8. Autor: Barbara Sasaki
Julia de Angelis Queiroz
Marina Luvizari
Dados técnicos
Ilustradores:
Barbara Sasaki
Julia de Angelis Queiroz
Fotografia:
Raphael Dias
I Hate Flash
Coletivo CLAP
Rafa Ribeiro
Tata Barreto
Ricardo Cardoso
JYImagens
Capa:
Julia de Angelis Queiroz
Impressão e Encadernação:
AlphaGraphics
Blocos de Rua
1a. edição
Ano 2015
São Paulo - SP.
Sasaki, Barbara. de A. Queiroz, Julia. Luvizari, Marina.
Blocos de Rua / Barbara Sasaki, Julia de Angelis Queiroz,
Marina Luvizari. ̶̶ São Paulo: Editora Cosac Naify, 2015.
50 páginas.
1. Cultura Brasileira. 2. Carnaval Brasileiro. 3. Blocos de Rua
de Carnaval. I. Blocos de rua.
11. e rua
loco carnavalesco é um termo genéri-
co usado para definir diversos tipos de
manifestações carnavalescas popula-
res. Designa um conjunto de pessoas
que desfilam no Carnaval, de forma
semi-organizada,muitas vezes trajan-
do uma mesma fantasia. Geralmente
constituemumaagremiação.
Ao longo do tempo, diversos grupos
carnavalescosjáforamgenericamente
chamados de blocos, havendo atual-
mente blocos que são mais parecidos
com escolas de samba e outros mais
parecidoscomosantigoscordões.
B
8
13. eiro esdemeadosdoséculoXIXasruasdaci-
dade do Rio de Janeiro eram invadidas,
nos dias de carnaval,por grupos de pes-
soas dispostas a se divertir.Os primeiros
registrosdeblocoslicenciadospelapolí-
cianoRiodeJaneiro,datamde1889:Gru-
po Carnavalesco São Cristóvão, Bumba
meu Boi, Estrela da Mocidade, Corações
deOuro,RecreiodosInocentes,UmGru-
po de Máscaras, Novo Clube Terpsícoro,
Guarani,Piratas do Amor, Bondengó, Zé
Pereira, Lanceiros, Guaranis da Cidade
Nova, Prazer da Providência, Teimosos
do Catete,Prazer do Livramento, Filhos
deSatãeCriançasdeFamília(RuaPauli-
noFigueiredo).
D
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14. NoiníciodoséculoXX,nãohaviagrandes
distinções entre os vários tipos de brin-
cadeiras que ocupavam a cidade e que
podiam ser chamadas indistintamente
de ranchos,cordões,grupos,sociedades
ou blocos, entre outras denominações
genéricas. Durante a década de 1920, a
intelectualidade brasileira volta-se para
as questões ligadas à identidade nacio-
nal destacando a importância da festa
carnavalesca carioca que passa a ser vis-
ta como uma espécie de“resumo”da di-
versidadeculturalbrasileira.
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15. Organizar a“confusão”carnavalesca pas-
saaserumdosobjetivosdaelitecultural
que, com ajuda da imprensa, começa a
definir as diferentes categorias da folia
numaescalaqueiriadassofisticadasso-
ciedades carnavalescas - ou grandes so-
ciedades-atéostemidoscordões
Dentro dessa nova organização, os gru-
pos do carnaval chamado de popular
podiam ser classificados como ranchos
(considerados como mais sociáveis),
blocos ou cordões (vistos como o carna-
val descontrolado).A classificação dos
blocossituava-seameiocaminhoentres
os louváveis ranchos (que tinham um
cortejomaisfocadonoelementoteatral,
com forte presença de instrumentos de
sopro e no canto) e os frequentemente
condenados cordões (que davam ênfa-
se à percussão e em geral não possuíam
outrosinstrumentosmusicais).
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16. Essa característica ambivalente faria dos
blocos a inspiração para os grupos de
samba que buscariam a aceitação da
sociedade no final da década de 1920 e
que passariam a ser denominados de
escolas de samba a partir da década de
1930.Dentreosblocosmaisimportantes
dahistóriadocarnavalcariocaestãooZé
Pereira, Bondengó, Quem Fala de Nós
de Come Mosca,Bloco dos Arengueiros,
CaciquedeRamos,BafodaOnça,Banda
deIpanemaeCordãodoBolaPreta.Nos
últimos anos, o número de blocos que
desfilampelasruasdoRioaumentoude
formanotável.Em2011maisde450blo-
cos foram autorizados a desfilar pelas
ruasdacidadeenoanode2012essenú-
meroultrapassou500autorizaçõespara
saídaduranteocarnavalmostrandoque
o ressurgimento dos blocos carnavales-
cos é uma realidade inquestionável e
que vem animando cada vez mais o car-
navaldoscariocas.
Bondengó
Cor
do Bol
litas
Mulheres de C
Quizom
13
17. Em 2011 mais de 450 blocos foram au-
torizados a desfilar pelas ruas da cidade
e no ano de 2012 esse número ultrapas-
sou 500 autorizações para saída duran-
te o carnaval mostrando que o ressurgi-
mento dos blocos carnavalescos é uma
realidade inquestionável e que vem ani-
mando cada vez mais o carnaval dos ca-
riocas. Hoje em dia, os principais blocos
que desfilam pela cidade carioca são o
Bafo da onça, Bangalafumenga, Banda
de Ipanema,Barbas,Bloco da Preta,Bo-
êmios de irará, Carmelitas, Cacique de
Ramos, Cordão do Bola Preta, Empolga
às 9, Escravos de Mauá, Imaginô? Agora
Amassa!, Imprensa que eu Gamo, Mo-
nobloco,MulheresdeChico,NemMuda
Nem Sai de Cima, Quizomba, Sargento
Pimenta,Simpatia é Quase Amor,Suva-
codeCristoeTimoneirosdaViola.
ó
rdão
la Preta
CarmMonobloco
Chico
mba
SimpatiaéQuaseAmor
Timoneiros da Viola
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19. Carnaval de Pernambuco possui ritmos
como o frevo, o maracatu, a ciranda, o
coco, os caboclinhos, o manguebeat,
entre outros.Considerado o carnaval
mais culturalmente diverso do país, o
carnaval pernambucano tem como ca-
racterística principal a democratização
da brincadeira. Os foliões participam
intensamente das manifestações, sem
a necessidade de uma distinção por
mortalhasouabadás.
No Recife o carnaval tem sua abertura
comasaídadomaiorblococarnavales-
codomundo,oGalodaMadrugada.
OGalodaMadrugadaéumblococarna-
valescoquesaitodosábadodecarnaval
dobairrodeSãoJosé,umdosbairrosda
regiãocentraldacidadedoRecife,capi-
tal do estado de Pernambuco,nordeste
doBrasil.
O
16
20. xIsso ocorre porque,na década de 1990,o
blocopernambucanoentrouparaoLivro
dos Recordes com um desfile que atraiu
cerca de 1,5 milhão de pessoas, enquan-
to, nos anos 2000, o bloco carioca, que
havia passado por décadas de decadên-
cia, voltou a crescer e, segundo organi-
zadores, tem atraído por volta de 2 mi-
lhões de pessoas,mesmo número agora
declarado pela organização do Galo da
Madrugada, que também teria crescido
desdesuaentradanoGuinness.
Ambos os blocos afirmam ser ‘o maior
blocodecarnavaldomundo’,oquecons-
tituiumadisputaacirradaecontroversa,
conferindo, atualmente, o título oficia-
lizado pelo Guinness World Records de
maior bloco ao Galo da Madrugada e o
título ‘informal’ de maior bloco ao Cor-
dãodaBolaPreta.
Cordao da Bola Preta˜
17
21. x O Galo da Madrugada foi fundado em
1978, 60 anos mais tarde que o rival ca-
rioca, porém, ganhou notoriedade a ní-
vel nacional antes de seu rival, por ter
crescido e desfilado durante anos, com
maisde2milhõesdepessoas,comoum
dos grandes acontecimentos do carna-
valdePernambuco.
Em2015oCordãodaBolaPretasaiucom
três trios elétricos e com uma expectati-
vade1.300.000integrantes,enquantoo
Galo da Madrugada saiu com 16 carros
alegóricose23trioselétricoseexpectati-
vademaisde2.500.000depessoas.
O Cordão da Bola Preta foi fundado em
1918 e, hoje, ocupa o posto de bloco car-
navalesco mais antigo e importante do
RiodeJaneiro,etema‘MarchadoCordão
da Bola Preta’,composta em 1962,como
hino oficial e cujo famoso refrão ‘quem
não chora, não mama’ costuma abrir o
carnaval da cidade carioca há décadas.
Seu desfile é tradicionalmente encerra-
do ao som de outra famosa marchinha:
CidadeMaravilhosa.
Galo da Madrugada
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46. OBanga (para os“íntimos”) nasceu como bloco
de carnaval no verão de 98, e foi aos poucos ganhando
espaço na zona sul, onde invariavelmente as apresen-
tações acabavam em grandes festas nas ruas. Com o
sucesso do carnaval, os principais integrantes ficaram
motivados a seguir com o trabalho durante o ano, fa-
zendo shows com uma formação reduzida, mas sem
perder a sonoridade e a característica festiva do bloco.
Este foi o estopim para o surgimento da banda Banga-
lafumenga.
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47. No entanto, mesmo como uma “banda”, não perderam
o jeito vira-lata, e não deixaram de participar da folia
do carnaval de rua. O resultado é um som direto, per-
cussivo, super dançante com uma linguagem poética
simples. Assim o trabalho foi começando a conquistar
a simpatia do público, e respeito de nomes consagra-
dos da nossa música. Já dividiram palco com artistas
como: Nei Lopes, Zélia Duncan, Fernanda Abreu, Mar-
celo D2, Roberto Frejat, Seu Jorge, Paula Lima, Walter
Alfaiate, Adriana Calcanhoto, Pedro Luís e a Parede,
entre outros. Rodrigo Maranhão, líder e principal com-
positor do grupo, já foi gravado por vários intérpretes
da música brasileira. Destaque para Fernanda Abreu,
Zélia Duncan, e Maria Rita, esta última que gravou a
canção “Caminhos das Águas”, que deu ao compositor
o Grammy Latino de melhor canção brasileira de 2006.
44
48. As apresentações do Banga contam com suas canções,
e de outros compositores da nova safra, além de clás-
sicos da música brasileira, como Gil, Lenine, Alceu Va-
lença, entre outros. O Bangalafumenga ministra sua
Oficina de percussão na Parada da Lapa, RJ, em parce-
ria com a Fundição Progresso,explorando toda a diver-
sidade e riqueza dos ritmos brasileiros, como o Côco, a
Ciranda, o Maracatú, o Samba. Na oficina, os três dire-
toresdoBanga(RodrigoMaranhão,ThiagoDiSabbato,
André Moreno) ensinam as técnicas dos instrumentos
de bloco, como surdos, repiques e tamborins, além de
musicalizar e formar “em casa” os batuqueiros do Blo-
co. Que vem ganhando força a cada ano, já conta com
mais de 70 integrantes, e já está virando tradição no
carnaval de rua do Rio.
50. OBangalafumengamudouacaradoCarnavalderuado
Rio de Janeiro a partir do início dos anos 2000. E ago-
ra, de olho na vontade foliã do paulistano, os cariocas
montaram sua filial por aqui e estão atraindo para sua
bateria gente que nunca se imaginou como ritmista. A
turma do músico Rodrigo Maranhão foi“importada”por
um grupo de amigos paulistanos que curtiam o Car-
naval do Rio e queriam trazer para cá o bloco. Em 2011,
FláviaCarvalho,AlanEdelsteineRogérioOliveirafunda-
ram a Oficina de Alegria,responsável pela realização da
oficina em São Paulo e por colocar o bloco na rua.
51. A Oficina da Alegria é formada por alunos que inte-
gram a bateria e, além de desfilar no Carnaval com o
bloco no Rio e agora em SP, participam dos shows pré-
-carnavalescoscomoBanga.NoprimeiroCarnaval,em
2012, o Bangalafumenga, que sempre tem o reforço
dos batuqueiros cariocas, reuniu 7 mil pessoas pelas
ruas da Vila Madalena. Em 2013, segundo a organiza-
ção, mais de 25 mil pessoas acompanharam o bloco,e
assim a cada ano o número de foliões só aumenta.