O documento apresenta uma aula sobre linguagem, língua e variação linguística. Aborda os conceitos de língua, linguagem e contextos de uso, identificando contexto formal e informal. Discorre sobre como a língua varia de acordo com a região e situação de comunicação.
1. Análise Textual
Aula 1 – Estudo Dirigido
Língua, linguagem e variação lingüística
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar os conceitos língua, linguagem e contextos de uso;
2- Reconhecer as atividades de linguagem;
3- Identificar contexto formal e informal.
Nesta disciplina, trabalharemos, fundamentalmente, a competência leitora, capacidade que temos de ler/entender textos, mensagens, e
reagir diante delas, ou seja, como leitores, fazer o que o texto espera de nós. E isso só é possível (reagir adequadamente ao que o texto
sugere) se entendermos a mensagem.
É algo mais ou menos assim...
O Português é a língua oficial do Brasil e também de Portugal, Moçambique, Angola e de outros países e varia de acordo com a região em
que é falada. São os dialetos regionais ou geográficos. A língua também varia de acordo com o contexto de comunicação, já que não
falamos sempre do mesmo modo, mas é preciso distinguir informalidade de linguagem vulgar ou popular.
A língua é um produto social e cultural constituído por signos lingüísticos, é um código; a linguagem é o veículo de expressão. As línguas, a
dança, a música, as imagens, os gráficos, os gestos são diferentes formas de expressão ou linguagens. Uma vez que o texto é um produto
social, existe uma relação intrínseca entre ele, a cultura, o momento histórico e a ideologia de que é formado.
Considerando que usamos a linguagem com finalidades comunicativas, entre outras, informar, expressar ideias, opiniões, simplesmente
manter o contato com o interlocutor, existe uma relação entre a linguagem, suas funções e o contexto em que se realiza: o objetivo, o
veículo, o público alvo e a situação social.
Informações para o médico sobre estado de saúde
- Doutor: tenho sentido fortes dores de estômago, dores de cabeça, indisposição .....
(O paciente deseja relatar, dar informações sobre seu estado de saúde para que o médico avalie o procedimento adequado).
Estratégia de provocar a fala do outro, chamá-lo para a conversa
- Tenho certeza de que se você topasse ir à festa comigo iríamos nos esquecer do problema que caiu sobre nós, está entendendo
? Precisamos estar calmos para tomarmos a melhor decisão, não acha ?
(Note que a pessoa que está sugerindo ir à festa provoca uma reação do outro : “está entendendo?” “o que você acha?”)
Expressar algum tipo de emoção
- Não imagina como me senti perturbado ao sair daquela reunião. Estou com as mãos trêmulas e suadas, meu corpo está mole e sinto
sensação de desmaio.
(Parece que essa fala deseja evidenciar as sensações para que o outro imagine como ela se sente, se comova, tenha alguma reação)
Sugerir algum tipo de atitude através da fala
- Já sabemos dos males causados pelo fumo. Seja inteligente enquanto você está vivo e pare de fumar !
(Nesta fala, parece estar acontecendo uma espécie de convencimento para uma pessoa tomar determinada atitude, um conselho a fazer
determinada coisa)
Expressar emoções, sentimentos, através de falas características
- “ ... Carolina, com seus olhos fundos, causa tanto amor, amor de todo esse mundo ..... “
(Carolina - Chico Buarque)
Explicar algo usando a própria coisa
- - Para fazer um texto movimentado, escrevi: “ Corri naquele parque que se harmonizava com o verde, deitei na grama, rolei. Quando
começou a chover, quis molhar toda a roupa, corri mais ainda naquela chuva.....” , os verbos de ação: corri, deitei, rolei, movimentam os
fatos.
Explicar algo usando a própria coisa
Ao desenvolvermos nossas ideias, temos de ter em mente o que desejamos expressar e quem vai ler a mensagem.” Queremos entender e
ser entendidos”.
Análise Textual irá tratar dessa questão : desvendarmos a mensagem em diferentes tipos de textos.
Afinal, por que nos comunicamos?
Bem, voltando ao nome da nossa disciplina, o que se pretende é analisar, refletir sobre uma série de textos que servem à nossa
comunicação em diferentes momentos de nossa vida. E por falar em comunicação, é interessante detalharmos como esse processo se dá.
Linguagem e língua: introdução
Essa interpretação dos fatos, o significado que precisamos atribuir está relacionado com e exclusivamente humana, que nos permite
comunicar o que estamos pensando, nossos anseios, desejos ...
Afinal, o que é linguagem? O que é língua?
Para adiantar podemos dizer que linguagem é uma faculdade (capacidade) que permite exercitar a comunicação, latente ou em ação. Já a
língua (ou idioma) refere-se a um conjunto de palavras e expressões usadas por um povo, por uma nação,munido de regras próprias (sua
gramática).
Mas será que os animais, possuem linguagem?
Os animais se comportam sempre da mesma forma em determinadas situações, não criam coisa alguma. Já os seres humanos, dotados de
linguagem que são, sempre podem criar uma linguagem diferente. Quer um exemplo? Temos varias maneiras de nos cumprimentarmos,
com varias falas e gestos diferentes, e sempre podendo criar mais uma. Portanto, a possibilidade de criar é infinita, conservando o mesmo
significado, e isso só é possível por causa da capacidade humana que a chamamos de linguagem.
Agora sim, linguagem e língua
Se você estiver confuso em relação aos animais, pensando que eles de alguma maneira se comunicam, não como nós, mas se comunicam,
ainda assim não podemos dizer que tenham linguagem, essa é exclusiva do ser humano. O que os animais têm são formas de comunicação.
Pesquisas científicas já catalogaram, em chimpanzés, cerca de 100 sinais diferentes para expressar medo, fome, alegria etc. Mas são formas
pontuais, limitadas, específicas.
2. Pare para refletir...
Se a linguagem é uma capacidade humana, por que todos nós não falamos a mesma língua? Por que uma criança de família chinesa, que
nasce na França, fala francês e também chinês?
Aqui chegamos a um ponto essencial: a língua é uma construção social, e corresponde à cultura, história e sociedade de um determinado
povo, de uma determinada nação.
Se você tem uma capacidade de pensar sobre alguma coisa, de interpretar, de atribuir significado a algo, isso é comunicado através das
regras de alguma língua que você saiba. Mas como os outros vão saber o que você está pensando? Bem, só vão saber se você falar:
linguagem e língua se concretizam na fala.
Linguagem, língua... Mas e na prática?
Se linguagem não fosse uma capacidade humana, e a língua uma espécie de “contato”entre pessoas em uma sociedade, as pessoas
analfabetas não conseguiriam se comunicar. Isto quer dizer que,para haver comunicação, basta o individuo acionar a capacidade mental
(linguagem) e articular o código social (língua).
Língua padrão e variação
A variação padrão, ou norma culta, é a forma de se comunicar das pessoas que têm mais prestígio social, das que possuem um nível de
escolaridade maior. Enfim, é a forma de comunicação das pessoas que são mais respeitadas na sociedade, daí a maioria não querer ter a
mesma forma de falar das pessoas que têm pouco prestígio social.
A língua nos possibilita organizar frases, textos, utilizando os elementos que conhecemos dessa língua. Porém, a norma social não permite
que sejam feitas todas as combinações possíveis, ela impõe limites. Em outras palavras, tudo se pode, mas nem tudo se deve.
Escrita versus fala
Podemos nos comunicar de duas formas: a forma falada e a forma escrita. Vejamos agora uma adaptação da fala para o texto (clique nos
destaques):
“( ) na minha opinião.. o Presidencialismo já teve muitas chances de melhorar....eh....eh....mais de cem anos....sem anos já ....né?e....até
hoje não melhorou....sempre....sempre...os presidentes/nas suas campanhas ficam falando que vão fazer isso...vão fazer aquilo...aí
sempre....chega sempre lá na hora...(Projeto Discurso & Gramática –UFRJ- dados da língua falada).
Características da fala: Na fala, se o ouvinte não entender alguma coisa, ele faz perguntas, pede para o outro falar novamente. Mesmo
quem fala, se falar algo que não está adequado, pode repetir a mensagem, pode consertar, por isso, embora às vezes possa parecer que o
contexto da escrita, por exemplo, retrata o texto da fala, isso não é verdade, porque cada um desses contextos tem suas particularidades.
Características da escrita: Note que, até para escrever o discurso falado tentando ser fiel à fala, é problemático, pois é necessário marcar as
pausa própria dessa modalidade. As repetições, então, ficam evidenciadas. Na escrita, a realidade é diferente, lidamos com outro contexto:
faz-se uma comunicação e a pessoa não está presente, daí a possibilidade de haver comunicação sem contar a distância. Essa possibilidade
requer comportamentos diferentes da modalidade da fala. Justamente porque a pessoa não está presente, tudo deve ser comunicado da
forma mais clara possível, pois o leitor precisa entender a mensagem.
Revisão.
Domingo, 15 de julho de 2007
O texto seguinte já foi escrito há algum tempo. Não modifiquei nada nele porque acho que se ele faz parte do meu "passado" não tem que
ser alterado.
Bem, como toda a gente sabe, o que está na moda é comprar bolos em miniaturas: mini pastel de nata, mini queque, mini qualquer coisa!!!
Porque não fazem mini tartes de amêndoa, mini pampilhos (não que eu desgoste de estes serem grandinhos :D) ou mini xadrezes? MINI???
Estou farta da palavra MINIII!!! Ok, ok... Revoltem-se comigo...Dá para levar mais, né?
Ora... Na minha visão do assunto, só fazem miniaturas de bolos que já são pequenos, que se comem com a mão (não dá jeito comer com
garfo e faca, penso eu). O pastel de nata. É bom, não é? É pequeno não é? Os meninos comem o creme com uma colher de café... Já viram o
desgosto deles ao verem uma coisa tão pequena que ao meterem lá a colher e a tirarem, ficam sem o conteúdo que eles tanto adoram? E
depois os pais? "Não comas mais nenhum Jaquinzinho! Olha que engordas com tanto pastel de nata!" Woi? A indignação do menino: "É tão
pequeno! Se comer dois é o mesmo que um. Não é justo. Eu prefiro os maiores porque assim como mais quantidade de uma vez,
yaaaaaaa?" Weird? Little bit :X
Ok... Já percebeste que eu fico mais indignada quando se fala de pastéis de nata mas pronto... =X
Que direito têm as pastelarias de o fazer??? Eu acho é que deveriam ser ainda maiores! O maior sonho do homem, desde que dá à luz, é
comer um pastel de nata tão grande que tenha de ser comido com garfo e faca!! É ou não?
Pensem um bocadinho sobre este assunto tão sério. Talvez concordem comigo! AH! E lembrei-me! Então e os donuts? Aquilo acaba num
instante!! E agora também são minis?
Digam-me se isto tem alguma razão de ser!
Já agora digam também "Que coisa tão estúpida!"
E que nunca tinham pensado nisto...
Há sempre uma primeira vez para tudo!
Marta
Aponte o que melhor corresponde ao texto em questão: o texto apresenta passagens em linguagem formal e informal.
Na passagem “O texto seguinte já foi escrito há algum tempo. Não modifiquei nada nele porque acho que se ele faz parte do meu ‘passado’
não tem que ser alterado”, podemos depreender que:
A intenção da autora é alertar o leitor que, possivelmente, ela não escreveria com a mesma linguagem que foi empregada originalmente.
Aula 2 – Estudo Dirigido
Adequação vocabular, variação lingüística, texto e hipertexto
Ao final desta aula, você será capaz de:
3. 1- Comparar os contextos de produção das atividades de linguagem;
2- Reconhecer a variação da linguagem de acordo com os contextos;
3- Identificar a textualidade a partir dos conceitos coesão, coerência e hipertexto.
Imagine a seguinte situação: Seu colega de trabalho está preso no aeroporto de determinado local porque o tempo está ruim e terá de
voltar para casa no dia seguinte. Você produziu uma mensagem sobre esta fato para quatro destinatários diferentes. Relacione o discurso
que pareça mais adequado ao interlocutor em questão:
Seu amigo intimo: Olha só,vou te falar que rolou um problema de tempo, sabe como é, e nosso camarada só pega o vôo amanhã.
Um Juiz de Direito: Em virtude de um imprevisto relacionado ao clima, meu companheiro de trabalho não pode embarcar e irá ausentar-se
no dia de hoje, devendo retornar amanhã.
Uma menina de 6 anos: O moço não vem pra casa hoje, tadinho, ta chovendo muito, e ele pra casa amanhã, ta?
Seu chefe de trabalho: Nosso companheiro de escritório acabou perdendo o vôo pelo mau tempo e pediu para avisar que só chega amanhã.
Retomando nosso percurso...
Como vimos, é certo dizer que a língua não é sempre a mesma em qualquer situação, ela varia de acordo com a região, com a idade, com a
situação, com a formalidade ou informalidade do encontro, as pessoas envolvidas. Enfim, possuímos diversos contextos em que a língua se
acomoda. A esse fenômeno denominamos Variação linguística. Entretanto, mesmo que haja variação, sempre será necessário que os
elementos da língua estejam ordenados e relacionados de forma a haver textualidade.
Veja os seguintes enunciados:
- Causado embora então gato alienável disponibilidade
Temos uma sequência de palavras que são legítimas na língua, pois conhecemos cada uma delas. No entanto, agrupadas da forma como
estão, não apresentam uma sequência lógica, compreensível
- A repercussão daquela situação foi muito grande, ainda que houvesse cuidado em desmentir o fato
O mesmo não acontece com esta frase, já que apresenta palavras também legítimas na língua, porém agrupadas de forma a comunicar uma
mensagem compreensível.
- A casa é
Este exemplo apresenta uma ideia incompleta, já que não é possível entender o que se quer dizer sobre a casa.
- Silêncio!
Apesar de ter somente uma palavra, comunica uma ideia completa.
Temos um texto toda vez que tivermos uma ideia completa, mesmo que isso seja feito através de uma única palavra. Um texto não é uma
questão de quantidade de palavras, mas sim de comunicar mensagem que possa ser entendida pelo interlocutor, pelo leitor.
Conjunto de palavras x texto: se admitimos que está noção é verdadeira, então necessitamos perceber o que diferencia um texto de um
amontoado de palavras que não produzem sentido. Vamos mergulhar na constituição do texto, ou melhor, vamos perceber as propriedades
de um texto:
Para compreender uma mensagem é necessária uma ordenação das partes de forma de haver texto.
Coesão Textual – Fala-se de coesão (junção) quando temos palavras, expressões, conexões colocadas estrategicamente ao lado de outras
para produzirem a seqüência da mensagem com sentido. Há diferentes tipos de coesão, que são responsáveis pela chamada “tecitura do
texto”.
Conjunto de palavras x texto:
No texto a seguir, identificaremos mecanismo de coesão, ou seja, os elos, as retomadas dos referentes que permitem que a textualidade
seja estabelecida:
Bandidos matam cabo da PM durante arrastão no Rio.
8 de julho de 2009, Veja online, por Ricardo Valota.
São Paulo – Um arrastão contra pedestres e motoristas no bairro de Irajá, na zona norte do Rio de Janeiro, terminou ontem a noite com a
morte do cabo Alexandre Pereira dos Santos, lotado no 6* batalhão, da Tijuca. Quatro bandidos armados, após atacar pedestres e
motoristas nas ruas da região, resolveram investir contra Pereira que, de folga e à paisana, deixava a casa de sua mãe. Sem saber que a
vitima era policial, o grupo exigiu um cordão de ouro que estava no pescoço do cabo, de 36 anos. O policial então sacou uma pistola,o que
deu início a um tiroteio.
Baleado, Pereira, que teve a arma roubada, foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento do bairro, mas não resistiu aos ferimentos e
morreu. A quadrilha fugiu de carro. Nenhum suspeito foi localizado pela policia durante a madrugada. O latrocínio – roubo seguido de
morte – foi registrado no 27* Distrito Policial (DP), de Vicente de Carvalho.
Um pingo de teoria...
Texto é um entrelaçamento de enunciados oracionais e não oracionais organizados de acordo com a lógica do autor.
Há de se convir que um texto também deve ser claro, estando essa qualidade relacionada diretamente aos elementos coesivos, que
promovem a ligação entre as partes. Vamos ver agora, portanto, os dois tipos básicos de coesão (clique nas palavras em destaque nas
caixas para ver os exemplos de emprego):
COESÃO - Coesão referencial: a informação é retomada:
Lexical: Permite o entrelaçamento do texto pela substituição/omissão de palavras (podemos destacar o uso de sinônimos e hiperônimos).
Gramatical: Permite o entrelaçamento do texto pelo emprego de pronome, conjunções e numerais, dentre outros.
Coesão seqüencial: a informação progride:
Temporal: Permite a progressão da informação pela ordenação linear dos elementos, pela utilização de partículas temporais e pela
correlação dos tempos verbais.
Por conexão: Auxilia na compreensão do texto como um todo. Pode ser vista por meio dos operadores do tipo lógico e operadores
discursivos, dentre outros.
Coerência textual: A coerência diz respeito ao sentido do texto, sua unidade significativa. Em outras palavras, as informações que emitimos
não podem se contradizer, ou gerar uma incompreenção.
Tanto a coesão como a coer6encia são aspectos fundamentais que constituem um texto, pois, do contrario, a unidade necessária não será
mantida e não teremos o texto propriamente dito. por isso, quando lemos, identificamos os chamados elos coesivos, que nos remetem a
4. formar a seqüência de idéias e as mensagens que vão construindo o sentido do texto.
Texto e hipertexto: como vimos, uma das formas de garantir que um grupo de palavras seja denominada texto é a presença dos recursos
lingüísticos e semânticos (como coesão e coerência) para formar uma unidade significativa: o texto. Entretanto, nossa leitura vai além, já
que temos necessidade de recorrer ao nosso conhecimento (experiência de vida, senso comum, formação acadêmica etc.) para que um
texto faça sentido, signifique alguma coisa.
Aula 3 – Estudo Dirigido
Textualidade - coesão seqüencial. Articulações sintáticas e relações semânticas
Ao final desta aula, você será capaz de:
1)Reconhecer os processos que constituem um texto;
2) Identificar as relações sintático-semânticas em segmentos do texto na tarefa de identificação da mensagem (disjunção, explicação,
relação causal, conclusão, comparação etc.).
Coesão sequencial e a relação com o sentido
Retomemos, agora, nosso estudo sobre as relações que envolvem um texto. Quando falamos que um texto se caracteriza por apresentar
uma ideia completa, isso significa dizer que as informações estão conectadas umas às outras coerentemente. Deduzimos, assim, que há
uma coesão sequencial que garante a textualidade. Observe as partes em destaque no enunciado abaixo:
O CLIMA esteve tão adequado neste período QUE a COLHEITA foi boa.
- Primeira informação do enunciado: clima adequado.
- Elemento que estabelece conexão entre ad duas informações: que
- Segunda informação do enunciado: colheita.
Neste exemplo, temos uma idéia completa, um texto. A tecitura, a teia, a textualidade se faz a partir da junção adequada das duas
informações (“clima adequado”e “colheita boa”).
Outras junções possíveis:
A colheita foi muito boa PORQUE o clima esteve tão adequado neste período.
Exemplo de erro na junção das informações:
O clima esteve tão adequado neste período; PORÉM, a colheita foi boa.
Comentário do professor:
Claro que não temos uma única forma de fazer a junção das idéias, como você viu nas outras junções possíveis. Entretanto, é provável
haver junções inadequadas, como você também viu. Assim, deduzimos que nem todas as conexões são possíveis para formar uma idéia
completa, coerente. Isso nos leva a perceber que essas junções, que podemos chamar de articulações sintáticas, devem ser utilizadas de
forma a buscar o sentido adequado.
Chegamos a uma importante informação: As articulações sintáticas estabelecem relações semânticas.
As articulações sintáticas estabelecem relações semânticas
Essa afirmação nos leva a recorrer a uma habilidade que diz respeito a essa tarefa: ao ler um texto, necessito
estabelecer relações sintático-semânticas: causa, consequência, comparação, disjunção etc. Isto porque essas relações estabelecem sentido
no que se quer comunicar, a arrumação das informações obedece ao estabelecimento do sentido.
O que isso quer dizer exatamente?
Bem, quer dizer que as palavras, as expressões com as quais fazemos ligações entre as idéias, estabelecem
significados, conduzem o sentido das mensagens. Sendo assim, não se pode utilizar qualquer elemento para conectar qualquer informação.
Daí ser importante que tenhamos em mente os tipos de relações que podemos estabelecer entre as informações.
5. Aula 4 – Estudo Dirigido
Tipos de coerência - fatores de coerência
Ao final desta aula, você será capaz de:
1) Reconhecer os tipos de articulação semântica para a construção das mensagens;
2) Estabelecer relações entre segmentos do texto, identificando repetições ou substituições que contribuam para a continuidade do texto
no processo de leitura.
Tipos de coerência
A coerência, como você já sabe, é a ligação de cada uma das partes do texto com o seu todo, de forma que não haja contradições ou erros
que gerem incompreensão, mal entendido ou até mesmo falha na comunicação. A coerência diz respeito à intenção comunicativa do
emissor, interagindo, de maneira cooperativa, com o seu interlocutor.
Podemos organizar, de acordo com Ingedore Koch, a coerência em quatro tipos (clique no destaque para ver a descrição):
Tipos de Coerência:
Coerência semântica: Refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em sequência; a incoerência aparece quando esses
sentidos não combinam, ou quando são contraditórios. É estabelecida entre os significados dos elementos do texto através de uma relação
logicamente possível.
Coerência sintática: Refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica: conectivos, pronomes etc., e trata da
adequação entre os elementos que compõem a frase, o que inclui também atenção às regras de concordância e de regência.
Coerência estilística: Utilização de linguagem adequada às possíveis variações do contexto. Na maioria das vezes, esse tipo de coerência não
chega a perturbar a interpretabilidade de um texto; é uma noção relacionada à misturas de registros lingüísticos (formal X informal, por
exemplo). É desejável que quem escreve ou lê se mantenha num estilo relativamente uniforme.
Coerência pragmática: Podemos dizer que esse tipo de coerência é verificado através do conhecimento que possuímos da realidade
siciocultural, que inclui também um comportamento adequado às conversações. Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de
fala. Para haver coerência nesta sequência, é preciso que os atos de fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada interlocutor, na sua
vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte de forma a manter a expectativa de conteúdo de acordo com a situação em
que o texto é usado.
Mas como distinguir cada tipo?
Um texto pode ser incoerente em ou para determinada situação se seu autor não consegue inferir um sentido ou uma idéia através da
articulação de suas frases e parágrafos e por meio de recursos lingüísticos (pontuação, vocabulário etc). Pode-se concluir que texto
coerente é aquele do qual é possível estabelecer sentido. Por isso, a coerência é entendida como um principio de interpretabilidade.
Vejamos alguns exemplos para cada tipo de coerência.
Coerência semântica: A casa que desejo comprar é bastante JOVEM.
Essa frase seria incoerente do ponto de vista do que significa a palavra jovem. Embora tenha o sentido de coisa nova, “jovem” só é
empregada para caracterizar seres humanos; e não seres inanimados, como é o caso de casa. Para essa caracterização teríamos nova.
Coerência sintática: As pessoas que tem condições procuram o ensino particular, ONDE há métodos, equipamentos e até professores
melhores.
Apesar de haver comucabilidade (é possível compreender a informação), a coerência desse período está inadequada. Ela poderia ser
restabelecida se fosse feita uma alteração: seria a troca do relativo onde, específico de lugar, para no qual ou em que (ensino particular, no
qual/em que há métodos...).
Coerência estilística: O ilustre advogado observou que sua petição não prosperaria, haja vista seu cliente ter ENFIADO O PÉ NA JACA.
Imagine iniciar uma fala, em um contexto formal, com palavras mais elaboradas, e depois misturar com uma forma de linguagem bem
popular, com gírias. Essa incoerência poderia parecer inclusive uma brincadeira, modificando o sentido que o autor da frase desejava.
Coerência pragmática: FALANTE 1: você ouviu o que o professor disse? / FALANTE 2: Hoje faz um ano que minha avó faleceu.
Note que a pessoa a quem é endereçada a pergunta na verdade não responde, pois não estabeleceu uma sequência na conversa. Propôs
outro assunto, irrelevante para a pergunta feita. Daí podemos afirmar que na sequência de falas em questão não há coerência.
Para resumirmos a questão do que é estabelecido como texto, o que se caracteriza a textualidade, vamos inserir a explicação de KOCH e
TRAVAGLIA:
Ter textualidade ou textura é o que faz de uma sequência lingüística um texto e não uma sequência ou um amontoado aleatório de frases
ou palavras. A sequência é percebida como texto quando aquele que a recebe é capaz de percebê-la como uma unidade significativa global.
Portanto, tendo em vista o conceito que se tem de coerência, podemos dizer que é ela que dá origem a textualidade.
Os fatores responsáveis pela coerência
Na atividade abaixo você encontrará quatro enunciados que apresentam erros de coerência. Relacione o tipo de coerência associado ao
erro em questão:
Coerência sintática: Na verdade, essa falta de leitura, de escrever, seja porque tudo já vem pronto, mastigado para boa compreensão, não
precisando pensar.
Coerência semântica: Não deu asas ao pensamento, obviamente com medo de aferir a opinião dos outros.
Coerência pragmática: No balcão da companhia aérea, o viajante perguntou à atendente: A – A senhorita pode me dizer quanto tempo
dura o vôo do Rio a Lisboa?
B – Um momentinho.
Coerência estilística: AgCl (cloreto de prata) é considerado insolúvel porque o que fica é um troço tão irrisório que agente não considera ...
Entendeu qual é a jogada? O que tem na solução daqueles íons não vai atrapalhar ninguém. Você pode comer quilos desse troço que a
prata não vai te perturbar.
Como ser coerente?
Passemos, então, a considerar os fatores responsáveis pela coerência:
Conhecimento de mundo - aquele proveniente de nossas experiências com o mundo, resultante da interação sociocultural.
Através dessa interação armazenamos esse conhecimento, constituindo os modelos cognitivos.
Por exemplo, ao chegar a um funeral, sei o comportamento que devo ter em um evento como esse, como cumprimentar as pessoas, usar o
traje adequado etc. Em um funeral, portanto, é aceitável dizer “é com muito pesar que trago meus sentimentos”, e não é aceitável dizer “é
com muito prazer que trago meus sentimentos”.
6. Conhecimento partilhado – conhecimento compartilhado entre as pessoas, entre quem estabelece uma interação. Essa interação se torna
possível graças à experiência comum dos envolvidos.
Quando contamos algo para determinada pessoa, um acontecimento ordinário, por exemplo, não é necessário entrarmos em detalhes.
Para esclarecer, se eu contar para alguém que sair no final para ir ao teatro, não preciso explicar o que é um teatro ou para que ele serve.
Se a pessoa possui o mesmo conhecimento sociocultural que eu, certamente irá recompor a história contada por mim.
Inferências – são as reflexões que fazemos a partir de alguma idéia, a partir de determinado texto. Incluem as deduções, conclusões que
construímos juntamente com quem conta ou escreve uma história, um fato etc.
Por exemplo, quando alguém diz que foi ao médico por problema no olho, podemos deduzir que está falando de um oftalmologista.
Fatores de contextualização – são elementos que compõem uma história, um texto: data, local, elementos gráficos etc. Uma história em
quadrinhos, por exemplo, pode economizar em texto aquilo que a imagem significa.
Situacionalidade – conhecimento de onde a história se situa, com todos os elementos necessários. Se contamos uma história que se passa
em um castelo, já temos algumas noções sobre os aspectos físicos de um castelo, como torre, escadas, masmorra etc.
Informatividade – trata da própria sequência do texto, da história. As informações antigas que devem ser recuperadas pelo ouvinte/leitor,
como, por exemplo, acionamento de informações que eu já conheça para inserir na sequência da narração e as informações novas, a
novidade apresentada pelo autor. Essa mescla de informação antiga e de informação nova constitui a própria sequência dos eventos do
texto, permitindo que haja um encadeamento lógico dos fatos.
Focalização – constitui-se no próprio foco do texto, no assunto a ser tratado. Isso evita que um texto cujo tema seja globalização passe a
falar mal dos países globalizados.
Intertextualidade – interação com outros textos, mecanismo importante para entendimento de determinadas mensagens.
Ocorre quando um texto faz alusão a outros textos, exigindo do leitor uma busca de informações fora do universo do texto em questão.
A interação com outros textos pode ser uma relação explicita quando apresenta a fonte do texto original e implícita quando é necessário
que o receptor tenha conhecimento suficiente do assunto para recuperar o texto original.
Analisando um texto: exemplo
Exemplo de análise textual:
Extraído de: SROUR, Robert Henry. Ética Empresarial: a gestão da reputação. Rio de Janeiro: Campus, 2003 p. 9. “O senso comum propala
que há poucos inocentes nas sociedades contemporâneas. Acresce, de forma provocadora, que as honrosas exceções, tão merecedora de
admiração, confirmam a regra de que “todo mundo tem um preço”. A generalização, porém, é abusiva. Por quê? Porque supõe que a
venalidade seja um traço congênito dos homens.
Ora, se muitos prevaricam, o mesmo não pode ser dito de todos. A razão disso reside nas condições históricas: nem todos os agentes sociais
ficam à mercê de situações de risco que podem levar alguns a cometer ações inidôneas; nem todas as sociedades propiciam iguais
seduções para que os agentes transgridam os padrões morais. De fato, ao açular ambições e ao aguçar apetites, as sociedades de
economias monetárias abrigam mais tentações do que as sociedades não mercantis e expõem mais as consciências à prova.
Visão geral: O autor apresenta neste parágrafo o problema da corrupção e observa a generalização da idéia segundo a qual todos nós temos
um preço. A corrupção seria um traço congênito. O autor discorda da tese. Não entende o fenômeno da corrupção como algo inato, mas um
traço cultural.
Vocabulário/conceitos pesquisados:
- Propalar: tornar público; divulgar; noticiar.
- Venalidade: qualidade de venal, do que pode ser vendido. Fig. qualidade daquele que se vende, prostitui ou deixa se corromper por
dinheiro ou outro valores,
- Congênito: que se manifesta desde o nascimento ou antes dele (doença congênita). Que se manifesta de maneira natural, espontânea;
inato.
- Açular: despertar ou aumentar energia ou disposição para algo; estimular; incentivar; instigar.
Conceito de senso comum: conjuntos de concepções geralmente aceita como verdadeiras em determinado meio social (cf. COTRIM, G.
fundamentos da Filosofia, História e grandes temas. São Paulo, 2000, PP. 46-47). Expressão do senso comum: “todo homem tem um preço”:
O mesmo que dizer somos todos corruptos!!! Somos venais, por natureza? Em todas as épocas e lugares encontramos exemplos de
corrupção. O que significa ser corrupto? A corrupção tem cura? O que exatamente difere uma pessoa corrupta de outra que não tolera
corrupção.
Esquematização:
1 – O autor problematiza a tese do senso comum segundo a qual todos têm um preço (“o senso comum propala...”);
2 – Parte da problematização do conceito de venalidade como um traço congênito (“todo mundo tem um preço”);
3 – Sob o ponto de vista histórico e cultural a concepção do senso comum se mostra abusiva (“nem todos os agentes sociais ficam à mercê
de situações...”);
4 – Observa que nas sociedades capitalista há uma fragilidade dos padrões morais (sociedades de economias monetárias X sociedades não
mercantis).
Síntese da aula
Nesta aula você:
a) Reconheceu os tipos de coerência;
b) Identificou os fatores de coerência;
c) Observou um exemplo de análise de imagem (quadro);
d) Verificou um exemplo de análise de texto
Aula 5 – Estudo Dirigido
Tipologia textual e gêneros textuais – parte 1
Ao final desta aula, você será capaz de:
1) Conhecer as diferentes organizações discursivas em diversos tipos de texto;
2) Reconhecer as características discursivas de diferentes textos.
3) Recuperar a informação do texto através de habilidades específicas.
Entendendo o cenário...
7. Sabemos que temos varias formas de nos comunicar através de textos, de discursos: contando fatos, documentando, expressando opinião,
expondo idéias... Enfim, podemos afirmar que é a intenção daquilo que queremos dizer que comanda o tipo do texto. Que tal um passeio
por alguns textos e suas características?
Os textos oficiais e formais visam estabelecer uma comunicação formal e documentada em ambientes de trabalho.
Os tipos mais comuns são memorandos, ofícios, avisos, requerimentos, pareceres, ordens de serviço e cartas comerciais.
Os textos literários desvelam a arte da palavra ao recriar a realidade a partir do olhar do artista.
Encontramos exemplos em fábulas, lendas, romances e poemas.
Os textos acadêmicos e científicos, entretanto, possuem características especificas.
- Focalizam com especial atenção a linguagem, a exatidão e a autenticidade dos dados e raciocínios apresentados.
- Exigem um rigor na utilização dos métodos e técnicas na sua elaboração.
- São classificados a partir do nível de aprofundamento de seus conteúdos e seus objetivos (resumos, resenhas, relatórios, artigos
científicos, monografias, dissertações e teses).
Conceituando gêneros textuais e tipologia textual: um pingo de teoria
Os gêneros textuais podem ser encarados como as diversas formas que um texto assume para
cumprir determinados objetivos, ou seja, para informar. Sendo assim, podemos admitir que diferentes formas de textos fazem parte de
nosso cotidiano, levando em conta que a comunicação atende a vários propósitos. Os gêneros textuais são praticamente infinitos, visto que
são textos orais e escritos produzidos por falantes de uma língua em um determinado momento, em um determinado contexto.
Os gêneros texuais, portanto, são diretamente ligados às práticas sociais. Alguns exemplos de gêneros textuais são carta, bilhete, aula,
conferência, e-mail, artigos, entrevistas, discurso de político, propaganda de televisão etc.
O tipo de texto, por sua vez, é limitado, pois refere-se à estrutura composicional da língua. De forma geral, temos cinco tipos textuais, a
saber: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção.
A narração é um tipo de texto em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos
personagens. Há uma relação de anterioridade e posterioridade, e normalmente apresenta-se no tempo verbal passado.
Quer ver um exemplo? Então vamos lá.
Numa noite chuvosa do mês de agosto, Paulo e o irmão caminhavam pela rua mal iluminada que conduzia à sua residência. Subitamente
foram abordados por um homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse
de um assalto. Era, entretanto, somente um bêbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa.
Argumentar é, basicamente, defender um ponto de vista. A partir de um tema (assunto), emitimos uma opinião (tese) e justificamos o
porquê daquela opinião (argumento).
Quer ver um exemplo? Então vamos lá.
Tem havido muitos debates sobre a eficiência do sistema educacional diante da realidade do jovem. O mais importante a se destacar sobre
esse tema é que não foi encontrada ainda uma solução eficaz para atrair os alunos de forma que possam se interessar mais a aprender. Um
bom passo para evitar essa falta de interesse seria adequar as disciplinas à realidade das novas tecnologias de comunicação, de forma que
o quadro negro não pareça uma ferramenta arcaica, obsoleta e incapaz de prender a atenção do aluno.
Exposição é um tipo de texto que visa mostrar conhecimento sobre determinado assunto, e não necessariamente defender uma opinião.
Apresenta informações sobre assuntos, expõe ideias, explica, avalia, reflete, analisa... O texto expositivo apresenta informações sobre um
objeto ou fato específico, sua descrição, a enumeração de suas características. Também é chamado texto informativo.
Quer ver um exemplo? Então vamos lá.
O Dia do Amigo foi adotado em Buenos Aires, Argentina, com o Decreto nº 235/79, sendo que foi gradualmente adotado em outras partes
do mundo. Foi criado pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro. Ele se inspirou na chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969,
considerando a conquista não somente uma vitória científica, como também uma oportunidade de se fazer amigos em outras partes do
universo.
A descrição é um tipo de texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras
mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever
sensações ou sentimentos. De forma geral, podemos dizer que descrever é “tirar uma fotografia” mental e depois tentar verbalizar essa
“fotografia”.
Quer ver um exemplo? Então vamos lá.
O clarinete é madeira, possui um tubo predominantemente cilíndrico formado por cinco partes dependentes entre si, em cujo encaixe
prevalece a cortiça, além das chaves e anéis de junção das partes de metal. Sua embocadura é de marfim com dois parafusos de regulagem,
os quais fixam a palheta bucal.
Injunção é um tipo de texto que serve para indicar como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva, e os verbos são, na sua maioria,
empregados no modo imperativo. Esse tipo de texto é comum em comerciais e manuais de ferramentas, por exemplo.
Quer ver um exemplo? Então vamos lá.
1. INTRODUÇÃO
O aparelho MCP5000 (Yokogawa) é um aparelho que mede a tensão de alimentação (tecla “V”), a corrente (tecla “A”) e a potência (tecla
“kW”) consumida, e a energia (tecla “kWh”) do aparelho a ser testado.
2. COMO LIGAR O YOKOGAWA?
• Conectar o Yokogawa à rede de energia;
• Verificar se a tensão indicada é compatível à tensão de alimentação do aparelho a ser testado;
8. • Ligar o aparelho a ser testado na tomada do Yokogawa.
3. COMO INICIAR UM ENSAIO?
Os valores obtidos em um ensaio devem ser registrados manualmente. Os valores máximos e mínimos da Tensão, da Corrente e da
Potência, assim como o valor da Energia e o Tempo programado de ensaio, ficam armazenados no Yokogawa por um período de 20h,
mesmo sendo desconectado da rede de energia. Os dados só serão perdidos se você apertar a tecla “RESET” ou ultrapassar o tempo limite
de armazenamento (20h).
Um tipo textual pode aparecer em qualquer gênero textual,da mesma forma que um único gênero pode conter mais de um tipo textual.
Uma carta, por exemplo, pode ter passagens narrativas, descritivas, injuntivas e assim por diante.
Agora iremos “colocar a mão na massa”. Você deverá ler dois textos diferentes que tratam do
mesmo assunto: doença. Esses textos, como você já deve estar antecipando, são distintos em sua finalidade e em sua estrutura (modo de
organizar o texto). Obviamente, são gêneros textuais diferentes. Depois de lê-los, tente responder à pergunta, como se vê a seguir.
INFORMAÇÕES AO PACIENTE
Ação do medicamento ou como este medicamento funciona
Buscopan composto é a combinação de dois medicamentos que aliviam de forma rápida e prolongada cólicas, dores e desconforto
abdominal (dores na região da barriga). O medicamento faz efeito logo depois de tomado e seu efeito dura por 6 a 8 horas.
INDICAÇÕES DO MEDICAMENTO OU POR QUE ESTE MEDICAMENTO FOI INDICADO
Buscopan composto alivia de maneira rápida e por longo tempo as cólicas, dores e desconforto abdominal.
RISCOS DO MEDICAMENTO OU QUANDO NÃO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO
CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS
Não devem usar Buscopan composto os pacientes com intolerância conhecida a antiespasmódicos (medicamentos contra cólicas) ou
analgésicos da família da dipirona (derivados pirazolônicos) ou com determinadas doenças metabólicas, como porfíria ou deficiência
congênita de glicose-6-fosfatodesidrogenase (doença com múltiplas manifestações clínicas, decorrentes de erros do metabolismo de
substâncias denominadas porfirinas).
COMO USAR
Este medicamento não pode ser partido ou mastigado. Siga corretamente o modo de usar. Não desaparecendo os sintomas, procure
orientação médica ou de seu cirurgião dentista.
Não use o medicamento com o prazo de validade vencido. Antes de usar observe o aspecto do medicamento. A suspensão do tratamento a
qualquer momento não causará danos ao paciente.
HEPATITE
É qualquer processo inflamatório do fígado, e tem como um dos sintomas o amarelão no corpo. Os processos podem ser infecciosos, como
no caso das hepatites virais, e não infecciosos, nos casos de hepatite por álcool, drogas e processos reumatológicos. As duas categorias
apresentam mortalidade associada. Nos casos agudos, são os ditos fulminantes (hepatites muito graves, com destruição completa do
fígado). “O leque de tratamento varia de acordo com o agente causal. No caso das hepatites virais, vai de medicamentos sintomáticos ao
uso de antivirais e drogas imunomoduladoras”, explica Jaime Rocha, infectologista da Diagnósticos da América∕DASA. Segundo ele, no caso
da hepatite B, o principal foco deve ser preventivo com a vacinação, que faz parte do programa nacional de imunizações.
Sabemos que é possível passarmos uma mensagem através de diferentes formas. Através da música,
por exemplo, podemos passar várias mensagens, inclusive para criticarmos algo. Podemos dizer que é a crítica com beleza. Beleza de
construções, de encadeamento de ideias, mas conservando o tom de discordância. Essas discordâncias, questionamentos, indagações,
posicionamentos fazem parte da especificidade dos textos dissertativos/argumentativos.
A música de Cazuza expressa o descontentamento com seu país. Entretanto, notamos que ele não apresenta um texto tradicional que
expresse explicitamente isso. Podemos dizer que o texto traz uma argumentação em torno de determinado assunto, construída através
de organização linguística específica.
Selecionamos outro texto que, igualmente à música de Cazuza, expressa uma crítica, e como tal, percebemos a argumentação que
autor faz para construir seus argumentos e defender sua ideia: criticar determinado programa. É muito comum, nesses textos, o
autor utilizar estratégias discursivas para convencer o leitor de que seu ponto de vista está correto. Isto é feito através dos
argumentos que utiliza, da maneira como escreve determinadas ideias, as palavras e construções que articula... Enfim, estratégias
que contribuem para tornar mais convincente ou não as ideias defendidas pelo autor.
9. É importante, na apresentação de diversos tipos de texto, que possamos perceber que eles têm objetivos, sendo esses os objetivos que
determinam a organização das informações, a seleção do vocabulário, das construções. Logo, é fundamental que, antes mesmo da
construção de determinado texto, identifiquemos o objetivo da mensagem.
Vamos elaborar um esquema daquilo que apresentamos até agora?
Aula 6 – Estudo Dirigido
Tipologia textual – parte 2: narrar, expor, argumentar, dissertar. Gêneros textuais: conto, crônica, petição
Ao final desta aula, você será capaz de:
1) Reconhecer diferentes organizações discursivas em diferentes tipos de texto;
2) Identificar as características discursivas de diversos textos;
3) Recuperar a informação do texto através de habilidades específicas.
Começando com uma breve análise...
Você irá ver agora um conto e uma crônica, com textos que trazem, basicamente, os mesmos elementos: personagens, acontecimentos,
local, tempo. Mas também são gêneros textuais diferentes. Sendo assim, particularizam-se por alguns detalhes.
Conto:
O vulto na janela
Olhava aquele vulto pela janela.
Com a bruma que vinha do mar naquela tarde de plúmbeos céus, não conseguia distinguir as feições.
Estava sentado a uma mesa. Só. Uma mesa encostada à vidraça daquele café sobre o mar.
A umidade daquele mar tormentoso, o ligeiro embaçar do vidro mostrando que a temperatura ali dentro era bem superior à do vento frio
que soprava do norte davam uma opacidade mágica ao vidro, que tornava o seu interior mais confortável e acolhedor do que o seu barco
atracado na praia.
Olhava aquele vulto sentado junto à janela. Não podia aperceber-se do que estava pousando na mesa. Um café quente, uma água
refrescante, um simples sumo de laranja ou um exótico suco de frutos raros. Podia ser ainda um sensual copo de vinho tinto.
Não sabia se era homem ou mulher, novo ou velho. Era, adulto, sim, tinha a estatura e postura de adulto.
Parecia-lhe feliz. Um vulto afortunado que numa tarde invernosa relaxava com uma bebida num café sobre o mar.
Enquanto ele atracava o barco na praia, ao sabor do frio e do vento de norte no meio das tão famosas brumas que o Atlântico empresta,
por vezes, ao final da tarde.
Ficou feliz por saber que há gente que pode passar uma tarde no café sobre o mar enquanto ele ganha a vida, arriscando-a naquele
pequeno barco, agora atracado na praia.
Sentiu inveja, uma inveja saudável daquele vulto, que parecia feliz e confortável, que desfrutava de uma bebida numa janela sobre o mar.
Só não sabia que esse vulto chorava.
Comentário sobre o conteúdo acima.
Reconhecemos o conteúdo como um conto, uma narrativa, porque localizamos personagens, fatos, local e tempo. Esses elementos nos
remetem a um contexto tal que podemos refazer normalmente o cenário da história e construirmos o entendimento ou não do que
estamos lendo. O entendimento não será bom se não pudermos refazer mentalmente essa história. Outro aspecto, até curioso, é o fato de
que podemos contar esta história em qualquer época. O tempo de ocorrência já estará escrito na narrativa, não é preciso se recorrer a um
tempo real.
Você deve estar se perguntando se não se pode construir contos com fatos reais. Sim, claro que isso é possível! Porém o conto, como tem a
função fundamental de contar uma história que poderá ser situada num tempo específico, vai criar uma realidade.
Por isso é possível o leitor poder contar a história em qualquer época, porque ela tem contexto próprio.
Crônica
Almoço de domingo
No ultimo domingo o povo aqui em casa me pediu pra fazer nhoque. Então vamos a ela! Estava passando as batatas pelo espremedor e me
lembrei da primeira vez que fiz nhoque pra minha filha. Ela era ainda bem pequena, ainda nem falava direito. E foi uma farra. Ela achou
muito divertida esse negocio de fazer rolinhos finos e compridos e depois cortá-los em umas quase “bolinhas”.
Eu cortava e ela espalhava sobre a mesa bem enfarinhada, matracando o tempo todo.
10. Quando acabamos, cobrir tudo com um pano bem limpo e fui fazer sei lá o quê. Depois de um tempinho me toquei que a Beatriz tava
muuuuito quieta:
- Biaaaa...que tá fazendo?
- Tô brincando!
Segui a vozinha que vinha da cozinha e quando lá cheguei:
- Jesus! Que ce ta fazendo...?
- To amassando as boinhas...
Comemos espaguete!
Comentários
O texto “Almoço de Domingos”, por ser uma crônica, conta fatos do cotidiano, fatos reais: necessita que o tempo, as personagens e o local
sejam esclarecidos, porque não traz um contexto pronto. Logo, precisa do contexto da situação, exatamente por lidar com fatos do
cotidiano. As crônicas também apresentam outro aspecto, como de analisar, comentar, argumentar, criticar determinadas situações.
Assim, um grande propósito do contexto da crônica é aproveitar o fato para fazer comentários e até apresentar aspectos divertidos da
situação.
Atividade proposta
Faça uma leitura atenta de o texto a seguir, exercitando a habilidade de localizar informações relevantes para solucionar determinado
problema apresentado. Tal habilidade se reflete na identificação dos objetos do texto, os possíveis leitores etc.
Após esse entendimento, é possível identificar o gênero e que aspectos relevantes existem para identificá-lo. Essa será a sua tarefa:
Identificar o gênero e justificar sua escolha.
Sinceridade de criança
Era uma época de “vacas magras”. Morava só com meu filho, pagando aluguel, ganhava pouco e fui convidada para a festa de aniversário
de uma grande amiga.
O problema é que não tinha dinheiro mesmoooooo.
Fui a uma relojoaria à procura de uma pequena jóia, ou bijuteria mesmo, algo assim, e pedi a balconista:
- Queria ver alguma coisa bonita e barata, para uma grande amiga!
Ela me mostrou algumas peças realmente caras, que na época eu não podia pagar.
Então eu pedi:
- Posso ver o que você tem assim, assim...alguma coisa mais baratinha? – e a moça me trouxe um pingente folheado a ouro...bonito e
barato.
Eu gostei e levei.
Quando chegamos ao aniversário (eu e meu filho), fomos cumprimentar minha amiga, que ao abrir o presente disse:
- Nossa, muito obrigada!!!!! Que coisa linda!!!!!
E meu filho na sua inocência de criança bem pequena, sem saber o que significa a expressão “baratinha”, completou:
- Era a mais barata que tinha!!!:-((
Qual o gênero textual de Sinceridade da Criança: É um conto ou uma crônica? Trata-se de uma crônica.
Que características determinaram sua escolha? As características gerais de uma crônica são: a) Relação com a vida cotidiana; b) Narrativa
informal, familiar, intimista; c) Uso da oralidade na escrita: linguagem coloquial; d) Uso do humor.
Observando outro texto...
EXMO. SR. DR. JUIZ DA VARA DO TRABALHO DA 1* REGIÃO – RIO DE JANEIRO/RJ
MARIA DAS DORES, brasileira, casada, atendente, portadora da carteira de identidade n* ____________________ e CTPS n*
_________________, série______________, inscrita no CPF n*_________________e PIS_____________,
Filha de __________________, residente e domiciliada na___________________________, CEP:_______________,
Vem por seu advogado, com endereço profissional_____________________________________, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
pelo rito ______________________, em fase de ______________________, inscrita no CNPJ sob n* ____________
estabelecida na _____________________, CEP:___________________, pelos fatos e fundamentos que se seguem:
DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
Compareceu a Reclamante ao sindicato de sua categoria profissional, não tendo sido realizada tentativa de cordo em razão de não ter sido
instituída a Comissão de Conciliação prévia no âmbito daquele órgão.
DOS FATOS
A Reclamante foi admitida pela Reclamada em 10 de junho de 2006, para exercer a função de atendente, recebendo como última e maior
remuneração o valor de R$ 391,00 (trezentos e noventa e um reais), sem anotação em sua CTPS, vindo a ser demitida sem justa causa em
28 de fevereiro de 2007, sem que lhe fossem pagas as verbas rescisórias a que fazia jus.
Sua jornada de trabalho era de segunda a segunda de 09:00h até as 17:00h, com uma folga semanal, sendo uma destas um domingo ao
mês.
DOS FUNDAMENTOS
DO VINCULO EMPREGATÍCIO:
A Reclamante exercia suas funções de forma subordinada para a Reclamada, com pessoalidade, recebendo como contraprestação salário,
preenchendo todos os requisitos para a configuração do vinculo empregatício.
A relação empregatícia é a figura do empregado emergem como resultado da combinação, em um certo contexto sociojurídico, dos cinco
elementos fático-jurídicos: a) prestação de trabalho por pessoa física a um tomador qualquer; b) prestação efetuada com pessoalidade pelo
trabalhador; c) também efetuada como não eventualidade; d) efetuada ainda com subordinação ao tomador dos serviços; e) prestação de
trabalho efetuada com onerosidade.
A CLT aponta esses elementos em seu art. 3*:
ART. 3* - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviço de natureza não eventual ao empregador, sob a dependência dele
e mediante salário.
Já no ART. 2* do mesmo diploma legal, define a figura do empregador como
ART. 2* - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e
dirige a prestação de serviços.
11. Logo temos que empregado é todo trabalhador não eventual, cujo trabalho é prestado intuitu personae (pessoalidade) por pessoa física,
em situações de subordinação, com onerosidade.
Pelo exposto acima, demonstrando está que a Reclamante sempre atuou como empregada da Reclamada, preenchendo todos os requisitos
necessários para a determinação do vinculo empregatício.
DO VALOR A SER PAGO
DO SALDO SALARIAL NÃO PAGO
Existe saldo salarial inadimplido correspondente ao mês de fevereiro/07, no montante de R$ 391,00 (trezentos e noventa e um reais), valor
este que não foi pago à reclamante, devendo a reclamada proceder ao seu pagamento na audiência inaugural, sob pena do pagamento do
valor em dobro conforme impõe o ART. 467 da CLT.
DO AVISO PRÉVIO E DO FGTS
Não houve comunicação de aviso prévio e não lhe foram pagas as verbas rescisórias que fazia jus, como previa o ART. 477,inciso 6* da CLT,
sendo certo que a reclamada, durante todo o pacto laboral, não efetuou nenhum deposito sob tal rubrica em conta fundiária da
reclamante.
Deste modo, é aplicável não só a multa devida pelo retardo no pagamento das verbas rescisórias, mas conforme determina o ART. 477
inciso 8*, da CLT, mas também o pagamento das verbas atinentes ao aviso prévio e FGTS, neste último caso incidindo sobre o período de
aviso prévio devido, tudo na forma do ART. 487 do mesmo diploma legal e do Enunciado n* 305 do TST, importâncias que devem ser
acrescidas da multa de 40% em razão da demissão imotivada.
DA GRATIFICAÇÃO NATALINA
Trata-se de gratificação natalina aquela que corresponde a 1/12 da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço ou fração de 15
dias trabalhados a ser pago até dia 20 de dezembro, independente da remuneração que o empregado fizer jus, conforme dispõe o ART. 7*,
VIII da CRFB.
Sendo assim, faz jus a Reclamante à gratificação natalina proporcional na razão de 7/12 do ano de 2006 e na razão de 3/12 do ano de 2007,
devido à projeção do aviso prévio.
DAS FÉRIAS
O descanso anual remunerado é consagrado em todas as legislações por questões médicas, familiares e sociais, previsto na CRFB no seu
ART. 7*, XVII e na CLT no seu ART. 129.
Desta forma, faz jus a Reclamante a receber os valores referentes às férias proporcionais (10/12) acrescidas de 1/3 constitucional referente
ao período 2006/2007, com a projeção do aviso prévio.
DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a V.Ex* a procedência dos pedidos elencados, aplicando-se o ART. 467, no que couber:
1.A concessão do beneficio da Gratuidade de Justiça;
2.O reconhecimento do vinculo empregatício entre a reclamante e a reclamada, no período de 10 de junho de 2006 a 28 de fevereiro de
2007, com a devida anotação na CTPS da Reclamante;
3.O pagamento das seguintes verbas, corrigidas monetariamente, aplicando-se o ART. 467 da CLT no que couber:
a.Saldo salarial do mês de fevereiro/07, no valor de R$ 391,00;
b.Aviso prévio no valor de R$ 391,00, acrescido do FGTS sobre ele incidente, no valor de R$ 31,28 na forma do Enunciado n* 305 do TST,
totalizando R$ 422,28;
c.Décimo terceiro salário proporcional de 2006 (7/12) no valor de R$ 228,08, acrescido do FGTS sobre ele incidente, no valor de R$ 18,25
totalizando R$ 246,33;
d.Férias proporcionais (10/12), no valor de R$ 325,83, conforme disposto no Enunciado n* 171 do TST, acrescido de 1/3 (108,61), conforme
ART. 7*, inciso XVII da CRF/88, no valor total de R$ 434,44;
e.A entrega das guias do FGTS referente a todo o período laborado, ou o pagamento do mesmo diretamente à Reclamante, na importância
de R$ 312,80, importância a ser atualizada monetariamente e acrescida de juros;
f.Entrega das Guias do Seguro Desemprego ou indenização equivalente, no valor de R$ 1.564,00;
g.Pagamento de 40% (quarenta por cento) sobre o montante total devido a titulo de FGTS, no valor de R$ 125,12;
h.A aplicação da multa pelo retardo no pagamento das verbas rescisórias, no valor de R$ 391,00, prevista no ART. 477 inciso 8* da CLT.
4.O pagamento de honorários advocatícios na razão de 10% sobre o valor da condenação;
5.A atualização monetária e adição de juros legais a todo o quantum condenatório;
6.A expedição de oficio à DRT, CEF e INSS;
CONCLUSÃO
Isto posto, requer a Reclamante que se digne V.Ex. determinar a notificação da Reclamada, para contestar a presente, sob pena de revelia e
confissão da matéria de fato, esperando ao final ver julgados procedentes os pedidos formulados na presente Reclamatória.
DAS PROVAS
Requer, ainda, a produção de todos os meios de prova em direito admissíveis, especialmente documental, testemunhal e depoimento
pessoal da Reclamada, sob pena de confissão.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a presente causa o valor de R$ 3.867,97 (três mil oitocentos e sessenta e sete reais e noventa e sete centavos).
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, _______/______/________
Ass. do Advogado
OAB
Comentário do Professor
O texto mostrado pode ser identificado como “a forma de pedir”, reivindicar através da lei. Claro que para ser legitima esta forma de
reivindicação, os motivos, os fatos devem possibilitar esta ação. Caso contrário, o “pedido”, a petição não será considerada.
Podemos deduzir alguns pontos:
- O texto se constitui numa forma de reivindicar direitos;
12. - Claro que esta forma de reivindicação não é feita somente através de textos desta natureza;
- Esta forma de reivindicação de direitos é utilizada na área jurídica. Lida com os direitos legais das pessoas e é uma forma extremamente
formal de texto.
Note que toda petição, todo texto é formado de várias partes, para que seja bastante claro para quem o leia. O autor da petição, o
advogado, identifica as partes que compõe o texto, narra os fatos e argumenta, deixando claro que o direito de alguém foi violado e o fato
necessita ser reparado. O juiz de direito irá julgar todo o pedido e declarar quem é o vencedor, pois um processo aberto requer algumas
petições: a que inicia o texto da outra parte que tem direito de contestar etc. De modo que o que para nós é relevante é o fato de poder
articular uma estratégia de convencimento organizada através do texto argumentativo. Se alguém reclama que seu direito foi violado e
quer a reparação, quem está sendo acusado também pode querer mostrar que é inocente, na verdade, é uma espécie de “jogo” em que
muitos querem ganhar.
Em entrevista ao terramérica, o escritor português José Saramago afirmou:
As tragédias ecológicas são importantíssimas, mas as humanas talvez sejam mais.
(Neste primeiro parágrafo do texto, o autor lança sua tese (as tragédias humanas são mais importantes que as ecológicas). Por se tratar de
uma posição polêmica, principalmente em meio às discussões sobre ecologia , ele irá justificar o porquê de pensar assim).
Uma árvore pode, mais ou menos, ressuscitar, uma floresta, um bosque, se cuidarmos deles. Mas os mortos não ressuscitam, não há
maneira de devolvê-los à vida. Se é verdade que devemos nos preocupar com a catástrofe ecológica, não é manos certo que se deve pensar,
sobretudo, na catástrofe que será a morte de uma quantidade de seres humanos, que nem podemos imaginar.
(Para justificar sua tese, o autor abre mão de um argumento (as árvores podem ser recuperadas, mas a vida humana não). Provavelmente o
autor se refere às diversas campanhas (e o dinheiro arrecadado) para “salvar o planeta”, embora haja pouco dinheiro para salvar as
tragédias humanas (como a epidemia de AIDS na Áfirca, por exemplo) ).
O meio ambiente é muito importante, mas vamos nos preocupar com algo mais. Tenho um jardim e cuido muito de minas árvores.
Entretanto, estou mais preocupado com as pessoas que vivem dentro de minha casa.
(O terceiro parágrafo do texto serve para ratificar a tese apresentada pelo autor no primeiro parágrafo. Para tal, ele usa de uma analogia
(comparação), que é um poderoso recurso lingüístico-discursivo na construção da argumentação).
Como vimos, os gêneros textuais surgem em decorrência da necessidade que o homem tem de se comunicar de acordo com as
circunstâncias em que se encontra. Assim, ele não pode levar apenas em consideração a modalidade linguística, deve adequar o seu texto
ao receptor, ao conteúdo de sua mensagem, ao objetivo que pretende alcançar e mesmo ao veículo que servirá de canal de comunicação.
Se o meio é a música, ao elaborar a mensagem, o autor empregará recursos como ritmo, rima, refrão, entre outros, para transmitir suas
idéias ou sentimentos.
Na publicidade, por exemplo, observam-se vários tipos de suporte para divulgar um produto ou serviço: a televisão, o outdoor, o busdoor, o
rádio, o cinema, a evista, o jornal e a internet, entre outros.
Para tornar-se mais eficiente, o gênero se adapta ao veículo procurando aproveitar os recursos que cada um oferece; como o som, a
imagem ou a velocidade de transmissão, por exemplo.
A propaganda tem por objetivo influenciar o receptor da mensagem a adquirir um produto ou um serviço, mas também pode procurar
mudar uma atitude. São bons exemplos as campanhas de antitabagismo, consumo consciente de recursos naturais, direção responsável,
controle de poluição do meio ambiente, entre outras.
Na propaganda do Ministério da Saúde contra o hábito de fumar, podemos perceber a intenção de convencer o receptor a parar de fumar.
Para atingir o seu objetivo, o emissor empregou a ambiguidade, ou duplo sentido, da palavra “droga”, pois estamos acostumados a associar
o seu significado às drogas ilícitas, e não às substâncias químicas. Ao enfatizar o significado com o qual não estamos habituados, o emissor
pretendeu provocar uma sensação de estranhamento diante da mensagem e, consequentemente, captou a atenção do receptor.
Serenou na madrugada
Fagner
Composição: Folclore - Adaptação de raimundo Fagner
A minha amada me mandou um bilhetinho
Só pra ver se eu conhecia a letra dela.
A letra dela já era conhecida
Ela me amava, eu também amava ela
Mandei fazer um buquê pra minha amada
De bonita fulô mais disfarçada
O nome dela era estrela matutina
Adeus menina, serenou na madrugada
Na música folclórica, “serenou na madrugada”, “eu-lírico” conta que recebeu uma mensagem de sua amada; mas, na verdade, ela queria
saber se ele conhecia a letra dela.
No tempo em que se enviavam bilhetes e cartas, as mensagens demoravam dias e até semanas para chegar aoss seus destinatários.
A rapidez na transmissão de conteúdos propiciada pela internet deu origem a gêneros adaptados à especificidade do espaço cibernético. O
e-mail é um bom exemplo de um novo gênero e de suporte, pois podemos enviar uma mensagem via e-mail ou enviar um e-mail. Qual é a
diferença?
É simples: o correio eletrônico é o meio pelo qual enviamos mensagens e também dá nome ao tipo de mensagem que se envia por correio
eletrônico. Para Luiz Marcuschi, um estudioso de gêneros textuais, o e-mail é muito semelhante à carta, no entanto pode levar, em anexo
ou em seu corpo, outros textos de gêneros variados como noticias, currículos, ofícios, receitas e fotos.
Como vimos, os gêneros textuais são dinâmicos porque também a realidade e os meios de comunicação são aperfeiçoados
constantemente pelos avanços tecnológicos.
Hoje, conviver em sociedade exige atualização, assimilação e uso dos novos meios para a participação efetiva.
Revisão
“O jagunço é o homem que, sem abandonar o seu roçado ou o seu curral de bois de cria, participa de lutas armadas ao lado de amigos ricos
ou pobres.
Observadores apressados costumam ver o jagunço como um tipo à parte, na
sociedade do vale, trajando-se diferente dos outros, vivendo uma vida à margem das outras vidas. Mas não há engano maior, pois o
jagunço é um homem como os outros. O seu chapéu de couro é o mesmo que o vaqueiro usa. O mesmo homem que campeia, perseguindo
os bois nas vaquejadas, quando necessário, despe o gibão e o jaleco, tira as perneiras e solta o gado, troca a vara-de-ferrão por um fuzil,
13. quebra o chapéu de couro na frente e vai brigar como um guerreiro antigo. Não é preciso tirar carta de valente para ser jagunço. Jagunço
todo mundo é, no sertão os covardes nascem mortos”. (texto descritivo)
(narração) O rapaz, depois de estacionar seu automóvel em um pequeno posto de gasolina daquela rodovia, perguntou a um funcionário
onde ficava a cidade mais próxima. Ele respondeu que havia um vilarejo a dez quilômetros dali.
(descrição) Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza incalculável. Ao centro avista-se um lago de águas
cristalinas. Através delas, vemos dança rodopiante dos pequenos peixes. Em volta desse lago pairam, imponentes, árvores seculares que
parecem testemunhas vivas de tantas histórias que se sucederam pelas gerações. A relva, brilhando ao sol, estende-se por todo aquele
local, imprimindo à paisagem um clima de tranqüilidade e aconchego.
(dissertação) Acreditamos firmemente que só o esforço conjunto de toda a nação brasileira conseguirá vencer os gravíssimos problemas
econômicos, por todos há muito conhecidos. Quaisquer medidas econômicas, por si só, não são capazes de alterar a realidade, se as
autoridades que as elaboram não contarem com o apoio da opinião pública, em meio a uma comunidade de cidadãos conscientes.
Aula 7 – Estudo Dirigido
Estrutura do parágrafo
Ao final desta aula, você será capaz de:
1) Identificar a estrutura do parágrafo;
2) Reconhecer o tópico frasal e seu desenvolvimento.
Afinal, o que é parágrafo?
Comecemos pelo sinal que o representa: §. Esse sinal simboliza dois “S” unidos, abreviação do latim signum seccione. Indica,
como o nome diz, um sinal de corte, de fragmentação, de seção. Essa é a ideia do parágrafo: ele contem uma unidade, que é
parte de um todo.
Na redação das leis, o símbolo do parágrafo é constantemente usado para indicar as seções de um mesmo artigo. Vejamos um
exemplo da Lei 8.742, de 07/12/1993 (dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências):
Art. 9º O funcionamento das entidades e organizações de assistência social depende de prévia inscrição no respectivo Conselho
Municipal de Assistência Social, ou no Conselho de Assistência Social do Distrito Federal, conforme o caso.
§ 1º A regulamentação desta lei definirá os critérios de inscrição e funcionamento das entidades com atuação em mais de um
município no mesmo Estado, ou em mais de um Estado ou Distrito Federal.
Parágrafo tem espaço ou não?
Quando aprendemos a escrever, nossos professores frisavam a importância do espaço de dois dedos antes de começar cada parágrafo. Esse
procedimento estabelecia a necessidade de demarcar, na construção de nosso texto, a mudança de enfoque em relação ao assunto. Clique
aqui para saber mais sobre espaçamento.
Em tempos modernos, especialmente na internet, é comum não haver espaço para início do parágrafo, embora a ABNT determine um
espaçamento obrigatório.
Como iniciar um parágrafo?
Como vimos, o parágrafo é uma unidade de texto composta por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada idéia
central ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.
Denominamos tópico frasal a idéia central ou nuclear (cf. GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. 20* edição. São Paulo:
Fundação Getúlio Vargas, 2001).
Tipos mais comuns de tipologia frasal
Declaração inicial, definição, divisão, interrogação, alusão/citação.
Momento de análise: exemplo de parágrafo argumentativo
As tragédias ecológicas são importantíssimas, mas as humanas talvez sejam mais. (Tópico frasal por declaração inicial). Uma árvore pode,
mais ou menos, ressuscitar, uma floresta, um bosque, se cuidarmos deles. Mas os mortos não ressuscitam, não há maneira de devolvê-los à
vida.(Comparação de situação para reforçar a declaração inicial). Se é verdade que devemos nos preocupar com a catástrofe ecológica, não
é manos certo que se deve pensar, sobretudo, na catástrofe que será a morte de uma quantidade de seres humanos, que nem podemos
imaginar.(Explanação/explicação da declaração inicial).
Mas o parágrafo não se limita ao tópico, não é mesmo? O texto que se segue ao tópico no espaço do parágrafo chama-se desenvolvimento
de parágrafo. Apresentamos alguns deles para que você se inspire na elaboração de seus textos e para que fique mais atento, seja capaz de
produzir INFERÊNCIAS, deduções, quando estiver lendo e produzindo sentidos com suas leituras.
Tipos mais comuns de desenvolvimentos
Explanação da declaração inicial, enumeração de detalhes, comparação e causa/conseqüência.
(Re)explicando...
Os estudos sobre parágrafos que apresentamos e os exemplos de diferentes organizações de tópico frasal mostram as possibilidades de
organização de textos, bem como podem auxiliar você na hora de escrever. Entretanto, lembre-se: não existe uma regra, nem meros
“esquemas”. A criatividade, a fluidez e a organização do pensamento são as maiores armas para um bom texto.
As possibilidades de organização que vimos envolvem as diferentes intenções que o autor possui ao organizar um texto: 1) fazer suspense
em um texto narrativo e/ou descritivo; 2) ilustrar/convencer o leitor em textos dissertativos e/ou argumentativos etc.
Importante é perceber que o tópico frasal marca uma organização do assunto, e que, a partir dele, a ideia necessita ser desenvolvida.
Revisão
O texto a seguir é formado por 3 parágrafos. Identifique o tópico ou idéia principal de cada parágrafo . Verifique que essas ideias iniciais são
desenvolvidas pelo autor. Ele apresenta uma ideia em cada parágrafo e tece um comentário sobre ela
O conflito do Tibete, que se arrasta desde o século 13, requer solução pacífica pautada pelo signo da não-violência. Invadida pela China em
1950, a província luta pela autonomia há cinco décadas. Pequim resiste. Além de constante desrespeito aos direitos humanos, procede ao
que o dalai-lama denomina “genocídio cultural” — sistemático esmagamento das tradições da região.
Com o controle dos meios de comunicação, as autoridades chinesas exercem violenta censura à informação e à livre circulação de pessoas.
A tevê só mostra imagens liberadas pelos administradores locais. O mesmo ocorre com as notícias e certos sítios da Internet. Jornalistas e
turistas encontram as fronteiras fechadas.
Torna-se difícil, assim, avaliar as dimensões e as conseqüências dos protestos que eclodiram recentemente. Pequim soma 13 mortos. Os
14. tibetanos falam em mais de 100 e de centenas de prisões de dissidentes. Suspeita-se, com razão, do incremento da repressão.
Correio Braziliense, 20/3/2008 (com adaptações): Embora haja controle dos meios de comunicação e das fronteiras, suspeita-se do
aumento da repressão no Tibete, que luta pela autonomia, pois é ocupado pela China há mais de cinqüenta anos;
Considerando as relações lógicas do texto, assinale a opção que constitui continuação coesa e coerente para o fragmento de texto :
A crescente escassez de profissionais qualificados no mercado de trabalho doméstico está obrigando a Companhia Vale do Rio Doce a
lançar uma campanha global de recrutamento para arregimentar pessoal especializado nos EUA, na Inglaterra, na Austrália e no Canadá. A
previsão é de 62 mil contratações nos próximos cinco anos.
O Estado de S.Paulo, 21/3/2008 (com adaptações): Essa é a iniciativa mais audaciosa já tomada por uma empresa brasileira em matéria de
oferta de emprego, e é mais uma das conseqüências da globalização da economia;
Aula 8 – Estudo Dirigido
Raciocínio Argumentativo
Ao final desta aula, você será capaz de:
1) Demonstrar a compreensão leitora de raciocínio indutivo e de raciocínio dedutivo;;
2) Identificar diferentes tipos de argumento.
Um pingo de filosofia: raciocínio indutivo
Muitas vezes, para formularmos um ponto de vista, uma opinião, precisamos analisar diversas situações que nos levam a uma conclusão
(tese). Nesse caso, estamos tratando de um raciocínio indutivo. A Indução é o princípio lógico segundo o qual deve-se partir das partes para
o todo. Ou seja, ao fazer uma pesquisa, deve-se ir coletando casos particulares e, depois de certo número de casos, pode-se generalizar,
dizendo que sempre que a situação se repetir o resultado será o mesmo.
A base desse princípio, portanto, é a experimentação. Vamos ver um exemplo?
Pasteur: Louis Pasteur (1822 – 1895) foi um cientista francês de grande importância para o conhecimento científico, em especial para a
Física e a Química. A técnica denominada pasteurização faz referência a ele.
As ovelhas: Em uma das suas experiências, organizou sessenta ovelhas da seguinte maneira: dez permaneceram sem qualquer tratamento;
vinte e cinco foram inoculadas com uma determinada bactéria denominada bacilo de carbúnculo; as demais foram previamente vacinadas e
depois inoculadas com a mesma bactéria usada no grupo anterior.
A hipótese: Para Pasteur, toda enfermidade infecciosa tem sua causa (etiologia) num micróbio com capacidade de propagar-se entre os
seres. Deve-se buscar o micróbio responsável por cada enfermidade para se determinar um modo de combatê-lo. Nesse caso, o método de
inoculação preveniu a propagação da bactéria.
O resultado: Algum tempo depois, Pasteur verificou que as vinte e cinco ovelhas não vacinadas morreram, e aquelas que foram
devidamente tratadas com a vacina não sofreram qualquer alteração.
A comprovação: De todo o esforço de Pasteur resulta claro que o pesquisador deve ser paciente, corajoso. Nosso cientista francês não só
observou, mas também fez experiências que ajudaram a provar que aquela doença é resultado de algum tipo de germe, e que se
descobrirmos esse microrganismo, podemos combatê-lo.
Podemos afirmar que o trabalho do cientista se desenvolve em fases ou momentos tais como a experimentação, a formulação de uma
hipótese, a repetição de um experimento, a testagem da hipótese e, por fim, a criação de uma formula ou lei que poderá ser aplicada a
todos os fenômenos.
Um pingo de filosofia: raciocínio dedutivo
Por outro lado, também podemos ter uma ideia geral, uma visão geral sob um determinado tema, que será comprovada a partir da
verificação de alguns casos particulares. Nesse caso, estamos tratando de um raciocínio dedutivo. A dedução é o princípio lógico segundo o
qual devemos partir do geral para o particular. Assim, devemos primeiro criar uma lei geral e depois observar casos particulares e verificar
se essa lei não se contradiz. Para os adeptos da dedução, o cientista não precisa de mil provas indutivas. Basta uma única prova dedutiva
para que a lei possa ser considerada válida.
A base desse princípio, portanto, é a observação. Vamos ver um exemplo?
Atormentado com o problema do movimento, Copérnico releu várias vezes as obras dos filósofos antigos na tentativa de encontrar uma
resposta. Ao reler Cícero, observou que este pensador romano mencionara a opinião de um pensador antigo do séc. V. a.C. chamado Iceta
de Siracusa, segundo o qual a Terra estaria em movimento.
Continuando em suas pesquisas, descobriu ainda que os pitagóricos Filolau e Ecfanto, bem como Heraclides de Ponto, acreditavam que a
Terra girava. Encorajado nesta tese supostamente absurda, afirmou que tudo estava em movimento.
Em síntese, Copérnico defendeu as seguintes teses: 1. A Terra é esférica; 2. A Terra se move em um círculo orbital em torno do seu centro,
girando também sobre o seu eixo; 3. A Terra não era o centro do mundo, mas o Sol. Com tais idéias, Copérnico conseguiu se tornar o ponto
de partida para pensadores posteriores: o ponto de partida para uma nova astronomia.
Sua obra foi inicialmente considerada por teólogos influentes como instrumentalista, ou seja, suas descrições seriam tomadas apenas como
instrumentos úteis para efetuar previsões e dar explicações sobre os corpos celestes. Na verdade o próprio Copérnico a considerava uma
teoria realista, porque entendia que esse era o compromisso do filósofo: buscar a verdade.
Mas o que isso tem a ver com Argumentação?
Um argumento é um conjunto de afirmações encadeadas de tal forma que se pretende que uma
delas, a que chamamos a conclusão (ou tese), seja apoiada por outras afirmações (os argumentos
propriamente ditos). A diferença mais importante entre um argumento e um raciocínio é que num
argumento pretendemos persuadir alguém de que a conclusão é verdadeira, ao passo que num
raciocínio queremos apenas saber se uma determinada conclusão pode ser justificada ou não por um
determinado conjunto de afirmações.
Sempre que argumentamos, temos o intuito de convencer alguém a pensar como nós. No momento
da construção textual, os argumentos são essenciais, esses serão as provas que apresentaremos, com o propósito de defender nossa ideia e
convencer o leitor de que essa é a correta. Para tal, muitas vezes precisamos usar a lógica indutiva e/ou dedutiva para formularmos nossos
argumentos, bem como usar outras estratégias.
Tipos de argumento mais comuns
15. Argumento de Autoridade: (Definição) A conclusão se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no
assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim,
uma autoridade no assunto abordado. A citação pode auxiliar e deixar consistente a tese.
Exemplo: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não sofrermos os efeitos diretos de tal miséria.
Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de jornal ou nos programas televisivos. Ou, como diria Caetano Veloso, “o Haiti é aqui”.
Argumento por causa e conseqüência: (Definição) Para comprovar uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os
porquês) e de conseqüência (os efeitos).
Exemplo: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não sofrermos os efeitos diretos de tal miséria.
Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de jornal ou nos programas televisivos. Em virtude da negligência do poder público ao longo de
décadas, hoje temos uma parcela desprovida de instituições que possam atuar (ou extinguir) tal problema.
Argumento de Exemplificação/Ilustração: (Definição) A exemplificação consiste num relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse
recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados
concretos.
Exemplo: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não sofrermos os efeitos diretos de tal miséria.
Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de jornal ou nos programas televisivos. Um exemplo claro disso é e a diferença na taxa de
mortalidade infantil entre os estados da região sul e os estados da região nordeste.
Argumento de provas Concretas ou senso comum: (Definição) Ao empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos
evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, extraída da realidade.
Podem ser usados dados estatísticos ou fatos notórios (de domínio público).
Exemplo: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não sofrermos os efeitos diretos de tal miséria.
Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de jornal ou nos programas televisivos. Alguns estados brasileiros estão em situação alarmante.
Segundo dados do IBGE sobre o BIP (em 2002), O Maranhão possui 83 municípios na lista dos 100 municípios mais pobres do Brasil.
A contra-argumentação
A contra-argumentação nada mais é que uma nova argumentação em que se procura desmontar um
raciocínio anteriormente apresentado. Uma forma bastante eficaz de se contra-argumentar é utilizar o
senso comum (aquilo que as pessoas usam no seu cotidiano, o que é natural e fácil de entender, o que
elas pensam que sejam verdades, geralmente porque ouviram falar de alguém, que ouviu de alguém...).
Assim como o senso comum, muitas vezes criamos afirmações/generalizações sem qualquer fundamento.
Em outras palavras, fazemos uma dedução sem comprovação, como é o caso das lendas urbanas e dos
mitos que circulam pela internet.
Muitas pessoas acreditam que as mulheres pobres, que vivem em comunidades carentes, sob condições precárias, engravidam com mais
facilidade do que as mulheres que vivem em condições socioeconômicas mais favoráveis.
Daí se explicaria o fato de que as famílias pobres, normalmente, são mais numerosas.
Por outro lado, as mulheres que vivem em ambientes confortáveis têm dificuldade em engravidar, apesar de todo um contexto que
permitiria uma gravidez (e uma fertilização) mais tranqüila.
Eis aqui um conhecimento popular baseado em sentimentos subjetivos, particulares, falível, assistemático, inexato, embora verificável na
vida cotidiana.
Claro que a generalização é abusiva, porque essa constatação não necessariamente corresponde à realidade.
Vale lembrar também que muito do senso comum carrega um quê de preconceito.
Disso tudo sobressai uma pergunta: o conhecimento comum é sempre uma concepção que se afasta da verdade?
Nem sempre! Às vezes satisfaz nosso imaginário; às vezes é o ponto de partida para o trabalho do cientista ou pesquisador.
Revisão
Há mais uma questão em que se deve pensar na consideração das especificidades da modalidade escrita – a argumentação. É através dela
que o locutor defende seu ponto de vista. A argumentação contribui na criação de um jogo entre quem escreve o texto e um possível leitor,
já que aquele discute com este, procurando mostrar-lhe que tipo de ideias o levaram a determinado posicionamento. Dito de outra
maneira, ao escrever um texto o locutor estabelece relações a partir do tema que se propôs a discutir e tira conclusões, procurando
convencer o receptor ou conseguir sua adesão ao texto.
Não se pode traçar uma distinção absoluta entre coesão e argumentação: a coesão garante a existência de uma relação entre as
partes do texto que tomadas como um todo devem constituir um ato de argumentação. As duas noções contribuem para a constituição de
um conjunto significativo capaz de estabelecer uma relação entre sujeito que escreve e seu virtual interlocutor.
É próprio da linguagem seu caráter de interlocução. A escrita não foge a esse princípio, ela também busca estabelecer uma relação
entre sujeitos. O texto deve ser suficiente para caracterizar seu produtor enquanto um agente, um sujeito daquela produção, ao mesmo
tempo em que confere identidade ao seu interlocutor. O texto, enquanto uma totalidade revestida de significados, acaba sendo um jogo
entre sujeitos, entre locutor e interlocutor.
Com base nos seus conhecimentos sobre o argumento e sua presença em um determinado parágrafo, indique qual é o argumento
constante no terceiro parágrafo? É próprio da linguagem seu caráter de interlocução;
Ainda sobre o texto acima, indique a opção que compreende uma explicação correta: No segundo parágrafo , o argumento está
compreendido no primeiro período, já que o segundo período desse mesmo parágrafo corresponde a uma explicação do primeiro.
Aula 9 – Estudo Dirigido
Sentidos metafóricos e metonímicos
Ao final desta aula, você será capaz de:
1) Demonstrar a compreensão leitora de raciocínio indutivo e de raciocínio dedutivo;;
2) Identificar diferentes tipos de argumento.
Um pingo de teoria...
Alguns textos necessitam mais de nossos conhecimentos, porque as palavras não se bastam sozinhas. Então, para entendermos a
mensagem, necessitamos combinar às palavras mais informações, e essas informações vêm de nosso conhecimento de mundo.
Entendendo o contexto...
16. Quando as palavras, os elementos lingüísticos, conduzem o leitor para o entendimento da mensagem, o trabalho que ele terá será
fundamentalmente com essas palavras, ou seja, esses elementos lingüísticos conduzem o entendimento.
Vejamos o exemplo:
Quem apoiou a candidatura de Patrícia Amorim, na esperança de que ela revitalizasse os esportes olímpicos do Flamengo, não se
decepcionou. A presidente do clube rubro-negro acertou, definitivamente, nesta quarta-feira, a contratação do medalhista de ouro em
Pequim e recordista mundial de natação, César Cielo, cuja transferência do Pinheiros para a Gávea será oficializada ainda esta tarde, na
Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos (CBDA).
Ex-nadadora olímpica, Patrícia foi uma das motivações para que Cielo fosse para o clube.
Renato Mauricio Prado – O Globo; Lancepress (publicado no site O Globo).
Quando as palavras estão estrategicamente colocadas e não trazem a maior parte do conteúdo relacionada a ela e à mensagem do texto, o
leitor tem mais trabalho, pois o texto não explica, mas necessita que o leitor busque o entendimento. Assim, ele precisa acionar seu
“conhecimento de mundo” para fazer as conexões adequadas com as palavras e chegar ao entendimento do texto.
Reveja o exemplo abaixo:
Quem apoiou a candidatura de Patrícia Amorim, na esperança de que ela revitalizasse os esportes olímpicos no Flamengo, não se
decepcionou A presidente do clube rubro-negro acertou, definitivamente, nesta quarta-feira, a contratação do medalhista de ouro em
Pequim e recordista mundial de natação, César Cielo, cuja transferência do Pinheiros para a Gávea será oficializada nesta tarde, na
Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
Ex-nadadora olímpica, Patrícia foi uma das motivações para que Cielo fosse para o clube.
Renato Mauricio Prado – O Globo; Lancepress (publicado no site O Globo).
Recursos para atribuir efeitos de sentido: metáfora e metonímia
As interpretações que acabamos de fazer no exemplo passado foram possíveis porque acionamos vários mecanismos mentais para dar
conta do entendimento. Tudo isso serve para mostrar que nem sempre as mensagens estão evidentes e
compreendidas somente nos elementos lexicais (nas palavras presentes no texto).
Vamos começar a explorar outras possibilidades de produção de sentido falando de dois processos
essenciais na linguagem: Metáfora e Metonímia, responsáveis por uma grande quantidade de efeitos de
sentido na língua.
Conceituando metáfora..
José Carlos de Azeredo, em sua Gramática (2008, p. 484) assim conceitua: “Metáfora é um princípio
onipresente da linguagem, pois é um meio de nomear um conceito de um dado domínio de conhecimento
pelo emprego de uma palavra usual em outro domínio. Essa versatilidade faz da metáfora um recurso de
economia lexical, mas com um potencial expressivo muitas vezes surpreendente”
Exemplificando o conceito..
A metáfora é o emprego da palavra fora do seu sentido normal. Daí ser classificada figura de linguagem, pois cria uma associação de
sentidos de forma figurada. Ela baseia-se na transferência (metaphorá em grego significa “transporte”) de um termo para um contexto que
não lhe é próprio. Quando isso ocorre, temos um processo metafórico de produção de sentido.
Metáfora do verbo de expressões
Muitos verbos e expressões também são utilizados em sentidos metafórico. Vamos alguns exemplos:
Para mim essa desculpa não cola. (colar, em sentido literal, é o ato de unir duas partes. Em sentido figurado, significa “funcionar”, “valer”.
Mandou o funcionário pro olho da rua. (uma rua não possui “olho”, logo “olho da rua” significa “desempregado”, “demitido”.
Metáfora do texto
Muitos textos correspondem a uma metáfora. Em outras palavras, o texto é, em parte ou em sua totalidade, metafórico, pois utiliza uma
construção para servir como figuração da realidade, sem descrevê-la literalmente.
Conceituando metonímia...
José Carlos de Azeredo, em sua Gramática (2008, p. 485) assim conceitua: “Metonímia consiste na
transferência de um termo para o âmbito de um significado que não é o seu, processado por uma relação
cuja lógica se dá, não na semelhança, mas na contiguidade das ideias”.
Na metonímia, a relação entre os elementos que os termos designam não depende exclusivamente do
indivíduo, mas da ligação objetiva que esses elementos mantêm na realidade.
Na metáfora a substituição de um termo por outro se dá por um processo interno, intuitivo, estritamente
dependente do sujeito que realiza a substituição. Na metonímia, o processo é externo, pois a relação entre
aquilo que os termos significam é verificável na realidade externa ao sujeito que estabelece tal relação.
A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
17. Metáfora e metonímia: aproximações e afastamentos
Para estabelecermos uma comparação, vamos usar como base o texto de Afrânio da Silva Garcia, publicado no site do Círculo Fluminense
de Estudos Filológicos e Linguísticos .
Metáfora: Relação de adesão semântica entre duas palavras ou expressões, como uma comparação implícita (sem a presença do elemento
comparativo).
Metonímia: Relação de aproximação,em que parte do conteúdo semântico de uma palavra ou expressão é relacionado a outra palavra ou
expressão, também numa comparação implícita.
Metáfora e metonímia: aproximações e afastamentos
SENTIDO
Quando nos comunicamos, através da língua, produzimos mensagens que possam ser entendidas por quem nos ouve, certo? Se não fosse
assim, a comunicação não seria efetivada, pois nossos pares não entenderiam nosso discurso. E temos de concordar que todos nós
queremos ser entendidos, ou melhor, queremos que nossas mensagens tenham SENTIDO.
Daí a importância de percebermos o que, na verdade, buscamos quando fazemos parte de uma conversa ou quando lemos informações em
livros, cartazes etc: procuramos entender o SENTIDO. Em outras palavras, desejamos saber o que o Fulano está dizendo com os enunciados
que está produzindo ou o que está escrito no livro, no cartaz, no anúncio, e assim por diante. Já percebeu que até mesmo quando estamos
diante de um quadro, de uma charge, diante de algo que não contenha palavras precisamos entender a mensagem através das figuras? É
importante perceber que necessitamos de uma sequência de figuras, gestos, sinais ou palavras que sejam coerentes, que comuniquem uma
mensagem.
Logo, o sentido está presente nas diferentes mensagens que existem à nossa volta, é assim que entendemos o mundo, não é
mesmo? Desvendando os sentidos daquilo que o compõe, porém nosso interesse está ligado a mensagens compostas com a linguagem
verbal.
Se o SENTIDO está presente nos enunciados, entendemos algo como:
SENTIDOS IMPLÍCITOS
O sentido é essencial para o entendimento da mensagem, concorda? Já falamos sobre isso, vimos, também, que esse sentido precisa ser
COMPARTILHADO entre o locutor/escritor e o ouvinte/leitor, pois para entender a mensagem o ouvinte/leitor precisa reconstruir o sentido
que lhe foi passado.
Portanto, pensemos sobre o seguinte:
Quando o sentido está ESCONDIDO, IMPLÍCITO, ele existe, daí precisa ser desvendado pelo ouvinte/leitor, igualmente como o sentido
EXPLÍCITO, aquele que está presente, claramente, nos elementos do enunciado.
No exemplo anterior, podemos entender que a resposta da amiga de Maria foi afirmativa, os dois estavam namorando, mas ela não
respondeu de maneira clara, Maria irá entender a resposta, mas precisará refletir um pouco.
Os sentidos implícitos podem vir através de ironias. Podem vir através de construção com ausência, com mensagens aparentemente
desconectadas, mas que fazem sentido:
“Quando deus criou os maridos, ele prometeu às mulheres que os maridos bons e ideais seriam encontrados em todos os CANTOS do
mundo. E, depois... ele fez a Terra REDONDA!”
(autor desconhecido)
Os elementos em maiúscula nos deixam pistas para entender que quando Deus arredondou a Terra, eliminou os cantos. Logo, não é
possível encontrar maridos ideias, pois não há cantos para procurá-los. Claro que para se chegar a essa conclusão, precisamos refletir sobre
como o conteúdo está construído. O sentido está implícito.
Enfim, há diversas estratégias para os sentidos estarem implícitos, e percebemos isso pelo esforço que é necessário para interpretar
determinadas mensagens.
Sendo assim, podemos concluir que interpretar é desvendar sentidos, não o que queremos, mas o que está posto na mensagem.
A cozinheira preparou um pé-de-moleque.
Analise a frase acima e indique a classificação e justificativa corretas: Metonímia, pois pé-de-moleque estabelece uma relação entre a
aparência (visto que a sola do pé de um moleque é normalmente escura, suja, e cheia de calombos) e a comida;
Leia o trecho de poema a seguir.
Essa mão que tocou a minha mão,
que hipnotiza meus olhos intimidados,
18. mão tão branca,
porcelana dúctil,
com seus dedos longos de pianista,
não tocou apenas a minha mão.
Com base na estrofe do poema, as afirmativas abaixo correta é:
I. Há presença de metonímia na passagem “mão que hipnotiza meus olhos intimidados”.
II. Há presença de metáfora na comparação entre “mão” e “porcelana”.
Aula 10 – Estudo Dirigido
Polissemia, duplo sentido e ambigüidade
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar o conceito de polissemia;
2. Reconhecer a possibilidade de duplo sentido em palavras e/ou expressões;
3. Identificar e desfazer ambiguidades nas informações.
Começando pela polissemia...
Como você já deve saber, as palavras de uma língua podem possuir mais de um sentido em diferentes
contextos de uso. Dá se o nome polissemia a esse fenômeno, e são raras as palavras que não o
apresentam. Em outros termos, todas as palavras “tendem” a ser polissêmicas, justamente pela
possibilidade de se tomar um determinado termo em sentido figurado (como na metáfora e na
metonímia), entre outras causas.
Homonímia é outro fenômeno: temos palavras que possuem “raízes” distintas, mas que são idênticas na
maneira de escrever e de falar. Nesses casos, forma-se um homônimo: dois vocábulos que possuem a mesma configuração fonológica e
ortográfica.
Da polissemia para o duplo sentido
Uma das ferramentas discursivas para se explorar o caráter polissêmico das palavras é o duplo
sentido. Por esse princípio, podemos definir duplo sentido como a propriedade que têm certas
palavras e expressões da língua de serem interpretadas de duas maneiras diferentes em diferentes
contextos de utilização da língua.
O duplo sentido é um esforço intencional de se explorar dois sentidos distintos da mesma palavra
ou expressão. Em outros termos, o autor do texto intencionalmente apela para a dupla
possibilidade de interpretação do leitor e usa tal possibilidade como forma de enriquecer seu texto.
Explorando o duplo sentido
Os jornais voltados para leitores de classes sociais de baixa escolaridade, por exemplo, usam e abusam do duplo sentido de palavras e
expressões, quase sempre com alguma conotação sexual, como forma de atrair a curiosidade do leitor para consumir o jornal e suas
noticias.
Vejamos os exemplos:
Apagaram o fogo dele! Bombeiro pedófilo é preso com a mangueira na mão. Coronel vai em cana após ser flagrado em motel na baixada
com duas garotas, uma delas menor de idade.
- A expressão “apagar o fogo” pode ser usada em outro sentido, significando “cortar o desejo”.
- A associação entre “bombeiro” e “mangueira” modifica o sentido desta última.
Em uma publicidade de creme dental: A escolha prudente.
- Muitas vezes o duplo sentido pode ocorrer por aspectos estruturais de uma palavra, como o aspecto fonológico.