Este documento é um resumo de um conto de autor. Narra a história de um homem chamado Eurico que se apaixonou por uma mulher chamada Mariana no início, mas depois percebeu que ela era uma mentirosa hábil. Apesar da beleza e inteligência aparentes de Mariana, Eurico percebe que ela tende a exagerar seus conhecimentos e experiências. Ele passa então a achar que Mariana e outro homem chamado Júlio seriam um casal melhor combinado.
1. Português, 10º Ano Prof. António Alves
Conto de autor – Teste de Avaliação Formativa
1.
Procede
à
leitura
cuidada
e
atenta
do
texto.
5
10
15
20
25
30
Tinham
subido
juntos
uma
encosta
íngreme
e
pedregosa.
Fora
o
momento
mais
belo,
de
mãos
nas
mãos,
descobrindo,
subindo,
apesar
de
tudo,
subindo.
Mas,
pouco
a
pouco
-‐
a
encosta
era
demasiado
íngreme
-‐,
o
fôlego
faltava.
Muito
antes
do
cume,
já
desciam
sem
dar
por
isso.
Em
breve,
fingindo
que
não
davam
por
isso.
Cada
um
escapava-‐se
por
aqui
e
por
ali,
agarrado
ao
primeiro
arbusto,
quando
não,
de
gatas,
à
vegetação
rasteira,
evitando
a
queda
a
todo
o
custo,
e
transformando,
cada
vez
mais,
esse
evitar
da
queda
no
objectivo
exclusivo
do
que
só
no
nome
continuava
a
ser
uma
escalada.
Até
a
Mariana
..
Tinha-‐lhe
agradado
tanto
no
princípio,
a
Mariana...
A
testa
alta,
o
nariz
quase
recto,
os
olhos
transparentes,
os
dentes
muito
certos
brilhando
no
sorriso
discreto
que,
de
onde
em
onde,
iluminava
a
sua
expressão
habitualmente
séria,
inteligente,
convicta...
Raramente
desconhecia
uma
obra
ou
um
facto
de
que
se
falasse.
Dizia
que
sim
com
a
cabeça
ou
insinuava,
com
um
simples
mover
dos
lábios,
qualquer
discordância
que
não
valia
a
pena
discutir
na
altura.
Os
conhecimentos
e
a
experiência
de
Mariana,
aquela
capacidade
de
julgar
e
de
impor
o
seu
juízo,
espontaneamente,
quase
sem
palavras,
junta
a
tanta
beleza
e
frescura
juvenil,
deslumbravam-‐no.
Depois
viera
a
história
do
baile
da
escola
e
a
admiração
sumira-‐se.
Num
grupinho
de
amigos
mais
chegados,
que
só
suportavam
o
baile
por
ser
um
processo
cómodo
e
rendoso
de
angariar
fundos,
ouvira-‐a
dizer
sobre
um
caso
passado
com
dois
outros
amigos
que
não
estavam
presentes:
"Não
foi
bem
assim,
eu
estava
lá...
"
E
isso
passara-‐se
-‐
ele
tinha
a
certeza
-‐
num
dia
em
que
ela
saíra
de
Lisboa.
Logo
a
seguir,
discutia-‐se
um
livro
e
ouviu-‐a
proferir,
com
certa
sobranceria,
um
juízo
definitivo
que
calou
toda
a
gente.
E
tratava-‐se
dum
livro
de
que
ele
próprio
lhe
falara
horas
antes,
depois
de
ela
confessar
que
não
conhecia
o
autor.
Por
acaso,
naturalmente...
Toda
aquela
superioridade
que
o
fascinava
se
reduzia
afinal
a
uma
habilidade
prodigiosa
para
mentir.
Sentira-‐se
logrado,
desinteressara-‐se,
deixara
de
ver
motivo
para
continuar
a
opor-‐se
ao
cerco
sentimental
que
o
Júlio
lhe
fazia.
Talvez
estivessem
muito
bem
um
para
o
outro.
Júlio
daria,
aliás,
um
bom
marido,
que
era
o
que
ela,
no
fim
de
contas,
merecia.
A
solicitude
de
que
Cercava
todos,
a
tendência
para
apagar-‐se,
a
mediocridade
sem
remédio,
mas
não
por
de
mais
evidente,
haviam
de
garantir-‐lhe,
mais
tarde
ou
mais
cedo,
aquilo
a
que
se
chama
uma
boa
situação.
E
todos
esses
predicados
conviriam
muito
bem
a
uma
rapariga
como
Mariana,
que
o
dominaria
sem
dificuldade,
com
aquele
arzinho
de
quem
nasceu
para
ajudar
os
outros.
Com
o
Eurico,
Mariana
correria
o
risco
de
vir
a
revelar
os
seus
limites.
Eurico
era
inteligente.
Levaria
algum
tempo,
mas
acabaria
por
conhecê-‐la
toda,
dissecá-‐la,
esvaziá-‐la.
Seria
um
fracasso.
Com
Júlio,
não.
Nunca
ele
chegaria
a
compreendê-‐la,
nem
lhe
daria
ocasião
para
desconfiar
de
si
mesma.
Casamento
estável,
alguns
filhos,
recordações
comuns
da
mocidade.
Felicidade,
enfim.
DIONÍSIO,
Mário,
1977.
"Entre
Cafés
e
Pensamentos",
in
O
Dia
Cinzento
e
Outros
Contos.
Mem
Martins;
Europa-‐América
2.
2.
Classifica
o
narrador
quanto
à
sua
presença
ou
participação
na
ação
narrada.
2.1.
Transcreve
duas
expressões
que
comprovem
a
tua
afirmação.
3.
Enumera
as
personagens
intervenientes
na
ação.
4.
Caracteriza
o
mais
completamente
possível
Mariana,
apresentando
palavras
e/ou
expressões
que
confirmem
as
tuas
afirmações.
4.1.
Menciona
os
processos
de
caracterização
de
que
te
serviste
na
resposta
à
questão
anterior,
justificando
devidamente
a
tua
resposta.
5.
Comenta
a
expressividade
do
uso
das
reticências
no
primeiro
parágrafo
do
texto.
6.
Explica
por
palavras
tuas
a
frase
"Toda
aquela
superioridade
que
o
fascinava
se
reduzia
afinal
a
uma
habilidade
prodigiosa
para
mentir."
(ll.
22-‐23).
7. Após
a
descoberta
do
verdadeiro
âmago
de
Mariana,
o
narrador
considera
a
hipótese
de
uma
relação
feliz
com
outra
personagem.
7.1.
Identifica
essa
personagem.
7.2.
Explica
o
que
o
levava
a
crer
que
essa
relação
seria
possível.
8. O
narrador
equaciona
ainda
a
hipótese
de
Mariana
estabelecer
uma
relação
amorosa
com
outra
personagem.
8.1.
Menciona-‐a.
8.2.
Compara-‐a
com
Júlio.
9. Explica
o
que,
na
perspectiva
do
narrador,
garantia
o
sucesso
de
uma
eventual
relação
entre
Mariana
e
Júlio.
10.
Atribui
um
título
ao
texto,
apresentando
as
razões
da
tua
escolha.
11.
Faz
corresponder
a
cada
nome
apresentado
os
adjetivos
equivalentes.
a.
“chuva”
b.
"mãos"
c.
"nariz"
d.
"cabeça"
e.
"experiência”
f.
"habilidade"
4. Relê
as
seguintes
expressões:
a)"a
encosta
era
demasiado
íngreme"(I.
3)
b) "Tinha-‐lhe
agradado
tanto
no
princípio"
(l.
7)
c) "Raramente
desconhecia
uma
obra"
(l.
10)
d) "Casamento
estável"
(I.
33)
12.1.
Reescreve
a
expressão
a.
substituindo
a
palavra
sublinhada
por
um
sinónimo.
12.2.
Reescreve
a
expressão
b.
substituindo
a
palavra
sublinhada
por
um
antónimo.
12.3.
Reescreve
a
expressão
c.
substituindo
a
palavra
sublinhada
por
um
hipónimo.
12.4.
Reescreve
a
expressão
d.
substituindo
a
palavra
sublinhada
pelo
respectivo
hiperónimo.
3.
13.
Indica
o
tempo
e
o
modo
das
formas
verbais
abaixo
apresentadas.
a)
"Tinham
subido"
(I.
1)
b)
"Fora"
(I.
1)
c)
"era"
(I.
3).
d)
"angariar"
(I.
17)
e)
"estivessem"
(I.
24)
f)
"conviriam"
(I.
28)
14.
Relê
os
excertos
seguintes.
a)
"de
mãos
nas
mãos,
descobrindo"(I.
2);
b)
"Em
breve,
fingindo
que
não
davam
por
isso"
(I.
4);
c)
"os
dentes
muito
certos
brilhando
no
sorriso
discreto"
(l.9);
d)
"a
admiração
sumira-‐se"
(ll.15);
e)
"depois
de
elo
confessar
que
não
conhecia
o
autor"
(l.21);
f)
"E
todos
esses
predicados
conviriam
muito
bem
a
uma
rapariga
como
Mariana"
(ll.28-‐29);
g)
"acabaria
por
conhecê-‐la
toda,
dissecá-‐la,
esvaziá-‐la"
(ll.31)
14.1.
Completa
o
quadro
seguinte
a
partir
dos
verbos
sublinhados
em
cada
alínea,
de
acordo
com
o
exemplo:
"apesar
de
tudo,
subindo"(I.
2)
Verbo
Nome
Adjetivo
Ex.
subir
subida
subido
a.
b.
c.
d.
e.
f.
g.
15.
Estabelece
as
correspondências
entre
as
frases
complexas
da
coluna
A
e
a
classificação
das
orações
que
as
constituem
da
coluna
B.
A
B
a)
"Raramente
desconhecia
uma
obra
ou
um
facto
de
que
sefalasse."
(l.10)
1.
Oração
subordinante,
oração
subordinada
adjectiva
relativa
explicativa
e
oração
subordinada
adverbial
final
não
finita
infinitiva
b)
"Depois
viera
o
história
do
baile
da
escola
e
a
admiração
sumira-‐se."
(l.15)
2.
Oração
coordenada
e
oração
coordenada
copulativa
c)
"Toda
aquela
superioridade
que
o
fascinava
se
reduzia
afinal
a
uma
habilidade
prodigiosa
para
mentir."
(ll.22-‐23)
3.
Oração
subordinante
e
oração
subordinada
adverbial
final
não
finita
infinitiva
d)
"Nunca
ele
(
..
.)
lhe
daria
ocasião
para
desconfiar
de
si
mesma."
(ll.32-‐33)
4.
Oração
subordinante
e
oração
subordinada
adiect.va
relativa
explicativa.
16.
Transcreve
todos
os
nomes
próprios
presentes
no
último
parágrafo.
Retirado
de
Expressões
-‐
Português,
10º
Ano,
Porto
Editora
(com
alterações)