O documento resume o sermão da montanha de Jesus. Ele explica que os "pobres em espírito" a quem Jesus se refere são aqueles que reconhecem sua dependência espiritual de Deus e sua falência perante Ele, não tendo nada a oferecer ou reivindicar por mérito próprio. Ter o Reino dos Céus significa viver uma vida de justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
2. Vendo as multidões, Jesus subiu ao
monte e se assentou. Seus
discípulos aproximaram-se dele,
e ele começou a ensiná-los,
dizendo: "Bem-aventurados os
pobres em espírito, pois deles é o
Reino dos céus. Bem-aventurados
os que choram, pois serão
consolados.
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3. Bem-aventurados os humildes, pois
eles receberão a terra por herança.
Bem-aventurados os que têm fome
e sede de justiça, pois serão
satisfeitos. Bem-aventurados os
misericordiosos, pois obterão
misericórdia. Bem-aventurados
os puros de coração,
pois verão a Deus.
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4. Bem-aventurados os pacificadores,
pois serão chamados filhos de
Deus. Bem-aventurados os
perseguidos por causa da justiça,
pois deles é o Reino dos céus.
"Bem-aventurados serão vocês
quando, por minha causa os
insultarem, perseguirem e
levantarem todo tipo de calúnia
contra vocês. 4
5. Alegrem-se e regozijem-se,
porque grande é a recompensa
de vocês nos céus, pois da
mesma forma perseguiram os
profetas que viveram
antes de vocês".
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9. Mas os pobres nunca serão
esquecidos, nem se frustrará a
esperança dos necessitados.
Por causa da opressão do
necessitado e do gemido do pobre,
agora me levantarei, diz o Senhor.
Eu lhes darei a segurança
que tanto anseiam.
Salmo 9.2 e 12.5
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10. Este pobre homem clamou, e o
Senhor o ouviu; e o libertou de
todas as suas tribulações.
Salmos 34.6
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11. Todo o meu ser exclamará: "Quem
se compara a ti, Senhor? Tu livras
os necessitados daqueles que são
mais poderosos do que eles, livras
os necessitados e os pobres
daqueles que os exploram
Salmo 35.10
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12. Quanto a mim, sou pobre e
necessitado, mas o Senhor
preocupa-se comigo. Tu és o meu
socorro e o meu libertador; meu
Deus, não te demores!
Salmos 40:17
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14. Estes textos nos permitem entender
que a ‘pobreza’, neste contexto,
tem aplicações espirituais
identificando-se como uma humilde
dependência de Deus.
É essa pobreza que Cristo
se refere.
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15. O ‘aflito’ (homem pobre) no VT é
aquele que está sofrendo e não tem
capacidade de salvar-se por si
mesmo e que, por isso, busca
salvação de Deus, reconhecendo
que não tem direito à mesma.
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16. Esse estado de pobreza espiritual e
reconhecimento da mesma foi
igualmente reconhecida e elogiada
pelo profeta Isaías.
Disse ele:
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17. "O pobre e o necessitado buscam
água, e não encontram! Suas línguas
estão ressequidas de sede. Mas eu, o
Senhor, lhes responderei; eu, o Deus
de Israel, não os abandonarei.
Abrirei rios nas colinas estéreis, e
fontes nos vales. Transformarei o
deserto num lago, e o chão ressequido
em mananciais.
Isaías 41:17,18
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18. Para Stott, o ‘pobre’ – em Isaías - é
também descrito como o ‘contrito e
abatido de espírito’ para quem o
Senhor olha: Pois assim diz o Alto e
Sublime, que vive para sempre, e cujo
nome é santo: "Habito num lugar alto e
santo, mas habito também com o
contrito e humilde de espírito, para dar
novo ânimo ao espírito do humilde e
novo alento ao coração do contrito.
Is. 57.15 18
19. E mais, disse Stott, é para esse
‘pobre’ que o Ungido do Senhor
proclamaria as Boas Novas de
Salvação. Isaias 66. 1, 2 e 3.
profecia que se cumpriu enquanto
Jesus esteve entre nós.
Diz o texto:
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20. O Espírito do Soberano Senhor está
sobre mim porque o Senhor ungiu-me
para levar boas notícias aos pobres.
Enviou-me para cuidar dos que estão
com o coração quebrantado, anunciar
liberdade aos cativos e libertação das
trevas aos prisioneiros, para proclamar
o ano da bondade do Senhor e o dia da
vingança do nosso Deus;
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21. para consolar todos os que andam
tristes, e dar a todos os que choram
em Sião uma bela coroa em vez de
cinzas, o óleo da alegria em vez de
pranto, e um manto de louvor em
vez de espírito deprimido. Eles
serão chamados carvalhos de
justiça, plantio do Senhor, para
manifestação da sua glória.
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22. O que não significa dizer que Jesus
era indiferente à pobreza e fome
físicas. Pelo contrário, os
evangelhos são ricos em mostrar a
compaixão de Cristo pelos
necessitados e seu cuidado em
alimentar os famintos dizendo aos
seus discípulos e a nós que
deveriam e devemos
fazer o mesmo. 22
23. Mas, não podemos aplicar este
significado aos ‘pobres’ das bem-
aventuranças, pois fazê-lo seria
relacionar as bênçãos do Reino
com vantagens econômicas.
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24. Podemos e devemos sim dizer que
os ‘pobres’ ou ‘humildes’ de espírito
são àqueles que reconhecem sua
carência espiritual ou, mais
claramente, admitem sua falência
espiritual diante de Deus, pois
somos pecadores e nada
merecemos além do seu juízo.
Nada temos a oferecer
e nada a reivindicar. 24
25. Podemos e devemos sim dizer que
os ‘pobres’ ou ‘humildes’ de espírito
são àqueles que possuem um justo
senso de pecado interior e exterior;
que reconhecem a culpa e a
impotência que têm diante e por
causa de seus pecados.
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26. Podemos e devemos sim dizer que
os ‘pobres’ ou ‘humildes’ de espírito
são àqueles que não dependem de
suas posses, forças e capacidade
e, por isso, são incapazes de dizer:
sou rico e abastado em bens, de
nada tenho falta. Pois sabem que
são desprezíveis, pobres,
miseráveis, cegos e nus.
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27. Podemos e devemos sim dizer que
os ‘pobres’ ou ‘humildes’ de espírito
são àqueles que admitem e se
envergonham de sua vaidade e da
sede de estima e honra que vem
dos homens; admitem e se
envergonham de sua constante
inclinação para pensar de si
mais do que convém.
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28. Podemos e devemos sim dizer que
os ‘pobres’ ou ‘humildes’ de espírito
são àqueles que reconhecem em si
mesmos o ódio, a inveja, o ciúme, a
vingança, a ira, a maldade,a
amargura, assim como uma
inimizade inata contra Deus e os
homens que se revela em ações e
palavras que ofendem sua
santidade. 28
29. Como bem disseram
Calvino e Spurgeon:
“Só aquele que, em si mesmo,
foi reduzido a nada e repousa
na misericórdia de Deus,
é pobre de espírito”.
“Para subirmos no Reino é
preciso rebaixar-nos em
nós mesmos” 29
30. Por isso, as palavras de J. Wesley
fazem todo sentido, disse ele:
“O cristianismo real começa com
a pobreza de espírito... A
verdadeira espiritualidade
começa exatamente onde
termina a moralidade pagã...
30
31. ...Começa com a convicção do
pecado. Começa pela renúncia
de nós mesmos. Começa com a
consciência de que não temos
justiça própria. O fundamento de
tudo, completa Wesley, é a
pobreza de espírito.
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32. Deste modo, Aquele que sonda os
corações e sabe quem
verdadeiramente
é pobre de espírito, diz:
O Reino dos Céus é deles.
Mateus 5:3
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33. O Reino dos Céus é concedido ao
pobre em si mesmo e não ao rico
de si mesmo.
O Reino dos Céus é concedido ao
frágil e não ao poderoso.
O Reino dos Céus é concedido aos
fracos e impotentes e não aos
fortes e auto suficientes.
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34. "Bem-aventurados os pobres em
espírito, pois deles é o
Reino dos céus.”
Quem quer ter o Reino dos Céus
precisa reconhecer sua pobreza
espiritual, essa é condição
indispensável. 34
35. Com a aplicação do verbo ‘ser’
no presente (é), entendemos
que o Reino não será dado aos
pobres de espírito.
O Reino já foi dado aos
pobres de espírito.
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37. John Wesley propõe algumas
respostas, disse ele: O Reino de
Deus é justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
O Reino de Deus é uma vida
celestial que começa na terra
em justiça, paz e alegria
no Espírito Santo.
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38. Repito:
O Reino de Deus é justiça, paz e
alegria no Espírito Santo. A justiça
é a Vida de Deus na Alma. É ter a
mente que estava em Jesus. É ter a
imagem de Deus estampada
no coração...
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39. O Reino de Deus em Justiça,
continua Wesley, é ser renovado à
semelhança do Deus que nos
Criou. É a experiência pessoal do
amor de Deus. É amar a
humanidade por amor a Deus,
porque Ele nos amou primeiro.
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40. O Reino de Deus é paz. É a paz de
Deus. É uma serenidade tranquila
da alma. É a plena fé em Jesus que
não deixa dúvidas de que somos
aceitos por Ele. É uma paz que
exclui todo medo.
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41. O Reino de Deus internalizado,
completa Wesley, inclui a alegria no
Espírito Santo. É ele quem nos
convence que recebemos a graça,
o perdão e a redenção por meio de
Jesus Cristo. É o Espírito Santo
que nos lembra das inúmeras e
incontidas alegrias existentes no
Reino de Deus...
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42. É uma alegria saber que a justiça
que estava em Jesus
foi-nos imputada.
É uma alegria saber que fomos e
somos perdoados
dos nossos pecados.
É uma alegria saber que fomos
feitos herdeiros com Cristo, família
de Deus e que estamos
com Ele para sempre. 42
43. É uma alegria saber que Jesus
Cristo ‘adquiriu’ o Reino de
Deus, o partilhou e partilha com
os pobres de espírito.
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44. Se também somos
estas pessoas,
o Reino também é nosso.
Sendo nosso o Reino de Deus,
significa dizer que a nossa vida
é uma vida de Justiça, paz e
alegria no Espírito Santo.
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45. No entanto, fato é que muitas
vezes olhamos para nós
mesmos e o que menos
encontramos é Justiça, Paz e
Alegria no Espírito Santo. Mas
isso não muda o que o
Reino de Deus é.
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