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Juventude Mariana Vicentina do Sobreiro - Sector Mariano




                   CAMINHADA DE QUARESMA
                            Duc in altum (Lc 5, 4)


                                                          NOTA INTRODUTÓRIA

A beleza do Tempo Quaresmal é, este ano, enriquecida pelo Ano da Fé,
proclamado pelo Romano Pontífice gloriosamente reinante, Bento XVI. Deste
modo, propõe-se uma caminhada que nos ajude na subida para o Calvário de
Cristo, para que, três dias depois, o Ressuscitado ressuscite, não só no Seu Corpo
glorioso, mas nas nossas almas arrependidas.
Para isso, toma-se como mote a ordem de Jesus aos apóstolos: “Duc in altum” –
“Faz-te ao largo” (Lc 5, 4), que já o Beato João Paulo II tomava como ponto inicial
da sua encíclica Novo Millennio Inuente, acerca dos desafios que ficavam depois
do Sacro Jubileu do ano 2000. Como a Pedro e aos discípulos, Jesus impele-nos a,
destemidamente, largar as amarras com que o Demónio nos prende a si e ao seu
reino - os nossos confortos, as nossas seguranças, os nossos pecados – para nos
fazermos ao mar do mundo, tirando daí uma pesca abundante: a conversão da
nossa e de muitas almas.
Do ponto de vista esquemático, esta caminhada irá ter duas fontes: a liturgia
dominical da Quaresma e a Mensagem para a Quaresma de 2013 do Santo Padre,
o Papa Bento XVI. Deste modo, pretende-se ouvir, quer a Revelação de Deus
através das Sagradas Letras, quer Tradição Apostólica, pela pena do nosso amado
Sucessor de Pedro.
1. O LEMA E O TEMA

Assim, são estas as temáticas de cada Domingo:

1ª semana (tentações – ponto de partida): DIZER ADEUS AO CAIS
2ª semana (transfiguração – a meta): RUMO AO CAIS DE CHEGADA
3ª semana (parábola da figueira): AVISO À NAVEGAÇÃO
4ª semana (parábola do pai misericordioso e dos filhos perdidos): CHEGAR A
BOM PORTO
5ª semana (mulher adúltera): VIRAR DE BORDO
6ª semana (Semana santa): REMAR CONTRA A MARÉ




                                                     2. SEMANA APÓS SEMANA

Para estas semanas vamos apontar para um grande símbolo da Igreja: a barca do
Ano da Fé. Da Quaresma à Páscoa, vamos construir a Barca, de acordo com os
seus símbolos constituintes.
Obviamente, o objetivo da dinâmica aqui proposta não pode reduzir-se a um
mero trabalho manual, feito em família ou em ambiente paroquial. Importa que,
na atividade proposta, na oração realizada e na assunção prática de uma atitude
concreta, a quaresma se viva, segundo o desiderato, de uma “renovada conversão
ao Senhor” expresso pelo Papa, na Carta Apostólica, para o Ano da Fé:

“O Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único
Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou
plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida, por meio da
remissão dos pecados” (Bento XVI, PF 6).

Como nos diz ainda o Santo Padre, na sua Mensagem, “a Quaresma, com as
indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a
alimentar a fé, com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a
participação nos Sacramento e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a
Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola”
(MQ2013, 3).


Nesse sentido, para integrar as indicações quaresmais acima referidas, a nossa
dinâmica desenvolver-se-á, em três campos de ação: atividade, oração, atitude.
3. ORAÇÃO

Proporemos que se redescubram algumas fórmulas de orações comuns, que
propiciem “aquele encontro com Deus, em Cristo, que suscita em nós o seu amor e
nos abre o íntimo aos outros” (cf. DCE 31; cit. MPQ2013, n.1).

Na verdade, a prioridade da fé e a primazia da caridade, encontram a sua fonte
comum, numa renovada prática da oração cristã, como nos lembra o Santo Padre:
“a existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e
depois voltar a descer, trazendo a força e o amor que daí derivam, para servir os
nossos irmãos e irmãs, com o próprio amor de Deus” (MPQ2013,3). Vai neste sentido,
a concretização do exercício da Oração, que propomos, semana a semana,
destacando uma a uma, algumas das suas expressões:

- na 1ª semana, a oração da Libertação (em PDF anexo)

- na 2ª semana, “uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra”, rezando o
Evangelho de cada dia (em PDF anexo), como nos lembra o Papa na sua
Mensagem para a Quaresma (MPQ2013,3) ;

- na 3ª semana, a prática tão esquecida e tão necessária do Exame de consciência
diariamente;

- na 4ª semana, a oração do pai-nosso, que nos introduz na experiência do ser
amado por Deus;

- na 5ª semana, a oração do “acto de contrição”, numa das suas formas (em PDF
anexo);

- na 6ª semana, a oração penitencial feita pelo então Cardeal Ratzinger, na 9ª
estação da Via Sacra de Sexta-Feira Santa, no Coliseu, em Roma, poucos dias
antes de ser eleito Papa, com o nome de Bento XVI. Segue-se aqui o texto com
algumas adaptações.
4. ATITUDE - COMPROMISSO

A Mensagem do Santo Padre para a Quaresma de 2013, articula, sob muitíssimos
aspetos, a relação entre fé e caridade, na convicção expressa de que “crer no amor
suscita caridade” (cf. I Jo.4,16). Por isso mesmo, esta “caridade” não se esgota na
prática da “esmola” ou da “partilha”. “De facto, por vezes, tende-se a circunscrever
a palavra caridade à solidariedade ou à mera ajuda humanitária” (MPQ2013.3). Neste
sentido, as atitudes ou compromissos, que sugerimos, ao longo da Quaresma, não
são apenas «obras», “fruto do esforço humano” mas «obras que nascem da própria
fé” (MPQ2013).

Deste modo, procuramos amplificar o sentido da caridade, tendo em conta que
esta também se manifesta, por exemplo, no anúncio do evangelho, no serviço da
Palavra (cf. Paulo VI, EN, 16), no cultivo e na vivência da amizade com Cristo (cf. Jo.15,14-
15), no esforço por caminhar na verdade (Ef.4,15), na prática do perdão acolhido na
fé e oferecido aos outros. Neste enquadramento propomos:

- na 1ª semana, dispor-se a renunciar, àquilo que mais pesa na “embarcação” da
nossa vida. Esta renúncia tem um duplo aspeto: renúncia ao pecado e renúncia a
algum ou alguns dos “bens deste mundo”, que possam ser obstáculo à prioridade
da fé e à primazia da caridade (cf.MQ2013, 4).

- na 2ª semana, a par da leitura mais prolongada da Palavra de Deus, sugere-se a
atenção concreta ao próximo, ao mais próximo, aos que vivem debaixo do mesmo
teto. “Subir ao monte da oração, trazendo o amor e a força que daí derivam, para
servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus” (MQ2013,3).

- na 3ª semana, vamos colaborar, de forma mais urgente, na preparação de tudo
o que for necessário para o acolhimento condigno da Imagem Peregrina de Nossa
Senhora;

- na 4ª semana, o quadro bíblico da parábola do pai misericordioso e dos dois
filhos, sugere-nos a prática da Reconciliação, não apenas como sacramento (que
terá também o seu momento, de acordo com o calendário paroquial), mas também como prática
concreta de aproximação àquele (s) de quem andamos mais distantes. “Saber-se
amado por Deus” terá como consequência uma capacitação maior para a prática
da reconciliação.

- na 5ª semana, é-nos sugerido que deitemos ao chão todas as pedras que temos
na mão. Sugerimos, nesta semana, um diálogo, em casal e/ou em família, que
resulte na partilha daquilo que, afinal, ainda temos uns contra os outros, e que
escondemos, como pedras na mão.

- na 6ª semana (Semana Santa), propomos que os fiéis “remem contra a
corrente” que os atira para a diversão, para as férias, e participem mais
assiduamente nas celebrações do tríduo pascal. Temos de remar contra a maré,
contra ventos e costumes que se instalam e que nos levam, por exemplo, a viver
uma semana santa sem exigência, sem combate, sem proximidade com o Senhor.
DUC IN ALTUM
SEMANA      TEMÁTICA                                            ATIVIDADE        ORAÇÃO                 ATITUDE


1ª semana   A primeira semana coloca-nos no ponto de            CONSTRUIR        Oração           de    Quem vai para o
            partida. Iniciámos uma viagem, “impelidos           O BARCO          Libertação             mar,     avia-se     em
DIZER       pelo sopro do Espírito Santo” (cf. Evº). A 1ª                                               terra.
ADEUS       leitura lembra-nos que “o Senhor nos fez sair                                               Criar condições
AO CAIS     do Egipto”, que nos “fez atravessar o Mar”. E o                                             para partir.
            próprio   Jesus,    também    “se   retirou   das                                           Que coisas tenho
            margens” para mergulhar no oceano infinit0                                                  de largar?
            do amor do Pai. O desafio desta semana é                                                    Renúncia             ao
            “dizer adeus ao cais”, para iniciar a grande                                                pecado.
            viagem da fé.                                                                               Renúncia             aos
                                                                                                        bens.
                                                                COLOCAR O                               “Subir ao monte da
                                                                CÍRIO
2ª semana   A segunda semana coloca-nos perante a meta                           “Este é o meu          oração, trazendo o
                                                                NO BARCO
            de    todo      o   caminho      quaresmal:     a                    Filho: escutai-        amor e a força que
                                                                Início     do
RUMO        transfiguração,     como      experiência     de                     O”.                    daí derivam, para
                                                                desenho do
AO   CAIS   transformação e antecipação da ressurreição.        logotipo da                             servir     os   nossos
                                                                Barca no círio
DE          É preciso divisar a meta. São Paulo exorta-nos                       Deixar-se guiar        irmãos e irmãs com
CHEGADA     a pôr olhos na esperança da pátria futura. E        Desenhar         pelo evangelho         o próprio amor de
                                                                retângulo,
            Abraão, na 1ª leitura, é desafiado a olhar o céu                     do dia.                Deus”      (MQ2013,n.3).
                                                                letras       e
            e as estrelas. Para conhecer o rumo e chegar à      números                                 Maior      atenção     e
            meta, precisamos de percorrer o caminho                              Tomar              a   serviço às pessoas
            certo. A nossa Carta de marear é a palavra da                        Palavra,     como      que vivem debaixo
            Escritura que nos orienta, como bússola.                             uma       bússola,     do mesmo teto.
            Precisamos de ler e de escutar esta Palavra na                       rezando           o
            voz do Filho: «Escutai-O» (cf. Evangelho).                           Evangelho        de
                                                                                 cada      dia    da
                                                                                 Semana.




3ª semana   A terceira semana coloca-nos bem no coração                          “Quem se julga         “Perder”        tempo
            de uma quaresma de sabor penitencial. Quer          Desenhar no      de     pé,   tenha     para       ajudar      a
AVISO       Jesus, quer São Paulo, deixam-nos claros            círio            cuidado         para   receber,
À           avisos ou advertências à navegação: «se não         a barca          não cair” (cf. 2ª      condignamente,         a
NAVEGAÇÃO   vos converterdes morrereis todos» (evº), «quem                          leitura)              Imagem      peregrina
            se julga de pé tome cuidado para não cair» (2ª                                                de Nossa Senhora
            leitª).   Passar através do mar, receber o batismo,                     Fazer todos os        durante a próxima
            não é um seguro de viagem! É preciso mesmo                              dias o exame          semana.
            mudar de rumo…                                                          de consciência.




4ª semana   Na quarta semana, experimentamos já a
                                                                  Desenhar no
            alegria do Povo de Deus, que celebra a Páscoa                           Responder       ao    Reconciliar-se,
                                                                  círio,
CHEGAR      «em terra», e a alegria do Pai por causa do           dentro   do       amor do Pai,          aproximar-se,
                                                                  quadrado o
A    BOM    «filho que estava morto e voltou à vida», mas                           com amor de           voltar à paz,
                                                                  trigrama
PORTO       sentimos ainda como é difícil fazer entrar na                           Filho:                regressar
            mesma “barca” do amor divino, «o filho mais                             Rezar todos os        ao diálogo.
            velho». A parábola do pai misericordioso                                dias       o   Pai-   Confissão.
            sugere-nos o regresso a casa e ao coração do                            Nosso.
            Pai como experiência de quem chega ao bom
            «porto da misericórdia e da paz» (Pref. Quar.VI).


5ª semana   O Senhor abre caminhos através do mar (1ª             Desenhar no       “Vai       e   não    Deitar para fora da
            leitura)      e,   com   o   seu   perdão,   dá-nos   círio             voltes a pecar”.      barca da nossa vida,
VIRAR       possibilidade de refazer e de recriar a vida:         o       círculo   Rezar todos os        todas as «pedras»
DE          «vai e não voltes a pecar” (evº). No caminho da       eucaristia        dias o Acto de        escondidas na mão,
BORDO       perfeição, a meta nunca está alcançada. É                               Contrição.            contra os outros.
            preciso “cortar as ondas sem desanimar, pois
            em qualquer aventura, o que importa é partir,
            não é chegar” (M. Torga).
6ª           Estamos em plena semana santa. Jesus é o               Colocar    ou
semana   –   Servo, que tem de tornar o seu rosto duro              desenhar        Oração de        Participar
Semana       como pedra, para afogar em abundância de               debaixo    do   J. Ratzinger     Nas celebrações
santa        bem, todas as forças do mal, que contra ela            barco,     as   Via Sacra 2005   do Tríduo Pascal
             avançam. “Desmedida, a revolta imensidão,              ondas           9ª Estação
REMAR        transforma, dia a dia, a embarcação numa errante e

CONTRA A     alada   sepultura,    mas   corto   as   ondas   sem

MARÉ         desanimar” (M. Torga). “Também Jesus sentirá

             medo e angústia: quando chegar a sua hora,
             Ele sentirá sobre si mesmo todo o peso dos
             pecados da humanidade, como uma onda alta              Colocar    no

             que está prestes a cair sobre Ele. Esta, sim,          círio o traço

             será uma tempestade terrível, não cósmica,             horizontal da

             mas espiritual. Será o derradeiro e extremo            Cruz

             assalto do mal contra o Filho de Deus” (Bento
             XVI, Homilia, 21.06.2009)
DOMINGO I DA QUARESMA – Dizer adeus ao Cais


Passo Bíblico:                                                         Lc 4, 1-2

Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão.
Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado
pelo Diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome.



Da Mensagem do Papa:

Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus. A primeira resposta é
precisamente a fé como acolhimento, cheio de admiração e gratidão, de uma
iniciativa divina inaudita que nos precede e solicita; e o «sim» da fé assinala o
início de uma luminosa história de amizade com o Senhor, que enche e dá
sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se contenta com o nosso
acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos
a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo:
Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20).
Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele,
participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu amor significa deixar
que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n'Ele e como Ele; só então a nossa
fé se torna verdadeiramente uma «fé que actua pelo amor» (Gl 5, 6) e Ele vem
habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12).



Reflexão:

Não podemos querer seguir com Jesus e manter a nossa vida quotidiana na
mesma. Por isso, quem se vê desafiado por Jesus e aceita caminhar com Ele vê-se
tentado. E as tentações podem ser de várias ordens: podem, por exemplo levar-
nos a querer manter a nossa vida na mediocridade que torna possíveis as insídias
do Demónio.
Não podemos deixar. Se, de facto, vale a pena seguir Jesus, não há porque temer.
As seguranças, estão em Jesus; o amparo, em Jesus; o refúgio, em Jesus. Não há
nada que valha que esteja garantido por Jesus.
Comecemos por ter a ousadia de dizer “Basta!” ao pecado. Chega de preguiça, de
conformismo, de inércia, de pacifismo. É preciso agir e largar o cais.
DOMINGO II DA QUARESMA – Rumo ao Cais de Chegada


Passo Bíblico:                                                    Lc 28b-29. 34-35

Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto
orava, alterou-se o aspecto do seu rosto, e as suas vestes ficaram de uma brancura
refulgente.
Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles
ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que
dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O».


Da Mensagem do Papa:

A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus
e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os
nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos
como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está
estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1-
4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e acção, de certa forma
simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A
prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica
deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De
facto, por vezes tende-se a circunscrever a palavra «caridade» à solidariedade ou
à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de
caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o «serviço da Palavra». Não há
acção mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-
lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho,
introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais
alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI,
na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal
factor de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por
nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor
e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf.
Enc. Caritas in veritate, 8).


Reflexão:

O Evangelho deste Domingo aponta o rumo para chegarmos a bom porto:
ouvindo o “Filho muito amado”. Será Ele a guiar-nos com a Sua Palavra e a Sua
Vida e, para isso, vamos, durante esta semana, contemplar com particular
atenção o Evangelho de cada dia. Mas, qual é, afinal, o nosso destino? O que é
que nos move, de forma tão forte, que nos leva a voltar as costas à nossa vida
instalada e fácil? É, como vemos, o encontro com o Pai, é esta subida ao monte
que faz com que tudo valha a pena. Ver a Deus face a face, mergulhar na sua
existência e contemplá-lo perfeitamente, é isso que nos move e deve
continuamente mover. Foi por isso que Pedro, fascinado por aquele cenário, se
sente tentado a ficar por ali, naquele sacro convívio. Contudo, há que ter presente
que o nosso encontro com o Pai tem um objectivo: conhecê-lo de modo a
anunciá-lo mais perfeitamente ao nosso próximo.
Continuemos, então, rumo ao cais.
DOMINGO III DA QUARESMA – Aviso à Navegação


Passo Bíblico:                                                           Lc 13, 7-9

Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada
na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou.
Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira
e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há-de estar ela a ocupar inutilmente a
terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que
eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar
frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».


Da Mensagem do Papa:

A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São
Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: «É pela graça que estais
salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras,
para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo
Jesus, para vivermos na prática das boas acções que Deus de antemão preparou
para nelas caminharmos» (2, 8-10). Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica
vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe
de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e
orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do
esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça
que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem
frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente. A Quaresma, com as
indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente
a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a
participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor
a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.


Reflexão:

Eis que vamos sensivelmente a meio da viagem. Certamente já muito foi
alcançado, já muitos obstáculos foram superados. Mas ainda há muito a fazer e o
Senhor chama-nos a não desanimar. Contudo, avisa-nos: temos este ano e não
sabemos se teremos o próximo para nos convertermos. Temos de dar, a cada dia,
tudo para resgatar a nossa vida do pecado e da pequenez em que o Diabo nos
aprisiona.
Um grande pecado, que pode pôr por terra todo o trabalho já começado é a
soberba. Para isso há que ter consciência do que nos diz S. Paulo na 2ª leitura:
“Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.”
Eis, então, o aviso à navegação.
DOMINGO IV DA QUARESMA – Chegar a bom porto

Passo Bíblico:                                                           Lc 15, 21-24

Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado
teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha.
Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o.
Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida,
estava perdido e foi reencontrado’.
E começou a festa.


Da Mensagem do Papa:

Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor
encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita
misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a
firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa
sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da
esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à
sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus
manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação
total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o
Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em
relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5).


Reflexão:

Eis o porto seguro: o abraço carinhoso do Pai. Nada há de mais reconfortante,
mesmo na vida hodierna, que, chegados a casa cansados, sermos absorvidos num
abraço caloroso e cheio de amor. Somos tão felizes neste abraço, tão seguros, tão
completos. É com este abraço que, mesmo depois de um grande tempo fora de
casa, o Pai nos recebe. Mesmo vivendo durante tanto tempo como se o estivesse
morto, como fez o filho pródigo, o Pai acolhe-O, como que dizendo: “Mesmo
assim, tive saudades tuas! Mesmo assim, quero-te comigo! Mesmo assim, Eu
amo-te!”.
Há, contudo, um perigo neste amor incondicional: pelo facto de Deus nos amar,
mesmo com todas as nossas falhas, isso não nos pode levar ao comodismo e à
tibieza. Essa tendência é a condenação certa da nossa alma e deitará por terra
todo o trabalho desta viagem.
Chegados a bom porto, deixemos atracar.
DOMINGO V DA QUARESMA – Virar de bordo


Passo Bíblico:                                                          Jo 8, 7-11

Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós
estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a
escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um
após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava
no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te
condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te
condeno. Vai e não tornes a pecar».



Da Mensagem do Papa:

O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto:
«O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa
vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no acto globalizante do amor.
Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca
está "concluído" e completado» (ibid., 17). Daqui deriva, para todos os cristãos e
em particular para os «agentes da caridade», a necessidade da fé, daquele
«encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao
outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um
mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante
da sua fé que se torna operativa pelo amor» (ibid., 31). O cristão é uma pessoa
conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor - «caritas Christi urget
nos» (2 Cor 5, 14) - , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do
próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser
amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os
pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao
amor de Deus.

«A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a
certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! (...) A fé, que toma
consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz,
suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz – fundamentalmente, a
única - que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de
viver e agir» (ibid., 39). Tudo isto nos faz compreender como o procedimento
principal que distingue os cristãos é precisamente «o amor fundado sobre a fé e
por ela plasmado» (ibid., 7).
Reflexão:

Depois do nosso acolhimento neste abraço amoroso que meditávamos a semana
passada, chega a hora a soltar as amarras para a viagem de volta. O que
recebemos vamos agora devolver.
Contudo, para caber na embarcação o que temos de levar, há que deixar em terra
o que não fala, o que deixa passar para os outros a mensagem do abraço do pai.
Vamos, portanto, deixar os azedumes, as iras, as invejas, as vinganças, os
orgulhos e tudo o que há no nosso coração que nos pesa na relação com o
próximo.
Só assim vamos poder virar de bordo.
DOMINGO DE RAMOS – Remar contra a maré


Passo Bíblico:

Quando estavam a soltar o jumentinho, os donos perguntaram: «Porque soltais o
jumentinho?». Eles responderam: «O Senhor precisa dele». Então levaram-no a
Jesus e, lançando as capas sobre o jumentinho, fizeram montar Jesus. Enquanto
Jesus caminhava, o povo estendia as suas capas no caminho. Estando já próximo
da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos começou a
louvar alegremente a Deus em alta voz por todos os milagres que tinham visto,
dizendo: «Bendito o Rei que vem em nome do Senhor. Paz no Céu e glória nas
alturas!». Alguns fariseus disseram a Jesus, do meio da multidão: «Mestre,
repreende os teus discípulos». Mas Jesus respondeu: «Eu vos digo: se eles se
calarem, clamarão as pedras».



Da Mensagem do Papa:

Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos
para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus
redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo
precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de
amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida.



Reflexão:

Tal como o Senhor Jesus, que passava pelas ruas de Jerusalém cheias de povo e,
no entanto, experimentava um dos maiores momentos de solidão, também nós,
depois deste Sagrado Tempo, somos chamados a caminhar, não a par com o
mundo, mas contra as suas insídias.
Não será fácil, mas somos chamados a isso pelo Senhor, que já sofreu muito mais
do que qualquer um de nós há-de sofrer. Entreguemo-nos ao testemunho, ao
martírio, à cruz.
Tenhamos força para remar contra a maré.

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Caminhada da Quaresma

  • 1. Juventude Mariana Vicentina do Sobreiro - Sector Mariano CAMINHADA DE QUARESMA Duc in altum (Lc 5, 4) NOTA INTRODUTÓRIA A beleza do Tempo Quaresmal é, este ano, enriquecida pelo Ano da Fé, proclamado pelo Romano Pontífice gloriosamente reinante, Bento XVI. Deste modo, propõe-se uma caminhada que nos ajude na subida para o Calvário de Cristo, para que, três dias depois, o Ressuscitado ressuscite, não só no Seu Corpo glorioso, mas nas nossas almas arrependidas. Para isso, toma-se como mote a ordem de Jesus aos apóstolos: “Duc in altum” – “Faz-te ao largo” (Lc 5, 4), que já o Beato João Paulo II tomava como ponto inicial da sua encíclica Novo Millennio Inuente, acerca dos desafios que ficavam depois do Sacro Jubileu do ano 2000. Como a Pedro e aos discípulos, Jesus impele-nos a, destemidamente, largar as amarras com que o Demónio nos prende a si e ao seu reino - os nossos confortos, as nossas seguranças, os nossos pecados – para nos fazermos ao mar do mundo, tirando daí uma pesca abundante: a conversão da nossa e de muitas almas. Do ponto de vista esquemático, esta caminhada irá ter duas fontes: a liturgia dominical da Quaresma e a Mensagem para a Quaresma de 2013 do Santo Padre, o Papa Bento XVI. Deste modo, pretende-se ouvir, quer a Revelação de Deus através das Sagradas Letras, quer Tradição Apostólica, pela pena do nosso amado Sucessor de Pedro.
  • 2. 1. O LEMA E O TEMA Assim, são estas as temáticas de cada Domingo: 1ª semana (tentações – ponto de partida): DIZER ADEUS AO CAIS 2ª semana (transfiguração – a meta): RUMO AO CAIS DE CHEGADA 3ª semana (parábola da figueira): AVISO À NAVEGAÇÃO 4ª semana (parábola do pai misericordioso e dos filhos perdidos): CHEGAR A BOM PORTO 5ª semana (mulher adúltera): VIRAR DE BORDO 6ª semana (Semana santa): REMAR CONTRA A MARÉ 2. SEMANA APÓS SEMANA Para estas semanas vamos apontar para um grande símbolo da Igreja: a barca do Ano da Fé. Da Quaresma à Páscoa, vamos construir a Barca, de acordo com os seus símbolos constituintes. Obviamente, o objetivo da dinâmica aqui proposta não pode reduzir-se a um mero trabalho manual, feito em família ou em ambiente paroquial. Importa que, na atividade proposta, na oração realizada e na assunção prática de uma atitude concreta, a quaresma se viva, segundo o desiderato, de uma “renovada conversão ao Senhor” expresso pelo Papa, na Carta Apostólica, para o Ano da Fé: “O Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida, por meio da remissão dos pecados” (Bento XVI, PF 6). Como nos diz ainda o Santo Padre, na sua Mensagem, “a Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé, com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramento e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola” (MQ2013, 3). Nesse sentido, para integrar as indicações quaresmais acima referidas, a nossa dinâmica desenvolver-se-á, em três campos de ação: atividade, oração, atitude.
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  • 4. 3. ORAÇÃO Proporemos que se redescubram algumas fórmulas de orações comuns, que propiciem “aquele encontro com Deus, em Cristo, que suscita em nós o seu amor e nos abre o íntimo aos outros” (cf. DCE 31; cit. MPQ2013, n.1). Na verdade, a prioridade da fé e a primazia da caridade, encontram a sua fonte comum, numa renovada prática da oração cristã, como nos lembra o Santo Padre: “a existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo a força e o amor que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs, com o próprio amor de Deus” (MPQ2013,3). Vai neste sentido, a concretização do exercício da Oração, que propomos, semana a semana, destacando uma a uma, algumas das suas expressões: - na 1ª semana, a oração da Libertação (em PDF anexo) - na 2ª semana, “uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra”, rezando o Evangelho de cada dia (em PDF anexo), como nos lembra o Papa na sua Mensagem para a Quaresma (MPQ2013,3) ; - na 3ª semana, a prática tão esquecida e tão necessária do Exame de consciência diariamente; - na 4ª semana, a oração do pai-nosso, que nos introduz na experiência do ser amado por Deus; - na 5ª semana, a oração do “acto de contrição”, numa das suas formas (em PDF anexo); - na 6ª semana, a oração penitencial feita pelo então Cardeal Ratzinger, na 9ª estação da Via Sacra de Sexta-Feira Santa, no Coliseu, em Roma, poucos dias antes de ser eleito Papa, com o nome de Bento XVI. Segue-se aqui o texto com algumas adaptações.
  • 5. 4. ATITUDE - COMPROMISSO A Mensagem do Santo Padre para a Quaresma de 2013, articula, sob muitíssimos aspetos, a relação entre fé e caridade, na convicção expressa de que “crer no amor suscita caridade” (cf. I Jo.4,16). Por isso mesmo, esta “caridade” não se esgota na prática da “esmola” ou da “partilha”. “De facto, por vezes, tende-se a circunscrever a palavra caridade à solidariedade ou à mera ajuda humanitária” (MPQ2013.3). Neste sentido, as atitudes ou compromissos, que sugerimos, ao longo da Quaresma, não são apenas «obras», “fruto do esforço humano” mas «obras que nascem da própria fé” (MPQ2013). Deste modo, procuramos amplificar o sentido da caridade, tendo em conta que esta também se manifesta, por exemplo, no anúncio do evangelho, no serviço da Palavra (cf. Paulo VI, EN, 16), no cultivo e na vivência da amizade com Cristo (cf. Jo.15,14- 15), no esforço por caminhar na verdade (Ef.4,15), na prática do perdão acolhido na fé e oferecido aos outros. Neste enquadramento propomos: - na 1ª semana, dispor-se a renunciar, àquilo que mais pesa na “embarcação” da nossa vida. Esta renúncia tem um duplo aspeto: renúncia ao pecado e renúncia a algum ou alguns dos “bens deste mundo”, que possam ser obstáculo à prioridade da fé e à primazia da caridade (cf.MQ2013, 4). - na 2ª semana, a par da leitura mais prolongada da Palavra de Deus, sugere-se a atenção concreta ao próximo, ao mais próximo, aos que vivem debaixo do mesmo teto. “Subir ao monte da oração, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus” (MQ2013,3). - na 3ª semana, vamos colaborar, de forma mais urgente, na preparação de tudo o que for necessário para o acolhimento condigno da Imagem Peregrina de Nossa Senhora; - na 4ª semana, o quadro bíblico da parábola do pai misericordioso e dos dois filhos, sugere-nos a prática da Reconciliação, não apenas como sacramento (que terá também o seu momento, de acordo com o calendário paroquial), mas também como prática concreta de aproximação àquele (s) de quem andamos mais distantes. “Saber-se amado por Deus” terá como consequência uma capacitação maior para a prática da reconciliação. - na 5ª semana, é-nos sugerido que deitemos ao chão todas as pedras que temos na mão. Sugerimos, nesta semana, um diálogo, em casal e/ou em família, que resulte na partilha daquilo que, afinal, ainda temos uns contra os outros, e que escondemos, como pedras na mão. - na 6ª semana (Semana Santa), propomos que os fiéis “remem contra a corrente” que os atira para a diversão, para as férias, e participem mais assiduamente nas celebrações do tríduo pascal. Temos de remar contra a maré, contra ventos e costumes que se instalam e que nos levam, por exemplo, a viver uma semana santa sem exigência, sem combate, sem proximidade com o Senhor.
  • 6. DUC IN ALTUM SEMANA TEMÁTICA ATIVIDADE ORAÇÃO ATITUDE 1ª semana A primeira semana coloca-nos no ponto de CONSTRUIR Oração de Quem vai para o partida. Iniciámos uma viagem, “impelidos O BARCO Libertação mar, avia-se em DIZER pelo sopro do Espírito Santo” (cf. Evº). A 1ª terra. ADEUS leitura lembra-nos que “o Senhor nos fez sair Criar condições AO CAIS do Egipto”, que nos “fez atravessar o Mar”. E o para partir. próprio Jesus, também “se retirou das Que coisas tenho margens” para mergulhar no oceano infinit0 de largar? do amor do Pai. O desafio desta semana é Renúncia ao “dizer adeus ao cais”, para iniciar a grande pecado. viagem da fé. Renúncia aos bens. COLOCAR O “Subir ao monte da CÍRIO 2ª semana A segunda semana coloca-nos perante a meta “Este é o meu oração, trazendo o NO BARCO de todo o caminho quaresmal: a Filho: escutai- amor e a força que Início do RUMO transfiguração, como experiência de O”. daí derivam, para desenho do AO CAIS transformação e antecipação da ressurreição. logotipo da servir os nossos Barca no círio DE É preciso divisar a meta. São Paulo exorta-nos Deixar-se guiar irmãos e irmãs com CHEGADA a pôr olhos na esperança da pátria futura. E Desenhar pelo evangelho o próprio amor de retângulo, Abraão, na 1ª leitura, é desafiado a olhar o céu do dia. Deus” (MQ2013,n.3). letras e e as estrelas. Para conhecer o rumo e chegar à números Maior atenção e meta, precisamos de percorrer o caminho Tomar a serviço às pessoas certo. A nossa Carta de marear é a palavra da Palavra, como que vivem debaixo Escritura que nos orienta, como bússola. uma bússola, do mesmo teto. Precisamos de ler e de escutar esta Palavra na rezando o voz do Filho: «Escutai-O» (cf. Evangelho). Evangelho de cada dia da Semana. 3ª semana A terceira semana coloca-nos bem no coração “Quem se julga “Perder” tempo de uma quaresma de sabor penitencial. Quer Desenhar no de pé, tenha para ajudar a AVISO Jesus, quer São Paulo, deixam-nos claros círio cuidado para receber, À avisos ou advertências à navegação: «se não a barca não cair” (cf. 2ª condignamente, a
  • 7. NAVEGAÇÃO vos converterdes morrereis todos» (evº), «quem leitura) Imagem peregrina se julga de pé tome cuidado para não cair» (2ª de Nossa Senhora leitª). Passar através do mar, receber o batismo, Fazer todos os durante a próxima não é um seguro de viagem! É preciso mesmo dias o exame semana. mudar de rumo… de consciência. 4ª semana Na quarta semana, experimentamos já a Desenhar no alegria do Povo de Deus, que celebra a Páscoa Responder ao Reconciliar-se, círio, CHEGAR «em terra», e a alegria do Pai por causa do dentro do amor do Pai, aproximar-se, quadrado o A BOM «filho que estava morto e voltou à vida», mas com amor de voltar à paz, trigrama PORTO sentimos ainda como é difícil fazer entrar na Filho: regressar mesma “barca” do amor divino, «o filho mais Rezar todos os ao diálogo. velho». A parábola do pai misericordioso dias o Pai- Confissão. sugere-nos o regresso a casa e ao coração do Nosso. Pai como experiência de quem chega ao bom «porto da misericórdia e da paz» (Pref. Quar.VI). 5ª semana O Senhor abre caminhos através do mar (1ª Desenhar no “Vai e não Deitar para fora da leitura) e, com o seu perdão, dá-nos círio voltes a pecar”. barca da nossa vida, VIRAR possibilidade de refazer e de recriar a vida: o círculo Rezar todos os todas as «pedras» DE «vai e não voltes a pecar” (evº). No caminho da eucaristia dias o Acto de escondidas na mão, BORDO perfeição, a meta nunca está alcançada. É Contrição. contra os outros. preciso “cortar as ondas sem desanimar, pois em qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar” (M. Torga).
  • 8. Estamos em plena semana santa. Jesus é o Colocar ou semana – Servo, que tem de tornar o seu rosto duro desenhar Oração de Participar Semana como pedra, para afogar em abundância de debaixo do J. Ratzinger Nas celebrações santa bem, todas as forças do mal, que contra ela barco, as Via Sacra 2005 do Tríduo Pascal avançam. “Desmedida, a revolta imensidão, ondas 9ª Estação REMAR transforma, dia a dia, a embarcação numa errante e CONTRA A alada sepultura, mas corto as ondas sem MARÉ desanimar” (M. Torga). “Também Jesus sentirá medo e angústia: quando chegar a sua hora, Ele sentirá sobre si mesmo todo o peso dos pecados da humanidade, como uma onda alta Colocar no que está prestes a cair sobre Ele. Esta, sim, círio o traço será uma tempestade terrível, não cósmica, horizontal da mas espiritual. Será o derradeiro e extremo Cruz assalto do mal contra o Filho de Deus” (Bento XVI, Homilia, 21.06.2009)
  • 9. DOMINGO I DA QUARESMA – Dizer adeus ao Cais Passo Bíblico: Lc 4, 1-2 Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo Diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome. Da Mensagem do Papa: Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus. A primeira resposta é precisamente a fé como acolhimento, cheio de admiração e gratidão, de uma iniciativa divina inaudita que nos precede e solicita; e o «sim» da fé assinala o início de uma luminosa história de amizade com o Senhor, que enche e dá sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se contenta com o nosso acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20). Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu amor significa deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n'Ele e como Ele; só então a nossa fé se torna verdadeiramente uma «fé que actua pelo amor» (Gl 5, 6) e Ele vem habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12). Reflexão: Não podemos querer seguir com Jesus e manter a nossa vida quotidiana na mesma. Por isso, quem se vê desafiado por Jesus e aceita caminhar com Ele vê-se tentado. E as tentações podem ser de várias ordens: podem, por exemplo levar- nos a querer manter a nossa vida na mediocridade que torna possíveis as insídias do Demónio. Não podemos deixar. Se, de facto, vale a pena seguir Jesus, não há porque temer. As seguranças, estão em Jesus; o amparo, em Jesus; o refúgio, em Jesus. Não há nada que valha que esteja garantido por Jesus. Comecemos por ter a ousadia de dizer “Basta!” ao pecado. Chega de preguiça, de conformismo, de inércia, de pacifismo. É preciso agir e largar o cais.
  • 10. DOMINGO II DA QUARESMA – Rumo ao Cais de Chegada Passo Bíblico: Lc 28b-29. 34-35 Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto, e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente. Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». Da Mensagem do Papa: A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1- 4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e acção, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De facto, por vezes tende-se a circunscrever a palavra «caridade» à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o «serviço da Palavra». Não há acção mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir- lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal factor de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf. Enc. Caritas in veritate, 8). Reflexão: O Evangelho deste Domingo aponta o rumo para chegarmos a bom porto: ouvindo o “Filho muito amado”. Será Ele a guiar-nos com a Sua Palavra e a Sua Vida e, para isso, vamos, durante esta semana, contemplar com particular atenção o Evangelho de cada dia. Mas, qual é, afinal, o nosso destino? O que é que nos move, de forma tão forte, que nos leva a voltar as costas à nossa vida instalada e fácil? É, como vemos, o encontro com o Pai, é esta subida ao monte que faz com que tudo valha a pena. Ver a Deus face a face, mergulhar na sua
  • 11. existência e contemplá-lo perfeitamente, é isso que nos move e deve continuamente mover. Foi por isso que Pedro, fascinado por aquele cenário, se sente tentado a ficar por ali, naquele sacro convívio. Contudo, há que ter presente que o nosso encontro com o Pai tem um objectivo: conhecê-lo de modo a anunciá-lo mais perfeitamente ao nosso próximo. Continuemos, então, rumo ao cais.
  • 12. DOMINGO III DA QUARESMA – Aviso à Navegação Passo Bíblico: Lc 13, 7-9 Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano». Da Mensagem do Papa: A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: «É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas acções que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos» (2, 8-10). Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente. A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola. Reflexão: Eis que vamos sensivelmente a meio da viagem. Certamente já muito foi alcançado, já muitos obstáculos foram superados. Mas ainda há muito a fazer e o Senhor chama-nos a não desanimar. Contudo, avisa-nos: temos este ano e não sabemos se teremos o próximo para nos convertermos. Temos de dar, a cada dia, tudo para resgatar a nossa vida do pecado e da pequenez em que o Diabo nos aprisiona. Um grande pecado, que pode pôr por terra todo o trabalho já começado é a soberba. Para isso há que ter consciência do que nos diz S. Paulo na 2ª leitura: “Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.” Eis, então, o aviso à navegação.
  • 13. DOMINGO IV DA QUARESMA – Chegar a bom porto Passo Bíblico: Lc 15, 21-24 Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Da Mensagem do Papa: Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5). Reflexão: Eis o porto seguro: o abraço carinhoso do Pai. Nada há de mais reconfortante, mesmo na vida hodierna, que, chegados a casa cansados, sermos absorvidos num abraço caloroso e cheio de amor. Somos tão felizes neste abraço, tão seguros, tão completos. É com este abraço que, mesmo depois de um grande tempo fora de casa, o Pai nos recebe. Mesmo vivendo durante tanto tempo como se o estivesse morto, como fez o filho pródigo, o Pai acolhe-O, como que dizendo: “Mesmo assim, tive saudades tuas! Mesmo assim, quero-te comigo! Mesmo assim, Eu amo-te!”. Há, contudo, um perigo neste amor incondicional: pelo facto de Deus nos amar, mesmo com todas as nossas falhas, isso não nos pode levar ao comodismo e à tibieza. Essa tendência é a condenação certa da nossa alma e deitará por terra todo o trabalho desta viagem. Chegados a bom porto, deixemos atracar.
  • 14. DOMINGO V DA QUARESMA – Virar de bordo Passo Bíblico: Jo 8, 7-11 Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar». Da Mensagem do Papa: O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: «O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no acto globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está "concluído" e completado» (ibid., 17). Daqui deriva, para todos os cristãos e em particular para os «agentes da caridade», a necessidade da fé, daquele «encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor» (ibid., 31). O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor - «caritas Christi urget nos» (2 Cor 5, 14) - , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus. «A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! (...) A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz – fundamentalmente, a única - que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir» (ibid., 39). Tudo isto nos faz compreender como o procedimento principal que distingue os cristãos é precisamente «o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado» (ibid., 7).
  • 15. Reflexão: Depois do nosso acolhimento neste abraço amoroso que meditávamos a semana passada, chega a hora a soltar as amarras para a viagem de volta. O que recebemos vamos agora devolver. Contudo, para caber na embarcação o que temos de levar, há que deixar em terra o que não fala, o que deixa passar para os outros a mensagem do abraço do pai. Vamos, portanto, deixar os azedumes, as iras, as invejas, as vinganças, os orgulhos e tudo o que há no nosso coração que nos pesa na relação com o próximo. Só assim vamos poder virar de bordo.
  • 16. DOMINGO DE RAMOS – Remar contra a maré Passo Bíblico: Quando estavam a soltar o jumentinho, os donos perguntaram: «Porque soltais o jumentinho?». Eles responderam: «O Senhor precisa dele». Então levaram-no a Jesus e, lançando as capas sobre o jumentinho, fizeram montar Jesus. Enquanto Jesus caminhava, o povo estendia as suas capas no caminho. Estando já próximo da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos começou a louvar alegremente a Deus em alta voz por todos os milagres que tinham visto, dizendo: «Bendito o Rei que vem em nome do Senhor. Paz no Céu e glória nas alturas!». Alguns fariseus disseram a Jesus, do meio da multidão: «Mestre, repreende os teus discípulos». Mas Jesus respondeu: «Eu vos digo: se eles se calarem, clamarão as pedras». Da Mensagem do Papa: Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida. Reflexão: Tal como o Senhor Jesus, que passava pelas ruas de Jerusalém cheias de povo e, no entanto, experimentava um dos maiores momentos de solidão, também nós, depois deste Sagrado Tempo, somos chamados a caminhar, não a par com o mundo, mas contra as suas insídias. Não será fácil, mas somos chamados a isso pelo Senhor, que já sofreu muito mais do que qualquer um de nós há-de sofrer. Entreguemo-nos ao testemunho, ao martírio, à cruz. Tenhamos força para remar contra a maré.