Este documento discute o subjetivismo moral. (1) O subjetivismo moral afirma que as verdades morais são relativas ao indivíduo e seus sentimentos e gostos pessoais. (2) Ninguém pode dizer que outra pessoa está errada sobre questões morais desde que seus julgamentos correspondam a seus sentimentos. (3) Isso torna debates morais impossíveis, pois cada um simplesmente expressa seus próprios sentimentos sem possibilidade de estar errado.
1. OS VALORES E A ACÇÃO: A QUESTÃO DA
OBJECTIVIDADE E VERDADE DAS NORMAS E
DOS JUÍZOS MORAIS.
O SUBJECTIVISMO MORAL
A cada indivíduo a sua verdade
2. Subjectivismo Moral
O Subjectivismo moral (SM)
O subjectivismo moral também afirma que há verdades
morais mas rejeita o Relativismo Moral Cultural porque considera
que a verdade é relativa ao indivíduo, às suas crenças, sentimentos e
gostos. Ninguém pode dar lições de moral a ninguém. A cada qual a
sua verdade e assim deve ser. Uma vez que reina a discórdia entre os
seres humanos acerca de questões morais, o subjectivista não admite
que alguém tenha o direito de julgar no lugar dos outros o que é certo
e errado. Cada um de nós, baseado nos seus sentimentos e gostos é
capaz de distinguir o certo do errado. Ninguém é melhor do que os
outros em assuntos morais sendo ilegítimo querer impor a sua
perspectiva aos outros.
3. Subjectivismo Moral
Pode assim perceber que o SM rejeita o RMC. Com efeito, este
consiste na ideia de que a maioria dos membros de uma sociedade é
que determina o certo e o errado em termos morais. Para o
subjectivista moral é inadmissível que a maioria dos membros de
uma cultura tente impor aos outros as suas concepções morais
porque nenhum de nós possui a verdade absoluta sobre estes
assuntos. Não há princípios e normas morais a não ser os que cada
indivíduo escolhe para si mesmo.
O subjectivismo moral é uma forma de relativismo segundo a qual
cada indivíduo responde às questões morais baseado no seu código
moral pessoal e não pode estar errado se os seus juízos
corresponderem aos seus sentimentos. Os nossos juízos morais
baseiam-se nos nossos sentimentos e como os sentimentos são
subjectivos nenhum juízo moral é objectivamente certo ou errado. É
também denominado relativismo individual.
4. Subjectivismo Moral
Suponhamos que o João diz que é correcto matar
animais para comermos a sua carne e o Miguel diz
que esse acto é moralmente reprovável além de
desnecessário. Se adoptarmos o subjectivismo
ético, como avaliaremos estas duas teses? Segundo
o subjectivismo ambos os juízos morais são
verdadeiros porque cada um está em conformidade
com os princípios em que cada um dos indivíduos
acredita. Uma vez que João aceita o princípio de
que matar animais para os comer não é incorrecto,
o seu juízo é verdadeiro para ele. Como Miguel tem
como princípio moral pessoal que é errado matar
animais para esse fim, o seu juízo também é
verdadeiro. Para o subjectivismo moral não tem
sentido perguntar quem está errado acerca da
correcção ou incorrecção moral de matar animais
para os comer. A cada qual a sua opinião de acordo
com aquilo em que acredita e em nenhum caso o
juízo moral de uma pessoa é mais correcto ou
razoável do que o de outra.
5. Subjectivismo Moral
Será esta uma boa resposta ao problema?
As principais críticas ao Subjectivismo Moral:
1. O subjectivismo ético é contraditório ou auto-refutante
O subjectivismo moral afirma que nenhuma perspectiva moral
é mais verdadeira ou melhor do que outra. Mas como o
subjectivismo é também uma perspectiva moral então não é
melhor do que qualquer outra. Contudo, os subjectivistas
acreditam que o absolutismo moral e a crença na existência de
verdades objectivas em ética são perspectivas erradas. Estamos
perante uma contradição.
6. Subjectivismo Moral
2. O subjectivismo moral torna inviável a discussão de
questões morais.
O subjectivismo moral parece sugerir que não podemos dizer que
as opiniões e juízos morais dos outros estão errados. Se as verdades
morais dependem dos sentimentos de aprovação ou de
desaprovação de cada indivíduo basta que os nossos juízos morais
estejam de acordo com os nossos sentimentos para serem
verdadeiros. Um genuíno debate moral em que cada interlocutor
tente convencer o outro das suas razões acerca de algo em que
acredita perde qualquer sentido. Para o subjectivista será mesmo
sinal de intolerância.
7. Subjectivismo Moral
Imaginemos que João defende que o aborto é
errado e que Maria defende que o aborto é
moralmente aceitável. Segundo o subjectivista,
eles não estão realmente em desacordo sobre se o
aborto é ou não moralmente legítimo. Estão
simplesmente a exprimir os seus sentimentos
sobre a moralidade do aborto. Será perda de
tempo que um tente convencer outro de que está
enganado. Se João sente verdadeiramente que o
aborto é errado, ou seja, se desaprova fortemente
essa prática, então esse juízo é verdadeiro. Se o
seu ponto de vista corresponde ao que sente então
é subjectivamente certo. O mesmo se passa com
Maria. Não faz sentido debater ou discutir porque
será conversa de surdos. Cada qual exprime
gostos diferentes e julga que gostos não se
discutem. O que é verdade para ti é verdadeiro e o
que é verdade para mim é verdadeiro e ponto
final.