O documento descreve as tendências culturais em Portugal no pós-guerra, entre o naturalismo e as vanguardas modernistas. O naturalismo permaneceu dominante nas primeiras décadas do século XX, apoiado pelo regime republicano e refletindo a sociedade ainda majoritariamente rural. O modernismo começou a surgir na década de 1910 de forma polémica, através de publicações como Orpheu e Portugal Futurista, e desenvolveu-se mais na década de 1920, influenciado por estilos como o expressionismo, cubismo e surrealismo. Artist
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Portugal pós-guerra entre naturalismo e vanguardas
1. Portugal no primeiro pós-guerra
Tendências culturais: entre o naturalismo e as
vanguardas.
2. Permanência do naturalismo, nas primeiras
décadas do século XX
Nos primeiros anos do século XX, enquanto a Europa assistia ao
surgimento das vanguardas na pintura, em Portugal verificava-se a
permanência de padrões estéticos utilizados desde a segunda metade
do século XIX.
O público e os governantes viam com agrado a subsistência do naturalismo,
difundido por Malhoa; Columbano; Carlos Reis e Alberto de Sousa. A pintura
de ar livre e as descrições da vida popular eram os temas mais comuns.
Na literatura, a corrente naturalista mantinha-se forte e dedicava-se ao
louvor das qualidades ditas nacionais, nomeadamente as vivências da
sociedade rural. Por exemplo, Teixeira de Pascoaes cultivava o
“saudosismo”.
3. Permanência do naturalismo, nas primeiras
décadas do século XX – (causas)
O regime republicano procurou afirmar-se adotando uma postura
patriótica que se refletiu no apoio ao naturalismo.
A mudança da Monarquia (com 800 anos) para a República parecia
suscitar a necessidade do novo regime criar uma fundamentação
teórica e uma justificação a todos os níveis, entre eles a arte.
A descrição do mundo rural pode ainda encontrar justificação na
fraca industrialização e no fraco desenvolvimento urbano do país,
em comparação com o desenvolvimento dos países
industrializados (Inglaterra, Alemanha e França). O mundo rural
era uma realidade.
4. O Modernismo – caraterísticas gerais
Cosmopolitismo
Substituição da visão rústica, melancólica e saudosista
pela vida mundana e boémia.
Abandono do pormenor em favor da esquematização.
Abandono da volumetria pela estilização.
Procura da originalidade sob influência das correntes
impressionista, expressionista, cubista, futurista,
abstracionista e surrealista.
A sua inovação recebeu o desagrado do público e do
poder político, que o marginalizou.
5. O primeiro Modernismo (1911-1918) - 1
As primeiras formas de modernismo aparecem em
exposições de caricaturas e de desenhos de humor, onde
os artistas podiam utilizar técnicas mais livres, do que na
pintura.
Focam a sátira política, social e anticlerical.
Reportam-se a ambientes urbanos e boémios.
Refletem quer cenas de café, quer cenas populares.
Em termos de técnica verifica-se a estilização dos motivos, o
recurso a cores claras e contrastantes e a desvalorização da
perspetiva.
6. O primeiro Modernismo (1911-1918) - 2
As propostas reais do primeiro modernismo surgem na
revista Orpheu e na revista Portugal Futurista
A revista Orpheu, dirigida por Fernando Pessoa e Mário de SáCarneiro, deu a conhecer um novo estilo literário diferente do
que se fizera até então.
Os textos criticavam o homem contemplativo e enalteciam o
homem de ação. Propunham o corte com o passado
(criticando o saudosismo) e exaltavam o orgulho, a ação, a
aventura e a glória.
Os textos e as pinturas divulgadas na revista escandalizaram o
país. (Júlio Dantas indignou-se e criticou o Orpheu e a resposta
foi o “Manifesto Anti-Dantas”, de Almada Negreiros)
7. O primeiro Modernismo (1911-1918) - 3
A revista Portugal Futurista teve apenas uma edição sem
nunca ter chegado ao público, pois foi apreendida pela
polícia logo que saiu da tipografia – aos republicanos não
agradava a vanguarda artística.
Nessa publicação colaboraram Santa-Rita Pintor, Fernando
Pessoa, Apollinaire, Mário de sá-Carneiro, Álvaro de Campos e
Almada Negreiros com o polémico “Ultimatum futurista às
gerações portuguesas do século XX”, que termina com a
seguinte frase:
“O povo completo será aquele que tiver reunido no seu
máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem,
portugueses, só vos faltam as qualidades.”
8. O segundo Modernismo (anos 20 e 30)
Foi menos arrojado que o movimento que o antecedeu, devido à
ditadura vigente em Portugal desde1926.
Na pintura destacaram-se: Almada Negreiros; Sarah Afonso; Eduardo
Viana e o casal Sonia e Robert Delaunay, entre outros.
É nesta fase que surgem as representações do Expressionismo; do Cubismo;
do Abstracionismo e do Surrealismo (que se desenvolve, em Portugal,
durante a Segunda Guerra Mundial).
A divulgação artística fez-se através de exposições independentes, da
decoração de cafés e clubes e da ilustração de periódicos.
Na literatura, o movimento surge, sobre tudo, por via das revistas
Contemporânea (1922/26) e Presença (1927/40), esta dirigida por José
Régio (responsável pela publicação da obra de Fernando Pessoa).
O movimento perde impacto quando começa a ser utilizado como
veículo ideológico do Estado Novo.
9. Amadeo de Souza-Cardoso
Embora com
formação em
arquitetura, voltou-se
para a pintura e, sob
influência das
vanguardas
europeias, realizou
pinturas abstratas,
expressionistas,
cubistas e dadaístas.
Sofreu influência de
Modigliani, patente
no gosto pelas figuras
longilíneas
Menina dos Cravos (de cunho cubista).
10.
A Máscara do Olho Verde
Figurativa, com influência
expressionista e pincelada espessa
Canção Popular a Russa e o Fígaro
Inovação pessoal onde são integrados
temas de cariz popular
11. Almada Negreiros
Autorretrato num grupo (Brasileira do Chiado)
Colaborou nas revistas
Orpheu e Portugal
Futurista.
O seu modernismo
ficou patente no
“Manifesto AntiDantas” pela reação
ao conservadorismo
artístico.
No campo da pintura
sobressai a decoração
do café A Brasileira do
Chiado e os painéis
das Gares Marítimas
de Lisboa.
12. Eduardo Viana
Sofre influência de
Cézanne e das técnicas
cubistas, realizando
incursões na
decomposição das
formas e da cor.
Manteve um cunho
naturalista e uma forte
atração pela figuração
volumétrica.
O seu modernismo reside
na criação de telas de
cor fulgurante (com
contraste vibrantes e
luminosos ) e perspetiva
esbatida.
Nu (decoração do Bristol Club)