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MAINGUENEAU, Dominique. Análise do Discurso: uma entrevista com Dominique 
Maingueneau. Revista Virtual de Estudos da Linguagem - ReVEL. Vol. 4, n. 6, março de 2006. 
Tradução de Gabriel de Ávila Othero. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br]. 
1 
ANÁLISE DO DISCURSO – UMA ENTREVISTA COM 
DOMINIQUE MAINGUENEAU 
Dominique Maingueneau 
Universidade de Paris XII 
ReVEL – Quando poderíamos dizer que a Análise do Discurso (AD) 
se concretizou como uma subárea da ciência lingüística? Quais 
foram os textos e autores fundadores da AD? 
Maingueneau – Não se pode responder a esta pergunta sem adotar 
implicitamente uma determinada concepção de Análise do Discurso. Não me 
parece evidente, de fato, que a AD seja uma “subárea” da Lingüística. Há de fato 
ciências sociais de pesquisa que se valem da AD, mas que não se apóiam na 
Lingüística; elas se inspiram, por exemplo, em Michel Foucault. No que 
concerne à AD de inspiração lingüística, podemos sustentar a idéia de que ela é 
menos uma “subárea da ciência lingüística” do que uma zona de contato entre a 
Lingüística e as ciências humanas e sociais. É uma maneira de ver o problema 
que me parece mais realista; mas, evidentemente, a AD deve manter uma 
ancoragem forte na Lingüística, ela faz parte das ciências da linguagem, noção 
mais abrangente que aquela de “Lingüística”. 
Quanto à questão de saber se existem textos e autores fundadores da AD, na 
verdade, é apenas uma questão de saber quando apareceu a AD. Aqueles que, 
por exemplo, fizeram de Michel Pêcheux o fundador da AD têm uma certa 
concepção da AD. Aqueles que, como eu, pensam que houve diversos atos de 
fundação da AD têm uma outra concepção. A meu ver, as correntes como a 
etnografia da comunicação, as correntes pragmáticas, a lingüística textual ou as
problemáticas de Foucault participaram sem saber do desenvolvimento desse 
agrupamento de pesquisas que se encontram hoje em dia sob o rótulo de 
Análise do Discurso. 
De minha parte, eu distinguirei três maneiras de praticar a AD, dessas, somente 
a última é a que me interessa. A primeira consiste em utilizar a AD para 
perguntar de maneira indireta questões filosóficas; nesse caso, a dimensão da 
análise empírica de discurso é secundária. A segunda consiste em ver na AD um 
conjunto de “métodos qualitativos” à disposição das ciências humanas e sociais; 
a AD não passa então de uma espécie de caixa de ferramentas que permite 
construir interpretações em outras disciplinas. A terceira maneira consiste em 
ver na AD um espaço de pleno direito dentro das ciências humanas e sociais, um 
conjunto de abordagens que pretende elaborar os conceitos e os métodos 
fundados sobre as propriedades empíricas das atividades discursivas. Isso não 
quer dizer que a AD se reduz a uma disciplina empírica, mas ela deve se 
organizar tendo as pesquisas empíricas em vista. 
ReVEL – A Análise do Discurso se desenvolveu no 
Brasil com forte dependência do conceito de “Formação Discursiva”. 
Ainda é possível fazer da Formação Discursiva o conceito-chave da 
Análise do Discurso? 
Maingueneau – Eu já falei sobre este assunto diversas vezes. Eu acredito que 
essa noção rendeu bons serviços no começo da AD. Mas ela é muito imprecisa, 
como mostra o fato de que ela foi empregada tanto por Michel Pêcheux como 
por Michel Foucault, e com sentidos bastante diferentes. Nem mesmo se tem 
certeza de que ela tenha tido um significado claro nesses dois autores. Hoje, 
para trabalhar em AD, me parece que se tem interesse em trabalhar com noções 
mais precisas. Eu propus restringir o emprego dessa noção a certas “unidades”; 
assim, quando falamos de “discurso patronal”, “discurso racista”, “discurso da 
publicidade para as mulheres”, etc., o termo formação discursiva seria útil. De 
fato, trata-se de corpus que transpassam os gêneros ou os tipos de discurso, e 
que o pesquisador pode constituir bastante livremente em função de suas 
2
hipóteses de pesquisa. Em contrapartida, eu não acredito esteja bem claro 
utilizar a noção de formação discursiva para designar um gênero de discurso ou 
para um posicionamento em um campo discursivo (um movimento literário, um 
partido político, etc.). Mas ao fim das contas, é um problema de terminologia: 
cada um pode empregar “formação discursiva” como bem entende, com a 
condição de que haja uma proposta bem clara de definição. O que nem sempre é 
o caso. 
ReVEL – Como a Análise do Discurso estuda, hoje, 
discursos distantes do contexto político ideológico (patologias da 
linguagem, diferentes estruturações psíquicas, textos literários, 
etc.)? 
Maingueneau – Esta é uma questão gigantesca. Já faz um bom tempo que a 
AD estuda os discursos bem distantes do espaço político. De fato, desde o início, 
mesmo na França, muita gente não trabalha com o discurso político. Eu não 
creio que Michel Foucault, por exemplo, se interessou por esse tipo de corpus. 
Além disso, não podemos confundir a análise do discurso político e a análise 
política do discurso, que pode levar em conta textos que não revelam o discurso 
político; este último é, aliás, praticado no mundo inteiro hoje em dia, 
particularmente com as correntes da “critical discourse analysis”. 
O problema é que o empreendimento mais visível da AD na França foi aquele 
conduzido em torno de Michel Pêcheux e a revista Langages; à época, essa 
atitude inspirou ao mesmo tempo Althusser e Lacan, que estava animado por 
um projeto marxista de transformação da sociedade que tinha um sentido 
profundamente político. Nós podíamos então ter a impressão de que a AD 
estava estreitamente ligada ao estudo do discurso político. Mais uma vez, nós 
retornamos à questão da origem da AD. Se nós pensarmos que este 
empreendimento de M. Pêcheux fundou a AD, a questão do discurso político é 
essencial. Se, ao contrário, nós considerarmos que este empreendimento não foi 
mais do que um foco de desenvolvimento da AD, então não há por que se 
3
perguntar por que e como se trabalha com outros corpus que não sejam os 
corpus políticos. 
Há um segundo aspecto na sua questão que merece comentário: vocês 
mencionam os trabalhos sobre a literatura, a cognição, as patologias da 
linguagem. Efetivamente, esses domínios, e vários outros, são hoje o objeto de 
numerosos trabalhos que reclamam uma problemática do discurso. Mas todo o 
problema é saber se uma problemática do discurso substitui necessariamente a 
AD. De minha parte, eu faço habitualmente uma distinção entre os estudos 
sobre o discurso (“discourse studies” dos anglo-saxões) e as diversas disciplinas 
do discurso. A AD é uma dessas disciplinas, que tem um ponto de vista 
específico sobre o discurso. Nessa perspectiva, o mesmo tipo de corpus pode ser 
estudado através de diversas disciplinas. 
ReVEL – Dentro de cada tradição de investigação no âmbito dos 
estudos da linguagem, a noção de “texto” é algo que varia muito, 
mas, quase sempre, há, por parte dos lingüistas, uma resistência em 
relação a um diálogo com a Semiótica. Na perspectiva da Análise do 
Discurso, esse diálogo começa a se delinear. Gostaríamos que o 
senhor falasse um pouco mais sobre esse importante diálogo entre a 
Análise do Discurso e a Semiótica. Qual seria, na sua opinião, o 
caminho possível para os estudos da linguagem, na perspectiva da 
Análise do Discurso, libertarem-se das limitações do material 
lingüístico e fortalecerem sua noção de “texto” dando lugar às 
formas de expressão e às imagens? 
Maingueneau – É compreensível que os lingüistas resistam à semiótica; de 
fato, o exemplo do estruturalismo mostrou que um esforço para aproximar a 
análise da linguagem verbal e os domínios semióticos não verbais conduziram 
facilmente à perda de vista das propriedades específicas das línguas naturais. A 
AD não tem o mesmo problema, na medida em que ela trabalha sobre textos 
que são realidades sempre plurisemióticas. Seja no texto oral, em que é preciso, 
em particular, prender por completo a dimensão gestual, ou no escrito, cuja 
4
materialidade tem sempre algo a ver com uma imagem. De toda maneira, o 
analista do discurso não pode jamais tratar da língua “pura”. O analista do 
discurso que estuda a publicidade, por exemplo, é obrigado a apelar aos 
conhecimentos da semiótica da imagem, mas no interior de um quadro que foi 
definido pela AD. Existe, na verdade, uma grande diferença entre a semiótica 
como uma disciplina que visa a abranger as condições de manifestação do 
sentido em toda sua diversidade e as semióticas regionais: semiótica do corpo, 
da imagem, do cinema, da narrativa, do gesto, etc. Os analistas do discurso 
recorrem de bom grado às semióticas regionais, mas se mostram desconfiados 
no que concerne “à” semiótica como uma disciplina globalizante cujo estudo do 
discurso somente seria um ramo. 
É inegável que as correntes da AD hoje ocupam uma boa parte do espaço da 
semiótica dos anos 1970-1980. Ainda é muito cedo para explicar esse fenômeno. 
Nós podemos, entretanto, destacar que é menos a semiótica que está 
enfraquecida do que sua pretensão hegemônica de unificar todas as práticas de 
análise de produções culturais. Atualmente, eu tenho a impressão de que uma 
parte da semiótica, a mais teórica, se regenerou com o contato com as ciências 
cognitivas e com a filosofia, em particular com a fenomenologia; e que a outra 
parte, sem dúvida a mais importante quantitativamente, investiu em domínios 
como a publicidade, a estética e, sobretudo, as novas tecnologias da informação 
e da comunicação. Nessas condições, os intercâmbios com a AD só podem ser 
frutíferos. 
ReVEL – O senhor poderia indicar algumas obras sobre Análise do 
Discurso, para que nosso leitor pudesse se aprofundar no assunto? 
Maingueneau – Sua pergunta é embaraçosa, porque não é um segredo para 
ninguém que a AD é um espaço extremamente diversificado. Alguns se 
contentam com uma definição minimalista: não hesitam em chamar “análise do 
discurso” não importa qual o estudo que esteja relacionado com as unidades 
transfrásicas consideradas em seu contexto social. Nessas condições, é difícil ver 
qual a obra poderia oferecer uma síntese do que seria “a” AD. Existe, em cada 
5
corrente, autores importantes cujo pensamento é necessário conhecer, mesmo 
se não pertencemos à mesma corrente que eles. 
O único conselho que posso dar é bem modesto: utilizar o “Dictionnaire 
d’analyse du discours”, traduzido recentemente em português [“Dicionário de 
Análise do Discurso”. São Paulo: Contexto, 2004], que eu co-dirigi com P. 
Charaudeau e que mobilizou cerca de vinte colaboradores. É de fato um 
instrumento de trabalho que não reflete uma doutrina, mas se esforça por dar 
uma idéia da diversidade das pesquisas feitas em AD. 
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Revel 6 entrevista_maingueneau_port[1]

  • 1. MAINGUENEAU, Dominique. Análise do Discurso: uma entrevista com Dominique Maingueneau. Revista Virtual de Estudos da Linguagem - ReVEL. Vol. 4, n. 6, março de 2006. Tradução de Gabriel de Ávila Othero. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br]. 1 ANÁLISE DO DISCURSO – UMA ENTREVISTA COM DOMINIQUE MAINGUENEAU Dominique Maingueneau Universidade de Paris XII ReVEL – Quando poderíamos dizer que a Análise do Discurso (AD) se concretizou como uma subárea da ciência lingüística? Quais foram os textos e autores fundadores da AD? Maingueneau – Não se pode responder a esta pergunta sem adotar implicitamente uma determinada concepção de Análise do Discurso. Não me parece evidente, de fato, que a AD seja uma “subárea” da Lingüística. Há de fato ciências sociais de pesquisa que se valem da AD, mas que não se apóiam na Lingüística; elas se inspiram, por exemplo, em Michel Foucault. No que concerne à AD de inspiração lingüística, podemos sustentar a idéia de que ela é menos uma “subárea da ciência lingüística” do que uma zona de contato entre a Lingüística e as ciências humanas e sociais. É uma maneira de ver o problema que me parece mais realista; mas, evidentemente, a AD deve manter uma ancoragem forte na Lingüística, ela faz parte das ciências da linguagem, noção mais abrangente que aquela de “Lingüística”. Quanto à questão de saber se existem textos e autores fundadores da AD, na verdade, é apenas uma questão de saber quando apareceu a AD. Aqueles que, por exemplo, fizeram de Michel Pêcheux o fundador da AD têm uma certa concepção da AD. Aqueles que, como eu, pensam que houve diversos atos de fundação da AD têm uma outra concepção. A meu ver, as correntes como a etnografia da comunicação, as correntes pragmáticas, a lingüística textual ou as
  • 2. problemáticas de Foucault participaram sem saber do desenvolvimento desse agrupamento de pesquisas que se encontram hoje em dia sob o rótulo de Análise do Discurso. De minha parte, eu distinguirei três maneiras de praticar a AD, dessas, somente a última é a que me interessa. A primeira consiste em utilizar a AD para perguntar de maneira indireta questões filosóficas; nesse caso, a dimensão da análise empírica de discurso é secundária. A segunda consiste em ver na AD um conjunto de “métodos qualitativos” à disposição das ciências humanas e sociais; a AD não passa então de uma espécie de caixa de ferramentas que permite construir interpretações em outras disciplinas. A terceira maneira consiste em ver na AD um espaço de pleno direito dentro das ciências humanas e sociais, um conjunto de abordagens que pretende elaborar os conceitos e os métodos fundados sobre as propriedades empíricas das atividades discursivas. Isso não quer dizer que a AD se reduz a uma disciplina empírica, mas ela deve se organizar tendo as pesquisas empíricas em vista. ReVEL – A Análise do Discurso se desenvolveu no Brasil com forte dependência do conceito de “Formação Discursiva”. Ainda é possível fazer da Formação Discursiva o conceito-chave da Análise do Discurso? Maingueneau – Eu já falei sobre este assunto diversas vezes. Eu acredito que essa noção rendeu bons serviços no começo da AD. Mas ela é muito imprecisa, como mostra o fato de que ela foi empregada tanto por Michel Pêcheux como por Michel Foucault, e com sentidos bastante diferentes. Nem mesmo se tem certeza de que ela tenha tido um significado claro nesses dois autores. Hoje, para trabalhar em AD, me parece que se tem interesse em trabalhar com noções mais precisas. Eu propus restringir o emprego dessa noção a certas “unidades”; assim, quando falamos de “discurso patronal”, “discurso racista”, “discurso da publicidade para as mulheres”, etc., o termo formação discursiva seria útil. De fato, trata-se de corpus que transpassam os gêneros ou os tipos de discurso, e que o pesquisador pode constituir bastante livremente em função de suas 2
  • 3. hipóteses de pesquisa. Em contrapartida, eu não acredito esteja bem claro utilizar a noção de formação discursiva para designar um gênero de discurso ou para um posicionamento em um campo discursivo (um movimento literário, um partido político, etc.). Mas ao fim das contas, é um problema de terminologia: cada um pode empregar “formação discursiva” como bem entende, com a condição de que haja uma proposta bem clara de definição. O que nem sempre é o caso. ReVEL – Como a Análise do Discurso estuda, hoje, discursos distantes do contexto político ideológico (patologias da linguagem, diferentes estruturações psíquicas, textos literários, etc.)? Maingueneau – Esta é uma questão gigantesca. Já faz um bom tempo que a AD estuda os discursos bem distantes do espaço político. De fato, desde o início, mesmo na França, muita gente não trabalha com o discurso político. Eu não creio que Michel Foucault, por exemplo, se interessou por esse tipo de corpus. Além disso, não podemos confundir a análise do discurso político e a análise política do discurso, que pode levar em conta textos que não revelam o discurso político; este último é, aliás, praticado no mundo inteiro hoje em dia, particularmente com as correntes da “critical discourse analysis”. O problema é que o empreendimento mais visível da AD na França foi aquele conduzido em torno de Michel Pêcheux e a revista Langages; à época, essa atitude inspirou ao mesmo tempo Althusser e Lacan, que estava animado por um projeto marxista de transformação da sociedade que tinha um sentido profundamente político. Nós podíamos então ter a impressão de que a AD estava estreitamente ligada ao estudo do discurso político. Mais uma vez, nós retornamos à questão da origem da AD. Se nós pensarmos que este empreendimento de M. Pêcheux fundou a AD, a questão do discurso político é essencial. Se, ao contrário, nós considerarmos que este empreendimento não foi mais do que um foco de desenvolvimento da AD, então não há por que se 3
  • 4. perguntar por que e como se trabalha com outros corpus que não sejam os corpus políticos. Há um segundo aspecto na sua questão que merece comentário: vocês mencionam os trabalhos sobre a literatura, a cognição, as patologias da linguagem. Efetivamente, esses domínios, e vários outros, são hoje o objeto de numerosos trabalhos que reclamam uma problemática do discurso. Mas todo o problema é saber se uma problemática do discurso substitui necessariamente a AD. De minha parte, eu faço habitualmente uma distinção entre os estudos sobre o discurso (“discourse studies” dos anglo-saxões) e as diversas disciplinas do discurso. A AD é uma dessas disciplinas, que tem um ponto de vista específico sobre o discurso. Nessa perspectiva, o mesmo tipo de corpus pode ser estudado através de diversas disciplinas. ReVEL – Dentro de cada tradição de investigação no âmbito dos estudos da linguagem, a noção de “texto” é algo que varia muito, mas, quase sempre, há, por parte dos lingüistas, uma resistência em relação a um diálogo com a Semiótica. Na perspectiva da Análise do Discurso, esse diálogo começa a se delinear. Gostaríamos que o senhor falasse um pouco mais sobre esse importante diálogo entre a Análise do Discurso e a Semiótica. Qual seria, na sua opinião, o caminho possível para os estudos da linguagem, na perspectiva da Análise do Discurso, libertarem-se das limitações do material lingüístico e fortalecerem sua noção de “texto” dando lugar às formas de expressão e às imagens? Maingueneau – É compreensível que os lingüistas resistam à semiótica; de fato, o exemplo do estruturalismo mostrou que um esforço para aproximar a análise da linguagem verbal e os domínios semióticos não verbais conduziram facilmente à perda de vista das propriedades específicas das línguas naturais. A AD não tem o mesmo problema, na medida em que ela trabalha sobre textos que são realidades sempre plurisemióticas. Seja no texto oral, em que é preciso, em particular, prender por completo a dimensão gestual, ou no escrito, cuja 4
  • 5. materialidade tem sempre algo a ver com uma imagem. De toda maneira, o analista do discurso não pode jamais tratar da língua “pura”. O analista do discurso que estuda a publicidade, por exemplo, é obrigado a apelar aos conhecimentos da semiótica da imagem, mas no interior de um quadro que foi definido pela AD. Existe, na verdade, uma grande diferença entre a semiótica como uma disciplina que visa a abranger as condições de manifestação do sentido em toda sua diversidade e as semióticas regionais: semiótica do corpo, da imagem, do cinema, da narrativa, do gesto, etc. Os analistas do discurso recorrem de bom grado às semióticas regionais, mas se mostram desconfiados no que concerne “à” semiótica como uma disciplina globalizante cujo estudo do discurso somente seria um ramo. É inegável que as correntes da AD hoje ocupam uma boa parte do espaço da semiótica dos anos 1970-1980. Ainda é muito cedo para explicar esse fenômeno. Nós podemos, entretanto, destacar que é menos a semiótica que está enfraquecida do que sua pretensão hegemônica de unificar todas as práticas de análise de produções culturais. Atualmente, eu tenho a impressão de que uma parte da semiótica, a mais teórica, se regenerou com o contato com as ciências cognitivas e com a filosofia, em particular com a fenomenologia; e que a outra parte, sem dúvida a mais importante quantitativamente, investiu em domínios como a publicidade, a estética e, sobretudo, as novas tecnologias da informação e da comunicação. Nessas condições, os intercâmbios com a AD só podem ser frutíferos. ReVEL – O senhor poderia indicar algumas obras sobre Análise do Discurso, para que nosso leitor pudesse se aprofundar no assunto? Maingueneau – Sua pergunta é embaraçosa, porque não é um segredo para ninguém que a AD é um espaço extremamente diversificado. Alguns se contentam com uma definição minimalista: não hesitam em chamar “análise do discurso” não importa qual o estudo que esteja relacionado com as unidades transfrásicas consideradas em seu contexto social. Nessas condições, é difícil ver qual a obra poderia oferecer uma síntese do que seria “a” AD. Existe, em cada 5
  • 6. corrente, autores importantes cujo pensamento é necessário conhecer, mesmo se não pertencemos à mesma corrente que eles. O único conselho que posso dar é bem modesto: utilizar o “Dictionnaire d’analyse du discours”, traduzido recentemente em português [“Dicionário de Análise do Discurso”. São Paulo: Contexto, 2004], que eu co-dirigi com P. Charaudeau e que mobilizou cerca de vinte colaboradores. É de fato um instrumento de trabalho que não reflete uma doutrina, mas se esforça por dar uma idéia da diversidade das pesquisas feitas em AD. 6