Kevin Lynch estudou a percepção da imagem da cidade em três cidades norte-americanas. Ele identificou cinco elementos que estruturam a imagem da cidade para as pessoas: caminhos, limites, bairros, pontos nodais e marcos. Lynch também definiu conceitos como legibilidade e imageabilidade para entender como as pessoas se orientam e se percebem no espaço urbano.
1. A Imagem da Cidade e a Boa Forma da Cidade
Kevin Lynch
Andressa Franco Hettiene Raissa Janaína Bandeira Jessica Rodrigues
Tainayra Santana Denis Gomes
Alunos:
2.
3. Kevin Lynch fez uma pesquisa em três cidades norte americanas:
Boston, Massachusetts.
Nova Jersey, Trenton.
Los Angeles,
Califórnia.
4. As Pessoas eram questionadas em seu trabalho de pesquisa sobre:
• Sua percepção da cidade
• Como estruturavam a imagem que tinha
• Como se localizavam naquele espaço
6. Conceitos:
Legibilidade
Facilidade com que cada uma das partes [da cidade] pode ser
reconhecida e organizada em um padrão coerente” (LYNCH, 1960,
p.2).
Legibilidade visual
Percepção Ambiental dividida em três componentes:
Estrutura, Identidade e Significado.
7. Outro conceito importante de Lynch é a imageabilidade, entendida como a
Qualidade de um objeto físico que lhe dá uma alta probabilidade de evocar uma
imagem forte em qualquer observador. Refere-se à forma, cor ou arranjo que
facilitam a formação de imagens mentais do ambiente fortemente identificadas,
poderosamente estruturadas e altamente úteis. (LYNCH, 1960, p. 9)
O conceito de imageabilidade, portanto, está ligado ao conceito de legibilidade,
uma vez que imagens “fortes” aumentam a probabilidade de construir uma visão
clara e estruturada da cidade.
Uma cidade com imageabilidade (aparente, legível, ou visível), nesse sentido,
seria bem formada, distinta, memorável; convidaria os olhos e ouvidos a uma
maior atenção e participação. (LYNCH, 1960, p. 10)
Imageabilidade
8. Percepção Ambiental
A identificação de um objeto implica na sua distinção em relação a outras
coisas, seu reconhecimento como uma entidade separada, ou seja,
sua identidade. Além disso, a imagem da cidade deve incluir o padrão
espacial ou a relação do objeto com o observador e com os outros objetos, o
que Lynch chamou de estrutura.
Com relação ao significado, Lynch é mais cauteloso, não se
aprofundando muito no conceito nem no seu estudo. A ênfase é,
portanto, na identidade e na estrutura. Apesar disso, o autor argumenta
que o objeto deve ter algum significado para o observador, seja prático
ou emocional, e que isso está intimamente ligado à sua identidade e
seu papel dentro de uma estrutura mais ampla.
9. Os 5 elementos identificados por Lynch:
1. Caminhos
Os caminhos foram considerados como os principais
elementos estruturadores da percepção ambiental para a
maioria das pessoas entrevistadas. Pelo fato de as pessoas
perceberem a cidade enquanto se deslocam pelos
caminhos, estes não apenas estruturam a sua experiência
mas também estruturam os outros elementos da imagem da
cidade.
10. “São canais ao longo dos quais o observador costumeiramente,
ocasionalmente, ou potencialmente se move. Podem ser ruas,
calçadas, linhas de trânsito, canais, estradas-de-ferro” (LYNCH,
1960, p. 47).
11. Alguns caminhos específicos podem adquirir especial relevância na medida em
que:
Concentram um tipo especial de uso (ruas intensamente comerciais, por exemplo)
Rua: 25 de março, São Paulo - SP
Vila Madalena, São Paulo - SP
Benedito Calixto, São Paulo - SP
12. Alguns caminhos específicos podem adquirir especial relevância na medida em que:
Apresentam qualidades espaciais diferenciadas (muito largo ou muito estreito, por
exemplo)
Ouro Preto, Minas Gerais
Bairro Morumbi, São Paulo
13. Alguns caminhos específicos podem adquirir especial relevância na medida em que:
Apresentam um tratamento intenso de vegetação;
Apresentam continuidade;
rua arborizada
Porto Alegre, RS
Continuidade
Av. Paulista, SP
14. Alguns caminhos específicos podem adquirir especial relevância na medida em que:
São visíveis de outras partes da cidade, ou possibilitam amplos visuais para outras
partes da cidade.
Rua 23 de Maio, São Paulo
Visualiza a região do Ibirapuera, da Paulista e a Serra da Cantareira ao
fundo
Vista da Serra da Cantareira sobre a cidade de São Paulo
15. Alguns caminhos específicos podem adquirir especial relevância na medida em
que:
Apresentam origem e destino bem claros.
Santos, SP
Destino de clara percepção a praia
16. Quando os principais caminhos não apresentam identidade, a imagem global da
cidade é prejudicada.
As esquinas são pontos importantes na estrutura da cidade, já que representam uma
decisão, uma escolha. Nesses pontos a atenção do observador tende a ser redobrada, e
por isso elementos posicionados junto a essas intersecções tendem a ser mais
facilmente notados e utilizados como referenciais.
17. São elementos lineares constituídos pelas bordas de duas regiões distintas,
configurando quebras lineares na continuidade. Os limites mais fortemente
percebidos são aqueles não apenas proeminentes visualmente, mas também
contínuos na sua forma e sem permeabilidade à circulação.
Podem ser considerados barreiras (rios, estradas, viadutos, etc.) ou como
elementos de ligação (praças lineares, ruas de pedestres, etc.). Podem ter
qualidades direcionais, assim como os caminhos. Ao longo de um rio, por
exemplo, sempre tem-se a noção de que direção se está percorrendo, uma vez que
o lado do rio fornece essa orientação.
Outra característica dos limites é que eles podem ter um efeito de segregação nas
cidades. Limites numerosos e que atuam mais como barreiras do que como
elementos de ligação acabam separando excessivamente as partes da cidade, e
prejudicando uma visão do todo.
2. Limites
19. 3. Bairros
Na concepção de Lynch, bairros são
partes razoavelmente grandes da cidade na qual o observador
“entra”, e que são percebidas como possuindo alguma característica
comum, identificadora. (LYNCH, 1960, p. 66).
Nesse ponto, é importante esclarecer que a tradução para bairros, ou
mesmo para distritos, pode gerar confusão. O conceito de Lynch
refere-se a uma área percebida como relativamente homogênea em
relação ao resto da cidade ou, ao menos, como possuindo uma certa
característica em comum que permite diferenciá-la do resto do
tecido urbano. É, portanto, um critério visual, perceptivo, ao
contrário do critério administrativo que define o conceito tradicional
de bairro no Brasil. As considerações a seguir referem-se ao
conceito adotado por Lynch.
20. Os “Bairros” de Lynch não são limites administrativos.
As características que determinam os bairros podem ser das mais variadas naturezas:
texturas, espaços, formas, detalhes, símbolos, tipos de edificação, usos, atividades,
habitantes, grau de conservação, topografia, etc. Beacon Hill, em Boston, por exemplo
(Fotos), foi reconhecida pelas ruas estreitas e inclinadas; casas antigas, de tijolos, em fita e de
escala intimista; portas brancas; ruas e calçadas de paralelepípedo e tijolo; bom estado de
conservação; e pedestres de classes sociais altas.
21. Os bairros desempenham papel importante na legibilidade da cidade, não apenas em
termos de orientação, mas também como partes importantes do viver na cidade, e podem
apresentar diferentes tipos de limites. Alguns são precisos, bem definidos. Outros são mais
suaves, indefinidos. Da mesma forma, alguns podem ser “introvertidos”; outros,
“extrovertidos”.
Lapa, Zona Oeste São Paulo Mooca, Zona Leste São Paulo Vila Olímpia, Zona Sul São Paulo
22. 4. Pontos Nodais
São pontos estratégicos na cidade, onde o observador pode
entrar, e que são importantes focos para onde se vai e de
onde se vem. Variam em função da escala em que se está
analisando a imagem da cidade: podem ser esquinas,
praças, bairros, ou mesmo uma cidade inteira, caso a
análise seja feita em nível regional.
Pontos de confluência do sistema de transporte são nós em
potencial, tais como estações de metrô e terminais de
ônibus.
Interseção de viadutos na China.
23. Outro tipo de nós que apareceram freqüentemente nas entrevistas são as “concentrações
temáticas”, tais como os centros puramente comerciais. Tais locais atuam como nós
porque atraem muitas pessoas e são utilizadas como referenciais. A Pershing Square, em
Los Angeles, também é um exemplo de nó, percebido como um local com
características distintas, tais como a vegetação e as atividades que lá se realizam.
Pershing Square
Lynch também concluiu que a forma espacial não é essencial para um nó, mas
pode dotá-lo de maior relevância.
24. 5. Marcos
São elementos pontuais nos quais o observador não entra.
Podem ser de diversas escalas, tais como torres, domos,
edifícios, esculturas, etc.
Sua principal característica é a singularidade, algum
aspecto que é único ou memorável no contexto. Isso pode
ser alcançado de duas maneiras: sendo visto a partir de
muitos lugares, ou estabelecendo um contraste local com os
elementos mais próximos.
25. Parecem ser mais usados pelas pessoas mais acostumadas à cidade, especialmente
aqueles marcos menos proeminentes, menores, mais comuns. À medida que as
pessoas se tornam mais conhecedoras da cidade, estas passam a se basear em
elementos diferenciados, ao invés de se guiar pelas semelhanças, utilizando-se de
pequenos elementos referenciais.
A localização em esquinas maximiza sua importância.
Santa Maria Del Fiore, Florença - Itália
Obelisco, Ibirapuera – São Paulo
Ponte Estaiada – São Paulo
26. Kevin Lynch associa a vitalidade de um ambiente à sua capacidade de
suportar a saúde (inclusive mental) e o bom funcionamento biológico dos
indivíduos, assim como a sobrevivência da espécie. A noção de que a
qualidade do espaço (no sentido da forma) pode influenciar diretamente a
saúde física e mental das pessoas exige uma definição do que consiste a
qualidade desta saúde, limitando-se às interpretações de saúde e bem estar
apontados pelo conjunto de autores estudados. Lynch sugere cinco
“dimensões de performance” para a avaliação de espaços urbanos, no sentido
do melhor atendimento às necessidades humanas.
27. Vitalidade, o grau no qual a forma do assentamento suporta suas funções vitais,
necessidades biológicas e, sobretudo, garante a sobrevivência da espécie. Este é um
critério antropocêntrico, ainda que se possa admitir que o ambiente oferece suporte
para outras espécies e que o bem estar humano muitas vezes depende desta relação
e da presença de uma diversidade de espécies animais e vegetais.
As 5 dimensões de performance por Lynch:
1. Vitalidade
28. 2. Sentido
Sentido, a medida na qual um assentamento pode ser claramente percebido e
mentalmente diferenciado e estruturado no tempo e espaço por seus
residentes. A medida na qual esta estrutura mental se conecta com seus
valores e conceitos – adequação entre o ambiente, as capacidades sensoriais e
mentais da população e sua construção cultural.
29. 3. Adequação à escala
Adequação à escala, a compatibilidade das formas e capacidades
dos espaços, canais e equipamentos, com o padrão e quantidade de
ações que as pessoas usualmente realizam.
Bairros de Brasília DF
Moema São Paulo Higienópolis São Paulo
30. 4. Acesso
Acesso, a capacidade de acessar outras pessoas, atividades,
recursos, serviços, informação ou lugares, incluindo a quantidade e
diversidade de elementos que podem ser acessados.
Exemplo: imagem de stand de
vendas de imobiliária que mostram
os benefícios do bairro com todos
os seus serviços da aproximidade.
31. Controle, o grau no qual o uso e o acesso aos espaços e atividades, e a
sua criação, reparo, modificação e administração é controlado por
aqueles que usam, trabalham ou residem no local.
5. Controle
Ex:
Praça descuidada pelos usuários/ freqüentadores Praça cuidada por uma empresa privada no
intuito de melhorar a qualidade do espaço para
seus usuários, o mesmo poderia ter sido por
moradores.
Praça cuidada exclusivamente pela
administração pública.
32. As definições apontadas por Lynch estabelecem parâmetros gerais para
interpretação e julgamento da qualidade dos espaços urbanos do ponto
de vista de sua apropriação e uso. Por outro lado, a complexidade
crescente dos assentamentos contemporâneos, muitas vezes faz emergir
necessidades e interesses contraditórios, assim como interpretações
destoantes em relação ao mesmo espaço.
33. Referências bibliográficas:
•BENÉVOLO, Leonardo. História da Cidade . São Paulo: Perspectiva, 1999.
•LYNCH, Kevin. The image of the city. Cambridge: The M.I.T. Press, 1960.
• LYNCH, Kevin. A boa forma da cidade. Lisboa, Edições 70, 1981
• http://urbanidades.arq.br/2008/03/kevin-lynch-e-a-imagem-da-cidade/
• http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.179/5520