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Do sono dogmático ao crepúsculo demagógico .                                                      1




                                                                                               Texto pensado por
                                                                                            Fernando Rasnheski2
                                                                                   (e-mail: filfrk@hotmail.com)
                                                                                                 Agosto de 2010.

         Em cada período da história da humanidade, o sujeito impostor3pressupõe que
há uma maneira de burlar as forças para conspirar favoravelmente em benefício de uma
minoria mandante que sobrepõe seus ideais acima de qualquer suspeita. Em
determinado período usou-se o sujeito representante do “ser supremo” na pessoa do
governante; mais a frente encontrou o poder do governo na forma de democracia; e
como se não bastasse, a igreja intervém com o poder divino novamente. Esgotado essas
maneiras maquiavélicas, se impõe o soberano totalitário e, assim, justificado em nome
da democracia. Se observarmos bem, o poder de governar só troca de formato, porém
mantendo o mesmo estilo que é o governo para poucos se beneficiarem em nome de
todos ou da maioria. Aí que entra a questão do sono dogmático, as manipulações
ideológicas e, porque não, a crescente inspiração demagógica presente na maioria dos
discursos em nome do povo. Em nome dos acordos políticos continua sendo governado
do mesmo estilo de outrora: uma minoria burguesa se beneficia.
         Se partirmos do ideal grego, mesmo dentro da sonhada democracia,
percebemos claramente que faz parte da minoria, pois apenas dez por cento da
sociedade eram considerados cidadãos atenienses4. Mas como um grupo tão pequeno
conseguia impor seus ideais em detrimento de outros noventa por cento e estes sem
encontrar forças para revidar? Como entender a liberdade desse período e para quem ela
se direcionava concretamente? Por que a grande maioria do povo ateniense aceitava
ficar de fora das decisões que a sociedade adotaria? Todos se sentiam representados
pela forma adotada de governar?
        Pouco tempo depois, macedônios tomaram o poder político, territorial,
econômico e também militar dos gregos e aderiram à organização da cultura
democrática, pois ali encontrariam forças para impor o ideal de sociedade cuja
submissão já se encontrava presente. Assim, podemos nos questionar: quem acaba
sendo fortalecido novamente nesse processo?

1
  Texto produzido a partir de uma manifestação presenciada por entrelaçar a leitura com fundamentação freiriana,
mas que nem sempre pressupõe o ideal de Freire, virando muitas vezes apenas objeto de mercado. Texto este lido na
“sala de formadores” e com indagação no fazer educativo e o tipo ideal de professor. Remeto esse título já pensado
no período da academia, exatos anos de 1999, quando projetado a leitura instigativa a partir do sono dogmático
proposto por Kant. Naquele período Kant havia manifestado o interesse de superação do sono dogmático e que na
atualidade perpetua o itinerário demagógico e precisamos descobrir uma maneira de manifestar e superar essa atitude
socialmente pregada e sendo aceita indiscutivelmente na maioria dos segmentos da sociedade.
2
  Professor efetivo na rede estadual de educação, com formação em Filosofia e especialização em “Didática do
Ensino Superior”. Atualmente atua como professor formador no Cefapro de Matupá, MT. Também contribuíram na
estruturação do texto os formadores do mesmo Cefapro: Everaldo Dill e Marta Tibola.
3
  Entende-se como sujeito presente na classe dominante e que materializa domínio tanto a nível ideológico quanto
político ou sócio-econômico-cultura. É a reconhecida “mão invisível” da modernidade, se assim podemos retratar.
4
  De uma população estimado em 400 mil habitantes, apenas 40 mil eram considerados como autênticos atenienses e
que participava da vida pública. Até as mulheres ficavam fora desse espírito democrático construído nesse período e
que perpetua em muitas civilizações até o presente cenário. Para um aprofundamento maior, ver: TEIXEIRA,
Evilázio F. Borgues. A educação do homem segundo Platão. São Paulo: Paulus, 1999; 142p.

                                                                                                                 1
Podemos entender que muitos grupos submeteram seus ideais e que
entrelaçaram culturas e povos a seus interesses. No legado grego, a história tenta
demonstrar para nós, desde as séries iniciais, que tipo de sociedade quando adentramos
no recinto escolar? Percebemos que tanto o legado grego de democracia quanto o
romano com o código civil são filtros5 para perpetuar uma minoria ideologicamente
dominadora, tal que o restante da humanidade acaba não encontrando meios para
questionar. Provavelmente houve alguém que questionasse o modelo de governar.
Porém, na maioria das vezes, não vamos encontrar relatos seus ou de grupos que
reivindicassem melhorias ao povo naquele momento, apenas vamos entender
historicamente que esse modelo não se questionava e era colocado como pronto e
acabado.
          O que a própria igreja católica – quando se pôs a comandar “gentilmente” em
nome de Deus ou em nome da fé – impôs a um grupo maior de pessoas que estavam ao
seu comando? Que exemplo perpetuou nesse período que era relevante nos povos
anteriores e aplicado pela classe dominante? Da filosofia grega, a igreja esmiuçou o tipo
perfeito de racionalidade para induzir e conquistar povos em nome da fé. Cabe a nós
entender como essa minoria conseguia comandar uma grande massa sem que esta
pudesse reagir ao ser dominada. Por que essa grande maioria não se rebelava? Que tipo
de força o pequeno grupo dominante conseguia impor? Cabe a nós refletirmos além do
poder militar, além do poder de governar, além do poder divino e tantos outros poderes
visíveis. Esse tipo de sociedade se perpetuou por longo período. Por que esse tipo de
sociedade como tantas outras entrou em declínio? O novo período que está surgindo é
diferente na forma de governar? É composto por um grupo diferente?
          No período moderno6 o que vai ser questionado? Que tipo de sociedade
seráidealizada? Quem se insere nesse grupo? E que tipo de governo será justificado?
Sabemos que é questionada a forma de comandar em períodos anteriores com a intenção
de propor em prática um novo “ideal”. Saímos da fé e do geocentrismo para aderirmos
ao racionalismo/empirismo e então o modelo de sociedade passa a ser entendido a partir
das teorias que justificam o heliocentrismo. Como não precisamos mais de Deus para
justificar as teorias à sociedade, o próprio homem7 será a razão desse entendimento. O
modelo racional de cientificidade toma corpo e poder em nosso meio, excluindo outros
tipos de conhecimentos que fogem dessa regra.
        Quem vai conspirar fortemente com argumentos é Kant8, em tempo de
anunciar sua grande pergunta: quem é o homem? Falta entendermos atualmente por que

5
   Que tipo de filtro existe na atualidade? E aí acabamos nos perguntando: quem são os heróis? Os símbolos o que
trazem? É um herói de novela, exterminador do futuro, que passa por cima de todos, ou não?
6
  É interessante ler o Discurso do método, de Descartes, obtido como base para o modelo racional. É da base
filosófica que parte a proposta de conhecimento científico, contribuindo para a conhecida era do “fim da filosofia”.
Como não é foco central desse artigo, não pretendo me prolongar nesse assunto, apenas despertar para visão
totalizadora e ao mesmo tempo fragmentada de conhecimento.
7
   Em LIMA VAZ, Henrique C. de. Antropologia filosófica I. 4ª ed. São Paulo: Loyola, 1991, encontramos a
definição de “homo humanus” (p.78) que contribui para o entendimento desse período. Claro que vai ser remetido
desde a idealização do período conhecido como Renascimento.
8
 HAMLYN, D. W. Uma História da Filosofia Ocidental. Tradução de Ruy Jungmann Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1990.


                                                                                                                  2
Kant salienta para o despertar do sono dogmático. A partir disso é justificado que
estávamos perpetuados por uma luz obscura e que precisaríamos nos libertar. Mas por
que ninguém se deu conta dessa fase obscura anteriormente? Ou qual o interesse em
divulgar essa tese em nosso meio?
         Entende-se que após o anúncio do sono dogmático, ocorreu a divulgação de
outras “formas de expressar forças” que ocultam os ideais da classe dominante, onde a
massa continua ainda passiva ao domínio. Marx e Engels9 prenunciam a questão da
presença ideológica como força oculta que manipula os ideais sociais para fortalecer a
burguesia sem que a classe trabalhadora perceba e lute contra. Cabe nos questionarmos
como esse mísero grupo ainda consegue impor suas forças e justificar que é justa a
medida adotada e que a grande massa acaba não encontrando maneiras para se
posicionar contra, ou seja, fica passiva novamente. Podemos descrever as formas
presente dentro do jurídico, do educativo, do militar, do político, as constantes
ramificações das classes sociais e as demais instâncias presentes nesse perfil
democrático que foi adotado para o estilo de sociedade da atualidade.
         Sem entrar em detalhes, mas apenas com o objetivo de trazer à tona, Freud
anuncia na virada do século XIX a descoberta do inconsciente enquanto força oculta.
Essa descoberta visava apenas tratar de doenças psíquicas ou reforça a intenção do
controle social? Obtendo como ponto nevrálgico, por que os meios de comunicação
adentraram no imaginário inconsciente para divulgar produtos? Outros setores também
estão usando dessa potencialidade – se é que existe verdadeiramente – sem que a
maioria tenha consciência de que está manipulada.
         Remetendo a Nietzsche10, percebemos em seus escritos a constante luta para
desfazer a figura da dominação quando denuncia que estamos acostumados a “mentir
em rebanho”11. Isto reforça a tese de que nem sempre o dito e o escrito oficialmente são
de fato verdadeiros.
        Então podemos nos questionar: o que está oculto no discurso do ideal
democrático, estabelecido como mundo perfeito dentro do sistema capitalista12, que foi
adotado – ou imposto – e está presente em pleno século XXI?
        As manifestações de aceitação e imposição estão presentes no discurso
democrático e de liberdade, mas não só aí. Porém, perpetuado por demagogias na
maioria das instâncias representativas da população. E para refletir podemos nos
questionar qual o papel da mídia em nosso meio. Porque algumas notícias têm
destaques e outras não são representadas e não tem perfil de notícia no cenário? Cabe a
nós manifestarmos maior esforço para desmistificar o discurso demagógico presente
9
 MARX & ENGELS. A ideologia alemã. Trad. Frank Müller. São Paulo: Martin Claret, 2007; 145p.
10
   Precisamente pode ser consultada a seguinte obra: Acerca da verdade e da mentira, da editora RIDEEL.
11
    De acordo com o artigo “O sentido ético do eterno retorno em Nietzsche”, escrito por Suze Piza e Daniel
Pansarelli, publicado em: Revista Filosofia: conhecimento prático, (n. 25. São Paulo: Escala Educacional, 2010),
destaca que Nietzsche faz a seguinte acusação: “a humanidade habituou-se a ‘mentir em rebanho’, aceitar como
verdadeiras as construções falsas, improváveis ou impossíveis de se comprovar, apenas por serem estas as
construções aceitas pelo conjunto da sociedade”. (p.19)
12
    Por que não encontramos força para lutar contra esse sistema? Florestan Fernandes afirma que a proposta do
sistema capitalista é esmagar enquanto é tempo, tal que “produz um proletariado anêmico e que tem fraca base
estrutural para movimentar a luta de classe”, tornando-se um “inimigo débil.” Ver: PRADO JUNIOR, Caio
&FERNANDES, Florestan. Clássicos sobre a revolução brasileira. São Paulo: Expressão Popular, 2007; (p.95).

                                                                                                              3
dentro das instâncias representativas da sociedade. Assim, Aranha propõe algumas
reflexões fundamentais: “se a corrupção é inerente ou não à atuação dos políticos; se a
existência de ricos e pobres é um fato natural ou se vale a pena lutar pela igualdade de
condições na sociedade; se a mentira é detestável ou se há mentiras ‘piedosas’”13, dentre
outras.
         Assim, quando reforçamos o ideal democrático da sociedade moderna, o que
acabamos negando de fato? E o ideal de liberdade, como está sendo inventado e
reinventado no cenário atual? Quando falamos em ter direito na atualidade, o que
estamos reforçando demagogicamente? Que rumos vamos tomar para acordar do
crepúsculo demagógico fortemente presente em nosso meio e manipulado
maquiavelicamente?
         Como salienta Rodrigo Dantas14, a solução para os problemas que assolam a
sociedade provavelmente não estão dentro das decisões políticas da forma como está
representada atualmente. Se com a política não podemos contar verdadeiramente, como
fica a educação, a saúde, a segurança e muitas outras instâncias que dependem da
decisão atrelada à questão política? Então como construir um sistema fora do
dogmatismo que Kantmanifestou, que não impere a ideologia, que Marx tanto
descreveu em nível das lutas de classes, e que seja livre do perfil demagógico imposto e
presente na atualidade?
         Entrelaçando a uma postura de continuidade, o Procon manifesta que podemos
continuar consumindo compulsoriamente e quando tiver algum problema é só
reivindicar. É uma medida simples e barata, só que na maioria das vezes não dá certo e
apenas uma ínfima minoria que entra com recursos. Estabelece-se até um código do
consumidor para justificar as fraquezas do sistema atual, mas que na prática não dá
conta de resolver os problemas criados em sua totalidade.
         De forma mais abrasadora, entendemos que o socialismo foi uma proposta
audaciosa tanto para o leste europeu quanto para alguns países latinos, e que a mando
dos Estados Unidos da América (em nome do capitalismo liberal ou neoliberal) acabou
ocorrendo uma inversão de valores e ainda está custando caro para manter essa farsa
impregnada demagogicamente, tanto contra o povo cubano quanto contra o povo
iraniano, só para salientar apenas dois exemplos de opressão presentes em nosso
cotidiano planetário.
         Claro que estamos além do ideário representativo pelo socialismo pregado
dentro do marxismo ou implantado na Rússia por Lenin15. Temos exemplos desse
socialismo em que apenas pequenos grupos acabaram sendo privilegiados, onde o
próximo passo seria o comunismo, sonhado por alguns governos latino-americanos, tal


13
   ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2004; (p.20).
14
   É professor da Unb, DF, e esta citação se refere quando esteve presente para contribuir com formação na linha
filosófica, em outubro de 2003, na cidade de Mirantes da Serra, RO, a convite do MST, CPT e MPA. Vale salientar
que Dantas discursava sobre as decisões política voltadas para aquilo que as classes excluídas e organizada no grupo
dos sem terras estão reivindicando, tendo como contrapartida a Reforma Agrária e melhores condições de vida
prescrita e garantida pela Constituição Federal.
15
    Poderá ser feito uma leitura de: LENIN. Tarefa da juventude na construção do socialismo. In: As tarefas
revolucionárias da juventude. Caderno 2. 3ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2002; (pp 9-31).

                                                                                                                  4
que levou o Brasil ao período da conhecida ditadura militar16 e, simultaneamente, em
outras nações latino-americanas como, por exemplo, o Chile e a Argentina. Falta deixar
claro em nome de quem se ignorava o comunismo – termo que podemos definir como:
viver em comum unidade, tal qual pregaram alguns cristãos anteriores à própria Igreja –
e como o mesmo é compreendido em nossos dias. Vale entender que o estigma tanto do
socialismo quanto do comunismo foi retalhado e amordaçado enquanto sistema de
organização social e que o capitalismo sempre excluiu e continua com essa identidade
mais forte na atualidade.
         Então, como pensar uma sociedade nova e fora das amarras expressadas
demagogicamente onde sempre a mesma classe sai beneficiada? Entendemos que
PauloFreire17 manifestou interesse em ensinar a educação a partir do mundo vivido e
de onde às pessoas se encontram dentro de um ideário educativo libertador,
problematizador e politizado. PauloFreire enquanto educador também aderiu à
bandeira dos movimentos sociais como exemplo de luta pelos oprimidos. Essa práxis na
atualidade virou marketing mais de shopping centers do que luta educativa como estava
sendo proposto pelo autor. Só para salientar que os sujeitos que sonham e almejem uma
sociedade mais justa e igualitária acabam sendo burlados e enganados com propostas
centrais, onde é perpetuada essa consciência e não é atingida na prática, ou seja, a
práxis18. Se retorcermos um pouco mais as propostas dos grandes sonhadores quando
toma corpo na sociedade, acabam sendo tragadas pelo grupo dominante, enquanto
argumentação competente e que na maioria das vezes não passará do próprio discurso19.
         Nas práticas pedagógicas permeia a ação de muitos educadores20, enquanto
atitude, “muitas vezes a serviço da manutenção da ordem hierarquizada, isto é, são
ideólogos”, como destaca a filósofa Aranha21. Esta descrição manifesta que teremos
uma árdua batalha para desfazer as mazelas a muito já lapidadas, manifestando
propositura de transformação da classe de letrados. Assim, entendemos mais claramente
o porquê de muitas vezes não entendermos o legado de Paulo Freire e estarmos
discursando como prática do cotidiano educativo, sem ter resultados expressivos.



16
   Para entender um pouco mais sobre o projeto ideológico do período desde o governo de 1955 até o golpe de 1964,
concomitante com a proposta de levar os objetivos centrais, permeadas por “soluções de demagogos instalados no
poder”; ver: PRADO JUNIOR, Caio &FERNANDES, Florestan. Idem.(p.46).
17
   CALDART, Roseli S. &KOLLING, Edgar J. (orgs.)Paulo Freire: um educador do povo. 4ª ed. São Paulo: Anca,
2002; 72p.
18
    Usando do discurso do próprio Paulo Freire que menciona a seguinte questão: “alguns desses intelectuais ou
mesmo muitos deles que continuam autoritariamente desrespeitando o discurso camponês devem ter lido e até escrito
teses sobre Gramsci. É interessante, veja você, como a ideologia não proíbe que você leia Gramsci, mas proíbe que
você o entenda”; conforme: FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. (Organização de Ana Maria Araujo
Freire). São Paulo: Unesp, 2001; (p.154).
19
   Entenda que até a luta pela América Latina livre de Che Guevara virou mais modismo do que sonho de libertação,
apenas para citar um dos inúmeros exemplos. Sabemos que o governo do Irã não tem direito do reprimir seu povo em
nome de seu poder, mas será que é isso mesmo que está acontecendo naquele país ou a mídia que faz parte da classe
dominante apena quer divulgar esse tipo de imagem e mostrar os estadunidenses como país do “bem intransponível”?
20
   Para o aprofundamento na dimensão crítica do papel do intelectual, ver: Subcomandante Marcos. Nosso próximo
programa: Oxímoro! Disponível em:
http://www.galizacig.com/actualidade/200103/lemonde_nosso_proximo_programa_oximoro.htm(acessado em
15/09/2010).
21
   ARANHA. Idem. (p.47.)

                                                                                                               5
Provavelmente Habermas comprometeu um público mais amplo a partir da
ética do discurso, salientando o direito de todos que se manifestarem e com
reciprocidade linear para ambos (tanto quem ouve, quanto quem fala). Como entender o
agir comunicativohabermasiano quando se tem uma instituição chamada ONU (Órgão
das Nações Unidas) e que em nome da soberania estadunidense, justifica sanções contra
países que manifestam interesses diversos, colocando em xeque os ideais norte-
americanos?
         Por fim, podemos salientar que a sociedade está controlada tanto no discurso
quanto na prática, impregnada por uma satisfação demagógica sempre presente no
discurso dos dominantes ou em nome destes. Observando um pouco mais a fundo, para
a melhoria do setor educativo ou da saúde, precisamos de acordos políticos. Os acordos
políticos estão acima das necessidades da sociedade como um todo. As decisões passam
a ser entendidas como decisões políticas e ao mesmo tempo impregnadas de discursos
demagógicos.
          Então, um novo sistema, que não necessariamente seja novo, mas que pense o
todo, onde o todo é preciso ser edificado fora do dogmatismo, fora de todos os ismos e
ainda mais longe do discurso presente ideologicamente manipulado e demagogicamente
validado. Pensar uma proposta para a melhoria de todos ou da maioria que estão
prejudicados é preciso pensar um novo pensar, um novo sujeito, uma nova
organização social. Pensar e projetar sempre dentro não apenas da libertação ou da tão
sonhada democracia, mas da aceitação e construção de novas bases sociais. E temos que
possibilitar o entendimento de que não temos quase nada construído solidamente e que
precisamos partir de algo sólido22. Do jeito que a democracia tomou corpo em nosso
meio e está presente na atualidade, se prostra muito mais como farsa do que como lugar
de todos viverem bem e se expressarem com reciprocidade. Um exemplo pode ser a
disputa política pelo comado dos estados e da união, que acaba não sendo apenas uma
disputa, mas uma baixaria entre partidos políticos fora da mesma coligação.
          Acordar das amarras demagógicas é imprescindível para o momento, pois
estamos sendo burlados tanto nas dimensões sociais, éticas, políticas, econômicas23 e
outras mais, quanto nas várias instâncias representativas, tanto mínima quanto
maximamente. Entende-se que não existem representações que sejam justas e corretas
na aplicabilidade de sua demanda representativa, visto que não existe a neutralidade,
mas atendendo a determinado grupo. Será possível pensar um plano que nenhum ser
seja excluído enquanto habitante deste planeta? – Para pensar, temos primeiro que nos
libertar dos ideais postos até o presente momento e essa tarefa não vai ser fácil, pois
congratulamos com o opressor que está dentro de nós e acabamos oprimindo quando é
possibilitado o momento24. Não será fácil desfazer-se da ideologia construída na

22
    Entender que tanto a filosofia quanto a pedagogia ou a psicologia e tantas outras ramificações que trata do sujeito
humano não estão conseguindo solidificar uma proposta viável socialmente e que inclua a classe excluída com
ferramentas para não ser nunca burlada ou posta a serviço daquela mesma minoria.
23
   O que presenciamos de forma mais contundente são as reformas nos setores acima descritos e que não surte efeito
tão esperado. Na prática o que precisaria adotar é uma revolução, tão sonhada pela corrente marxista e descrita em
1966, por Caio Prado Júnior, na p.39, do livro já mencionado anteriormente (ver nota 16).
24
   Para um maior esclarecimento, ver: BOGO, Ademar. O vigor da mística. São Paulo: Anca, 2002; 189p.; e
FREIRE, Paulo. Idem.

                                                                                                                     6
sociedade brasileira a partir do “jeitinho brasileiro”25 de lidar com as situações do
cotidiano, pois se encontra impregnado dentro da maioria das associações, instituições
e outras instancias representativas. Podemos observar que até no simples ato de dirigir
um carro é tentado burlar o sistema, quando deparado com autoridades, ao cometer um
desvio de conduta. Ou de um lado ou do outro é tentado fugir do justamente aplicável e
a reciprocidade em apenas alguns casos não acontece. Acabamos aproveitando da
situação para favorecer o individualismo e não o social como de fato deveria ocorrer.
Satisfaria melhor nosso ego quando o entendimento do eticamente viável fosse posto
em prática, pois a sociedade estaria acima dos interesses26 apenas individuais27.
         Poderia supor um tanto contraditório, que a primeira iniciativa é não ter
proposta nenhuma para sair do sistema envergado e alienado que estamos. Se levarmos
em conta a problemática crise que passa a humanidade, o artigo “A manipulação
neoliberalista do conhecimento” sugere a seguinte indagação: “o que fazer para mudar?
O primeiro passo é acreditar na mudança. Com isso já quebramos um dos pilares em
que se apoia a dominação contemporânea, a descrença, o pessimismo”28, tendo sempre
presente uma postura crítica e consciente. E, continuo dizendo, que o segundo passo é
descruzar os braços e agir com as ferramentas que possuímos para sairmos do
conformismo. Porém, só isso não basta. É preciso compreender que “toda essa crise tem
suas origens na inversão de valores moderna, profundamente enraizada na forma de
pensar do homem contemporâneo e que, por isso, sugere o plantio de sementes de
mudanças nesse terreno, o dos valores”29, sementes que precisam ser rapidamente
plantadas por levar longo tempo para germinar. Essa mudança requer a não-violência e
a tolerância, postura tomada na íntegra pelo indiano Mahatma Gandhi e que na
atualidade alguns educadores estão levando avante.
         Assim, pensar uma saída é posicionar-se o inverso do opressor, o inverso do
dogmático e o inverso do expressar-se demagogicamente como sendo verdadeiro. Então
pôr-nos-emos a luta, anunciando e denunciando tais amarras. Enquanto denunciamos
uma bandeira, ao mesmo tempo anunciamos a outra. Que talbandeira não seja apenas de
libertação, mas de reconstrução de todos os habitantes do planeta Terra, levando em
consideração humanos, animais, vegetais, minerais e outros seres e não seres, podendo
todos juntos coabitar e coexistir.30


25
   Para um maior aprofundamento pode ser lido Roberto DaMatta, em sua vasta bibliografia.
26
   Para compreender se nossas ações estão voltadas para o social, Marx e Engels determina a seguinte máxima: “Em
lugar da antiga sociedade burguesa, com suas classes e antagonismos de classes, haverá uma associação na qual o
livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos”. Ver: In: PRADO JUNIOR,
Caio &FERNANDES, Florestan. Idem. (p.71)
27
   ARevista Filosofia: conhecimento prático, (n. 23. São Paulo: Escala Educacional, 2010), traz uma reportagem
sobre a escritora AynRand, destacando a grande procura de seus livros, por expressar a seguinte questão: “os leitores
mais jovens ‘são atraídos por ela ser a grande defensora do individualismo, da independência, da autoconfiança, da
ambição, da falta de compromisso, da noção de que é possível fazer tudo o que deseja, se não permitir que outros o
detenham’”. (p.34). Observe bem que esses perfis descritos são de jovens presentes nos EUA.
28
   SILVA FILHO, Berilo da Paz Carvalho e BLANCO, Marcos Luengo. A manipulação neoliberal do
conhecimento. São Paulo: Universidade São Judas Tadeu. In: Revista Integração: ensino, pesquisa e extensão, Ano
IX, Novembro de 2003, nº 35 (p.293). Disponível em: <http://www.usjt.br/prppg/revista/numeros.php> (acessado em
15/09/2010).
29
    Ibidem, p.293. Interessante observar no artigo que de todas as dominações, a mais forte e arraigada é a do
neoliberalismo, porque compromete até os que poderiam aspirar uma proposta fora de tais amarras, deixando a
juventude da atualidade sem força e sem voz.
30
   Aos que leram o texto, espero que possam contribuir com indicações bibliográficas e o próprio posicionamento
frente ao escrito por ora. O e-mail é: filfrk@hotmail.com

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Do sono dogmático revisado

  • 1. Do sono dogmático ao crepúsculo demagógico . 1 Texto pensado por Fernando Rasnheski2 (e-mail: filfrk@hotmail.com) Agosto de 2010. Em cada período da história da humanidade, o sujeito impostor3pressupõe que há uma maneira de burlar as forças para conspirar favoravelmente em benefício de uma minoria mandante que sobrepõe seus ideais acima de qualquer suspeita. Em determinado período usou-se o sujeito representante do “ser supremo” na pessoa do governante; mais a frente encontrou o poder do governo na forma de democracia; e como se não bastasse, a igreja intervém com o poder divino novamente. Esgotado essas maneiras maquiavélicas, se impõe o soberano totalitário e, assim, justificado em nome da democracia. Se observarmos bem, o poder de governar só troca de formato, porém mantendo o mesmo estilo que é o governo para poucos se beneficiarem em nome de todos ou da maioria. Aí que entra a questão do sono dogmático, as manipulações ideológicas e, porque não, a crescente inspiração demagógica presente na maioria dos discursos em nome do povo. Em nome dos acordos políticos continua sendo governado do mesmo estilo de outrora: uma minoria burguesa se beneficia. Se partirmos do ideal grego, mesmo dentro da sonhada democracia, percebemos claramente que faz parte da minoria, pois apenas dez por cento da sociedade eram considerados cidadãos atenienses4. Mas como um grupo tão pequeno conseguia impor seus ideais em detrimento de outros noventa por cento e estes sem encontrar forças para revidar? Como entender a liberdade desse período e para quem ela se direcionava concretamente? Por que a grande maioria do povo ateniense aceitava ficar de fora das decisões que a sociedade adotaria? Todos se sentiam representados pela forma adotada de governar? Pouco tempo depois, macedônios tomaram o poder político, territorial, econômico e também militar dos gregos e aderiram à organização da cultura democrática, pois ali encontrariam forças para impor o ideal de sociedade cuja submissão já se encontrava presente. Assim, podemos nos questionar: quem acaba sendo fortalecido novamente nesse processo? 1 Texto produzido a partir de uma manifestação presenciada por entrelaçar a leitura com fundamentação freiriana, mas que nem sempre pressupõe o ideal de Freire, virando muitas vezes apenas objeto de mercado. Texto este lido na “sala de formadores” e com indagação no fazer educativo e o tipo ideal de professor. Remeto esse título já pensado no período da academia, exatos anos de 1999, quando projetado a leitura instigativa a partir do sono dogmático proposto por Kant. Naquele período Kant havia manifestado o interesse de superação do sono dogmático e que na atualidade perpetua o itinerário demagógico e precisamos descobrir uma maneira de manifestar e superar essa atitude socialmente pregada e sendo aceita indiscutivelmente na maioria dos segmentos da sociedade. 2 Professor efetivo na rede estadual de educação, com formação em Filosofia e especialização em “Didática do Ensino Superior”. Atualmente atua como professor formador no Cefapro de Matupá, MT. Também contribuíram na estruturação do texto os formadores do mesmo Cefapro: Everaldo Dill e Marta Tibola. 3 Entende-se como sujeito presente na classe dominante e que materializa domínio tanto a nível ideológico quanto político ou sócio-econômico-cultura. É a reconhecida “mão invisível” da modernidade, se assim podemos retratar. 4 De uma população estimado em 400 mil habitantes, apenas 40 mil eram considerados como autênticos atenienses e que participava da vida pública. Até as mulheres ficavam fora desse espírito democrático construído nesse período e que perpetua em muitas civilizações até o presente cenário. Para um aprofundamento maior, ver: TEIXEIRA, Evilázio F. Borgues. A educação do homem segundo Platão. São Paulo: Paulus, 1999; 142p. 1
  • 2. Podemos entender que muitos grupos submeteram seus ideais e que entrelaçaram culturas e povos a seus interesses. No legado grego, a história tenta demonstrar para nós, desde as séries iniciais, que tipo de sociedade quando adentramos no recinto escolar? Percebemos que tanto o legado grego de democracia quanto o romano com o código civil são filtros5 para perpetuar uma minoria ideologicamente dominadora, tal que o restante da humanidade acaba não encontrando meios para questionar. Provavelmente houve alguém que questionasse o modelo de governar. Porém, na maioria das vezes, não vamos encontrar relatos seus ou de grupos que reivindicassem melhorias ao povo naquele momento, apenas vamos entender historicamente que esse modelo não se questionava e era colocado como pronto e acabado. O que a própria igreja católica – quando se pôs a comandar “gentilmente” em nome de Deus ou em nome da fé – impôs a um grupo maior de pessoas que estavam ao seu comando? Que exemplo perpetuou nesse período que era relevante nos povos anteriores e aplicado pela classe dominante? Da filosofia grega, a igreja esmiuçou o tipo perfeito de racionalidade para induzir e conquistar povos em nome da fé. Cabe a nós entender como essa minoria conseguia comandar uma grande massa sem que esta pudesse reagir ao ser dominada. Por que essa grande maioria não se rebelava? Que tipo de força o pequeno grupo dominante conseguia impor? Cabe a nós refletirmos além do poder militar, além do poder de governar, além do poder divino e tantos outros poderes visíveis. Esse tipo de sociedade se perpetuou por longo período. Por que esse tipo de sociedade como tantas outras entrou em declínio? O novo período que está surgindo é diferente na forma de governar? É composto por um grupo diferente? No período moderno6 o que vai ser questionado? Que tipo de sociedade seráidealizada? Quem se insere nesse grupo? E que tipo de governo será justificado? Sabemos que é questionada a forma de comandar em períodos anteriores com a intenção de propor em prática um novo “ideal”. Saímos da fé e do geocentrismo para aderirmos ao racionalismo/empirismo e então o modelo de sociedade passa a ser entendido a partir das teorias que justificam o heliocentrismo. Como não precisamos mais de Deus para justificar as teorias à sociedade, o próprio homem7 será a razão desse entendimento. O modelo racional de cientificidade toma corpo e poder em nosso meio, excluindo outros tipos de conhecimentos que fogem dessa regra. Quem vai conspirar fortemente com argumentos é Kant8, em tempo de anunciar sua grande pergunta: quem é o homem? Falta entendermos atualmente por que 5 Que tipo de filtro existe na atualidade? E aí acabamos nos perguntando: quem são os heróis? Os símbolos o que trazem? É um herói de novela, exterminador do futuro, que passa por cima de todos, ou não? 6 É interessante ler o Discurso do método, de Descartes, obtido como base para o modelo racional. É da base filosófica que parte a proposta de conhecimento científico, contribuindo para a conhecida era do “fim da filosofia”. Como não é foco central desse artigo, não pretendo me prolongar nesse assunto, apenas despertar para visão totalizadora e ao mesmo tempo fragmentada de conhecimento. 7 Em LIMA VAZ, Henrique C. de. Antropologia filosófica I. 4ª ed. São Paulo: Loyola, 1991, encontramos a definição de “homo humanus” (p.78) que contribui para o entendimento desse período. Claro que vai ser remetido desde a idealização do período conhecido como Renascimento. 8 HAMLYN, D. W. Uma História da Filosofia Ocidental. Tradução de Ruy Jungmann Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990. 2
  • 3. Kant salienta para o despertar do sono dogmático. A partir disso é justificado que estávamos perpetuados por uma luz obscura e que precisaríamos nos libertar. Mas por que ninguém se deu conta dessa fase obscura anteriormente? Ou qual o interesse em divulgar essa tese em nosso meio? Entende-se que após o anúncio do sono dogmático, ocorreu a divulgação de outras “formas de expressar forças” que ocultam os ideais da classe dominante, onde a massa continua ainda passiva ao domínio. Marx e Engels9 prenunciam a questão da presença ideológica como força oculta que manipula os ideais sociais para fortalecer a burguesia sem que a classe trabalhadora perceba e lute contra. Cabe nos questionarmos como esse mísero grupo ainda consegue impor suas forças e justificar que é justa a medida adotada e que a grande massa acaba não encontrando maneiras para se posicionar contra, ou seja, fica passiva novamente. Podemos descrever as formas presente dentro do jurídico, do educativo, do militar, do político, as constantes ramificações das classes sociais e as demais instâncias presentes nesse perfil democrático que foi adotado para o estilo de sociedade da atualidade. Sem entrar em detalhes, mas apenas com o objetivo de trazer à tona, Freud anuncia na virada do século XIX a descoberta do inconsciente enquanto força oculta. Essa descoberta visava apenas tratar de doenças psíquicas ou reforça a intenção do controle social? Obtendo como ponto nevrálgico, por que os meios de comunicação adentraram no imaginário inconsciente para divulgar produtos? Outros setores também estão usando dessa potencialidade – se é que existe verdadeiramente – sem que a maioria tenha consciência de que está manipulada. Remetendo a Nietzsche10, percebemos em seus escritos a constante luta para desfazer a figura da dominação quando denuncia que estamos acostumados a “mentir em rebanho”11. Isto reforça a tese de que nem sempre o dito e o escrito oficialmente são de fato verdadeiros. Então podemos nos questionar: o que está oculto no discurso do ideal democrático, estabelecido como mundo perfeito dentro do sistema capitalista12, que foi adotado – ou imposto – e está presente em pleno século XXI? As manifestações de aceitação e imposição estão presentes no discurso democrático e de liberdade, mas não só aí. Porém, perpetuado por demagogias na maioria das instâncias representativas da população. E para refletir podemos nos questionar qual o papel da mídia em nosso meio. Porque algumas notícias têm destaques e outras não são representadas e não tem perfil de notícia no cenário? Cabe a nós manifestarmos maior esforço para desmistificar o discurso demagógico presente 9 MARX & ENGELS. A ideologia alemã. Trad. Frank Müller. São Paulo: Martin Claret, 2007; 145p. 10 Precisamente pode ser consultada a seguinte obra: Acerca da verdade e da mentira, da editora RIDEEL. 11 De acordo com o artigo “O sentido ético do eterno retorno em Nietzsche”, escrito por Suze Piza e Daniel Pansarelli, publicado em: Revista Filosofia: conhecimento prático, (n. 25. São Paulo: Escala Educacional, 2010), destaca que Nietzsche faz a seguinte acusação: “a humanidade habituou-se a ‘mentir em rebanho’, aceitar como verdadeiras as construções falsas, improváveis ou impossíveis de se comprovar, apenas por serem estas as construções aceitas pelo conjunto da sociedade”. (p.19) 12 Por que não encontramos força para lutar contra esse sistema? Florestan Fernandes afirma que a proposta do sistema capitalista é esmagar enquanto é tempo, tal que “produz um proletariado anêmico e que tem fraca base estrutural para movimentar a luta de classe”, tornando-se um “inimigo débil.” Ver: PRADO JUNIOR, Caio &FERNANDES, Florestan. Clássicos sobre a revolução brasileira. São Paulo: Expressão Popular, 2007; (p.95). 3
  • 4. dentro das instâncias representativas da sociedade. Assim, Aranha propõe algumas reflexões fundamentais: “se a corrupção é inerente ou não à atuação dos políticos; se a existência de ricos e pobres é um fato natural ou se vale a pena lutar pela igualdade de condições na sociedade; se a mentira é detestável ou se há mentiras ‘piedosas’”13, dentre outras. Assim, quando reforçamos o ideal democrático da sociedade moderna, o que acabamos negando de fato? E o ideal de liberdade, como está sendo inventado e reinventado no cenário atual? Quando falamos em ter direito na atualidade, o que estamos reforçando demagogicamente? Que rumos vamos tomar para acordar do crepúsculo demagógico fortemente presente em nosso meio e manipulado maquiavelicamente? Como salienta Rodrigo Dantas14, a solução para os problemas que assolam a sociedade provavelmente não estão dentro das decisões políticas da forma como está representada atualmente. Se com a política não podemos contar verdadeiramente, como fica a educação, a saúde, a segurança e muitas outras instâncias que dependem da decisão atrelada à questão política? Então como construir um sistema fora do dogmatismo que Kantmanifestou, que não impere a ideologia, que Marx tanto descreveu em nível das lutas de classes, e que seja livre do perfil demagógico imposto e presente na atualidade? Entrelaçando a uma postura de continuidade, o Procon manifesta que podemos continuar consumindo compulsoriamente e quando tiver algum problema é só reivindicar. É uma medida simples e barata, só que na maioria das vezes não dá certo e apenas uma ínfima minoria que entra com recursos. Estabelece-se até um código do consumidor para justificar as fraquezas do sistema atual, mas que na prática não dá conta de resolver os problemas criados em sua totalidade. De forma mais abrasadora, entendemos que o socialismo foi uma proposta audaciosa tanto para o leste europeu quanto para alguns países latinos, e que a mando dos Estados Unidos da América (em nome do capitalismo liberal ou neoliberal) acabou ocorrendo uma inversão de valores e ainda está custando caro para manter essa farsa impregnada demagogicamente, tanto contra o povo cubano quanto contra o povo iraniano, só para salientar apenas dois exemplos de opressão presentes em nosso cotidiano planetário. Claro que estamos além do ideário representativo pelo socialismo pregado dentro do marxismo ou implantado na Rússia por Lenin15. Temos exemplos desse socialismo em que apenas pequenos grupos acabaram sendo privilegiados, onde o próximo passo seria o comunismo, sonhado por alguns governos latino-americanos, tal 13 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2004; (p.20). 14 É professor da Unb, DF, e esta citação se refere quando esteve presente para contribuir com formação na linha filosófica, em outubro de 2003, na cidade de Mirantes da Serra, RO, a convite do MST, CPT e MPA. Vale salientar que Dantas discursava sobre as decisões política voltadas para aquilo que as classes excluídas e organizada no grupo dos sem terras estão reivindicando, tendo como contrapartida a Reforma Agrária e melhores condições de vida prescrita e garantida pela Constituição Federal. 15 Poderá ser feito uma leitura de: LENIN. Tarefa da juventude na construção do socialismo. In: As tarefas revolucionárias da juventude. Caderno 2. 3ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2002; (pp 9-31). 4
  • 5. que levou o Brasil ao período da conhecida ditadura militar16 e, simultaneamente, em outras nações latino-americanas como, por exemplo, o Chile e a Argentina. Falta deixar claro em nome de quem se ignorava o comunismo – termo que podemos definir como: viver em comum unidade, tal qual pregaram alguns cristãos anteriores à própria Igreja – e como o mesmo é compreendido em nossos dias. Vale entender que o estigma tanto do socialismo quanto do comunismo foi retalhado e amordaçado enquanto sistema de organização social e que o capitalismo sempre excluiu e continua com essa identidade mais forte na atualidade. Então, como pensar uma sociedade nova e fora das amarras expressadas demagogicamente onde sempre a mesma classe sai beneficiada? Entendemos que PauloFreire17 manifestou interesse em ensinar a educação a partir do mundo vivido e de onde às pessoas se encontram dentro de um ideário educativo libertador, problematizador e politizado. PauloFreire enquanto educador também aderiu à bandeira dos movimentos sociais como exemplo de luta pelos oprimidos. Essa práxis na atualidade virou marketing mais de shopping centers do que luta educativa como estava sendo proposto pelo autor. Só para salientar que os sujeitos que sonham e almejem uma sociedade mais justa e igualitária acabam sendo burlados e enganados com propostas centrais, onde é perpetuada essa consciência e não é atingida na prática, ou seja, a práxis18. Se retorcermos um pouco mais as propostas dos grandes sonhadores quando toma corpo na sociedade, acabam sendo tragadas pelo grupo dominante, enquanto argumentação competente e que na maioria das vezes não passará do próprio discurso19. Nas práticas pedagógicas permeia a ação de muitos educadores20, enquanto atitude, “muitas vezes a serviço da manutenção da ordem hierarquizada, isto é, são ideólogos”, como destaca a filósofa Aranha21. Esta descrição manifesta que teremos uma árdua batalha para desfazer as mazelas a muito já lapidadas, manifestando propositura de transformação da classe de letrados. Assim, entendemos mais claramente o porquê de muitas vezes não entendermos o legado de Paulo Freire e estarmos discursando como prática do cotidiano educativo, sem ter resultados expressivos. 16 Para entender um pouco mais sobre o projeto ideológico do período desde o governo de 1955 até o golpe de 1964, concomitante com a proposta de levar os objetivos centrais, permeadas por “soluções de demagogos instalados no poder”; ver: PRADO JUNIOR, Caio &FERNANDES, Florestan. Idem.(p.46). 17 CALDART, Roseli S. &KOLLING, Edgar J. (orgs.)Paulo Freire: um educador do povo. 4ª ed. São Paulo: Anca, 2002; 72p. 18 Usando do discurso do próprio Paulo Freire que menciona a seguinte questão: “alguns desses intelectuais ou mesmo muitos deles que continuam autoritariamente desrespeitando o discurso camponês devem ter lido e até escrito teses sobre Gramsci. É interessante, veja você, como a ideologia não proíbe que você leia Gramsci, mas proíbe que você o entenda”; conforme: FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. (Organização de Ana Maria Araujo Freire). São Paulo: Unesp, 2001; (p.154). 19 Entenda que até a luta pela América Latina livre de Che Guevara virou mais modismo do que sonho de libertação, apenas para citar um dos inúmeros exemplos. Sabemos que o governo do Irã não tem direito do reprimir seu povo em nome de seu poder, mas será que é isso mesmo que está acontecendo naquele país ou a mídia que faz parte da classe dominante apena quer divulgar esse tipo de imagem e mostrar os estadunidenses como país do “bem intransponível”? 20 Para o aprofundamento na dimensão crítica do papel do intelectual, ver: Subcomandante Marcos. Nosso próximo programa: Oxímoro! Disponível em: http://www.galizacig.com/actualidade/200103/lemonde_nosso_proximo_programa_oximoro.htm(acessado em 15/09/2010). 21 ARANHA. Idem. (p.47.) 5
  • 6. Provavelmente Habermas comprometeu um público mais amplo a partir da ética do discurso, salientando o direito de todos que se manifestarem e com reciprocidade linear para ambos (tanto quem ouve, quanto quem fala). Como entender o agir comunicativohabermasiano quando se tem uma instituição chamada ONU (Órgão das Nações Unidas) e que em nome da soberania estadunidense, justifica sanções contra países que manifestam interesses diversos, colocando em xeque os ideais norte- americanos? Por fim, podemos salientar que a sociedade está controlada tanto no discurso quanto na prática, impregnada por uma satisfação demagógica sempre presente no discurso dos dominantes ou em nome destes. Observando um pouco mais a fundo, para a melhoria do setor educativo ou da saúde, precisamos de acordos políticos. Os acordos políticos estão acima das necessidades da sociedade como um todo. As decisões passam a ser entendidas como decisões políticas e ao mesmo tempo impregnadas de discursos demagógicos. Então, um novo sistema, que não necessariamente seja novo, mas que pense o todo, onde o todo é preciso ser edificado fora do dogmatismo, fora de todos os ismos e ainda mais longe do discurso presente ideologicamente manipulado e demagogicamente validado. Pensar uma proposta para a melhoria de todos ou da maioria que estão prejudicados é preciso pensar um novo pensar, um novo sujeito, uma nova organização social. Pensar e projetar sempre dentro não apenas da libertação ou da tão sonhada democracia, mas da aceitação e construção de novas bases sociais. E temos que possibilitar o entendimento de que não temos quase nada construído solidamente e que precisamos partir de algo sólido22. Do jeito que a democracia tomou corpo em nosso meio e está presente na atualidade, se prostra muito mais como farsa do que como lugar de todos viverem bem e se expressarem com reciprocidade. Um exemplo pode ser a disputa política pelo comado dos estados e da união, que acaba não sendo apenas uma disputa, mas uma baixaria entre partidos políticos fora da mesma coligação. Acordar das amarras demagógicas é imprescindível para o momento, pois estamos sendo burlados tanto nas dimensões sociais, éticas, políticas, econômicas23 e outras mais, quanto nas várias instâncias representativas, tanto mínima quanto maximamente. Entende-se que não existem representações que sejam justas e corretas na aplicabilidade de sua demanda representativa, visto que não existe a neutralidade, mas atendendo a determinado grupo. Será possível pensar um plano que nenhum ser seja excluído enquanto habitante deste planeta? – Para pensar, temos primeiro que nos libertar dos ideais postos até o presente momento e essa tarefa não vai ser fácil, pois congratulamos com o opressor que está dentro de nós e acabamos oprimindo quando é possibilitado o momento24. Não será fácil desfazer-se da ideologia construída na 22 Entender que tanto a filosofia quanto a pedagogia ou a psicologia e tantas outras ramificações que trata do sujeito humano não estão conseguindo solidificar uma proposta viável socialmente e que inclua a classe excluída com ferramentas para não ser nunca burlada ou posta a serviço daquela mesma minoria. 23 O que presenciamos de forma mais contundente são as reformas nos setores acima descritos e que não surte efeito tão esperado. Na prática o que precisaria adotar é uma revolução, tão sonhada pela corrente marxista e descrita em 1966, por Caio Prado Júnior, na p.39, do livro já mencionado anteriormente (ver nota 16). 24 Para um maior esclarecimento, ver: BOGO, Ademar. O vigor da mística. São Paulo: Anca, 2002; 189p.; e FREIRE, Paulo. Idem. 6
  • 7. sociedade brasileira a partir do “jeitinho brasileiro”25 de lidar com as situações do cotidiano, pois se encontra impregnado dentro da maioria das associações, instituições e outras instancias representativas. Podemos observar que até no simples ato de dirigir um carro é tentado burlar o sistema, quando deparado com autoridades, ao cometer um desvio de conduta. Ou de um lado ou do outro é tentado fugir do justamente aplicável e a reciprocidade em apenas alguns casos não acontece. Acabamos aproveitando da situação para favorecer o individualismo e não o social como de fato deveria ocorrer. Satisfaria melhor nosso ego quando o entendimento do eticamente viável fosse posto em prática, pois a sociedade estaria acima dos interesses26 apenas individuais27. Poderia supor um tanto contraditório, que a primeira iniciativa é não ter proposta nenhuma para sair do sistema envergado e alienado que estamos. Se levarmos em conta a problemática crise que passa a humanidade, o artigo “A manipulação neoliberalista do conhecimento” sugere a seguinte indagação: “o que fazer para mudar? O primeiro passo é acreditar na mudança. Com isso já quebramos um dos pilares em que se apoia a dominação contemporânea, a descrença, o pessimismo”28, tendo sempre presente uma postura crítica e consciente. E, continuo dizendo, que o segundo passo é descruzar os braços e agir com as ferramentas que possuímos para sairmos do conformismo. Porém, só isso não basta. É preciso compreender que “toda essa crise tem suas origens na inversão de valores moderna, profundamente enraizada na forma de pensar do homem contemporâneo e que, por isso, sugere o plantio de sementes de mudanças nesse terreno, o dos valores”29, sementes que precisam ser rapidamente plantadas por levar longo tempo para germinar. Essa mudança requer a não-violência e a tolerância, postura tomada na íntegra pelo indiano Mahatma Gandhi e que na atualidade alguns educadores estão levando avante. Assim, pensar uma saída é posicionar-se o inverso do opressor, o inverso do dogmático e o inverso do expressar-se demagogicamente como sendo verdadeiro. Então pôr-nos-emos a luta, anunciando e denunciando tais amarras. Enquanto denunciamos uma bandeira, ao mesmo tempo anunciamos a outra. Que talbandeira não seja apenas de libertação, mas de reconstrução de todos os habitantes do planeta Terra, levando em consideração humanos, animais, vegetais, minerais e outros seres e não seres, podendo todos juntos coabitar e coexistir.30 25 Para um maior aprofundamento pode ser lido Roberto DaMatta, em sua vasta bibliografia. 26 Para compreender se nossas ações estão voltadas para o social, Marx e Engels determina a seguinte máxima: “Em lugar da antiga sociedade burguesa, com suas classes e antagonismos de classes, haverá uma associação na qual o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos”. Ver: In: PRADO JUNIOR, Caio &FERNANDES, Florestan. Idem. (p.71) 27 ARevista Filosofia: conhecimento prático, (n. 23. São Paulo: Escala Educacional, 2010), traz uma reportagem sobre a escritora AynRand, destacando a grande procura de seus livros, por expressar a seguinte questão: “os leitores mais jovens ‘são atraídos por ela ser a grande defensora do individualismo, da independência, da autoconfiança, da ambição, da falta de compromisso, da noção de que é possível fazer tudo o que deseja, se não permitir que outros o detenham’”. (p.34). Observe bem que esses perfis descritos são de jovens presentes nos EUA. 28 SILVA FILHO, Berilo da Paz Carvalho e BLANCO, Marcos Luengo. A manipulação neoliberal do conhecimento. São Paulo: Universidade São Judas Tadeu. In: Revista Integração: ensino, pesquisa e extensão, Ano IX, Novembro de 2003, nº 35 (p.293). Disponível em: <http://www.usjt.br/prppg/revista/numeros.php> (acessado em 15/09/2010). 29 Ibidem, p.293. Interessante observar no artigo que de todas as dominações, a mais forte e arraigada é a do neoliberalismo, porque compromete até os que poderiam aspirar uma proposta fora de tais amarras, deixando a juventude da atualidade sem força e sem voz. 30 Aos que leram o texto, espero que possam contribuir com indicações bibliográficas e o próprio posicionamento frente ao escrito por ora. O e-mail é: filfrk@hotmail.com 7