O documento descreve os principais ajustes que o recém-nascido precisa fazer para adaptar-se à vida extrauterina, incluindo ajustes na respiração, circulação, nutrição e outras funções fisiológicas. É destacado que o recém-nascido inicia a respiração logo após o nascimento e que há mudanças significativas na circulação pulmonar e sistêmica para direcionar o fluxo sanguíneo corretamente. Também são descritos os desafios iniciais em termos de nutrição e
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Ajustes do bebê à vida extrauterina
1. AJUSTES DO BEBÊ À VIDA EXTRAUTERINA
Isabela Lima Oliveira – Turma 59 Medicina / Unimontes
Respiração:
O RN comoça a respirar dentro de segundos , atingindo ritmo no 1º minuto (em mães não
deprimidas por anestésicos).As causas prováveis do fenômeno são leve asfixia do processo de
nascimento e impulsos sensoriais de resfriamento da pele.Retardo ao respirar pode ser
causado por depressão da mãe por anestesia, fazendo com que a respiração demore alguns
minutos para surgir no RN. Outras causas são traumatismos cranioencefálicos e hipóxia
causada por período expulsivo prolongado ( compressão do cordão umbilical, contração
excessiva do útero, separação prematura da placenta, anestesia excessiva da mãe).Contudo, a
hipóxia, no recém-nascido, é mais bem tolerada, podendo ser suportada até 10’.As primeiras
respirações, em geral, são mais potentes, para gerar uma pressão intrapleural de 60mmHg
capaz de descolabar os alvéolos.
Circulação:
Os ajustes deste sistema aumentam progressivamente o aporte de sangue para o fígado, além
das demais importâncias vitais. O coração do feto, que antes bombeava muito sangue para a
2. placenta, agora precisa fazê-lo para o fígado e os pulmões. O sangue oxigenado retornava pela
veia umbilical, passando pelo ducto venoso, pouco irrigando o fígado, em direção ao átrio
esquerdo através do forame oval. O sangue desoxigenado da cabeça do feto (veia cava
superior) passava pela valva tricúspide para o ventrículo direito e , através do ducto arterioso,
era bombeado para a aorta descendente e ,em seguida, para as artérias umbilicais para ser
oxigenado na placenta. Com o nascimento, há perda enorme do fluxo de sangue da placenta,
implicando em aumento da resistência vascular sistêmica, duplicando a P.Aórtica e do
ventrículo e átrio esquerdos ; há diminuição da resistência vascular pulmonar (expansão do
pulmão). Tudo isso diminui a pressão arterial pulmonar, a pressão ventricular e atrial
direitas.Em consequência da baixa pressão atrial direita e alta esquerda, o sangue tende a fluir
pelo lado contrário do forame oval, fechando sua válvula. O ducto arterioso também se
fechará , pois a pressão aórtica aumentada e a R.Vasc. Pulmonar diminuída fazem o sanguem
fluir da aorta de volta para a artéria pulmonar e , depois de algumas horas a parede muscular
do ducto arterioso se contrai, produzindo um fechamento funcional que, depois de 1-4 meses,
estará anatomicamente ocluído pelo crescimento de tecido fibroso no seu lúmen. A contração
do ducto está relacionada a menor oxigenação dessa região no período pós parto. O
fechamento do ducto venoso também se dá. No pós-parto imediato o sangue deixa de fluir do
ducto da placenta para a veia cava, mas boa parte do sangue porta ainda usa essa passagem.
Com 1-3horas pós-parto, esse ducto se contrai e fecha, aumentando muito a pressão venosa,
de maneira que o sangue banhe os sinusoides hepáticos.
Observações:
Não-aderência da válvula ao forame oval : ocorre em 1/3 das pessoas , mas
não chega a ser patológico se a pressão atrial esquerda se mantiver 2 a 4
mmHg maior que a direita.
Ducto arterioso patente: ocorre em 1/ 1000 RNs. Sua provável causa é a
dilatação excessiva do ducto por protaglandinas. O tratamento se dá com
indomectina, que bloqueia a síntese de prostaglandinas .
Não- fechamento do ducto venoso: evento raro e de causa pouco conhecida.
3. Nutrição:
Após o nascimento, as reservas de glicogênio são baixas e a via de gliconeogênese (fígado) não
é eficiente, portanto a glicose plasmática situa-se até em torno de 30 – 40 mg/dl no primeiro
dia. O bebê também tem uma velocidade de renovação de líquido maior do que a do adulto.
Somando-se a isso o suprimento ainda pequeno de leite materno, nota-se uma perda ponderal
no RN referente aos líquidos corporais. Porém, os pais devem ser tranquilizados quanto a isso,
pois a perda é fisiológica.
Problemas Funcionais Especiais:
Sistema Respiratório:
F.R.: aprox.. 40 incurssões/min. com vol de 16ml, resultando em 640ml/min.
Como a capacidade residual do RN é metade da do adulto em relação ao peso, uma
bradipneia pode ter efeito mais grave, pois é o ar residual o que compensa as
variações.
Sistema Circulatório:
Vol sg. de aprox.. 300ml, mas a demora no clampeamento do cordão umbilical pode
trazer uma carga de até 75ml a mais para o RN. Isso pode aumentar o hematócrito e
alguns pediatras acreditam que esse volume extra possa levar a edema pulmonar.
Débito Cardíaco: 500ml/min, mas pode ser menor por hemorragia placentária.
P.A. : 70 x 50 mmHg, aumentando lentamente para 90 x 60.
Icterícia Neonatal : há hiperbilirrubinemia fisiológica por aumento da demanda do
fígado (a maioria da bilirrubina passava pela placenta), mas desaparece. Porém, deve-
se observar possível consequência de uma DHRN. Classificar a icterícia em zonas de
Kramer.
4. Balanço Hídricao / Função Renal : desenvolvimento renal incompleto até cerca de 1
mês. Os rins concentram apenas 1,5 vezes a osmolaridade do plasma. Há facilidade de
desbalanço hídrico e acidose.
Digestão, Absorção e Metabolismo de Alimentos: o fígado tem a capacidade de
produção (conjugar bilirrubina, produção de proteínas plasmáticas, gliconeogênese,
fatores de coagulação) muito deficitária nos 2 primeiros dias. A amilase pancreática no
RN é deficiente,a absorção de gordura pelo TGI é menor que da criança mais velha.O
bebê possui grande área corporal superficial em relação à massa e alto metabolismo, o
que gera uma tendência de regulação térmica deficitária.
Referências:
Tratado de Fisiologia Médica / John E. Hall. – 12.ed. – Rio de Janeiro : Elsevier 2011.