1. Campus Académico de Silves
Escola Superior de Saúde Jean Piaget de Algarve
Decreto nº 36/2002 de 06 de Novembro
Licenciatura em Enfermagem
GANGRENA DE FOURNIER
Debora Alexandra Mateus
João Paulo Fino Chouriço
João Pedro das Neves Grade
Micaela Abdreia Mariano dos Santos
Rebeca Estanislau Vieira Matos Lopes
Silves, Junho de 2011.
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GANGRENA DE FOURNIER
Autores:
Debora Alexandra Mateus
João Paulo Fino Chouriço
João Pedro das Neves Grade
Micaela Andreia Mariano dos Santos
Rebeca Estanislau Vieira Matos Lopes
Docente:
Professora Doutora Ana Couto
Silves, Junho de 2011.
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1. INTRODUÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da disciplina de Patologia Geral do 2º
semestre do 1º ano da licenciatura em Enfermagem. Foram abordadas varias patologias
durante o ensino e proposto o desenvolvimento num trabalho escrito de uma das
patologia abordadas, das varias patologias para desenvolvimento escolhemos a
gangrena.
Sendo os tecidos do nosso corpo muito importantes para vitalidade do organismo
torna-se pertinente abordar e estudar as patologias associadas a este. A gangrena é uma
das patologias que afecta a integridade dos tecidos levando a sua morte (necrose).
Dentro desta patologia surgem inúmeras causas e vários tipos de gangrenas,
tornou-se pertinente neste trabalho o desenvolvimento de um tipo de gangrena, a
gangrena de fournier, uma das mais letais ate hoje estudada.
A gangrena de fournier ou fascite necrosante é conhecida desde a antiguidade, foi
descrita por fournier em 1983 como uma gangrena idiopática que funcionalmente destrói
rapidamente a genitália. Recebe o nome de síndrome de fournier quando o processo
infeccioso acomete a região perineal, porém é também conhecida como fascite
necrosante do períneo, gangrena escrotal, celulite necrosante sinérgica, gangrena
sinérgica, gangrena idiopática, gangrena fulminante.
Esta afecção que se localiza na região perienal e adjacências com presença de dor,
febre edema e que evolui para necrose sendo um quadro dramático ate mesmo para os
profissionais de saúde.
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2. GANGRENA
A gangrena é um grave processo de degeneração dos tecidos, geralmente
associado a um menor fornecimento de sangue à zona afectada, causando em alguns
casos infecção, muitas vezes associado aos clostrídios e outras bactérias, que termina
em necrose desses tecidos. A gangrena surge como consequência da acção de vários
factores como contusões, fracturas, queimaduras devido ao frio, arteriopatias, que
comprometem gravemente a integridade dos tecidos em algumas zonas do corpo, em
alguns casos pode surgir devido a lesões dos troncos nervosos, sendo esta mais rara
que a as anteriores.
Sendo assim consideram-se como causas das gangrenas todas as situações
patológicas que causem uma interrupção ou uma redução acentuada do fluxo arterial em
determinada zona do corpo (tromboses ou embolias, oclusões ou rupturas traumáticas de
troncos artérias) ou ainda uma profunda alteração da realização das funções vitais das
células como resultado de uma regulação nervosa incongruente (nevrites, radiculites,
doenças prolongadas da medula espinal).
A gangrena pode também desenvolver-se a partir de uma ferida cirúrgica,
particularmente quando a quantidade de sangue que chega à zona afectada é
insuficiente para as necessidades dos tecidos.
Desta forma a gangrena é um fenómeno final da alteração progressiva dos tecidos,
que pode surgir em órgãos internos, quer frequentemente na pele (principalmente nos
membros), que segundo a situação clínica e o estado da infecção pode assumir
diferentes aspectos, distinguindo-se assim vários tipos de gangrenas: a seca, a húmida e
a gasosa, detectáveis a olho nu quando esta se localiza na parte externa do corpo.
A gangrena seca e húmida, está relacionada com a humidade presente no ar, que
permite que uma maior ou menor evaporação da serosidade produzida, mas também
com a quantidade de liquido intersticial, dependente da circulação local.
A gangrena gasosa surge na presença de germes anaeróbios, como o clostrídio
que só se desenvolve na ausência de oxigénio, que produzem gases que são detectáveis
à palpação porque evidenciam uma crepitação característica.
Sem duvida que esta patologia, é uma situação grave em que é necessário agir
rapidamente e de uma forma rigorosa, na maioria das vezes mediante a extirpação
cirúrgica da parte lesada e com terapêutica antibiótica controlada com o fim de limitar e
circunscrever a acção bacteriana à região já irrecuperável.
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3. GANGRENA DE FOURNIER
3.1. Epidemiologia
Cerca de uma em 7500 pessoas é afectada, atingindo mais homens do que
mulheres, numa proporção de 10:1, ocorrendo geralmente por volta dos quarenta anos
em média.
3.2. Etiologia
A gangrena de fournier (GF) caracteriza-se por ser uma infecção microbiana,
necrotizante de inicio agudo afectando a fáscia superficial e a fáscia profunda da região
genital e perineal, causando graves mutilações e apresentada uma elevada taxa de
mortalidade, esta patologia aparece com a presença de dor, febre e edema que evolui
para necrose.
Esta gangrena é descrita como idiopática, apresentando uma causa identificável em
cerca de 95% dos casos.
O processo necrotizante é usualmente causado por uma infecção no tracto
urogenital, anorectal, lesões da pele da região perineal ou estados de imunodepressão,
nestes temos como factor desencadeador leucemias e HIV.
Nas infecções do tracto urogenital incluem-se infecções de glândulas bulbo-uretrais,
fimose, infecção do tracto urinário baixo e doença de Crohn.
Já nas infecções anorectais apresentam-se infecções de glândulas perianais,
complicações de tumores colorretais, diverticulite colónica, apendicite.
As lesões da pele da região perineal podem ser causadas por hidradenite
supurativa, úlcera de pressão da bolsa escrotal e ainda por trauma intencional como é o
caso dos piercings. Patologias que comprometem o sistema imunológico têm sido
implicadas como factores necessários para o desenvolvimento da Gangrena de Fournier.
Os factores mais comuns são a diabetes mellitus, a obesidade mórbida, cirrose,
doença vascular da pelve, comportamentos de alto risco, como, por exemplo, alcoolismo,
abuso de drogas por via intravenosa e ainda imunossupressão devido a doença sistémica
ou administração de esteroídes.
A Gangrena de Founier é uma doença de etiologia microbiana, aeróbios Gram
negativo (Escherichia Coli, Pseudomonas Aeruginosa, Proteus Mirabilis, Klebsiella
Pneumoniae, Providencia Stuartii), aeróbios gram positivo (Enterococus, Estafilococus
Aureus, Estafilococus Epidermidis), anaeróbios (Bacteroides Fragilis, Bacteroides
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Melaninogenicus, Estreptococus) e fungos podem estar implicados no desenvolvimento
da patologia.
3.3. Fisiopatologia
A infecção causada representa um desequilíbrio entre a imunidade do hospedeiro
que frequentemente é comprometida por um ou mais factores e a virulência dos
microrganismos desencadeadores da doença.
Os factores etiológicos permitem a existência de uma porta de entrada para os
microrganismos no períneo, a imunidade comprometida proporciona um ambiente
favorável para iniciar a infecção, a virulência do microrganismo promove a rápida
disseminação da doença.
A virulência dos microrganismos resulta da produção de toxinas ou enzimas que
criam um ambiente favorável a uma rápida multiplicação bacteriana. A maioria das
investigadores acredita que a natureza microbiana da gangrena de fournier é necessária
para criar a cooperação enzimática que promove a rápida multiplicação e disseminação
da infecção.
Por exemplo, um microrganismo pode produzir as enzimas necessárias para a
coagulação dos vasos, podendo ocorrer uma trombose desses mesmos vasos, se
acontecer, a irrigação sanguínea local, assim, a tensão de oxigénio nos tecidos diminui.
A hipoxia tecidual resultante permite o crescimento de bactérias anaeróbias
facultativas e organismos microaerofilicos. Estes últimos, por sua vez, podem produzir
enzimas, que levam à digestão das barreiras fascial, promovendo a rápida extensão da
infecção.
3.4. Evolução clínica
Sintomas de febre e astenia (2 a 7 dias)
Dor genital intensa com edema local
Surgimento de eritema
Escurecimento e crepitação subcutânea
Gangrena da genitália e drenagem purulenta
Efeitos sistémicos (septicemia)
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3.5. Abordagem
Devesse realizar a anamnese, um exame físico com especial atenção à palpação
da genitália, do períneo e toque rectal, exames laboratoriais que possam mostrar a
presença de distúrbio electrolítico, desidratação, intolerância à glicose, contagem
glóbulos brancos, perfil de coagulação, sendo por vezes necessário recorrer também a
exames como RX para a detecção de colecções gasosas nos tecidos constituindo
indicação cirúrgica inquestionável, Ecografias sendo mais sensível que o RX pode
detectar também a presença de gases e corpos estranhos, TAC e RMN também com o
mesmo objectivo.
3.6. Tratamento
O tratamento da gangrena de fournier é constituído por antibioterapia de largo
espectro, esta antibioterapia deve abranger Staphylococci, Streptococci, família dos
enterobacteriaceae e anaeróbios. Deve ser realizado um desbridamento cirúrgico
precoce e amplo da pele e tecido celular subcutâneo da área afectada, este
desbridamento deve ser feito com electrocautério e deve-se reintervir cirurgicamente
perante suspeitas de uma excisão anterior incompleta.
A oxigénioterapia hiperbárica representa um tratamento adjuvante extremamente
eficaz contribuindo para uma melhoria das condições locais de hipoxia, destruição
bacteriana e recuperação tecidual.
As principais complicações associadas à doença de Fournier são a sépsis, muitas
vezes causadas por o não reconhecimento da causa da infecção ou a extensão do
processo necrotizante fora da ferida. Complicações de doença aguda, como endocardite
bacteriana, pneumonia e a multiplicação das patologias (enfarte agudo do miocárdio,
insuficiência respiratória, úlceras de pressão)
Face ao carácter explosivo da doença a abordagem pode desencadear numa
situação muitas vezes fatal.
O risco da mortalidade pode ser directamente proporcional à idade do paciente e ao
grau de toxicidade sistémica, bem como a extensão do envolvimento do tecido local.
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4. CONCLUSÃO
Ao realização deste trabalho permitu-nos desenvolver e adquirir um conhecimento
mais aprofundado da patologia abordada, vimos que esta patologia apresenta um grau de
risco elevado podendo ser letal se não for tratado em tempo utilir e nas devidas
condições.
Este trabalho vem ajudar ao desenvolviento da nossa carreira profissional para
poderemos estar preparados para agir cabalmente e com a excelencia de um enfermeiro,
que faz parte que vastas equipas de trabalho, que desenvolvem o seu trabalho em torno
do utente/doente, podendo dar uma resposta segura e rapida, respondendo aos anseios
que os doentes e familiares depositam na nossa classe profissional.
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5. BIBLIOGRAFIA
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Smith GL, Bunker CB, Dinneen MD. Fournier's gangrene. Br J Urol. Mar 1998
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therapeutic impact of hyperbaric oxygen
KS Norton, LW Johnson, Perry T, et al. Gestão da gangrena de Fournier: uma análise
retrospectiva de onze anos do reconhecimento precoce, diagnóstico e tratamento Surg.
Am. Agosto 2002
13. Figura 1 – Necrose do Hemiscroto Direito
Figura 2 – Lesão eritematosa escrotal com tumefacção
14. Figura 3 – Desbridamento cirúrgico num doente com gangrena de fournier
Figura 4 – Aspecto da reconstrução da zona genital após desbridamento cirúrgico.