERS Guidelines European Heart in Cardiovascular Medicine Pulmonary Arterial Journal August 27, 2009 Hypertension Circulation.2006; 114(12):1417-1431 13. ACCF/AHA 2009 Expert Consensus Document 6. Badesh D, Simonneau G, Rubin L., McLaughlin V. Medical on Pulmonary Hypertension, J Am Coll of Cardiol Therapy for Pulmonary Arterial Hypertension Chest.2007 .2009;53(17): 1573-1619 131(6): 1917-1928 14. Lapa M, Dias B, Jardim C. Cardiopulmonary manifestations 7. Galié N,Rubin LJ, Hoeper MM, Simonneau G., Treatment of hepatosplenic schistosomosis. Circulation. 2009; 119: of patients with mildly symptomatic pulmonary arterial 1518-23 hypertension with bosentan (EARLY study): a double 15. Haque AK, Gokhale S, Rampy BA. Pulmonary hypertension –blind, randomized controlled trial Lancet .2008;371: insicke cell hemoglobinopathy:a clinicopathologic study 2093-2100 of 20 cases. Hum Pathol. 2002, 33:1037-43 8. Hoeper MM, Faulenbach C. Combination therapy with 16. Humbert M, Stibon O, Simonneau G. Pulmonary arterial Bosentan and Sildenafil in idiopathic Pulmonary Arterial Hypertension in France, Results from a National Registry Hypertension Eur. Resp. J.2004; 24:1-4 Am. J. Respir. Crit Care Med.2006 173:1023-1030 Pulmão RJ 2010;19(1-2):33-39 39