1. EEM José Waldemar de Alcantara e Silva
Departamento de Linguagens e Códigos
Secretaria Mucipal de Educação de Salitre
I OLIMPÍADA DE PORTUGUÊS E MATEMÁTICA
Aluno: Série: Ano:
DEBAIXO DA PONTE
Moravam debaixo da ponte. Oficialmente, não é lugar onde se more, porém eles moravam.
Ninguém lhes cobrava aluguel, imposto predial, taxa de condomínio: a ponte é de todos, na parte de
cima; de ninguém, na parte de baixo. Não pagavam conta de luz e gás, porque luz e gás não
consumiam. Não reclamavam contra falta d’água, raramente observada por baixo de pontes.
Problema de lixo não tinham; podia ser atirado em qualquer parte, embora não conviesse atirá-lo em
parte alguma, se dele vinham muitas vezes o vestuário, o alimento, objetos de casa. Viviam debaixo
da ponte, podiam dar esse endereço a amigos, recebê-los, fazê-los desfrutar comodidades internas
da ponte. À tarde surgiu precisamente um amigo que morava nem ele mesmo sabia onde, mas
certamente morava: nem só a ponte é lugar de moradia para quem não dispõe de outro rancho. Há
bancos confortáveis nos jardins, muito disputados; a calçada, um pouco menos propícia; a cavidade
na pedra, o mato. Até o ar é uma casa, se soubermos habitá-lo, principalmente o ar da rua. O que
morava não se sabe onde vinha visitar os de debaixo da ponte e trazer-lhes uma grande posta de
carne. Nem todos os dias se pega uma posta de carne. Não basta procurá-la; é preciso que ela exista,
o que costuma acontecer dentro de certas limitações de espaço e de lei. Aquela vinha até 279eles,
debaixo da ponte, e não estavam sonhando, sentiam a presença física da ponte, o amigo rindo diante
deles, a posta bem pegável, comível. Fora encontrada no vazadouro, supermercado para quem sabe
freqüentá-lo, e aqueles três o sabiam, de longa e olfativa ciência. Comê-la crua ou sem tempero não
teria o mesmo gosto. Um de debaixo da ponte saiu à caça de sal. E havia sal jogado a um canto de
rua, dentro da lata. Também o sal existe sob determinadas regras, mas pode tornar-se acessível
conforme as circunstâncias. E a lata foi trazida para debaixo da ponte.
Debaixo da ponte os três prepararam comida. Debaixo da ponte a comeram. Não sendo
operação diária, cada um saboreava duas vezes: a carne e a sensação de raridade da carne. E iriam
aproveitar o resto do dia dormindo (pois não há coisa melhor, depois de um prazer, do que o prazer
complementar do esquecimento), quando começaram a sentir dores. Dores que foram aumentando,
mas podiam ser atribuídas ao espanto de alguma parte do organismo de cada um, vendo-se
alimentado sem que lhe houvesse chegado notícia prévia de alimento. Dois morreram logo, o
terceiro agoniza no hospital. Dizem uns que morreram da carne, dizem outros que do sal, pois era
soda cáustica. Há duas vagas debaixo da ponte.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Debaixo da ponte. In: Obra Completa,
Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1967, p. 896-897.
01. D1 (SARESP) No primeiro parágrafo, ao introduzir o cenário, o narrador já anuncia o
envenenamento das personagens quando diz :
(A) Ninguém lhes cobrava aluguel.
(B) Não pagavam conta de luz e gás.
(C) Não reclamavam contra falta d’água.
(D) Problema de lixo não tinham.
Aumentam casos de virose misteriosa
Duas pessoas já morreram e dezenas estão apresentando os mesmos sintomas de uma virose
2. provavelmente relacionada à salmonela paratify, em Santarém, no Oeste do Pará. O número de
atendimentos no pronto-socorro municipal triplicou nos últimos dias. Mais de dois mil casos foram
registrados desde janeiro.
(AUMENTAM casos de virose misteriosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. A4, 8 abr. 2003.
Adaptação.)
02. D1 (SARESP) A virose misteriosa
(A) matou centenas de paraenses.
(B) contaminou dezenas de pessoas.
(C) quadriplicou o número de atendimentos.
(D) atingiu cerca de mil habitantes.
Nelson Mandela e “a nova África do Sul”
Em 1999 para a felicidade do mundo inteiro, Nelson Mandela se tornou o primeiro
presidente negro da África do Sul. Depois de 28 anos de prisão por sua luta contra o apartheid,
Mandela foi libertado em 1990 e o então presidente, F. W. de Klerk, pediu-lhe que o ajudasse a pôr
um fim àquele terrível período da história do país. O trabalho de ambos levou a África do Sul a um
recomeço e por isso receberam o Prêmio Nobel da Paz. Em episódios históricos, eles organizaram
eleições livres e pela primeira vez os negros da África do Sul puderam escolher seu governo.
A África do Sul agora tem sua Carta de Direitos, de modo que todos são iguais perante a lei
e igualmente protegidos por ela. Graças a pessoas como Nelson Mandela, esse tipo de
transformação é possível. Ele é um verdadeiro herói dos direitos humanos. Todos temos direitos.
São Paulo: Ática, 1999.
03.D2 (SARESP) O que se pode afirmar após a leitura do texto?
(A) A prisão de Mandela tornou-o capaz de ser presidente.
(B) Na África do Sul, há muito tempo, ocorriam eleições livres.
(C ) Mandela lutou contra as guerrilhas.
(D) A luta de Mandela foi para ter um país livre e justo.
“Histórias para o Rei ”
Nunca podia imaginar que fosse tão agradável a função de contar histórias, para qual fui
nomeado por decreto do Rei. A nomeação colheu-me de surpresa, pois jamais exercitara dotes de
imaginação, e até me exprimo com certa dificuldade verbal. Mas bastou que o Rei confiasse em
mim para que as histórias me jorrassem da boca à maneira de água corrente. Nem carecia inventá-
las. Inventavam-se a si mesmas. Este prazer durou seis meses. Um dia, a Rainha foi falar ao Rei que
eu estava exagerando. Contava tantas histórias que não havia tempo para apreciá-las, e mesmo para
ouvi-las. O Rei, que julgava minha facúndia uma qualidade, passou a considerá-la defeito, e
ordenou que eu só contasse meia história por dia, e descansasse aos domingos. Fiquei triste, pois
não sabia inventar meia história. Minha insuficiência desagradou, e fui substituído por um mudo,
que narra por meio de sinais, e arranca os maiores aplausos.
ANDRADE, Carlos Drummond de
04. D2 (SARESP) No texto História para o rei, não há identificação do lugar onde se passa a
história nem da época em que ela ocorre.
a) O narrador não dispunha desta informação.
b) O reino era pequeno e pouco importante e, por isso, não aparecia no mapa.
c) A história é uma representação do comportamento das pessoas, não importando
onde e quando.
3. d) O narrador preferiu omitir esta informação por causa do comportamento do Rei.
05. D3 (PROVA BRASIL) A expressão sublinhada em “ é ainda um biógrafo de mão cheia” (l. 2 e
(l.3) significa que Scliar é :
(A) Crítico e detalhista
(B) criativo e inconsequente.
(C) habilidoso e talentoso.
(D) inteligente e ultrapassado
Aí pelas Três da Tarde
Nesta sala atulhada de mesas, máquinas e papéis, onde invejáveis escreventes dividiram
entre si o bom senso do mundo, aplicando-se em idéias claras apesar do ruído e do mormaço,
seguros ao se pronunciarem sobre problemas que afligem o homem moderno (espécie da qual você,
milenarmente cansado, talvez se sinta um tanto excluído), largue tudo de repente sob os olhares a
sua volta, componha uma cara de louco quieto e perigoso, faça os gestos mais calmos quanto os tais
escribas mais severos, dê um largo "ciao" ao trabalho do dia, assim como quem se despede da vida,
e surpreenda pouco mais tarde, com sua presença em hora tão insólita, os que estiveram em casa
ocupados na limpeza dos armários, que você não sabia antes como era conduzida. Convém não
responder aos olhares interrogativos, deixando crescer, por instantes, a intensa expectativa que se
instala. Mas não exagere na medida e suba sem demora ao quarto, libertando aí os pés das meias e
dos sapatos, tirando a roupa do corpo como se retirasse a importância das coisas, pondo-se enfim
em vestes mínimas, quem sabe até em pêlo, mas sem ferir o decoro (o seu decoro, está claro), e
aceitando ao mesmo tempo, como boa verdade provisória, toda mudança de comportamento. Feito
um banhista incerto, assome em seguida no trampolim do patamar e avance dois passos como se
fosse beirar um salto, silenciando de vez, embaixo, o surto abafado dos comentários. Nada de
grandes lances. Desça, sem pressa, degrau por degrau, sendo tolerante com o espanto (coitados!)
dos pobres familiares, que cobrem a boca com a mão enquanto se comprimem ao pé da escada.
Passe por eles calado, circule pela casa toda como se andasse numa praia deserta (mas sempre com
a mesma cara de louco ainda não precipitado) e se achegue depois, com cuidado e ternura, junto à
rede languidamente envergada entre plantas lá no terraço. Largue-se nela como quem se larga na
vida, e vá ao fundo nesse mergulho: cerre as abas da rede sobre os olhos e, com um impulso do pé
(já não importa em que apoio), goze a fantasia de se sentir embalado pelo mundo.
(Texto extraído do livro Menina a caminho, Companhia das Letras. São Paulo, 1997. p.71)
4. 06. D3 (SARESP) A expressão “sem ferir o decoro”, no texto, significa :
(A) sem abalar as regras morais.
(B) sem decorar os fatos.
(C) sem ferir os outros.
(D) sem magoar os outros.
06. D4 (SARESP) O sinal de adição e a figura que sugere um raio :
(A) chamam a atenção do leitor, embora guardem pouca relação com a mensagem verbal.
(B) são imagens que dão ênfase aos aspectos mais importantes da mensagem verbal.
(C) contrapõem-se ao sentido da mensagem verbal, causando maior impacto no leitor.
(D) são recursos gráficos intimamente relacionados com o tipo de livros à venda.
07. D4 (BAHIA) Observando a tira, o que significa a expressão “ ...tua bola acabou de conquistar a
liberdade dela!”?
a) A menina chutou a bola.
b) O menino gosta de ter liberdade.
c) A bola foi perdida pela menina.
d) Os meninos querem ser livres.
O Homem de Meia-Idade (Lenda chinesa)
Havia outrora um homem de meia-idade que tinha duas esposas. Um dia, indo até a mais
jovem, esta lhe disse:
— Eu sou moça e você é velho; não gosto de morar com você. Vá habitar com sua esposa
mais velha.
5. Para poder ficar, o homem arrancou da cabeça os cabelos brancos. Mas quando foi visitar a
esposa mais velha, esta lhe disse, por sua vez:
— Eu sou velha e tenho a cabeça branca; arranque, pois, os cabelos pretos que tem.
Então o homem arrancou os cabelos pretos para ficar de cabeça branca. Como repetisse sem
tréguas tal procedimento a cabeça tornou-se-lhe inteiramente calva. A essa altura, ambas as esposas
acharam-no horrível e ambas o abandonram.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, RÓNAI, Paulo, (orgs.) Mar de histórias .
08.D5 (PROVA BRASIL) A idéia central do texto é
(A) o problema da calvície masculina.
(B) a impossibilidade de agradar a todos.
(C) a vaidade dos homens.
(D) a insegurança na meia-idade.
Novo crocodilo pré-histórico descoberto em São Paulo
Encontrados onze esqueletos quase completos de espécie que viveu há 90 milhões de anos.
Um parente distante dos crocodilos atuais que viveu há cerca de 90 milhões de anos acaba de ser
descrito por pesquisadores brasileiros. Onze esqueletos quase completos da espécie primitiva,
chamada "Baurusuchus salgadoensis", foram encontrados no interior do estado de São Paulo, numa
descoberta que já é considerada uma das mais importantes da paleontologia brasileira. A
preservação desses fósseis mostra como podem ter sido as catástrofes ecológicas ocorridas na Terra
no Cretáceo e ajuda a entender as condições do planeta nesse período. A origem da descoberta
remonta ao início dos anos 1990 na cidade de General Salgado (SP), quando um professor do
ensino fundamental e médio encontrou os primeiros fósseis da nova espécie com a ajuda de seus
alunos.
O "Baurusuchus salgadoensis" viveu no período Cretáceo, há cerca de 90 milhões de anos,
quando os continentes ainda estavam reunidos em um grande bloco, chamado Gondwana. Esse
Crocodilo morfo -como são chamados os parentes distantes dos crocodilos atuais - media cerca de
três metros de comprimento e pesava aproximadamente 400 kg. Era carnívoro e suas grandes
mandíbulas faziam dele um excelente predador. Suas pernas eram bem mais longas que as dos
crocodilos de hoje, já que ele precisava andar muito mais tempo sobre o solo, em comparação com
os crocodilos atuais - na época em que o "B. salgadoensis" viveu, a Terra passava por uma situação
climática instável, com grandes períodos de seca e escassez de água. Antes da descoberta do
"Baurusuchus", espécies semelhantes só haviam sido encontradas no Paquistão, na Ásia. Segundo
os pesquisadores, isso pode sugerir que houve um possível movimento migratório desses animais
entre os continentes.
(Adaptado de Cathia Abreu. 10/06/05 Especial para a CH On-line. http://ich.unito.com.br/3393)
09. D5 (SARESP) O texto trata
(A) de uma catástrofe ecológica.
(B) do período Cretáceo.
(C) de uma espécie em extinção.
(D) de um crocodilo pré-histórico.
Como o beija-flor fica suspenso no ar?
Em primeiro lugar, a agilidade dessa ave é garantida pela velocidade do batimento de suas
asas, muito maior que a de outros pássaros – chegando, em alguns casos, ao impressionante número
de 80 batidas por segundo. Mas o verdadeiro segredo é outro. “Ao contrário das outras aves, o
beija-flor não agita as asas para cima e para baixo, mas para a frente e para trás, na horizontal”,
6. afirma o ornitólogo Luiz Francisco Sanfilipeo, do Parque Zoológico de São Paulo. Como a ligação
da asa com o corpo não é rígida, ela pode ser revirada como uma hélice. Assim, de maneira
semelhante a um helicóptero, formam-se redemoinhos de ar que mantêm o pássaro pairando. Esse
vôo invertido, porém, só é adotado quando o beija-flor quer se alimentar, dispensando-o de pousar
junto às flores. Outra coisa: se a força realizada com a asa na posição dianteira fosse a mesma da
posição traseira, o beija-flor não se moveria. Mas o bichinho desloca-se para a frente e para trás
alterando a potência em cada uma das fases da batida. O vaivém de poucos centímetros para a frente
e para trás é necessário para ficar em uma posição mais cômoda em relação à flor...
10. D6 (SARESP) O texto mostra
(A) os perigos provocados pela velocidade do beija-flor.
(B) a beleza do vôo dos beija-flores.
(C) a extinção do beija-flor em nosso planeta.
(D) a maneira como o beija-flor paira no ar para se alimentar.
Por que o mundo está tão desorientado
Se eu tivesse de indicar qual denominador comum psicológico caracteriza a sociedade atual
no mundo inteiro, não teria dúvida. Alguns povos são dominadores, outros, submissos; alguns são
tímidos, outros agressivos. Há os desorganizados e os extremamente metódicos. Alguns são laicos e
outros fundamentalistas. Também existem os povos voltados para a modernidade e outros que são
tradicionalistas. No entanto, todos os povos do mundo estão, hoje, desorientados. O que leva a essa
desorientação é a rapidez e a multiplicidade das mudanças. Seis séculos antes de Cristo, quando as
transformações ocorriam lentamente, Heráclito escreveu: "É na mudança que as coisas se
assentam". Mas poderíamos dizer isso hoje? A invenção das técnicas para dominar o fogo, o
desenvolvimento da agricultura e do pastoreio na Mesopotâmia, as grandes descobertas científicas e
geográficas realizadas entre os séculos XII e XVI representam saltos. No entanto, nenhuma dessas
mudanças se realizou em espaço de tempo inferior à vida média de uma pessoa. Nenhum ser
humano pôde assistir ao processo inteiro. 313Hoje as coisas são diferentes. Ao longo de poucas
décadas, passamos de uma economia industrial centrada na produção de automóveis e de
eletrodomésticos a uma economia pós- industrial centrada na produção de serviços, informação,
símbolos, valores e estética. Passamos de uma cultura moderna de livros e de jornais a uma pós-
moderna feita de televisão e internet. Saímos do poder exercido por capitães da indústria para o de
cientistas, artistas e da mídia de massa. (...) É como se, de improviso, uma imensa avalanche, uma
enorme massa d’água, uma erupção vulcânica e um terremoto se abatessem de uma só vez sobre
uma região tranqüila, aterrorizando seus habitantes. Alguns desses habitantes talvez até contassem
com a destruição, mas a grande maioria foi surpreendida durante o sono e vive agora na maior
7. desorientação.(...) Quem está desorientado passa, de fato, por uma profunda sensação de crise, e
quem se sente em crise deixa de projetar o próprio futuro. Quando uma pessoa, uma família ou um
país renuncia a projetar seu futuro, outro o projetará no lugar deles. E não fará por bondade
altruísta, mas em proveito próprio.
(Revista Época, p. 92, 13/09/2007)
“Passamos de uma cultura moderna de livros e de jornais a uma pós-moderna feita de televisão e
internet”.
11. D6 (SARESP) Indique o trecho em que o autor emite uma opinião a respeito da constatação
apresentada acima:
(A) “Saímos do poder exercido por capitães da indústria para o de cientistas, artistas e da mídia
de massa.“
(B) “E não fará por bondade altruísta, mas em proveito próprio”.
(C) “No entanto, nenhuma dessas mudanças se realizou em espaço de tempo inferior à vida
média de uma pessoa”.
(D) “É como se, de improviso, uma imensa avalanche (...) se abatessem de uma só vez
sobre uma região tranqüila, aterrorizando seus habitantes”.
12. (SARESP) A opinião do autor em relação ao fato comentado está em:
(A)“os mandacarus se erguem”
(B) “aroeiras expõem seus galhos”
(C) “Sinais de seca brava, terrível!”
(D) “Toque de saída. Toque de entrada”
As duas faces da telenovela
A telenovela, gênero de representação teatral que incorpora também a linguagem do cinema,
reproduz a vida em termos de arte, usando, porém, a linguagem das massas. Infelizmente, tem
estado quase sempre a serviço do consumismo característico do capitalismo selvagem em que
vivemos. A classe dominante, dona do poder econômico, precisa ganhar muito; então aumenta a
produção e provoca, pelo marketing, o consumo em larga escala. O marketing cria o consumidor
insaciável, que vive alienado, que não distingue o necessário do dispensável, o essencial do
supérfluo. Nesse contexto, as telenovelas teriam a função de distrair o homem de seus reais
problemas, fazendo-o conviver com os estereótipos alienantes criados pela tevê e sua estimulante
linguagem. A vida, revivida nas novelas, representaria o sonho dourado tornado possível, como o
8. efeito alucinógeno de uma droga fatal, um estado de estranha paz, de aparente ausência de dor e de
conflito.
[...]
MENESES, Ildefonso. As duas faces da telenovela. São Paulo: Moderna. 1998.
13. D6 (BAHIA) Que opção apresenta elementos mais representativos da opinião do autor?
a) “telenovela” (linha 1) e “linguagem” (linha 2).
b) “Infelizmente” (linha 4) e “alienantes” (linha 14).
c) “produção” (linha 8) e “consumo” (linhas 8 e 9).
d) “essencial” (linha 11) e “contexto” (linha 12).
e) “ausência” (linha 18) e “conflito” (linhas 18 e 19).
A vida sem casamento
Afinal, o que as mulheres querem? No campo das aspirações femininas mais fundamentais,
essa é uma pergunta facílima de responder. Por razões sociais, culturais e biológicas, a maioria
absoluta das mulheres aspira a encontrar um companheiro, casar-se, construir família e, por
intermédio dos filhos, ver cumprido o imperativo tão profundamente entranhado em seu corpo e em
sua psique ao longo de centenas de milhares de anos de história evolutiva. A diferença a que se
assiste hoje é que não existe mais um calendário fixo para que isso aconteça. A formidável mudança
que eclodiu e se consolidou ao longo do ultimo século, com o processo de emancipação feminina, o
acesso à educação e a conquista do controle reprodutivo, permitiu a um número crescente de
mulheres adiar a “programação” materno-familiar. As mulheres que dispõem de autonomia
econômica e vida independente não são mais consideradas balzaquianas aos 30 anos — apenas 30
anos! -, encalhadas aos 35 e aos 40, reduzidas irremediavelmente à condição de Solteironas, quando
não agregadas de baixíssimo status social, melancolicamente mexendo tachos de comida para os
sobrinhos nas grandes cozinhas das famílias multinucleares do passado. Imaginem só chamar de
titia uma profissional em pleno florescimento, com um ou mais títulos universitários — e um
corpinho bem-cuidado que enfrenta com honras o jeans de cintura baixa ou o biquíni nos intervalos
dos compromissos de trabalho. Além de fora de moda, o termo pode ser até ofensivo. O contraponto
a esses avanços é que, quanto mais as mulheres prorrogam o casamento, mais se candidatam a uma
vida inteira sem alcançá-lo.
14. D7 (SPAECE) A principal informação desse texto é que as mulheres
(A) aspiram casar-se e construir família.
(B) desejam, através de seus filhos, perpetuar a evolução.
(C) dispõem de autonomia econômica.
(D) enquanto avançam no profissional, adiam o casamento.
(E) tem se preocupado mais com a forma física.
Pílulas de Saúde - Driblando o jet lag
Em viagens nas quais há diferença de fuso horário entre a origem e o destino, podem ocorrer
sintomas como cansaço, dificuldade de concentração, alteração no sono e irritabilidade. Esse
transtorno, conhecido como jet lag, é resultado da dessincronização entre o relógio biológico e o
fuso do local. Para driblar o jet lag, se puder, habitue-se aos novos horários antes de viajar. Ao
chegar, coma pouco (prefira proteínas) e exercite-se. Se o destino for para leste por exemplo,
Europa a adaptação é mais difícil. Portanto, deve-se dormir e acordar mais cedo. Caso a viagem seja
para oeste, como para o Chile, o ideal é dormir e acordar mais tarde. Se a estada for inferior a 48
horas, não mexa em seu relógio.
(DEMENATO, Paulo. TAM Magazine, n 41, jul.2007, p.19)
9. 15. D7 (SARESP) A frase que se refere à parte principal do texto é:
(A) acostumar-se ao novo fuso.
(B) comer muito carboidrato.
(C) consultar um mapa astral.
(D) ler o horóscopo do dia.
POEMA N. 9
A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um
sabiá,
mas não pode medir seus encantos.
A ciência não pode calcular quantos cavalos de força
existem
nos encantos de um sabiá.
Quem acumula muita informação perde o condão de
adivinhar: divinare.
Os sabiás divinam.
BARROS, Manoel de. Livro sobre o nada. 10 ed. Rio de Janeiro: Record, 2002, p.53.
16. D8 (SARESP) O texto de Manoel de Barros é um poema, que apresenta
(A) nove estrofes e nove versos.
(B) refrão e rimas externas.
( C) nove versos e três estrofes.
(D) três versos e dois refrãos.
Eu beijo exemplares
Sou assinante e não vou rasgar aqui elogios porque vocês vão ficar enjoados, mas em resumo: eu
adoooooro a “Língua”! (...) Gostaria que vocês que vocês falassem mais de teatro. Sei que posso ler
sobre o assunto em outras revistas, mas realmente gostaria de ver o assunto sob a ótica dessa
revista.
Língua Portuguesa. Ano 3, n 44, jun. 2009, p.8
17. D8 - No texto, o leitor da revista usou a expressão “adoooooro!”, escrita de forma diferente,
para exprimir :
(A) admiração.
(B) agradecimento.
(C) entusiasmo.
(D) gratidão.
(E) reconhecimento.
MOLHO VERDE
1/2 colher de chá de sal.
Uma pitada de açúcar.
6 colheres de sopa de azeite.
4 colheres de sopa de vinagre.
1 colher de sopa de cheiro-verde picadinho.
Misture todos os ingredientes e guarde num recipiente
na geladeira, pois esse molho pode ser usado umas
10. 3 ou 4 vezes.
Sirva com saladas.
18. D9 (SAERS) Esse texto serve para
a) anunciar produtos.
b) ensinar como fazer uma comida.
c) informar a composição de um alimento.
d) vender ingredientes.
19. D9 (SARESP) A bula de remédio é um texto instrucional que tem como característica
(A)apresentar texto curto em linguagem não-verbal, para uma leitura rápida.
(B)trazer informações sobre sua composição, indicação e posologia.
(C)utilizar uma linguagem clara, informal e subjetiva.
(D)Usar recursos como a ambigüidade.
Reclamação
No dia 1 o , o fiscal me impediu de expor na feira do Trianon. Me inscrevi em 2004, fiz teste
de aptidão, paguei taxas de uso de solo e de licença, e comecei a trabalhar na semana seguinte. O
juiz que cassou a liminar provavelmente nem leu o processo. Nossa advogada anexou documentos
provando a legalidade dos expositores que estão com problemas porque funcionários da Prefeitura
perderam os documentos de quem fez teste em 2004. Nós, artesãos, criamos objetos de arte
considerados cultura no mundo todo menos no Brasil. E, aos 63 anos, não tenho perspectiva de
conseguir outro trabalho.
José Eduardo Pires - Vila Maria Alta
11. A Prefeitura responde:
Com referência à feira do Trianon, jamais houve perda de documentos. No início de 2006, a Sub
Pinheiros entregou as pastas de documentação para a Sub Sé. Na análise técnica do material, viu- se
que havia expositores trabalhando irregularmente, sem que as aprovações fossem publicadas no
Diário Oficial da Cidade de São Paulo, obrigatórias para que a comunidade saiba quem foram os
aprovados e as atividades para as quais estão autorizados.
Andrea Matarazzo
Secretário das Subprefeituras e Subprefeito da Sé
(São Paulo Reclama. O Estado de S.Paulo, 12 de agosto de 2007, p. C2)
20. D10 (SARESP) A carta do leitor identificado acima tem a finalidade de
(A) defender a venda de produtos de artesanato, como símbolos de cultura.
(B) queixar-se do fato de ter sido impedido de trabalhar numa feira de artesanato.
(C) dirigir-se ao juiz que desconsiderou as razões apresentadas por uma advogada.
(D) solicitar a interferência de uma advogada para defender seus direitos.
Herói da Língua
Vocês se lembram do meu amigo Toninho Vernáculo. Já falei dele uma vez, contei histórias da
mania que tem de corrigir erros de português. Daí o apelido. Cansei de falar: deixa, Toninho, esta
língua é complicada mesmo, até autor consagrado escreve com dicionários e gramáticas à mão. -
Pelo menos eles têm a humildade de consultar os mestres antes de dar a público o que escrevem –
respondia o Toninho na sua linguagem em roupa de domingo. Lembram-se dele? Quando encontra
erros de português no seu caminho, telefona para os responsáveis, exige correções em nome da
língua pátria e da educação pública. Coisas assim: - A placa do seu estabelecimento é um atentado
contra a língua, induz as pessoas a achar que o errado é o certo, espalha a confusão. Ultimamente
andava se controlando, me telefonava muito menos do que antes, relatando atentados mais graves
contra a boa linguagem, praticados por quitandeiros, padeiros, donos de restaurantes, prestadores de
serviços em geral – e pasmem: até pela prefeitura (em nomes de ruas), por publicitários, jornais.
Dom Quixote da gramática, Toninho não se dava descanso. (...) Quixoteava lições, fosse qual fosse
o interlocutor:
- Não é "fluído" que se diz, é fluido, com a tônica no u. "Fluído" é verbo, é particípio verbal, não
pode ser uma coisa. "Gratuíto" não existe, é gratuito que se diz, som mais forte no u. Homem não
diz "obrigada", isso é coisa de menino criado entre mulheres; menino fala "obrigado". (...) Bom, um
dia desses, telefonaram-me de madrugada: Toninho havia sido preso como pichador de rua. Quê,
um homem de 70 anos? Havia algum engano, com certeza. Fomos para a delegacia, uma trinca de
amigos. Engano havia e não havia. Nosso amigo fora realmente flagrado pela polícia com spray e
latinha de tinta com pincel, atuando na fachada de uma casa comercial do bairro onde mora.
Explicou-se: estava corrigindo os erros de português dos pichadores! Começamos os esforços para
livrá-lo da multa e da denúncia, explicamos ao delegado que o ocorrido era fruto de uma mania
dele, loucura leve. Por que penalizá-lo por coisa tão pouca? Não ia acontecer de novo. Aí o
delegado explicou qual era a bronca. O Toninho havia pedido para ler seu depoimento,
datilografado pelo escrivão, e começou a apontar erros de português no texto do funcionário. A
autoridade tinha a pretensão de ser também autoridade em gramática. Aí melou, "teje" preso por
desacato. Com dificuldade, convencemos o escrivão da loucura mansa do nosso amigo, e ele liberou
o herói da língua pátria.
(Ivan Ângelo Veja São Paulo, ano 40, no 2. 17 de janeiro de 2007. p.130)
21. D11 (SARESP) Toninho Vernáculo, na narrativa, é
(A) personagem principal.
(B) personagem antagonista.