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1 von 23
Centro Universitário Salesiano de São Paulo
Unidade de Ensino de Lorena
Jéssyka Alves
José Luiz de Morais
Lucas Barbosa de Oliveira
Mateus Almeida
ORIGENS E DESENVOLVIMENTODA INDÚSTRIA
TÊXTIL NO VALE DO PARAÍBA PAULISTA
ANÁLISE HISTÓRICA DA REGIÃO DO VALE DO PARAÍBA COMO ATRATIVO
PARA A IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIA DE BASE (1930 - 1980)
VIA DUTRA, CONHEÇA A HISTÓRIA DA PRINCIPAL LIGAÇÃO ENTRE O
EIXO RIO E SÃO PAULO
Lorena 2017
Centro Universitário Salesiano de São Paulo
Unidade de Ensino de Lorena
Jéssyka Alves
José Luiz de Morais
Lucas Barbosa de Oliveira
Mateus Almeida
ORIGENS E DESENVOLVIMENTODA INDÚSTRIA
TÊXTIL NO VALE DO PARAÍBA PAULISTA
ANÁLISE HISTÓRICA DA REGIÃO DO VALE DO PARAÍBA COMO ATRATIVO
PARA A IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIA DE BASE (1930 - 1980)
VIA DUTRA, CONHEÇA A HISTÓRIA DA PRINCIPAL LIGAÇÃO ENTRE O
EIXO RIO E SÃO PAULO
Projeto apresentado para avaliação
parcial da diciplina História do Vale do
Paraíba, do 3º ano do curso de
Licenciatura em História, elaborado sob a
orientação do Professor Sodero.
Lorena 2017
Texto 1
ORIGENSE DESENVOLVIMENTO DAINDÚSTRIATÊXTILNO VALE DO
PARAÍBA PAULISTA
Fabio Ricci
Programa de Pós-Graduação em Administração e Núcleo de Pesquisas
Econômicas e Sociais da Universidade de Taubaté -PPGA/NUPES -UNITAU
RESUMO
Os pressupostos teóricos basearam-se nos efeitos de circularidade de MYRDAL
e nos efeitos de encadeamento de HIRSCHMANN.
Mesmo durante a decadência da atividade cafeeira houve um fluxo de capital
suficiente para a dinamização das atividades econômicas, especialmente nos
municípios localizados no médio Vale.
O desenvolvimento inicial da indústria têxtil foi caracterizado pela proliferação de
indústrias produtoras de artigos populares, passando algumas fábricas, no após
guerra, a produzirem artigos finos. Ao final da República Velha a região somava
parcela ponderável da produção nacional.
Quanto às origens dos capitais, nas indústrias pioneiras, os capitais
regionais foram majoritários, predominando os capitais de origem urbana. Ainda
na primeira década do século XX os capitais vindos dos centros econômicos do
país, filiais de empresas estrangeiras, assumiram o controle acionário das principais
fábricas passando a industrialização têxtil regional a ser tributária daqueles centros.
Posteriormente, os primeiros diretores técnicos, determinantes para o bom
funcionamento das empresas, vindos de São Paulo ou do Rio de Janeiro, assumiram
várias empresas.
As industriais assumiram o lugar das antigas elites cafeeiras no plano
econômico, político e social, ocupando vários cargos políticos, oferecendo assistência
social e promovendo manifestações culturais urbanas.
Quanto à infra-estrutura, os incentivos fiscais, os meios de transporte (ferrovia) e
a disponibilidade de mão-de-obra foram determinantes para a atração das
atividades industriais. No entanto a região possuía deficiências, particularmente na
oferta de energia elétrica.
Como desdobramento, vimos surgir na região atividades industriais para o seu
suprimento. Com isso consolidam-se as perspectivas de desenvolvimento regional com
base no setor industrial.
Palavras-chave: 1. Desenvolvimento Econômico; 2. Indústria Têxtil: Vale do
Paraíba (São Paulo); 3. História Econômica; 4. História Regional
INTRODUÇÃO
O texto a seguir é um resumo da tese de doutorado defendida na FFLCH/USP em 2002.
Por tratar-se de assunto inédito optou-se pela elaboração de um trabalho estrutural
com o objetivo de organizar de forma sistematizada a extensa documentação
primária levantada, permitindo assim a possibilidade de provocar novos temas em
trabalhos futuros. Acreditamos que ficaram evidenciadas especificidades regionais e, ao
mesmo tempo, enriquecemos de dados questões de interesse geral.
A apresentação do trabalho esta dividida em uma discussão teórico-metodológica,
uma avaliação da evolução (decadência) econômica da cultura cafeeira na região, as
características da evolução da indústria têxtil, as origens sociais dos empresários e
os aspectos infra-estruturais, finalizando com uma conclusão.
DISCUSSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
O período estudado, República velha, procurou estabelecer a combinação do ritmo
próprio da região com as mais significativas referências gerais; sendo assim, não
podemos nos deter em datas específicas, mas ao desenvolvimento do setor têxtil. Essa
posição resulta da constatação de Meihy:
“Na impossibilidade de se firmar um critério político
ou econômico ou social comum às duas estruturas optou-se
por datas simbólicas, representativa dos fatos que
envolveram e transformaram em cadência próxima ambas.”1
Colocada a questão nesses termos temos como marco inicial do período
estudado as grandes transformações do capitalismo mundial, a segunda revolução
industrial, no Brasil a crise do império e as questões tarifárias e alfandegárias
combinada com a
1 MEIHY, José Carlos Sebe Bon. Vale de Lágrimas: História da pobreza em
Taubaté. Tese de livre- docência, São Paulo, FFLCH-USP, 1980. p. 49.
decadência da cultura cafeeira na região do Vale do Paraíba e sua inserção junto aos centros
mais desenvolvidos do país pela construção da Estrada de Ferro Central do Brasil. O final do
período é marcado pela crise do capitalismo mundial, simbolizado pela quebra da Bolsa de
Nova Iorque, pela revolução de 1930 no Brasil e pela consolidação da indústria têxtil na
região.
Quanto aos aspectos teóricos, consideramos que o surgimento da indústria têxtil no
Brasil está relacionado com o advento da Segunda Revolução Industrial, no final do século XIX.
Os países periféricos cujo comércio de produtos básicos com os países capitalistas
centrais eram mais intensos, possibilitando a formação de um contingente de
consumidores elevado e grandes núcleos urbanos experimentaram uma mudança qualitativa no
seu comércio exterior. Houve a partir de então uma maior participação nas importações de bens
de capital, com maior valor agregado, e a transferência para os países periféricos da
produção de produtos de bens de consumo não duráveis, sendo o setor têxtil o primeiro a
vivenciar essa situação.
Portanto, o crescimento econômico do país nesse período teve, primeiramente, como
setor dinâmico do sistema, a expansão do setor cafeeiro, formando o núcleo de uma economia de
mercado interno, que dinamizou os efeitos de crescimento. Furtado, após analisar o fluxo da
renda na economia brasileira, à luz do aumento da importância relativa do setor assalariado
como base do mercado interno conclui que “o aumento da renda se realiza, portanto, em duas
etapas: Em primeiro lugar graças ao crescimento das exportações e, em segundo, pelo efeito
multiplicador interno.”
Sendo assim, os gastos de consumo, antes orientados para as importações, passama ser
produzidos internamente. É interessante observar que o conhecimento da quantidade de
importações de determinados produtos de consumo é uma informação relevante para o estímulo
ao investimento interno.
As considerações acima indicam que adotamos os efeitos de encadeamento de consumo e de
produção para frente para atender ao setor do produto básico como responsáveis pela
instalação das indústrias têxteis na região. Levamos em conta também os efeitos fiscais,
considerando as políticas locais de atração de indústrias.
Acrescenta-se a isso o pressuposto de que as duas frações burguesas, agrária e
industrial, mantinham relações de complementaridade e conflito, principalmente nos
aspectos infra-estruturais e nas políticas fiscal e alfandegária.
Quanto às desigualdades regionais pode-se explicá-las pelo princípio de causação circular
e cumulativa de Myrdal.5 Na análise do autor, o sistema capitalista desenvolve-se produzindo
desigualdade, regiões mais avançadas tendem a atrair investimentos; por outro lado, as
regiões pobres tendem a perder investimentos.
Nosso objetivo é demonstrar que o desenvolvimento industrial regional esteve vinculado a
fatores favoráveis, como a manutenção da renda regional, mão-de-obra disponível e a
proximidade e ligação ferroviária com os maiores centros urbanos.
As principais documentações primárias utilizadas foram os balanços das
empresas, obtidos nos D.O.E., juntamente com as atas das câmaras municipais, jornais e
bibliografia local.
Definidas essas questões, o trabalho procurou responder a algumas questões, tais como:
Quais foram as indústrias do setor têxtil na região do Vale do Paraíba Paulista? Como foi o
desenvolvimento do setor na região? Quais foram os empreendedores desses investimentos?
Qual o significado da produção regional face ao contexto geral do setor no país? Que aspectos
podemos destacar como atrativos para a instalação de unidades industriais do setor têxtil na
região?
A ECONOMIACAFEEIRANO VALE DO PARAÍBA PAULISTA NA REPÚBLICAVELHA
UMA REFLEXÃO
A cafeicultura no século XIX trouxe progresso para a região do Vale do Paraíba,
que cresceu e diversificou as funções dos centros urbanos A produção de café da região em
relação à produção do Estado de São Paulo decaiu de 86,50% em 1836 para 1,71% em
1935, no entanto temos que levar em consideração que a produção total aumentou em quase 89
vezes, saltando de 590 mil para 52,4 milhões de arrobas no mesmo período.7 Assim, na
produção física regional a queda foi menos significativa, como mostra a tabela 1 abaixo:
Tabela 1 – Produção de Café, Vale do Paraíba, Arrobas e Porcentagem
Municípios 1854
Arrobas %
1886
Arrobas %
1920
Arrobas %
1935
Arrobas %
Areias 386.094 13,9 480.000 24,6 79.900 10,8 52.335 5,9
Bananal 554.600 20,0 - - 15.847 2,2 13.650 1,6
Guaratinguetá 100.885 3,6 350.000 17,9 97.687 13,3 63.625 7,2
Jacareí 240.010 8,7 86.000 4,4 21.880 3,0 39.540 4,5
Lorena 125.000 4,5 176.667 9,0 130.961 17,8 107.040 12,2
Paraibuna 118.320 4,3 10.000 0,5 11.747 1,6 68.725 7,8
Pinda 350.000 12,6 200.000 10,2 84.520 11,5 51.109 5,8
S. J. Campos 60.000 2,2 250.000 12,8 51.173 6,9 134.254 15,3
Taubaté 354.730 12,8 360.000 18,4 222.147 30,2 324.293 36,8
Outros
Municípios
484.000 17,4 41.600 2,2 20.833 2,7 25.246 2,9
Total da
Região
2.773.639 100,0 1.954.267 100,0 736.695 100,0 880.167 100,0
Fonte: MILLIET, op. cit. p. 41. A produção de Bananalrelativa a 1886 está somada às de Areias. Idem para as tabelas 2 á 4 a seguir.
Observamos que a produção regional apresentou desequilíbrios em sua evolução, alguns
municípios, entre eles os mais conhecidos pelos estudos históricos, como Bananal e Areias,
sofreram acentuada queda de produção, enquanto outros mantiveram na cultura cafeeira uma
atividade econômica importante, como Taubaté, São José dos Campos, Guaratinguetá e
Lorena. Se levarmos em conta a cotação do preço do café no mercado internacional, vemos
que até 1920, alguns municípios, principalmente Taubaté, puderam manter a captação de
recursos com a produção de café, como estimamos na tabela a seguir:
Tabela 2 – Faturamento com Produção de Café, Vale do Paraíba, Dólares e Porcentagem
Municípios 1854
US$ %
1886
US$ %
1920
US$ %
1935
US$ %
Areias 1.110.020 13,9 1.697.760 24,7 515.035 10,8 131.466 5,9
Bananal 1.594.475 20,0 - - 102.150 2,2 34.289 1,6
Guaratinguetá 290.044 3,6 1.237.950 18,0 629.690 13,3 159.826 7,2
Jacareí 690.029 8,7 304.182 4,4 141.038 3,0 99.324 4,5
Lorena 359.375 4,5 592.488 8,6 844.174 17,8 268.884 12,2
Paraibuna 340.170 4,3 35.370 0,5 75.721 1,6 172.637 7,8
Pindamonhangaba 1.006.250 12,6 707.400 10,3 544.816 11,5 128.386 5,8
S. J. Campos 172.500 2,2 884.250 12,9 329.861 6,9 337.246 15,3
Taubaté 1.019.849 12,8 1.273.320 18,5 1.431.960 30,1 814.624 36,9
Outros Municípios 1.391.500 17,4 147.139 2,1 134.290 2,8 63.418 2,8
Total da Região 7.974.212 100,0 6.879.859 100,0 4.748.735 100,0 2.210.100 100,0
Fonte: MILLIET, op. cit. p. 41. DELFIM NETTO, Antonio. O Problema do Café no Brasil. São Paulo, IPE/USP, 1961. pp. 346-347.
Os valores acima foram obtidos pela multiplicação do preço de importação do café nos Estados Unidos, citados em DELFIM NETTO,
pela quantidade produzida em arrobas indicados na Tabela 1. Valores de conversão de cents/libra-peso para dólares/arroba,fator0,3307.
Tabela 3 – Desenvolvimento do Faturamento, 1854=100
Municípios 1854 1886 1920 1935
Areias 100,00 152,95 46,40 11,84
Bananal 100,00 6,41 2,15
Guaratinguetá 100,00 426,81 217,10 55,10
Jacareí 100,00 44,08 20,44 14,39
Lorena 100,00 164,87 234,90 74,82
Paraibuna 100,00 10,40 22,26 50,75
Pindamonhangaba 100,00 70,30 54,14 12,76
São José dos
Campos
100,00 512,61 191,22 195,50
Taubaté 100,00 124,85 140,41 79,88
Outros municípios 100,00 10,57 9,65 4,56
Total da Região 100,00 86,34 59,55 27,72
Fonte: Valores indicados na Tabela 2.
Podemos concluir que houve na região grande queda no faturamento com o café,
chegando em 1935 a 27,72% do valor observado em 1854. No entanto, alguns municípios não
sofreram queda tão acentuada, mantendo um fluxo de renda para a região capaz de viabilizar
recursos para o fomento ao desenvolvimento de outras atividades, entre as quais a indústria
têxtil.
Outro aspecto que merece atenção, por constituir-se em fator vital para as atividades
produtivas é a força de trabalho. Nesse ponto, a economia cafeeira foi fundamental para o
povoamento intensivo da região. Baseado em Sergio Milliet chegamos à seguinte evolução
da população regional:
Tabela 4 – Evolução da População do Vale do Paraíba Paulista, 1854 = 100
Municípios 1854 1886 1920 1935
Areias 100,00 220,02 189,89 202,65
Bananal
Guaratinguetá 100,00 186,90 314,28 283,20
Jacareí 100,00 167,98 257,21 317,41
Lorena 100,00 391,46 505,33 559,76
Paraibuna 100,00 243,53 443,69 368,86
Pindamonhangaba 100,00 171,28 294,87 275,07
São José dos Campos 100,00 258,20 442,41 455,75
Taubaté 100,00 182,11 382,99 305,02
Outros municípios 100,00 212,18 318,46 329,98
Total 100,00 228,12 345,85 338,71
Fonte: MILLIET, op. cit. p. 39.
Vemos que esse povoamento segue o ciclo de produção cafeeira, sendo que no geral os
municípios aumentam sua população. Examinando-se mais detidamente o perfil populacional,
temos um processo de urbanização crescente, chegando, por exemplo, em Taubaté a taxa de
urbanização de 59,7% em 1934. Essa população urbana ofereceu disponibilidade de força
de trabalho para as atividades urbanas a baixo custo, constituindo-se em fator de
atração de investimentos.
Por fim, tivemos a instalação da ferrovia, que concluiu a ligação Rio de Janeiro- São Paulo
em 1877. Como aponta Cano, a ferrovia não serviu para a dinamização da produção cafeeira, já
que as condições do oeste paulista não se apresentavam para a região, que possuía
cafeeiros velhos, produção em queda e ausência de terras para a expansão da cultura. No
entanto, facilitou o contato com as duas grandes capitais, Rio de Janeiro e São Paulo,
incentivando novas atividades econômicas e expandindo o comércio da região, que passa a ter
nas proximidades da estação ferroviária o novo referencial para o desenvolvimento das cidades.
Texto 2
ANÁLISE HISTÓRICADAREGIÃO DO VALE DO PARAÍBA COMO ATRATIVO PARA A
IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIADE BASE (1930 - 1980)
Sandra Aparecida Nogueira de Oliveira Boffi1, Fabio Ricci2, Edson Aparecida de
Araújo Querido Oliveira
3
1 Mestranda em Gestão e Desenvolvimento Regional - Universidade de Taubaté – Rua
Visconde do Rio
Branco, 210 Centro - 12020-040 - Taubaté - SP - Brasil –
sandra.boffi@uol.com.br
2 Professor do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional - MGDR - Universidade de
Taubaté – Rua
Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 - Taubaté - SP - Brasil -
fabioricci@uol.com.br.
3 Orientador e Coordenador do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional - MGDR -
Universidade de Taubaté –Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 - Taubaté - SP -
Brasil – edson@unitau.br
Resumo - A Região do Vale do Paraíba do Sul, formada pelos Municípios compreendidos entre
Jacareí – estado de São Paulo e Volta Redonda – estado do Rio de Janeiro, representa uma região
de grande destaque para formação da indústria de base do país. Esta região é caracterizada como
de grande complexidade, resultado das diferenças espaciais existentes ao longo de sua extensão.
Para o entendimento da formação das indústrias de base da região é necessário o
conhecimento dos fatos históricos que levaram a esta disposição. Desta forma, o objetivo deste
artigo é identificar e apresentar os principais fatores históricos no período compreendido entre 1930
e 1980 que contribuíram para a formação da indústria de base da região.
Palavras-chave: Indústrias de Base, Industrialização, Vale do Paraíba
do Sul.
Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas.
Introdução
Para o entendimento da implantação da Indústria de Base no Vale do Paraíba do Sul torna- se
necessário investigar o passado da região, enumerando os principais fatos históricos ocorridos no
ambiente nacional e regional, assim como as alterações causadas e seus respectivos impactos.
No que tange ao ambiente nacional, os principais fatores facilitadores da industrialização
brasileira são: a crise de 1930, responsável pelo avanço da industrialização no país; o governo de
Getúlio Vargas e seu desafio em relação à indústria pesada; o Plano de Metas de Juscelino
Kubitschek, responsável pela consolidação do processo de substituição das importações e do
planejamento estatal; a crise de 1962-1967; e o II PND (LACERDA et al. 2003).
O grande movimento da indústria e sua concentração nas diversas regiões tiveram início com
a ascensão do Estado Novo, época em que ocorreu o início do deslocamento da riqueza e
acumulação de capital para as indústrias. Tal alteração não decolou num primeiro momento devido à
fraca dinâmica da economia nacional, mas começou a se modificar a partir de 1933, com a
considerável expansão da produção industrial e início de seu dinamismo em relação à acumulação de
capital na economia brasileira, conforme afirma Cano (1998).
Nessa época, o setor de bens de consumo não-durável, aliado, em menor escala,
aos setores de bens intermediários, de bens de consumo durável e de capital, foram os principais
vetores da indústria a se destacarem, pois puderam ser desenvolvidos em grande parte pelo
capital nacional, por demandarem menores dimensões de plantas, menor densidade de capital e
menor risco de investimento (CANO, 1998).
Quando se analisa as origens da formação das indústrias no país, a região que
evidentemente se destaca é capital paulista. Ali se desenvolveu, com maior propriedade, a
integração da economia brasileira com o comércio internacional “por meio da exportação de café, e o
desenvolvimento de uma industrialização dependente” (RICCI, 2002, p.152). Neste contexto, as
indústrias têxteis representam o primeiro setor de desenvolvimento industrial no país (RICCI, 2002).
O Nascimento da Indústria
Conforme a análise de Cardoso (1961), o surgimento dos primeiros focos da produção
industrial começou a se manifestar no Brasil a partir de 1885, apoiados pelo surgimento do
mercado de mão-de-obra assalariada, originada da imigração em massa, da abolição da
escravatura e do desmantelamento das estruturas pré-capitalistas, da generalização da economia
mercantil e da ampliação da divisão social do trabalho
Até 1920, o coeficiente de industrialização no Brasil (produção industrial em relação ao
produto total) ficou estabilizado em 20 por cento. Nessa época, essas atividades eram
compreendidas somente como complemento do comércio exterior. A década de 20 marca o início
de uma industrialização ainda tímida no país, conseqüência da Primeira Guerra Mundial e da política
de substituição das importações.
Alguns Fatos Importantes no Ambiente Nacional (1930 a 1980)
Foi a partir da Grande Depressão de 1930 que a indústria brasileira se tornou o “principal
fator de crescimento do país” (LACERDA et al. 2003, p.68). A crise, que atingiu a década de 1930,
teve seu período definido entre 1929-1933, mas persistiu até o início da Segunda Guerra Mundial.
Foi responsável pela especulação e quebra de Bolsa de Nova York, iniciando o “período mais
instável do capitalismo” (LACERDA et al,. 2003, p.71), conforme apresenta a figura 1:
Figura 1 - Manifestação de desempregados diante da Bolsa de Valores de Nova York em
1930
No Brasil, a crise de 1930 levou ao fim a supremacia da economia agrário-exportadora e
expandiu a economia urbano-industrial, intensificando o processo de industrialização no país. Começa
a ser constituído o perfil do Estado capitalista brasileiro, que assumia uma postura intervencionista,
como regulador das relações entre capital e trabalho, e adotava o papel de investidor do setor
industrial, infra-estrutural e energético. (RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992).
Em 1931 ocorreu a consolidação do setor urbano-industrial, conforme Ribeiro (1982). Em
1933, o setor mais importante da indústria era o de bens de consumo não-durável, seguido pelos
setores de bens intermediários, de bens de consumo durável e pelo setor de bens de capital
(CANO, 1998). Novembro de 1937 é marcado pelo golpe militar liderado pelo então Presidente
Vargas, eleito em 1934, indiretamente. Esse período ficou conhecido como Estado Novo, quando o
Estado passou a exercer a função de indutor do desenvolvimento industrial (RODRIGUES,
SANTOS e OLIVEIRA, 1992).
O período compreendido entre 1945 e 1953 foi marcado pela supervalorização cambial,
favorecedora da acumulação industrial por propiciar a queda do valor dos equipamentos
importados (CANO, 1998). Conforme Rodrigues, Santos e Oliveira (2002), o período compreendido
entre 1930 e 1955 foi de transição. O Estado saiu de sua posição inicial para assumir sua forma
acabada em termos do processo de desenvolvimento capitalista brasileiro, de acordo com a
política desenvolvimentista consolidada com o Plano de Metas, responsável por marcar o início do
esforço em busca da industrialização.
No período de 1955 a 1969 foram implantados novos mecanismos de ação estatal, que
tinham como meta estabelecida o desenvolvimento nacional pela priorização do setor
industrial (RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992).
Foidurante o governo de Juscelino Kubitschek, caracterizado como governo
desenvolvimentista, que a indústria, principalmente a automobilística, teve o grande impulso no
processo de substituição de importações (CANO, 1998). O Plano de Metas para o planejamento
estatal desenvolvido por Juscelino Kubitschek e implantado no período de 1956 a 1960, era
composto de 31 metas. Foi considerado uma implementação de planejamento bem-sucedida, pois
tornou possível, para o Estado, articular consideráveis investimentos privados de origem externa
e interna, destinados à indústria automobilística, de construção naval e de construção aeronáutica
(LACERDA et al,. 2003).
A crise de 1962 - 1967 foi a primeira grande crise industrial originada dentro dos limites
do processo de substituição das importações. Em 1962 ocorreu a recessão prevista para
1963, devido à queda do nível de investimentos e ritmo industrial. Essa crise foi responsável pela
desaceleração da economia brasileira, cujo PIB caiu à metade, se comparado ao período de 1956
a 1962 (LACERDA et al,. 2003). No período compreendido entre 1970 e 1980 houve o avanço do
Planejamento Centralizador de Políticas Setoriais, quando os investimentos foram concentrados no
setor de bens de produção da economia, com os Planos Nacionais de Desenvolvimento – PND I e II
(RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992).
O II Plano Nacional de Desenvolvimento – PND (1975 a 1979) foi financiado a partir
de empréstimos externos consideráveis, e, conforme Lacerda et al. (2003, p.128), “tinha o objetivo
de superar o próprio subdesenvolvimento do país, eliminando os estrangulamentos estruturais
de nossa economia”.
O Vale do Paraíba
O Médio Vale do Paraíba do Sul está localizado na região Sudeste, a mais desenvolvida do
país, e caracteriza-se por ser uma região de grande complexidade devido às inúmeras diferenças
espaciais existentes ao longo de sua extensão. Os municípios de maior desenvolvimento estão
localizados às margens da principal rodovia do país - Rodovia Presidente Dutra.
A região é composta de uma área de 16.268 km2, distribuídos em 39 municípios. Possui uma
população de 1.992.110 habitantes, conforme dados obtidos do IBGE com o Censo de 2000. A
Figura 2 tem por objetivo situar a Região do Vale do Paraíba dentro do Estado de São Paulo.
Figura 2 – Mapa do Vale do Paraíba
Pode-se denominar o ano de 1875 como o marco inicial para a instalação das indústrias no
Vale do Paraíba, pois nesse ano foi concluída a ligação entre as principais capitais do país - São
Paulo e Rio de Janeiro - com a finalização da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Ricci (2002) defende a tese de que o desenvolvimento industrial no Vale do Paraíba é
resultado da existência de principalmente dois fatores favoráveis: o primeiro é a continuação da
produção do café por alguns municípios da região e adjacências, responsáveis por gerar
disponibilidade de mão de obra, meios de transporte, infra-estrutura urbana e capital acumulado; o
segundo caracteriza-se pela ligação ferroviária entre as duas principais capitais do país. A
proximidade das capitais fez com que o Vale do Paraíba também se beneficiasse do
desenvolvimento, só que com menor intensidade.
Na década de 20 destaca-se no Vale do Paraíba, conforme Costa (1987), a implementação,
pela Prefeitura de São José dos Campos, de um decreto-lei que transferia incentivos fiscais e
terrenos gratuitos para as Indústrias que se instalassem com mais de 100 funcionários. Como
conseqüência, em 1921, 1922 e 1925 foram instaladas a Fábrica de Louças Santo Eugênio, a
Cerâmica Santa Lúcia e a Tecelagem Paraíba S/A. Ricci (2002) observou que, de 1920 a 1935,
embora a população do Vale do Paraíba tivesse decrescido no geral, o processo de
urbanização se mantinha crescente. Para Müller (1965), a população, principalmente urbana, foi
propulsora de necessidades de consumo diversas, dependentes de produção industrial, o que,
conseqüentemente, motivou a formação de um mercado de consumo interno.
A partir de 1930, seguindo o exemplo do restante do país, o Vale do Paraíba começou a
passar por profundas alterações em sua economia, e o marco inicial foi a transferência da
acumulação do setor agrário-exportador para o setor industrial. Com a instalação da Companhia
Siderúrgica Nacional - CSN - em Volta Redonda, município do médio Vale do Paraíba
Fluminense, foi dado impulso aos investimentos privados nas atividades referentes e derivadas
do aço, como, por exemplo, nos ramos metal-mecânica, e metais não-ferrosos e de aços
especiais. Esse foi o principal marco do desenvolvimento no Vale do Paraíba no período
compreendido entre 1930 e 1955 (RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992).
Na década de 40 observa-se o aparecimento da primeira diversificação industrial. Em São
José dos Campos entram em funcionamento a Cerâmica Weiss S/A; Rhodia Indústria Química e
Têxtil S/A; Fábrica de Produtos Alimentares Vigor S/A e a Indústria e Comércio do Café Ltda
(RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992).
A economia do país passou por grandes modificações na década de 50 e a partir de 1956 a
industrialização foi intensificada, devido à entrada de investimentos de capitais externos e
investimentos estatais, que instalaram um vasto conjunto de plantas industriais produtoras de bens
de capital, de bens intermediários e de bens de consumo durável. Essa década representou para o
Vale do Paraíba um momento significativo devido à construção da Rodovia Presidente Dutra; à
criação do complexo tecnológico-industrial- aeroespacial na cidade de São José dos Campos; ao
conjunto de iniciativas industriais federais, voltadas para os setores básicos da economia industrial; e
à consolidação da política econômica recente do Brasil: o Plano de Metas (RODRIGUES,
SANTOS e OLIVEIRA, 1992).
Silva (2005, p.78) afirma que no período compreendido entre 1934 e 1960 é possível notar o
esvaziamento do campo e um aumento considerável da população urbana e que o
crescimento industrial no Vale do Paraíba, após a década de 50, foi resultado “decorrente de sua
inserção no processo de descentralização industrial da região metropolitana rumo ao interior”.
Conforme Silva (2005), no período compreendido entre 1956 e 1970 a indústria de grande
estaque em relação ao valor da produção, no Vale do Paraíba, foi a de alimentos,
substituída entre 1970 e 1980 pela de materiais de transporte e posteriormente pela indústria
química. Na década de 70 destacam-se as mudanças mais significativas para a região: a
descentralização industrial, responsável por grandes mudanças no processo de urbanização e por
alterações nos setores de comércio de mercadorias, nas atividades sociais e nas atividades
ligadas ao setor público. Em 1980, conforme Rodrigues, Santos e Oliveira (1992) a indústria já
havia passado por grandes mudanças, transformando o Vale do Paraíba em um importante espaço
de produção.
O Quadro 1 apresenta as Indústrias mais importantes que se instalaram na Região
do Vale do Paraíba desde o início da sua industrialização até o ano de 1980, por ano de
fundação e ramo de atividade.
Quadro 1 - Instalação das Indústrias no Vale do Paraíba.
Empr
esa
Ano Ramo
Cia.Taubaté Industrial 1891 Têxtil
IMBEL 1909 Químico
Ref inaria de Açúcar Irmãos
Escada
1909 Alimentos
Fábrica Teci 1914 Têxtil
Malharia N.S. da Conceição 1879 Textil
Bonádio S.A 1920 Cerâmica
Cerâmica Santa Cruz 1924 Cerâmica
Tecelagem Parahy ba 1925 Têxtil
Cia.Fiação Lanif ício Plástico 1927 Químico
Produtos Alim.Embaré 1930 Alimentos
Fábrica de Botões Corozita 1935 Vestuário
Frigoríf ico Cruzeiro 1939 Alimentos
Cerâmica Weiss 1942 Cerâmica
FNV (Fábrica Nacional de
Vagões)
1943 Transportes
Fábrica de Papel
N.S.Aparecida
1944 Químico
Rhodia 1946 Químico
Cia.Cícero Prado 1946 Químico (papel)
Produtos Alimentares Vigor 1950 Alimentos
Johnson & Johnson 1953 Químico
Tecelagem Madre de Deus 1953 Têxtil
Ind.Química Taubaté 1954 Químico
Plasbaté 1954 Químico
Ericsson 1955 Telecomunicações
Basf 1955 Químico
Mecânica Pesada 1955 Metalúrgico
Tecelagem e Fiação Kanebo 1956 Têxtil
Eaton 1957 Mecânica/Metalúrgica
Indústria de Óculos Vizion 1957 Ótica
Ford S.A do Brasil 1958 Metalúrgico/Mecânico
Maf ersa 1958 Material Ferrov iário
AISA 1959 Metalúrgico/Mecânico
Alpargatas 1960 Vestuário/Calçados
Textilquímica/ 1961 Química
General Motors 1959 Automobilístico
Prov idro/ Grupo CEBRACE 1963 Vidraria
Schrade do Brasil 1964 Automobilístico
Amplimatic 1964 Equip. Eletrônicos
Av ibrás 1965 Aeroespacial
Embrear 1969 Aeronáutica
Bandiy Tubing 1970 Mecânico
Kodak 1972 Químico
Volkswagen 1973 Automobilística
Philips 1973 Eletrônico
Metalúrgica Fiel 1973 Metalúrgico
Monsanto 1975 Químico
Kone 1976 Metalúrgico
Ref inaria Henrique Lage-
Petrobrás
1980 Químico
Fonte: Adaptado de Silv a (2005).
Conclusão
A indústria surgiu no período final analisado, em função do processo de industrialização
do país, privilegiando os investimentos na indústria de base a partir do Plano de Metas de Juscelino
Kubitschek. Nessa fase vieram para o Vale do Paraíba as indústrias: Mecânica Pesada,
Volkswagen, Ericsson do Brasil S.A., Kodak e Ford S.A do Brasil, entre outras.
O capital estatal direto ou associado ao setor privado, via BNDE, já nos anos 70 foi
responsável pela vinda de um maior número de empresas do setor, por investimentos estatais
diretos, como a Embraer, Petrobrás, entre outras, ou via investimentos e financiamentos, como
Confab, Villares e Liebherr, entre outras.
O objetivo deste artigo foi verificar os principais fatos históricos do Vale do Paraíba em
relação a sua industrialização; uma inserção e exploração inicial do tema, mostrando que fatores
de decisões externas à região foram determinantes para a formatação do mapa industrial local.
Referências Bibliográficas
CANO, W. Raízes da Concentração Industrial em
São Paulo. São Paulo, Difel, 1977.
CANO, W. Desequilíbrios Regionais e Concentração Industrial no Brasil. Campinas: Instituto de
Economia/UNICAMP, 1998.
CARDOSO, F. H. Condições sociais da industrialização. Revista Brasiliense,São Paulo, n.
28, 1961.
COSTA, W. M. O processo contemporâneo da industrialização. São Paulo. USP. 1987.
FURTADO, C. Pequena Introdução ao Desenvolvimento: Enfoque Interdiciplinar.
São Paulo, Editora Nacional, 1980.
HERRMANN, L. Evolução da Estrutura Social de Guaratinguetá num Período de Trezentos
Anos. São Paulo, IPE/USP, 1986.
LACERDA, A. et al. Economia Brasileira. 2.ed. São
Paulo, Saraiva, 2003.
RIBEIRO, M. A. M. Taubaté e a Alternativa Industrial: 1891-1933. Dissertação de Mestrado em
História Social, São Paulo, FFLCH/USP, 1982.
MELLO, J. M.C. O Capitalismo Tardio. 8.ed. São
Paulo, Brasiliense, 1990.
MÜLLER, N. L. Taubaté-Estudo de Geografia Urbana. in: Revista Brasileira de Geografia, São
Paulo, ano XXVII, n.º 1, Jan-Mar/1965.
NEGRI, B. A interiorização da indústria paulista
1920-1980. In: Cano,W.(Org) A interiorização do desenvolvimento econômico no Estado de
São Paulo.Seade/Fecamp/Unicamp, 1988, vol. 1, n 2.
Texto 3
Via Dutra, conheça a história da principal ligação entre o eixo Rio e São Paulo
A Rodovia Presidente Dutra, principal ligação entre Rio de Janeiro e São Paulo, acaba de
completar 66 anos de existência. Neste período, a rodovia, por onde é transportado cerca de 50% do
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro passou por diversas transformações.
No dia 19 de janeiro de 1951, quando foi inaugurada pelo Presidente da República, General
Eurico Gaspar Dutra, em solenidade realizada na altura de Lavrinhas (SP), a então BR-2, nova
rodovia Rio-São Paulo, ainda não estava completamente pronta, mas já permitia o tráfego de veículos
entre a então Capital Federal, Rio de Janeiro, e o polo industrial de São Paulo.
Da então ligação Rio-São Paulo, 339 quilômetros estavam concluídos, junto com todos os
serviços de terraplenagem e 115 obras de arte especiais (trevos, viadutos, pontes e passagens
inferiores). Faltava, porém, a pavimentação de 60 quilômetros entre Guaratinguetá (SP) e Caçapava
(SP), e seis quilômetros em um pequeno trecho situado nas proximidades de Guarulhos (SP).
A BR-2 contava com pista simples, operando em mão-dupla em quase toda sua extensão. Em
dois únicos segmentos havia pistas separadas para os dois sentidos de tráfego: nos 46 quilômetros
compreendidos entre a Avenida Brasil e a garganta de Viúva Graça (hoje, Seropédica), no Rio de
Janeiro, e nos 10 quilômetros localizados entre São Paulo e Guarulhos, no trecho paulista.
A nova rodovia permitiu a redução da distância rodoviária entre as duas capitais em 111
quilômetros, comparando-se o novo caminho com o traçado da velha rodovia, inaugurada em 1928.
A maior parte dessa redução foi possível com a superação obstáculos naturais, basicamente
nos banhados da Baixada Fluminense e na área rochosa da garganta de Viúva Graça, na região de
serras entre Piraí e Cachoeira Paulista, e no segmento da Várzea de Jacareí.
Além disso, sua concepção avançada permitiu a construção de aclives e declives menos
acentuados e curvas mais suaves. Tudo isso representou uma significativa queda no tempo de
viagem, de 12 horas, em 1948, para seis horas.
Investimento
No total, 1,3 bilhão de Cruzeiros foi investido na construção da BR-2, quantia altíssima para os
padrões da época. Gastos muito criticados por setores da sociedade civil e pela imprensa, que
classificava a obra como “luxuosa”. O Governo Federal argumentava que o desbravamento do Brasil
dependia de caminhos que pudessem ser abertos com rapidez e eficiência e que a modernização da
ligação Rio-São Paulo era fundamental para o desenvolvimento nacional.
Obras na nova rodovia: desafio para engenharia da época
O “retão” de Jacareí (SP), por exemplo, foi um trecho que gerou polêmica entre os técnicos,
por ser construído sobre terreno instável, cuja transposição era considerada quase impossível. No
entanto, o trecho foi finalizado com a utilização de 12 milhões de metros cúbicos de terra, o
equivalente a 1,6 milhão de caminhões cheios, em um aterro submerso de 15 metros de
profundidade.
No trecho fluminense, a transposição de um trecho rochoso ao pé da Serra das Araras,
chamado de “garganta de Viúva Graça”, também representou um grande desafio para os engenheiros
empenhados na construção da nova rodovia, que comandaram complexas escavações, permitindo o
rebaixamento em 14 metros do paredão de granito.
Números que envolveram a construção:
 2.657.746 m² de pavimentação;
 1,3 milhão de sacos de cimento;
 8 mil toneladas de asfalto;
 20 mil toneladas de alcatrão;
 15.000.000 m³ de movimento de terra;
 300.000 m³ de cortes;
 7.021 m de extensão em 115 pontes, viadutos e passagens;
 19.086 m com 315 bueiros;
 30 milhões de m² de faixa de domínio.
CCR NovaDutra assume administração da via Dutra
No dia 1º de março de 1996, a CCR NovaDutra assumiu a administração da via Dutra, que, na
época, estava deteriorada, com pistas esburacadas, sinalização e conservação em situação precária.
No entanto, após 180 dias (prazo para realização dos serviços emergenciais), o cenário já era outro,
com a rodovia em condições adequadas de segurança e fluidez de tráfego. Hoje, a via Dutra conta
com uma infraestrutura composta por equipes de socorro médico e mecânico 24 horas,
monitoramento, conservação, atendimento telefônico gratuito (Disque CCR NovaDutra), 804 telefones
de emergência ao longo da rodovia, serviço de transmissão em FM que divulga informações das
condições de tráfego aos usuários (CCRFM 107,5), entre outros serviços.
Hoje, cerca de 23 milhões de pessoas em 36 municípios, incluindo as capitais São Paulo e Rio
de Janeiro, habitam o entorno dos 402 quilômetros da via Dutra, a rodovia mais importante do Brasil.
Imagem 1: Pátio de uma montadora de veículos
Imagem 2
Rodovia Presidente Dutra
Imagem 3: C.T.I – Companhia Taubaté Industrial
Vídeo 1
 História da Via Dutra
https://www.youtube.com/watch?v=fes8leX14Bw&t=58s
Vídeo 2
 Taubaté - A Capital do Vale
https://www.youtube.com/watch?v=kHNE-QAUksk
Vídeo 3
 Felix Guisard, episódio 01
https://www.youtube.com/watch?v=h-cO43HcX8c
 Felix Guisard, episódio 02
https://www.youtube.com/watch?v=dKnvcXcf0hY
 Os Guisard
https://www.youtube.com/watch?v=v641wXEVdWs
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Trabalho das-industrias

  • 1. Centro Universitário Salesiano de São Paulo Unidade de Ensino de Lorena Jéssyka Alves José Luiz de Morais Lucas Barbosa de Oliveira Mateus Almeida ORIGENS E DESENVOLVIMENTODA INDÚSTRIA TÊXTIL NO VALE DO PARAÍBA PAULISTA ANÁLISE HISTÓRICA DA REGIÃO DO VALE DO PARAÍBA COMO ATRATIVO PARA A IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIA DE BASE (1930 - 1980) VIA DUTRA, CONHEÇA A HISTÓRIA DA PRINCIPAL LIGAÇÃO ENTRE O EIXO RIO E SÃO PAULO Lorena 2017
  • 2. Centro Universitário Salesiano de São Paulo Unidade de Ensino de Lorena Jéssyka Alves José Luiz de Morais Lucas Barbosa de Oliveira Mateus Almeida ORIGENS E DESENVOLVIMENTODA INDÚSTRIA TÊXTIL NO VALE DO PARAÍBA PAULISTA ANÁLISE HISTÓRICA DA REGIÃO DO VALE DO PARAÍBA COMO ATRATIVO PARA A IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIA DE BASE (1930 - 1980) VIA DUTRA, CONHEÇA A HISTÓRIA DA PRINCIPAL LIGAÇÃO ENTRE O EIXO RIO E SÃO PAULO Projeto apresentado para avaliação parcial da diciplina História do Vale do Paraíba, do 3º ano do curso de Licenciatura em História, elaborado sob a orientação do Professor Sodero. Lorena 2017
  • 3. Texto 1 ORIGENSE DESENVOLVIMENTO DAINDÚSTRIATÊXTILNO VALE DO PARAÍBA PAULISTA Fabio Ricci Programa de Pós-Graduação em Administração e Núcleo de Pesquisas Econômicas e Sociais da Universidade de Taubaté -PPGA/NUPES -UNITAU RESUMO Os pressupostos teóricos basearam-se nos efeitos de circularidade de MYRDAL e nos efeitos de encadeamento de HIRSCHMANN. Mesmo durante a decadência da atividade cafeeira houve um fluxo de capital suficiente para a dinamização das atividades econômicas, especialmente nos municípios localizados no médio Vale. O desenvolvimento inicial da indústria têxtil foi caracterizado pela proliferação de indústrias produtoras de artigos populares, passando algumas fábricas, no após guerra, a produzirem artigos finos. Ao final da República Velha a região somava parcela ponderável da produção nacional. Quanto às origens dos capitais, nas indústrias pioneiras, os capitais regionais foram majoritários, predominando os capitais de origem urbana. Ainda na primeira década do século XX os capitais vindos dos centros econômicos do país, filiais de empresas estrangeiras, assumiram o controle acionário das principais fábricas passando a industrialização têxtil regional a ser tributária daqueles centros. Posteriormente, os primeiros diretores técnicos, determinantes para o bom funcionamento das empresas, vindos de São Paulo ou do Rio de Janeiro, assumiram várias empresas. As industriais assumiram o lugar das antigas elites cafeeiras no plano econômico, político e social, ocupando vários cargos políticos, oferecendo assistência social e promovendo manifestações culturais urbanas. Quanto à infra-estrutura, os incentivos fiscais, os meios de transporte (ferrovia) e a disponibilidade de mão-de-obra foram determinantes para a atração das atividades industriais. No entanto a região possuía deficiências, particularmente na oferta de energia elétrica. Como desdobramento, vimos surgir na região atividades industriais para o seu suprimento. Com isso consolidam-se as perspectivas de desenvolvimento regional com base no setor industrial. Palavras-chave: 1. Desenvolvimento Econômico; 2. Indústria Têxtil: Vale do Paraíba (São Paulo); 3. História Econômica; 4. História Regional
  • 4. INTRODUÇÃO O texto a seguir é um resumo da tese de doutorado defendida na FFLCH/USP em 2002. Por tratar-se de assunto inédito optou-se pela elaboração de um trabalho estrutural com o objetivo de organizar de forma sistematizada a extensa documentação primária levantada, permitindo assim a possibilidade de provocar novos temas em trabalhos futuros. Acreditamos que ficaram evidenciadas especificidades regionais e, ao mesmo tempo, enriquecemos de dados questões de interesse geral. A apresentação do trabalho esta dividida em uma discussão teórico-metodológica, uma avaliação da evolução (decadência) econômica da cultura cafeeira na região, as características da evolução da indústria têxtil, as origens sociais dos empresários e os aspectos infra-estruturais, finalizando com uma conclusão. DISCUSSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA O período estudado, República velha, procurou estabelecer a combinação do ritmo próprio da região com as mais significativas referências gerais; sendo assim, não podemos nos deter em datas específicas, mas ao desenvolvimento do setor têxtil. Essa posição resulta da constatação de Meihy: “Na impossibilidade de se firmar um critério político ou econômico ou social comum às duas estruturas optou-se por datas simbólicas, representativa dos fatos que envolveram e transformaram em cadência próxima ambas.”1 Colocada a questão nesses termos temos como marco inicial do período estudado as grandes transformações do capitalismo mundial, a segunda revolução industrial, no Brasil a crise do império e as questões tarifárias e alfandegárias combinada com a 1 MEIHY, José Carlos Sebe Bon. Vale de Lágrimas: História da pobreza em Taubaté. Tese de livre- docência, São Paulo, FFLCH-USP, 1980. p. 49.
  • 5. decadência da cultura cafeeira na região do Vale do Paraíba e sua inserção junto aos centros mais desenvolvidos do país pela construção da Estrada de Ferro Central do Brasil. O final do período é marcado pela crise do capitalismo mundial, simbolizado pela quebra da Bolsa de Nova Iorque, pela revolução de 1930 no Brasil e pela consolidação da indústria têxtil na região. Quanto aos aspectos teóricos, consideramos que o surgimento da indústria têxtil no Brasil está relacionado com o advento da Segunda Revolução Industrial, no final do século XIX. Os países periféricos cujo comércio de produtos básicos com os países capitalistas centrais eram mais intensos, possibilitando a formação de um contingente de consumidores elevado e grandes núcleos urbanos experimentaram uma mudança qualitativa no seu comércio exterior. Houve a partir de então uma maior participação nas importações de bens de capital, com maior valor agregado, e a transferência para os países periféricos da produção de produtos de bens de consumo não duráveis, sendo o setor têxtil o primeiro a vivenciar essa situação. Portanto, o crescimento econômico do país nesse período teve, primeiramente, como setor dinâmico do sistema, a expansão do setor cafeeiro, formando o núcleo de uma economia de mercado interno, que dinamizou os efeitos de crescimento. Furtado, após analisar o fluxo da renda na economia brasileira, à luz do aumento da importância relativa do setor assalariado como base do mercado interno conclui que “o aumento da renda se realiza, portanto, em duas etapas: Em primeiro lugar graças ao crescimento das exportações e, em segundo, pelo efeito multiplicador interno.” Sendo assim, os gastos de consumo, antes orientados para as importações, passama ser produzidos internamente. É interessante observar que o conhecimento da quantidade de importações de determinados produtos de consumo é uma informação relevante para o estímulo ao investimento interno. As considerações acima indicam que adotamos os efeitos de encadeamento de consumo e de produção para frente para atender ao setor do produto básico como responsáveis pela instalação das indústrias têxteis na região. Levamos em conta também os efeitos fiscais, considerando as políticas locais de atração de indústrias. Acrescenta-se a isso o pressuposto de que as duas frações burguesas, agrária e industrial, mantinham relações de complementaridade e conflito, principalmente nos aspectos infra-estruturais e nas políticas fiscal e alfandegária. Quanto às desigualdades regionais pode-se explicá-las pelo princípio de causação circular e cumulativa de Myrdal.5 Na análise do autor, o sistema capitalista desenvolve-se produzindo
  • 6. desigualdade, regiões mais avançadas tendem a atrair investimentos; por outro lado, as regiões pobres tendem a perder investimentos. Nosso objetivo é demonstrar que o desenvolvimento industrial regional esteve vinculado a fatores favoráveis, como a manutenção da renda regional, mão-de-obra disponível e a proximidade e ligação ferroviária com os maiores centros urbanos. As principais documentações primárias utilizadas foram os balanços das empresas, obtidos nos D.O.E., juntamente com as atas das câmaras municipais, jornais e bibliografia local. Definidas essas questões, o trabalho procurou responder a algumas questões, tais como: Quais foram as indústrias do setor têxtil na região do Vale do Paraíba Paulista? Como foi o desenvolvimento do setor na região? Quais foram os empreendedores desses investimentos? Qual o significado da produção regional face ao contexto geral do setor no país? Que aspectos podemos destacar como atrativos para a instalação de unidades industriais do setor têxtil na região? A ECONOMIACAFEEIRANO VALE DO PARAÍBA PAULISTA NA REPÚBLICAVELHA UMA REFLEXÃO A cafeicultura no século XIX trouxe progresso para a região do Vale do Paraíba, que cresceu e diversificou as funções dos centros urbanos A produção de café da região em relação à produção do Estado de São Paulo decaiu de 86,50% em 1836 para 1,71% em 1935, no entanto temos que levar em consideração que a produção total aumentou em quase 89 vezes, saltando de 590 mil para 52,4 milhões de arrobas no mesmo período.7 Assim, na produção física regional a queda foi menos significativa, como mostra a tabela 1 abaixo: Tabela 1 – Produção de Café, Vale do Paraíba, Arrobas e Porcentagem Municípios 1854 Arrobas % 1886 Arrobas % 1920 Arrobas % 1935 Arrobas % Areias 386.094 13,9 480.000 24,6 79.900 10,8 52.335 5,9 Bananal 554.600 20,0 - - 15.847 2,2 13.650 1,6 Guaratinguetá 100.885 3,6 350.000 17,9 97.687 13,3 63.625 7,2 Jacareí 240.010 8,7 86.000 4,4 21.880 3,0 39.540 4,5 Lorena 125.000 4,5 176.667 9,0 130.961 17,8 107.040 12,2 Paraibuna 118.320 4,3 10.000 0,5 11.747 1,6 68.725 7,8
  • 7. Pinda 350.000 12,6 200.000 10,2 84.520 11,5 51.109 5,8 S. J. Campos 60.000 2,2 250.000 12,8 51.173 6,9 134.254 15,3 Taubaté 354.730 12,8 360.000 18,4 222.147 30,2 324.293 36,8 Outros Municípios 484.000 17,4 41.600 2,2 20.833 2,7 25.246 2,9 Total da Região 2.773.639 100,0 1.954.267 100,0 736.695 100,0 880.167 100,0 Fonte: MILLIET, op. cit. p. 41. A produção de Bananalrelativa a 1886 está somada às de Areias. Idem para as tabelas 2 á 4 a seguir. Observamos que a produção regional apresentou desequilíbrios em sua evolução, alguns municípios, entre eles os mais conhecidos pelos estudos históricos, como Bananal e Areias, sofreram acentuada queda de produção, enquanto outros mantiveram na cultura cafeeira uma atividade econômica importante, como Taubaté, São José dos Campos, Guaratinguetá e Lorena. Se levarmos em conta a cotação do preço do café no mercado internacional, vemos que até 1920, alguns municípios, principalmente Taubaté, puderam manter a captação de recursos com a produção de café, como estimamos na tabela a seguir: Tabela 2 – Faturamento com Produção de Café, Vale do Paraíba, Dólares e Porcentagem Municípios 1854 US$ % 1886 US$ % 1920 US$ % 1935 US$ % Areias 1.110.020 13,9 1.697.760 24,7 515.035 10,8 131.466 5,9 Bananal 1.594.475 20,0 - - 102.150 2,2 34.289 1,6 Guaratinguetá 290.044 3,6 1.237.950 18,0 629.690 13,3 159.826 7,2 Jacareí 690.029 8,7 304.182 4,4 141.038 3,0 99.324 4,5 Lorena 359.375 4,5 592.488 8,6 844.174 17,8 268.884 12,2 Paraibuna 340.170 4,3 35.370 0,5 75.721 1,6 172.637 7,8 Pindamonhangaba 1.006.250 12,6 707.400 10,3 544.816 11,5 128.386 5,8 S. J. Campos 172.500 2,2 884.250 12,9 329.861 6,9 337.246 15,3 Taubaté 1.019.849 12,8 1.273.320 18,5 1.431.960 30,1 814.624 36,9 Outros Municípios 1.391.500 17,4 147.139 2,1 134.290 2,8 63.418 2,8 Total da Região 7.974.212 100,0 6.879.859 100,0 4.748.735 100,0 2.210.100 100,0 Fonte: MILLIET, op. cit. p. 41. DELFIM NETTO, Antonio. O Problema do Café no Brasil. São Paulo, IPE/USP, 1961. pp. 346-347. Os valores acima foram obtidos pela multiplicação do preço de importação do café nos Estados Unidos, citados em DELFIM NETTO, pela quantidade produzida em arrobas indicados na Tabela 1. Valores de conversão de cents/libra-peso para dólares/arroba,fator0,3307. Tabela 3 – Desenvolvimento do Faturamento, 1854=100
  • 8. Municípios 1854 1886 1920 1935 Areias 100,00 152,95 46,40 11,84 Bananal 100,00 6,41 2,15 Guaratinguetá 100,00 426,81 217,10 55,10 Jacareí 100,00 44,08 20,44 14,39 Lorena 100,00 164,87 234,90 74,82 Paraibuna 100,00 10,40 22,26 50,75 Pindamonhangaba 100,00 70,30 54,14 12,76 São José dos Campos 100,00 512,61 191,22 195,50 Taubaté 100,00 124,85 140,41 79,88 Outros municípios 100,00 10,57 9,65 4,56 Total da Região 100,00 86,34 59,55 27,72 Fonte: Valores indicados na Tabela 2. Podemos concluir que houve na região grande queda no faturamento com o café, chegando em 1935 a 27,72% do valor observado em 1854. No entanto, alguns municípios não sofreram queda tão acentuada, mantendo um fluxo de renda para a região capaz de viabilizar recursos para o fomento ao desenvolvimento de outras atividades, entre as quais a indústria têxtil. Outro aspecto que merece atenção, por constituir-se em fator vital para as atividades produtivas é a força de trabalho. Nesse ponto, a economia cafeeira foi fundamental para o povoamento intensivo da região. Baseado em Sergio Milliet chegamos à seguinte evolução da população regional: Tabela 4 – Evolução da População do Vale do Paraíba Paulista, 1854 = 100 Municípios 1854 1886 1920 1935 Areias 100,00 220,02 189,89 202,65 Bananal Guaratinguetá 100,00 186,90 314,28 283,20 Jacareí 100,00 167,98 257,21 317,41 Lorena 100,00 391,46 505,33 559,76 Paraibuna 100,00 243,53 443,69 368,86
  • 9. Pindamonhangaba 100,00 171,28 294,87 275,07 São José dos Campos 100,00 258,20 442,41 455,75 Taubaté 100,00 182,11 382,99 305,02 Outros municípios 100,00 212,18 318,46 329,98 Total 100,00 228,12 345,85 338,71 Fonte: MILLIET, op. cit. p. 39. Vemos que esse povoamento segue o ciclo de produção cafeeira, sendo que no geral os municípios aumentam sua população. Examinando-se mais detidamente o perfil populacional, temos um processo de urbanização crescente, chegando, por exemplo, em Taubaté a taxa de urbanização de 59,7% em 1934. Essa população urbana ofereceu disponibilidade de força de trabalho para as atividades urbanas a baixo custo, constituindo-se em fator de atração de investimentos. Por fim, tivemos a instalação da ferrovia, que concluiu a ligação Rio de Janeiro- São Paulo em 1877. Como aponta Cano, a ferrovia não serviu para a dinamização da produção cafeeira, já que as condições do oeste paulista não se apresentavam para a região, que possuía cafeeiros velhos, produção em queda e ausência de terras para a expansão da cultura. No entanto, facilitou o contato com as duas grandes capitais, Rio de Janeiro e São Paulo, incentivando novas atividades econômicas e expandindo o comércio da região, que passa a ter nas proximidades da estação ferroviária o novo referencial para o desenvolvimento das cidades. Texto 2 ANÁLISE HISTÓRICADAREGIÃO DO VALE DO PARAÍBA COMO ATRATIVO PARA A IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIADE BASE (1930 - 1980) Sandra Aparecida Nogueira de Oliveira Boffi1, Fabio Ricci2, Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira 3 1 Mestranda em Gestão e Desenvolvimento Regional - Universidade de Taubaté – Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 - Taubaté - SP - Brasil – sandra.boffi@uol.com.br 2 Professor do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional - MGDR - Universidade de Taubaté – Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 - Taubaté - SP - Brasil - fabioricci@uol.com.br. 3 Orientador e Coordenador do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional - MGDR - Universidade de Taubaté –Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 - Taubaté - SP - Brasil – edson@unitau.br
  • 10. Resumo - A Região do Vale do Paraíba do Sul, formada pelos Municípios compreendidos entre Jacareí – estado de São Paulo e Volta Redonda – estado do Rio de Janeiro, representa uma região de grande destaque para formação da indústria de base do país. Esta região é caracterizada como de grande complexidade, resultado das diferenças espaciais existentes ao longo de sua extensão. Para o entendimento da formação das indústrias de base da região é necessário o conhecimento dos fatos históricos que levaram a esta disposição. Desta forma, o objetivo deste artigo é identificar e apresentar os principais fatores históricos no período compreendido entre 1930 e 1980 que contribuíram para a formação da indústria de base da região. Palavras-chave: Indústrias de Base, Industrialização, Vale do Paraíba do Sul. Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas. Introdução Para o entendimento da implantação da Indústria de Base no Vale do Paraíba do Sul torna- se necessário investigar o passado da região, enumerando os principais fatos históricos ocorridos no ambiente nacional e regional, assim como as alterações causadas e seus respectivos impactos. No que tange ao ambiente nacional, os principais fatores facilitadores da industrialização brasileira são: a crise de 1930, responsável pelo avanço da industrialização no país; o governo de Getúlio Vargas e seu desafio em relação à indústria pesada; o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, responsável pela consolidação do processo de substituição das importações e do planejamento estatal; a crise de 1962-1967; e o II PND (LACERDA et al. 2003). O grande movimento da indústria e sua concentração nas diversas regiões tiveram início com a ascensão do Estado Novo, época em que ocorreu o início do deslocamento da riqueza e acumulação de capital para as indústrias. Tal alteração não decolou num primeiro momento devido à fraca dinâmica da economia nacional, mas começou a se modificar a partir de 1933, com a considerável expansão da produção industrial e início de seu dinamismo em relação à acumulação de capital na economia brasileira, conforme afirma Cano (1998). Nessa época, o setor de bens de consumo não-durável, aliado, em menor escala, aos setores de bens intermediários, de bens de consumo durável e de capital, foram os principais vetores da indústria a se destacarem, pois puderam ser desenvolvidos em grande parte pelo
  • 11. capital nacional, por demandarem menores dimensões de plantas, menor densidade de capital e menor risco de investimento (CANO, 1998). Quando se analisa as origens da formação das indústrias no país, a região que evidentemente se destaca é capital paulista. Ali se desenvolveu, com maior propriedade, a integração da economia brasileira com o comércio internacional “por meio da exportação de café, e o desenvolvimento de uma industrialização dependente” (RICCI, 2002, p.152). Neste contexto, as indústrias têxteis representam o primeiro setor de desenvolvimento industrial no país (RICCI, 2002). O Nascimento da Indústria Conforme a análise de Cardoso (1961), o surgimento dos primeiros focos da produção industrial começou a se manifestar no Brasil a partir de 1885, apoiados pelo surgimento do mercado de mão-de-obra assalariada, originada da imigração em massa, da abolição da escravatura e do desmantelamento das estruturas pré-capitalistas, da generalização da economia mercantil e da ampliação da divisão social do trabalho Até 1920, o coeficiente de industrialização no Brasil (produção industrial em relação ao produto total) ficou estabilizado em 20 por cento. Nessa época, essas atividades eram compreendidas somente como complemento do comércio exterior. A década de 20 marca o início de uma industrialização ainda tímida no país, conseqüência da Primeira Guerra Mundial e da política de substituição das importações. Alguns Fatos Importantes no Ambiente Nacional (1930 a 1980) Foi a partir da Grande Depressão de 1930 que a indústria brasileira se tornou o “principal fator de crescimento do país” (LACERDA et al. 2003, p.68). A crise, que atingiu a década de 1930, teve seu período definido entre 1929-1933, mas persistiu até o início da Segunda Guerra Mundial. Foi responsável pela especulação e quebra de Bolsa de Nova York, iniciando o “período mais instável do capitalismo” (LACERDA et al,. 2003, p.71), conforme apresenta a figura 1:
  • 12. Figura 1 - Manifestação de desempregados diante da Bolsa de Valores de Nova York em 1930 No Brasil, a crise de 1930 levou ao fim a supremacia da economia agrário-exportadora e expandiu a economia urbano-industrial, intensificando o processo de industrialização no país. Começa a ser constituído o perfil do Estado capitalista brasileiro, que assumia uma postura intervencionista, como regulador das relações entre capital e trabalho, e adotava o papel de investidor do setor industrial, infra-estrutural e energético. (RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992). Em 1931 ocorreu a consolidação do setor urbano-industrial, conforme Ribeiro (1982). Em 1933, o setor mais importante da indústria era o de bens de consumo não-durável, seguido pelos setores de bens intermediários, de bens de consumo durável e pelo setor de bens de capital (CANO, 1998). Novembro de 1937 é marcado pelo golpe militar liderado pelo então Presidente Vargas, eleito em 1934, indiretamente. Esse período ficou conhecido como Estado Novo, quando o Estado passou a exercer a função de indutor do desenvolvimento industrial (RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992). O período compreendido entre 1945 e 1953 foi marcado pela supervalorização cambial, favorecedora da acumulação industrial por propiciar a queda do valor dos equipamentos importados (CANO, 1998). Conforme Rodrigues, Santos e Oliveira (2002), o período compreendido entre 1930 e 1955 foi de transição. O Estado saiu de sua posição inicial para assumir sua forma acabada em termos do processo de desenvolvimento capitalista brasileiro, de acordo com a política desenvolvimentista consolidada com o Plano de Metas, responsável por marcar o início do esforço em busca da industrialização. No período de 1955 a 1969 foram implantados novos mecanismos de ação estatal, que tinham como meta estabelecida o desenvolvimento nacional pela priorização do setor industrial (RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992). Foidurante o governo de Juscelino Kubitschek, caracterizado como governo desenvolvimentista, que a indústria, principalmente a automobilística, teve o grande impulso no processo de substituição de importações (CANO, 1998). O Plano de Metas para o planejamento estatal desenvolvido por Juscelino Kubitschek e implantado no período de 1956 a 1960, era composto de 31 metas. Foi considerado uma implementação de planejamento bem-sucedida, pois tornou possível, para o Estado, articular consideráveis investimentos privados de origem externa e interna, destinados à indústria automobilística, de construção naval e de construção aeronáutica (LACERDA et al,. 2003). A crise de 1962 - 1967 foi a primeira grande crise industrial originada dentro dos limites do processo de substituição das importações. Em 1962 ocorreu a recessão prevista para 1963, devido à queda do nível de investimentos e ritmo industrial. Essa crise foi responsável pela
  • 13. desaceleração da economia brasileira, cujo PIB caiu à metade, se comparado ao período de 1956 a 1962 (LACERDA et al,. 2003). No período compreendido entre 1970 e 1980 houve o avanço do Planejamento Centralizador de Políticas Setoriais, quando os investimentos foram concentrados no setor de bens de produção da economia, com os Planos Nacionais de Desenvolvimento – PND I e II (RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992). O II Plano Nacional de Desenvolvimento – PND (1975 a 1979) foi financiado a partir de empréstimos externos consideráveis, e, conforme Lacerda et al. (2003, p.128), “tinha o objetivo de superar o próprio subdesenvolvimento do país, eliminando os estrangulamentos estruturais de nossa economia”. O Vale do Paraíba O Médio Vale do Paraíba do Sul está localizado na região Sudeste, a mais desenvolvida do país, e caracteriza-se por ser uma região de grande complexidade devido às inúmeras diferenças espaciais existentes ao longo de sua extensão. Os municípios de maior desenvolvimento estão localizados às margens da principal rodovia do país - Rodovia Presidente Dutra. A região é composta de uma área de 16.268 km2, distribuídos em 39 municípios. Possui uma população de 1.992.110 habitantes, conforme dados obtidos do IBGE com o Censo de 2000. A Figura 2 tem por objetivo situar a Região do Vale do Paraíba dentro do Estado de São Paulo. Figura 2 – Mapa do Vale do Paraíba Pode-se denominar o ano de 1875 como o marco inicial para a instalação das indústrias no Vale do Paraíba, pois nesse ano foi concluída a ligação entre as principais capitais do país - São Paulo e Rio de Janeiro - com a finalização da Estrada de Ferro Central do Brasil. Ricci (2002) defende a tese de que o desenvolvimento industrial no Vale do Paraíba é resultado da existência de principalmente dois fatores favoráveis: o primeiro é a continuação da produção do café por alguns municípios da região e adjacências, responsáveis por gerar disponibilidade de mão de obra, meios de transporte, infra-estrutura urbana e capital acumulado; o segundo caracteriza-se pela ligação ferroviária entre as duas principais capitais do país. A proximidade das capitais fez com que o Vale do Paraíba também se beneficiasse do desenvolvimento, só que com menor intensidade. Na década de 20 destaca-se no Vale do Paraíba, conforme Costa (1987), a implementação, pela Prefeitura de São José dos Campos, de um decreto-lei que transferia incentivos fiscais e terrenos gratuitos para as Indústrias que se instalassem com mais de 100 funcionários. Como
  • 14. conseqüência, em 1921, 1922 e 1925 foram instaladas a Fábrica de Louças Santo Eugênio, a Cerâmica Santa Lúcia e a Tecelagem Paraíba S/A. Ricci (2002) observou que, de 1920 a 1935, embora a população do Vale do Paraíba tivesse decrescido no geral, o processo de urbanização se mantinha crescente. Para Müller (1965), a população, principalmente urbana, foi propulsora de necessidades de consumo diversas, dependentes de produção industrial, o que, conseqüentemente, motivou a formação de um mercado de consumo interno. A partir de 1930, seguindo o exemplo do restante do país, o Vale do Paraíba começou a passar por profundas alterações em sua economia, e o marco inicial foi a transferência da acumulação do setor agrário-exportador para o setor industrial. Com a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional - CSN - em Volta Redonda, município do médio Vale do Paraíba Fluminense, foi dado impulso aos investimentos privados nas atividades referentes e derivadas do aço, como, por exemplo, nos ramos metal-mecânica, e metais não-ferrosos e de aços especiais. Esse foi o principal marco do desenvolvimento no Vale do Paraíba no período compreendido entre 1930 e 1955 (RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992). Na década de 40 observa-se o aparecimento da primeira diversificação industrial. Em São José dos Campos entram em funcionamento a Cerâmica Weiss S/A; Rhodia Indústria Química e Têxtil S/A; Fábrica de Produtos Alimentares Vigor S/A e a Indústria e Comércio do Café Ltda (RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992). A economia do país passou por grandes modificações na década de 50 e a partir de 1956 a industrialização foi intensificada, devido à entrada de investimentos de capitais externos e investimentos estatais, que instalaram um vasto conjunto de plantas industriais produtoras de bens de capital, de bens intermediários e de bens de consumo durável. Essa década representou para o Vale do Paraíba um momento significativo devido à construção da Rodovia Presidente Dutra; à criação do complexo tecnológico-industrial- aeroespacial na cidade de São José dos Campos; ao conjunto de iniciativas industriais federais, voltadas para os setores básicos da economia industrial; e à consolidação da política econômica recente do Brasil: o Plano de Metas (RODRIGUES, SANTOS e OLIVEIRA, 1992). Silva (2005, p.78) afirma que no período compreendido entre 1934 e 1960 é possível notar o esvaziamento do campo e um aumento considerável da população urbana e que o crescimento industrial no Vale do Paraíba, após a década de 50, foi resultado “decorrente de sua inserção no processo de descentralização industrial da região metropolitana rumo ao interior”. Conforme Silva (2005), no período compreendido entre 1956 e 1970 a indústria de grande estaque em relação ao valor da produção, no Vale do Paraíba, foi a de alimentos, substituída entre 1970 e 1980 pela de materiais de transporte e posteriormente pela indústria química. Na década de 70 destacam-se as mudanças mais significativas para a região: a descentralização industrial, responsável por grandes mudanças no processo de urbanização e por
  • 15. alterações nos setores de comércio de mercadorias, nas atividades sociais e nas atividades ligadas ao setor público. Em 1980, conforme Rodrigues, Santos e Oliveira (1992) a indústria já havia passado por grandes mudanças, transformando o Vale do Paraíba em um importante espaço de produção. O Quadro 1 apresenta as Indústrias mais importantes que se instalaram na Região do Vale do Paraíba desde o início da sua industrialização até o ano de 1980, por ano de fundação e ramo de atividade. Quadro 1 - Instalação das Indústrias no Vale do Paraíba. Empr esa Ano Ramo Cia.Taubaté Industrial 1891 Têxtil IMBEL 1909 Químico Ref inaria de Açúcar Irmãos Escada 1909 Alimentos Fábrica Teci 1914 Têxtil Malharia N.S. da Conceição 1879 Textil Bonádio S.A 1920 Cerâmica Cerâmica Santa Cruz 1924 Cerâmica Tecelagem Parahy ba 1925 Têxtil Cia.Fiação Lanif ício Plástico 1927 Químico Produtos Alim.Embaré 1930 Alimentos Fábrica de Botões Corozita 1935 Vestuário Frigoríf ico Cruzeiro 1939 Alimentos Cerâmica Weiss 1942 Cerâmica FNV (Fábrica Nacional de Vagões) 1943 Transportes Fábrica de Papel N.S.Aparecida 1944 Químico Rhodia 1946 Químico Cia.Cícero Prado 1946 Químico (papel) Produtos Alimentares Vigor 1950 Alimentos Johnson & Johnson 1953 Químico Tecelagem Madre de Deus 1953 Têxtil Ind.Química Taubaté 1954 Químico Plasbaté 1954 Químico Ericsson 1955 Telecomunicações Basf 1955 Químico Mecânica Pesada 1955 Metalúrgico Tecelagem e Fiação Kanebo 1956 Têxtil Eaton 1957 Mecânica/Metalúrgica Indústria de Óculos Vizion 1957 Ótica Ford S.A do Brasil 1958 Metalúrgico/Mecânico Maf ersa 1958 Material Ferrov iário AISA 1959 Metalúrgico/Mecânico Alpargatas 1960 Vestuário/Calçados Textilquímica/ 1961 Química General Motors 1959 Automobilístico Prov idro/ Grupo CEBRACE 1963 Vidraria Schrade do Brasil 1964 Automobilístico Amplimatic 1964 Equip. Eletrônicos Av ibrás 1965 Aeroespacial Embrear 1969 Aeronáutica Bandiy Tubing 1970 Mecânico Kodak 1972 Químico Volkswagen 1973 Automobilística Philips 1973 Eletrônico Metalúrgica Fiel 1973 Metalúrgico Monsanto 1975 Químico Kone 1976 Metalúrgico Ref inaria Henrique Lage- Petrobrás 1980 Químico Fonte: Adaptado de Silv a (2005).
  • 16. Conclusão A indústria surgiu no período final analisado, em função do processo de industrialização do país, privilegiando os investimentos na indústria de base a partir do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. Nessa fase vieram para o Vale do Paraíba as indústrias: Mecânica Pesada, Volkswagen, Ericsson do Brasil S.A., Kodak e Ford S.A do Brasil, entre outras. O capital estatal direto ou associado ao setor privado, via BNDE, já nos anos 70 foi responsável pela vinda de um maior número de empresas do setor, por investimentos estatais diretos, como a Embraer, Petrobrás, entre outras, ou via investimentos e financiamentos, como Confab, Villares e Liebherr, entre outras. O objetivo deste artigo foi verificar os principais fatos históricos do Vale do Paraíba em relação a sua industrialização; uma inserção e exploração inicial do tema, mostrando que fatores de decisões externas à região foram determinantes para a formatação do mapa industrial local. Referências Bibliográficas CANO, W. Raízes da Concentração Industrial em São Paulo. São Paulo, Difel, 1977. CANO, W. Desequilíbrios Regionais e Concentração Industrial no Brasil. Campinas: Instituto de Economia/UNICAMP, 1998. CARDOSO, F. H. Condições sociais da industrialização. Revista Brasiliense,São Paulo, n. 28, 1961. COSTA, W. M. O processo contemporâneo da industrialização. São Paulo. USP. 1987. FURTADO, C. Pequena Introdução ao Desenvolvimento: Enfoque Interdiciplinar. São Paulo, Editora Nacional, 1980. HERRMANN, L. Evolução da Estrutura Social de Guaratinguetá num Período de Trezentos Anos. São Paulo, IPE/USP, 1986. LACERDA, A. et al. Economia Brasileira. 2.ed. São Paulo, Saraiva, 2003. RIBEIRO, M. A. M. Taubaté e a Alternativa Industrial: 1891-1933. Dissertação de Mestrado em História Social, São Paulo, FFLCH/USP, 1982. MELLO, J. M.C. O Capitalismo Tardio. 8.ed. São Paulo, Brasiliense, 1990. MÜLLER, N. L. Taubaté-Estudo de Geografia Urbana. in: Revista Brasileira de Geografia, São Paulo, ano XXVII, n.º 1, Jan-Mar/1965. NEGRI, B. A interiorização da indústria paulista 1920-1980. In: Cano,W.(Org) A interiorização do desenvolvimento econômico no Estado de São Paulo.Seade/Fecamp/Unicamp, 1988, vol. 1, n 2.
  • 17. Texto 3 Via Dutra, conheça a história da principal ligação entre o eixo Rio e São Paulo A Rodovia Presidente Dutra, principal ligação entre Rio de Janeiro e São Paulo, acaba de completar 66 anos de existência. Neste período, a rodovia, por onde é transportado cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro passou por diversas transformações. No dia 19 de janeiro de 1951, quando foi inaugurada pelo Presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra, em solenidade realizada na altura de Lavrinhas (SP), a então BR-2, nova rodovia Rio-São Paulo, ainda não estava completamente pronta, mas já permitia o tráfego de veículos entre a então Capital Federal, Rio de Janeiro, e o polo industrial de São Paulo. Da então ligação Rio-São Paulo, 339 quilômetros estavam concluídos, junto com todos os serviços de terraplenagem e 115 obras de arte especiais (trevos, viadutos, pontes e passagens inferiores). Faltava, porém, a pavimentação de 60 quilômetros entre Guaratinguetá (SP) e Caçapava (SP), e seis quilômetros em um pequeno trecho situado nas proximidades de Guarulhos (SP). A BR-2 contava com pista simples, operando em mão-dupla em quase toda sua extensão. Em dois únicos segmentos havia pistas separadas para os dois sentidos de tráfego: nos 46 quilômetros compreendidos entre a Avenida Brasil e a garganta de Viúva Graça (hoje, Seropédica), no Rio de Janeiro, e nos 10 quilômetros localizados entre São Paulo e Guarulhos, no trecho paulista. A nova rodovia permitiu a redução da distância rodoviária entre as duas capitais em 111 quilômetros, comparando-se o novo caminho com o traçado da velha rodovia, inaugurada em 1928. A maior parte dessa redução foi possível com a superação obstáculos naturais, basicamente nos banhados da Baixada Fluminense e na área rochosa da garganta de Viúva Graça, na região de serras entre Piraí e Cachoeira Paulista, e no segmento da Várzea de Jacareí. Além disso, sua concepção avançada permitiu a construção de aclives e declives menos acentuados e curvas mais suaves. Tudo isso representou uma significativa queda no tempo de viagem, de 12 horas, em 1948, para seis horas. Investimento No total, 1,3 bilhão de Cruzeiros foi investido na construção da BR-2, quantia altíssima para os padrões da época. Gastos muito criticados por setores da sociedade civil e pela imprensa, que classificava a obra como “luxuosa”. O Governo Federal argumentava que o desbravamento do Brasil
  • 18. dependia de caminhos que pudessem ser abertos com rapidez e eficiência e que a modernização da ligação Rio-São Paulo era fundamental para o desenvolvimento nacional. Obras na nova rodovia: desafio para engenharia da época O “retão” de Jacareí (SP), por exemplo, foi um trecho que gerou polêmica entre os técnicos, por ser construído sobre terreno instável, cuja transposição era considerada quase impossível. No entanto, o trecho foi finalizado com a utilização de 12 milhões de metros cúbicos de terra, o equivalente a 1,6 milhão de caminhões cheios, em um aterro submerso de 15 metros de profundidade. No trecho fluminense, a transposição de um trecho rochoso ao pé da Serra das Araras, chamado de “garganta de Viúva Graça”, também representou um grande desafio para os engenheiros empenhados na construção da nova rodovia, que comandaram complexas escavações, permitindo o rebaixamento em 14 metros do paredão de granito. Números que envolveram a construção:  2.657.746 m² de pavimentação;  1,3 milhão de sacos de cimento;  8 mil toneladas de asfalto;  20 mil toneladas de alcatrão;  15.000.000 m³ de movimento de terra;  300.000 m³ de cortes;  7.021 m de extensão em 115 pontes, viadutos e passagens;  19.086 m com 315 bueiros;  30 milhões de m² de faixa de domínio. CCR NovaDutra assume administração da via Dutra No dia 1º de março de 1996, a CCR NovaDutra assumiu a administração da via Dutra, que, na época, estava deteriorada, com pistas esburacadas, sinalização e conservação em situação precária. No entanto, após 180 dias (prazo para realização dos serviços emergenciais), o cenário já era outro, com a rodovia em condições adequadas de segurança e fluidez de tráfego. Hoje, a via Dutra conta com uma infraestrutura composta por equipes de socorro médico e mecânico 24 horas, monitoramento, conservação, atendimento telefônico gratuito (Disque CCR NovaDutra), 804 telefones
  • 19. de emergência ao longo da rodovia, serviço de transmissão em FM que divulga informações das condições de tráfego aos usuários (CCRFM 107,5), entre outros serviços. Hoje, cerca de 23 milhões de pessoas em 36 municípios, incluindo as capitais São Paulo e Rio de Janeiro, habitam o entorno dos 402 quilômetros da via Dutra, a rodovia mais importante do Brasil. Imagem 1: Pátio de uma montadora de veículos Imagem 2 Rodovia Presidente Dutra
  • 20. Imagem 3: C.T.I – Companhia Taubaté Industrial Vídeo 1  História da Via Dutra https://www.youtube.com/watch?v=fes8leX14Bw&t=58s Vídeo 2  Taubaté - A Capital do Vale https://www.youtube.com/watch?v=kHNE-QAUksk Vídeo 3  Felix Guisard, episódio 01 https://www.youtube.com/watch?v=h-cO43HcX8c  Felix Guisard, episódio 02 https://www.youtube.com/watch?v=dKnvcXcf0hY  Os Guisard https://www.youtube.com/watch?v=v641wXEVdWs