O documento discute a importância da ética nas empresas e na sociedade. Questiona se empresas éticas podem ter sucesso em uma sociedade menos ética e o papel que elas devem desempenhar. Também debate se indivíduos éticos podem sobreviver em empresas não éticas. Conclui que tanto empresas quanto pessoas devem lutar por seus princípios éticos através do amor-próprio e amor ao próximo.
1. Nossas empresas são éticas? Nós somos éticos?
A Ética é um assunto tão polêmico quanto a sua importância para nós,
para nossa família, para nossa empresa e para a nossa sociedade.
Se considerarmos que o capital humano é o maior ativo das empresas, o
tema ainda cresce mais em complexidade porque passamos a maior
parte de nossas horas no trabalho.
Surge uma pergunta: uma empresa que privilegia a ética tem
possibilidade de sucesso no mercado competitivo de nossa sociedade,
cujos valores éticos não são a sua maior preocupação? Neste caso, qual
o papel da empresa ética: mudar os seus princípios e valores para atuar
dentro do modelo que está sendo praticado pela sociedade ou deve a
empresa mantê-los para servir de exemplo em uma pouco provável, mas
necessária, mudança de paradigma em seu contexto social?
Da mesma forma devemos questionar a ética das pessoas que atuam
dentro das empresas? Surge outra pergunta: Uma pessoa que se
mantém dentro dos princípios éticos universais tem condições de
sobreviver dentro de uma empresa cujos princípios sejam contrários aos
seus? Deve ele corromper seus princípios para sobreviver na empresa ou
deve lutar por eles, acreditando que a empresa mude, adotando seus
princípios?
Todos nós já temos a resposta: no primeiro caso, a empresa deve lutar
pelos seus princípios éticos contra uma sociedade corrupta, sem
2. princípios éticos; no segundo caso, a pessoa deve lutar pelos seus
princípios para que possa continuar enfrentando a sua família e seus
amigos de cabeça erguida.
Em ambos os casos, mesmo que a decisão resulte infrutífera, a paz de
consciência, e para os cristãos a paz de Deus, é o premio maior de
nossas vidas. Desejo que todos nós consigamos alcançar esta paz.
As respostas às perguntas feitas, nós as temos facilmente. No entanto, a
aplicação, na prática, requer o aprendizado das duas maiores virtudes do
ser humano, básicas para a Ética, que são a busca da força interior e o
amor ao próximo.
A força interior é o amor a si mesmo (quem não ama a si mesmo não
tem capacidade de amar o outro); é a nossa centelha divina que está
pronta para se expandir de acordo com o poder de nossa vontade.
O amor ao próximo é a grande plataforma para a prática da Ética
humanista. Ela é traduzida pela confiança no outro; pela compreensão
do outro; pelo reconhecimento de ser o outro um complemento de nós
mesmos; por não julgarmos o outro; por sermos justos com o outro;
pela demonstração de humildade para com o outro (que não é ser
subserviente); por sermos tolerantes; por buscarmos sempre o diálogo
com o outro; pela paciência para entendermos o outro; tudo isto
preservando a nossa identidade.
Os objetivos no aprendizado destas práticas são para nós:
3. 1. Realizar a expansão da consciência da pessoa;
2. Adquirir uma nova visão global da vida;
3. Conseguir o bem comum em lugar da visão egoística, somente do seu
próprio bem.
Para atingirmos estes objetivos o aprendizado é longo e requer, como
dito, força de vontade, mas traz melhores resultados certamente do que
o aprendizado dos treinamentos, existentes hoje nas empresas, de
técnicas, métodos e processos racionais. Neste assunto a filosofia Tao
tem um sábio ditado “O método certo com o homem errado, dá errado;
o homem certo com o método errado, dá certo”.
Estejamos todos certos de que com a prática dos princípios do amor a si
mesmo e do amor ao próximo, trilharemos o caminho certo para um
futuro ético para nós, para nossas empresas e para o nosso país.
José Affonso