2. 1
DADOS HISTÓRICOS
A partir da Catequese do Papa Bento XVI na audiência geral de 24 de Outubro de 2007,
in: https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2007/documents/hf_ben-xvi_aud_20071024.html.
Penitência do imperador Teodósio após o
massacre de Tessalónica contra Máximo, imposto
por St. Ambrósio. Marca o início da soberania do
poder espiritual sobre o poder civil. Mais+
3. Santo Ambrósio:
• Nasceu “por volta de 340 d. C. em Tréveros, onde
o pai era prefeito das Gálias”;
• “A família era cristã”;
• “Quando o pai faleceu, a mãe levou-o a Roma
quando ainda era adolescente, e preparou-o para
a carreira civil, garantindo-lhe uma sólida
instrução retórica e jurídica”;
• “Por volta de 370 foi enviado a governar as
províncias da Emília e da Ligúria, com sede em
Milão”; Nota: Constantino, em 313, legalizou a religião cristã por
meio do Édito de Milão, iniciando-se a Paz na Igreja.
[Cf. COMBY, Jean, Para ler a História da Igreja (1), pp 71-77].
4.
5. Santo Ambrósio:
• “Precisamente ali [(em Milão)] fermentava a luta
entre ortodoxos e arianos, sobretudo depois da
morte do Bispo ariano Auxêncio. Ambrósio
interveio para pacificar os ânimos das duas
facções adversas, e a sua autoridade foi tal que
ele, sendo simples catecúmeno, foi aclamado
pelo povo Bispo de Milão”;
Nota:
Arianismo: «Ário, um sacerdote austero e considerado de uma paróquia de Alexandria, quer, como
outros antes dele, salvaguardar os privilégios do Deus único, o único que não tem princípio. Se Deus é
Pai é porque engendrou numa determinada altura. O Filho teve, portanto, um começo. Não é
exatamente da mesma natureza que o Pai. Está subordinado a Ele… […] Finalmente, Jesus salva o
homem convidando-o a seguir o Seu próprio exemplo para ser um dia glorificado com Ele». [COMBY, Jean,
Para ler a História da Igreja (1), pg. 93].
6. Santo Ambrósio:
• “Até àquele momento Ambrósio era o mais alto
magistrado do Império na Itália setentrional.
Culturalmente muito preparado, mas de igual
modo despreparado na abordagem às Escrituras,
o novo Bispo pôs-se a estudá-las
entusiasticamente. Aprendeu a conhecer e a
comentar a Bíblia pelas obras de Orígenes, o
mestre indiscutível da ´escola alexandrina`”;
• “Faleceu em Milão na noite de 3 para 4 de Abril
de 397”. “Era a alvorada do Sábado Santo”;
7. Santo Ambrósio:
• A Sagrada Escritura intimamente assimilada é
base da sua pregação e testemunho pessoal:
“Ambrósio lia as Escrituras sem pronunciar palavra, só com os
olhos (cf. Conf. 6, 3). De facto, nos primeiros séculos cristãos, a
leitura era estritamente concebida para a proclamação, e ler em voz
alta facilitava a compreensão também de quem lia. Que Ambrósio
pudesse ler as páginas só com os olhos, assinala a Agostinho
admirado uma capacidade singular de leitura e de familiaridade
com as Escrituras. Pois bem, naquela "leitura com os lábios", onde
o coração se empenha a alcançar a inteligência da Palavra de Deus
eis "o ícone" do qual estamos a falar pode-se entrever o método da
catequese ambrosiana: é a própria Escritura, intimamente
assimilada, que sugere os conteúdos a serem anunciados para levar
à conversão dos corações”.
8. Santo Ambrósio:
• “Ambrósio transferiu para o ambiente latino a
meditação das Escrituras iniciada por Orígenes,
começando no Ocidente a prática da lectio divina”.
• St. Agostinho “escreve textualmente que, quando se
encontrava com o Bispo de Milão, o achava
regularmente empenhado com grande número
[catervae] de pessoas cheias de problemas, por cujas
necessidades ele se prodigalizava. Havia sempre uma
longa fila que esperava para falar com Ambrósio para
dele obter conforto e esperança”.
9. Santo Ambrósio:
• Foi responsável pela conversão de St. Agostinho:
“É evidente que o testemunho pessoal do pregador e o
nível de exemplaridade da comunidade cristã
condicionaram a eficiência da pregação. Sob este ponto de
vista é significativo um trecho das Confissões de Santo
Agostinho. Ele tinha vindo de Milão como professor de
retórica; era céptico, não cristão. Estava procurando, mas
não era capaz de encontrar realmente a verdade cristã. A
comover o coração do jovem reitor africano, céptico e
desesperado, e a estimulá-lo à conversão definitivamente,
não foram antes de tudo as belas homilias (mesmo se por
ele muito apreciadas) de Ambrósio. Mas sim o testemunho
do Bispo e da sua Igreja milanesa, que rezava e cantava,
compacta como um só corpo”.
10. 1
Escritos
Este separador está construído com base na consulta da seguinte obra:
CARDOSO, José, OPÚSCULOS (II Vol.), Edições APPACDM DISTRITAL DE BRAGA, Braga, 1995,
208-285 [Biblioteca da Faculdade de Teologia, Braga – Cota: 33B].
11. Escritos de Ambrósio:
«Santo Ambrósio foi um polígrafo notável. Deixou-nos uma obra
vasta e variada – tanto em prosa como em verso. Foi operoso e
fecundo; todavia, a sua actividade mental exercitou-se mais no
domínio da prosa. Escreveu obras do domínio da exegese e
hermenêutica bíblicas, da teologia dogmática, da teologia moral,
da mística e ascética, da apologética, da catequese e da
sociologia»229.
12. Escritos de Ambrósio:
Surgimento dos hinos ambrosianos:
«Na sua luta tenaz contra os arianos, Ambrósio, bispo de Milão,
visionou que um dos processos mais eficazes de combater a
heresia ariana consistia na reforma da liturgia e na introdução
de hinos litúrgicos que ajudassem a uma maior dinamização e
galvanização da assembleia do povo de Deus»220. «A par com o
rito ambrosiano, que se propõe renovar a liturgia dos mistérios
e/ou dos actos de culto em geral, apareceram os hinos
litúrgicos ambrosianos» 220.
13. Escritos de Ambrósio:
Ambrósio compôs muitos hinos. [Também muitos outros, de
autoria desconhecida, foram a ele atribuídos.] Como exemplo
apresento os seguintesCf.220-225:
1. Deus creator omnium (cântico de Vésperas);
2. Aeterne rerum conditor (hino de Matinas);
3. Veni, redempor genium (hino de natal) – Segundo E. Paratore,
resulta das exigências da polémica anti-ariana;
4. Iam surgit hora tertia (Sobre a Paixão e Morte de Cristo);
5. Te Deum Laudamus chegou a ser atribuído a Ambrósio de
Milão. Todavia, por opinião de S. Paulino de Nola, as três
primeiras partes desse hino devem-se a Nicetas, bispo de
Remesiana, na atual Sérvia.
14. Escritos de Ambrósio:
Opúsculos de teologia moralcf.230-231:
1. De poenitentia – Acerca da penitência ou do sacramento da
confissão;
2. De bono mortis – Acerca do bem (=felicidade) da morte;
3. De officiis ministrorum – Acerca dos deveres dos ministros
(do culto);
4. De fuga saeculi – Acerca da fuga deste mundo;
5. De Helia et jejunio – Acerca de Hélia e do jejum (jejum como
exercício espiritual e meio de aperfeiçoamento e depuração
das almas que almejam o amor místico.
15. Escritos de Ambrósio:
Obras de natureza intencionalmente dogmáticacf.231:
1. De fide – Acerca da fé;
2. De incarnationis dominicae sacramento – Acerca do
sacramento da incarnação do Senhor;
3. De mysteriis – Acerca dos mistérios (provavelmente além da
natureza dogmática também o é de natureza moral, mística e
litúrgica);
4. De spiritu sancto – Acerca do Espírito Santo
16. Escritos de Ambrósio:
Diz-se que terá sido o primeiro orador sagrado a fazer elogios
fúnebres cf.231-232:
1. De obitu Velentiniani consolatio – Consolação na morte de
Valentiniano (supõe-se que I);
2. De obitu Theodosii oratio – Oração acerca do passamento de
Teodósio (-o-Grande). Acerca do sacramento da incarnação do
Senhor;
17. Escritos de Ambrósio:
Exerceu uma notável atividade escriturística. São-lhe
atribuídos os comentários e tratados que se seguemcf.268:
1. De Cain et Abel
2. De Isaac et Anima
3. De Jacob et vita beata
4. De interpellatione Job et David
5. De Joseph
6. De Naboth
7. De Noe
8. De paradiso
9. De patriarchis
10. Enarrationes en psalmos XII
11. De Tobia
18. Escritos de Ambrósio:
Ainda do âmbito da Escriturística cf.232:
1. Expositio evangelii secundum Lucam – Exposição do
Evangelho segundo São Lucas. Trata-se de uma obra de
comentários (exegese e hermenêutica) ao Evangélho de
Lucas. É a obra mais vasta de Ambrósio, depois da coleção de
cartas;
19. Escritos de Ambrósio:
A propósito da luta contra o arianismo cf.233:
1. Sermo contra Auxentium de basilicis tradendis – Sermão
contra Auxêncio a propósito da entrega das basílicas (=
igrejas);
Outras obras cf.233:
1. Sermones;
2. De Trinitate – Acerca da (santíssima) Trindade. Era o dogma
que os arianos negavam. Era até o cerne do corpo de doutrina
que constitui o arianismo.
20. Escritos de Ambrósio:
Escritos acerca da virgindade cf.230:
Exhortatio virginitatis – Exortação à Virgindade;
De Virginibus – Acerca das Virgens;
De Virginitate – Acerca da Virgindade;
De institutione Virginis – Acerca da instituição de uma Virgem
E ainda relacionado com estes ensaios – de ordem ascética, mística,
apologética e ética – escreveu:
De Viduis – A propósito das viúvas. Exemplo da notável doutrina social
de Santo Ambrósio.
22. Escritos sobre a Virgindade
• O imperador Valeriano caiu e no trono do Ocidente
instalou-se o tirano Eugénio. «Mas, não podendo ser
verdadeiro imperador enquanto se não tornasse
senhor daquela cidade de Milão, que era a capital da
prefeitura da Itália, endereçou a Ambrósio o anúncio
oficial da sua ascensão, mas o Santo não respondeu.
Então Eugénio dirigiu-se, por sua vez, a Milão, para
enfrentar aquele homem, cuja fama ultrapassava os
confins das terras conhecidas, mas o Santo Bispo,
não querendo encontrar-se com o novo soberano,
que se arvorava claramente em protetor e defensor
do paganismo, fugiu através da Itália»55.
23. Escritos sobre a Virgindade
• Nessa fuga, passou por Bolonha onde «descobertos os
sepulcros dos Santos Vital e Agrícola, celebrou solenemente
o seu encontro».
• Os Florentinos convidaram-no para consagrar uma nova
Igreja e ele, aceitando, levou consigo algumas relíquias dos
mártires atrás mencionados para nela colocar.
• «No discurso pronunciado na ocasião (Páscoa de 393),
Ambrósio elogia a viúva Juliana que mandara construir a
Igreja. E, depois de referir as palavras da dita viúva às filhas
aconselhando-as à virgindade, junta também as suas
exortações à prática duma virtude que «nobilita o homem e
o avizinha dos anjos»56.
• É notório o seu conhecimento do Antigo Testamento,
testemunhado nas muitas alusões que lhe são feitas.
25. ASPETOS PRINCIPAIS
• Serviço a Cristo:
«Não há maior dignidade do que a de servir a Cristo.
Também o Apóstolo se chama a si mesmo servo de Cristo e se
gloria desta sua servidão! E não será glória suma termos sido
julgados dignos de ser remidos com o sangue do Senhor?»59.
26. ASPETOS PRINCIPAIS
• Virgindade como graça de Deus:
«Aos apóstolos, que tinham dito: Se tal é a condição do
marido, que não pode repudiar a mulher, se não no caso de
adultério*, não convém casar-se, o Filho de Deus responde:
Nem todos entendem esta palavra, mas só aqueles a quem foi
concedido. Nem todos, por causa de enfermidade da natureza
humana, mas somente àqueles nos quais a graça de Deus
refulgiu de modo a torna-los capazes de renunciar aos
prazeres dos sentidos para conseguirem o reino dos céus»65-
66.
* πορνείᾳ (Mt. 19,9): A tradução mais correta deverá ter em conta os vários tipos de relação sexual
ilícita: a relação entre duas pessoas não casadas comumente é chamada de fornicação; se uma dessas
pessoas for casada, o pecado é adultério; se essas pessoas forem parentes próximos, ocorre o incesto; se
são pessoas do mesmo sexo, homossexualismo; se a relação se dá entre um ser humano e um animal, o
pecado é a bestialidade; etc. Mais+
27. ASPETOS PRINCIPAIS
• Virgindade vs. núpcias:
«O fruto da virgindade, de facto, é semelhante a uma vinha,
e as núpcias assemelham-se a uma plantação de ervas
expostas frequentemente ao gelo. À semelhança destas,
depressa caem e murcham, a não ser que a velhice lhes
ponha termo, ou a continência as leve a maior perfeição»71.
28. ASPETOS PRINCIPAIS
• Maria, exemplo de virgindade:
«Este é Aquele que vem sobre as leves nuvens: Eis o Senhor,
que, sentado sobre uma nuvem leve, virá para o Egito. Para o
Egito, isto é, para as aflições deste mundo; virá trazido pela
Virgem. Chama, a Maria, nuvem, porque revestida de carne,
e di-La leve, porque virgem e não oprimida pelos pesos
nupciais. Ela é a vergôntea de que desabrocha a flor. Toda
pura, na verdade, é a virgindade, que, não se vergando sob o
peso dos cuidados mundanos, com todo o coração se levanta
direita para o Senhor»72.
29. ASPETOS PRINCIPAIS
• No seguimento de Jesus, “temos uma Mãe”:
«Por isso, da Cruz, Ele A confiou a S. João, discípulo predileto,
que disse ao pai e à mãe: não vos conheço, e, chamado por
Cristo, abandonou o pai e seguiu o Verbo. A ele, que
renunciou aos seus e atingiu a Sabedoria do Coração de
Cristo, a ele, que não conheceu irmãos nem teve filhos, foi
confiada a Virgem, a Mãe do Senhor. E desde aquele
momento o discípulo A teve em sua casa» 72.
30. ASPETOS PRINCIPAIS
• Matrimónio:
«As esposas, de facto, são veladas pelo véu nupcial como que
por uma nuvem, mas são nuvens pesadas, porque sustentam
os pesos do matrimónio» […] «Se bem que o matrimónio
seja uma coisa boa, todavia os cônjuges têm de que se
envergonhar»74.
31. ASPETOS PRINCIPAIS
• Procurai em Cristo as sementes da castidade:
«Sim, possua Ele o vosso afeto, a fim de que permaneçam nele
os germes da castidade, incentivos à virtude. Consagrai-vos a
Cristo e confessai-o dizendo: O senhor é a minha porção. / A
esposa não pode dizer isto, mas pode dizê-lo a virgem, porque
a esposa procura agradar ao marido, a virgem esforça-se por
agradar a Cristo» 77.
32. ASPETOS PRINCIPAIS
por St. Ambrósio:
• As tentações à virgindade:
«A virgindade é verdade; a corrupção é mentira. O vosso
coração seja como uma vinha fecunda de boas vides. Muitas
são as tentações a que a virgem está sujeita. Ela é tentada
por muitos pretendentes, e, se quer preservar-se no seu
propósito, surgem opositores»79.
33. ASPETOS PRINCIPAIS
• Louvor à virgindade:
«A virgindade é coisa boa. Aquele que resolveu, no seu
coração, conservar virgem a sua filha, faz bem. Aquele que a
casar faz bem; aquele que a não casar faz melhor. Aquele faz
bem, porque afugenta os perigos; este faz melhor, pela
vantagem que disso deriva. Aquele atende ao remédio; este,
à recompensa. No entanto, esta será mais feliz – prossegue o
Apóstolo, - se permanecer assim, segundo o meu conselho. E
creio possuir eu também o espírito de Deus. Segui, filhos, o
conselho do Apóstolo: dom do Espírito Santo»80.
34. ASPETOS PRINCIPAIS
• Mortificai a sensualidade:
«Mortificai os vossos membros, como se fossem tambores:
não anda mais neles o fogo da sensualidade, mas neles se
extinga o ardor dos prazeres corporais. Domine somente,
neles, o espírito entre as apagadas voluptuosidades dos
sentidos. Se morrerdes para o pecado e, nos vossos
membros, não reinar qualquer concupiscência, vivereis em
Deus. Apertai nas vossas mãos a cruz do Senhor Jesus, e,
erguendo-a, pisai este mesquinho* mundo, passando além.
Continua…
*Mesquinho: mediante a previsão da última parusia
evidente: “tudo isto é passageiro, o final estará para breve”.
35. ASPETOS PRINCIPAIS
O mundo, qual fogoso ginete atraído pelas paixões, nada
tenha a fazer convosco, e seja submerso todo aquele que,
seguindo-vos, procurar alcançar-vos. Circundai-vos com um
muro de água, para que nela se extingam os ardores das
paixões. Circundai-vos até quando a divina misericórdia se
dignar conduzir-vos àquelas doze fontes místicas, àqueles
setenta palmitos, ao repouso do grande sábado, e Lhe
aprouver transplantar-vos para o monte da sua herdade,
onde Maria guia os corações»80-81.
36. ASPETOS PRINCIPAIS
• A viúva entregou o filho e as filhas ao serviço do
Senhor: Ler pág. 83:
«Portanto, tu, meu filho, que me foste dado pelo verdadeiro
Alcana, por aquele que está possuído de Deus; tu, que eu pedi
com oração e súplicas (assim aconteceu a Samuel*); tu,
repito, que foste obtido pelas minhas orações e pelos meus
votos, reconheces Aquele por quem me foste dado. Deus, a
cujo templo e serviço te consagrei antes de nasceres, ouviu
as minhas súplicas. Não foste, nem para os teus pais nem para
ti mesmo, mas para Deus. Todos somos seus, mas tu de um
modo especial. Se foste prometido, entrega-te ao Senhor»83-
84.
Continua…
* Questão do Nazirato – consagração no Antigo Testamento…
37. ASPETOS PRINCIPAIS
[…]
«Ela é exemplo da vida de viúva e mestra da virgindade. Vem
à Igreja rodeada pelas virgens, suas filhas, glória da família, e,
aí, já encontra alguma coisa de seu: o filho. / Este lê as
Sagradas Escrituras, e as irmãs, ouvindo-o, têm a impressão
de serem instruídas na sua própria casa. A mãe, a exemplo da
Virgem Maria, sente-se feliz, ao ver, no filho, o seu mestre de
perfeição, e acolhe, com sentimentos de verdadeira
devoção, todas as suas palavras, conservando-as
cuidadosamente no coração»85.
38. ASPETOS PRINCIPAIS
• Virgem, mantem-te pura e disponível para o Senhor:
«Também na tua luz, ó virgem, procura Cristo. Busca-O, isto é,
nos bons pensamentos e nas santas ações, a fim de que estas
resplandeçam diante do teu Pai, que está nos céus. Busca-O,
de noite, no teu cubículo: Também de noite Ele vem e bate à
porta. Ele quer que tu vigies sem interrupção. Quer encontrar
as portas da tua alma abertas em cada momento!. E também a
porta da tua boca deve estar aberta para cantar os louvores
do Senhor, as prendas do Esposo, a fé na Cruz! Que, quando
Ele vier, te encontre, portanto, vigilante, preparada para a sua
vinda. Durma o teu corpo, mas vigie o teu espírito»86.
Continua…
39. ASPETOS PRINCIPAIS
«Durmam as ilusões dos sentidos, mas vigie a prudência do
coração. Expandam os teus membros o perfume da Cruz de
Cristo e a fragrância do seu sepulcro, a fim de que o sono
neles não influa qualquer estímulo nem excite nenhum
movimento sensual. É esta a alma que se abre a Cristo, e que
não é agitada pelas paixões! / Encontrando-te assim, o esposo
passará à frente, mas a tua alma siga-O: desça do leito, saia à
sua palavra, como está escrito: A minha alma saiu à tua
palavra. Isto é, afaste-se dos prazeres corporais para se
tornar presente a Deus, pois, enquanto procurar estes,
estará longe d`Ele» 87-88.
«Quão doce é o Senhor, pelo qual até as injúrias são doces e a
morte suave! E, justamente, suave, porque nos dá a
imortalidade»89.
40. ASPETOS PRINCIPAIS
• Que há de mais puro?:
«Diz o Eclesiastes: As tuas vestes sejam sempre Cândidas. Mas
que há de mais cândido que a virgindade? Que coisa haverá
mais pura que a veste imaculada da castidade? Boa,
certamente, é a castidade conjugal: boa, a castidade de
viuvez; pura, toda a castidade, mas, às vezes, ou não é toda
cândida ou não é cândida sempre. Não é cândida, quando
tem domínio sobre o próprio corpo. Não é sempre cândida,
quando se interrompe, embora por pouco tempo, a oração.
Com razão, portanto, foi dito da virgindade: Sejam sempre as
tuas vestes cândidas e exista essência sobre a tua cabeça, a
fim de que as tuas lâmpadas resplandeçam sempre e
nenhuma se extinga à chegada do Esposo celeste» 90-91.
41. ASPETOS PRINCIPAIS
• O verdadeiro valor interior:
«Também os Apóstolos disseram que as mulheres não devem
cuidar demasiadamente em adornar-se, nem com adornos
do corpo – como ensina S. Pedro – nem com frisados, ouro,
pérolas e vestes preciosas – como diz S. Paulo, mas antes com
ornamentos espirituais. Homem rico aos olhos de Deus, é
aquele que tem uma vida interior e escondida, e que é pobre
aos olhos do mundo»92.
«Rico é aquele que não tem na consciência culpa grave: Rico,
ainda que tenha necessidade de muitas coisas» […] «O
simples não murmura nem inveja; está contente com o que é
seu; não deseja o que é dos outros, e, se bem pobre,
considera-se rico, se tem o necessário»92.
42. ASPETOS PRINCIPAIS
Sinagoga vs. Igreja:
«Com razão a Sinagoga foi chamada belíssima, não entre as
virgens, mas entre as mulheres. Ela seguia, de facto, a mulher:
Eva, causa da nossa queda. A Igreja, pelo contrário, é
belíssima entre as virgens, porque é virgem sem mancha.
Todos sejam homens ou mulheres, devem saber que foram
feitos à imagem e semelhança de Deus. Procure-se, portanto,
a beleza do espírito e não a do corpo. Em que consiste a nossa
essência?
Continua…
43. ASPETOS PRINCIPAIS
Na substância espiritual da alma e no poder do intelecto. É
isto quanto nos foi dado, por isso, David diz: Esperarei no
Senhor e não temerei nada do que me possa fazer a carne.
Por conseguinte, não somos carne mas espírito. Dos Judeus
foi dito: Não continuará neles o meu espírito, porque são
carne. Não somos ouro, nem dinheiro, nem riquezas, mas
alma e intelecto»93.
44. ASPETOS PRINCIPAIS
• Conselhos de pureza para a Virgem:
• Ler páginas 94-96:
«Cuida de ti mesma, ó virgem, sendo assídua na oração, e
que a sua continuidade faça empalidecer o teu rosto. Mas,
antes da oração, prepara a tua alma, e não queiras imitar
aquele que tenta a Deus. Que a tua atitude exprima o que
pedes; que a fé te sustenha; que as obras te tornem querida
de Deus. / Cuida de ti, repito, e guarda-te de quem é
imodesto nos olhares […] Não saias de casa sem a mãe […] A
jovenzinha vá raramente à Igreja» 94-95.
45. ASPETOS PRINCIPAIS
• Conselhos de moderação no rir (como no
Eclesiastes):
«Tal como o crepitar dos espinhos sob a caldeira, assim é o
riso do estulto. Os espinhos, ardendo, crepitam; consomem-
se depressa e não dão calor. Por isso, dos Judeus foi dito:
Arderam como o fogo entre espinhos. Eles, inflamados pelo
seu riso, arderam na paixão do Senhor, quando, no incêndio
da ira, o escarneciam, dizendo: Pôs a sua confiança em Deus:
Venha libertá-lo da cruz. […] Mas aquele riso queimou
eternamente a Sinagoga» 97-98.
46. ASPETOS PRINCIPAIS
«Mas sois filhas de Deus, filhas d`Aquele que se não
transfigura em Anjo de Luz, mas que é Luz verdadeira de Luz
verdadeira» 100-101.
«O Senhor é bom: Ele instrui, ensina e, às vezes, repreende,
mas ainda quando repreende, dá felicidade. Bem-aventurado
é o homem que o Senhor repreende. Não fugir, pois, das suas
correções, porque são correções de caridade e de graça. Ele
fere, mas sendo bom médico, com as mãos, sara: Durante
sete vezes te subtrairá às aflições, e, na sétima, o mal não te
tocará. Na fome te libertará da morte, e, na batalha, te
salvará da espada. Do flagelo da má língua te defenderá. Se
tu não falares mal de ninguém, não terás a temer o flagelo da
língua de outrem» 103.
47. ASPETOS PRINCIPAIS
Cuidado no que se diz:
«E são feridas mais graves aquelas que recebemos de nós
mesmos, quando, pelo muito falar, incorremos no pecado. Por
isso, ó virgem, guarda os teus caminhos, para não pecares
com a tua língua. Algumas vezes, até o dizer coisas boas é
mau para uma virgem. E que maravilha que exija dela
silêncio, quando, à mulher, é mesmo ordenado aprender em
silêncio. O pudor é bom, acompanhado dele!» 104.
48. ASPETOS PRINCIPAIS
Esperança na vida eterna e na Graça do auxilio:
«Aqui, lutamos, mas, noutra parte, seremos coroados. Não
falo só de mim, mas de todos os homens. E que mérito tenho
eu, se a minha coroa for o perdão? Aqui, a luta, lá, o prémio;
aqui, o combate, lá, a recompensa. Enquanto estou neste
mundo, luto, combato, e ainda estou em perigo de cair, mas o
Senhor, que é poderoso, pode suster-me nos choques: parar-
me, se estou para escorregar; revigorar-me, se vacilo.
Havemos de admirar-nos se alguém é acometido de aflições?
Enquanto estivermos neste mundo, não haverá coroa, mas
combate. Nem será aprovado senão aquele que preservar
até ao fim, para que seja coroado o que legitimamente
tenha combatido»106.
49. ASPETOS PRINCIPAIS
«Ninguém deseja que venha depressa o dia do juízo senão
aquele que está seguro da sua inocência ou espera nas obras
da penitência e é sustentado pela graça divina e pelas
batalhas combatidas por Cristo. / Terá também este prémio a
viúva que tiver educado bem os seus filhos e, nos filhos, for
glorificada, especialmente aquela que os ofereceu todos ao
Senhor»107.
50. ASPETOS PRINCIPAIS
«Agora, Senhor, peço-Te que lances os teus olhos, todos os
dias, sobre esta casa, sobre estes altares que hoje Te
dedicamos, sobre estas pedras espirituais, em cada uma das
quais se consagra a Ti um templo vivo. Acolhe, com a tua
misericórdia, as súplicas que Teus servos Te dirigem. Suba até
junto de Ti, em odor de suavidade, todo o sacrifício que, com
viva fé e religiosa piedade, Te for oferecido neste templo. E,
assim como olhas por aquela Hóstia santa, pela qual é tirado
do mundo todo o pecado, olha também para estas vítimas de
castidade. Protege-as com a tua contínua ajuda, a fim de que
Te sejam hóstias aceites e agradáveis. Digna-te conservar,
íntegro, o seu espírito, ilibados, a sua alma e o seu corpo, até à
vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, teu Filho»107-108.
51. «Como o apóstolo João, o Bispo Ambrósio que nunca se cansava
de repetir: "Omnia Christus est nobis!; Cristo é tudo para nós!"
permanece uma testemunha autêntica do Senhor. Com as suas
próprias palavras, cheias de amor a Jesus, concluímos assim a
nossa catequese: "Omnia Christus est nobis! Se queres curar uma
ferida, ele é o médico; se estás a arder de febre, ele é a fonte; se
estás oprimido pela iniquidade, ele é a justiça; se precisas de
ajuda, ele é a força; se temes a morte, ele é a vida; se desejas o
céu, ele é o caminho; se estás nas trevas, ele é a luz... Saboreai e
vede como o Senhor é bom: bem-aventurado é o homem que
n'Ele depõe a sua esperança" (De virginitate 16, 99). Confiemos
também nós em Cristo. Seremos assim bem-aventurados e
viveremos em paz».
Papa Bento XVI
53. Para saber mais sobre Santo Ambrósio de Milão,
consulte-se:
«VIDA DE SANTO AMBRÓSIO, BISPO DE MILÃO,
ESCRITA PARA SANTO AGOSTINHO POR PAULINO,
SECRETÁRIO DO PRIMEIRO»
CARDOSO, José, OPÚSCULOS (II Vol.), Edições
APPACDM DISTRITAL DE BRAGA, Braga, 1995, 238-
281 [Biblioteca da Faculdade de Teologia, Braga –
Cota: 33B].
Tradução portuguesa em: