O documento descreve as principais características dos artrópodes, o grupo mais numeroso do reino animal, incluindo insetos, crustáceos e aracnídeos. Os artrópodes se caracterizam por possuírem membros locomotores articulados e exoesqueleto quitinoso. Dentre os artrópodes, os insetos são os mais bem sucedidos, apresentando grande diversidade de formas e adaptações a diferentes ambientes.
1. Reino Animalia III: Artrópodes e
Anelídeos
1. Artrópodes: o grupo mais numeroso
Os artrópodos (do grego arthron, ‘articulação’, e podos, ‘pés’) abrangem invertebrados
bilatérios, celomados, segmentados, portadores de apêndices locomotores articulados em
número de par.
Os artrópodes, são dotados da patas articuladas. Constituem o mais vasto grupo zoológico.
Compreendem os insetos como piolho, mosca, borboleta, , os crustáceos como
camarão, siri, lagosta , os aracnídeos como aranha, escorpião , os quilópodes como
centopéia ou lacraia , e os diplópodes como embuá ou piolho-de-cobra.
A aquisição de membros articulados, além de outros aprimoramentos que a Natureza
concedeu a esses animais, talvez justifique grandemente a sua imensa proliferação, bem como
a adaptação que sofreram a quase todos os ambientes terrestres. As patas articuladas foram
gradativamente especializadas para andar, correr, saltar, nadar, segurar presas e alimentos,
copular, transportar ovos, defender-se, cavar buracos etc. A prova indiscutível de que os
artrópodes constituem o grupo mais bem sucedido de todos os animais já aparecidos na Terra
é o seu número extraordinário, não só de espécies como de indivíduos. O filo Arthropoda é o
mais numeroso dentre todos no reino Metazoa (mais de 800 mil espécies).
As características dos artrópodes
Membros locomotores articulados.
São triblásicos, celomados, e com simetria bilateral.
Têm o corpo segmentado e dividido em três partes: cabeça, tórax e abdome. Pode
ocorrer fusão da cabeça com o tórax; nesse caso o corpo apresenta-se dividido em
duas partes: cefalotórax e abdome.
São dotados de um exoesqueleto, que contém quitina ( polissacarídeo ). O
exoesqueleto é produzido pela epiderme e limita o crescimento do animal; por isso
ocorrem mudas ou ecdises. Nos crustáceos é comum o exoesqueleto apresentar-se
impregnado de sais de cálcio, que lhe conferem maior resistência.
Sistema digestivo completo; a excreção ocorre através de estruturas especiais:
túbulos de Malpighi, nos insetos, nos quilópodes e nos diplópodes; glândulas coxais,
nas aranhas; glândulas verdes, nos crustáceos.
Sistema respiratório completo, a respiração acontece através de brânquias,
traquéias ou pulmotraquéias.
Sistema nervoso ganglionar, bem desenvolvido.
A circulação é aberta, isto é, o sangue circula primeiramente por vasos e, a seguir, é
projetado para lacunas no meio dos tecidos, de onde volta depois para os vasos. O
sangue tem características mistas de sangue e linfa, daí preferivelmente ser chamado
de hemolinfa.
São organismos geralmente dióicos ( com sexos separados). A fecundação é interna; o
desenvolvimento pode ser direto ou indireto, com metamorfose ou não.
Apresentam órgãos dos sentidos bem aperfeiçoados e situados na cabeça.
A excreção se faz por meio dos tubos de Malpighi (na maioria deles), estruturas mais
evoluídas que as nefrídias de uma minhoca.
Órgão dos sentidos muito especializado situados na cabeça (órgãos auditivos, olhos
e antenas).
Alguns sofrem metamorfose durante o seu desenvolvimento.
2. 1.2. As classes dos artrópodes
Os artrópodos compreendem cinco classes principais: os insetos, os crustáceos, os
aracnídeos, os quilópodos e diplópodos.
Insecta Crustacea Arachnida Chilopoda Diplopoda
Habitat principal Terrestre
Água salgada
ou doce
Terrestre Terrestre Terrestre
Asas
Ausentes,
um par e
dois pares.
Ausentes Ausentes Ausentes Ausentes
Divisão do corpo
Cabeça,
tórax e
abdome.
Cefalotórax e
abdome
Cefalotórax e
abdome
Cabeça e
tronco
Cabeça, tórax e
abdome
Número de patas Seis Variável Oito
Muitas: um
par em cada
anel
Muitas: dois pares
em cada anel
Antenas Um par Dois pares Ausentes Um par Um par
Respiração Traqueal Branquial pulmotraqueal Traqueal Traqueal
Exemplos
Barata,
pulga,
cupim.
Caranguejo,
craca,
camarão.
Aranhas,
carrapatos
Centopeias
ou lacraias
Embuá ou piolho-
de-cobra
2. Os insetos
Os insetos são os animais mais bem sucedidos da Natureza. São os mais numerosos e
sofreram adaptações aos mais diversos ambientes e aos mais diferentes meios de
vida. Existem espécies aquáticas (exceto no mar), terrestres, voadoras, não voadoras,
cavadoras de buracos no solo algumas coisas, como cupins, formigas e abelhas,
outras vivem sobre plantas ou animais em decomposição, dos quais extraem os
alimentos, há espécies predadoras e espécies parasitas (hematófagas, como pulgas,
mosquitos e percevejos), existem aquelas que transmitem doenças, e há até as que se
desenvolvem nos tecidos de plantas e de animais, causando nestes últimos o berne ou
bicheira (miíase).
2.1. As principais características
Corpo dividida em cabeça, tórax e abdome.
Três pares de patas — os insetos são hexápodos (possuem seis patas).
As patas são estruturas especializadas com determinadas funções, como correr
(formigas), agarrar e imobilizar vítimas (louva-a-deus), saltar (pulgas), nadar (besouros-
de-água).
Corpo revestido por um envoltório protéico contendo quitina que constitui o
exoesqueleto desses animais.
A cabeça tem sempre um par de antenas (animais díceros).
O par de antenas, tem função tátil e olfativa.
Olhos prestando-se para a orientação do vôo (abelhas), para a localização de presas
(libélulas).
3. Embora existam espécies ápteras (sem asas, como as formigas, o piolho, a pulga, a
traça) e dípteras (como as moscas e mosquitos, que apresentam apenas um par de
asas), a grande maioria, entretanto, possui dois pares de asas (tetrápteros).
Asas, contribui para aumentar sua adaptação à vida terrestre.
A respiração é feita por traquéias, tubos ramificados que se abrem por orifícios na
parede externa do tórax e do abdome — os estigmas ou espiráculos — e levam o
oxigênio diretamente à intimidade dos tecidos, de onde trazem o dióxido de carbono.
O sistema circulatório compõe-se de vasos finos e um grande vaso dorsal com
diversas câmaras contráteis, que funcionam como se fossem vários corações em série.
A hemolinfa é projetada em direção à cabeça e, depois, se difunde para lacunas nos
tecidos (hemocelos), que correspondem à cavidade celomática desses animais.
Posteriormente, o sangue retorna ao vaso dorsal. Sangue sem pigmento respiratório.
Apresentam peças bucais preparadas para mastigar (baratas e gafanhotos), para
lamber (abelhas), para sugar (borboletas), para picar (pernilongos).
Excreção por tubos de Malpighi, canalículos que retiram os produtos finais do
metabolismo diretamente de celoma (que nestes animais é representado por cavidades
no meio dos tecidos — hemocelos — por onde circula a hemolinfa) e os derramam na
porção posterior do intestino.
Produzem ácido úrico como principal excreta nitrogenado.
2.2. Morfologia externa
O exoesqueleto protéico contendo quitina é formado pela camada mais externa da epiderme.
Pela sua natureza rígida, oferece uma razoável proteção ao animal contra predadores e perda
excessiva de água. Assim, periodicamente, há necessidade de substituição daquela espécie de
"armadura" por outra maior. O animal se despoja do seu exoesqueleto (que, já largado no
ambiente, recebe o nome de exúvia), expande-se como num "desafogo" e, imediatamente,
reinicia a atual dimensão. Esse fenômeno é chamado muda ou ecdise e tem o seu mecanismo
controlado pelas glândulas protorácicas.
A cabeça é o centro sensorial do animal. Nela estão localizados seus principais órgãos dos
sentidos: as antenas e os olhos. As antenas são órgãos quimiorreceptores, que apresentam
também as funções olfativas e tácteis.
Os olhos podem ser ocelos (distinguem a luz e a sombra, porém não formam imagens) ou
olhos compostos (facetados, formados por mais de 2 500 pequenas unidades chamadas
omatídeos, que se dispõem radiadamente formando um globo grande).
O tórax é o centro locomotor dos insetos. É formado por três segmentos: protórax, mesotórax
e metatórax, com um par de patas por segmento. Cada pata é constituída pelos seguintes
artículos: coxa, trocanter, fêmur, tíbia e tarso.
As asas são estruturas vivas ligadas ao tórax (meso e metatórax), mas não são membros
verdadeiros e sim uma expansão lateral do tegumento. Em suas nervuras passam vasos,
traquéias e lacunas sangüíneas.
Os tipos de asa são:
Membranosas: finas e transparentes (moscas);
Pergamináceas: finas, opacas, flexíveis e coloridas (barata);
Élitros: espessas e opacas (besouro);
Hemiélitros: são élitros na base e membranosas na ponta.
O abdome é o centro de nutrição dos insetos, desprovido de apêndices e com uma
segmentação nítida. Os últimos segmentos são transformados, revelando adaptações para a
copulação e a postura de ovos. Existem abertura das traquéias, denominadas espiráculos ou
estigmas, localizadas lateralmente. Em alguns, existe um aguilhão ou ferrão injetor de
substância irritante, de efeito muito doloroso ou mesmo paralisante sobre pequenos animais.
4. 2.3. Sistema Digestivo
É do tipo completo e dividi-se em três partes: anterior (estomodeu) de origem ectodérmica;
médio (mesodeu) de origem mesodérmica e posterior (proctodeu) de origem ectodérmica.
O Estomodeu e o Proctodeu têm revestimento quitinoso.
Possui boca, faringe, esôfago, papo, moela, estômago, intestino, ânus, e como órgãos anexos,
as glândulas salivares.
O aparelho bucal é adaptado ao tipo de alimentação do animal, podendo ser triturador
(gafanhoto, besouro, barata), sugador, em forma de tromba ou probóscida (borboletas),
picador-sugador (mosquitos, pulgas) e sugador-lambedor (moscas).
2.4. Sistema digestivo
O sistema nervoso dos insetos compõe-se de gânglios, sendo que os localizados na cabeça se
fundem para formar uma espécie de "cérebro". Há dupla rede de gânglios que se dispõem
ventralmente ao longo do corpo. Por isso, dizemos que o sistema nervoso dos insetos é
ventral, em contraste com os animais superiores (vertebrados), cujo sistema nervoso tem um
cordão longitudinal dorsal, representado pela medula raqueana.
2.5. Sistema Sensorial
A visão dos insetos (olhos simples e compostos) distingue cores até ultravioleta; a
sensibilidade auditiva é percebida pelos pêlos e órgão cordotonais das patas; a
sensibilidade olfativa situa-se nas antenas; a sensibilidade gustativa está nos palpos bucais
e a sensibilidade táctil em cerdas de apêndices.
2.6. Reprodução
Quanto à reprodução, os insetos são dióicos (unissexuados), podendo ou não ocorrer
dimorfismo sexual (macho diferente da fêmea). A fecundação é interna, São quase todos
ovíparos. Certas moscas e os pulgões são vivíparos. Quanto ao desenvolvimento, classificam-
se em:
Ametábolos (do grego a = não; metabolos = mudança). O ovo eclode e libera um
indivíduo jovem com forma semelhante ao adulto, não havendo, portanto,
metamorfose. Ex: a traça.
Hemimetábolos (do grego hemi = metade). São os insetos com metamorfose
incompleta: o ovo eclode e libera uma ninfa, que é destituída da asas e órgãos sexuais
desenvolvidos; à medida que as mudas ou ecdises se processam, a ninfa transforma-
se na forma adulta, denominada imago. Ex: o gafanhoto.
Holometábolos (do grego holo = total). Insetos, como abelha, borboleta, mosca e
besouro, com metamorfose completa: o ovo eclode e libera uma larva. A larva ingere
grande quantidade de alimento e realiza mudas até originar a pupa ou casulo ou
crisálida: é dotada de poucos movimentos.
A forma adulta dos insetos recebe o nome de imago. Chama-se larva a forma jovem muito
diferente do imago. A ninfa é a forma jovem dos insetos hemimetábolos (um pouco parecida
com imago). Pupa é a forma intermediária entre larva e o imago nos holometábolos (do grego
holo, ‘todo’, ‘tudo’, e metabole, ‘mudança’). A muda, nos insetos, é desencadeada pelo
hormônio ecdisona, cuja produção é estimulada pelos hormônios cerebrais. Existe,
entretanto, um outro hormônio — hormônio juvenil — que impede a transformação da larva
em pupa, ou desta em imago. Para que a metamorfose ocorra é necessário que a taxa de
hormônio juvenil na hemolinfa seja muito pequena ou nula. Caso contrário, o animal realiza a
muda, mas passa apenas de uma fase da larva para outra fase de larva.
5. 2.7. Sistemática
Os insetos se distribuem em numerosa ordens, algumas das quais estão mostradas na figura
seguinte.
TISANUROS
(Ametábolos e apterigotas, isto
é, sem asas mesmo
embrionariamente. Traças ou
lepismas.)
ANOPLUROS
(Piolhos. Embrionariamente
com asas. Podem transmitir i
tifo exantemático ou febre das
trincheiras)
SUCTÓRIOS OU
SIFONÁPTEROS
(Pulgas e bichos-de-pé.
Parasitas. Podem transmitir
diversas doenças como a peste
bubônica.)
HEMÍPTEROS
(Percevejos. Alguns são
fitófagos. Os hemetófagos
podem transmitir moléstias
como a doença de Chagas.)
CORRODÊNTIOS
(Piolhos-de-livros. Minúsculos e
inofensivos
DÍPTEROS
(Somente moscas e mosquitos.
Muitos sãos hematófagos e
transmitem doenças, como a
malária, a febre amarela, a
filariose, o dengue.)
ISÓPTEROS
(Cupins ou térmitas, divididos
em castas: rainhas, reis,
soldados e operários. Alguns
possuem asas, mas depois as
perdem.)
HIMENÓPTEROS
(Formigas, abelhas e vespas.
Maioria de vida social,
dividindo-se em castas; alguns
com asas.)
LEPIDÓPTEROS
(Borboletas e mariposas; as
primeiras, de hábitos diurnos,
as últimas de hábitos noturnos.)
HOMÓPTEROS
(Cigarras e pulgões. Podem ser
nocivos às plantas.)
ORTÓPTEROS
(Louva-a-deus, gafanhotos,
grilos, baratas, bichos-de-pau;
alguns atacam as plantas,
outros corroem alimentos e
roupas.)
COLEÓPTEROS
(Besouros, vagalumes,
joaninhas. Alguns são
hospedeiros intermediários de
vermes.)
A classe insecta subdivide-se nas subclasses Apterygota e Pterygota. A primeira abrange os insetos que não desenvolvem qualquer
rudimento de asa, mesmo embrionariamente. Das ordens aqui citadas, somente a dos tisanuros se inclui neste caso. Todas as outras
compreendem insetos pterigotas, isto é, dotadas de asas, se não durante a vida inteira, pelo menos numa fase dela.
2.8. Os insetos e o ser humano: aspectos positivos e negativos
Aspectos positivos:
Algumas espécies têm papel fundamental na polinização de flores. Ex: abelhas.
Muitos insetos são usados em técnicas de controle biológico, auxiliam o homem no
combate a espécies nocivas. Ex: joaninha.
Aspectos negativos:
Ataque a plantações. Exs: bicudo, pulgão, etc.
Transmissão de doenças.
Prejuízos domésticos. Exs: traças, cupins.
3. Os crustáceos
Os crustáceos (do latim crusta, ‘crosta’) são artrópodos caracterizados principalmente pelo
corpo protegido por uma crosta formada pelo espesso exoesqueleto quitinoso (casca de
camarão), a qual ainda é freqüentemente impregnada de sais calcários (casca de siri). Durante
a muda para o crescimento, os crustáceos largam a sua crosta e, durante um certo período,
6. apresentam-se desprotegidos. É o que se observa com o popular "siri mole", encontrado nas
praias ou escondido nas pedras.
Estes artrópodos apresentam grande diversidade de formas e tamanhos.
3.1. Características principais
Corpo revestido por uma crosta quitinosa freqüentemente impregnada de sais
calcários.
Divisão do corpo em dois segmentos: o cefalotórax (cabeça e tórax) e o abdome.
Presença de dois pares de antenas (são tetráceros), sendo um par de antenas e um
par de antênulas, ambos com funções sensoriais de tato e olfato.
Olhos pedunculados ou sésseis.
Número de patas variável de acordo com as espécies, notando-se, contudo, a
distinção entre patas ambulacrárias ou andadoras (grandes e situadas no cefalotórax)
e patas natatoriais (pequenas e situadas nos anéis do abdome).
Respiração braquial realizada por brânquias situadas na base das patas
ambulacrárias.
Excreção feita por glândulas verdes ou antenais, localizadas na parte anterior do
corpo (região da cabeção), abrindo-se para o exterior na base de uma saliência rígida e
pontiaguda chamada rostro.
Circulação aberta (lacunosa) e sangue com hemocianina (pigmento respiratório de
cor azul contendo cobre) dissolvida no plasma.
Reprodução sexuada e evolução por etapas com mudas periódicas.
Subdivisão em duas subclasses: Entomostraca (microcrustáceos ou espécies
minúsculas) e Malacostraca (crustáceos mais desenvolvidos).
3.2. Morfologia externa
A Cabeça é formada pela fusão de 5 segmentos, cada um deles com 1 par de apêndices
bifurcados. Há 2 pares de antenas (tetráceros), 1 par de mandíbulas e 2 pares de maxilas.
O Tórax apresenta segmentos com número variável, podendo estar fundidos ou não. Seus
apêndices são divididos em dois grupos, Maxilípedes e Pereiópodes. Os Maxilípedes servem
para a apresentação de alimento e ainda funcionam como elementos tácteis, quimioreceptores
e respiratórios. Os Pereiópodes, ou patas locomotoras, formam nos primeiros segmentos, a
pinça ou quela, usada para ataque ou defesa.
No Abdômen, os segmentos não são fundidos e seus apêndices são: Pleiópodes e
Urópodes. Os Pleiópodes são natatórios e, nos machos, o primeiro par é transformado em
órgão copulador; os Urópodes são chamados também natatórios, formados por lâminas
alargadas, que nas fêmeas, protegem os ovos. O último segmento é o Telson.
3.3. Sistema Digestivo
É completo e a digestão é extra-celular. É comum a existência de um estômago mastigador: o
molimete-gástrico. Nos crustáceos mais simples (microcrustáceos) há eficientes mecanismos
de filtragem de água para a coleta de nutrientes e de organismos do fitoplâncton.
3.4. Sistema Sensorial
Os órgão sensoriais são bem desenvolvidos. Os olhos podem ser simples ou compostos,
sésseis ou pedunculados. Os olhos compostos são formados por muitas unidades, os
omatídeos.
Há órgãos de equilíbrio, os estatocistos, na base das antenas e órgão tácteis e olfativos,
especialmente na região da cabeça.
7. 3.5. Reprodução
A maioria é unissexuada e as aberturas genitais encontram-se na parte ventral.
Há o diformismo sexual e a fecundação é interna. Nos microcrustáceos é comum a
Partenogênese. Há muitas larvas e a mais simples é Nauplio, com apenas 3 pares de patas.
Nos crustáceos superiores, além dessas, há também protozoé, zoé e míssis.
3.6. Habitat
São animais predominantemente aquáticos, marinhos e dulcícolas. Podem viver na areia das
faixas litorâneas (caranguejo), em terra úmida(tatuzinho-de-jardim), e algumas espécies, como
as cracas, vivem fixas às richas, pilares de pontes, cascos de navios, etc.
3.7. Sistemática
A classe dos Crustáceos, com cerca de 25.000 espécies, apresenta dois grupos:
Entomocrustáceos (primitivos) e Malacrustáceos (evoluídos).
Entomocrustáceos — são crustáceos inferiores, geralmente microscópicos.
Sub Classe 1
Braquiopoda: microscópicos, quase todos de água doce, adaptados à natação. Ex.: Daphnia
pulex, a pulga d’água.
Sub Classe 2
Copepoda: também microscópicos, com muitos representantes parasitas de peixe. Ex.:
Cyclops sp — vetor do Botriocéfalo e Filária de Medina.
Sub Classe 3
Ostracoides: organismos com o corpo protegido por uma "concha" bivalve, que encerra
também a cabeça. Vivem em água doce e no mar. Ex.: Eucypris sp.
Sub Classe 4
Cirripedia: são animais fixos e protegidos por uma carapaça calcária, vivem em ambiente
marinho, cobrindo rochas, madeira de cais, cascos de navios, carapaças de siris, lagostas,
moluscos e até a pele de cetáceos. Ex.: Mitella e Balanus, as cracas.
Sub Classe 5
Malascrostaca: são crustáceos evoluídos, todos macroscópicos. Dividem-se em três ordens:
Isopoda, Amphipoda e Decapoda.
Ordem 1
Isopoda: têm o corpo comprimido dorso-ventralmente. Ex.: Armadillidium sp (tatuzinho-de-
jardim) e Ligia sp (baratinha-da-praia).
Ordem 2
8. Amphipoda: têm corpo comprimido lateralmente, vivem na água salgada e raramente na água
doce. Ex.: Gammarus; Caprella e Hyalela.
Ordem 3
Decapoda: é constituída de organismos lateralmente comprimidos ou achatados, o abdômen
em geral é maior que o cefalotórax. Alguns vivem em água doce; poucos são terrestres, a
maioria é de ambiente marinho. Ex.: Crangon; Penaeus – camarão; Panulirus – lagosta;
Pagurus – eremita (vive em concha de caramujos); Cancer – caranguejo comestível;
Callinectes – siri comestível.
3.8. Diferenciação entre siri e caranguejo
Callinectes danae
Caranguejo
Cefalotórax quadrado, trapezóide ou
arredondado.
O último par de patas não é transformado
em remos
Cardisoma guanhumi
Siri
Cefalotórax elíptico com a margem anterior
denteada.
Tem o último par de patas transformadas em
remos
3.9. Importância dos crustáceos
Dois aspectos de importância básica, fonte de alimento e equilíbrio biológico em ecossistemas
aquáticos.
4. Os aracnídeos
Esta classe compreende artrópodes corretamente confundidos com os insetos. Mas
distinguem-se deles nitidamente pela divisão do corpo, pelo número de patas e pela ausência
de antenas, além de outros detalhes que veremos a seguir. Como aracnídeos, são englobados
as aranhas, os escorpiões, os carrapatos, os pseudo-escorpiões e os opilões.
4.1. Principais características
Corpo dividido em cefalotórax e abdome.
Possuem quatro pares de patas (animais octópodes).
Ausência de antenas (são áceros).
Presença de palpos (apêndices semelhantes a patas, mas sem finalidade de
locomoção; servem para prender vítimas e alimentos ou possuem função sexual).
Muitas espécies venenosas e perigosas. Outras são parasitas (sarna, acne,
carrapatos), ocorrendo, através de algumas, a transmissão de doenças infecto-
contagiosas.
Na maioria, a respiração por filotraquéias ou pulmões-livro.
São a maioria terrestres, vivendo sob troncos, pedras, buracos no solo, em vários
habitats, desde o nível do mar até altas montanhas.
4.2. Sistemática
Os Aracnídeos têm aproximadamente 30.000 espécies e as principais ordens são:
9. Araneídeos
Engloba todas as aranhas.
Corpo com cefalotórax ligado ao abdome globoso por um istmo ou pedículo muito
delgado. Dois pares de apêndices ao redor da boca: o primeiro par são as quelíceras
(órgãos inoculadores de veneno), que servem para capturar e paralisar a presa; o
segundo par são os pedipalpos, servem para o corte e mastigação; nos machos, a
extremidade dilatada dos pedipalpos serve para armazenar e transferir
espermatozóides para o corpo das fêmeas.
Pulmões foliáceos ou pulmões-livro (filotraquéias).
Algumas vivem em teia. Possuem glândulas secretoras da substância que forma o fio e
tecem a teia com as fiandeiras, localizadas na parte terminal do abdome.
Outras são errantes e vivem em buracos no solo ou sob pedras e paus podres.
Habitam todos os climas, desde as praias, os desertos e as florestas até as
montanhas.
Há espécies com veneno de ação dolorosa, necrosante e, às vezes, mortal.
Escorpinídeos
O corpo é dividido em cefalotórax e abdome
Cefalotórax — onde se localizam as quelíceras, que servem para triturar o alimento,
os pedipalpos, atuam como pinças preensoras, e quatro pares de patas.
Abdome localizam-se as glândulas de veneno, numa dilatação denominada télson,
portadora do aguilhão.
Respiração por filotraquéias.
Comuns nos locais de clima quente ou temperado. Há diversas espécies com
dimensões e coloridos muito variados.
As espécies mais comuns são o Tytius bahiensis e o Tytius serrulatus.
Acarinos
Os ácaros (do latim acarus, ‘carrapato’) compreendem pequenos artrópodes de corpo
mal delimitado, pois o cefalotórax e o abdome parecem fundidos numa peça única
globosa ou achatada, discóide.
Muitas espécies atuam como parasitas de plantas diversas.
Outras parasitam animais diversos, inclusive o homem. Ex: Sarcoptes scabiei
(causador da sarna por sua multiplicação e irritação das camadas profundas da pele) e
Demodex folliculorum (encontrado nos folículos pilosos e glândulas sebáceas da pele
humana, agravando as manifestações de acne ou cravo).
Existem ainda os ácaros que se nutrem de matéria orgânica em decomposição, de
pêlos, de penas e de resíduos epiteliais. Ex: O Dermatophagoides farinae.
Entre os ácaros conhecidos como carrapatos, estão os hematófagos, que sugam o
sangue de animais selvagens e domésticos e também do homem. Os carrapatos
comum no Brasil pertencem todos à família Ixodidade.
Pseudos-escorpionídeos
Do grego, pseudos, ‘falso’. Medem de 1 a 7,5 mm, deriva do fato de sua forma ser um
tanto parecida com as do escorpiões, porém sem o aguilhão.
O abdome é fusionado ao cefalotórax.
Vivem em buracos no solo ou debaixo de paus e pedras.
Inofensivos
Opiliões
Artrópodes frágeis, com certa semelhança com as aranhas, mas dotado de corpo muito
pequeno e pernas exageradamente longas.
10. Inofensivos.
Vivem em cantos das casas e nos banheiros velhos.
Em função das pernas muito longas, apresentam um andar bamboleante.
Exemplo: Phalalgium sp., vulgarmente conhecido como opilião ou budum.
4.3. Sistema Digestivo
É do tipo completo e a digestão é extra-celular e extra-intestinal, nas aranhas, onde seus
sucos digestivos são injetados no corpo das presas (local onde é feita a digestão do animal).
A aranha não devora uma presa, pois apenas pode absorver líquidos. Injeta-lhe saliva e depois
aspira o líquido resultante da digestão dos órgãos da presa.
4.4. Sistema Circulatório
A circulação é lacunar e o coração é dorsal no abdome. O "sangue" é formado por um plasma,
contendo amebócitos e hemocianina como pigmento respiratório. É comum chamar a
hemolinfa o líquido circulatório dos artrópodes.
4.5. Sistema Excretor
A excreção é feita por um par de Tubos de Malpighi, ramificados, e ainda um ou dois pares de
glândulas coxais situadas no assoalho do cefalotórax (excretam por ductos que se abrem entre
as pernas).
4.6. Sistema Nervoso
Apresentam um cérebro, ligado por um anel nervoso a uma cadeia ganglionar ventral,
semelhante aos insetos.
4.7. Sistema Sensorial
Como órgão visuais há os ocelos, com função táctil, há os pedipalpos e há células
quimioreceptores nos apêndices.
4.8. Reprodução
São animais de sexos separados, com diformismo sexual e fecundação interna. Nas aranhas o
macho utiliza o pedipalpo como o órgão copulador. São ovíparos e vivíparos (escorpiões).
Possuem desenvolvimento direto. Há partenogênese em alguns ácaros.
. Quilópodes
Conhecidos como lacraias ou centopéias, os quilópodes são animais terrestres
agressivos. Seu veneno é muito doloroso.
Têm corpo longo, cilíndrico, ligeiramente achatado dorsoventralemnte, segmentado em
numeroso anéis, nos quais se prendem as patas articuladas (um par para cada
segmento).
A divisão do corpo é simples, compreendendo apenas a cabeça e o tronco.
Além do par de antenas, a cabeça é dotada de peças bucais adaptada para a
inoculação de peçonha e um par de olhos simples.
Na extremidade posterior do tronco, observa-se um par de apêndices que simulam um
aguilhão, freqüentemente enganando as pessoas, que julgam estar ali o órgão injetor
da peçonha.
11. São dotados de sistema digestivo completo.
A excreção se dá por túbulos de Malpighi.
Apresentam respiração traqueal.
São dióicos, com fecundação interna.
Carnívoros, alimentam-se de insetos diversos.
Diferenciação entre quilópodes e diplópodes
Quilópodes Diplópodes
Apresentam movimentos rápidos Apresentam movimentos lentos
São carnívoros São herbívoros
Têm um par de antenas longas Têm um par de antenas curtas
Produzem veneno Não produzem veneno
Dotados de patas longas Dotados de patas curtas
Incapazes de enrolar-se Capazes de enrolar-se em espiral
Corpo mais achatado Corpo mais circular
Menor número de segmentos Maior número de segmentos
6. Diplópodes
Conhecidos como gongolôs, embuás ou piolhos-de-cobra, são artrópodes terrestres.
O corpo dividido em cabeça, um pequeno tórax e um abdome longo.
Além de um par de antenas, a cabeça é dotada de peças bucais e dois ocelos.
Possuem dois pares de patas em cada anel.
Organismos dióicos.
São todos inofensivos, já que não possuem glândulas secretoras de peçonha.
Vivem em buracos no solo. Enroscam-se quando agredidos.