SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 16
Downloaden Sie, um offline zu lesen
1
UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
FACULDADE DE TEOLOGIA
MESTRADO INTEGRADO EM TEOLOGIA (1.º grau canónico)
JOÃO MIGUEL PEREIRA
Fé e Razão: Igreja e Ciência, União ou Cisão?
Trabalho realizado no âmbito do Seminário Temático de Filosofia e
outros saberes.
sob orientação de:
Prof. Dr. António Sepúlveda Soares
Braga
2015
2
Introdução
A sociedade acusa muitas vezes a Igreja Católica de ser um estorvo ao progresso
científico. Tal opinião pode-se dever ao facto de nem sempre a relação entre ciência e fé ter
sido fecunda.
O trabalho que se apresenta procura esclarecer, ainda que de forma sucinta, a relação
que existe entre a fé cristã, que a Igreja guarda e procura divulgar, e o desenvolvimento das
ciências, não só da filosofia, mas também das ciências comumente apelidadas de
“experimentais”. Irei portanto neste trabalho incluir no conceito “ciência” as ciências
experimentais e as ciências filosóficas.
Proponho-me a expor por meio deste texto, e das ideias que vou reunir para o escrever,
que a Igreja não é hostil às descobertas científicas e que na sua história, quando isso
aconteceu, se deveu a enganos na exegese bíblica, os quais a Santa Sé já reconheceu e por eles
pediu desculpa, procurando na atualidade contribuir para o desenvolvimento científico que
favoreça o conhecimento da verdade protegendo e favorecendo a vida humana.
Pretende-se que o leitor compreenda que a fé cristã é uma fé que apoia e está aberta às
descobertas científicas, mas que procura sempre salvaguardar a vida humana das ameaças que
principalmente a tecnologia lhe apresenta. Para desenvolver de modo científico este
pensamento irei apoiar-me em vários autores reconhecidos, fazendo um apanhado das ideias
gerais que eles apresentam e que vão de encontro a esta minha opinião. Como resultado final,
espera-se um texto de fácil interpretação e leitura que deixe o leitor com algumas noções da
relação que a fé católica estabelece com a ciência e que este, caso assim o almejar, poderá
aprofundar utilizando também por base a bibliografia aqui citada.
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
3
1 - O conceito de Fé na perspectiva cristã
Tal como diz o Papa Francisco na carta encíclica “Lumen fidei”: «A fé nasce no
encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor»1
. Esse chamamento de Deus
quando escutado pelo homem que lhe abre o coração leva-o a dar-lhe uma resposta. «A
iniciativa vem toda ela de Deus»2
e «a fé é a resposta do homem a Deus que se revela em
Cristo»3
; é um acreditar na verdade revelada no Filho de Deus «em quem toda a revelação do
Deus altíssimo se consuma»4
, nos Evangelhos que Ele pessoalmente promulgou (cf. CCE 75)
e «mandou aos Apóstolos que os pregassem a todos, como fonte de toda a verdade salutar e
de toda a disciplina de costumes» (CCE 75). A fé «é aquela atitude de perseverança do
homem em confronto com uma providência invisível e todavia percetível, escondida, mas que
todavia se manifesta, que tira força da memória viva das gerações em consideração de grandes
intervenções dos tempos remotos»5
, ou seja, é o acreditar numa entidade que os nossos olhos
não podem observar mas da qual podemos sentir a sua atuação na história humana e cuja
precessão é comunicada de geração em geração.
Podemos dizer que a fé é transversal ao tempo. A fé é uma «resposta a uma Palavra
que a precede, será sempre um ato de memória» (LF 9). Ainda assim ela «não se fixa no
passado, porque, sendo memória de uma promessa, torna-se capaz de abrir ao futuro, de
iluminar os passos ao logo do caminho» (LF 9). A fé guia os nossos passos no presente mas
prospetiva sempre um raiar do prometido num futuro: «está intimamente ligada à esperança»
(LF 9).
Com a ajuda de uma fórmula de origem augustiniana, podemos apresentar três aspetos
fundamentais no ato de fé: credere Deum: a fé como conhecimento da verdade revelada, do
1
FRANCISCI PP., «Litterae encyclicae: “Lumen fidei”», in AAS 105/7 (2013) 555-596, 4.
Quando se citar novamente este documento utilizar-se-á a sigla LF.
2
Cf. Luciano PACOMIO, Franco ARDUSSO, Roberto FERRETTI, et al, Diccionario Teologico
Interdisciplinar I-II, Sigueme, Salamanca, 1985, 1092.
3
Luciano PACOMIO, Franco ARDUSSO, Roberto FERRETTI, et al, Diccionario Teologico
Interdisciplinar I-II, Sigueme, Salamanca, 1985, 1091.
4
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, Gráfica de Coimbra, Coimbra, 19992
, 75. Quando se citar
novamente este documento utilizar-se-á a sigla CCE.
5
Heinrich FRIES, DICIONÁRIO DE TEOLOGIA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA
TEOLOGIA ATUAL, Vol. II, Edições Loyola, São Paulo, 1970, 193.
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
4
Deus revelado em Cristo; credere Deo: a fé como adesão obediente e confiante a Deus que se
revela; credere in Deum: a fé como orientação e energia para a salvação completa e
escatológica6
. Esta conceção encontra fundamento no antigo testamento onde vários termos
expressam o significado do ato de crer, nomeadamente bātāh (estar em sítio seguro), bāsah
(buscar refúgio e amparo), qāubāh (guardar, esperar), jahal (ter esperança, desejar alcançar),
hākāh (aguardar com constância e paciência) e também no termo hebraico he´emîn que
significa prestar fé ou fiar-se7
.
Tal como Abraão acolheu o chamamento de Deus, confiou na sua promessa e
obedeceu aos preceitos que o Senhor lhe indicara, ele, a quem chamamos pai na fé, explica-
nos o significado da fé que «acolhe a palavra, uma realidade aparentemente efémera e
passageira, como uma rocha segura sobre a qual se pode construir com alicerces firmes. A fé
acolhe a palavra como o mais seguro e inabalável a partir do momento em que confia que a
origem dessa palavra é Deus, que é fiel ao homem (cf. LF 10). A fé toma Deus como rocha
segura sobre a qual o homem pode construir toda a sua existência8
.
A manifestação da fé na resposta do homem a Deus, que o chama e age na história,
apresenta-se de várias formas: «O homem responde às exigências de Deus com obediência e
reconhecimento (Dt 9, 23; Sl 119, 66), às promessas com a confiança (Gên 15, 6; Núm 20, 12;
Jer 39, 18; Miq 7, 5; Sof 3, 2; Sl 78, 22), à fidelidade com a fidelidade (Is 26, 2; Am 2, 22)»9
.
Há uma ligeira diferença, do Antigo para o Novo Testamento, na forma como é
dirigida esta resposta a Deus. Enquanto o Antigo Testamento exige a fé como relação geral do
6
Cf. Luciano Pacomio, Franco Ardusso, Roberto Ferretti, et al, Diccionario Teologico
Interdisciplinar I-II, Sigueme, Salamanca, 1985, 1092.
7
Ibidem.
8
Ibidem.
9
Heinrich Fries, DICIONÁRIO DE TEOLOGIA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA
TEOLOGIA ATUAL, Vol. II, Edições Loyola, São Paulo, 1970, 193.
Sobre isto, diz ainda a encíclica Fides et Ratio de João Paulo II (número 13): «a fé é uma
resposta de obediência a Deus. Isto implica que Ele seja reconhecido na sua divindade, transcendência e
liberdade suprema. Deus que Se dá a conhecer na autoridade da sua transcendência absoluta, traz
consigo também a credibilidade dos conteúdos que revela. Pela fé, o homem presta assentimento a esse
testemunho divino. Isto significa que reconhece plena e integralmente a verdade de tudo o que foi
revelado, porque é o próprio Deus que o garante. Esta verdade, oferecida ao homem sem que ele a possa
exigir, insere-se no horizonte da comunicação interpessoal e impele a razão a abrir-se a esta e a acolher
o seu sentido profundo».
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
5
povo com o seu Deus, o Novo Testamento apresenta-nos uma visão de uma relação mais
pessoal e íntima de cada indivíduo que aceita a mensagem da ação salvífica de Deus que se
realiza em Cristo e a parir dela se arrepende e se converte10
. No Novo Testamento, o caminho
salvífico tem origem na mensagem de Deus que Cristo veio pregar, na sua aceitação como
«fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes» (CCE 75) que deve ser
tomada como guia para o aperfeiçoamento e santificação pessoal e concludentemente para a
salvação11
. Ainda assim não esqueçamos que «o ato de fé do indivíduo insere-se numa
comunidade, no “nós” comum do povo, que, na fé, é como um só homem» (LF 14) a quem
Deus chamara por «Filho Primogénito» (cf. Ex 4, 22). A Igreja é essa comunidade de fé
fundada pelos Apóstolos que pregaram o Evangelho do Senhor, é o povo unido ao seu bispo,
o rebanho submisso ao seu pastor e está em comunhão com todas as outras igrejas espalhadas
pelo mundo, formando assim uma só Igreja unida pelo sacramento da Eucaristia12
a qual
aguarda a plenitude da última vinda para escutar o «eco forte a dizer: “Vem, minha amada
esposa”…»13
.
Tal como explica a Carta Encíclica Lumen Fidei, na fé, que é dom de Deus e virtude
sobrenatural, «reconhecemos que um grande Amor nos foi oferecido, que uma Palavra
estupenda nos foi dirigida» (LF 7) e que ao acolhermos essa Palavra encarnada em Jesus
Cristo, somos transformados pelo Espírito Santo que «ilumina o caminho do futuro e faz
crescer em nós as asas da esperança para o percorrermos com alegria» (LF 7). Assim se
compreende que «a fé enriquece a existência humana em todas as suas dimensões» (LF 6).
Sendo enriquecedora, a fé cristã não anula os resultados da ciência humana, porém dilata-os.
10
Cf. Heinrich Fries, DICIONÁRIO DE TEOLOGIA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA
TEOLOGIA ATUAL, Vol. II, Edições Loyola, São Paulo, 1970, 194.
11
Sobre isto, diz ainda a encíclica Fides et Ratio de João Paulo II (número 15): «A verdade da
revelação cristã, que se encontra em Jesus de Nazaré, permite a quem quer que seja perceber o
“mistério” da própria vida. Enquanto verdade suprema, ao mesmo tempo que respeita a autonomia da
criatura e a sua liberdade, obriga-a a abrir-se à transcendência. Aqui, a relação entre liberdade e verdade
atinge o seu máximo grau, podendo-se compreender plenamente esta palavra do Senhor: “Conhecereis a
verdade e a verdade libertar-vos-á” (Jo 8, 32)».
12
Cf. Jacques GUILLET, David M. STANLEY, et al, MISIÓN Y TESTIMONIO – LA VIDA DE LA
IGLESIA, Sal Terrae, Santander, 196911
, 98.
13
Carlos AZEVEDO, «A Bíblia na Tradição da Igreja», in Bíblica, 13, 18 (2009), 116.
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
6
2 - O diálogo entre a Igreja e a Ciência
Tem sentido afirmar que a ciência nasceu com a filosofia grega, pela qual o homem
iniciou uma pesquisa racional para as questões sobre o cosmos pondo de parte o “mito”, e
ainda com a matemática e a astronomia dos egípcios e helénicos ou gregos. Mas a “Ciência da
Natureza” nasce por volta do séc. XVII na Europa e teve ao início algumas dificuldades em se
impor muito por causa da filosofia e da fé que, às vezes concentradas e outras vezes em
choque, chamavam a si unicamente o direito de definir a verdade14
. Ainda que com custo, esta
nova ciência conseguiu conquistar credibilidade. O conhecimento que toma como ponto de
partida simples hipóteses, «em si mesmas superáveis e de tempos a tempos superadas,
fornecem um conhecimento do Universo muito mais preciso e exacto que as antigas
“certezas”»15
impostas por correntes de pensamento ou tidas como fruto de uma revelação
divina. Afirmações que resultavam do trabalho inaugural desta ciência e que negavam
conhecimentos vistos como verdadeiros pelos crentes e filósofos, como por exemplo relativos
ao movimento da Terra, que eram contrários à leitura literal da Bíblia induziram intelectuais
cristãos, católicos, ortodoxos e protestantes a «decidiram que a ciência é oposta à verdade»16
.
Esta posição tem vindo a ser negada pela Igreja Católica, que aqui nos importa
estudar. Exemplo desta sensata atitude é a posição do então Papa João Paulo II que em Março
de 1979, recebeu no Vaticano a European Physical Society perante a qual lembrou que «a
ciência em si mesma é boa, por ser conhecimento do mundo que é bom, criado e visto pelo
Criador com satisfação»17
. Na mesma ocasião salientou a importância da técnica e da
tecnologia dizendo que «sob muitos aspectos, o progresso técnico, nascido dos
descobrimentos científicos, ajuda o homem a resolver problemas gravíssimos como o da
14
Cf. João Rodrigues, «Ciência, filosofia e fé – apontamentos para a história das suas
relações», in Communio, Lisboa, 6 (2000), 560.
15
João Rodrigues, «Ciência, filosofia e fé – apontamentos para a história das suas relações», in
Communio, Lisboa, 6 (2000), 561
16
Ibidem.
17
João Paulo II (30 de Março de 1979), «Discurso à European Physical Society», consultado a
17-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/march/documents/hf_jp-
ii_spe_19790331_europ-phys-soc.html .
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
7
alimentação, da energia e da luta contra certas doenças, mais que nunca espalhadas pelos
países do Terceiro Mundo»18
. No entanto, João Paulo II mostrava algumas reservas em
relação à tecnologia considerando «que o homem é vítima, hoje, de um grande medo,
considerando-se ameaçado por aquilo mesmo que fabrica, pelos resultados do seu trabalho e
pelo uso dos seus artefactos»19
, isto no que toca a um conjunto de procedimentos técnicos que
têm por objeto o próprio ser humano como é exemplo a clonagem, a procriação medicamente
assistida e outros até com objetivos nefastos para o homem, como as armas nucleares.
Considerando necessária uma fidelidade da ciência e da técnica «às normas morais que regem
a vida do homem»20
, para impedir que estas fiquem sujeitas «à prepotência de poderes
tirânicos, tanto políticos como económicos, e para ordenar positivamente ciência e técnica em
benefício do homem»21
, dirigiu-se aos cientistas com estas palavras:
«Aos homens de ciência das diversas disciplinas – em particular a vós, físicos,
que descobristes energias de um alcance imenso – compete utilizar todo o vosso prestígio,
para que as consequências científicas se sujeitem às normas morais, em vista da proteção
e do progresso da vida humana»22
.
O mesmo Papa mostrava-se também consciente das tensões que surgiram no decurso
da história, entre a Igreja e as ciências naturais reconhecendo as equivocadas avaliações e os
métodos defeituosos que deram origem a esse embate23
. E, reconhecendo que «a razão e a fé
provêm da mesma divina fonte de toda a verdade»24
e que «fé e ciência pertencem a duas
diferentes ordens de conhecimento, que não se podem sobrepor uma à outra»25
, considera que
esse embate é desnecessário sendo que ambas podem coabitar e auxiliar-se mutuamente pois,
18
João Paulo II (30 de Março de 1979), «Discurso à European Physical Society», consultado a
17-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/march/documents/hf_jp-
ii_spe_19790331_europ-phys-soc.html .
19
Ibidem.
20
Ibidem.
21
Ibidem.
22
Ibidem.
23
Cf. João Paulo II (22 de Dezembro de 1980), «Discurso a um grupo de vencedores do
Prémio Nobel» n. 4, consultado a 14-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-
ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp-ii_spe_19801222_premi-nobel.html .
24
Ibidem.
25
Ibidem.
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
8
tal como escreveu na Carta Encíclica Fides et Ratio, «a fé e a razão constituem como que as
duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade»26
.
João Paulo II esclarece que não é temível, desde que a ciência e a teologia procedam
sempre em conformidade com os princípios metodológicos próprios de cada uma, que
cheguem a resultados contraditórios27
. Assim, João Paulo II refere que, para que não haja
oposição entre fé e ciência, devem cumprir-se duas condições: em primeiro lugar, que a
investigação científica proceda segundo métodos de rigor absoluto e se mantenha fiel ao seu
objeto próprio; e em segundo lugar, que a Escritura seja lida segundo as esclarecidas diretrizes
da Igreja, particularmente as que foram formuladas pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) na
Constituição conciliar Dei Verbum28
.
Aquele que crê, sabe que tudo o que existe decorre «de uma palavra proferida pelo
Criador, de um fiat primordial, que já continha todas as coisas e a sua ordem universal»29
.
Desta forma, o crente está certo de que o mundo tem uma explicação: que a causa da sua
origem é Deus e de que à ciência compete chegar à compreensão do que constitui o universo,
das suas leis físicas. «Por sua vez, os grandes cientistas estão convencidos de que o objetivo
final da ciência é a descoberta de uma lei fundamental. […] Esta explicação nunca entraria em
contradição com as afirmações da fé, mas permitiria ao homem conhecer as leis essenciais
deste mundo criado por Deus»30
.
Por considerar que a fé e as ciências oriundas da razão humana, que reflete e
experimenta, não são contraditórias mas se podem complementar com um intuito de buscarem
26
Ioannes PAULUS PP., «Litterae encyclicae: “Fides et ratio”», in AAS 91 (1999), 5-88,
prooemium. Quando se citar novamente este documento utilizar-se-á a sigla FR.
27
Cf. João PAULO II (22 de Dezembro de 1980). «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio
Nobel» n. 4, http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp-
ii_spe_19801222_premi-nobel.html .
28
Cf. José FERREIRA, «O diálogo entre ciência, razão e fé no pensamento de João Paulo II», in
Interacções, Lisboa, 3 (2006), 106. Também disponível e consultado a 5-08-2015 em:
http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/viewFile/311/266 .
29
João PAULO II (22 de Dezembro de 1980), «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio
Nobel» n. 4, http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp-
ii_spe_19801222_premi-nobel.html .
30
José FERREIRA, «O diálogo entre ciência, razão e fé no pensamento de João Paulo II», in
Interacções, Lisboa, 3 (2006), 106. Também disponível e consultado a 5-08-2015 em:
http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/viewFile/311/266 .
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
9
«um conhecimento mais completo do ser humano, dos componentes da sua essência, bem
como da dimensão histórica da sua existência»31
e, sendo da opinião de que a «permuta
interdisciplinar poderá trazer um significativo progresso na compreensão da verdade, que é
complexa, e precisa de ser encarada de diversos ângulos»32
, o mesmo Papa, agora canonizado
pela Igreja, desejava que cientistas e teólogos busquem «o desenvolvimento de um diálogo
construtivo, que torne possível perscrutar cada vez mais profundamente o fascinante mistério
do ser humano, bem como afastar as ameaças contra o ser humano, que infelizmente se
tornam dia a dia mais graves»33
.
2.1 A razão é auxílio da fé?
João Paulo II sempre foi um grande defensor do resultado vantajoso para o homem
que uma relação harmoniosa entre a teologia e as várias ciências filosóficas e experimentais
podem proporcionar. Considerando bom o desejo do homem de encontrar a verdade, que pode
ser incluído no desejo do homem em encontrar Deus na medida em que Ele é a causa primeira
do universo (cf. FR prólogo34
), ele apoiou o trabalho da ciência enquanto a busca do
conhecimento sobre o universo no qual o homem se insere: «A ciência é feita para a verdade e
a verdade, para o ser humano, e o ser humano reflete como numa imagem (cf. Génesis 1, 27)
a eterna verdade transcendente que é Deus»35
.
Ele reconheceu o importante trabalho da ciência e reconheceu os frutos que muitas
pesquisas trouxeram «favorecendo realmente o progresso da humanidade inteira» (FR 25).
31
João PAULO II (22 de Dezembro de 1980), «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio
Nobel» n. 5, http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp-
ii_spe_19801222_premi-nobel.html .
32
José FERREIRA, «O diálogo entre ciência, razão e fé no pensamento de João Paulo II», in
Interacções, Lisboa, 3 (2006), 106. Também disponível e consultado a 5-08-2015 em:
http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/viewFile/311/266 .
33
João PAULO II (22 de Dezembro de 1980). «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio
Nobel» n. 4, http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp-
ii_spe_19801222_premi-nobel.html .
34
João PAULO II no prólogo (“PROOEMIUM”) à encíclica Fé e Razão escreveu: «Foi Deus
quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O
conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si
próprio (cf. Ex 33, 18; Sal 2726, 8-9; 6362, 2-3; Jo 14, 8; 1 Jo 3, 2)».
35
João PAULO II (30 de Março de 1979), «Discurso à European Physical Society», consultado
a 17-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/march/documents/hf_jp-
ii_spe_19790331_europ-phys-soc.html .
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
10
Apoiou a autonomia da ciência na sua investigação sobre a verdade inscrita na criação tal
como já havia sido feito pelo Concílio Vaticano II na Constituição Gaudium et Spes que
reconheceu «a autonomia legítima da cultura e em particular a das ciências»36
. É de salientar
o pedido de desculpa da Igreja por nem sempre ter respeitado essa mesma autonomia: «Seja-
nos permitido lamentar certas atitudes que existiram até entre os próprios cristãos, por não
terem entendido suficientemente a legítima autonomia da ciência» (GS 36). Estas atitudes
levaram muitos espíritos a pensar que ciência e fé se opõem e originaram conflitos entre elas
(cf. GS 36).
No entanto, João Paulo II não esqueceu de lembrar que a Igreja «considera a filosofia
uma ajuda indispensável para aprofundar a compreensão da fé e comunicar a verdade do
Evangelho a quantos ainda não a conhecem» (FR 5). A verdade alcançada por meio da
reflexão filosófica e a verdade da Revelação não se confundem, nem uma torna a outra
supérflua. Elas possuem princípios e objetos diferentes: a reflexão filosófica por meio da
razão natural permite-nos compreender o universo ao passo que a fé, que inclui em si o
testemunho da Revelação Divina e o auxílio do Espírito Santo, a graça que vem também do
Alto, nos propõe descobrir e contemplar os mistérios de Deus (cf. FR 9), na consciência de
que o conhecimento que possuímos de Deus «está marcado sempre pelo carácter parcial e
limitado da nossa compreensão» (FR 13).
2.2 A fé pode colaborar com a razão?
Sabemos que a ciência e a tecnologia já muito contribuíram para responder de forma
racional a questões «fundamentais que caracterizam o percurso da existência humana: Quem
sou eu? Donde venho e para onde vou? Porque existe o mal? O que é que existirá depois desta
vida?» (FR 1) e também muito contribuiu para melhorar a qualidade de vida do homem. O
Catecismo da Igreja Católica afirma que a investigação científica e técnica «constituem uma
36
CONCÍLIO DO VATICANO II, «Constitutio Dogmatica: “Gaudium et Spes”», in AAS 58 (1966),
1025-1115, 59. Quando se citar novamente este documento utilizar-se-á a sigla GS.
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
11
expressão significativa do domínio do homem sobre a criação […] são recursos preciosos
quando, postos ao serviço do homem, promovem o seu desenvolvimento integral em
benefício de todos» (CCE 2293) os quais João Paulo II qualificou como ocasião para «um
serviço à verdade, ao bem e à beleza»37
. Ainda assim, a ciência não dá nem poderá dar
resposta integral para todas essas questões:
«Todas as hipóteses científicas, como a de um átomo primitivo, do qual derivaria
o conjunto do universo físico, deixam em aberto o problema respeitante ao início do
universo. A ciência, por si só, não pode resolver uma questão como esta: é preciso saber
que o homem se eleva acima da física e da astrofísica, e a isto se chama metafísica; é
preciso, sobretudo, reconhecer aquilo que tem origem na revelação de Deus»38
.
Existe um “dúplice modo de desenvolvimento”, duas vias de investigação: há um
caminho horizontal, que abrange a cultura, a investigação científica e técnica, ou seja, tudo o
que pertence à horizontalidade do homem e da criação, e que vai crescendo com um ritmo
impressionante; há também um itinerário vertical, que diz respeito àquilo que há de mais
profundo no ser humano, quando, transcendendo o mundo e transcendendo-se a si mesmo, o
homem se volta para Aquele que é o Criador de todas as coisas; e só caminhando com os pés
assentes, um em cada uma dessas vias, é que o homem se realiza plenamente como ser
espiritual e como homo sapiens39
.
Há respostas que só a Revelação feita por Deus ao homem poderá responder, pela qual
é oferecida ao homem a verdade última a respeito da própria vida e do destino da história:
«Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece
verdadeiramente», afirma a constituição Gaudium et spes» (FR 12). Sem o contributo da
37
João Paulo II (25 de Maio de 2000), «Discurso por ocasião do Jubileu dos cientistas», n. 4,
consultado a 11-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2000/apr-
jun/documents/hf_jp-ii_spe_20000525_jubilee-science.html .
38
João Paulo II (3 de Outubro de 1981), «Discurso aos participantes no congresso da Pontifícia
Academia das Ciências», n. 2, consultado a 10-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-
ii/pt/speeches/1981/october/documents/hf_jp-ii_spe_19811003_accademia-scienze.html .
39
Cf. João Paulo II (31 de Outubro de 1992), «Discorso di giovanni paolo ii ai partecipanti alla
sessione plenária della Pontificia Accademia Delle Scienze», n. 14, consultado a 11-08-2015 em:
http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/it/speeches/1992/october/documents/hf_jpii_spe_19921
031_accademia-scienze.html .
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
12
perspectiva da Revelação, que constitui o Depósito da fé que é conservado de forma íntegra e
comunicado de forma viva pelo Magistério Vivo da Igreja (cf. CCE 77), seria impossível ao
homem encontrar resposta «para questões tão dramáticas como a dor, o sofrimento do
inocente e a morte» (FR 12). Essas questões só à «luz que dimana do mistério da paixão,
morte e ressurreição de Cristo» (FR 12) podem ser respondidas.
2.3 A Igreja é promotora das ciências?
Tal como foi referido anteriormente, a Igreja nem sempre mostrou a mesma posição
para com os vários ramos das ciências. Se houve épocas da história em que a Igreja foi hostil
à ciência, principalmente aos ramos das ciências experimentais, houve também épocas em que
a submeteu a seu serviço, nomeadamente as ciências filosóficas. Todavia, há vários séculos e
até à atualidade, a Igreja procura contribuir para a produção científica. Disto, são exemplo
grandes nomes da história da Igreja e a história das ciências, nomes que vão desde Copérnico
a Mendel, de Alberto Magno a Pascal, de Galileu a Marconi, que comprovam «de maneira
clara como há uma cultura científica arraigada no cristianismo»40
e assim desmentem o mito
muitas vezes ensinado na sociedade atual que sustenta que a Igreja é radicalmente contra a
ciência. Tal como escreveu o Astrónomo Alexandre Zabot, «o próprio Vaticano, através da
ação de muitos papas, mantém um Observatório Astronômico» que «é prova viva e
testemunho eloquente da relação de amor da Igreja e dos seus membros com a ciência»41
. A
Igreja procura promover o progresso e a excelência científica bem como o seu contributo para
o maior número de povos por meio da Pontifícia Academia das Ciências42
. Além disso a
Igreja tem na ciência uma ponte que pode utilizar para estabelecer um diálogo ecuménico
entre as grandes tradições de fé na busca pela paz inter-religiosa43
.
40
Cf. João Paulo II (25 de Maio de 2000), «Discurso por ocasião do Jubileu dos cientistas», n.
4, consultado a 11-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2000/aprjun/docu
ments/hf_jp-ii_spe_20000525_jubilee-science.html .
41
Alexandre Zabot (23 de julho de 2015), «O Observatório Astronômico do Vaticano»,
consultado a 20-08-2015 em: http://alexandrezabot.blogspot.pt .
42
Cf. Página da Pontifical Academy of Sciences, consultado a 20-08-2015 em:
http://www.pas.va/content/accademia/en/about/goals.html .
43
Cf. John Polkinghorme, Ciencia y Teología, Sal Terrae, Santander, 2000, 180.
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
13
Conclusão
A relação entre as ciências experimentais e a Teologia, deve ser uma relação de
respeito pelo método que cada uma utiliza e pelas áreas do conhecimento que cabe a cada
uma trabalhar pois, se as primeiras cabe estudar aquilo que é físico e que é suscetível de ser
medido, em complemento, à fé, e deste modo à Teologia, cabe com base na capacidade que o
homem tem de se transcender e na Sagrada Revelação, encontrar luz que desvende parte da
resposta às questões sobre a sua origem e existência e compreender aquilo que é possível ao
homem compreender, dentro da sua finitude, sobre o ser infinito e inabarcável pelas escalas
de medição humana, ou seja Deus.
Uma relação de convivência e respeito entre a ciência e a fé, quando se submetem aos
métodos e campos de abrangência específicos a cada uma, não resulta em prejuízo para o
homem. Elas podem-se auxiliar nos momentos de fraqueza ou podem até impor limites uma à
outra, mas se for estabelecida uma reação de diálogo criam-se condições favoráveis para que
o homem não perca a possibilidade de conhecer de modo adequado a si mesmo o mundo e
Deus (cf. FR 16). É pois essencial que se compreenda a importância que a razão, que filosofa
e experimenta, e a Igreja, que guarda e difunde a fé cristã têm para a história humana, de
modo a que não se cometam os erros do passado onde imperava a desconfiança e a tentativa
de uma anular a outra. Adotando esta atitude criam-se guerras que só prejudicam homem, a
sua história e cultura, afastando-o da contemplação da verdade. É essencial que a sociedade
compreenda que a Igreja Católica também é apaixonada pela ciência e que nela vê uma porta
para o encontro com a Verdade Suprema.
Muito havia ainda a tratar sobre este tema e talvez tenha sido essa a minha maior
dificuldade, ou seja, conseguir resumir aqui em espaço limitado o muito e belo que este tema
compreende. Ainda assim acho que consegui deixar alguns tópicos que respondem à minha
questão: “Igreja e Ciência, União ou Cisão?” e outros que conheci e aqui, por limitações de
espaço não pude abordar, podem ser consultados pelo leitor na bibliografia que citei.
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
14
Bibliografia
AZEVEDO Carlos, «A Bíblia na Tradição da Igreja», in Bíblica, 13, 18 (2009).
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, Gráfica de Coimbra, Coimbra, 19992
.
CONCÍLIO DO VATICANO II, «Constitutio Dogmatica: “Dei Verbum”», in AAS 58 (1966), 821-
834.
CONCÍLIO DO VATICANO II, «Constitutio Pastoralis: “Gaudium et Spes”», in AAS 58 (1966),
1025-1115.
FERREIRA José, «O diálogo entre ciência, razão e fé no pensamento de João Paulo II», in
Interacções, Lisboa, 3 (2006), 102-121. Também disponível e consultado a 5-08-2015
em: http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/viewFile/311/266 .
FRANCISCI PP., «Litterae encyclicae: “Lumen fidei”», in AAS 105/7 (2013), 555-596.
FRIES Heinrich, DICIONÁRIO DE TEOLOGIA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA
TEOLOGIA ATUAL, Vol. II, Edições Loyola, São Paulo, 1970.
GUILLET Jacques, STANLEY David M., et al, MISIÓN Y TESTIMONIO – LA VIDA DE LA
IGLESIA, Sal Terrae, Santander, 196911
.
Ioannes PAULUS PP. II, «Litterae encyclicae: “Fides et ratio”», in AAS 91 (1999), 5-88.
João PAULO II (30 de Março de 1979), «Discurso à European Physical Society», consultado
a 17-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/march
/documents/hf_jp-ii_spe_19790331_europ-phys-soc.html .
João PAULO II (22 de Dezembro de 1980), «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio
Nobel», consultado a 14-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-
ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp-ii_spe_19801222_premi-nobel.html .
João PAULO II (3 de Outubro de 1981), «Discurso aos participantes no congresso da
Pontifícia Academia das Ciências», consultado a 10-08-2015 em:
http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1981/october/documents/hf_jp-
ii_spe_19811003_accademia-scienze.html .
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
15
João PAULO II (31 de Outubro de 1992), «Discorso di giovanni paolo ii ai partecipanti alla
sessione plenária della Pontificia Accademia Delle Scienze», consultado a 11-08-2015
em:http://w2.vatican.va/content/johnpaulii/it/speeches/1992/october/documents/hf_jp-
ii_spe_19921031_accademia-scienze.html .
João PAULO II (25 de Maio de 2000), «Discurso por ocasião do Jubileu dos cientistas»,
consultado a 11-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-
ii/pt/speeches/2000/apr-jun/documents/hf_jp-ii_spe_20000525_jubilee-science.html .
PACOMIO Luciano, ARDUSSO Franco, FERRETTI Roberto, et al, Diccionario Teologico
Interdisciplinar I-II, Sigueme, Salamanca, 1985.
POLKINGHORME John, Ciencia y Teología, Sal Terrae, Santander, 2000.
RODRIGUES João, «Ciência, filosofia e fé – apontamentos para a história das suas relações», in
Communio, Lisboa, 6 (2000), 560-568.
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
16
Índice
Introdução ...............................................................................................................................2
1 - O conceito de Fé na perspectiva cristã ..............................................................................3
2 - O diálogo entre a Igreja e a Ciência ..................................................................................6
2.1 A razão é auxílio da fé?...............................................................................................9
2.2 A fé pode colaborar com a razão?.............................................................................10
2.3 A Igreja é promotora das ciências? ...........................................................................12
Conclusão..............................................................................................................................13
Bibliografia ...........................................................................................................................14
Índice ....................................................................................................................................16
Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa,
FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

EBD - Lição 4 - Eu Creio na Inspiração das Escrituras - Jovens - CPAD 2015
EBD - Lição 4 - Eu Creio na Inspiração das Escrituras - Jovens - CPAD 2015EBD - Lição 4 - Eu Creio na Inspiração das Escrituras - Jovens - CPAD 2015
EBD - Lição 4 - Eu Creio na Inspiração das Escrituras - Jovens - CPAD 2015Jhose Iale
 
Paul washer o_unico_deus_verdadeiro
Paul washer o_unico_deus_verdadeiroPaul washer o_unico_deus_verdadeiro
Paul washer o_unico_deus_verdadeiroMateus Bragança
 
Ebd Lições bíblicas 2° trimestre 2016 lição 4 Os benefícios da Justificação.
Ebd Lições bíblicas 2° trimestre 2016 lição 4 Os benefícios da Justificação.Ebd Lições bíblicas 2° trimestre 2016 lição 4 Os benefícios da Justificação.
Ebd Lições bíblicas 2° trimestre 2016 lição 4 Os benefícios da Justificação.GIDEONE Moura Santos Ferreira
 
Somente a Fé - John Owen
Somente a Fé - John OwenSomente a Fé - John Owen
Somente a Fé - John OwenSilvio Dutra
 
162 respostas bíblicas a doutrina da trindade
162 respostas bíblicas a doutrina da trindade162 respostas bíblicas a doutrina da trindade
162 respostas bíblicas a doutrina da trindadeASD Remanescentes
 
Ebd cpad lições bíblicas 2°trimestre 2016 lição 1 Epístola aos Romanos.
Ebd cpad lições bíblicas 2°trimestre 2016 lição 1 Epístola aos Romanos.Ebd cpad lições bíblicas 2°trimestre 2016 lição 1 Epístola aos Romanos.
Ebd cpad lições bíblicas 2°trimestre 2016 lição 1 Epístola aos Romanos.GIDEONE Moura Santos Ferreira
 
Justificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
Justificação, Somente Pela Fé em Jesus CristoJustificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
Justificação, Somente Pela Fé em Jesus CristoMárcio Martins
 
Ebd lições bíblicas 2º trimestre 2016 lição 5 A maravilhosa graça.
Ebd lições bíblicas 2º trimestre 2016 lição 5 A maravilhosa graça.Ebd lições bíblicas 2º trimestre 2016 lição 5 A maravilhosa graça.
Ebd lições bíblicas 2º trimestre 2016 lição 5 A maravilhosa graça.GIDEONE Moura Santos Ferreira
 
A Fé Em Todos Os Aspectos
A Fé Em Todos Os AspectosA Fé Em Todos Os Aspectos
A Fé Em Todos Os Aspectosrenaapborges
 
23474164 o-dom-maior-jonathan-edwards
23474164 o-dom-maior-jonathan-edwards23474164 o-dom-maior-jonathan-edwards
23474164 o-dom-maior-jonathan-edwardsAntonio Ferreira
 
Só o pai é Deus?
Só o pai é Deus?Só o pai é Deus?
Só o pai é Deus?jb1955
 

Was ist angesagt? (19)

Livrodeefesios pg
Livrodeefesios pgLivrodeefesios pg
Livrodeefesios pg
 
EBD - Lição 4 - Eu Creio na Inspiração das Escrituras - Jovens - CPAD 2015
EBD - Lição 4 - Eu Creio na Inspiração das Escrituras - Jovens - CPAD 2015EBD - Lição 4 - Eu Creio na Inspiração das Escrituras - Jovens - CPAD 2015
EBD - Lição 4 - Eu Creio na Inspiração das Escrituras - Jovens - CPAD 2015
 
Carta Encíclica Spe Salvi
Carta Encíclica Spe SalviCarta Encíclica Spe Salvi
Carta Encíclica Spe Salvi
 
Paul washer o_unico_deus_verdadeiro
Paul washer o_unico_deus_verdadeiroPaul washer o_unico_deus_verdadeiro
Paul washer o_unico_deus_verdadeiro
 
Ebd Lições bíblicas 2° trimestre 2016 lição 4 Os benefícios da Justificação.
Ebd Lições bíblicas 2° trimestre 2016 lição 4 Os benefícios da Justificação.Ebd Lições bíblicas 2° trimestre 2016 lição 4 Os benefícios da Justificação.
Ebd Lições bíblicas 2° trimestre 2016 lição 4 Os benefícios da Justificação.
 
escola sabatina 02
escola sabatina 02escola sabatina 02
escola sabatina 02
 
Somente a Fé - John Owen
Somente a Fé - John OwenSomente a Fé - John Owen
Somente a Fé - John Owen
 
Alma e espírito o que significam esses termos
Alma e espírito   o que significam esses termosAlma e espírito   o que significam esses termos
Alma e espírito o que significam esses termos
 
162 respostas bíblicas a doutrina da trindade
162 respostas bíblicas a doutrina da trindade162 respostas bíblicas a doutrina da trindade
162 respostas bíblicas a doutrina da trindade
 
Ebd cpad lições bíblicas 2°trimestre 2016 lição 1 Epístola aos Romanos.
Ebd cpad lições bíblicas 2°trimestre 2016 lição 1 Epístola aos Romanos.Ebd cpad lições bíblicas 2°trimestre 2016 lição 1 Epístola aos Romanos.
Ebd cpad lições bíblicas 2°trimestre 2016 lição 1 Epístola aos Romanos.
 
A Porta da Fé
A Porta da FéA Porta da Fé
A Porta da Fé
 
Justificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
Justificação, Somente Pela Fé em Jesus CristoJustificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
Justificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
 
04 creio
04 creio04 creio
04 creio
 
Arrependimento e fé
Arrependimento e féArrependimento e fé
Arrependimento e fé
 
Ebd lições bíblicas 2º trimestre 2016 lição 5 A maravilhosa graça.
Ebd lições bíblicas 2º trimestre 2016 lição 5 A maravilhosa graça.Ebd lições bíblicas 2º trimestre 2016 lição 5 A maravilhosa graça.
Ebd lições bíblicas 2º trimestre 2016 lição 5 A maravilhosa graça.
 
A Fé Em Todos Os Aspectos
A Fé Em Todos Os AspectosA Fé Em Todos Os Aspectos
A Fé Em Todos Os Aspectos
 
50 ag cnbb
50 ag cnbb50 ag cnbb
50 ag cnbb
 
23474164 o-dom-maior-jonathan-edwards
23474164 o-dom-maior-jonathan-edwards23474164 o-dom-maior-jonathan-edwards
23474164 o-dom-maior-jonathan-edwards
 
Só o pai é Deus?
Só o pai é Deus?Só o pai é Deus?
Só o pai é Deus?
 

Ähnlich wie Fé e Razão

Textos do pe. lauro sérgio 07-02-2013
Textos do pe. lauro sérgio 07-02-2013Textos do pe. lauro sérgio 07-02-2013
Textos do pe. lauro sérgio 07-02-2013michelechristine
 
Textos do pe. lauro sérgio1
Textos do pe. lauro sérgio1Textos do pe. lauro sérgio1
Textos do pe. lauro sérgio1michelechristine
 
À Luz da fé - lumen fidei
À Luz da fé - lumen fideiÀ Luz da fé - lumen fidei
À Luz da fé - lumen fideiLiana Plentz
 
Práticas catequéticas
Práticas catequéticasPráticas catequéticas
Práticas catequéticasJoão Pereira
 
PRECISAMOS SER CONFESSIONAIS?
PRECISAMOS SER CONFESSIONAIS?PRECISAMOS SER CONFESSIONAIS?
PRECISAMOS SER CONFESSIONAIS?JEFERSON PEREIRA
 
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de DeusLição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de DeusÉder Tomé
 
Disciple sermon 10 what are the basics of discipleship
Disciple sermon 10   what are the basics of discipleshipDisciple sermon 10   what are the basics of discipleship
Disciple sermon 10 what are the basics of discipleshipCarlos Oliveira
 
Review 299-escrituralismo-cosmovisao crampton
Review 299-escrituralismo-cosmovisao cramptonReview 299-escrituralismo-cosmovisao crampton
Review 299-escrituralismo-cosmovisao cramptonAlessandro Ferreira
 
Os traços característicos da igreja fiel
Os traços característicos da igreja fielOs traços característicos da igreja fiel
Os traços característicos da igreja fielSebastião Luiz Chagas
 
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus (Windscreen)
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus (Windscreen)Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus (Windscreen)
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus (Windscreen)Éder Tomé
 
Constituição dogmática dei verbum
Constituição dogmática dei verbumConstituição dogmática dei verbum
Constituição dogmática dei verbumCassio Felipe
 
Constituição dogmática dei verbum
Constituição dogmática dei verbumConstituição dogmática dei verbum
Constituição dogmática dei verbumCassio Felipe
 
07 ist - teologia fundamental
07  ist - teologia fundamental07  ist - teologia fundamental
07 ist - teologia fundamentalLéo Mendonça
 

Ähnlich wie Fé e Razão (20)

Textos do pe. lauro sérgio 07-02-2013
Textos do pe. lauro sérgio 07-02-2013Textos do pe. lauro sérgio 07-02-2013
Textos do pe. lauro sérgio 07-02-2013
 
Textos do pe. lauro sérgio1
Textos do pe. lauro sérgio1Textos do pe. lauro sérgio1
Textos do pe. lauro sérgio1
 
À Luz da fé - lumen fidei
À Luz da fé - lumen fideiÀ Luz da fé - lumen fidei
À Luz da fé - lumen fidei
 
Práticas catequéticas
Práticas catequéticasPráticas catequéticas
Práticas catequéticas
 
Fé versus dúvida
Fé versus dúvidaFé versus dúvida
Fé versus dúvida
 
PRECISAMOS SER CONFESSIONAIS?
PRECISAMOS SER CONFESSIONAIS?PRECISAMOS SER CONFESSIONAIS?
PRECISAMOS SER CONFESSIONAIS?
 
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de DeusLição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus
 
O Credo Apostólico
O Credo ApostólicoO Credo Apostólico
O Credo Apostólico
 
23931_5.PDF
23931_5.PDF23931_5.PDF
23931_5.PDF
 
Dei verbum
Dei verbum Dei verbum
Dei verbum
 
Disciple sermon 10 what are the basics of discipleship
Disciple sermon 10   what are the basics of discipleshipDisciple sermon 10   what are the basics of discipleship
Disciple sermon 10 what are the basics of discipleship
 
Review 299-escrituralismo-cosmovisao crampton
Review 299-escrituralismo-cosmovisao cramptonReview 299-escrituralismo-cosmovisao crampton
Review 299-escrituralismo-cosmovisao crampton
 
Os traços característicos da igreja fiel
Os traços característicos da igreja fielOs traços característicos da igreja fiel
Os traços característicos da igreja fiel
 
Temas Ano da Fé
Temas Ano da FéTemas Ano da Fé
Temas Ano da Fé
 
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus (Windscreen)
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus (Windscreen)Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus (Windscreen)
Lição 8 - Comprometidos com a Palavra de Deus (Windscreen)
 
Constituição dogmática dei verbum
Constituição dogmática dei verbumConstituição dogmática dei verbum
Constituição dogmática dei verbum
 
Constituição dogmática dei verbum
Constituição dogmática dei verbumConstituição dogmática dei verbum
Constituição dogmática dei verbum
 
Lumen Fidei
Lumen FideiLumen Fidei
Lumen Fidei
 
Lumen fidei - Papa Francisco
Lumen fidei - Papa FranciscoLumen fidei - Papa Francisco
Lumen fidei - Papa Francisco
 
07 ist - teologia fundamental
07  ist - teologia fundamental07  ist - teologia fundamental
07 ist - teologia fundamental
 

Mehr von João Pereira

Missa da Última Ceia do Senhor
Missa da Última Ceia do SenhorMissa da Última Ceia do Senhor
Missa da Última Ceia do SenhorJoão Pereira
 
Adoração da Santa Cruz
Adoração da Santa CruzAdoração da Santa Cruz
Adoração da Santa CruzJoão Pereira
 
Missa Vigília Pascal
Missa Vigília PascalMissa Vigília Pascal
Missa Vigília PascalJoão Pereira
 
ORAÇÃO DE VIGÍLIA, pelos defuntos
ORAÇÃO DE VIGÍLIA, pelos defuntosORAÇÃO DE VIGÍLIA, pelos defuntos
ORAÇÃO DE VIGÍLIA, pelos defuntosJoão Pereira
 
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de Páscoa
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de PáscoaCânticos Vigília Pascal e Domingo de Páscoa
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de PáscoaJoão Pereira
 
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa Cruz
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa CruzCânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa Cruz
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa CruzJoão Pereira
 
Cânticos Domingo de Ramos Na Paixão do Senhor
Cânticos Domingo de Ramos Na Paixão do SenhorCânticos Domingo de Ramos Na Paixão do Senhor
Cânticos Domingo de Ramos Na Paixão do SenhorJoão Pereira
 
Antífonas para procissões da Semana Santa
Antífonas para procissões da Semana SantaAntífonas para procissões da Semana Santa
Antífonas para procissões da Semana SantaJoão Pereira
 
Cânticos IV Domingo da quaresma
Cânticos IV Domingo da quaresmaCânticos IV Domingo da quaresma
Cânticos IV Domingo da quaresmaJoão Pereira
 
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de Páscoa
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de PáscoaCânticos Vigília Pascal e Domingo de Páscoa
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de PáscoaJoão Pereira
 
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa Cruz
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa CruzCânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa Cruz
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa CruzJoão Pereira
 
Cânticos V dom quaresma A
Cânticos V dom quaresma ACânticos V dom quaresma A
Cânticos V dom quaresma AJoão Pereira
 
Cânticos III Domingo da Quaresma - ano A
Cânticos III Domingo da Quaresma - ano ACânticos III Domingo da Quaresma - ano A
Cânticos III Domingo da Quaresma - ano AJoão Pereira
 
Cânticos II Domingo Quaresma - ano A
Cânticos II Domingo Quaresma - ano ACânticos II Domingo Quaresma - ano A
Cânticos II Domingo Quaresma - ano AJoão Pereira
 
Canticos I Domingo Quaresma - ano A
Canticos I Domingo Quaresma - ano ACanticos I Domingo Quaresma - ano A
Canticos I Domingo Quaresma - ano AJoão Pereira
 
Cânticos de quarta-feira de cinzas
Cânticos de quarta-feira de cinzasCânticos de quarta-feira de cinzas
Cânticos de quarta-feira de cinzasJoão Pereira
 

Mehr von João Pereira (20)

XXXI Comum Ano A
XXXI Comum Ano AXXXI Comum Ano A
XXXI Comum Ano A
 
III Dom da Páscoa
III Dom da PáscoaIII Dom da Páscoa
III Dom da Páscoa
 
Missa da Última Ceia do Senhor
Missa da Última Ceia do SenhorMissa da Última Ceia do Senhor
Missa da Última Ceia do Senhor
 
Adoração da Santa Cruz
Adoração da Santa CruzAdoração da Santa Cruz
Adoração da Santa Cruz
 
Missa Vigília Pascal
Missa Vigília PascalMissa Vigília Pascal
Missa Vigília Pascal
 
Missa de Páscoa
Missa de PáscoaMissa de Páscoa
Missa de Páscoa
 
Cânticos do Natal
Cânticos do NatalCânticos do Natal
Cânticos do Natal
 
ORAÇÃO DE VIGÍLIA, pelos defuntos
ORAÇÃO DE VIGÍLIA, pelos defuntosORAÇÃO DE VIGÍLIA, pelos defuntos
ORAÇÃO DE VIGÍLIA, pelos defuntos
 
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de Páscoa
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de PáscoaCânticos Vigília Pascal e Domingo de Páscoa
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de Páscoa
 
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa Cruz
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa CruzCânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa Cruz
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa Cruz
 
Cânticos Domingo de Ramos Na Paixão do Senhor
Cânticos Domingo de Ramos Na Paixão do SenhorCânticos Domingo de Ramos Na Paixão do Senhor
Cânticos Domingo de Ramos Na Paixão do Senhor
 
Antífonas para procissões da Semana Santa
Antífonas para procissões da Semana SantaAntífonas para procissões da Semana Santa
Antífonas para procissões da Semana Santa
 
Cânticos IV Domingo da quaresma
Cânticos IV Domingo da quaresmaCânticos IV Domingo da quaresma
Cânticos IV Domingo da quaresma
 
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de Páscoa
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de PáscoaCânticos Vigília Pascal e Domingo de Páscoa
Cânticos Vigília Pascal e Domingo de Páscoa
 
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa Cruz
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa CruzCânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa Cruz
Cânticos Última Ceia do Senhor e Adoração da Santa Cruz
 
Cânticos V dom quaresma A
Cânticos V dom quaresma ACânticos V dom quaresma A
Cânticos V dom quaresma A
 
Cânticos III Domingo da Quaresma - ano A
Cânticos III Domingo da Quaresma - ano ACânticos III Domingo da Quaresma - ano A
Cânticos III Domingo da Quaresma - ano A
 
Cânticos II Domingo Quaresma - ano A
Cânticos II Domingo Quaresma - ano ACânticos II Domingo Quaresma - ano A
Cânticos II Domingo Quaresma - ano A
 
Canticos I Domingo Quaresma - ano A
Canticos I Domingo Quaresma - ano ACanticos I Domingo Quaresma - ano A
Canticos I Domingo Quaresma - ano A
 
Cânticos de quarta-feira de cinzas
Cânticos de quarta-feira de cinzasCânticos de quarta-feira de cinzas
Cânticos de quarta-feira de cinzas
 

Kürzlich hochgeladen

PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxLusGlissonGud
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 

Kürzlich hochgeladen (20)

PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 

Fé e Razão

  • 1. 1 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE TEOLOGIA MESTRADO INTEGRADO EM TEOLOGIA (1.º grau canónico) JOÃO MIGUEL PEREIRA Fé e Razão: Igreja e Ciência, União ou Cisão? Trabalho realizado no âmbito do Seminário Temático de Filosofia e outros saberes. sob orientação de: Prof. Dr. António Sepúlveda Soares Braga 2015
  • 2. 2 Introdução A sociedade acusa muitas vezes a Igreja Católica de ser um estorvo ao progresso científico. Tal opinião pode-se dever ao facto de nem sempre a relação entre ciência e fé ter sido fecunda. O trabalho que se apresenta procura esclarecer, ainda que de forma sucinta, a relação que existe entre a fé cristã, que a Igreja guarda e procura divulgar, e o desenvolvimento das ciências, não só da filosofia, mas também das ciências comumente apelidadas de “experimentais”. Irei portanto neste trabalho incluir no conceito “ciência” as ciências experimentais e as ciências filosóficas. Proponho-me a expor por meio deste texto, e das ideias que vou reunir para o escrever, que a Igreja não é hostil às descobertas científicas e que na sua história, quando isso aconteceu, se deveu a enganos na exegese bíblica, os quais a Santa Sé já reconheceu e por eles pediu desculpa, procurando na atualidade contribuir para o desenvolvimento científico que favoreça o conhecimento da verdade protegendo e favorecendo a vida humana. Pretende-se que o leitor compreenda que a fé cristã é uma fé que apoia e está aberta às descobertas científicas, mas que procura sempre salvaguardar a vida humana das ameaças que principalmente a tecnologia lhe apresenta. Para desenvolver de modo científico este pensamento irei apoiar-me em vários autores reconhecidos, fazendo um apanhado das ideias gerais que eles apresentam e que vão de encontro a esta minha opinião. Como resultado final, espera-se um texto de fácil interpretação e leitura que deixe o leitor com algumas noções da relação que a fé católica estabelece com a ciência e que este, caso assim o almejar, poderá aprofundar utilizando também por base a bibliografia aqui citada. Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 3. 3 1 - O conceito de Fé na perspectiva cristã Tal como diz o Papa Francisco na carta encíclica “Lumen fidei”: «A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor»1 . Esse chamamento de Deus quando escutado pelo homem que lhe abre o coração leva-o a dar-lhe uma resposta. «A iniciativa vem toda ela de Deus»2 e «a fé é a resposta do homem a Deus que se revela em Cristo»3 ; é um acreditar na verdade revelada no Filho de Deus «em quem toda a revelação do Deus altíssimo se consuma»4 , nos Evangelhos que Ele pessoalmente promulgou (cf. CCE 75) e «mandou aos Apóstolos que os pregassem a todos, como fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes» (CCE 75). A fé «é aquela atitude de perseverança do homem em confronto com uma providência invisível e todavia percetível, escondida, mas que todavia se manifesta, que tira força da memória viva das gerações em consideração de grandes intervenções dos tempos remotos»5 , ou seja, é o acreditar numa entidade que os nossos olhos não podem observar mas da qual podemos sentir a sua atuação na história humana e cuja precessão é comunicada de geração em geração. Podemos dizer que a fé é transversal ao tempo. A fé é uma «resposta a uma Palavra que a precede, será sempre um ato de memória» (LF 9). Ainda assim ela «não se fixa no passado, porque, sendo memória de uma promessa, torna-se capaz de abrir ao futuro, de iluminar os passos ao logo do caminho» (LF 9). A fé guia os nossos passos no presente mas prospetiva sempre um raiar do prometido num futuro: «está intimamente ligada à esperança» (LF 9). Com a ajuda de uma fórmula de origem augustiniana, podemos apresentar três aspetos fundamentais no ato de fé: credere Deum: a fé como conhecimento da verdade revelada, do 1 FRANCISCI PP., «Litterae encyclicae: “Lumen fidei”», in AAS 105/7 (2013) 555-596, 4. Quando se citar novamente este documento utilizar-se-á a sigla LF. 2 Cf. Luciano PACOMIO, Franco ARDUSSO, Roberto FERRETTI, et al, Diccionario Teologico Interdisciplinar I-II, Sigueme, Salamanca, 1985, 1092. 3 Luciano PACOMIO, Franco ARDUSSO, Roberto FERRETTI, et al, Diccionario Teologico Interdisciplinar I-II, Sigueme, Salamanca, 1985, 1091. 4 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, Gráfica de Coimbra, Coimbra, 19992 , 75. Quando se citar novamente este documento utilizar-se-á a sigla CCE. 5 Heinrich FRIES, DICIONÁRIO DE TEOLOGIA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA TEOLOGIA ATUAL, Vol. II, Edições Loyola, São Paulo, 1970, 193. Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 4. 4 Deus revelado em Cristo; credere Deo: a fé como adesão obediente e confiante a Deus que se revela; credere in Deum: a fé como orientação e energia para a salvação completa e escatológica6 . Esta conceção encontra fundamento no antigo testamento onde vários termos expressam o significado do ato de crer, nomeadamente bātāh (estar em sítio seguro), bāsah (buscar refúgio e amparo), qāubāh (guardar, esperar), jahal (ter esperança, desejar alcançar), hākāh (aguardar com constância e paciência) e também no termo hebraico he´emîn que significa prestar fé ou fiar-se7 . Tal como Abraão acolheu o chamamento de Deus, confiou na sua promessa e obedeceu aos preceitos que o Senhor lhe indicara, ele, a quem chamamos pai na fé, explica- nos o significado da fé que «acolhe a palavra, uma realidade aparentemente efémera e passageira, como uma rocha segura sobre a qual se pode construir com alicerces firmes. A fé acolhe a palavra como o mais seguro e inabalável a partir do momento em que confia que a origem dessa palavra é Deus, que é fiel ao homem (cf. LF 10). A fé toma Deus como rocha segura sobre a qual o homem pode construir toda a sua existência8 . A manifestação da fé na resposta do homem a Deus, que o chama e age na história, apresenta-se de várias formas: «O homem responde às exigências de Deus com obediência e reconhecimento (Dt 9, 23; Sl 119, 66), às promessas com a confiança (Gên 15, 6; Núm 20, 12; Jer 39, 18; Miq 7, 5; Sof 3, 2; Sl 78, 22), à fidelidade com a fidelidade (Is 26, 2; Am 2, 22)»9 . Há uma ligeira diferença, do Antigo para o Novo Testamento, na forma como é dirigida esta resposta a Deus. Enquanto o Antigo Testamento exige a fé como relação geral do 6 Cf. Luciano Pacomio, Franco Ardusso, Roberto Ferretti, et al, Diccionario Teologico Interdisciplinar I-II, Sigueme, Salamanca, 1985, 1092. 7 Ibidem. 8 Ibidem. 9 Heinrich Fries, DICIONÁRIO DE TEOLOGIA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA TEOLOGIA ATUAL, Vol. II, Edições Loyola, São Paulo, 1970, 193. Sobre isto, diz ainda a encíclica Fides et Ratio de João Paulo II (número 13): «a fé é uma resposta de obediência a Deus. Isto implica que Ele seja reconhecido na sua divindade, transcendência e liberdade suprema. Deus que Se dá a conhecer na autoridade da sua transcendência absoluta, traz consigo também a credibilidade dos conteúdos que revela. Pela fé, o homem presta assentimento a esse testemunho divino. Isto significa que reconhece plena e integralmente a verdade de tudo o que foi revelado, porque é o próprio Deus que o garante. Esta verdade, oferecida ao homem sem que ele a possa exigir, insere-se no horizonte da comunicação interpessoal e impele a razão a abrir-se a esta e a acolher o seu sentido profundo». Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 5. 5 povo com o seu Deus, o Novo Testamento apresenta-nos uma visão de uma relação mais pessoal e íntima de cada indivíduo que aceita a mensagem da ação salvífica de Deus que se realiza em Cristo e a parir dela se arrepende e se converte10 . No Novo Testamento, o caminho salvífico tem origem na mensagem de Deus que Cristo veio pregar, na sua aceitação como «fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes» (CCE 75) que deve ser tomada como guia para o aperfeiçoamento e santificação pessoal e concludentemente para a salvação11 . Ainda assim não esqueçamos que «o ato de fé do indivíduo insere-se numa comunidade, no “nós” comum do povo, que, na fé, é como um só homem» (LF 14) a quem Deus chamara por «Filho Primogénito» (cf. Ex 4, 22). A Igreja é essa comunidade de fé fundada pelos Apóstolos que pregaram o Evangelho do Senhor, é o povo unido ao seu bispo, o rebanho submisso ao seu pastor e está em comunhão com todas as outras igrejas espalhadas pelo mundo, formando assim uma só Igreja unida pelo sacramento da Eucaristia12 a qual aguarda a plenitude da última vinda para escutar o «eco forte a dizer: “Vem, minha amada esposa”…»13 . Tal como explica a Carta Encíclica Lumen Fidei, na fé, que é dom de Deus e virtude sobrenatural, «reconhecemos que um grande Amor nos foi oferecido, que uma Palavra estupenda nos foi dirigida» (LF 7) e que ao acolhermos essa Palavra encarnada em Jesus Cristo, somos transformados pelo Espírito Santo que «ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para o percorrermos com alegria» (LF 7). Assim se compreende que «a fé enriquece a existência humana em todas as suas dimensões» (LF 6). Sendo enriquecedora, a fé cristã não anula os resultados da ciência humana, porém dilata-os. 10 Cf. Heinrich Fries, DICIONÁRIO DE TEOLOGIA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA TEOLOGIA ATUAL, Vol. II, Edições Loyola, São Paulo, 1970, 194. 11 Sobre isto, diz ainda a encíclica Fides et Ratio de João Paulo II (número 15): «A verdade da revelação cristã, que se encontra em Jesus de Nazaré, permite a quem quer que seja perceber o “mistério” da própria vida. Enquanto verdade suprema, ao mesmo tempo que respeita a autonomia da criatura e a sua liberdade, obriga-a a abrir-se à transcendência. Aqui, a relação entre liberdade e verdade atinge o seu máximo grau, podendo-se compreender plenamente esta palavra do Senhor: “Conhecereis a verdade e a verdade libertar-vos-á” (Jo 8, 32)». 12 Cf. Jacques GUILLET, David M. STANLEY, et al, MISIÓN Y TESTIMONIO – LA VIDA DE LA IGLESIA, Sal Terrae, Santander, 196911 , 98. 13 Carlos AZEVEDO, «A Bíblia na Tradição da Igreja», in Bíblica, 13, 18 (2009), 116. Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 6. 6 2 - O diálogo entre a Igreja e a Ciência Tem sentido afirmar que a ciência nasceu com a filosofia grega, pela qual o homem iniciou uma pesquisa racional para as questões sobre o cosmos pondo de parte o “mito”, e ainda com a matemática e a astronomia dos egípcios e helénicos ou gregos. Mas a “Ciência da Natureza” nasce por volta do séc. XVII na Europa e teve ao início algumas dificuldades em se impor muito por causa da filosofia e da fé que, às vezes concentradas e outras vezes em choque, chamavam a si unicamente o direito de definir a verdade14 . Ainda que com custo, esta nova ciência conseguiu conquistar credibilidade. O conhecimento que toma como ponto de partida simples hipóteses, «em si mesmas superáveis e de tempos a tempos superadas, fornecem um conhecimento do Universo muito mais preciso e exacto que as antigas “certezas”»15 impostas por correntes de pensamento ou tidas como fruto de uma revelação divina. Afirmações que resultavam do trabalho inaugural desta ciência e que negavam conhecimentos vistos como verdadeiros pelos crentes e filósofos, como por exemplo relativos ao movimento da Terra, que eram contrários à leitura literal da Bíblia induziram intelectuais cristãos, católicos, ortodoxos e protestantes a «decidiram que a ciência é oposta à verdade»16 . Esta posição tem vindo a ser negada pela Igreja Católica, que aqui nos importa estudar. Exemplo desta sensata atitude é a posição do então Papa João Paulo II que em Março de 1979, recebeu no Vaticano a European Physical Society perante a qual lembrou que «a ciência em si mesma é boa, por ser conhecimento do mundo que é bom, criado e visto pelo Criador com satisfação»17 . Na mesma ocasião salientou a importância da técnica e da tecnologia dizendo que «sob muitos aspectos, o progresso técnico, nascido dos descobrimentos científicos, ajuda o homem a resolver problemas gravíssimos como o da 14 Cf. João Rodrigues, «Ciência, filosofia e fé – apontamentos para a história das suas relações», in Communio, Lisboa, 6 (2000), 560. 15 João Rodrigues, «Ciência, filosofia e fé – apontamentos para a história das suas relações», in Communio, Lisboa, 6 (2000), 561 16 Ibidem. 17 João Paulo II (30 de Março de 1979), «Discurso à European Physical Society», consultado a 17-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/march/documents/hf_jp- ii_spe_19790331_europ-phys-soc.html . Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 7. 7 alimentação, da energia e da luta contra certas doenças, mais que nunca espalhadas pelos países do Terceiro Mundo»18 . No entanto, João Paulo II mostrava algumas reservas em relação à tecnologia considerando «que o homem é vítima, hoje, de um grande medo, considerando-se ameaçado por aquilo mesmo que fabrica, pelos resultados do seu trabalho e pelo uso dos seus artefactos»19 , isto no que toca a um conjunto de procedimentos técnicos que têm por objeto o próprio ser humano como é exemplo a clonagem, a procriação medicamente assistida e outros até com objetivos nefastos para o homem, como as armas nucleares. Considerando necessária uma fidelidade da ciência e da técnica «às normas morais que regem a vida do homem»20 , para impedir que estas fiquem sujeitas «à prepotência de poderes tirânicos, tanto políticos como económicos, e para ordenar positivamente ciência e técnica em benefício do homem»21 , dirigiu-se aos cientistas com estas palavras: «Aos homens de ciência das diversas disciplinas – em particular a vós, físicos, que descobristes energias de um alcance imenso – compete utilizar todo o vosso prestígio, para que as consequências científicas se sujeitem às normas morais, em vista da proteção e do progresso da vida humana»22 . O mesmo Papa mostrava-se também consciente das tensões que surgiram no decurso da história, entre a Igreja e as ciências naturais reconhecendo as equivocadas avaliações e os métodos defeituosos que deram origem a esse embate23 . E, reconhecendo que «a razão e a fé provêm da mesma divina fonte de toda a verdade»24 e que «fé e ciência pertencem a duas diferentes ordens de conhecimento, que não se podem sobrepor uma à outra»25 , considera que esse embate é desnecessário sendo que ambas podem coabitar e auxiliar-se mutuamente pois, 18 João Paulo II (30 de Março de 1979), «Discurso à European Physical Society», consultado a 17-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/march/documents/hf_jp- ii_spe_19790331_europ-phys-soc.html . 19 Ibidem. 20 Ibidem. 21 Ibidem. 22 Ibidem. 23 Cf. João Paulo II (22 de Dezembro de 1980), «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio Nobel» n. 4, consultado a 14-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul- ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp-ii_spe_19801222_premi-nobel.html . 24 Ibidem. 25 Ibidem. Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 8. 8 tal como escreveu na Carta Encíclica Fides et Ratio, «a fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade»26 . João Paulo II esclarece que não é temível, desde que a ciência e a teologia procedam sempre em conformidade com os princípios metodológicos próprios de cada uma, que cheguem a resultados contraditórios27 . Assim, João Paulo II refere que, para que não haja oposição entre fé e ciência, devem cumprir-se duas condições: em primeiro lugar, que a investigação científica proceda segundo métodos de rigor absoluto e se mantenha fiel ao seu objeto próprio; e em segundo lugar, que a Escritura seja lida segundo as esclarecidas diretrizes da Igreja, particularmente as que foram formuladas pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) na Constituição conciliar Dei Verbum28 . Aquele que crê, sabe que tudo o que existe decorre «de uma palavra proferida pelo Criador, de um fiat primordial, que já continha todas as coisas e a sua ordem universal»29 . Desta forma, o crente está certo de que o mundo tem uma explicação: que a causa da sua origem é Deus e de que à ciência compete chegar à compreensão do que constitui o universo, das suas leis físicas. «Por sua vez, os grandes cientistas estão convencidos de que o objetivo final da ciência é a descoberta de uma lei fundamental. […] Esta explicação nunca entraria em contradição com as afirmações da fé, mas permitiria ao homem conhecer as leis essenciais deste mundo criado por Deus»30 . Por considerar que a fé e as ciências oriundas da razão humana, que reflete e experimenta, não são contraditórias mas se podem complementar com um intuito de buscarem 26 Ioannes PAULUS PP., «Litterae encyclicae: “Fides et ratio”», in AAS 91 (1999), 5-88, prooemium. Quando se citar novamente este documento utilizar-se-á a sigla FR. 27 Cf. João PAULO II (22 de Dezembro de 1980). «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio Nobel» n. 4, http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp- ii_spe_19801222_premi-nobel.html . 28 Cf. José FERREIRA, «O diálogo entre ciência, razão e fé no pensamento de João Paulo II», in Interacções, Lisboa, 3 (2006), 106. Também disponível e consultado a 5-08-2015 em: http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/viewFile/311/266 . 29 João PAULO II (22 de Dezembro de 1980), «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio Nobel» n. 4, http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp- ii_spe_19801222_premi-nobel.html . 30 José FERREIRA, «O diálogo entre ciência, razão e fé no pensamento de João Paulo II», in Interacções, Lisboa, 3 (2006), 106. Também disponível e consultado a 5-08-2015 em: http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/viewFile/311/266 . Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 9. 9 «um conhecimento mais completo do ser humano, dos componentes da sua essência, bem como da dimensão histórica da sua existência»31 e, sendo da opinião de que a «permuta interdisciplinar poderá trazer um significativo progresso na compreensão da verdade, que é complexa, e precisa de ser encarada de diversos ângulos»32 , o mesmo Papa, agora canonizado pela Igreja, desejava que cientistas e teólogos busquem «o desenvolvimento de um diálogo construtivo, que torne possível perscrutar cada vez mais profundamente o fascinante mistério do ser humano, bem como afastar as ameaças contra o ser humano, que infelizmente se tornam dia a dia mais graves»33 . 2.1 A razão é auxílio da fé? João Paulo II sempre foi um grande defensor do resultado vantajoso para o homem que uma relação harmoniosa entre a teologia e as várias ciências filosóficas e experimentais podem proporcionar. Considerando bom o desejo do homem de encontrar a verdade, que pode ser incluído no desejo do homem em encontrar Deus na medida em que Ele é a causa primeira do universo (cf. FR prólogo34 ), ele apoiou o trabalho da ciência enquanto a busca do conhecimento sobre o universo no qual o homem se insere: «A ciência é feita para a verdade e a verdade, para o ser humano, e o ser humano reflete como numa imagem (cf. Génesis 1, 27) a eterna verdade transcendente que é Deus»35 . Ele reconheceu o importante trabalho da ciência e reconheceu os frutos que muitas pesquisas trouxeram «favorecendo realmente o progresso da humanidade inteira» (FR 25). 31 João PAULO II (22 de Dezembro de 1980), «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio Nobel» n. 5, http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp- ii_spe_19801222_premi-nobel.html . 32 José FERREIRA, «O diálogo entre ciência, razão e fé no pensamento de João Paulo II», in Interacções, Lisboa, 3 (2006), 106. Também disponível e consultado a 5-08-2015 em: http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/viewFile/311/266 . 33 João PAULO II (22 de Dezembro de 1980). «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio Nobel» n. 4, http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp- ii_spe_19801222_premi-nobel.html . 34 João PAULO II no prólogo (“PROOEMIUM”) à encíclica Fé e Razão escreveu: «Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio (cf. Ex 33, 18; Sal 2726, 8-9; 6362, 2-3; Jo 14, 8; 1 Jo 3, 2)». 35 João PAULO II (30 de Março de 1979), «Discurso à European Physical Society», consultado a 17-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/march/documents/hf_jp- ii_spe_19790331_europ-phys-soc.html . Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 10. 10 Apoiou a autonomia da ciência na sua investigação sobre a verdade inscrita na criação tal como já havia sido feito pelo Concílio Vaticano II na Constituição Gaudium et Spes que reconheceu «a autonomia legítima da cultura e em particular a das ciências»36 . É de salientar o pedido de desculpa da Igreja por nem sempre ter respeitado essa mesma autonomia: «Seja- nos permitido lamentar certas atitudes que existiram até entre os próprios cristãos, por não terem entendido suficientemente a legítima autonomia da ciência» (GS 36). Estas atitudes levaram muitos espíritos a pensar que ciência e fé se opõem e originaram conflitos entre elas (cf. GS 36). No entanto, João Paulo II não esqueceu de lembrar que a Igreja «considera a filosofia uma ajuda indispensável para aprofundar a compreensão da fé e comunicar a verdade do Evangelho a quantos ainda não a conhecem» (FR 5). A verdade alcançada por meio da reflexão filosófica e a verdade da Revelação não se confundem, nem uma torna a outra supérflua. Elas possuem princípios e objetos diferentes: a reflexão filosófica por meio da razão natural permite-nos compreender o universo ao passo que a fé, que inclui em si o testemunho da Revelação Divina e o auxílio do Espírito Santo, a graça que vem também do Alto, nos propõe descobrir e contemplar os mistérios de Deus (cf. FR 9), na consciência de que o conhecimento que possuímos de Deus «está marcado sempre pelo carácter parcial e limitado da nossa compreensão» (FR 13). 2.2 A fé pode colaborar com a razão? Sabemos que a ciência e a tecnologia já muito contribuíram para responder de forma racional a questões «fundamentais que caracterizam o percurso da existência humana: Quem sou eu? Donde venho e para onde vou? Porque existe o mal? O que é que existirá depois desta vida?» (FR 1) e também muito contribuiu para melhorar a qualidade de vida do homem. O Catecismo da Igreja Católica afirma que a investigação científica e técnica «constituem uma 36 CONCÍLIO DO VATICANO II, «Constitutio Dogmatica: “Gaudium et Spes”», in AAS 58 (1966), 1025-1115, 59. Quando se citar novamente este documento utilizar-se-á a sigla GS. Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 11. 11 expressão significativa do domínio do homem sobre a criação […] são recursos preciosos quando, postos ao serviço do homem, promovem o seu desenvolvimento integral em benefício de todos» (CCE 2293) os quais João Paulo II qualificou como ocasião para «um serviço à verdade, ao bem e à beleza»37 . Ainda assim, a ciência não dá nem poderá dar resposta integral para todas essas questões: «Todas as hipóteses científicas, como a de um átomo primitivo, do qual derivaria o conjunto do universo físico, deixam em aberto o problema respeitante ao início do universo. A ciência, por si só, não pode resolver uma questão como esta: é preciso saber que o homem se eleva acima da física e da astrofísica, e a isto se chama metafísica; é preciso, sobretudo, reconhecer aquilo que tem origem na revelação de Deus»38 . Existe um “dúplice modo de desenvolvimento”, duas vias de investigação: há um caminho horizontal, que abrange a cultura, a investigação científica e técnica, ou seja, tudo o que pertence à horizontalidade do homem e da criação, e que vai crescendo com um ritmo impressionante; há também um itinerário vertical, que diz respeito àquilo que há de mais profundo no ser humano, quando, transcendendo o mundo e transcendendo-se a si mesmo, o homem se volta para Aquele que é o Criador de todas as coisas; e só caminhando com os pés assentes, um em cada uma dessas vias, é que o homem se realiza plenamente como ser espiritual e como homo sapiens39 . Há respostas que só a Revelação feita por Deus ao homem poderá responder, pela qual é oferecida ao homem a verdade última a respeito da própria vida e do destino da história: «Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente», afirma a constituição Gaudium et spes» (FR 12). Sem o contributo da 37 João Paulo II (25 de Maio de 2000), «Discurso por ocasião do Jubileu dos cientistas», n. 4, consultado a 11-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2000/apr- jun/documents/hf_jp-ii_spe_20000525_jubilee-science.html . 38 João Paulo II (3 de Outubro de 1981), «Discurso aos participantes no congresso da Pontifícia Academia das Ciências», n. 2, consultado a 10-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul- ii/pt/speeches/1981/october/documents/hf_jp-ii_spe_19811003_accademia-scienze.html . 39 Cf. João Paulo II (31 de Outubro de 1992), «Discorso di giovanni paolo ii ai partecipanti alla sessione plenária della Pontificia Accademia Delle Scienze», n. 14, consultado a 11-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/it/speeches/1992/october/documents/hf_jpii_spe_19921 031_accademia-scienze.html . Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 12. 12 perspectiva da Revelação, que constitui o Depósito da fé que é conservado de forma íntegra e comunicado de forma viva pelo Magistério Vivo da Igreja (cf. CCE 77), seria impossível ao homem encontrar resposta «para questões tão dramáticas como a dor, o sofrimento do inocente e a morte» (FR 12). Essas questões só à «luz que dimana do mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo» (FR 12) podem ser respondidas. 2.3 A Igreja é promotora das ciências? Tal como foi referido anteriormente, a Igreja nem sempre mostrou a mesma posição para com os vários ramos das ciências. Se houve épocas da história em que a Igreja foi hostil à ciência, principalmente aos ramos das ciências experimentais, houve também épocas em que a submeteu a seu serviço, nomeadamente as ciências filosóficas. Todavia, há vários séculos e até à atualidade, a Igreja procura contribuir para a produção científica. Disto, são exemplo grandes nomes da história da Igreja e a história das ciências, nomes que vão desde Copérnico a Mendel, de Alberto Magno a Pascal, de Galileu a Marconi, que comprovam «de maneira clara como há uma cultura científica arraigada no cristianismo»40 e assim desmentem o mito muitas vezes ensinado na sociedade atual que sustenta que a Igreja é radicalmente contra a ciência. Tal como escreveu o Astrónomo Alexandre Zabot, «o próprio Vaticano, através da ação de muitos papas, mantém um Observatório Astronômico» que «é prova viva e testemunho eloquente da relação de amor da Igreja e dos seus membros com a ciência»41 . A Igreja procura promover o progresso e a excelência científica bem como o seu contributo para o maior número de povos por meio da Pontifícia Academia das Ciências42 . Além disso a Igreja tem na ciência uma ponte que pode utilizar para estabelecer um diálogo ecuménico entre as grandes tradições de fé na busca pela paz inter-religiosa43 . 40 Cf. João Paulo II (25 de Maio de 2000), «Discurso por ocasião do Jubileu dos cientistas», n. 4, consultado a 11-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2000/aprjun/docu ments/hf_jp-ii_spe_20000525_jubilee-science.html . 41 Alexandre Zabot (23 de julho de 2015), «O Observatório Astronômico do Vaticano», consultado a 20-08-2015 em: http://alexandrezabot.blogspot.pt . 42 Cf. Página da Pontifical Academy of Sciences, consultado a 20-08-2015 em: http://www.pas.va/content/accademia/en/about/goals.html . 43 Cf. John Polkinghorme, Ciencia y Teología, Sal Terrae, Santander, 2000, 180. Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 13. 13 Conclusão A relação entre as ciências experimentais e a Teologia, deve ser uma relação de respeito pelo método que cada uma utiliza e pelas áreas do conhecimento que cabe a cada uma trabalhar pois, se as primeiras cabe estudar aquilo que é físico e que é suscetível de ser medido, em complemento, à fé, e deste modo à Teologia, cabe com base na capacidade que o homem tem de se transcender e na Sagrada Revelação, encontrar luz que desvende parte da resposta às questões sobre a sua origem e existência e compreender aquilo que é possível ao homem compreender, dentro da sua finitude, sobre o ser infinito e inabarcável pelas escalas de medição humana, ou seja Deus. Uma relação de convivência e respeito entre a ciência e a fé, quando se submetem aos métodos e campos de abrangência específicos a cada uma, não resulta em prejuízo para o homem. Elas podem-se auxiliar nos momentos de fraqueza ou podem até impor limites uma à outra, mas se for estabelecida uma reação de diálogo criam-se condições favoráveis para que o homem não perca a possibilidade de conhecer de modo adequado a si mesmo o mundo e Deus (cf. FR 16). É pois essencial que se compreenda a importância que a razão, que filosofa e experimenta, e a Igreja, que guarda e difunde a fé cristã têm para a história humana, de modo a que não se cometam os erros do passado onde imperava a desconfiança e a tentativa de uma anular a outra. Adotando esta atitude criam-se guerras que só prejudicam homem, a sua história e cultura, afastando-o da contemplação da verdade. É essencial que a sociedade compreenda que a Igreja Católica também é apaixonada pela ciência e que nela vê uma porta para o encontro com a Verdade Suprema. Muito havia ainda a tratar sobre este tema e talvez tenha sido essa a minha maior dificuldade, ou seja, conseguir resumir aqui em espaço limitado o muito e belo que este tema compreende. Ainda assim acho que consegui deixar alguns tópicos que respondem à minha questão: “Igreja e Ciência, União ou Cisão?” e outros que conheci e aqui, por limitações de espaço não pude abordar, podem ser consultados pelo leitor na bibliografia que citei. Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 14. 14 Bibliografia AZEVEDO Carlos, «A Bíblia na Tradição da Igreja», in Bíblica, 13, 18 (2009). CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, Gráfica de Coimbra, Coimbra, 19992 . CONCÍLIO DO VATICANO II, «Constitutio Dogmatica: “Dei Verbum”», in AAS 58 (1966), 821- 834. CONCÍLIO DO VATICANO II, «Constitutio Pastoralis: “Gaudium et Spes”», in AAS 58 (1966), 1025-1115. FERREIRA José, «O diálogo entre ciência, razão e fé no pensamento de João Paulo II», in Interacções, Lisboa, 3 (2006), 102-121. Também disponível e consultado a 5-08-2015 em: http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/viewFile/311/266 . FRANCISCI PP., «Litterae encyclicae: “Lumen fidei”», in AAS 105/7 (2013), 555-596. FRIES Heinrich, DICIONÁRIO DE TEOLOGIA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA TEOLOGIA ATUAL, Vol. II, Edições Loyola, São Paulo, 1970. GUILLET Jacques, STANLEY David M., et al, MISIÓN Y TESTIMONIO – LA VIDA DE LA IGLESIA, Sal Terrae, Santander, 196911 . Ioannes PAULUS PP. II, «Litterae encyclicae: “Fides et ratio”», in AAS 91 (1999), 5-88. João PAULO II (30 de Março de 1979), «Discurso à European Physical Society», consultado a 17-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/march /documents/hf_jp-ii_spe_19790331_europ-phys-soc.html . João PAULO II (22 de Dezembro de 1980), «Discurso a um grupo de vencedores do Prémio Nobel», consultado a 14-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul- ii/pt/speeches/1980/december/documents/hf_jp-ii_spe_19801222_premi-nobel.html . João PAULO II (3 de Outubro de 1981), «Discurso aos participantes no congresso da Pontifícia Academia das Ciências», consultado a 10-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1981/october/documents/hf_jp- ii_spe_19811003_accademia-scienze.html . Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 15. 15 João PAULO II (31 de Outubro de 1992), «Discorso di giovanni paolo ii ai partecipanti alla sessione plenária della Pontificia Accademia Delle Scienze», consultado a 11-08-2015 em:http://w2.vatican.va/content/johnpaulii/it/speeches/1992/october/documents/hf_jp- ii_spe_19921031_accademia-scienze.html . João PAULO II (25 de Maio de 2000), «Discurso por ocasião do Jubileu dos cientistas», consultado a 11-08-2015 em: http://w2.vatican.va/content/john-paul- ii/pt/speeches/2000/apr-jun/documents/hf_jp-ii_spe_20000525_jubilee-science.html . PACOMIO Luciano, ARDUSSO Franco, FERRETTI Roberto, et al, Diccionario Teologico Interdisciplinar I-II, Sigueme, Salamanca, 1985. POLKINGHORME John, Ciencia y Teología, Sal Terrae, Santander, 2000. RODRIGUES João, «Ciência, filosofia e fé – apontamentos para a história das suas relações», in Communio, Lisboa, 6 (2000), 560-568. Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.
  • 16. 16 Índice Introdução ...............................................................................................................................2 1 - O conceito de Fé na perspectiva cristã ..............................................................................3 2 - O diálogo entre a Igreja e a Ciência ..................................................................................6 2.1 A razão é auxílio da fé?...............................................................................................9 2.2 A fé pode colaborar com a razão?.............................................................................10 2.3 A Igreja é promotora das ciências? ...........................................................................12 Conclusão..............................................................................................................................13 Bibliografia ...........................................................................................................................14 Índice ....................................................................................................................................16 Elaboradopor:JoãoMiguelPereira,joaofreigil@hotmail.com,2ºanodeMestradoIntegradoemTeologia–UniversidadeCatólicaPortuguesa, FaculdadedeTeologia(Braga)–2015/2016.