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CONTRAPONTO I

              PRIMEIRA ESPÉCIE DE CONTRAPONTO

          Considerações Preliminares sobre Contraponto

      Podemos definir a técnica do contraponto como sendo a arte de
combinar diferentes melodias que soam simultaneamente.
      No estudo do contraponto, desenvolvemos habilidades de
compor duas ou mais melodias que são executadas ao mesmo tempo.
      As técnicas de contraponto mais estudadas são as seguintes:
         •     Contraponto por espécie (cinco espécies)
         •     Contraponto livre
         •     Contraponto imitativo
         •     Contraponto invertido


      Iniciaremos o nosso estudo de contraponto com base nas cinco
espécies desenvolvidas por Johannes Fux (1660-1741), em seu livro
Gradus ad Parnassum (1725). Os conceitos de Fux serão adaptados
às características rítmicas, melódicas e harmônicas da música
brasileira.


      CLASSIFICAÇÃO DOS INTERVALOS
      A técnica do contraponto consiste em controlar os diferentes
níveis de consonância e dissonância, na combinação de duas ou mais
melodias simultâneas.
      Por isso, vamos começar pela classificação dos intervalos.
      Os intervalos são classificados em duas categorias: intervalos
melódicos e intervalos harmônicos.
      No estudo do contraponto e da harmonia, os conceitos de
consonância e dissonância são diferenciados conforme a categoria.

      Os intervalos melódicos são classificados em:
2


    • Consonâncias: graus conjuntos (2ªm e 2ªM), 3ªm, 3ªM, 4ªJ,
    5ªJ, 6ªm, 6ªM e 8ªJ.
    •   Dissonâncias: 7ªm e 7ªM; todos os intervalos aumentados e
    diminutos; todos os intervalos compostos.
        Essa classificação é útil, pois geralmente damos preferência aos
intervalos consonantes na criação de melodias.

        Os intervalos harmônicos são classificados em:
•   Consonâncias Perfeitas: uníssono, 5ªJ e 8ªJ.
•   Consonâncias Imperfeitas: 3ªm, 3ªM, 6ªm e 6ªM.
•   Dissonâncias:    2ªm,    2ªM,   7ªm,     7ªM      e   todos    os      intervalos
    aumentados e diminutos.

        Obs. 1: O intervalo de 4ªJ é considerado dissonante quando
ocorre com relação ao baixo – a duas vozes, portanto, a 4ªJ é sempre
dissonante; a três ou mais vozes, o intervalo de 4ªJ é considerado
consonante quando aparece entre duas vozes superiores.

        Obs. 2: Os intervalos harmônicos compostos são classificados
conforme seus correspondentes simples. Por exemplo, os intervalos
de 3ª e 10ª (3ª composta) são consonâncias; os intervalos de 2ª e 9ª
(2ª composta) são dissonâncias.

        (*) Nos exemplos que seguem, os números colocados abaixo
dos pentagramas, ou entre eles, indicam os intervalos; para facilitar a
análise,     os   números    sempre       indicarão       o    intervalo     simples
correspondente;      os     números   sublinhados             indicam      intervalos
dissonantes.



        AS ESPÉCIES DE CONTRAPONTO

        •   PRIMEIRA ESPÉCIE – contraponto de nota contra nota.

        Consiste em uma linha melódica na qual é realizada uma nota
de contraponto para cada nota do cantus firmus. Assim, se o cantus
firmus está escrito em colcheias, o contraponto também será em
3


colcheias; nos trechos em que aparecem semínimas, o contraponto
também estará em semínimas; e assim por diante.


     PRINCÍPIO GERAL
•    Os     intervalos   harmônicos       somente   podem   ocorrer   como
consonâncias.


     Abaixo, estão duas versões de contraponto de primeira espécie
(nota contra nota), em que a melodia tradicional Marcha Soldado foi
empregada como cantus firmus.


     No exemplo abaixo, o C.F. (Marcha Soldado) está na voz
superior.




     No exemplo abaixo, o C.F. (Marcha Soldado) está na voz
inferior. Neste caso, a melodia do contraponto se torna mais
proeminente por que está soando acima da melodia tradicional.
4


     Nos      exemplos   anteriores,   ocorre   um   “contraponto   de
intervalos”, isto é, o contraponto é o resultado do controle dos
intervalos (consonâncias, nesse caso) existentes na relação entre as
duas vozes.
     O contraponto também pode ser elaborado com base na
harmonia implícita na melodia usada como cantus firmus. Este é o
método mais comumente empregado na música popular brasileira.




     No exemplo acima, os três primeiros compassos da voz inferior
(contraponto) estão organizados em torno das notas do acorde de C
(dó, mi e sol); os dois compassos seguintes têm as notas de Dm (ré,
fá e lá), sendo que a nota mi do c. 4 é tratada como uma nota de
passagem, com relação ao acorde; nos c. 6-7, as notas são de G7
(sol, si, ré e fá), sendo que a nota lá do penúltimo compasso é
tratada como uma bordadura de sol.
     Assim, o baixo deste exemplo contém aspectos de contraponto
(controle dos intervalos) e de harmonia (ênfase nos acordes).
     No sexto compasso do exemplo acima, aparece um intervalo de
4ªJ que, conforme foi comentado anteriormente, é considerado
dissonante em textura a duas vozes. Neste caso, esse intervalo é
admitido no contraponto porque as duas notas fazem parte do acorde
de G7.
     O mesmo é válido para aos outros intervalos dissonantes. Em
se tratando do acorde de G7, que possui as notas que formam o
intervalo de 7ªm (sol/fá), que é considerado dissonante, é possível
5


empregar esse intervalo como se fosse uma consonância. Isso
significa   que   as   notas   do   acorde   são   sempre   consideradas
consonantes, quando o contraponto tem por base o encadeamento
harmônico.
                                    ***
      TAREFA: escreva exercícios de contraponto de Primeira Espécie
(nota contra nota) às melodias abaixo.
      Alterne a colocação do cantus firmus na voz superior e na voz
inferior.


      Cajueiro (Pernambuco)




      Cantiga da Bernunça (Santa Catarina)

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  • 1. CONTRAPONTO I PRIMEIRA ESPÉCIE DE CONTRAPONTO Considerações Preliminares sobre Contraponto Podemos definir a técnica do contraponto como sendo a arte de combinar diferentes melodias que soam simultaneamente. No estudo do contraponto, desenvolvemos habilidades de compor duas ou mais melodias que são executadas ao mesmo tempo. As técnicas de contraponto mais estudadas são as seguintes: • Contraponto por espécie (cinco espécies) • Contraponto livre • Contraponto imitativo • Contraponto invertido Iniciaremos o nosso estudo de contraponto com base nas cinco espécies desenvolvidas por Johannes Fux (1660-1741), em seu livro Gradus ad Parnassum (1725). Os conceitos de Fux serão adaptados às características rítmicas, melódicas e harmônicas da música brasileira. CLASSIFICAÇÃO DOS INTERVALOS A técnica do contraponto consiste em controlar os diferentes níveis de consonância e dissonância, na combinação de duas ou mais melodias simultâneas. Por isso, vamos começar pela classificação dos intervalos. Os intervalos são classificados em duas categorias: intervalos melódicos e intervalos harmônicos. No estudo do contraponto e da harmonia, os conceitos de consonância e dissonância são diferenciados conforme a categoria. Os intervalos melódicos são classificados em:
  • 2. 2 • Consonâncias: graus conjuntos (2ªm e 2ªM), 3ªm, 3ªM, 4ªJ, 5ªJ, 6ªm, 6ªM e 8ªJ. • Dissonâncias: 7ªm e 7ªM; todos os intervalos aumentados e diminutos; todos os intervalos compostos. Essa classificação é útil, pois geralmente damos preferência aos intervalos consonantes na criação de melodias. Os intervalos harmônicos são classificados em: • Consonâncias Perfeitas: uníssono, 5ªJ e 8ªJ. • Consonâncias Imperfeitas: 3ªm, 3ªM, 6ªm e 6ªM. • Dissonâncias: 2ªm, 2ªM, 7ªm, 7ªM e todos os intervalos aumentados e diminutos. Obs. 1: O intervalo de 4ªJ é considerado dissonante quando ocorre com relação ao baixo – a duas vozes, portanto, a 4ªJ é sempre dissonante; a três ou mais vozes, o intervalo de 4ªJ é considerado consonante quando aparece entre duas vozes superiores. Obs. 2: Os intervalos harmônicos compostos são classificados conforme seus correspondentes simples. Por exemplo, os intervalos de 3ª e 10ª (3ª composta) são consonâncias; os intervalos de 2ª e 9ª (2ª composta) são dissonâncias. (*) Nos exemplos que seguem, os números colocados abaixo dos pentagramas, ou entre eles, indicam os intervalos; para facilitar a análise, os números sempre indicarão o intervalo simples correspondente; os números sublinhados indicam intervalos dissonantes. AS ESPÉCIES DE CONTRAPONTO • PRIMEIRA ESPÉCIE – contraponto de nota contra nota. Consiste em uma linha melódica na qual é realizada uma nota de contraponto para cada nota do cantus firmus. Assim, se o cantus firmus está escrito em colcheias, o contraponto também será em
  • 3. 3 colcheias; nos trechos em que aparecem semínimas, o contraponto também estará em semínimas; e assim por diante. PRINCÍPIO GERAL • Os intervalos harmônicos somente podem ocorrer como consonâncias. Abaixo, estão duas versões de contraponto de primeira espécie (nota contra nota), em que a melodia tradicional Marcha Soldado foi empregada como cantus firmus. No exemplo abaixo, o C.F. (Marcha Soldado) está na voz superior. No exemplo abaixo, o C.F. (Marcha Soldado) está na voz inferior. Neste caso, a melodia do contraponto se torna mais proeminente por que está soando acima da melodia tradicional.
  • 4. 4 Nos exemplos anteriores, ocorre um “contraponto de intervalos”, isto é, o contraponto é o resultado do controle dos intervalos (consonâncias, nesse caso) existentes na relação entre as duas vozes. O contraponto também pode ser elaborado com base na harmonia implícita na melodia usada como cantus firmus. Este é o método mais comumente empregado na música popular brasileira. No exemplo acima, os três primeiros compassos da voz inferior (contraponto) estão organizados em torno das notas do acorde de C (dó, mi e sol); os dois compassos seguintes têm as notas de Dm (ré, fá e lá), sendo que a nota mi do c. 4 é tratada como uma nota de passagem, com relação ao acorde; nos c. 6-7, as notas são de G7 (sol, si, ré e fá), sendo que a nota lá do penúltimo compasso é tratada como uma bordadura de sol. Assim, o baixo deste exemplo contém aspectos de contraponto (controle dos intervalos) e de harmonia (ênfase nos acordes). No sexto compasso do exemplo acima, aparece um intervalo de 4ªJ que, conforme foi comentado anteriormente, é considerado dissonante em textura a duas vozes. Neste caso, esse intervalo é admitido no contraponto porque as duas notas fazem parte do acorde de G7. O mesmo é válido para aos outros intervalos dissonantes. Em se tratando do acorde de G7, que possui as notas que formam o intervalo de 7ªm (sol/fá), que é considerado dissonante, é possível
  • 5. 5 empregar esse intervalo como se fosse uma consonância. Isso significa que as notas do acorde são sempre consideradas consonantes, quando o contraponto tem por base o encadeamento harmônico. *** TAREFA: escreva exercícios de contraponto de Primeira Espécie (nota contra nota) às melodias abaixo. Alterne a colocação do cantus firmus na voz superior e na voz inferior. Cajueiro (Pernambuco) Cantiga da Bernunça (Santa Catarina)