SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 30
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Enfrentamento daViolência Estrutural em uma
ComunidadeVulnerável na cidade do Rio de Janeiro
Helena Fernandes Ferraz
GT de Saúde Mental -Aula para os residentes do PRMFC –SMS/RJ
13/08/2019
Sobre aViolência
A corrente impetuosa é chamada de
violenta.
Mas o leito do rio que a contém
Ninguém chama de violento.
A tempestade que faz dobrar as bétulas
É tida como violenta;
E a tempestade que faz dobrar
Os dorsos dos operários na rua?
Bertold Brecht
O que nos moveu…
“Recebi um relatório da diretora da
escola que dizia que minha filha de 5
anos era chefe de uma gangue da escola
e que era claro que tinha puxado ao
pai.”
“O lugar mais seguro pra mulher é no
trabalho. Em casa a gente apanha do
marido, do filho, ainda tem bala
perdida.”
“A gente tem que ensinar nossos filhos
a superar isso e aguentar a
discriminação. A gente vive com isso.”
“A gente nunca viveu outra
coisa sem ser a violência.”
“Sabe porque eu estou esperando mais de 2 anos a
vaga do dentista do meu filho sair? Porque eu
tenho esperança. Quem mora no morro vive
disso, de esperança.”
É o que nos angustia…
“Eu não fui contratada porque viram
no meu nada consta que eu visitava
meu filho na cadeia, e ele ainda me disse
que era melhor pra mim, porque se
alguém roubasse algo a culpa seria
minha.”
“Quem cuida de mim é Deus. Ninguém
cuida de mim.”
“Mataram ele porque ele era preto.”
“Eles tem as armas na mão e eu só tenho
meu corpo.”
“Eles não tem bala pra todo mundo.”
“Aonde eu moro eu acordo de frente
para um campo, mas no meu campo
tem um monte de arma e droga, eu não
fico sonhando com um campo florido.”
Papel de uma Equipe de Saúde da
Família:
 Conhecer os fatores (sociais, políticos,
econômicos, ambientais, culturais,
individuais) que determinam a
qualidade de vida da comunidade
adstrita;
 Diagnóstico situacional
 Conhecer fatores de risco e fatores de
promoção e proteção à saúde
Papel de uma Equipe de Saúde da
Família:
 Entrar em articulação com outros setores da
sociedade e movimentos sociais organizados,
integrando ações para a qualidade de vida da
comunidade;
 Estimular a participação da comunidade no
planejamento e execução e avaliação das ações das
Unidades de Saúde;
 Articular com a rede institucional local, ações
integradas para a melhoria constante da qualidade de
saúde da população;
 Promover ações intersetoriais e parcerias com
organizações formais e informais existentes na
comunidade para o enfrentamento conjunto dos
problemas identificados.
DIAGNÓSTI
CO
COMUNITÁ
RIO
IDENTIFICAR
problemas e
potencialidade
s
AVALIAR
e monitorar
os serviços de
saúde
PROMOVER
participação
da
comunidade
GERAR
diálogo
intersetorial
PLANEJAR
provisão de
serviços e
recursos pela
ESF
DEFINIR
ações e
estratégias de
promoção e
prevenção da
saúde
Estar dentro do território:
Combate às inequidades
Lei dos Cuidados Inversos (Tudor
Hart 1971)
“A oferta de cuidados médicos de
qualidade tende a variar em sentido
inverso ao das necessidades em saúde
da população servida e que os efeitos
desta lei se acentuam onde os
cuidados médicos estão mais expostos
às forças de mercado, atenuando-se
onde esta exposição é mais reduzida".
Obs: E Mary Thomas
Comunidade do Salgueiro
Dados Secundários:
CMS Heitor Beltrão
Dados secundários
Salgueiro Tijuca
8-9 anos 9,6% 4,4%
10-14 anos 4,9% 1,0%
> 15 anos 6,1% 1,4%
Renda:
<1/2 sal
min
½ a 1 sal
min
1 – 2 sal
min
2-3 sal
min
>3 sal
min
Salgueiro 1,2% 39,7% 27,8% 7,4% 2,3%
Tijuca 0,5% 7,1% 12,9% 8,9% 63,7%
Rio de
Janeiro
1,3% 17,1% 24,6% 11,6% 33,3%
Educação – Analfabetismo:
Análises:
Microarea
REDE
ENCANADA
ATE O
DOMICILIO
POCO /
NASCENTE NO
DOMICILIO OUTRO Total geral
1 74% 26% 100%
2 89% 11% 100%
3 99% 0% 1% 100%
4 98% 2% 100%
5 99% 1% 0% 100%
6 100% 100%
Total geral 95% 5% 0% 100%
Contagem
deCASA
TRATAMENTO_DE_A
GUA
Microarea SEM TRATAMENTO Total geral
1 28% 100%
2 5% 100%
3 6% 100%
4 7% 100%
5 2% 100%
6 9% 100%
Total geral 15% 100%
Contagem
deCASA
DESTINO_DO_L
IXO
Microarea COLETADO
CEU
ABERTO QUEIMADO Total geral
1 74% 13% 13% 100%
2 100% 100%
3 98% 1% 0% 100%
4 98% 1% 1% 100%
5 100% 100%
6 100% 0% 100%
Total geral 96% 2% 2% 100%
Análises:
Microarea S Total geral
1 17% 100%
2 14% 100%
3 4% 100%
4 24% 100%
5 17% 100%
6 5% 100%
Total geral 13% 100%
Apesar de maior risco e vulnerabilidade, a percentagem de
BF é aquem do esperado (lei dos cuidados inversos)
Total de beneficiários do Bolsa Família:
Área 01
Salgueiro
Cacique
Calça Larga
Caliel
EMBGD
Quadra
Palanque
da Pedra
TearTocando
emVocêBiblioteca
Jurema
CRAS
CREAS
ConsTutelar
CAPS
Creche
Raízes
Associação
de moradores
Fundação
Leão XIII
Rádio
PROINAPE
Direitos
Humanos
UPP
Lelello
Vinde a mimEscola de
Samba
Trabalho intersetorial:
Paz e Filhos:
Entre Muros
Mulecagem
Mulecagem
Consultório avançado Caliel
Consultório avançado Área 01
OCUPA SALGUEIRO
Resiliência e empoderamento:
Dimensão 05: Violência estrutural
afetando a saúde
"Eu não consigo imaginar como é que está um corpo que espera o tiro parar, cessar
um pouco, pra sair do território, pra ir trabalhar, eu não posso perder o emprego. É
quase uma escolha, ou você vai morrer de fome ou você vai morrer de uma bala
porque se você perder seu trabalho você não tem o que comer. Como estão esse
corpos?" (E9)
"A gente pode pensar na mãe de um dos jovens de Costa Barros que ficou adoecida
psiquicamente depois do assassinato do filho dela, depois ela chega a tentar
suicídio e depois a mulher simplesmente morre de uma causa que ninguém
consegue dizer qual é, e essa mulher morre de tristeza. Depois teve a Janaína, mãe
de um menino de 11, 12 anos que foi morto em Manguinhos, num campo de
futebol, e essa mulher com trinta e poucos anos morre, e se você for conversar com
a família a família fala: morreu de tristeza. Tem a morte direta que é a bala e tem a
morte indireta, eu tenho dito que a bala não cai, a bala mata um, um familiar e ela
continua girando e nesse processo as pessoas vão morrendo, afetando outras
pessoas, as pessoas estão morrendo, estão adoecendo, sofrimentos psíquicos
graves. (E9)
"Primeiro vocês viram referência, as pessoas não
se sentem mais a sós. E a saúde, eu costumo
dizer a saúde e assistência social, mas a saúde
principalmente, ela consegue chegar a pontos do
território que nenhum outro serviço chega, então
as pessoas tem vocês de referência de auxílio
para reinvindicação de direitos, ou para vocês
dizerem que aquilo é um direito." (E9)
Obrigada

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Caso clínico aula dst corrimento (1)
Caso clínico aula dst corrimento (1)Caso clínico aula dst corrimento (1)
Caso clínico aula dst corrimento (1)Inaiara Bragante
 
Tuberculose, Diagnóstico de Enfermagem
Tuberculose, Diagnóstico de EnfermagemTuberculose, Diagnóstico de Enfermagem
Tuberculose, Diagnóstico de EnfermagemLuciane Santana
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
TuberculoseTAS2214
 
Aula 2 conceitos e definições
Aula 2 conceitos e definições Aula 2 conceitos e definições
Aula 2 conceitos e definições Viviane da Silva
 
Epidemiologia clínica e gerenciamento da clínica
Epidemiologia clínica e gerenciamento da clínicaEpidemiologia clínica e gerenciamento da clínica
Epidemiologia clínica e gerenciamento da clínicaRicardo Alexandre
 
Doenças infecciosas e parasitárias
Doenças infecciosas e parasitáriasDoenças infecciosas e parasitárias
Doenças infecciosas e parasitáriasLucas Almeida Sá
 
Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01Flávia Salame
 
Aula 7 endemias brasileiras e controle de vetores
Aula 7   endemias brasileiras e controle de vetoresAula 7   endemias brasileiras e controle de vetores
Aula 7 endemias brasileiras e controle de vetoresMario Gandra
 
Curso de Marketing Farmacêutico (SUPFAB 2013) - USP
Curso de Marketing Farmacêutico (SUPFAB 2013) - USPCurso de Marketing Farmacêutico (SUPFAB 2013) - USP
Curso de Marketing Farmacêutico (SUPFAB 2013) - USPThalles Peixoto
 
03 Prevenção Infecção.pdf
03 Prevenção Infecção.pdf03 Prevenção Infecção.pdf
03 Prevenção Infecção.pdfssuserdfb4b6
 

Was ist angesagt? (20)

Vigilância em saúde
Vigilância em saúdeVigilância em saúde
Vigilância em saúde
 
Trabalho estudo de caso ensino clinico pediatria (reparado)
Trabalho estudo de caso ensino clinico pediatria (reparado)Trabalho estudo de caso ensino clinico pediatria (reparado)
Trabalho estudo de caso ensino clinico pediatria (reparado)
 
Caso clínico aula dst corrimento (1)
Caso clínico aula dst corrimento (1)Caso clínico aula dst corrimento (1)
Caso clínico aula dst corrimento (1)
 
Apresentação atenção básica esf
Apresentação atenção básica   esfApresentação atenção básica   esf
Apresentação atenção básica esf
 
Pacto pela saúde aula seg, dia 25 a noite
Pacto pela saúde  aula seg, dia 25 a noitePacto pela saúde  aula seg, dia 25 a noite
Pacto pela saúde aula seg, dia 25 a noite
 
Tuberculose, Diagnóstico de Enfermagem
Tuberculose, Diagnóstico de EnfermagemTuberculose, Diagnóstico de Enfermagem
Tuberculose, Diagnóstico de Enfermagem
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculose
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculose
 
Apresentacão meningite
Apresentacão meningiteApresentacão meningite
Apresentacão meningite
 
Prova microbiologia b1
Prova microbiologia b1Prova microbiologia b1
Prova microbiologia b1
 
Aula 2 conceitos e definições
Aula 2 conceitos e definições Aula 2 conceitos e definições
Aula 2 conceitos e definições
 
IMUNIZAÇÃO - tudo o que voce sempre quis saber
IMUNIZAÇÃO - tudo o que voce sempre quis saberIMUNIZAÇÃO - tudo o que voce sempre quis saber
IMUNIZAÇÃO - tudo o que voce sempre quis saber
 
Epidemiologia clínica e gerenciamento da clínica
Epidemiologia clínica e gerenciamento da clínicaEpidemiologia clínica e gerenciamento da clínica
Epidemiologia clínica e gerenciamento da clínica
 
TUBERCULOSE
TUBERCULOSETUBERCULOSE
TUBERCULOSE
 
Doenças infecciosas e parasitárias
Doenças infecciosas e parasitáriasDoenças infecciosas e parasitárias
Doenças infecciosas e parasitárias
 
Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01
 
Aula 7 endemias brasileiras e controle de vetores
Aula 7   endemias brasileiras e controle de vetoresAula 7   endemias brasileiras e controle de vetores
Aula 7 endemias brasileiras e controle de vetores
 
Processo saúde doença
Processo saúde doençaProcesso saúde doença
Processo saúde doença
 
Curso de Marketing Farmacêutico (SUPFAB 2013) - USP
Curso de Marketing Farmacêutico (SUPFAB 2013) - USPCurso de Marketing Farmacêutico (SUPFAB 2013) - USP
Curso de Marketing Farmacêutico (SUPFAB 2013) - USP
 
03 Prevenção Infecção.pdf
03 Prevenção Infecção.pdf03 Prevenção Infecção.pdf
03 Prevenção Infecção.pdf
 

Ähnlich wie Aula Abordagem Comunitária

CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...
CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...
CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...Gssica17
 
campanha para terceiro setor, gestão e mercado - Agência Wcom (projeto faculd...
campanha para terceiro setor, gestão e mercado - Agência Wcom (projeto faculd...campanha para terceiro setor, gestão e mercado - Agência Wcom (projeto faculd...
campanha para terceiro setor, gestão e mercado - Agência Wcom (projeto faculd...Lucas Barros
 
SETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdf
SETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdfSETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdf
SETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdfMatheusMat2
 
sensibilizacao_AGENTES_EDUCATIVOS_2021-2022_(2).pdf
sensibilizacao_AGENTES_EDUCATIVOS_2021-2022_(2).pdfsensibilizacao_AGENTES_EDUCATIVOS_2021-2022_(2).pdf
sensibilizacao_AGENTES_EDUCATIVOS_2021-2022_(2).pdfclaudia156212
 
Cartilha prevencao ao_suicidio_mpdft
Cartilha prevencao ao_suicidio_mpdftCartilha prevencao ao_suicidio_mpdft
Cartilha prevencao ao_suicidio_mpdftUoston Maia
 
Jornal Folha Educativa
Jornal Folha EducativaJornal Folha Educativa
Jornal Folha EducativaAntonio Carlos
 
18. a alegria de ser jovem
18. a alegria de ser jovem18. a alegria de ser jovem
18. a alegria de ser jovemcomece
 
Cartilha de prevencao_ao_suicidio
Cartilha de prevencao_ao_suicidioCartilha de prevencao_ao_suicidio
Cartilha de prevencao_ao_suicidioKelly Pereira
 
Jornal psicologia 1ª edição - alterada2
Jornal psicologia  1ª edição - alterada2Jornal psicologia  1ª edição - alterada2
Jornal psicologia 1ª edição - alterada2becresforte
 
Jornal psicologia 1ª edição - 2010-11
Jornal psicologia  1ª edição - 2010-11Jornal psicologia  1ª edição - 2010-11
Jornal psicologia 1ª edição - 2010-11becresforte
 
Jornal psicologia 1ª edição - 2010-11
Jornal psicologia  1ª edição - 2010-11Jornal psicologia  1ª edição - 2010-11
Jornal psicologia 1ª edição - 2010-11becresforte
 
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 11 á 15 de maio 2020.
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 11 á 15 de maio 2020.Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 11 á 15 de maio 2020.
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 11 á 15 de maio 2020.escolacaiosergio
 
Revista bem estar-07-09-14
Revista bem estar-07-09-14Revista bem estar-07-09-14
Revista bem estar-07-09-14Fernanda Caprio
 
Qualidade de vida dos portadores de esquizofrenia e seus familiares no municí...
Qualidade de vida dos portadores de esquizofrenia e seus familiares no municí...Qualidade de vida dos portadores de esquizofrenia e seus familiares no municí...
Qualidade de vida dos portadores de esquizofrenia e seus familiares no municí...Muriel Pereira das Neves
 
Revista Mais edição 20: O Perigo das Dietas Radicais
Revista Mais edição 20: O Perigo das Dietas RadicaisRevista Mais edição 20: O Perigo das Dietas Radicais
Revista Mais edição 20: O Perigo das Dietas RadicaisRenata Rodrigues de Oliveira
 
Perguntas e respostas sobre suicídio
Perguntas e respostas sobre suicídioPerguntas e respostas sobre suicídio
Perguntas e respostas sobre suicídioMANOELJOSEDEARAUJONE
 

Ähnlich wie Aula Abordagem Comunitária (20)

CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...
CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...
CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...
 
ADOLESCÊNCIA
ADOLESCÊNCIAADOLESCÊNCIA
ADOLESCÊNCIA
 
ADOLESCÊNCIA
ADOLESCÊNCIAADOLESCÊNCIA
ADOLESCÊNCIA
 
campanha para terceiro setor, gestão e mercado - Agência Wcom (projeto faculd...
campanha para terceiro setor, gestão e mercado - Agência Wcom (projeto faculd...campanha para terceiro setor, gestão e mercado - Agência Wcom (projeto faculd...
campanha para terceiro setor, gestão e mercado - Agência Wcom (projeto faculd...
 
SETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdf
SETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdfSETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdf
SETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdf
 
sensibilizacao_AGENTES_EDUCATIVOS_2021-2022_(2).pdf
sensibilizacao_AGENTES_EDUCATIVOS_2021-2022_(2).pdfsensibilizacao_AGENTES_EDUCATIVOS_2021-2022_(2).pdf
sensibilizacao_AGENTES_EDUCATIVOS_2021-2022_(2).pdf
 
Diga não a violência!
Diga não a violência!Diga não a violência!
Diga não a violência!
 
Cartilha prevencao ao_suicidio_mpdft
Cartilha prevencao ao_suicidio_mpdftCartilha prevencao ao_suicidio_mpdft
Cartilha prevencao ao_suicidio_mpdft
 
Jornal Folha Educativa
Jornal Folha EducativaJornal Folha Educativa
Jornal Folha Educativa
 
18. a alegria de ser jovem
18. a alegria de ser jovem18. a alegria de ser jovem
18. a alegria de ser jovem
 
Cartilha de prevencao_ao_suicidio
Cartilha de prevencao_ao_suicidioCartilha de prevencao_ao_suicidio
Cartilha de prevencao_ao_suicidio
 
Ermelino 153
Ermelino 153Ermelino 153
Ermelino 153
 
Jornal psicologia 1ª edição - alterada2
Jornal psicologia  1ª edição - alterada2Jornal psicologia  1ª edição - alterada2
Jornal psicologia 1ª edição - alterada2
 
Jornal psicologia 1ª edição - 2010-11
Jornal psicologia  1ª edição - 2010-11Jornal psicologia  1ª edição - 2010-11
Jornal psicologia 1ª edição - 2010-11
 
Jornal psicologia 1ª edição - 2010-11
Jornal psicologia  1ª edição - 2010-11Jornal psicologia  1ª edição - 2010-11
Jornal psicologia 1ª edição - 2010-11
 
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 11 á 15 de maio 2020.
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 11 á 15 de maio 2020.Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 11 á 15 de maio 2020.
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 11 á 15 de maio 2020.
 
Revista bem estar-07-09-14
Revista bem estar-07-09-14Revista bem estar-07-09-14
Revista bem estar-07-09-14
 
Qualidade de vida dos portadores de esquizofrenia e seus familiares no municí...
Qualidade de vida dos portadores de esquizofrenia e seus familiares no municí...Qualidade de vida dos portadores de esquizofrenia e seus familiares no municí...
Qualidade de vida dos portadores de esquizofrenia e seus familiares no municí...
 
Revista Mais edição 20: O Perigo das Dietas Radicais
Revista Mais edição 20: O Perigo das Dietas RadicaisRevista Mais edição 20: O Perigo das Dietas Radicais
Revista Mais edição 20: O Perigo das Dietas Radicais
 
Perguntas e respostas sobre suicídio
Perguntas e respostas sobre suicídioPerguntas e respostas sobre suicídio
Perguntas e respostas sobre suicídio
 

Mehr von Inaiara Bragante (20)

Edital prmfc2018
Edital prmfc2018Edital prmfc2018
Edital prmfc2018
 
Regimento2017
Regimento2017Regimento2017
Regimento2017
 
Rmnf2222
Rmnf2222Rmnf2222
Rmnf2222
 
Cmaj.140703.full
Cmaj.140703.fullCmaj.140703.full
Cmaj.140703.full
 
Pós teste
Pós testePós teste
Pós teste
 
Pré teste
Pré testePré teste
Pré teste
 
Pós teste
Pós testePós teste
Pós teste
 
Comunicando más notícias
Comunicando más notíciasComunicando más notícias
Comunicando más notícias
 
Ciclo de vida individual e familiar
Ciclo de vida individual e familiarCiclo de vida individual e familiar
Ciclo de vida individual e familiar
 
Bb dm – extra
Bb dm – extraBb dm – extra
Bb dm – extra
 
Bb dm2
Bb dm2Bb dm2
Bb dm2
 
Conduta terapeutica
Conduta terapeuticaConduta terapeutica
Conduta terapeutica
 
Caso clinico alcool
Caso clinico alcoolCaso clinico alcool
Caso clinico alcool
 
M1 d2a6q1 cage_2009-03-13
M1 d2a6q1 cage_2009-03-13M1 d2a6q1 cage_2009-03-13
M1 d2a6q1 cage_2009-03-13
 
Tratamento farmacológico em dependência química helio -sandra
Tratamento farmacológico em dependência química  helio -sandraTratamento farmacológico em dependência química  helio -sandra
Tratamento farmacológico em dependência química helio -sandra
 
Rz clin residentes_brasil_2
Rz clin residentes_brasil_2Rz clin residentes_brasil_2
Rz clin residentes_brasil_2
 
Aula31 07 2014
Aula31 07 2014Aula31 07 2014
Aula31 07 2014
 
Aula31 07 2014
Aula31 07 2014Aula31 07 2014
Aula31 07 2014
 
Casos clínicos (3)
Casos clínicos (3)Casos clínicos (3)
Casos clínicos (3)
 
P4 idosos j. gervas (1) (1)
P4 idosos   j. gervas (1) (1)P4 idosos   j. gervas (1) (1)
P4 idosos j. gervas (1) (1)
 

Aula Abordagem Comunitária

  • 1. Enfrentamento daViolência Estrutural em uma ComunidadeVulnerável na cidade do Rio de Janeiro Helena Fernandes Ferraz GT de Saúde Mental -Aula para os residentes do PRMFC –SMS/RJ 13/08/2019
  • 2. Sobre aViolência A corrente impetuosa é chamada de violenta. Mas o leito do rio que a contém Ninguém chama de violento. A tempestade que faz dobrar as bétulas É tida como violenta; E a tempestade que faz dobrar Os dorsos dos operários na rua? Bertold Brecht
  • 3. O que nos moveu… “Recebi um relatório da diretora da escola que dizia que minha filha de 5 anos era chefe de uma gangue da escola e que era claro que tinha puxado ao pai.” “O lugar mais seguro pra mulher é no trabalho. Em casa a gente apanha do marido, do filho, ainda tem bala perdida.” “A gente tem que ensinar nossos filhos a superar isso e aguentar a discriminação. A gente vive com isso.” “A gente nunca viveu outra coisa sem ser a violência.” “Sabe porque eu estou esperando mais de 2 anos a vaga do dentista do meu filho sair? Porque eu tenho esperança. Quem mora no morro vive disso, de esperança.”
  • 4. É o que nos angustia… “Eu não fui contratada porque viram no meu nada consta que eu visitava meu filho na cadeia, e ele ainda me disse que era melhor pra mim, porque se alguém roubasse algo a culpa seria minha.” “Quem cuida de mim é Deus. Ninguém cuida de mim.” “Mataram ele porque ele era preto.” “Eles tem as armas na mão e eu só tenho meu corpo.” “Eles não tem bala pra todo mundo.” “Aonde eu moro eu acordo de frente para um campo, mas no meu campo tem um monte de arma e droga, eu não fico sonhando com um campo florido.”
  • 5. Papel de uma Equipe de Saúde da Família:  Conhecer os fatores (sociais, políticos, econômicos, ambientais, culturais, individuais) que determinam a qualidade de vida da comunidade adstrita;  Diagnóstico situacional  Conhecer fatores de risco e fatores de promoção e proteção à saúde
  • 6. Papel de uma Equipe de Saúde da Família:  Entrar em articulação com outros setores da sociedade e movimentos sociais organizados, integrando ações para a qualidade de vida da comunidade;  Estimular a participação da comunidade no planejamento e execução e avaliação das ações das Unidades de Saúde;  Articular com a rede institucional local, ações integradas para a melhoria constante da qualidade de saúde da população;  Promover ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e informais existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto dos problemas identificados.
  • 7. DIAGNÓSTI CO COMUNITÁ RIO IDENTIFICAR problemas e potencialidade s AVALIAR e monitorar os serviços de saúde PROMOVER participação da comunidade GERAR diálogo intersetorial PLANEJAR provisão de serviços e recursos pela ESF DEFINIR ações e estratégias de promoção e prevenção da saúde
  • 8. Estar dentro do território: Combate às inequidades Lei dos Cuidados Inversos (Tudor Hart 1971) “A oferta de cuidados médicos de qualidade tende a variar em sentido inverso ao das necessidades em saúde da população servida e que os efeitos desta lei se acentuam onde os cuidados médicos estão mais expostos às forças de mercado, atenuando-se onde esta exposição é mais reduzida". Obs: E Mary Thomas
  • 11. Dados secundários Salgueiro Tijuca 8-9 anos 9,6% 4,4% 10-14 anos 4,9% 1,0% > 15 anos 6,1% 1,4% Renda: <1/2 sal min ½ a 1 sal min 1 – 2 sal min 2-3 sal min >3 sal min Salgueiro 1,2% 39,7% 27,8% 7,4% 2,3% Tijuca 0,5% 7,1% 12,9% 8,9% 63,7% Rio de Janeiro 1,3% 17,1% 24,6% 11,6% 33,3% Educação – Analfabetismo:
  • 12. Análises: Microarea REDE ENCANADA ATE O DOMICILIO POCO / NASCENTE NO DOMICILIO OUTRO Total geral 1 74% 26% 100% 2 89% 11% 100% 3 99% 0% 1% 100% 4 98% 2% 100% 5 99% 1% 0% 100% 6 100% 100% Total geral 95% 5% 0% 100% Contagem deCASA TRATAMENTO_DE_A GUA Microarea SEM TRATAMENTO Total geral 1 28% 100% 2 5% 100% 3 6% 100% 4 7% 100% 5 2% 100% 6 9% 100% Total geral 15% 100% Contagem deCASA DESTINO_DO_L IXO Microarea COLETADO CEU ABERTO QUEIMADO Total geral 1 74% 13% 13% 100% 2 100% 100% 3 98% 1% 0% 100% 4 98% 1% 1% 100% 5 100% 100% 6 100% 0% 100% Total geral 96% 2% 2% 100%
  • 13. Análises: Microarea S Total geral 1 17% 100% 2 14% 100% 3 4% 100% 4 24% 100% 5 17% 100% 6 5% 100% Total geral 13% 100% Apesar de maior risco e vulnerabilidade, a percentagem de BF é aquem do esperado (lei dos cuidados inversos) Total de beneficiários do Bolsa Família:
  • 24.
  • 26. Dimensão 05: Violência estrutural afetando a saúde "Eu não consigo imaginar como é que está um corpo que espera o tiro parar, cessar um pouco, pra sair do território, pra ir trabalhar, eu não posso perder o emprego. É quase uma escolha, ou você vai morrer de fome ou você vai morrer de uma bala porque se você perder seu trabalho você não tem o que comer. Como estão esse corpos?" (E9) "A gente pode pensar na mãe de um dos jovens de Costa Barros que ficou adoecida psiquicamente depois do assassinato do filho dela, depois ela chega a tentar suicídio e depois a mulher simplesmente morre de uma causa que ninguém consegue dizer qual é, e essa mulher morre de tristeza. Depois teve a Janaína, mãe de um menino de 11, 12 anos que foi morto em Manguinhos, num campo de futebol, e essa mulher com trinta e poucos anos morre, e se você for conversar com a família a família fala: morreu de tristeza. Tem a morte direta que é a bala e tem a morte indireta, eu tenho dito que a bala não cai, a bala mata um, um familiar e ela continua girando e nesse processo as pessoas vão morrendo, afetando outras pessoas, as pessoas estão morrendo, estão adoecendo, sofrimentos psíquicos graves. (E9)
  • 27. "Primeiro vocês viram referência, as pessoas não se sentem mais a sós. E a saúde, eu costumo dizer a saúde e assistência social, mas a saúde principalmente, ela consegue chegar a pontos do território que nenhum outro serviço chega, então as pessoas tem vocês de referência de auxílio para reinvindicação de direitos, ou para vocês dizerem que aquilo é um direito." (E9)
  • 28.
  • 29.