O documento discute as características da linguagem literária comparando-a com a linguagem comum. A linguagem literária é caracterizada por múltiplos significados das palavras e liberdade em relação às regras gramaticais. Ela explora recursos como metáforas e metonímias para criar efeitos surpreendentes e diferentes níveis de leitura.
2. • DIFERENÇA ENTRE LINGUAGEM E LINGUAGEM LITERÁRIA
• O QUE É LINGUAGEM ?
Linguagem é a expressão do pensamento por meio de palavras. É
qualquer meio de exprimir o que se sente ou pensa. É o conjunto
de sinais, visuais ou fonéticos, através dos quais se estabelece a
comunicação.
Imagem:
Dive
hand
signal
Which
Way
/
Peter
Southwood
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3. •O que é Linguagem Literária ?
A linguagem literária é caracterizada por múltiplos significados
que uma palavra pode assumir em um texto, muitas vezes, utilizada
com um sentido diferente daquele que lhe é comum.
• Ex:. romance, conto, poema, crônica e novelas.
Imagem:
Pictofigo
–
Idea
/
Pictofigo
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4. • O QUE É LITERATURA ?
A literatura é uma arte verbal, isto é, seu meio de expressão é a
palavra. Mas o uso da palavra não é privilégio do escritor, pois
ela serve como forma de expressão para todas as pessoas.
Imagem:
Pictofigo
–
Idea
/
Pictofigo
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5. Imagens da esquerda para direita: (a) Os Sertões livro 1902 / Euclides da Cunha / Public Domain; (b) Marília de Dirceo / Tomás Antonio Gonzaga / Public Domain
6. • A PALAVRA LITERÁRIA
A palavra é a matéria básica da literatura. Feita com as mais
diversas finalidades – entreter, emocionar, expressar
sentimentos, criar mundos imaginários, denunciar problemas
sociais, etc.
7. Imagens da esquerda para direita: (a) Safo-pompeya / Anónimo /
Creative Commons CC0 1.0 Universal Public Domain Dedication; (b)
Scuola di atene 16 pitagora / Raffaello Sanzio da Urbino / Public
Domain
8. A literatura é uma forma de arte
que recria aspectos do mundo real
em mundos imaginários. Por isso,
ela explora os recursos da
linguagem verbal, criando efeitos
surpreendentes.
9. A linguagem literária se
faz presente no trabalho
criativo do escritor durante
a elaboração de seus
textos, na sua capacidade
de criar mensagens que
podem ser lidas ou
interpretadas de diferentes
modos, conforme o nível
de leitura do leitor.
Imagem:
Parmigianino
011
/
Parmigianino
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Domain
10. Não há leitura autêntica sem a
marca do leitor. O sentido de um
texto nasce do “diálogo” do leitor
com o texto. Por isso, a interpretação
dos textos literários pode variar de
leitor para leitor, pois depende da
experiência de leitura de cada um, de
sua bagagem cultural.
Imagem:
How
to
Play
Politics,
Tyee,
1909
/
Olaf
E.
Caskin
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11. • VAMOS LER UM TRECHO DA CANÇÃO “TRAVESSIA”, DE
MILTON NASCIMENTO.
Quando você foi embora
Fez-se noite o meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha
E nem é meu esse lugar
Estou só e não resisto
Muito tenho pra falar.
Imagem:
Baditz
Lovers
/
Otó
Baditz
/
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13. • Observe a palavra “noite”. O que quis dizer o poeta ao escrevê-la ?
• Que ideias ele quis sugerir com essa palavra?
• Que sentido(os) você atribui a ela?
• Observe que, desse “diálogo” com o texto, vai nascendo sua
interpretação.
14. • Observe a palavra “noite” no dicionário e a compare com a da
canção. Elas têm sentidos diferentes.
• O dicionário registra apenas os sentidos que a palavra apresenta na
comunicação diária.
• Na canção, como no texto literário, esta palavra ganhou outro
sentido que é fruto da criatividade e sensibilidade do autor.
15. • Para interpretarmos,
devemos levar em conta
o contexto em que ela
está inserida, os versos
que a cercam, as palavras
a que ela se liga. É
também o contexto que
nos dá elementos para a
interpretação.
Imagem:Banksy
lovers
/
Richard
Cocks
/
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Commons
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2.5
Generic
16. CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM LITERÁRIA
1) Predomínio da conotação
A linguagem literária é eminentemente conotativa. O texto
literário resulta de uma criação, feita de palavras. Esta
característica permite diferentes níveis de leitura de um texto.
17. 2) As relações de similaridade
A mais comum das relações de
similaridade ou de semelhança é a
comparação, que, gramaticalmente, se
emprega a conjunção “como”.
Ex:. No povo meu poema vai nascendo
como no canavial
nasce verde o açúcar. (Ferreira Gullar)
18. Quando se dispensa esta conjunção
comparativa, optamos pela substituição de uma
palavra por outra, a partir da relação de
similaridade, temos uma metáfora.
Ex:.”Palavras não matam
nem provocam inverno atômico
e na voz do poeta
( abelhas na colmeia)
podem até conter uma ideia.”
( Regis Bonvicino)
20. A palavra “abelhas” não foi empregada aleatoriamente, mas
definida por uma série de semelhanças que podemos perceber
entre as palavras de uma poesia e as abelhas de uma colmeia:
não matam, mas podem ferir; fazem barulho; são produtivas;
são coletivas; as abelhas se agrupam em enxames nas colmeias,
as palavras se agrupam em frases no texto.
21. 3) Relações de contiguidade
As relações de contiguidade,
modernamente resultam numa
figura de palavras: a metonímia.
Essa figura consiste na ampliação
de significação de uma palavra,
partindo de uma relação objetiva
entre a significação própria e a
figurada.
22. Falar que um tufão varreu os mares
é estabelecer uma relação de
similaridade bastante subjetiva; falar
que o vapor, ou as velas ou o aço
cortava as águas é estabelecer uma
relação de contiguidade objetiva.
Assim, vapor, velas e aço referem-se à
forma como a embarcação é propelida.
Enfim, dizer, vapor, velas ou aço em vez
de navio é frisar o tipo de embarcação
a que se refere.
23. (a)
(b)
(c)
Imagem: (a) Aurora 1903 / Sailor of Imperial Russian Navy / Public Domain; (b) US Navy 000907-N-8743M-018 USS Anchorage (LSD 36) / U.S. Navy Photo by
Photographer’s Mate 1st Class David Miller / Public Domain; (c) Chesapeake / F. Muller / Public Domain
24. 4) Liberdade da linguagem literária
A literatura é o espaço em que a linguagem é muito mais
trabalhada, para causar efeitos estéticos. Por isso, há maior
liberdade em relação a regras gramaticais e sintáticas.
25. Explorando, então, a
conotação das palavras, o
escritor quebra a rotina da
linguagem e estimula o leitor
a participar do texto,
aguçando sua curiosidade
intelectual.
Imagem: Anthere Wikipedia logo / Rdsmith4 / GNU Free
Documentation License
26. Conceituando...
Segundo a concepção de Roland Barthes (1978), a
literatura não precisa obedecer a regras estruturais para se fazer
entender, enquanto a linguagem do cotidiano submete-se a essa
estruturação fixa para que haja uma perfeita comunicação.
27. A linguagem literária é livre
para escolher e criar uma
composição própria. Isto é, o
escritor da obra literária procura
expressões e fórmulas que lhe
possibilitem uma
viva manifestação de suas ideias e
de seus sentimentos.
28. Ainda segundo Barthes, na
linguagem literária, as palavras
assumem uma nova face, a face da
liberdade. Ganham um novo
poder, um novo valor, passam da
simples função comunicativa para
a função poética.
29. A linguagem literária permite que
as palavras assumam vida própria,
com novas significações que não
foram a elas conferidas no cotidiano.
Na linguagem literária, as palavras
adquirem novos significados e
representações. A linguagem passa a
ter gosto.
30. De forma geral, uma vez que o
aprendizado correto da escrita
literária se consolida é,
automaticamente, repassado para o
discurso oral. Essa competência é
fundamental, quando precisamos
transmitir aos outros nossas ideias,
sem que os interessados tenham lido
algo sobre ela.
31. Imagens da esquerda para direita: (a) Facebook man / Maxo / GNU Free Documentation License; (b) Marcantonio Bassetti - Portrait of an Old Man with Book -
WGA01482 / Marcantonio Bassetti / Public Domain
32. Atividade
1) Que leitura você faz do substantivo “nós” nestes versos da canção “ Se
eu quiser falar com Deus”, de Gilberto Gil ?
Se eu quiser falar com Deus,
Tenho que ficar a sós,
Tenho que apagar a luz,
Tenho que calar a voz,
Tenho que encontrar a paz,
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata,
Dos desejos, dos receios.
Imagem:
Omslag
/
Jonas
Vikman/Tisi
da
Garofalo
/
Public
Domain
33. 2) Que significados pode assumir a palavra “noite” neste trecho do
poema “Passagem da noite”, de Carlos Drummond ?
É noite. Sinto que é noite.
Não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
Mas porque dentro de mim,
No fundo de mim, o grito
Se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
Que palpitamos no escuro
E em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
Noite nas águas, na pedra. Imagem: Coucher de soleil au lac de Belcaire / Geoffrey Grebert / Creative
Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported
34. E o que adianta uma lâmpada?
E o que adianta uma voz ?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
De sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
É perfeitamente noite. Imagem: Palace of Westminster at night / Lhimec / Creative
Commons CC0 1.0 Universal Public Domain Dedication
35. BIBLIOGRAFIA
• Nicola, Floriana, Ernani. Português para o ensino médio.
Volume Único. São Paulo, Editora Scipione. 2003, 1ª Edição.
• Tufano, Douglas. Estudos da Literatura Brasileira. Volume
Único. São Paulo. Editora Moderna. 1996, 5ª Edição.
• LINGUAGEM LITERÁRIA - Ulbra
• www.ulbra.br/letras/files/linguagem-literaria-enade-2011.pdf
• www.faber-castell.com.br
• teorialiterariaufrj.blogspot.com
• mundoliterario1.blogspot.com
• www.soliteratura.com.br
• seer.fclar.unesp.br/alfa/article/view/4004