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As Relações Precoces são as primeiras ligações que um bebé adquire.
Os bebés estabelecem um vínculo afectivo, normalmente com a mãe biológica,
mas também a mãe afectiva e o pai podem estabelecer esse vínculo.
Quando se fala em relações precoces, fala-se também em
desenvolvimento social:
Estas relações e as que vamos desenvolvendo ao longo da vida explicam o
que pensamos, o que sentimos, o que aprendemos. Assim, as relações
precoces são um papel fundamental na construção de relações com os
outros e na construção do eu psicológico. Por isso, quando se fala em
relações precoces também se fala em desenvolvimento social.
Ao contrário do que se pensava, o bebé não é um sujeito
passivo. É, pelo contrário, um sujeito activo. Existe uma
interacção entre o bebé e os progenitores em que ambas as
partes comunicam estados emocionais e respondem de
modo adequado: regulação mútua. O bebé emite sinais
daquilo que pretende e responde, com agrado ou
desagrado, ao tratamento disponibilizado.
A teoria da vinculação surgiu no seguimento de estudos feitos pelo psicanalista
britânico, John Bowlby, acerca da carência afectiva e da perda de ligação
maternal.
A introdução do conceito de vinculação evidencia a necessidade que
existe no bebé em estabelecer contacto e laços afectivos com as pessoas
mais próximas, na maior parte das vezes com a sua mãe.
Segundo Bowlby, é a primeira relação afectiva da criança que, não sendo
fruto de uma aprendizagem, é algo de fundamental para a construção do
seu equilíbrio biológico e emocional.
A ligação que o bebé irá estabelecer com a mãe servirá de base e de
molde para futuras relações da criança.
A teoria de Bowlby representa a tentativa mais exaustiva de
compreender o fenómeno da vinculação. O autor argumentou que , nascendo
completamente dependentes, os bebés estão geneticamente programados para
se comportarem em relação às mães de modo a assegurarem a sua
sobrevivência. O bebé deve , para Bowlby, viver uma relação calorosa, íntima e
contínua com a mãe (ou uma figura materna permanente) na qual ambos
encontrem satisfação e prazer.
Para Bowlby, a construção e a manutenção do vínculo
materno (com a mãe ou com uma figura materna) durante a infância tem um
impacto duradouro e persistente. A perda do vínculo afectivo primordial produz
inevitavelmente no futuro desequilíbrios comportamentais, incapacidade de
cuidar dos outros, falta de profundidade afectiva, insensibilidade à culpa e ao
remorso, ou seja, assinalável deficiência nas relações interpessoais.
As experiências de Harlow provam a necessidade de vinculação
gratificante com a mãe
Harlow, a partir das experiências realizadas com macacos, concluiu que a mãe
funciona como um símbolo de protecção, conforto e segurança.
Este vínculo que se estabelece entre recém – nascido e a mãe, também se
verifica com seres humanos, provando que os laços afectivos positivos servem
de base ao desenvolvimento da criança.
Harlow considerou que a necessidade do contacto físico com a mãe, ou com
outro cuidador, estaria na origem da vinculação, sendo tão importante como a
alimentação na construção dessa relação.
Harlow , separou macacos recém-nascidos das suas mães e, para
verificar se o conforto era mais importante do que o alimento para a
vinculação, colocou-os sucessivamente numa jaula com duas mães –
substitutas artificiais: uma feita de arame e com um biberão preso à zona do
peito; outra feita de tecido felpudo suave e macio mas sem qualquer fonte de
alimentação. Harlow pretendia saber quanto tempo os macacos recém-
separados das suas mães biológicas passariam junto da mãe artificial
equipada com um biberão.
Harlow concluiu que os macacos passavam mais de metade do
tempo agarrados à mãe de tecido felpudo e muito pouco tempo com a de
arame, que fornecia alimento. A necessidade de contacto aconchegante
era uma base mais forte para a formação de um vinculo do que a
Harlow prolongou a experiência introduzindo um urso gigante de peluche
que
Produzia um barulho arrepiante ao bater num tambor. Amedrontados, os
pequenos macacos fugiam e refugiavam-se junto da “mãe” de tecido felpudo
não procurando a “mãe” de arame.
Perante outros novos estímulos, o macaco-bebé afastava-se
progressivamente daquela para uma exploração inicial retornando quando
necessitava de se sentir seguro para posteriores explorações.
O vinculo afectivo só em parte deriva da satisfação de necessidades
biológicas, dependendo fundamentalmente de respostas emocionais
Apesar de muitos cientistas contestarem as conclusões tiradas das experiências de
Harlow, essas conclusões vieram a confirmar-se através das investigações de Spitz.
René Spitz, psiquiatra infantil, designou por hospitalismo o conjunto de
perturbações vividas por crianças institucionalizadas e privadas de
cuidados maternos atraso no desenvolvimento corporal, dificuldades na
habilidade manual e na adaptação ao meio ambiente, atraso na
linguagem. Os efeitos do Hospitalismo, presente nas crianças que foram
abandonadas em orfanatos ou asilos, são duradouros e muitas vezes
irreversíveis.
Podemos apenas observar comportamentos de vinculação e não a vinculação.
Os comportamentos vinculativos podem ser :
 Comportamentos de sinalização
Chorar
Sorrir (Para chamar a mãe/figura vinculativa e mantê-la próxima)
Vocalizar
 Comportamentos de aproximação
Seguir
Agarrar
Trepar
A vinculação tem uma função biológica e psicológica
Manutenção da proximidade da
criança e a protecção da mesma
de eventuais perigos
A criança internaliza o modelo da
relação com a figura materna, o
que lhe proporciona a segurança
necessária para explorar o meio
A qualidade da vinculação varia de criança para criança, podendo a ligação ser mais
ou menos segura.
A qualidade da vinculação foi estudada pela psicóloga Mary Ainsworth por meio de
uma experimentação designada “situação estranha”.
Mary Ainsworth distingue então:
Segura
As crianças choram
perante a ausência da
mãe, mas procuram
contacto físico logo que a
reencontram, acalmando.
Evitante
As crianças
parecem
indiferentes à
ausência da
mãe
Insegura
As crianças manifestam
ansiedade mesmo
antes da mãe se
ausentar e perturbação
quando se ausenta,
hesitando entre a
aproximação e o
afastamento dela
quando esta regressa
Segundo Michael Lamb os bebés também
desenvolvem um forte apego em relação ao
elemento paterno. O papel do pai tem
sofrido, ao longo dos tempos, uma mudança
radical. Enquanto que outrora o pai apenas tinha o dever de impor a
autoridade e de sustentar a família, recentemente, com a emancipação da
mulher, o homem tem vindo a ter um papel mais integrante na vida
familiar, além de partilhar as tarefas com a mulher, ele ajuda a tratar das
crianças, tarefa, tradicionalmente, atribuída à mulher.
Existe uma relação efectiva entre a qualidade da vinculação e o
desenvolvimento social da criança, ou seja, uma vinculação segura implica
uma melhor auto-estima, maior competência social, independência e
confiança.
Vinculação segura proporciona melhor desenvolvimento ao nível
cognitivo,emocional e social

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As relações precoces

  • 1.
  • 2. As Relações Precoces são as primeiras ligações que um bebé adquire. Os bebés estabelecem um vínculo afectivo, normalmente com a mãe biológica, mas também a mãe afectiva e o pai podem estabelecer esse vínculo. Quando se fala em relações precoces, fala-se também em desenvolvimento social: Estas relações e as que vamos desenvolvendo ao longo da vida explicam o que pensamos, o que sentimos, o que aprendemos. Assim, as relações precoces são um papel fundamental na construção de relações com os outros e na construção do eu psicológico. Por isso, quando se fala em relações precoces também se fala em desenvolvimento social.
  • 3. Ao contrário do que se pensava, o bebé não é um sujeito passivo. É, pelo contrário, um sujeito activo. Existe uma interacção entre o bebé e os progenitores em que ambas as partes comunicam estados emocionais e respondem de modo adequado: regulação mútua. O bebé emite sinais daquilo que pretende e responde, com agrado ou desagrado, ao tratamento disponibilizado.
  • 4. A teoria da vinculação surgiu no seguimento de estudos feitos pelo psicanalista britânico, John Bowlby, acerca da carência afectiva e da perda de ligação maternal. A introdução do conceito de vinculação evidencia a necessidade que existe no bebé em estabelecer contacto e laços afectivos com as pessoas mais próximas, na maior parte das vezes com a sua mãe. Segundo Bowlby, é a primeira relação afectiva da criança que, não sendo fruto de uma aprendizagem, é algo de fundamental para a construção do seu equilíbrio biológico e emocional. A ligação que o bebé irá estabelecer com a mãe servirá de base e de molde para futuras relações da criança.
  • 5. A teoria de Bowlby representa a tentativa mais exaustiva de compreender o fenómeno da vinculação. O autor argumentou que , nascendo completamente dependentes, os bebés estão geneticamente programados para se comportarem em relação às mães de modo a assegurarem a sua sobrevivência. O bebé deve , para Bowlby, viver uma relação calorosa, íntima e contínua com a mãe (ou uma figura materna permanente) na qual ambos encontrem satisfação e prazer. Para Bowlby, a construção e a manutenção do vínculo materno (com a mãe ou com uma figura materna) durante a infância tem um impacto duradouro e persistente. A perda do vínculo afectivo primordial produz inevitavelmente no futuro desequilíbrios comportamentais, incapacidade de cuidar dos outros, falta de profundidade afectiva, insensibilidade à culpa e ao remorso, ou seja, assinalável deficiência nas relações interpessoais.
  • 6. As experiências de Harlow provam a necessidade de vinculação gratificante com a mãe Harlow, a partir das experiências realizadas com macacos, concluiu que a mãe funciona como um símbolo de protecção, conforto e segurança. Este vínculo que se estabelece entre recém – nascido e a mãe, também se verifica com seres humanos, provando que os laços afectivos positivos servem de base ao desenvolvimento da criança. Harlow considerou que a necessidade do contacto físico com a mãe, ou com outro cuidador, estaria na origem da vinculação, sendo tão importante como a alimentação na construção dessa relação.
  • 7. Harlow , separou macacos recém-nascidos das suas mães e, para verificar se o conforto era mais importante do que o alimento para a vinculação, colocou-os sucessivamente numa jaula com duas mães – substitutas artificiais: uma feita de arame e com um biberão preso à zona do peito; outra feita de tecido felpudo suave e macio mas sem qualquer fonte de alimentação. Harlow pretendia saber quanto tempo os macacos recém- separados das suas mães biológicas passariam junto da mãe artificial equipada com um biberão. Harlow concluiu que os macacos passavam mais de metade do tempo agarrados à mãe de tecido felpudo e muito pouco tempo com a de arame, que fornecia alimento. A necessidade de contacto aconchegante era uma base mais forte para a formação de um vinculo do que a
  • 8. Harlow prolongou a experiência introduzindo um urso gigante de peluche que Produzia um barulho arrepiante ao bater num tambor. Amedrontados, os pequenos macacos fugiam e refugiavam-se junto da “mãe” de tecido felpudo não procurando a “mãe” de arame. Perante outros novos estímulos, o macaco-bebé afastava-se progressivamente daquela para uma exploração inicial retornando quando necessitava de se sentir seguro para posteriores explorações. O vinculo afectivo só em parte deriva da satisfação de necessidades biológicas, dependendo fundamentalmente de respostas emocionais
  • 9. Apesar de muitos cientistas contestarem as conclusões tiradas das experiências de Harlow, essas conclusões vieram a confirmar-se através das investigações de Spitz. René Spitz, psiquiatra infantil, designou por hospitalismo o conjunto de perturbações vividas por crianças institucionalizadas e privadas de cuidados maternos atraso no desenvolvimento corporal, dificuldades na habilidade manual e na adaptação ao meio ambiente, atraso na linguagem. Os efeitos do Hospitalismo, presente nas crianças que foram abandonadas em orfanatos ou asilos, são duradouros e muitas vezes irreversíveis.
  • 10. Podemos apenas observar comportamentos de vinculação e não a vinculação. Os comportamentos vinculativos podem ser :  Comportamentos de sinalização Chorar Sorrir (Para chamar a mãe/figura vinculativa e mantê-la próxima) Vocalizar  Comportamentos de aproximação Seguir Agarrar Trepar
  • 11. A vinculação tem uma função biológica e psicológica Manutenção da proximidade da criança e a protecção da mesma de eventuais perigos A criança internaliza o modelo da relação com a figura materna, o que lhe proporciona a segurança necessária para explorar o meio
  • 12. A qualidade da vinculação varia de criança para criança, podendo a ligação ser mais ou menos segura. A qualidade da vinculação foi estudada pela psicóloga Mary Ainsworth por meio de uma experimentação designada “situação estranha”. Mary Ainsworth distingue então: Segura As crianças choram perante a ausência da mãe, mas procuram contacto físico logo que a reencontram, acalmando. Evitante As crianças parecem indiferentes à ausência da mãe Insegura As crianças manifestam ansiedade mesmo antes da mãe se ausentar e perturbação quando se ausenta, hesitando entre a aproximação e o afastamento dela quando esta regressa
  • 13. Segundo Michael Lamb os bebés também desenvolvem um forte apego em relação ao elemento paterno. O papel do pai tem sofrido, ao longo dos tempos, uma mudança radical. Enquanto que outrora o pai apenas tinha o dever de impor a autoridade e de sustentar a família, recentemente, com a emancipação da mulher, o homem tem vindo a ter um papel mais integrante na vida familiar, além de partilhar as tarefas com a mulher, ele ajuda a tratar das crianças, tarefa, tradicionalmente, atribuída à mulher.
  • 14. Existe uma relação efectiva entre a qualidade da vinculação e o desenvolvimento social da criança, ou seja, uma vinculação segura implica uma melhor auto-estima, maior competência social, independência e confiança. Vinculação segura proporciona melhor desenvolvimento ao nível cognitivo,emocional e social