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1
Nossa vida, nossas histórias: 
experiências de 
Mulheres Mil 
2014
Título original: 
Nossa vida, nossas histórias: experiências de 
Mulheres Mil 
Organização 
Karla Goularte da Silva Gründler; Marizete Bortolanza 
Spessatto; Natalia Palhoza 
Marizete Bortolanza 
Spessatto e Karla Goularte 
Direção 
Rosangela Aguiar Adam 
Raul Eduardo Fernandez Sales 
Coordenação de Extensão 
Angela Maria Crotti da Rosa 
Apoio 
Literatura na Rede 
http://literatura-na-rede.blogspot.com.br/ 
Fotos 
Vitor Hugo Rebellato 
Projeto Gráfico 
CECOM - IFC Câmpus Videira
6 
Vida e escrita: projeto de incentivo à leitura e à escrita com 
as participantes do Programa Mulheres Mil 
O projeto de extensão Literatura na Rede, desenvolvido desde 2012, 
visa promover ações que motivem a leitura e a escrita dos alunos 
do IFC de Videira. Muitos alunos já participaram através de 
gincanas de arrecadação de livros, formação das minibibliotecas nas salas 
de aula (em parceria com o projeto Livro na sala de aula: minibibliotecas e 
formação de leitores – IFC 2012/2013), publicação de contos e comentários, 
mesas-redondas sobre leitura, peças teatrais e vídeos. Muitos estudantes 
se envolveram nessas atividades, desde o Ensino Médio até a graduação. 
No segundo semestre de 2014, uma das propostas do projeto é incentivar 
a leitura e produção textual das participantes do Programa Mulheres Mil. 
O Projeto Mulheres Mil está inserido no conjunto de prioridades das 
políticas públicas do Governo, combatendo a violência contra a mulher e 
possibilitando o acesso à educação. Ele é desenvolvido no campus do IFC-Videira 
desde 2013, com atividades de pintura e produção de sabonetes 
artesanais; além dessas atividades, as participantes têm aulas de Ética e 
Cidadania, Língua Portuguesa, noções de administração e informática. 
Essas atividades têm o intuito de garantir o acesso à educação profissional 
e à elevação da escolaridade das participantes. 
Nas aulas de língua portuguesa, com as professoras Karla Goularte da Silva 
Gründler e Marizete Bortolanza Spessatto, foram trabalhadas diversas 
formas de expressão verbal e contação de histórias. Com o término das 
aulas, surgiu a ideia de inseri-las no projeto Literatura na Rede, dando 
assim continuidade aos trabalhos de leitura e produção textual. A ideia 
inicial foi produzir textos com as histórias de cada participante e, a partir 
delas, criar um “livro” com essas produções. O objetivo da atividade é 
valorizar a produção das alunas, incentivando-as a ler e a escrever. 
O ponto de partida para a atividade foi ressaltar que todos têm uma 
história para contar, uma memória, algo bom da infância, da juventude 
ou mesmo um momento que marcou sua vida para sempre. Ao ouvirmos 
as histórias tão marcantes dessas mulheres, decidimos incentivá-las a 
escrevê-las para, posteriormente, uni-las em uma coletânea. O resultado 
disso tudo são as histórias a seguir que, com muito orgulho, apresentamos 
aos leitores.
7 
Sumário 
Mulheres de mil histórias 8 
Os rostos por trás das narrativas 9 
Nossa vida, nossas histórias 10 
Ensinar e aprender 11 
Memórias 13 
Minha Melhor Amiga e Eu 15 
À procura da felicidade 16 
Vitória 18 
Encontros e desencontros do amor 19 
Trajetória 21 
A viagem inesquecível 22 
Família, minha benção! 23 
Samambaiais, Violetas e Begônias 24 
Soneto inesquecível 25 
Meus filhos, minha vida! 26 
O incêndio e a solidariedade 27 
A reconstrução 29 
Ester, um presente de Deus 30 
Toma lá, dá cá 32 
Laços de amor 33 
Encontros e desencontros do amor 35 
Minha trajetória de vida 37 
Uma criança graciosa 38 
Uma vida 39 
Uma filha de Deus 40 
Era uma vez... Leodi 41 
Projeto familiar 42 
O monjolo e a vaca 44 
Nunca é tarde para recomeçar 45 
Quando uma avó ama um neto 47
Natalia Palhoza 
Mulheres de mil histórias 
Foi a partir do projeto “Literatura na Rede”, do qual faço parte 
8 
como bolsista, que tive a oportunidade de conhecer um pouco 
mais do programa “Mulheres Mil”. Quando recebi o convite 
para ingressar no processo de produção do livro, não tinha ideia de quão 
especial este trabalho se tornaria justamente por se tratar de histórias 
de vida reais. Já na primeira análise dos textos fiquei emocionada e me 
envolvi completamente com as personagens verdadeiras que ilustram 
cada trecho das histórias. Foi impossível não chorar nos momentos tristes, 
rir nos engraçados ou suspirar com cada final feliz. 
Em uma segunda-feira de sol linda realizei a leitura das histórias para 
as Mulheres Mil, próximo ao lago maravilhoso do IFC Videira enquanto, 
ao mesmo tempo, nossas autoras eram fotografadas pelo profissional 
Vitor Hugo. A emoção estampada no rosto de cada mulher ao ouvir sua 
história narrada por outra voz foi tocante e, certamente, nunca sairá de 
minha memória. Foram momentos de risos, de lágrimas e recordações de 
situações marcantes na vida delas, tanto de imensa felicidade, quanto de 
desafios superados. 
O que ficou, ao final da leitura das histórias, foi a certeza de que não tinha 
diante de mim mulheres comuns, mas verdadeiras vitoriosas, guerreiras 
que precisam ser conhecidas por suas trajetórias de vida. Mães dedicadas, 
avós corujas, trabalhadoras incansáveis, sonhadoras natas: mulheres em 
suas mil facetas, com suas mil histórias... Estas sim estou certa de que são 
dignas de serem chamadas de heroínas, verdadeiras Mulheres Maravilhas 
do mundo real.
Os rostos por trás das narrativas 
Eu conheci o Projeto Mulheres Mil através da Natalia e foi 
ela quem sugeriu que eu realizasse as fotografias que iriam 
ilustrar o livro. Até então eu havia apenas lido suas histórias e 
baseando-me somente nisso, a “imagem” que eu tinha delas foi sendo 
construída. Eu imaginava mulheres tristes e sem vontade de viver, face 
àquelas dificuldades que elas mesmas narraram, mas isto mudou quando 
as conheci pessoalmente. O dia estava lindo, o que torna a paisagem do 
IFC perfeita para uma tarde de retratos. De um lado, à beira do lago, eu 
fotografava as autoras do projeto, e de outro, a Natalia narrava a história 
de vida daquelas mulheres. 
Acostumado a ver o mundo por trás de uma câmera, não pude deixar 
de me tocar com o sorriso espontâneo das Mulheres Mil ao ficarem 
diante de minhas lentes. A timidez inicial é natural, mas aos pouco elas 
foram se soltando, deixando suas belezas transparecerem a cada imagem 
registrada. Cada traço dos rostos delas nos mostra um pouco das provas 
que o passado lhe impôs. Os olhares, por sua vez, denunciam que já viram 
muita coisa nesta vida e brilhavam de emoção ao serem ouvintes suas 
próprias histórias. Mas o que se destaca são os sorrisos sinceros que elas 
conseguem transmitir, estes sim carregados de vitórias e de superação. 
Espero ter cumprido a mais difícil das missões: traduzir, em uma imagem, 
um pouco do que as Mulheres Mil nos contam com suas presenças. 
9 
Vitor Hugo Rebellato
Nossa vida, nossas histórias 
Mari Bortolanza Spessatto 
Aprendemos na escola a admirar grandes autores e suas grandes 
10 
obras literárias. Com eles conhecemos mais sobre a vida, os 
sentimentos, as alegrias e misérias deste mundo. Mas não são 
só escritores renomados que têm a nos contar e que conseguem imprimir 
beleza nas palavras que imortalizam grandes sentimentos no papel. Este 
livro é um exemplo disso. 
Desafiamos, eu, a professora e amiga Karla e a estudante de Pedagogia 
e poetisa Natalia, aos grupos de mulheres que participam do programa 
Mulheres Mil no câmpus do IFC Videira, em 2014, a escrever, a pôr no 
papel suas vidas. Recebemos de presente este livro que compartilhamos 
com todos vocês. Cada uma das autoras, ao partilhar suas histórias, ajuda-nos 
a rever nossos pontos de vista, a relativizar sofrimentos, a pensar 
que a beleza da vida está ao nosso lado. Basta o olhar sensível de quem 
enfrenta as dificuldades com perseverança para perceber. 
Aprendi muito com a experiência de trabalho junto ao Mulheres Mil. E 
vejo a vida sob diferentes perspectivas acompanhando cada uma dessas 
histórias de flores, dores e amores apresentadas aqui.
Ensinar e aprender 
Karla Goularte da Silva Gründler 
Afinal, que histórias são dignas de serem contadas? Quem 
merece ser protagonista? O que faz com que uma história 
seja interessante? Pois bem: eu digo que todos nós temos uma 
história interessante para contar, pelo simples fato de existirmos e de 
construirmos nossa própria história. 
A minha história com as Mulheres Mil começou quando minha amiga 
Marizete Bortolanza Spessatto me falou sobre o projeto Mulheres Mil. 
Fiquei muito curiosa, pois ouvia as histórias que ela contava e cada 
vez mais minha curiosidade aumentava. Em 2013, o projeto começou 
em Videira e atuei como docente de Língua Portuguesa. Foi um grande 
desafio, principalmente porque eu achava que ensinaria, mas eu mais 
aprendi do que ensinei. 
Em 2014, quando a professora Mari e eu pedimos para que nossas alunas 
contassem suas histórias, muitas diziam que não sabiam escrever direito, 
ou que suas histórias não eram interessantes para serem contadas. Mesmo 
assim insistimos! Cada uma contou e escreveu do seu jeito, com toda a 
sua emoção. E essa emoção nos contagiou! Choramos, sorrimos e ficamos 
orgulhosas! A mesma emoção foi sentida pela estudante de Pedagogia 
Natalia Palhosa, que fez um lindo trabalho, narrando à beira do lago as 
11 
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas 
criar as possibilidades para a sua própria 
produção ou a sua construção”. (Pedagogia da 
Autonomia - Paulo Freire).
histórias dessas guerreiras da vida real. O fotógrafo profissional Vitor 
Hugo Rebellato registrou e também viveu esse momento conosco. 
Cada linha escrita por essas mulheres é um degrau a mais na escada da 
superação do abandono, das tristezas, dos desencontros e das perdas. 
Por isso, eu gostaria de agradecer a todos os parceiros que caminharam 
lado a lado para que esta coletânea fosse produzida. Agradeço também 
às protagonistas dessas histórias, as Mulheres Mil, que nos emocionaram 
e nos ensinaram a ver a beleza na sua forma mais pura, na simplicidade. 
12
Memórias 
Sempre fui uma jovem muito trabalhadeira. Lembro-me de que 
eu era o “Gipinho do papai”. Meu pai me chamava de “Gipinho” 
porque eu era sempre ligeira quando estávamos na roça. O pai me 
mandava buscar um vinho e eu me lembro que ia correndo. Meus irmãos 
se distraíam com tudo no meio do caminho e meu pai ficava bravo. 
Nós tínhamos um burrico e sempre íamos buscar pasto com ele. Meu 
irmão mais velho ia na frente e amarrava os capins, quando eu passava 
em cima do burrico, ele tropeçava e eu caía... acho que meus irmãos 
tinham ciúmes porque nosso pai gostava muito de mim e, por isso, eles 
me judiavam muito. 
Eu também tinha uma irmã mais velha e nós íamos buscar mandioca para 
o gado. Lembro que ela nunca queria sujar as mãos. Ela dizia “Eu arranco 
e tu quebra”, “Eu abro e tu põe no saco”. E eu fazia o serviço sujo. 
Minha irmã mais velha era muito corajosa. Um dia, na época da minha 
adolescência, ela me disse que enfrentava todas as vacas e eu disse: 
“Duvido você enfrentar a Pintada!”. Então ela disse: “Está bem!” e lá 
foi ela em direção à vaca. Então, ela chegou perto da vaca, agarrou nos 
chifres e a Pintada fazia minha irmã voar pra lá e pra cá. Ela não soltava 
os chifres e eu me matava de tanto dar risadas. Ela era corajosa, mas nem 
tanto! No final, ela já estava pedindo para chamar a mãe, que segurou a 
13 
Odete Ema Dal Pizzol
Pintada para ela sair. 
Em uma Quarta-feira de Cinzas, minhas três amigas e eu lá do sítio íamos 
na Matriz receber cinzas. Foi então que meu irmão resolveu aprontar 
uma sacanagem para quando chegássemos em casa. Era uma noite bem 
escura, não havia a claridade da Lua. Perto da nossa casa tinha um morro, 
então ele pegou uma capa preta do meu pai e ficou abaixado no trilho 
da rua, no pé do morro. Quando nós passamos, vimos um bicho preto e 
corremos morro acima e ele corria atrás de nós chutando pedras. Nunca 
mais esqueci do susto e do medo que passamos naquele dia! 
Com 17 anos, conheci um rapaz que não era membro da nossa igreja, 
mas ia à igreja comigo. Um dia ele me desafiou: “Se você me convencer 
que a tua é verdadeira, eu vou contigo e se eu te convencer você vem 
comigo!”. Então, ele me convenceu eu fui com ele. Nós nos casamos, 
tivemos três filhas e hoje todas são casadas, tenho três genros e três netos, 
por enquanto. Tenho um marido que me respeita e nos amamos muito. 
São 36 anos de casamento. 
É muito bom poder relembrar as histórias vividas, minhas memórias. 
Pensar no meu querido pai, na vida na roça... tudo tão diferente do que 
é hoje. Eu me considero uma pessoa realizada e feliz, dentro das minhas 
possibilidades. 
14
Minha melhor amiga era muito pobre, quando conseguiu 
começar a construir a sua casa adoeceu seriamente. Eu 
a ajudei a arrecadar doações de parentes e amigos e ela 
conseguiu morar na casa dos seus sonhos. E esse sonho durou pouco! Nós 
éramos irmãs do coração; sabíamos tudo uma da outra! Eu olhava pela 
janela da cozinha e via a casa dela de longe. 
Durante a sua doença, eu ia visitá-la toda a semana para tomarmos 
chimarrão, comer pipoca doce que ela adorava. Passávamos uma tarde 
gostosa e isso era muito bom para ambas. 
Nós nunca passamos um aniversário longe uma da outra. Quando eu 
estava hospitalizada, justo no meu aniversário, lá estava ela ao lado da 
minha cama. Por isso, hoje eu não faço nem bolo, porque ela não está 
mais entre nós. Já faz quase três anos que ela se foi. 
Parei de trabalhar por motivo de saúde e me vi sozinha. Gosto muito de 
plantas, tenho coleção de orquídeas, mas, mesmo assim, faltava algo. Por 
isso comecei a participar do Programa Mulheres Mil. Gostei tanto que já 
estou no segundo ano! Fiz muitas amigas e estou muito bem. Mas minha 
grande amiga estará sempre no meu coração. Superar perdas é preciso! 
Tocar a vida em frente também! Mas amizades verdadeiras vão além da 
vida e da morte. 
15 
Minha Melhor Amiga e Eu 
Maria Neusa Dalmolin
À procura da felicidade 
Silvana Aparecida Kopp 
Meu nome é Silvana e minha vida não é um conto de fadas. 
16 
Quando criança, não conheci meu pai, pois ele faleceu 
quando eu tinha 2 meses. Minha mãe veio trabalhar em 
uma casa de família em Videira e só ia me ver uma vez por mês. Então, 
comecei a chamar meus avós de pai e mãe e minha mãe de Sirlei. 
Sirlei casou novamente e me levou para morar com ela, mas não deu certo 
com o meu padrasto. Então, fui morar no Paraná com meu tio, irmão 
da Sirlei. Ele era muito bom, mas sua esposa era muito má. Todos os 
dias era um pesadelo; meu tio saía para trabalhar e voltava tarde. Já faz 
dezenove anos que meu tio João Mattos morreu. Ele foi o meu pai, que 
me levava todos os dias às 3 horas da madrugada para a Perdigão. Devo 
muito também à minha tia Lurdes que me ensinou a ser dona de casa. 
Os anos passaram, eu casei com 17 anos; com 18 anos tive meu primeiro 
filho, William. Sempre trabalhei como diarista e o levava junto comigo 
para o trabalho, com frio, chuva, vento e sol. Nunca perdi sequer um 
dia de trabalho. Cinco anos depois, nasceu o John e William cuidava 
dele à tarde para que eu pudesse trabalhar. Mas eu estava pensando em 
conseguir um trabalho com carteira assinada, férias e décimo terceiro. 
Então peguei minha carteira de trabalho, fiz um teste em uma empresa e 
passei. No entanto, tinha estudado apenas três séries e a empresa me fez
assinar um termo de compromisso para que eu voltasse a estudar. 
Dois anos depois, nasceu Kim e parei de trabalhar e estudar. Vivia apenas 
para a minha família e esqueci-me de mim. Quando Kim tinha 6 anos, 
voltei a estudar e a trabalhar como diarista. Um dia, eu estava com o 
rádio ligado e o locutor falou que estavam precisando de uma auxiliar de 
cozinha. Fui até o local informado e fui contratada. Comecei a trabalhar 
e encontrei o que gostava realmente de fazer: cozinhar! Depois de dois 
anos, eu me tornei uma cozinheira profissional! 
Mas minha felicidade durou pouco. Fiquei doente e não posso mais 
cozinhar, pois não tenho mais forças para mexer com as panelas. O doutor 
me disse que não sabe se meus braços vão voltar a ser como antes. Tudo 
isso aconteceu depois que me separei e meus dois filhos mais novos foram 
morar com o pai. Willian, meu filho mais velho, hoje tem 28 anos e é 
doutor com doutorado. Eu sempre digo que ele nasceu para brilhar. Não 
é fácil ficar longe dos filhos, das pessoas que você mais ama no mundo, 
mas se eles estão bem e felizes, eu também fico feliz. A maior felicidade 
de uma mãe é ver a felicidade dos filhos. 
Acredito que todo o meu esforço valeu a pena. Como eu disse no começo, 
minha vida não foi um conto de fadas, enfrentei muitos obstáculos. Já 
faz quatro anos que me separei e hoje posso dizer que estou tentando ser 
feliz: encontrei um novo amor. Ele tem 46 anos e é o meu príncipe. Não é 
fácil viver longe dos meus meninos, eu os amo tanto! Eu sinto que, apesar 
de tudo, Deus sempre esteve ao meu lado e, por isso, ainda busco o meu 
final feliz. 
17
Vitória 
Soeli Ribeiro dos Santos 
Meu nome é Soeli e tenho 46 anos. Tenho um filho de 23 
18 
anos e fui casada durante 22 anos. Trabalho em um centro 
de educação infantil e adoro o que faço, tanto que já faz 
14 anos e nem senti o tempo passar. 
Hoje me sinto realizada, vitoriosa, já que há 19 anos tive um sério problema 
de saúde e precisei de uma cirurgia. Tive um aneurisma cerebral. Acredito 
que houve um milagre na minha vida, pois não fiquei com nenhuma 
sequela. Hoje levo uma vida normal: posso dançar e ouvir músicas! 
Parecem coisas simples, mas para mim não há nada melhor do que dançar 
e ouvir músicas alegres, que celebrem a vida! É muito bom poder viver 
e ter saúde. Sou uma mulher de bem com a vida. Espero encontrar um 
grande amor e ser feliz até quando Deus permitir.
Encontros e desencontros do amor 
Vou contar a história de uma velha conhecida minha, cujo 
nome não revelarei. Com quinze anos ela descobriu o 
primeiro amor. Mas seus pais eram contra o relacionamento, 
pois, além de ela ser muito jovem e ter problemas de saúde, precisava 
trabalhar. Aos dezessete anos foi para a cidade a fim de trabalhar e 
melhorar de vida. Foi nessa época que ela conheceu outro rapaz. Mas, 
depois de nove meses, seus irmãos começaram a implicar com o namoro 
e mais uma vez o amor foi interrompido. O tempo passou e ela teve mais 
uma oportunidade para amar. Mas depois de quatro anos, em virtude da 
bebida, eles terminaram o relacionamento. 
Então, ela continuou a trabalhar e a fazer outros tratamentos de saúde. Ela 
veio para Videira e depois de vários anos teve uma paixão. No entanto, 
não teve um final feliz: por causa da bebida ela sofreu mais uma vez! 
Com trinta e dois anos ela foi a Porto Alegre para fazer uma cirurgia e, por 
acaso, conheceu um rapaz chamado Michel. Um ano depois da cirurgia, 
voltou para uma consulta em Florianópolis e encontrou o Alfredo, que 
também se tratava lá. Eles voltaram para casa juntos e dois meses depois 
19 
Ivone Casagrande
pediu que ela fosse com ele em uma consulta. Depois disso, ele a convidou 
para morar com ele e ela foi! Eles estão juntos até hoje. 
E o que há de especial nessa história? Parece ter um final feliz, não é 
mesmo? No entanto, há algum tempo, ela me contou que ficou sabendo 
notícias de seu grande amor: ele estava em Porto Alegre! Michel, o rapaz 
que conheceu e se apaixonou no passado. Só que hoje ela é comprometida 
e ele está sofrendo lá onde mora. 
Fiquei muito admirada com essa linda história de amor. Eu vi nos olhos 
da minha amiga a grande admiração que ela ainda guarda, daquele amor 
perdido do passado. E o mais interessante é saber que no fundo ela ainda 
espera a concretização desse amor verdadeiro que a espera. 
20
Trajetória 
Eu me chamo Janes Maria Danielli. Sou natural do Rio Grande do 
Sul. Morei com meus pais até os seis anos de idade na cidade de 
Passo Fundo. Quando minha mãe faleceu, meus quatro irmãos 
(Vilma, Alberto, Oldemar e Madalena) e eu morávamos a cada ano em um 
lugar até meus treze anos de idade, quando nos mudamos para a cidade 
de Machadinho. 
Morei com meu pai até meus 17 anos, quando me casei com Carlos 
Menosso e fui morar em Paim Filho, onde fiquei por dez anos e tive três 
filhos: Roberto, Reli e Maximino. 
Em 1990, viemos para Videira, em Santa Catarina, para trabalhar na 
Perdigão e compramos uma casa no bairro Farroupilha. Que alegria ver 
meu maior sonho realizado: ter uma casa com o suor do nosso trabalho. 
E quando compramos o nosso carro? Que alegria! Não são apenas coisas 
materiais, pois a felicidade maior é poder dar conforto aos meus filhos, 
genro, nora e meus quatro netos. Felicidade é poder ter dado uma casa 
para cada filho e poder ver a felicidade nos seus olhos. 
21 
Janes Maria Danielli
A viagem inesquecível 
Lucimar Pariz 
Há alguns anos, lembro que eu estava muito doente e não sabia 
22 
o que tinha. Nessa época fui com o curso de Secretariado 
conhecer as Cataratas do Iguaçu. Quando me lembro de 
algum momento especial na minha vida, recordo dessa viagem, com o 
curso de Secretariado. Conhecer as Cataratas, o museu dos animais, fazer 
compras no Paraguai, conhecer pontos turísticos da Argentina e lugares 
os quais nunca esquecerei! Tudo muito lindo e bem cuidado. Também 
visitamos a Usina Hidrelétrica de Itaipu. Foi uma viagem maravilhosa que 
nunca esquecerei. 
Algum tempo depois desse passeio, tive o diagnóstico de insuficiência 
renal; foi um período muito difícil da minha vida. Mas mesmo com todas 
as adversidades, quando ficava triste, voltava meus pensamentos para 
aqueles lugares lindos, que tive a oportunidade de conhecer e pensava: 
viver vale a pena!
Sou filha de uma família muito humilde e me casei muito cedo. Tive 
quatro filhos e com apenas 24 anos já estava separada. Quando 
nos separamos, cada um ficou com dois filhos, mas pouco tempo 
depois todos estavam morando comigo. Foi muito difícil, pois nunca 
recebi nem um centavo de pensão, mas nunca faltou nada a meus filhos! 
Sempre trabalhei muito para conseguir manter a casa e hoje, com 54 anos, 
já estou aposentada por tempo de serviço e tenho 8 netos. 
Quando penso na vida e olho para minha família, percebo que temos 
problemas, como qualquer família, mas também vejo uma família 
abençoada. Passei por muitas provações, mas Deus me sustentou, 
dando-me forças para continuar. Para o futuro, desejo apenas cuidar de 
tudo aquilo que conquistei, apesar de tantos espinhos que encontrei no 
caminho. 
23 
Família, minha benção! 
Lourdes Ribeiro
Samambaiais, Violetas e 
Begônias 
Oliva M.R. Danielli 
Em 1967 me casei com Antonio Danielli e fui morar com os pais 
24 
dele. Minha sogra me ajudou muito a criar meus filhos. Depois 
de 24 anos de casada, meus sogros faleceram com apenas quatro 
meses de diferença um do outro. Meus filhos casaram, só a Marilda não 
casou. Ela ficou conosco. Ela faleceu há um ano e quatro meses. Quando 
as pessoas nos deixam, sempre fica algo: Marilda nos deixou saudades, 
samambaias, violetas e begônias, que hoje cuido com muito amor e 
carinho.
Soneto inesquecível 
Marilene Aparecida da Silva 
Quando penso em algo bonito, lembro-me do texto de Albert 
25 
Einstein: 
“Pode ser que um dia deixemos de nos falar… Mas, enquanto houver 
amizade, Faremos as pazes de novo. Pode ser que um dia o tempo passe… 
Mas, se a amizade permanecer, Um de outro se há de lembrar. Pode ser 
que um dia nos afastemos… Mas, se formos amigos de verdade, A amizade 
nos reaproximará. Pode ser que um dia não mais existamos… Mas, se 
ainda sobrar amizade, Nasceremos de novo, um para o outro. Pode ser que 
um dia tudo acabe… Mas, com a amizade construiremos tudo novamente, 
Cada vez de forma diferente. Sendo único e inesquecível cada momento 
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre. Há duas formas 
para viver a sua vida: Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é 
acreditar que todas as coisas são um milagre.”
Meus filhos, minha vida! 
Sonia Regina Ramos de Souza 
Às vezes, a história de uma vida toda pode ser contada em poucas 
26 
linhas, de maneira simples. Mas só Deus sabe os detalhes de tudo 
o que vivi, dos dias que chorei e sofri com o peso das minhas 
responsabilidades. Eu tenho três filhos e sofri muito para criá-los. Fui 
mãe e pai e trabalhei muito para dar o que eles precisavam. Hoje, quando 
olho para meus filhos, todos já casados, só vejo coisas boas. Eles hoje 
me ajudam muito e me deram quatro lindos netos. Eles são minha força, 
minha missão cumprida. Eu consegui, com a graça de Deus! Os momentos 
mais felizes da minha vida foram quando meus filhos nasceram; eles são 
a minha fortaleza! Não quero mais saber de lembrar do passado, quero 
enterrar os momentos tristes. Daqui para frente, vou cuidar da minha 
família, que é o que tem mais valor no mundo!
Minha história não é muito boa; é sofrida, mas diz o ditado: 
“A vida de cada um de nós dá uma novela”. 
Nasci em Aparecida, onde há grandes festas religiosas. 
As pessoas vão a pé, pagando promessas e fazendo pedidos. 
Meus pais eram pobres, tinham apenas três alqueires de terra e 
precisávamos plantar nas terras dos outros. Como diz o ditado, “Cada 
um por si e Deus por todos”. Nós éramos uma família grande: pai, mãe e 
mais oito irmãos. Por isso, todos tinham que trabalhar desde pequenos. 
Como a terra era arrendada, boa parte da colheita de trigo ia para o dono 
do terreno. 
Certo dia, eu tinha já 18 anos e estávamos capinando a roça de milho 
quando minha tia chegou e disse: “Gente, a casa de vocês queimou tudo!” 
Minha tia sentou-se em uma pedra e estávamos bem preocupadas, pois 
tínhamos deixado em casa três crianças com 6, 4 e dois aninhos. A tia 
falou que elas estavam bem, que a neném estava dormindo, mas a mais 
velha a salvou. Na roça estavam a mamãe, eu e três irmãos; meu pai estava 
em outras bandas trabalhando. 
Ao chegar perto da casa, avistamos as árvores todas queimadas e quanto 
mais nos aproximávamos da casa, aumentava a nossa tristeza. Queimou 
tudo! Não sobrou nada! Ficamos apenas com a pior muda de roupas, 
27 
O incêndio e a solidariedade 
Ivanir Pariz
pois na roça íamos com as roupas remendadas e muitas vezes descalços. 
Tínhamos apenas um calçado para irmos à missa ou à cidade. Mas naquele 
momento não tínhamos nada além das cinzas. Minha mãe sentou em um 
tronco de árvore, chorava e gritava: “Meu Deus! Por que isso?”. E nós 
ficávamos todos ao redor dela chorando também, pois não havia mais 
nada a fazer. 
Era uma tarde de setembro e o sol foi se pondo. Papai chegou e os vizinhos 
ficaram bem preocupados. “E agora? O que vamos fazer? Onde vamos 
dormir? O que vamos comer?” 
Meu tio, irmão da minha mãe, falou para irmos para a casa dele, mas lá 
havia mais sete pessoas e não daria para acomodar tanta gente. Então, 
meus irmãos foram para a casa de amigos vizinhos e minhas irmãs 
pequenas e eu fomos para a casa do meu tio com meus pais. 
No outro dia bem cedo começaram a chegar as doações, como carne, 
comida e móveis. Não eram novos, mas servia muito para quem nada 
tinha. A casa do meu tio não era muito grande e fomos empilhando como 
dava. 
Muitos anos ainda vão se passar e acredito que essa história jamais sairá 
da minha cabeça. Apesar de toda aquela tragédia de perdermos o pouco 
que tínhamos, pudemos contar com a solidariedade. Disso também jamais 
esquecerei. 
28
A reconstrução 
Eu sempre achei que eu fosse uma pessoa forte, como uma 
parede de concreto. Até o dia 23 de março de 2012, quando em 
um acidente de caminhão perdi meu amado filho, que tinha 
apenas 33 anos. Quem já passou por isso sabe que não há dor maior no 
mundo; é como se alguém tivesse retirado meu coração sem anestesia. 
Meu marido, que já estava se tratando de um câncer, não resistiu ao choque 
de perder o amado filho e também faleceu treze dias depois. Eu fiquei sem 
meus dois amores, fiquei sem chão, sem nada. Eu, que acreditava ser forte 
como uma parede de concreto, virei apenas pó. 
Na nossa vida nós cultivamos sonhos, alguns sonham alto, querem tudo. 
Eu sempre sonhei em ter uma família, sonhei em vê-los com saúde ao 
meu lado, apenas isso... e, de repente, eu não tinha mais nada! 
O tempo passou e meu coração ainda não cicatrizou, ainda sangra. Mas 
eu continuo a viver, sem saber a razão. Quando me pediram para contar 
uma história, a história da minha vida, eu me perguntei: “Que vida?”, pois 
a cada passo que dou eu me pergunto: “Por quê?”. 
Não sei se algum dia voltarei a ser aquela parede forte, não sei se voltarei 
a sorrir, mas estou tentando me reconstruir e me reerguer do pó, com um 
“tijolo” por dia. Hoje tenho certeza de que meu marido e meu filho não 
gostariam que eu perdesse a razão de viver, então, eu construo “minha 
parede” todos os dias por amor a eles. Quem sabe um dia, por amor, eu 
volte a sorrir. 
29 
Lucia Rosa Machado
Ester, um presente de Deus 
Iris Deves 
Em uma bela manhã eu ouvi o telefone tocar: era a minha neta 
30 
me ligando desesperada! Minha filha havia caído ao descer a 
rua da sua casa e não conseguia se mover. Quando cheguei lá, 
minha filha estava caída no meio da rua chorando e não conseguia se 
movimentar, pois sentia muita dor. Eu a ajudei a levantar-se e a levei ao 
hospital. Lá fizeram radiografias e viram que seu pé estava quebrado em 
três lugares e necessitaria de pinos. Então, ela fez a cirurgia e ficou por 
um ano com gesso e muletas. 
Após três meses do acidente, minha filha descobriu que estava grávida. 
Foi uma gravidez de risco, já que sua pressão estava alta. Em todos os 
dias de consulta, o médico a deixava internada em observação. Quando 
ela estava no sexto mês de gestação ela foi internada novamente; sua 
pressão não regularizava, mesmo tomando medicamentos e o médico não 
conseguia ouvir os batimentos cardíacos do bebê. Com isso, o médico a 
internou na UTI neonatal em Lages e lá nasceu a nossa princesa, com 
apenas 970 gramas. Ester, minha netinha maravilhosa, ficou cinquenta e 
oito dias em Lages. 
Na véspera do Natal, Deus nos deu um presente maravilhoso: Ester teve 
alta e veio para casa. Após alguns dias, percebemos que ela não ganhava
peso, só aumentava sua barriga. O médico achava normal, pois ela havia 
nascido prematuramente. Então, nós a levamos a outro médico, pois 
não aceitávamos que aquilo fosse normal, já que mesmo com todos os 
cuidados, com 7 meses ela pesava 3,9 kg. Ao verificar o caso, o doutor 
Amarildo a encaminhou ao hospital para fazer os exames e constataram 
que seu intestino estava trancado. Com isso, encaminham Ester às pressas 
para Chapecó, a fim de ser submetida a uma cirurgia. 
Graças a Deus, tudo ocorreu bem; em cinco dias ela voltou para casa. 
Ester ficou bem por dez dias; depois disso, o intestino trancou novamente. 
Voltamos a Chapecó e nossa princesinha passou por uma nova cirurgia. 
Hoje Ester é uma criança saudável, cheia de vida e só nos dá alegrias. 
Quem viu aquele bebê tão pequeno e frágil jamais acreditaria que se 
trata da mesma criança. Um ser tão pequeno, iniciando a vida com tantos 
desafios! É muito emocionante contar essa história e ver que tudo deu 
certo! Ester é nosso presente, um presente de Deus! 
31
Toma lá, dá cá 
Lurdes R. Heemonn 
Esta é uma história que poderia ter um final trágico, mas foi até 
32 
engraçada. 
São outros tempos! Algum tempo atrás, se uma mulher fosse 
traída, não poderia sequer reclamar ao marido; sofria calada. Se um 
homem descobrisse a traição de uma mulher, jogava-a fora de casa, sem 
nada ou poderia ser espancada ou assassinada em nome da honra! Mas 
hoje os tempos são outros... 
Eu tinha um vizinho muito safado! A mulher dele trabalhava à noite e 
ele aproveitava para traí-la, na casa dela, a cada noite com uma mulher 
diferente. Um dia, a mulher descobriu o que ele fazia e fez a mesma 
coisa: arranjou um amante e o levava para casa todos os dias. Quando ele 
descobriu o que ela fazia, deu a maior bronca e ela disse: “Fiz o mesmo 
que você!” Então, depois de muita discussão, eles pediram perdão e 
prometeram se respeitarem para sempre. Um final feliz, afinal, “toma lá 
dá cá”!
Em um dia muito frio, próximo do anoitecer do dia 20 de agosto de 
1975, eu nasci. Em um tempo em que os partos eram realizados 
pelas parteiras, a que fez o parto da minha mãe biológica me 
levou para ser adotada por um casal que não podia ter filhos. Meus novos 
pais me receberam à meia-noite do mesmo dia, com muita alegria. Eles 
me deram de tudo o que eu precisava para uma criança crescer, todos os 
cuidados, mas principalmente amor! 
Aos dezesseis anos me casei com meu noivo. A festa foi muito linda, com 
parentes e amigos. Ficamos morando com meus pais e tivemos três lindos 
filhos: Deyvidi, Daiane e Dyame. Eles são minha herança do céu, meus 
amores. 
Sempre digo a meus filhos que não temos o sangue da família de meus 
pais adotivos, mas temos o essencial: amor e carinho! O que é um laço de 
sangue diante de um forte laço de amor? 
Tivemos dificuldades e doenças na caminhada da vida, mas com a ajuda 
de Deus chegamos juntos até hoje, firmes! Moro há 32 anos em Videira 
e há dezessete anos meu esposo teve um câncer maligno do pâncreas. 
Tivemos um milagre, pois sem nenhum remédio ou tratamento ele foi 
curado e hoje está com toda a saúde e vigor. Isso aconteceu pois nunca 
33 
Laços de amor 
Dioneide Aparecida Ferreira dos Santos
perdemos a fé! 
Cremos que nosso caminho ainda é longo e teremos forças para continuar. 
Ainda há muito que aprender e viver. Medos e angústias podem aparecer 
em nosso caminho, mas enquanto houver amor e fé, encontraremos 
forças para superá-los. 
34
Vou contar a história de uma velha conhecida minha, cujo 
nome não revelarei. Com quinze anos ela descobriu o 
primeiro amor. Mas seus pais eram contra o relacionamento, 
pois, além de ela ser muito jovem e ter problemas de saúde, precisava 
trabalhar. Aos dezessete anos foi para a cidade a fim de trabalhar e 
melhorar de vida. Foi nessa época que ela conheceu outro rapaz. Mas, 
depois de nove meses, seus irmãos começaram a implicar com o namoro 
e mais uma vez o amor foi interrompido. O tempo passou e ela teve mais 
uma oportunidade para amar. Mas depois de quatro anos, em virtude da 
bebida, eles terminaram o relacionamento. 
Mesmo com tantos desencontros amorosos, ela continuou sua vida, 
trabalhando e fazendo tratamentos de saúde. Não me lembro ao certo 
quando essa minha amiga veio para Videira, mas sei que depois de vários 
anos ela teve uma paixão. No entanto, não teve um final feliz: por causa 
da bebida ela sofreu mais uma vez! 
Com trinta e dois anos ela foi a Porto Alegre para fazer uma cirurgia e, por 
acaso, conheceu um rapaz chamado Michel. Um ano depois da cirurgia, 
voltou para uma consulta em Florianópolis e encontrou o Alfredo, que 
também se tratava lá. Eles voltaram para casa juntos e dois meses depois 
pediu que ela fosse com ele a uma consulta. Depois disso, ele a convidou 
35 
Encontros e desencontros do 
amor 
Ivone Casagrande
para morar com ele e ela aceitou! Eles estão juntos até hoje. 
E o que há de especial nessa história? Parece ter um final feliz, não é 
mesmo? No entanto, há algum tempo, ela me contou que ficou sabendo 
notícias de seu grande amor: ele estava em Porto Alegre! Michel, o rapaz 
que conheceu e se apaixonou no passado. Só que hoje ela é comprometida 
e ele está sofrendo lá onde mora. 
Fiquei muito admirada com essa linda história de amor. Eu vi nos olhos 
da minha amiga a grande admiração que ela ainda guarda, daquele amor 
perdido do passado. E o mais interessante é saber que no fundo ela ainda 
espera a concretização desse amor verdadeiro que a espera. 
36
Minha trajetória de vida 
Eu me chamo Joelma Morais de Souza, natural de Videira, tenho 
35 anos. Venho de uma família de catorze irmãos; fui a primeira 
filha. Depois que meus pais tiveram cinco filhos homens, tive 
uma infância muito sofrida. Aos oito anos, eu cozinhava, lavava roupas 
e ainda cuidava dos meus irmãos menores porque meus pais precisavam 
trabalhar para nos sustentar. 
Aos 22 anos eu me casei com um rapaz chamado Edemar e tive minha 
primeira filha com dez anos de casada. Infelizmente, Deus a quis para 
Ele, mas depois de dois anos nasceu nosso segundo filho, Eliezer. Depois 
veio o Samuel e depois de cinco anos nasceu o Gustavo. Todos estão com 
muita saúde e, por isso, somos muito felizes. 
Quando eu lembro daquela infância difícil, não guardo mágoa em meu 
coração, mas quero dar o melhor a minha família. Apesar de tudo, eu me 
considero uma pessoa abençoada. 
37 
Joelma Morais
Uma criança graciosa 
Graciosa Vanz 
A minha infância foi muito boa. Eu brincava muito com as 
38 
minhas irmãs! Minhas brincadeiras favoritas eram pular corda, 
jogar peteca e bolinha de gude. Fui a última dos sete filhos. Fui 
muito amada pelos meus pais e irmãos mais velhos. Nasci em um dia de 
Páscoa. Minha irmã mais velha já estava com doze anos e nem sabia que 
nossa mãe teria um bebê. Ela foi à missa cedo e, quando voltou, encontrou 
uma criança: uma menina. Ela nos conta que cantou e gritou o dia todo de 
felicidade. Até hoje nós nos amamos muito.
Certo dia, nasceu Angelita, uma menina linda, cheia de graça. 
Ela cresceu cheia de amor e carinho. Os anos se passaram e ela 
foi crescendo. Angelita estudou até quando foi possível, pois 
suas condições não permitiram que ela continuasse seus estudos. 
Com o passar do tempo, ela sentia que havia uma missão para ela neste 
mundo. Então ela foi atrás de seus sonhos. Nesse caminho, encontrou uma 
pessoa com quem desejou partilhar sua vida e formar uma família. Mas, 
como a vida não é um mar de rosas, ela passou por muitas dificuldades. 
Mesmo assim, ela não perdeu a esperança, sempre confiando em Deus. 
Ela sempre pensou que nem mesmo em dias em que a chuva cai e nos 
meses dos anos em que as folhas caem e secam, não devemos desanimar! 
Por isso, devemos sempre regar nossa vida como se fosse a coisa mais 
preciosa e tentar enxergar as coisas boas. 
Depois que Angelita passou por um grande desafio, decidiu ter atitudes 
diferentes, como aproveitar mais a vida e curtir seus filhos e família. 
Deus faz milagres em nossas vidas. Ela aprendeu que “além do horizonte 
existe um lugar bonito e tranquilo pra gente se amar” e viver em paz! 
“Um dia, a luz da vida se apagou, mas veio o Senhor e acendeu. Deu 
um brilho nos olhos e acendeu a chama da vida”. Por isso, apesar das 
dificuldades, nunca abandone quem te deu a mão. 
39 
Uma vida Dani Vicari Zago
Uma filha de Deus 
Odila G. Koch 
Eu me casei muito jovem. Meu marido bebia e, por isso, foi 
40 
muito ruim para os nossos filhos e para mim. Por conta do 
vício do meu marido, trabalhei em dobro na roça e nos aviários. 
Morávamos em propriedades rurais como empregados. 
Meus filhos são muito unidos e nunca me incomodaram. Eles são meu 
tesouro! Tive oito filhos, mas Deus me levou um. Fomos muito pobres e 
hoje me considero uma pessoa muito feliz, pois tenho minha casa própria, 
seis netos e cinco netas. Graças a Deus, meu marido não bebe há 15 anos. 
Eu os amo muito. Minha família é a razão da minha felicidade.
Era uma vez uma menina muito sofrida. Essa é a minha história: 
cresci, fiquei adolescente e casei. Depois do casamento, minha 
vida foi dedicada ao meu marido, aos filhos e ao serviço. 
Tive sete filhos; o mais novo nasceu com um problema e sofri com isso 
durante quatro anos. Depois de quinze dias no hospital ele veio a falecer, 
mas com Deus fui tocando a vida. Mais tarde, meu marido faleceu e foi o 
fim da picada! Meu marido era ciumento e eu acabava ficando só em casa, 
nunca tinha entrado em um mercado, nem em um banco; ele era quem 
fazia os negócios na cidade. Depois que ele morreu, isso me causou muito 
sofrimento! Eu só trabalhava e nunca tinha tempo para mim. 
Mas, com fé em Deus, superei tudo isso. Agora vou fazer o que sempre 
quis: novas amizades e pintura, graças ao Programa Mulheres Mil. 
41 
Era uma vez... Leodi 
Leodi Lima de Paula
Projeto familiar 
Luiza Hupalo 
Em 1984, fui contratada como voluntária para trabalhar na 
42 
prefeitura de Laranjeiras do Sul, no Paraná, por um ano. Eu ficava 
na prefeitura meio período e no outro íamos para a periferia. 
Era um projeto familiar no qual deveríamos ir até as periferias distribuir 
preservativos e anticoncepcionais para as mulheres. Um dia chegamos 
à casa de Mariazinha e Antônia e tínhamos que fazer a demonstração 
de como usar os preservativos. Então, levamos um pedaço de cabo de 
vassoura para mostrar como se colocava a camisinha. A Mariazinha não 
podia mais tomar os comprimidos porque fazia mal, então demos a ela as 
camisinhas. Já a Antônia podia tomar os comprimidos. 
Nesse programa, a mulher que chegasse a engravidar teria por um ano 
roupas para o bebê e leite, mas nós tínhamos que fazer a cabeça delas para 
que elas não engravidassem, somente quando fosse planejado. Certo dia, 
Mariazinha e Antônia apareceram para fazer a ficha para gestante, então 
perguntei: “E as camisinhas?” e uma delas me respondeu: “Doutora Luiza, 
eu encapei todas as vassouras, até as dos vizinhos, mas não adiantou... eu 
estou grávida!”. Em seguida, perguntei a Antônia o que havia acontecido 
com os anticoncepcionais e ela me respondeu: “Eu doei para a vizinha, 
pois o filho dela ficou com dor de barriga e demos os comprimidos para 
ele. Então, fiquei sem e engravidei!”.
Trabalhei nesse programa durante seis meses; já faz muito tempo que isso 
aconteceu, mas ainda me lembro e me divirto com as histórias que ouvi. 
43
O monjolo e a vaca 
Lenira Antunes de Matos 
Aos quinze anos, eu morava em uma colônia com meus pais. Nos 
44 
fundos do terreno havia um rio, onde gostávamos de tomar 
nosso banho e brincar. Mas como gostávamos de plantar os 
alimentos, descascar arroz, fazer canjicas e tratar dos animais, papai 
resolveu montar um monjolo que é formado por uma haste de madeira 
suspensa de forma que a parte que suporta o pau do pilão maior que a 
outra, que termina por um recipiente que enche com a água de uma calha, 
fazendo assim levantar o pau do pilão. Quando está cheio o cocho, este 
faz baixar a haste e, quando o cocho despeja a água, a outra extremidade 
cai sobre o pilão. No monjolo, fazíamos farinha de beiju. 
Em um belo dia, mamãe colocou milho para moer farinha e quando foi 
pegá-la, não tinha nem o milho, nem a farinha; só havia uma vaca com o 
focinho cheio de farinha. Nem as vacas conseguem esconder seus erros, 
coitadas! Mas que a vaca ficou satisfeita ficou! Mesmo com dor na cara! 
Monjolo
No dia 10 de abril de 2000, casei toda bonita e cheia de sonhos 
com Vanderlei dos Santos. No dia 7 de agosto do mesmo ano 
nasceu Willian, minha riqueza. Quando o peguei no colo, senti 
uma felicidade inexplicável: vontade de chorar, sorrir. Depois de algum 
tempo, decidimos ter outro filho e no dia 3 de março de 2002 nasceu a 
Ariane, minha princesa! 
A minha vida parecia um conto de fadas, mas foi então que começaram 
as mentiras e traições. Sete anos foi o tempo que durou o meu conto de 
fadas, pois perdi tudo! Meu marido me trocou por uma moça muito mais 
jovem, vendeu nossa casa e tudo o que tínhamos. O pior de tudo foi que 
minha ex-sogra ficou com o meu filho e entrei em depressão. Em virtude 
disso, saí do emprego; minha única alegria era a minha princesinha e mais 
nada! Tive que recomeçar do nada. 
No meio de tanta decepção, conheci uma pessoa incrível, Sidmar Boniatti, 
então resolvi me arriscar em um novo amor. Já faz quatro anos que estamos 
juntos. Neste tempo, minha sogra conseguiu levar também a minha 
princesinha e hoje ela tem a guarda dos meus dois filhos. Mas eu ganhei 
um presente lindo de Deus, ele se chama Marco Aurélio (Marquinho). Ele 
veio para preencher o vazio que ficou no meu coração pela falta dos meus 
dois tesouros. 
45 
Nunca é tarde para recomeçar 
Odete Aparecida Mineiro Santos
Hoje, sempre que levanto, minha força é maior. Aprendi que todo dia é um 
recomeço; isso meu filho Marquinho me ensina todos os dias. Meu marido 
é mais que um companheiro, ele é o meu chão. É ele quem estende a mão 
e não me deixa cair quando tropeço. Aprendi também que a felicidade se 
constrói a cada dia e que minha maior riqueza são meus filhos: Willian, 
Ariane e Marquinhos. 
46
Quando uma avó ama um neto 
Elizete Aparecida Morais 
Yuri Bocca foi meu primeiro neto, um lindo menino. No dia do 
seu nascimento, por causa da infecção na bexiga durante a 
gravidez de sua mãe, ele nasceu com infecção no sangue. Sem 
perceber a infecção, logo depois do seu nascimento, quando sua mãe já 
estava no quarto, levaram-no para amamentá-lo, mas ele chorava muito. 
Yuri nasceu às 13h15min e fiquei com ele até anoitecer, pois o parto foi 
cesariana. Perto de anoitecer eu ainda estava com minha filha e meu neto. 
Quando ele dormiu, fui vê-lo e percebi que estava gelado. Achei muito 
estranho, pois estava com roupas bem quentinhas. Diante disso, chamei 
as enfermeiras que me disseram que era normal. Briguei muito com elas! 
Disse a elas que eu já era mãe de três filhos e nunca havia visto uma coisa 
daquelas. Pedi que chamassem o médico com urgência! O médico veio e o 
levou para fazer alguns exames que constataram uma infecção no sangue. 
Com o diagnóstico do médico, levaram-no para uma incubadora na ala do 
berçário e fizeram um pequeno corte embaixo do bracinho dele, colocando 
um pequeno tubo para retirar toda aquela infecção. Ele ficou seis dias na 
incubadora sem tomar leite materno, somente no soro e medicamentos. 
Yuri ficou mais quatro dias em observação e depois ganhou alta. Então, 
dia 30 de julho de 2009, fomos todos para casa muito felizes. 
47
Em uma manhã enquanto eu lavava a calçada de minha casa, meu neto 
brincava com seu amiguinho Vinícius, que mora em frente a minha casa. 
Eles brincavam na garagem de casa quando o pai do Vinícius chegou. Ele 
logo foi de encontro ao pai e meu neto Yuri, que na época tinha 4 anos, 
foi atrás dele e não deu tempo de atravessar a rua. O pai do Vinícius o 
atropelou, passando por cima do pé dele. 
Quando olhei meu neto caído no chão no meio da rua gritando e chorando, 
saí correndo. Quando cheguei perto, só vi sangue que não parava de sair. 
Então, nesse momento, meu neto olhou pra mim e disse: “vó, cuide de 
mim! Ele quebrou o meu pé!”. Ao vê-lo daquele jeito, só pedi a Deus 
que não tivesse quebrado nada, pois seu tênis havia rasgado. Um tempo 
depois, chegou o SAMU e fizeram os primeiros socorros. Depois, levaram-no 
48 
para o hospital Divino Salvador. Eu fiquei ao lado dele o tempo todo e 
ele repetia: “vó, cuide de mim! Ele quebrou o meu pé!”. 
No hospital, Yuri foi atendido imediatamente e foi medicado em por causa 
da dor. Graças a Deus tudo foi apenas um susto: só havia saído um pedaço 
da pele de cima do pezinho, não chegou a quebrar. Logo fomos para casa 
e tudo ficou bem. Depois desse acidente, ele ficou com pouco de medo de 
ir para a rua, mas hoje eu percebo que Deus é grande e sempre o protegeu 
de todo o mal. 
Quando uma avó ama seus netos, é capaz de fazer qualquer coisa. Tive 
muito medo de perdê-lo quando ele nasceu e tive medo de que ele sofresse 
no dia do acidente. Participei de momentos muito tensos com meu netinho 
e faria qualquer coisa para protegê-lo. De uma coisa meu neto nunca terá 
dúvida: sempre o amarei e estarei do seu lado, enquanto Deus permitir.
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Livro do Projeto Mulheres Mil

  • 1. 1
  • 2.
  • 3. Nossa vida, nossas histórias: experiências de Mulheres Mil 2014
  • 4. Título original: Nossa vida, nossas histórias: experiências de Mulheres Mil Organização Karla Goularte da Silva Gründler; Marizete Bortolanza Spessatto; Natalia Palhoza Marizete Bortolanza Spessatto e Karla Goularte Direção Rosangela Aguiar Adam Raul Eduardo Fernandez Sales Coordenação de Extensão Angela Maria Crotti da Rosa Apoio Literatura na Rede http://literatura-na-rede.blogspot.com.br/ Fotos Vitor Hugo Rebellato Projeto Gráfico CECOM - IFC Câmpus Videira
  • 5.
  • 6. 6 Vida e escrita: projeto de incentivo à leitura e à escrita com as participantes do Programa Mulheres Mil O projeto de extensão Literatura na Rede, desenvolvido desde 2012, visa promover ações que motivem a leitura e a escrita dos alunos do IFC de Videira. Muitos alunos já participaram através de gincanas de arrecadação de livros, formação das minibibliotecas nas salas de aula (em parceria com o projeto Livro na sala de aula: minibibliotecas e formação de leitores – IFC 2012/2013), publicação de contos e comentários, mesas-redondas sobre leitura, peças teatrais e vídeos. Muitos estudantes se envolveram nessas atividades, desde o Ensino Médio até a graduação. No segundo semestre de 2014, uma das propostas do projeto é incentivar a leitura e produção textual das participantes do Programa Mulheres Mil. O Projeto Mulheres Mil está inserido no conjunto de prioridades das políticas públicas do Governo, combatendo a violência contra a mulher e possibilitando o acesso à educação. Ele é desenvolvido no campus do IFC-Videira desde 2013, com atividades de pintura e produção de sabonetes artesanais; além dessas atividades, as participantes têm aulas de Ética e Cidadania, Língua Portuguesa, noções de administração e informática. Essas atividades têm o intuito de garantir o acesso à educação profissional e à elevação da escolaridade das participantes. Nas aulas de língua portuguesa, com as professoras Karla Goularte da Silva Gründler e Marizete Bortolanza Spessatto, foram trabalhadas diversas formas de expressão verbal e contação de histórias. Com o término das aulas, surgiu a ideia de inseri-las no projeto Literatura na Rede, dando assim continuidade aos trabalhos de leitura e produção textual. A ideia inicial foi produzir textos com as histórias de cada participante e, a partir delas, criar um “livro” com essas produções. O objetivo da atividade é valorizar a produção das alunas, incentivando-as a ler e a escrever. O ponto de partida para a atividade foi ressaltar que todos têm uma história para contar, uma memória, algo bom da infância, da juventude ou mesmo um momento que marcou sua vida para sempre. Ao ouvirmos as histórias tão marcantes dessas mulheres, decidimos incentivá-las a escrevê-las para, posteriormente, uni-las em uma coletânea. O resultado disso tudo são as histórias a seguir que, com muito orgulho, apresentamos aos leitores.
  • 7. 7 Sumário Mulheres de mil histórias 8 Os rostos por trás das narrativas 9 Nossa vida, nossas histórias 10 Ensinar e aprender 11 Memórias 13 Minha Melhor Amiga e Eu 15 À procura da felicidade 16 Vitória 18 Encontros e desencontros do amor 19 Trajetória 21 A viagem inesquecível 22 Família, minha benção! 23 Samambaiais, Violetas e Begônias 24 Soneto inesquecível 25 Meus filhos, minha vida! 26 O incêndio e a solidariedade 27 A reconstrução 29 Ester, um presente de Deus 30 Toma lá, dá cá 32 Laços de amor 33 Encontros e desencontros do amor 35 Minha trajetória de vida 37 Uma criança graciosa 38 Uma vida 39 Uma filha de Deus 40 Era uma vez... Leodi 41 Projeto familiar 42 O monjolo e a vaca 44 Nunca é tarde para recomeçar 45 Quando uma avó ama um neto 47
  • 8. Natalia Palhoza Mulheres de mil histórias Foi a partir do projeto “Literatura na Rede”, do qual faço parte 8 como bolsista, que tive a oportunidade de conhecer um pouco mais do programa “Mulheres Mil”. Quando recebi o convite para ingressar no processo de produção do livro, não tinha ideia de quão especial este trabalho se tornaria justamente por se tratar de histórias de vida reais. Já na primeira análise dos textos fiquei emocionada e me envolvi completamente com as personagens verdadeiras que ilustram cada trecho das histórias. Foi impossível não chorar nos momentos tristes, rir nos engraçados ou suspirar com cada final feliz. Em uma segunda-feira de sol linda realizei a leitura das histórias para as Mulheres Mil, próximo ao lago maravilhoso do IFC Videira enquanto, ao mesmo tempo, nossas autoras eram fotografadas pelo profissional Vitor Hugo. A emoção estampada no rosto de cada mulher ao ouvir sua história narrada por outra voz foi tocante e, certamente, nunca sairá de minha memória. Foram momentos de risos, de lágrimas e recordações de situações marcantes na vida delas, tanto de imensa felicidade, quanto de desafios superados. O que ficou, ao final da leitura das histórias, foi a certeza de que não tinha diante de mim mulheres comuns, mas verdadeiras vitoriosas, guerreiras que precisam ser conhecidas por suas trajetórias de vida. Mães dedicadas, avós corujas, trabalhadoras incansáveis, sonhadoras natas: mulheres em suas mil facetas, com suas mil histórias... Estas sim estou certa de que são dignas de serem chamadas de heroínas, verdadeiras Mulheres Maravilhas do mundo real.
  • 9. Os rostos por trás das narrativas Eu conheci o Projeto Mulheres Mil através da Natalia e foi ela quem sugeriu que eu realizasse as fotografias que iriam ilustrar o livro. Até então eu havia apenas lido suas histórias e baseando-me somente nisso, a “imagem” que eu tinha delas foi sendo construída. Eu imaginava mulheres tristes e sem vontade de viver, face àquelas dificuldades que elas mesmas narraram, mas isto mudou quando as conheci pessoalmente. O dia estava lindo, o que torna a paisagem do IFC perfeita para uma tarde de retratos. De um lado, à beira do lago, eu fotografava as autoras do projeto, e de outro, a Natalia narrava a história de vida daquelas mulheres. Acostumado a ver o mundo por trás de uma câmera, não pude deixar de me tocar com o sorriso espontâneo das Mulheres Mil ao ficarem diante de minhas lentes. A timidez inicial é natural, mas aos pouco elas foram se soltando, deixando suas belezas transparecerem a cada imagem registrada. Cada traço dos rostos delas nos mostra um pouco das provas que o passado lhe impôs. Os olhares, por sua vez, denunciam que já viram muita coisa nesta vida e brilhavam de emoção ao serem ouvintes suas próprias histórias. Mas o que se destaca são os sorrisos sinceros que elas conseguem transmitir, estes sim carregados de vitórias e de superação. Espero ter cumprido a mais difícil das missões: traduzir, em uma imagem, um pouco do que as Mulheres Mil nos contam com suas presenças. 9 Vitor Hugo Rebellato
  • 10. Nossa vida, nossas histórias Mari Bortolanza Spessatto Aprendemos na escola a admirar grandes autores e suas grandes 10 obras literárias. Com eles conhecemos mais sobre a vida, os sentimentos, as alegrias e misérias deste mundo. Mas não são só escritores renomados que têm a nos contar e que conseguem imprimir beleza nas palavras que imortalizam grandes sentimentos no papel. Este livro é um exemplo disso. Desafiamos, eu, a professora e amiga Karla e a estudante de Pedagogia e poetisa Natalia, aos grupos de mulheres que participam do programa Mulheres Mil no câmpus do IFC Videira, em 2014, a escrever, a pôr no papel suas vidas. Recebemos de presente este livro que compartilhamos com todos vocês. Cada uma das autoras, ao partilhar suas histórias, ajuda-nos a rever nossos pontos de vista, a relativizar sofrimentos, a pensar que a beleza da vida está ao nosso lado. Basta o olhar sensível de quem enfrenta as dificuldades com perseverança para perceber. Aprendi muito com a experiência de trabalho junto ao Mulheres Mil. E vejo a vida sob diferentes perspectivas acompanhando cada uma dessas histórias de flores, dores e amores apresentadas aqui.
  • 11. Ensinar e aprender Karla Goularte da Silva Gründler Afinal, que histórias são dignas de serem contadas? Quem merece ser protagonista? O que faz com que uma história seja interessante? Pois bem: eu digo que todos nós temos uma história interessante para contar, pelo simples fato de existirmos e de construirmos nossa própria história. A minha história com as Mulheres Mil começou quando minha amiga Marizete Bortolanza Spessatto me falou sobre o projeto Mulheres Mil. Fiquei muito curiosa, pois ouvia as histórias que ela contava e cada vez mais minha curiosidade aumentava. Em 2013, o projeto começou em Videira e atuei como docente de Língua Portuguesa. Foi um grande desafio, principalmente porque eu achava que ensinaria, mas eu mais aprendi do que ensinei. Em 2014, quando a professora Mari e eu pedimos para que nossas alunas contassem suas histórias, muitas diziam que não sabiam escrever direito, ou que suas histórias não eram interessantes para serem contadas. Mesmo assim insistimos! Cada uma contou e escreveu do seu jeito, com toda a sua emoção. E essa emoção nos contagiou! Choramos, sorrimos e ficamos orgulhosas! A mesma emoção foi sentida pela estudante de Pedagogia Natalia Palhosa, que fez um lindo trabalho, narrando à beira do lago as 11 “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. (Pedagogia da Autonomia - Paulo Freire).
  • 12. histórias dessas guerreiras da vida real. O fotógrafo profissional Vitor Hugo Rebellato registrou e também viveu esse momento conosco. Cada linha escrita por essas mulheres é um degrau a mais na escada da superação do abandono, das tristezas, dos desencontros e das perdas. Por isso, eu gostaria de agradecer a todos os parceiros que caminharam lado a lado para que esta coletânea fosse produzida. Agradeço também às protagonistas dessas histórias, as Mulheres Mil, que nos emocionaram e nos ensinaram a ver a beleza na sua forma mais pura, na simplicidade. 12
  • 13. Memórias Sempre fui uma jovem muito trabalhadeira. Lembro-me de que eu era o “Gipinho do papai”. Meu pai me chamava de “Gipinho” porque eu era sempre ligeira quando estávamos na roça. O pai me mandava buscar um vinho e eu me lembro que ia correndo. Meus irmãos se distraíam com tudo no meio do caminho e meu pai ficava bravo. Nós tínhamos um burrico e sempre íamos buscar pasto com ele. Meu irmão mais velho ia na frente e amarrava os capins, quando eu passava em cima do burrico, ele tropeçava e eu caía... acho que meus irmãos tinham ciúmes porque nosso pai gostava muito de mim e, por isso, eles me judiavam muito. Eu também tinha uma irmã mais velha e nós íamos buscar mandioca para o gado. Lembro que ela nunca queria sujar as mãos. Ela dizia “Eu arranco e tu quebra”, “Eu abro e tu põe no saco”. E eu fazia o serviço sujo. Minha irmã mais velha era muito corajosa. Um dia, na época da minha adolescência, ela me disse que enfrentava todas as vacas e eu disse: “Duvido você enfrentar a Pintada!”. Então ela disse: “Está bem!” e lá foi ela em direção à vaca. Então, ela chegou perto da vaca, agarrou nos chifres e a Pintada fazia minha irmã voar pra lá e pra cá. Ela não soltava os chifres e eu me matava de tanto dar risadas. Ela era corajosa, mas nem tanto! No final, ela já estava pedindo para chamar a mãe, que segurou a 13 Odete Ema Dal Pizzol
  • 14. Pintada para ela sair. Em uma Quarta-feira de Cinzas, minhas três amigas e eu lá do sítio íamos na Matriz receber cinzas. Foi então que meu irmão resolveu aprontar uma sacanagem para quando chegássemos em casa. Era uma noite bem escura, não havia a claridade da Lua. Perto da nossa casa tinha um morro, então ele pegou uma capa preta do meu pai e ficou abaixado no trilho da rua, no pé do morro. Quando nós passamos, vimos um bicho preto e corremos morro acima e ele corria atrás de nós chutando pedras. Nunca mais esqueci do susto e do medo que passamos naquele dia! Com 17 anos, conheci um rapaz que não era membro da nossa igreja, mas ia à igreja comigo. Um dia ele me desafiou: “Se você me convencer que a tua é verdadeira, eu vou contigo e se eu te convencer você vem comigo!”. Então, ele me convenceu eu fui com ele. Nós nos casamos, tivemos três filhas e hoje todas são casadas, tenho três genros e três netos, por enquanto. Tenho um marido que me respeita e nos amamos muito. São 36 anos de casamento. É muito bom poder relembrar as histórias vividas, minhas memórias. Pensar no meu querido pai, na vida na roça... tudo tão diferente do que é hoje. Eu me considero uma pessoa realizada e feliz, dentro das minhas possibilidades. 14
  • 15. Minha melhor amiga era muito pobre, quando conseguiu começar a construir a sua casa adoeceu seriamente. Eu a ajudei a arrecadar doações de parentes e amigos e ela conseguiu morar na casa dos seus sonhos. E esse sonho durou pouco! Nós éramos irmãs do coração; sabíamos tudo uma da outra! Eu olhava pela janela da cozinha e via a casa dela de longe. Durante a sua doença, eu ia visitá-la toda a semana para tomarmos chimarrão, comer pipoca doce que ela adorava. Passávamos uma tarde gostosa e isso era muito bom para ambas. Nós nunca passamos um aniversário longe uma da outra. Quando eu estava hospitalizada, justo no meu aniversário, lá estava ela ao lado da minha cama. Por isso, hoje eu não faço nem bolo, porque ela não está mais entre nós. Já faz quase três anos que ela se foi. Parei de trabalhar por motivo de saúde e me vi sozinha. Gosto muito de plantas, tenho coleção de orquídeas, mas, mesmo assim, faltava algo. Por isso comecei a participar do Programa Mulheres Mil. Gostei tanto que já estou no segundo ano! Fiz muitas amigas e estou muito bem. Mas minha grande amiga estará sempre no meu coração. Superar perdas é preciso! Tocar a vida em frente também! Mas amizades verdadeiras vão além da vida e da morte. 15 Minha Melhor Amiga e Eu Maria Neusa Dalmolin
  • 16. À procura da felicidade Silvana Aparecida Kopp Meu nome é Silvana e minha vida não é um conto de fadas. 16 Quando criança, não conheci meu pai, pois ele faleceu quando eu tinha 2 meses. Minha mãe veio trabalhar em uma casa de família em Videira e só ia me ver uma vez por mês. Então, comecei a chamar meus avós de pai e mãe e minha mãe de Sirlei. Sirlei casou novamente e me levou para morar com ela, mas não deu certo com o meu padrasto. Então, fui morar no Paraná com meu tio, irmão da Sirlei. Ele era muito bom, mas sua esposa era muito má. Todos os dias era um pesadelo; meu tio saía para trabalhar e voltava tarde. Já faz dezenove anos que meu tio João Mattos morreu. Ele foi o meu pai, que me levava todos os dias às 3 horas da madrugada para a Perdigão. Devo muito também à minha tia Lurdes que me ensinou a ser dona de casa. Os anos passaram, eu casei com 17 anos; com 18 anos tive meu primeiro filho, William. Sempre trabalhei como diarista e o levava junto comigo para o trabalho, com frio, chuva, vento e sol. Nunca perdi sequer um dia de trabalho. Cinco anos depois, nasceu o John e William cuidava dele à tarde para que eu pudesse trabalhar. Mas eu estava pensando em conseguir um trabalho com carteira assinada, férias e décimo terceiro. Então peguei minha carteira de trabalho, fiz um teste em uma empresa e passei. No entanto, tinha estudado apenas três séries e a empresa me fez
  • 17. assinar um termo de compromisso para que eu voltasse a estudar. Dois anos depois, nasceu Kim e parei de trabalhar e estudar. Vivia apenas para a minha família e esqueci-me de mim. Quando Kim tinha 6 anos, voltei a estudar e a trabalhar como diarista. Um dia, eu estava com o rádio ligado e o locutor falou que estavam precisando de uma auxiliar de cozinha. Fui até o local informado e fui contratada. Comecei a trabalhar e encontrei o que gostava realmente de fazer: cozinhar! Depois de dois anos, eu me tornei uma cozinheira profissional! Mas minha felicidade durou pouco. Fiquei doente e não posso mais cozinhar, pois não tenho mais forças para mexer com as panelas. O doutor me disse que não sabe se meus braços vão voltar a ser como antes. Tudo isso aconteceu depois que me separei e meus dois filhos mais novos foram morar com o pai. Willian, meu filho mais velho, hoje tem 28 anos e é doutor com doutorado. Eu sempre digo que ele nasceu para brilhar. Não é fácil ficar longe dos filhos, das pessoas que você mais ama no mundo, mas se eles estão bem e felizes, eu também fico feliz. A maior felicidade de uma mãe é ver a felicidade dos filhos. Acredito que todo o meu esforço valeu a pena. Como eu disse no começo, minha vida não foi um conto de fadas, enfrentei muitos obstáculos. Já faz quatro anos que me separei e hoje posso dizer que estou tentando ser feliz: encontrei um novo amor. Ele tem 46 anos e é o meu príncipe. Não é fácil viver longe dos meus meninos, eu os amo tanto! Eu sinto que, apesar de tudo, Deus sempre esteve ao meu lado e, por isso, ainda busco o meu final feliz. 17
  • 18. Vitória Soeli Ribeiro dos Santos Meu nome é Soeli e tenho 46 anos. Tenho um filho de 23 18 anos e fui casada durante 22 anos. Trabalho em um centro de educação infantil e adoro o que faço, tanto que já faz 14 anos e nem senti o tempo passar. Hoje me sinto realizada, vitoriosa, já que há 19 anos tive um sério problema de saúde e precisei de uma cirurgia. Tive um aneurisma cerebral. Acredito que houve um milagre na minha vida, pois não fiquei com nenhuma sequela. Hoje levo uma vida normal: posso dançar e ouvir músicas! Parecem coisas simples, mas para mim não há nada melhor do que dançar e ouvir músicas alegres, que celebrem a vida! É muito bom poder viver e ter saúde. Sou uma mulher de bem com a vida. Espero encontrar um grande amor e ser feliz até quando Deus permitir.
  • 19. Encontros e desencontros do amor Vou contar a história de uma velha conhecida minha, cujo nome não revelarei. Com quinze anos ela descobriu o primeiro amor. Mas seus pais eram contra o relacionamento, pois, além de ela ser muito jovem e ter problemas de saúde, precisava trabalhar. Aos dezessete anos foi para a cidade a fim de trabalhar e melhorar de vida. Foi nessa época que ela conheceu outro rapaz. Mas, depois de nove meses, seus irmãos começaram a implicar com o namoro e mais uma vez o amor foi interrompido. O tempo passou e ela teve mais uma oportunidade para amar. Mas depois de quatro anos, em virtude da bebida, eles terminaram o relacionamento. Então, ela continuou a trabalhar e a fazer outros tratamentos de saúde. Ela veio para Videira e depois de vários anos teve uma paixão. No entanto, não teve um final feliz: por causa da bebida ela sofreu mais uma vez! Com trinta e dois anos ela foi a Porto Alegre para fazer uma cirurgia e, por acaso, conheceu um rapaz chamado Michel. Um ano depois da cirurgia, voltou para uma consulta em Florianópolis e encontrou o Alfredo, que também se tratava lá. Eles voltaram para casa juntos e dois meses depois 19 Ivone Casagrande
  • 20. pediu que ela fosse com ele em uma consulta. Depois disso, ele a convidou para morar com ele e ela foi! Eles estão juntos até hoje. E o que há de especial nessa história? Parece ter um final feliz, não é mesmo? No entanto, há algum tempo, ela me contou que ficou sabendo notícias de seu grande amor: ele estava em Porto Alegre! Michel, o rapaz que conheceu e se apaixonou no passado. Só que hoje ela é comprometida e ele está sofrendo lá onde mora. Fiquei muito admirada com essa linda história de amor. Eu vi nos olhos da minha amiga a grande admiração que ela ainda guarda, daquele amor perdido do passado. E o mais interessante é saber que no fundo ela ainda espera a concretização desse amor verdadeiro que a espera. 20
  • 21. Trajetória Eu me chamo Janes Maria Danielli. Sou natural do Rio Grande do Sul. Morei com meus pais até os seis anos de idade na cidade de Passo Fundo. Quando minha mãe faleceu, meus quatro irmãos (Vilma, Alberto, Oldemar e Madalena) e eu morávamos a cada ano em um lugar até meus treze anos de idade, quando nos mudamos para a cidade de Machadinho. Morei com meu pai até meus 17 anos, quando me casei com Carlos Menosso e fui morar em Paim Filho, onde fiquei por dez anos e tive três filhos: Roberto, Reli e Maximino. Em 1990, viemos para Videira, em Santa Catarina, para trabalhar na Perdigão e compramos uma casa no bairro Farroupilha. Que alegria ver meu maior sonho realizado: ter uma casa com o suor do nosso trabalho. E quando compramos o nosso carro? Que alegria! Não são apenas coisas materiais, pois a felicidade maior é poder dar conforto aos meus filhos, genro, nora e meus quatro netos. Felicidade é poder ter dado uma casa para cada filho e poder ver a felicidade nos seus olhos. 21 Janes Maria Danielli
  • 22. A viagem inesquecível Lucimar Pariz Há alguns anos, lembro que eu estava muito doente e não sabia 22 o que tinha. Nessa época fui com o curso de Secretariado conhecer as Cataratas do Iguaçu. Quando me lembro de algum momento especial na minha vida, recordo dessa viagem, com o curso de Secretariado. Conhecer as Cataratas, o museu dos animais, fazer compras no Paraguai, conhecer pontos turísticos da Argentina e lugares os quais nunca esquecerei! Tudo muito lindo e bem cuidado. Também visitamos a Usina Hidrelétrica de Itaipu. Foi uma viagem maravilhosa que nunca esquecerei. Algum tempo depois desse passeio, tive o diagnóstico de insuficiência renal; foi um período muito difícil da minha vida. Mas mesmo com todas as adversidades, quando ficava triste, voltava meus pensamentos para aqueles lugares lindos, que tive a oportunidade de conhecer e pensava: viver vale a pena!
  • 23. Sou filha de uma família muito humilde e me casei muito cedo. Tive quatro filhos e com apenas 24 anos já estava separada. Quando nos separamos, cada um ficou com dois filhos, mas pouco tempo depois todos estavam morando comigo. Foi muito difícil, pois nunca recebi nem um centavo de pensão, mas nunca faltou nada a meus filhos! Sempre trabalhei muito para conseguir manter a casa e hoje, com 54 anos, já estou aposentada por tempo de serviço e tenho 8 netos. Quando penso na vida e olho para minha família, percebo que temos problemas, como qualquer família, mas também vejo uma família abençoada. Passei por muitas provações, mas Deus me sustentou, dando-me forças para continuar. Para o futuro, desejo apenas cuidar de tudo aquilo que conquistei, apesar de tantos espinhos que encontrei no caminho. 23 Família, minha benção! Lourdes Ribeiro
  • 24. Samambaiais, Violetas e Begônias Oliva M.R. Danielli Em 1967 me casei com Antonio Danielli e fui morar com os pais 24 dele. Minha sogra me ajudou muito a criar meus filhos. Depois de 24 anos de casada, meus sogros faleceram com apenas quatro meses de diferença um do outro. Meus filhos casaram, só a Marilda não casou. Ela ficou conosco. Ela faleceu há um ano e quatro meses. Quando as pessoas nos deixam, sempre fica algo: Marilda nos deixou saudades, samambaias, violetas e begônias, que hoje cuido com muito amor e carinho.
  • 25. Soneto inesquecível Marilene Aparecida da Silva Quando penso em algo bonito, lembro-me do texto de Albert 25 Einstein: “Pode ser que um dia deixemos de nos falar… Mas, enquanto houver amizade, Faremos as pazes de novo. Pode ser que um dia o tempo passe… Mas, se a amizade permanecer, Um de outro se há de lembrar. Pode ser que um dia nos afastemos… Mas, se formos amigos de verdade, A amizade nos reaproximará. Pode ser que um dia não mais existamos… Mas, se ainda sobrar amizade, Nasceremos de novo, um para o outro. Pode ser que um dia tudo acabe… Mas, com a amizade construiremos tudo novamente, Cada vez de forma diferente. Sendo único e inesquecível cada momento Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre. Há duas formas para viver a sua vida: Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.”
  • 26. Meus filhos, minha vida! Sonia Regina Ramos de Souza Às vezes, a história de uma vida toda pode ser contada em poucas 26 linhas, de maneira simples. Mas só Deus sabe os detalhes de tudo o que vivi, dos dias que chorei e sofri com o peso das minhas responsabilidades. Eu tenho três filhos e sofri muito para criá-los. Fui mãe e pai e trabalhei muito para dar o que eles precisavam. Hoje, quando olho para meus filhos, todos já casados, só vejo coisas boas. Eles hoje me ajudam muito e me deram quatro lindos netos. Eles são minha força, minha missão cumprida. Eu consegui, com a graça de Deus! Os momentos mais felizes da minha vida foram quando meus filhos nasceram; eles são a minha fortaleza! Não quero mais saber de lembrar do passado, quero enterrar os momentos tristes. Daqui para frente, vou cuidar da minha família, que é o que tem mais valor no mundo!
  • 27. Minha história não é muito boa; é sofrida, mas diz o ditado: “A vida de cada um de nós dá uma novela”. Nasci em Aparecida, onde há grandes festas religiosas. As pessoas vão a pé, pagando promessas e fazendo pedidos. Meus pais eram pobres, tinham apenas três alqueires de terra e precisávamos plantar nas terras dos outros. Como diz o ditado, “Cada um por si e Deus por todos”. Nós éramos uma família grande: pai, mãe e mais oito irmãos. Por isso, todos tinham que trabalhar desde pequenos. Como a terra era arrendada, boa parte da colheita de trigo ia para o dono do terreno. Certo dia, eu tinha já 18 anos e estávamos capinando a roça de milho quando minha tia chegou e disse: “Gente, a casa de vocês queimou tudo!” Minha tia sentou-se em uma pedra e estávamos bem preocupadas, pois tínhamos deixado em casa três crianças com 6, 4 e dois aninhos. A tia falou que elas estavam bem, que a neném estava dormindo, mas a mais velha a salvou. Na roça estavam a mamãe, eu e três irmãos; meu pai estava em outras bandas trabalhando. Ao chegar perto da casa, avistamos as árvores todas queimadas e quanto mais nos aproximávamos da casa, aumentava a nossa tristeza. Queimou tudo! Não sobrou nada! Ficamos apenas com a pior muda de roupas, 27 O incêndio e a solidariedade Ivanir Pariz
  • 28. pois na roça íamos com as roupas remendadas e muitas vezes descalços. Tínhamos apenas um calçado para irmos à missa ou à cidade. Mas naquele momento não tínhamos nada além das cinzas. Minha mãe sentou em um tronco de árvore, chorava e gritava: “Meu Deus! Por que isso?”. E nós ficávamos todos ao redor dela chorando também, pois não havia mais nada a fazer. Era uma tarde de setembro e o sol foi se pondo. Papai chegou e os vizinhos ficaram bem preocupados. “E agora? O que vamos fazer? Onde vamos dormir? O que vamos comer?” Meu tio, irmão da minha mãe, falou para irmos para a casa dele, mas lá havia mais sete pessoas e não daria para acomodar tanta gente. Então, meus irmãos foram para a casa de amigos vizinhos e minhas irmãs pequenas e eu fomos para a casa do meu tio com meus pais. No outro dia bem cedo começaram a chegar as doações, como carne, comida e móveis. Não eram novos, mas servia muito para quem nada tinha. A casa do meu tio não era muito grande e fomos empilhando como dava. Muitos anos ainda vão se passar e acredito que essa história jamais sairá da minha cabeça. Apesar de toda aquela tragédia de perdermos o pouco que tínhamos, pudemos contar com a solidariedade. Disso também jamais esquecerei. 28
  • 29. A reconstrução Eu sempre achei que eu fosse uma pessoa forte, como uma parede de concreto. Até o dia 23 de março de 2012, quando em um acidente de caminhão perdi meu amado filho, que tinha apenas 33 anos. Quem já passou por isso sabe que não há dor maior no mundo; é como se alguém tivesse retirado meu coração sem anestesia. Meu marido, que já estava se tratando de um câncer, não resistiu ao choque de perder o amado filho e também faleceu treze dias depois. Eu fiquei sem meus dois amores, fiquei sem chão, sem nada. Eu, que acreditava ser forte como uma parede de concreto, virei apenas pó. Na nossa vida nós cultivamos sonhos, alguns sonham alto, querem tudo. Eu sempre sonhei em ter uma família, sonhei em vê-los com saúde ao meu lado, apenas isso... e, de repente, eu não tinha mais nada! O tempo passou e meu coração ainda não cicatrizou, ainda sangra. Mas eu continuo a viver, sem saber a razão. Quando me pediram para contar uma história, a história da minha vida, eu me perguntei: “Que vida?”, pois a cada passo que dou eu me pergunto: “Por quê?”. Não sei se algum dia voltarei a ser aquela parede forte, não sei se voltarei a sorrir, mas estou tentando me reconstruir e me reerguer do pó, com um “tijolo” por dia. Hoje tenho certeza de que meu marido e meu filho não gostariam que eu perdesse a razão de viver, então, eu construo “minha parede” todos os dias por amor a eles. Quem sabe um dia, por amor, eu volte a sorrir. 29 Lucia Rosa Machado
  • 30. Ester, um presente de Deus Iris Deves Em uma bela manhã eu ouvi o telefone tocar: era a minha neta 30 me ligando desesperada! Minha filha havia caído ao descer a rua da sua casa e não conseguia se mover. Quando cheguei lá, minha filha estava caída no meio da rua chorando e não conseguia se movimentar, pois sentia muita dor. Eu a ajudei a levantar-se e a levei ao hospital. Lá fizeram radiografias e viram que seu pé estava quebrado em três lugares e necessitaria de pinos. Então, ela fez a cirurgia e ficou por um ano com gesso e muletas. Após três meses do acidente, minha filha descobriu que estava grávida. Foi uma gravidez de risco, já que sua pressão estava alta. Em todos os dias de consulta, o médico a deixava internada em observação. Quando ela estava no sexto mês de gestação ela foi internada novamente; sua pressão não regularizava, mesmo tomando medicamentos e o médico não conseguia ouvir os batimentos cardíacos do bebê. Com isso, o médico a internou na UTI neonatal em Lages e lá nasceu a nossa princesa, com apenas 970 gramas. Ester, minha netinha maravilhosa, ficou cinquenta e oito dias em Lages. Na véspera do Natal, Deus nos deu um presente maravilhoso: Ester teve alta e veio para casa. Após alguns dias, percebemos que ela não ganhava
  • 31. peso, só aumentava sua barriga. O médico achava normal, pois ela havia nascido prematuramente. Então, nós a levamos a outro médico, pois não aceitávamos que aquilo fosse normal, já que mesmo com todos os cuidados, com 7 meses ela pesava 3,9 kg. Ao verificar o caso, o doutor Amarildo a encaminhou ao hospital para fazer os exames e constataram que seu intestino estava trancado. Com isso, encaminham Ester às pressas para Chapecó, a fim de ser submetida a uma cirurgia. Graças a Deus, tudo ocorreu bem; em cinco dias ela voltou para casa. Ester ficou bem por dez dias; depois disso, o intestino trancou novamente. Voltamos a Chapecó e nossa princesinha passou por uma nova cirurgia. Hoje Ester é uma criança saudável, cheia de vida e só nos dá alegrias. Quem viu aquele bebê tão pequeno e frágil jamais acreditaria que se trata da mesma criança. Um ser tão pequeno, iniciando a vida com tantos desafios! É muito emocionante contar essa história e ver que tudo deu certo! Ester é nosso presente, um presente de Deus! 31
  • 32. Toma lá, dá cá Lurdes R. Heemonn Esta é uma história que poderia ter um final trágico, mas foi até 32 engraçada. São outros tempos! Algum tempo atrás, se uma mulher fosse traída, não poderia sequer reclamar ao marido; sofria calada. Se um homem descobrisse a traição de uma mulher, jogava-a fora de casa, sem nada ou poderia ser espancada ou assassinada em nome da honra! Mas hoje os tempos são outros... Eu tinha um vizinho muito safado! A mulher dele trabalhava à noite e ele aproveitava para traí-la, na casa dela, a cada noite com uma mulher diferente. Um dia, a mulher descobriu o que ele fazia e fez a mesma coisa: arranjou um amante e o levava para casa todos os dias. Quando ele descobriu o que ela fazia, deu a maior bronca e ela disse: “Fiz o mesmo que você!” Então, depois de muita discussão, eles pediram perdão e prometeram se respeitarem para sempre. Um final feliz, afinal, “toma lá dá cá”!
  • 33. Em um dia muito frio, próximo do anoitecer do dia 20 de agosto de 1975, eu nasci. Em um tempo em que os partos eram realizados pelas parteiras, a que fez o parto da minha mãe biológica me levou para ser adotada por um casal que não podia ter filhos. Meus novos pais me receberam à meia-noite do mesmo dia, com muita alegria. Eles me deram de tudo o que eu precisava para uma criança crescer, todos os cuidados, mas principalmente amor! Aos dezesseis anos me casei com meu noivo. A festa foi muito linda, com parentes e amigos. Ficamos morando com meus pais e tivemos três lindos filhos: Deyvidi, Daiane e Dyame. Eles são minha herança do céu, meus amores. Sempre digo a meus filhos que não temos o sangue da família de meus pais adotivos, mas temos o essencial: amor e carinho! O que é um laço de sangue diante de um forte laço de amor? Tivemos dificuldades e doenças na caminhada da vida, mas com a ajuda de Deus chegamos juntos até hoje, firmes! Moro há 32 anos em Videira e há dezessete anos meu esposo teve um câncer maligno do pâncreas. Tivemos um milagre, pois sem nenhum remédio ou tratamento ele foi curado e hoje está com toda a saúde e vigor. Isso aconteceu pois nunca 33 Laços de amor Dioneide Aparecida Ferreira dos Santos
  • 34. perdemos a fé! Cremos que nosso caminho ainda é longo e teremos forças para continuar. Ainda há muito que aprender e viver. Medos e angústias podem aparecer em nosso caminho, mas enquanto houver amor e fé, encontraremos forças para superá-los. 34
  • 35. Vou contar a história de uma velha conhecida minha, cujo nome não revelarei. Com quinze anos ela descobriu o primeiro amor. Mas seus pais eram contra o relacionamento, pois, além de ela ser muito jovem e ter problemas de saúde, precisava trabalhar. Aos dezessete anos foi para a cidade a fim de trabalhar e melhorar de vida. Foi nessa época que ela conheceu outro rapaz. Mas, depois de nove meses, seus irmãos começaram a implicar com o namoro e mais uma vez o amor foi interrompido. O tempo passou e ela teve mais uma oportunidade para amar. Mas depois de quatro anos, em virtude da bebida, eles terminaram o relacionamento. Mesmo com tantos desencontros amorosos, ela continuou sua vida, trabalhando e fazendo tratamentos de saúde. Não me lembro ao certo quando essa minha amiga veio para Videira, mas sei que depois de vários anos ela teve uma paixão. No entanto, não teve um final feliz: por causa da bebida ela sofreu mais uma vez! Com trinta e dois anos ela foi a Porto Alegre para fazer uma cirurgia e, por acaso, conheceu um rapaz chamado Michel. Um ano depois da cirurgia, voltou para uma consulta em Florianópolis e encontrou o Alfredo, que também se tratava lá. Eles voltaram para casa juntos e dois meses depois pediu que ela fosse com ele a uma consulta. Depois disso, ele a convidou 35 Encontros e desencontros do amor Ivone Casagrande
  • 36. para morar com ele e ela aceitou! Eles estão juntos até hoje. E o que há de especial nessa história? Parece ter um final feliz, não é mesmo? No entanto, há algum tempo, ela me contou que ficou sabendo notícias de seu grande amor: ele estava em Porto Alegre! Michel, o rapaz que conheceu e se apaixonou no passado. Só que hoje ela é comprometida e ele está sofrendo lá onde mora. Fiquei muito admirada com essa linda história de amor. Eu vi nos olhos da minha amiga a grande admiração que ela ainda guarda, daquele amor perdido do passado. E o mais interessante é saber que no fundo ela ainda espera a concretização desse amor verdadeiro que a espera. 36
  • 37. Minha trajetória de vida Eu me chamo Joelma Morais de Souza, natural de Videira, tenho 35 anos. Venho de uma família de catorze irmãos; fui a primeira filha. Depois que meus pais tiveram cinco filhos homens, tive uma infância muito sofrida. Aos oito anos, eu cozinhava, lavava roupas e ainda cuidava dos meus irmãos menores porque meus pais precisavam trabalhar para nos sustentar. Aos 22 anos eu me casei com um rapaz chamado Edemar e tive minha primeira filha com dez anos de casada. Infelizmente, Deus a quis para Ele, mas depois de dois anos nasceu nosso segundo filho, Eliezer. Depois veio o Samuel e depois de cinco anos nasceu o Gustavo. Todos estão com muita saúde e, por isso, somos muito felizes. Quando eu lembro daquela infância difícil, não guardo mágoa em meu coração, mas quero dar o melhor a minha família. Apesar de tudo, eu me considero uma pessoa abençoada. 37 Joelma Morais
  • 38. Uma criança graciosa Graciosa Vanz A minha infância foi muito boa. Eu brincava muito com as 38 minhas irmãs! Minhas brincadeiras favoritas eram pular corda, jogar peteca e bolinha de gude. Fui a última dos sete filhos. Fui muito amada pelos meus pais e irmãos mais velhos. Nasci em um dia de Páscoa. Minha irmã mais velha já estava com doze anos e nem sabia que nossa mãe teria um bebê. Ela foi à missa cedo e, quando voltou, encontrou uma criança: uma menina. Ela nos conta que cantou e gritou o dia todo de felicidade. Até hoje nós nos amamos muito.
  • 39. Certo dia, nasceu Angelita, uma menina linda, cheia de graça. Ela cresceu cheia de amor e carinho. Os anos se passaram e ela foi crescendo. Angelita estudou até quando foi possível, pois suas condições não permitiram que ela continuasse seus estudos. Com o passar do tempo, ela sentia que havia uma missão para ela neste mundo. Então ela foi atrás de seus sonhos. Nesse caminho, encontrou uma pessoa com quem desejou partilhar sua vida e formar uma família. Mas, como a vida não é um mar de rosas, ela passou por muitas dificuldades. Mesmo assim, ela não perdeu a esperança, sempre confiando em Deus. Ela sempre pensou que nem mesmo em dias em que a chuva cai e nos meses dos anos em que as folhas caem e secam, não devemos desanimar! Por isso, devemos sempre regar nossa vida como se fosse a coisa mais preciosa e tentar enxergar as coisas boas. Depois que Angelita passou por um grande desafio, decidiu ter atitudes diferentes, como aproveitar mais a vida e curtir seus filhos e família. Deus faz milagres em nossas vidas. Ela aprendeu que “além do horizonte existe um lugar bonito e tranquilo pra gente se amar” e viver em paz! “Um dia, a luz da vida se apagou, mas veio o Senhor e acendeu. Deu um brilho nos olhos e acendeu a chama da vida”. Por isso, apesar das dificuldades, nunca abandone quem te deu a mão. 39 Uma vida Dani Vicari Zago
  • 40. Uma filha de Deus Odila G. Koch Eu me casei muito jovem. Meu marido bebia e, por isso, foi 40 muito ruim para os nossos filhos e para mim. Por conta do vício do meu marido, trabalhei em dobro na roça e nos aviários. Morávamos em propriedades rurais como empregados. Meus filhos são muito unidos e nunca me incomodaram. Eles são meu tesouro! Tive oito filhos, mas Deus me levou um. Fomos muito pobres e hoje me considero uma pessoa muito feliz, pois tenho minha casa própria, seis netos e cinco netas. Graças a Deus, meu marido não bebe há 15 anos. Eu os amo muito. Minha família é a razão da minha felicidade.
  • 41. Era uma vez uma menina muito sofrida. Essa é a minha história: cresci, fiquei adolescente e casei. Depois do casamento, minha vida foi dedicada ao meu marido, aos filhos e ao serviço. Tive sete filhos; o mais novo nasceu com um problema e sofri com isso durante quatro anos. Depois de quinze dias no hospital ele veio a falecer, mas com Deus fui tocando a vida. Mais tarde, meu marido faleceu e foi o fim da picada! Meu marido era ciumento e eu acabava ficando só em casa, nunca tinha entrado em um mercado, nem em um banco; ele era quem fazia os negócios na cidade. Depois que ele morreu, isso me causou muito sofrimento! Eu só trabalhava e nunca tinha tempo para mim. Mas, com fé em Deus, superei tudo isso. Agora vou fazer o que sempre quis: novas amizades e pintura, graças ao Programa Mulheres Mil. 41 Era uma vez... Leodi Leodi Lima de Paula
  • 42. Projeto familiar Luiza Hupalo Em 1984, fui contratada como voluntária para trabalhar na 42 prefeitura de Laranjeiras do Sul, no Paraná, por um ano. Eu ficava na prefeitura meio período e no outro íamos para a periferia. Era um projeto familiar no qual deveríamos ir até as periferias distribuir preservativos e anticoncepcionais para as mulheres. Um dia chegamos à casa de Mariazinha e Antônia e tínhamos que fazer a demonstração de como usar os preservativos. Então, levamos um pedaço de cabo de vassoura para mostrar como se colocava a camisinha. A Mariazinha não podia mais tomar os comprimidos porque fazia mal, então demos a ela as camisinhas. Já a Antônia podia tomar os comprimidos. Nesse programa, a mulher que chegasse a engravidar teria por um ano roupas para o bebê e leite, mas nós tínhamos que fazer a cabeça delas para que elas não engravidassem, somente quando fosse planejado. Certo dia, Mariazinha e Antônia apareceram para fazer a ficha para gestante, então perguntei: “E as camisinhas?” e uma delas me respondeu: “Doutora Luiza, eu encapei todas as vassouras, até as dos vizinhos, mas não adiantou... eu estou grávida!”. Em seguida, perguntei a Antônia o que havia acontecido com os anticoncepcionais e ela me respondeu: “Eu doei para a vizinha, pois o filho dela ficou com dor de barriga e demos os comprimidos para ele. Então, fiquei sem e engravidei!”.
  • 43. Trabalhei nesse programa durante seis meses; já faz muito tempo que isso aconteceu, mas ainda me lembro e me divirto com as histórias que ouvi. 43
  • 44. O monjolo e a vaca Lenira Antunes de Matos Aos quinze anos, eu morava em uma colônia com meus pais. Nos 44 fundos do terreno havia um rio, onde gostávamos de tomar nosso banho e brincar. Mas como gostávamos de plantar os alimentos, descascar arroz, fazer canjicas e tratar dos animais, papai resolveu montar um monjolo que é formado por uma haste de madeira suspensa de forma que a parte que suporta o pau do pilão maior que a outra, que termina por um recipiente que enche com a água de uma calha, fazendo assim levantar o pau do pilão. Quando está cheio o cocho, este faz baixar a haste e, quando o cocho despeja a água, a outra extremidade cai sobre o pilão. No monjolo, fazíamos farinha de beiju. Em um belo dia, mamãe colocou milho para moer farinha e quando foi pegá-la, não tinha nem o milho, nem a farinha; só havia uma vaca com o focinho cheio de farinha. Nem as vacas conseguem esconder seus erros, coitadas! Mas que a vaca ficou satisfeita ficou! Mesmo com dor na cara! Monjolo
  • 45. No dia 10 de abril de 2000, casei toda bonita e cheia de sonhos com Vanderlei dos Santos. No dia 7 de agosto do mesmo ano nasceu Willian, minha riqueza. Quando o peguei no colo, senti uma felicidade inexplicável: vontade de chorar, sorrir. Depois de algum tempo, decidimos ter outro filho e no dia 3 de março de 2002 nasceu a Ariane, minha princesa! A minha vida parecia um conto de fadas, mas foi então que começaram as mentiras e traições. Sete anos foi o tempo que durou o meu conto de fadas, pois perdi tudo! Meu marido me trocou por uma moça muito mais jovem, vendeu nossa casa e tudo o que tínhamos. O pior de tudo foi que minha ex-sogra ficou com o meu filho e entrei em depressão. Em virtude disso, saí do emprego; minha única alegria era a minha princesinha e mais nada! Tive que recomeçar do nada. No meio de tanta decepção, conheci uma pessoa incrível, Sidmar Boniatti, então resolvi me arriscar em um novo amor. Já faz quatro anos que estamos juntos. Neste tempo, minha sogra conseguiu levar também a minha princesinha e hoje ela tem a guarda dos meus dois filhos. Mas eu ganhei um presente lindo de Deus, ele se chama Marco Aurélio (Marquinho). Ele veio para preencher o vazio que ficou no meu coração pela falta dos meus dois tesouros. 45 Nunca é tarde para recomeçar Odete Aparecida Mineiro Santos
  • 46. Hoje, sempre que levanto, minha força é maior. Aprendi que todo dia é um recomeço; isso meu filho Marquinho me ensina todos os dias. Meu marido é mais que um companheiro, ele é o meu chão. É ele quem estende a mão e não me deixa cair quando tropeço. Aprendi também que a felicidade se constrói a cada dia e que minha maior riqueza são meus filhos: Willian, Ariane e Marquinhos. 46
  • 47. Quando uma avó ama um neto Elizete Aparecida Morais Yuri Bocca foi meu primeiro neto, um lindo menino. No dia do seu nascimento, por causa da infecção na bexiga durante a gravidez de sua mãe, ele nasceu com infecção no sangue. Sem perceber a infecção, logo depois do seu nascimento, quando sua mãe já estava no quarto, levaram-no para amamentá-lo, mas ele chorava muito. Yuri nasceu às 13h15min e fiquei com ele até anoitecer, pois o parto foi cesariana. Perto de anoitecer eu ainda estava com minha filha e meu neto. Quando ele dormiu, fui vê-lo e percebi que estava gelado. Achei muito estranho, pois estava com roupas bem quentinhas. Diante disso, chamei as enfermeiras que me disseram que era normal. Briguei muito com elas! Disse a elas que eu já era mãe de três filhos e nunca havia visto uma coisa daquelas. Pedi que chamassem o médico com urgência! O médico veio e o levou para fazer alguns exames que constataram uma infecção no sangue. Com o diagnóstico do médico, levaram-no para uma incubadora na ala do berçário e fizeram um pequeno corte embaixo do bracinho dele, colocando um pequeno tubo para retirar toda aquela infecção. Ele ficou seis dias na incubadora sem tomar leite materno, somente no soro e medicamentos. Yuri ficou mais quatro dias em observação e depois ganhou alta. Então, dia 30 de julho de 2009, fomos todos para casa muito felizes. 47
  • 48. Em uma manhã enquanto eu lavava a calçada de minha casa, meu neto brincava com seu amiguinho Vinícius, que mora em frente a minha casa. Eles brincavam na garagem de casa quando o pai do Vinícius chegou. Ele logo foi de encontro ao pai e meu neto Yuri, que na época tinha 4 anos, foi atrás dele e não deu tempo de atravessar a rua. O pai do Vinícius o atropelou, passando por cima do pé dele. Quando olhei meu neto caído no chão no meio da rua gritando e chorando, saí correndo. Quando cheguei perto, só vi sangue que não parava de sair. Então, nesse momento, meu neto olhou pra mim e disse: “vó, cuide de mim! Ele quebrou o meu pé!”. Ao vê-lo daquele jeito, só pedi a Deus que não tivesse quebrado nada, pois seu tênis havia rasgado. Um tempo depois, chegou o SAMU e fizeram os primeiros socorros. Depois, levaram-no 48 para o hospital Divino Salvador. Eu fiquei ao lado dele o tempo todo e ele repetia: “vó, cuide de mim! Ele quebrou o meu pé!”. No hospital, Yuri foi atendido imediatamente e foi medicado em por causa da dor. Graças a Deus tudo foi apenas um susto: só havia saído um pedaço da pele de cima do pezinho, não chegou a quebrar. Logo fomos para casa e tudo ficou bem. Depois desse acidente, ele ficou com pouco de medo de ir para a rua, mas hoje eu percebo que Deus é grande e sempre o protegeu de todo o mal. Quando uma avó ama seus netos, é capaz de fazer qualquer coisa. Tive muito medo de perdê-lo quando ele nasceu e tive medo de que ele sofresse no dia do acidente. Participei de momentos muito tensos com meu netinho e faria qualquer coisa para protegê-lo. De uma coisa meu neto nunca terá dúvida: sempre o amarei e estarei do seu lado, enquanto Deus permitir.