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REFLEXÃO CRÍTICA
DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO
CURSO DE AGREGAÇÃO PEDAGÓGICA
Módulo:
Tendências Pedagógicas Contemporâneas
O DOCENTE:
MSc Mateus Chicolassonhi
Elaborado por:
MSc Hortênsio Bondo
Lubango, Outubro de 2019
Índice
1.Introdução ......................................................................................................................................... 1
2. Tendências Pedagógicas liberais.................................................................................................... 2
2.1 Tendência Liberal Tradicional ou Conservadora .................................................................... 3
2.2 Tendência Liberal Renovada Progressivista, Renovadora ou Pedagogia Nova .................... 4
2.3 Tendência Liberal Renovada Não-Directiva ou Escola Nova ................................................. 5
2.4 Tendência Liberal Tecnicista ................................................................................................... 6
3. Tendências Pedagógicas Progressistas .......................................................................................... 7
3.1 Tendência Progressista Libertadora ........................................................................................ 8
3.2 Tendência Progressista Libertária ou Institucional................................................................ 8
3.3 Tendência Progressista Crítico-Social dos Conteúdos ou histórico-crítica.......................... 9
4. Considerações das tendências pedagógicas contemporâneas .................................................. 10
5. Conclusões...................................................................................................................................... 13
6. Referências bibliográficas ............................................................................................................ 14
A grande preocupação no ensino superior é com o próprio ensino, no
seu sentido mais comum. Teodoro e Vasconcelos (2005)
1
1.Introdução
O presente trabalho tem como tema “Reflexão Crítica das Tendências Pedagógicas” e
insere-se o âmbito do curso de Agregação Pedagógica promovido pela Universidade
Mandume Ya Ndemufayo. O objectivo é de fazer uma reflexão crítica das tendências
pedagógicas. Para alcançar o objectivo proposto, realizou-se uma pesquisa de caráter
bibliográfico e exploratório tendo como eixo principal, contribuições de autores
brasileiros, na medida em que as tendências pedagógicas se constituíram no âmago
dos movimentos sociopolíticos do Brasil, influenciando assim a criação de tendências
pedagógicas. Compreender as tendências pedagógicas no âmbito educativo significa
apresentar pressupostos metodológicos e teóricos e reflexões acerca da prática
educativa. Porém, espera-se obter com estas reflexões ideias de forma que as
tendências pedagógicas possam contribuir no desenvolvimento do processo de ensino
aprendizagem no nosso País.
Autores brasileiros como Freire (1976), Libâneo (1989), Luckesi (1991), Gadotti (1993)
e Saviani (2013), promovem de forma abrangente reflexões que contribuem no avanço
da educação, desenvolvendo teorias que nos oferecem bases e suportes para práticas
pedagógicas.
Luckesi (1991) considera como tendência pedagógica diversas teorias filosóficas que
pretendem compreender e orientar práticas educacionais em diversos momentos e
circunstâncias da história humana na educação brasileira. Acções educativas
interpretam o desempenho da educação na sociedade e, como tal, classificam-se em
educação como redenção, educação como reprodução e educação como
transformadora da sociedade. Essas tendências possibilitam a compreensão da
educação enquanto prática educacional, compreensão filosófica sobre o seu sentido
e, política, quanto ao direccionamento para a acção. A tendência redentora
compreende as pedagogias liberais e confia que a educação possui poderes sobre a
sociedade, tendência optimista. A reprodutivista é crítica, destinada a compreender a
educação na sociedade e apresenta-se de maneira pessimista. A tendência
transformadora, igualmente crítica, recusa o optimismo ilusório e o pessimismo
imobilizador. As tendências progressistas seguem critérios definidos em relação às
funções políticas e sociais do sistema escolar.
2
As tendências pedagógicas são de grande relevância, pois permitem ao educador a
articulação e autodefinição teórica sobre escolhas filosóficas e educacionais, visando
sustentar as práticas docentes.
Helena (2011) destaca que definir as tendências pedagógicas em categorias remete a
determinadas linhas de pensamento, que podem definir a forma docente de conceber
a educação visto que, toda a acção pedagógica é permeada por uma intencionalidade
educativa. Por isso mesmo, é imprescindível ter compreensão sobre isso, para que,
como preconiza Freire (1993) seja possível ao professor reflectir sobre sua teoria e
prática.
Foerste (1996, p. 16) afirma que “uma tendência não elimina a outra, o surgimento
de uma nova corrente teórica não significa o desaparecimento de outra, a definição
de um perfil predominante numa concepção não descarta a possibilidade de outras
formas de manifestação consideradas próximas entre si.” É possível perceber que uma
tendência ou a sua manifestação não é exclusiva e pode se complementar e, noutros
pode divergir. Libâneo (1989) classifica as pedagogias em dois grandes grupos:
Pedagogia Liberal (tradicional; renovadora progressivista; renovadora não directiva e
tecnicista) e Pedagogia Progressista (libertadora; libertária e crítico-social dos
conteúdos).
2. Tendências Pedagógicas liberais
As tendências pedagógicas liberais foram concebidas no século XIX sob forte influência
da Revolução Francesa (1989), do liberalismo ocidental e do capitalismo. O termo
liberal não possui sentido democrático e surgiu em defesa do sistema capitalista.
Segundo Libâneo (1989), a pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por
função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as
aptidões individuais. Isso pressupõe que o indivíduo precisa adaptar-se aos valores e
normas vigentes na sociedade de classe, através do desenvolvimento da cultura
individual. Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as diferenças entre as classes
sociais não são consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a ideia de
igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.
3
Segundo Aranha (1996), no âmbito da educação associa-se a pedagogia liberal a uma
doutrina que surgiu como justificativa ao capitalismo que, ao postular a defesa dos
direitos individuais na sociedade, promoveu um modelo económico alicerçado na
propriedade privada e nos meios de produção, fomentando a disseminação do
conhecimento como forma de manutenção das relações entre dominador e dominado.
De acordo com Queiroz apud Moita, (2007, p. 4), o papel da escola é preparar o
intelectual. Papel do professor: Receptor passivo, inserido num mundo que irá
conhecer pelo repasse de informações. Relação professor-aluno: Autoridade e
disciplina. Conhecimento: Dedutivo. São apresentados apenas os resultados, para que
sejam armazenados. Metodologia: Aulas expositivas, comparações, exercícios,
lições/deveres de casa. Conteúdos: Passados como verdades absolutas, separadas das
experiências. Avaliação: Centrada no produto do trabalho.
2.1 Tendência Liberal Tradicional ou Conservadora
A pedagogia “liberal tradicional”, também conhecida como “conservadora” data do
fim da Idade Média, com a ascensão da burguesia (Filho, 2011). Evidentemente, a
escola, nesta época (meados de 1500) estava totalmente ligada à educação religiosa
católica. O professor, nesta tendência é visto como autoridade principal, que
determina conteúdos oriundos de verdades inquestionáveis e toma como resultados,
dados quantitativos de avaliações pouco democráticas e muito metódicas.
Segundo esse quadro teórico, a tendência liberal tradicional se caracteriza por
acentuar o ensino humanístico, de cultura geral. De acordo com essa escola
tradicional, o aluno é educado para atingir a sua plena realização através do seu
próprio esforço. Sendo assim, as diferenças de classe social não são consideradas e
toda a prática escolar não tem nenhuma relação com o quotidiano do aluno.
Quanto aos pressupostos de aprendizagem, a ideia de que o aluno consiste em
repassar os conhecimentos para o espírito da criança é acompanhada de outra, a de
que a capacidade de assimilação da criança é idêntica à do adulto, sem levar em
conta as características próprias de cada idade. A criança é vista, assim, como um
adulto em miniatura, apenas menos desenvolvida.
A partir do início do século XVI, o Ratio Studiorum contempla a metodologia de ensino
com ênfase em exercícios escolares baseados na escolástica. A escolástica tinha como
4
pilares a lectio, a conferência didáctica dos assuntos estudados a partir da leitura, a
disputatio, reservada à análise das questões provocadas pela lectio, e as repetitiones,
em que os estudantes, em pequenos grupos, realizavam repetições das lições
esclarecidas pelo professor, o sentido do ideário do plano pedagógico contido no Ratio
Studiorium. As ideias pedagógicas compostas pelo Ratio Studiorum correspondem à
pedagogia tradicional, contendo uma visão essencialista de humano, ou seja, formado
por uma essência universal inabalável. Saviani (2013) afirma que a versão mais
acabada dessa vertente é dada pela corrente do tomismo, sistematizado pelo filósofo
e teólogo medieval Thomás de Aquino , que consiste na articulação entre a filosofia
de Aristóteles e a tradição cristã.
2.2 Tendência Liberal Renovada Progressivista, Renovadora ou Pedagogia Nova
Segundo essa perspectiva teórica de Libâneo, a tendência liberal renovada (ou
pragmatista) acentua o sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões
individuais. A escola continua, dessa forma, a preparar o aluno para assumir o seu
papel na sociedade, adaptando as necessidades do educando ao meio social, por isso
ela deve imitar a vida. Se, na tendência liberal tradicional, a actividade pedagógica
estava centrada no professor, na escola renovada progressista, defende-se a ideia de
“aprender fazendo”, portanto centrada no aluno, valorizando as tentativas
experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, levando
em conta os interesses do aluno. Como pressupostos de aprendizagem, aprender se
torna uma actividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente
apenas um meio estimulador. Só é retido aquilo que se incorpora à actividade do
aluno, através da descoberta pessoal, o que é incorporado passa a compor a estrutura
cognitiva para ser empregado em novas situações. É a tomada de consciência,
segundo Piaget.
A tendência liberal renovada progressivista teve repercussão pelo Movimento Escola
Nova, influenciado pela corrente progressivista de Jonh Dewey. Essa tendência teve
grande impacto no Brasil na década de 1930 com influência em muitas práticas
pedagógicas nos dias actuais. A tendência renovada progressivista, também conhecida
como Pedagogia Nova, Escolanovismo ou Escola Nova, encara a educação como “[...]
a corrente que trata de mudar o rumo da educação tradicional, intelectualista e
5
livresca, dando-lhe sentido vivo e activo. Por isso se deu a esse movimento o nome de
‘escola activa’.” (Luzurianga, 1980, p. 227).
O papel da escola é adequar necessidades individuais ao meio, propiciar experiências,
cujo centro é o aluno. Papel do aluno: buscar, conhecer, experimentar. Relação
professor-aluno: clima democrático, o professor é um auxiliar na realização das
experiências. Conhecimentos: algo inacabado, a ser descoberto e reinventado,
baseado em experiências cognitivas de modo progressivo em consideração ao
interesse. Metodologia: aprender experimentando, aprender a aprender. Conteúdos:
estabelecidos pela experiência. Avaliação: foco na qualidade e não na quantidade, no
processo e não no produto. (Queiroz apud Moita, (2007, p. 7)).
2.3 Tendência Liberal Renovada Não-Directiva ou Escola Nova
Acentua-se, nessa tendência, o papel da escola na formação de atitudes, razão pela
qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os
pedagógicos ou sociais. Todo o esforço deve visar uma mudança dentro do indivíduo,
ou seja, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente. Aprender é modificar
as suas próprias percepções. Apenas se aprende o que estiver significativamente
relacionado com essas percepções. A retenção se dá pela relevância da aprendizagem
em relação ao “eu”, o que torna a avaliação escolar sem sentido, privilegiando-se a
auto-avaliação. Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o professor apenas
um facilitador.
A vertente liberal renovada não directiva, ramo da tendência liberal renovada
progressivista, contempla a educação centrada no estudante para formar a sua
personalidade a partir das vivências e experiências significativas. A avaliação escolar
privilegia a auto-avaliação do aluno. A vertente não directiva, inspirada em Carl
Rogers, psicólogo clínico e educador, foi desenvolvida na escola Summerhill de
A.Neill, educador inglês. Aprender, nessa linha, é modificar as suas próprias
percepções com aprendizagem significativa e relacionada com as percepções.
Os conteúdos escolares passam a ter significado pessoal no encontro entre o interesse
e a motivação do aluno. A sua maior preocupação era desenvolver a personalidade, o
autoconhecimento e a realização do ser humano. Abrangia actividades que permitiam
a sensibilidade, a expressão e comunicação interpessoal e a valorização de trabalhos
em grupos. A aprendizagem torna-se um acto interno e intransferível, em que a
6
relação professor-aluno se caracteriza pela afectividade. A aprendizagem baseia-se na
busca da autorrealização e da capacidade de perceber que para cada reacção existe
uma acção.
2.4 Tendência Liberal Tecnicista
No final dos anos 1960 após a ditadura de Vargas têm-se as influências das
experiências e transformações nas áreas social, cultural e educacional. Entretanto, a
tendência liberal tecnicista tem o seu início, e se efectiva em 1978, com as Leis n.
5.540/68 e n. 5.692/71. Sob a instalação do regime militar no Brasil, as elites
contemplam a educação direccionada às massas a fim de permanecer a posição de
status dominante. Difundiram-se então ideias relacionadas à organização racional do
trabalho (taylorismo, fordismo), ao enfoque sistémico e ao controle do
comportamento (behaviorismo) que, no campo educacional, configuraram uma
orientação pedagógica que podemos sintetizar na expressão “pedagogia tecnicista”.
(Saviani, 2013, p. 369).
A escola liberal tecnicista actua no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o
sistema capitalista), articulando-se directamente com o sistema produtivo. Para tal,
emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia
comportamental. O seu interesse principal é, portanto, produzir indivíduos
“competentes” para o mercado de trabalho, não se preocupando com as mudanças
sociais. A escola tecnicista, baseada na teoria de aprendizagem S-R, vê o aluno como
depositário passivo dos conhecimentos, que devem ser acumulados na mente através
de associações.
Skinner foi o expoente principal dessa corrente psicológica, também conhecida como
behaviorista. A escola, com base na ciência da mudança, aperfeiçoa o sistema
capitalista articulado ao sistema produtivo: tecnologia comportamental. Nesse
sentido, a educação actua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o
capitalista), articulando-se directamente com o sistema produtivo, para tal, emprega
a ciência da mudança de comportamento, ou seja a tecnologia comportamental.
Tal como se referiu, o seu interesse imediato é o de produzir indivíduos competentes
para actuar na sociedade trabalhista e competitiva, transmitindo eficientemente,
informações precisas, objectivas e rápidas. (Libâneo, 1989, p. 290).
7
Papel da Escola: Produzir indivíduos competentes para o mercado de trabalho. Papel
do aluno: copiar bem, reproduzir o que foi instruído fielmente. Relação professor-
aluno: o professor é o técnico e responsável pela eficiência do ensino e o aluno é o
treinando. Conhecimento: experiência planeada, o conhecimento é o resultado da
experiência. Metodologia: excessivo uso da técnica para atingir objectivos
instrucionais, aprender fazendo, cópia, repetição, treino. Conteúdos: baseados nos
princípios científicos, manuais e módulos de auto-instrução vistos como verdades
inquestionáveis. Avaliação: uso de vários instrumentos de medição mas pouco
fundamentada, confiança apenas nas informações trazidas nos livros didácticos.
(Queiroz apud Moita,(2007, p. 9)).
3. Tendências Pedagógicas Progressistas
A tendência progressista teve a sua origem na França em 1968. No Brasil emerge com
o processo de abertura política e efervescência cultural. Com relação aos teóricos que
influenciaram o pensamento progressista. Custódio (2012) ressalta que as tendências
progressistas também sofreram forte influência das ideias de Snyders, educador e
investigador que defendia a existência da alegria durante o processo de ensino e
aprendizagem, o que segundo ele, contribuiria para uma aprendizagem mais eficaz e
significativa.
Segundo Libâneo (1989) o termo progressista é utilizado para designar as tendências
que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente
as finalidades sociopolíticas da educação. É evidente que a pedagogia não tem como
se institucionalizar numa sociedade capitalista, daí ser ela um instrumento de luta dos
professores ao lado de outras práticas sociais. Para o autor, a tendência pedagógica
progressista constitui-se por meio das tendências libertadora, libertária e crítico-
social dos conteúdos.
8
3.1 Tendência Progressista Libertadora
A tendência progressista libertadora, também conhecida como pedagogia de Paulo
Freire, de caráter essencialmente político, teve as suas ideias consagradas em
diversos países africanos e no Chile. A pedagogia libertadora exerce poder expressivo
nos sindicatos e movimentos populares, confundindo-se com a educação popular.
Possuem em comum o anti-autoritarismo, a ideia de autogestão pedagógica e a
valorização da experiência vivenciada como alicerce da relação educativa. Valoriza o
método de aprendizagem em grupo, articulado à prática social do povo, e destaca-se
na modalidade de educação popular não formal. A tendência progressista libertadora
articula-se com o método de alfabetização de Paulo Freire, que considera o ser
humano um sujeito situado no mundo material, económico, concreto e social.
Freire (2006) aponta que a tendência libertadora tem um vínculo com a educação
popular lançando um olhar crítico sobre as realidades sociais numa época em que a
ditadura militar considerava subversiva toda e qualquer maneira de manifestação
contra o poder.
Papel da escola: Ênfase no não formal. É uma escola crítica que questiona as relações
do homem no seu meio. Papel do aluno: Reflectir sobre a sua realidade, sobre as
opressões e as suas causas, resultando daí o engajamento do homem na luta pela sua
libertação. Relação professor-aluno: Professor e aluno devem conhecer a realidade e
interagir com ela, retirando conteúdos de aprendizagem para depois agirem visando a
transformação crítica da sociedade. Metodologia: Participativa, foca-se pela
construção do conhecimento. Conteúdos: Temas geradores extraídos da vida dos
alunos. Avaliação: Auto-avaliação ou avaliação mútua.
3.2 Tendência Progressista Libertária ou Institucional
No caso da tendência progressista libertária, o seu principal fundamento é realizar
modificações institucionais a partir dos níveis subalternos, de modo a contagiar e
modificar todo o sistema, negando os modelos e formas de poder e autoridade.
Segundo Luckesi (1993, p. 64), pode-se dizer que a pedagogia libertária tem em
comum com a libertadora “[...] a valorização da experiência vivida como base da
relação educativa e a ideia de autogestão pedagógica.” A principal ideia de
conhecimento é a descoberta de respostas relacionadas às exigências da vida social.
9
Preocupa-se com o processo de aprendizagem em grupo e acredita na liberdade total
dos sujeitos. Conforme Libâneo (1989), a pedagogia libertária abrange quase todas as
tendências anti-autoritárias em educação, como a psicanalítica, a anarquista, a dos
sociólogos e também a dos professores progressistas. Porém, o papel da escola é
transformar o aluno no sentido libertário e autogestionário, como forma de
resistência ao Estado e aos seus aparelhos ideológicos. O professor exerce o papel de
conselheiro e também de instrutor-monitor. Ele espera que a escola exerça a
transformação na personalidade dos estudantes na perspectiva libertária e
autogestionária.
Papel do aluno: Reflectir sobre a realidade, sobre a opressão e as suas causas.
Relação professor-aluno: O professor exerce o papel de conselheiro, uma espécie de
monitor e instrutor à disposição do aluno. Método: Livre expressão, contexto cultural,
educação estética. Conteúdos: São colocados para o aluno, mas não são exigidos. São
resultantes das necessidades dos grupos. Avaliação: Auto-avaliação, sem carácter
punitivo. A pedagogia libertária, também conhecida como pedagogia institucional, é
uma forma de resistência contra a burocracia enquanto instrumento de acção
dominadora e de controlo do Estado. Dessa forma, a educação passou a desenvolver o
seu papel além dos muros escolares, estimulando a participação em grupos e
movimentos sociais, o que permite trazer para a escola a realidade social.
Para Tragtenberg (1985), a rotina da escola tradicional segue os padrões semelhantes
a de um presídio: a presença discente deve ser registrada no diário do professor, o
aluno é todo tempo vigiado, os seus gestos devem ser submissos, se quebrar as regras
há punições e sanções. Ele compara as atribuições da função de professor, aos
afazeres de um funcionário de fábrica, pois a educação é associada ao trabalho e o
seu papel é ser o guardião do sistema.
3.3 Tendência Progressista Crítico-Social dos Conteúdos ou histórico-crítica
A tendência progressista crítico-social ao contrário da tendência libertadora, tem a
sua origem no materialismo histórico, expressada na metodologia dialéctica de
construção socio individualizada do conhecimento.
Conforme Queiroz apud Moita (2007), a pedagogia crítico-social dos conteúdos
defende que a função social e política da escola deve assegurar por meio do trabalho
com conhecimentos sistematizados, a inserção nas escolas, com qualidade, das
10
classes populares, garantindo as condições para uma efectiva participação nas lutas
sociais.
A actuação da escola consiste em preparar o estudante para o mundo e suas
contradições, por meio da aquisição de conteúdos e da socialização para a
participação activa e organizada na democratização social. Para servir aos interesses
populares, a escola deve oferecer ensino de qualidade e possibilitar conteúdos
articulados com a vivência social do aluno. A educação destaca-se como actividade
mediadora na prática social, passando de uma experiência fragmentada para uma
visão unificada.
Papel do aluno: Sujeito no mundo como ser social, activo. Relação professor-aluno: O
professor é autoridade competente que direcciona o processo ensino-aprendizagem,
mediador entre conteúdos e alunos. Conhecimento: construído pela experiência
pessoal e subjectiva. Metodologia: Contexto cultural e social. Conteúdos: São
culturais, universais, sempre reavaliados frente à realidade social. Avaliação: A
experiência só pode ser julgada a partir de critérios internos do organismo, os
externos podem levar ao desajustamento. (Queiroz; Moita, 2007, p. 15). A pedagogia
crítico-social, na intenção de uma educação crítica e democrática, propõe associar a
formação de procedimentos lógicos do pensamento a uma perspectiva crítica, com o
modus operandi da lógica dialéctica marxista. A pedagogia crítico-social formula
princípios e orientações para a conversão do saber científico em saber escolar.
Vygotsky (1984) entende que a acção pedagógica está carregada de intencionalidade e
que o ensino da ciência pressupõe interesses que são sociais, políticos, daí a ideia de
aprender uma cultura crítica.
4. Considerações das tendências pedagógicas contemporâneas
As diversas tendências pedagógicas contemporâneas no processo de ensino
aprendizagem constroem a prática educativa, visto que todas contribuem de forma
enriquecedora para o processo educacional. As tendências pedagógicas são de
fundamental importância para o processo educativo e consolidam, nas escolas, a
prática dos professores. A tendência liberal tradicional prepara os alunos para
assumirem o seu papel na sociedade e valoriza os conhecimentos acumulados como
verdade absoluta. Nessa tendência, a autoridade do professor exige atitude receptiva
11
do aluno, uma aprendizagem mecânica. Não considera a singularidade do aluno. Tem
presença nas escolas religiosas ou leigas que adoptam filosofias humanistas clássicas
ou científicas. Na tendência liberal renovada, a escola deve adequar-se às
necessidades individuais ao meio social. Os conteúdos são estabelecidos a partir das
experiências vividas pelos alunos diante das situações problemáticas, exploradas por
meio de experiências, pesquisas e método de solução de problemas. O professor é
auxiliador no desenvolvimento livre da criança, fundamentado na motivação e
estimulação.
A tendência liberal renovadora não directiva valoriza a busca dos conhecimentos pelos
próprios alunos, é facilitadora da aprendizagem. A educação é centralizada no aluno,
e o professor é quem garantirá um relacionamento de respeito. Aprender é modificar
as percepções da realidade. A tendência liberal tecnicista é modeladora do
comportamento humano a partir de metodologias específicas. As informações são
ordenadas numa sequência lógica e psicológica com procedimentos realizados para a
transmissão e recepção de informações. Essa tendência tem por objectivo a
transmissão de informações por parte do professor e a memorização como
aprendizagem. A tendência progressista libertadora anseia levar professores e alunos
a atingir um nível de consciência da realidade, na busca pela transformação social, a
partir de temas geradores e grupos de discussão. Já a tendência progressista libertária
visa a transformação da personalidade num sentido libertário e autogestionário, a
escola dá ênfase à participação em grupo como mecanismos institucionais de
transformação. A tendência progressista crítico-social dos conteúdos visa a difusão
dos conteúdos culturais universais incorporados pela humanidade frente à realidade
social.
O método parte de uma relação directa da experiência do aluno confrontada com o
saber sistematizado. O papel do aluno é participador e o do professor é ser mediador,
com base nas estruturas cognitivas estruturadas nos alunos ou seja, a tendência
histórico-crítica tem a prática social como ponto de partida e de chegada da prática
educativa, aspectos filosóficos, económicos e político-sociais resultam na forma da
sociedade actual. Essa tendência visa intermediar os métodos a partir da
problematização, instrumentalização e catarse, e parte da prática social na qual
professor e alunos se encontram em posições distintas e promovem o
encaminhamento da solução dos problemas postos pela prática social.
12
Quadro síntese das Tendências Pedagógicas
Disponível em: www.terezinhamachado.verandi.org/textos/doc_30.doc Acesso em: 20 Out/2019
13
5. Conclusões
As tendências pedagógicas influenciam os docentes na construção do processo
educativo, seja qual for a tendência seguida pelo educador, elas contemplam o
enriquecimento do ensino e da aprendizagem, além de objectivarem a articulação
entre a teoria e a prática. Compreender as diferentes concepções pedagógicas não
significa apenas ler o que diferentes teóricos e pensadores falam ou escrevem sobre
elas, significa compreender a prática educativa próxima ao contexto vivido de forma
que a reflexão possibilite discutir e agir para a transformação. As tendências
pedagógicas orientam a actuação do educador, possibilitam respostas sobre as
questões de estruturação do processo de ensino, visam reflectir e compreender o que,
para quem, para quê e porquê ensinar. É de fundamental relevância que os
profissionais de educação conheçam as tendências pedagógicas. Isso porque a prática
docente apresenta uma demanda cada vez maior de desafios a serem superados.
As práticas educativas articuladas à pedagogia e à teoria de educação estão
impregnadas de concepções ideológicas e filosóficas que interferem no processo de
ensino e aprendizagem. O conhecimento histórico sobre as tendências pedagógicas
pode ajudar a compreender as questões pertinentes à prática educacional, a sua
relação com a vida e os movimentos sociais da época respectiva. Dificilmente iremos
encontrar, na prática, uma escola que siga uma das tendências pedagógicas com total
pureza, havendo elementos de uma e de outra que se misturam, mesmo porque essa
tem sido a tradição dos nossos professores, que praticam um certo sincretismo
pedagógico.
Todavia, se não há uma prática pura de nenhuma das tendências, poderíamos afirmar,
não de forma absoluta, que pelo menos as duas grandes tendências pedagógicas, a
liberal e a progressista, possuem alguns princípios antagónicos os quais não podem
conviver sem conflitos.
Por fim, é importante definir na prática educativa os posicionamentos que merecem
destaque, o que convém conservar e o que precisa mudar como reflexão necessária
para que a educação possa contribuir para a transformação social, cultural e histórica
do ser humano.
14
6. Referências bibliográficas
ARANHA, M. A. Filosofia da Educação. São Paulo, SP: Moderna, 1996.
CUSTÓDIO, C. P. A Educação Física e o Lúdico no Centro de Educação Infantil.
Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC),
Criciúma, SC, Brasil, 2012.
FOERSTE, G. M. S. Arte-Educação: pressupostos teórico-metodológicos na obra de Ana
Mae Barbosa. 229p. Dissertação (Mestrado em Educação Escolar Brasileira)–
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1996. Disponível em:
<https://ppge.fe.ufg.br/up/6/o/Dissert_GerdaMargirt_Schutz_Foerste.pdf>. Acesso
em: 19 out. 2019.
FILHO, Geraldo Francisco. Panorâmica das Tendências e Práticas Pedagógicas. 2ª ed.
rev. Campinas, Átomo, 2011.
FREIRE, P. Educação como Prática de Liberdade. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra,
2006.
__________ Acção cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e
Terra. 1976.
GADOTTI, M. História das ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1993.
HELENA, M. Teorias Curriculares e as Tendências Pedagógicas e Educacionais na
Perspectiva das Práticas Pedagógicas na Visão Inovadora do Gestor Democrático.
Monografia de Conclusão de Curso, Universidade Cândido Mendes (UCAM), Rio de
Janeiro, RJ, Brasil, 2011.
LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: a pedagogia crítica-social dos
conteúdos. 8. ed. São Paulo: Loyola, 1989.
LUCKESI, C. C. Filosofia da educação. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1993.
_____________ Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez (Colecção magistério. 2º
grau. Série formação do professor), 1991.
LURIZIAGA, L. História da educação e da pedagogia. 12. ed. São Paulo: Nacional,
1980.
QUEIROZ, C. T.; MOITA, F. M. G. S. C. Fundamentos sócio-filosóficos da educação.
Campina Grande:UEPB/UFRN, 2007.
SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. 4. ed. Campinas: Autores
Associados, 2013.
TRAGTENBERG, M. Educação e Sociedade. São Paulo, SP: Cortez, 1988.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

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  • 1. REFLEXÃO CRÍTICA DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO CURSO DE AGREGAÇÃO PEDAGÓGICA Módulo: Tendências Pedagógicas Contemporâneas O DOCENTE: MSc Mateus Chicolassonhi Elaborado por: MSc Hortênsio Bondo Lubango, Outubro de 2019
  • 2. Índice 1.Introdução ......................................................................................................................................... 1 2. Tendências Pedagógicas liberais.................................................................................................... 2 2.1 Tendência Liberal Tradicional ou Conservadora .................................................................... 3 2.2 Tendência Liberal Renovada Progressivista, Renovadora ou Pedagogia Nova .................... 4 2.3 Tendência Liberal Renovada Não-Directiva ou Escola Nova ................................................. 5 2.4 Tendência Liberal Tecnicista ................................................................................................... 6 3. Tendências Pedagógicas Progressistas .......................................................................................... 7 3.1 Tendência Progressista Libertadora ........................................................................................ 8 3.2 Tendência Progressista Libertária ou Institucional................................................................ 8 3.3 Tendência Progressista Crítico-Social dos Conteúdos ou histórico-crítica.......................... 9 4. Considerações das tendências pedagógicas contemporâneas .................................................. 10 5. Conclusões...................................................................................................................................... 13 6. Referências bibliográficas ............................................................................................................ 14
  • 3. A grande preocupação no ensino superior é com o próprio ensino, no seu sentido mais comum. Teodoro e Vasconcelos (2005)
  • 4. 1 1.Introdução O presente trabalho tem como tema “Reflexão Crítica das Tendências Pedagógicas” e insere-se o âmbito do curso de Agregação Pedagógica promovido pela Universidade Mandume Ya Ndemufayo. O objectivo é de fazer uma reflexão crítica das tendências pedagógicas. Para alcançar o objectivo proposto, realizou-se uma pesquisa de caráter bibliográfico e exploratório tendo como eixo principal, contribuições de autores brasileiros, na medida em que as tendências pedagógicas se constituíram no âmago dos movimentos sociopolíticos do Brasil, influenciando assim a criação de tendências pedagógicas. Compreender as tendências pedagógicas no âmbito educativo significa apresentar pressupostos metodológicos e teóricos e reflexões acerca da prática educativa. Porém, espera-se obter com estas reflexões ideias de forma que as tendências pedagógicas possam contribuir no desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem no nosso País. Autores brasileiros como Freire (1976), Libâneo (1989), Luckesi (1991), Gadotti (1993) e Saviani (2013), promovem de forma abrangente reflexões que contribuem no avanço da educação, desenvolvendo teorias que nos oferecem bases e suportes para práticas pedagógicas. Luckesi (1991) considera como tendência pedagógica diversas teorias filosóficas que pretendem compreender e orientar práticas educacionais em diversos momentos e circunstâncias da história humana na educação brasileira. Acções educativas interpretam o desempenho da educação na sociedade e, como tal, classificam-se em educação como redenção, educação como reprodução e educação como transformadora da sociedade. Essas tendências possibilitam a compreensão da educação enquanto prática educacional, compreensão filosófica sobre o seu sentido e, política, quanto ao direccionamento para a acção. A tendência redentora compreende as pedagogias liberais e confia que a educação possui poderes sobre a sociedade, tendência optimista. A reprodutivista é crítica, destinada a compreender a educação na sociedade e apresenta-se de maneira pessimista. A tendência transformadora, igualmente crítica, recusa o optimismo ilusório e o pessimismo imobilizador. As tendências progressistas seguem critérios definidos em relação às funções políticas e sociais do sistema escolar.
  • 5. 2 As tendências pedagógicas são de grande relevância, pois permitem ao educador a articulação e autodefinição teórica sobre escolhas filosóficas e educacionais, visando sustentar as práticas docentes. Helena (2011) destaca que definir as tendências pedagógicas em categorias remete a determinadas linhas de pensamento, que podem definir a forma docente de conceber a educação visto que, toda a acção pedagógica é permeada por uma intencionalidade educativa. Por isso mesmo, é imprescindível ter compreensão sobre isso, para que, como preconiza Freire (1993) seja possível ao professor reflectir sobre sua teoria e prática. Foerste (1996, p. 16) afirma que “uma tendência não elimina a outra, o surgimento de uma nova corrente teórica não significa o desaparecimento de outra, a definição de um perfil predominante numa concepção não descarta a possibilidade de outras formas de manifestação consideradas próximas entre si.” É possível perceber que uma tendência ou a sua manifestação não é exclusiva e pode se complementar e, noutros pode divergir. Libâneo (1989) classifica as pedagogias em dois grandes grupos: Pedagogia Liberal (tradicional; renovadora progressivista; renovadora não directiva e tecnicista) e Pedagogia Progressista (libertadora; libertária e crítico-social dos conteúdos). 2. Tendências Pedagógicas liberais As tendências pedagógicas liberais foram concebidas no século XIX sob forte influência da Revolução Francesa (1989), do liberalismo ocidental e do capitalismo. O termo liberal não possui sentido democrático e surgiu em defesa do sistema capitalista. Segundo Libâneo (1989), a pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Isso pressupõe que o indivíduo precisa adaptar-se aos valores e normas vigentes na sociedade de classe, através do desenvolvimento da cultura individual. Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as diferenças entre as classes sociais não são consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.
  • 6. 3 Segundo Aranha (1996), no âmbito da educação associa-se a pedagogia liberal a uma doutrina que surgiu como justificativa ao capitalismo que, ao postular a defesa dos direitos individuais na sociedade, promoveu um modelo económico alicerçado na propriedade privada e nos meios de produção, fomentando a disseminação do conhecimento como forma de manutenção das relações entre dominador e dominado. De acordo com Queiroz apud Moita, (2007, p. 4), o papel da escola é preparar o intelectual. Papel do professor: Receptor passivo, inserido num mundo que irá conhecer pelo repasse de informações. Relação professor-aluno: Autoridade e disciplina. Conhecimento: Dedutivo. São apresentados apenas os resultados, para que sejam armazenados. Metodologia: Aulas expositivas, comparações, exercícios, lições/deveres de casa. Conteúdos: Passados como verdades absolutas, separadas das experiências. Avaliação: Centrada no produto do trabalho. 2.1 Tendência Liberal Tradicional ou Conservadora A pedagogia “liberal tradicional”, também conhecida como “conservadora” data do fim da Idade Média, com a ascensão da burguesia (Filho, 2011). Evidentemente, a escola, nesta época (meados de 1500) estava totalmente ligada à educação religiosa católica. O professor, nesta tendência é visto como autoridade principal, que determina conteúdos oriundos de verdades inquestionáveis e toma como resultados, dados quantitativos de avaliações pouco democráticas e muito metódicas. Segundo esse quadro teórico, a tendência liberal tradicional se caracteriza por acentuar o ensino humanístico, de cultura geral. De acordo com essa escola tradicional, o aluno é educado para atingir a sua plena realização através do seu próprio esforço. Sendo assim, as diferenças de classe social não são consideradas e toda a prática escolar não tem nenhuma relação com o quotidiano do aluno. Quanto aos pressupostos de aprendizagem, a ideia de que o aluno consiste em repassar os conhecimentos para o espírito da criança é acompanhada de outra, a de que a capacidade de assimilação da criança é idêntica à do adulto, sem levar em conta as características próprias de cada idade. A criança é vista, assim, como um adulto em miniatura, apenas menos desenvolvida. A partir do início do século XVI, o Ratio Studiorum contempla a metodologia de ensino com ênfase em exercícios escolares baseados na escolástica. A escolástica tinha como
  • 7. 4 pilares a lectio, a conferência didáctica dos assuntos estudados a partir da leitura, a disputatio, reservada à análise das questões provocadas pela lectio, e as repetitiones, em que os estudantes, em pequenos grupos, realizavam repetições das lições esclarecidas pelo professor, o sentido do ideário do plano pedagógico contido no Ratio Studiorium. As ideias pedagógicas compostas pelo Ratio Studiorum correspondem à pedagogia tradicional, contendo uma visão essencialista de humano, ou seja, formado por uma essência universal inabalável. Saviani (2013) afirma que a versão mais acabada dessa vertente é dada pela corrente do tomismo, sistematizado pelo filósofo e teólogo medieval Thomás de Aquino , que consiste na articulação entre a filosofia de Aristóteles e a tradição cristã. 2.2 Tendência Liberal Renovada Progressivista, Renovadora ou Pedagogia Nova Segundo essa perspectiva teórica de Libâneo, a tendência liberal renovada (ou pragmatista) acentua o sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais. A escola continua, dessa forma, a preparar o aluno para assumir o seu papel na sociedade, adaptando as necessidades do educando ao meio social, por isso ela deve imitar a vida. Se, na tendência liberal tradicional, a actividade pedagógica estava centrada no professor, na escola renovada progressista, defende-se a ideia de “aprender fazendo”, portanto centrada no aluno, valorizando as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, levando em conta os interesses do aluno. Como pressupostos de aprendizagem, aprender se torna uma actividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente apenas um meio estimulador. Só é retido aquilo que se incorpora à actividade do aluno, através da descoberta pessoal, o que é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para ser empregado em novas situações. É a tomada de consciência, segundo Piaget. A tendência liberal renovada progressivista teve repercussão pelo Movimento Escola Nova, influenciado pela corrente progressivista de Jonh Dewey. Essa tendência teve grande impacto no Brasil na década de 1930 com influência em muitas práticas pedagógicas nos dias actuais. A tendência renovada progressivista, também conhecida como Pedagogia Nova, Escolanovismo ou Escola Nova, encara a educação como “[...] a corrente que trata de mudar o rumo da educação tradicional, intelectualista e
  • 8. 5 livresca, dando-lhe sentido vivo e activo. Por isso se deu a esse movimento o nome de ‘escola activa’.” (Luzurianga, 1980, p. 227). O papel da escola é adequar necessidades individuais ao meio, propiciar experiências, cujo centro é o aluno. Papel do aluno: buscar, conhecer, experimentar. Relação professor-aluno: clima democrático, o professor é um auxiliar na realização das experiências. Conhecimentos: algo inacabado, a ser descoberto e reinventado, baseado em experiências cognitivas de modo progressivo em consideração ao interesse. Metodologia: aprender experimentando, aprender a aprender. Conteúdos: estabelecidos pela experiência. Avaliação: foco na qualidade e não na quantidade, no processo e não no produto. (Queiroz apud Moita, (2007, p. 7)). 2.3 Tendência Liberal Renovada Não-Directiva ou Escola Nova Acentua-se, nessa tendência, o papel da escola na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todo o esforço deve visar uma mudança dentro do indivíduo, ou seja, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente. Aprender é modificar as suas próprias percepções. Apenas se aprende o que estiver significativamente relacionado com essas percepções. A retenção se dá pela relevância da aprendizagem em relação ao “eu”, o que torna a avaliação escolar sem sentido, privilegiando-se a auto-avaliação. Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o professor apenas um facilitador. A vertente liberal renovada não directiva, ramo da tendência liberal renovada progressivista, contempla a educação centrada no estudante para formar a sua personalidade a partir das vivências e experiências significativas. A avaliação escolar privilegia a auto-avaliação do aluno. A vertente não directiva, inspirada em Carl Rogers, psicólogo clínico e educador, foi desenvolvida na escola Summerhill de A.Neill, educador inglês. Aprender, nessa linha, é modificar as suas próprias percepções com aprendizagem significativa e relacionada com as percepções. Os conteúdos escolares passam a ter significado pessoal no encontro entre o interesse e a motivação do aluno. A sua maior preocupação era desenvolver a personalidade, o autoconhecimento e a realização do ser humano. Abrangia actividades que permitiam a sensibilidade, a expressão e comunicação interpessoal e a valorização de trabalhos em grupos. A aprendizagem torna-se um acto interno e intransferível, em que a
  • 9. 6 relação professor-aluno se caracteriza pela afectividade. A aprendizagem baseia-se na busca da autorrealização e da capacidade de perceber que para cada reacção existe uma acção. 2.4 Tendência Liberal Tecnicista No final dos anos 1960 após a ditadura de Vargas têm-se as influências das experiências e transformações nas áreas social, cultural e educacional. Entretanto, a tendência liberal tecnicista tem o seu início, e se efectiva em 1978, com as Leis n. 5.540/68 e n. 5.692/71. Sob a instalação do regime militar no Brasil, as elites contemplam a educação direccionada às massas a fim de permanecer a posição de status dominante. Difundiram-se então ideias relacionadas à organização racional do trabalho (taylorismo, fordismo), ao enfoque sistémico e ao controle do comportamento (behaviorismo) que, no campo educacional, configuraram uma orientação pedagógica que podemos sintetizar na expressão “pedagogia tecnicista”. (Saviani, 2013, p. 369). A escola liberal tecnicista actua no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), articulando-se directamente com o sistema produtivo. Para tal, emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. O seu interesse principal é, portanto, produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, não se preocupando com as mudanças sociais. A escola tecnicista, baseada na teoria de aprendizagem S-R, vê o aluno como depositário passivo dos conhecimentos, que devem ser acumulados na mente através de associações. Skinner foi o expoente principal dessa corrente psicológica, também conhecida como behaviorista. A escola, com base na ciência da mudança, aperfeiçoa o sistema capitalista articulado ao sistema produtivo: tecnologia comportamental. Nesse sentido, a educação actua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o capitalista), articulando-se directamente com o sistema produtivo, para tal, emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja a tecnologia comportamental. Tal como se referiu, o seu interesse imediato é o de produzir indivíduos competentes para actuar na sociedade trabalhista e competitiva, transmitindo eficientemente, informações precisas, objectivas e rápidas. (Libâneo, 1989, p. 290).
  • 10. 7 Papel da Escola: Produzir indivíduos competentes para o mercado de trabalho. Papel do aluno: copiar bem, reproduzir o que foi instruído fielmente. Relação professor- aluno: o professor é o técnico e responsável pela eficiência do ensino e o aluno é o treinando. Conhecimento: experiência planeada, o conhecimento é o resultado da experiência. Metodologia: excessivo uso da técnica para atingir objectivos instrucionais, aprender fazendo, cópia, repetição, treino. Conteúdos: baseados nos princípios científicos, manuais e módulos de auto-instrução vistos como verdades inquestionáveis. Avaliação: uso de vários instrumentos de medição mas pouco fundamentada, confiança apenas nas informações trazidas nos livros didácticos. (Queiroz apud Moita,(2007, p. 9)). 3. Tendências Pedagógicas Progressistas A tendência progressista teve a sua origem na França em 1968. No Brasil emerge com o processo de abertura política e efervescência cultural. Com relação aos teóricos que influenciaram o pensamento progressista. Custódio (2012) ressalta que as tendências progressistas também sofreram forte influência das ideias de Snyders, educador e investigador que defendia a existência da alegria durante o processo de ensino e aprendizagem, o que segundo ele, contribuiria para uma aprendizagem mais eficaz e significativa. Segundo Libâneo (1989) o termo progressista é utilizado para designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação. É evidente que a pedagogia não tem como se institucionalizar numa sociedade capitalista, daí ser ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais. Para o autor, a tendência pedagógica progressista constitui-se por meio das tendências libertadora, libertária e crítico- social dos conteúdos.
  • 11. 8 3.1 Tendência Progressista Libertadora A tendência progressista libertadora, também conhecida como pedagogia de Paulo Freire, de caráter essencialmente político, teve as suas ideias consagradas em diversos países africanos e no Chile. A pedagogia libertadora exerce poder expressivo nos sindicatos e movimentos populares, confundindo-se com a educação popular. Possuem em comum o anti-autoritarismo, a ideia de autogestão pedagógica e a valorização da experiência vivenciada como alicerce da relação educativa. Valoriza o método de aprendizagem em grupo, articulado à prática social do povo, e destaca-se na modalidade de educação popular não formal. A tendência progressista libertadora articula-se com o método de alfabetização de Paulo Freire, que considera o ser humano um sujeito situado no mundo material, económico, concreto e social. Freire (2006) aponta que a tendência libertadora tem um vínculo com a educação popular lançando um olhar crítico sobre as realidades sociais numa época em que a ditadura militar considerava subversiva toda e qualquer maneira de manifestação contra o poder. Papel da escola: Ênfase no não formal. É uma escola crítica que questiona as relações do homem no seu meio. Papel do aluno: Reflectir sobre a sua realidade, sobre as opressões e as suas causas, resultando daí o engajamento do homem na luta pela sua libertação. Relação professor-aluno: Professor e aluno devem conhecer a realidade e interagir com ela, retirando conteúdos de aprendizagem para depois agirem visando a transformação crítica da sociedade. Metodologia: Participativa, foca-se pela construção do conhecimento. Conteúdos: Temas geradores extraídos da vida dos alunos. Avaliação: Auto-avaliação ou avaliação mútua. 3.2 Tendência Progressista Libertária ou Institucional No caso da tendência progressista libertária, o seu principal fundamento é realizar modificações institucionais a partir dos níveis subalternos, de modo a contagiar e modificar todo o sistema, negando os modelos e formas de poder e autoridade. Segundo Luckesi (1993, p. 64), pode-se dizer que a pedagogia libertária tem em comum com a libertadora “[...] a valorização da experiência vivida como base da relação educativa e a ideia de autogestão pedagógica.” A principal ideia de conhecimento é a descoberta de respostas relacionadas às exigências da vida social.
  • 12. 9 Preocupa-se com o processo de aprendizagem em grupo e acredita na liberdade total dos sujeitos. Conforme Libâneo (1989), a pedagogia libertária abrange quase todas as tendências anti-autoritárias em educação, como a psicanalítica, a anarquista, a dos sociólogos e também a dos professores progressistas. Porém, o papel da escola é transformar o aluno no sentido libertário e autogestionário, como forma de resistência ao Estado e aos seus aparelhos ideológicos. O professor exerce o papel de conselheiro e também de instrutor-monitor. Ele espera que a escola exerça a transformação na personalidade dos estudantes na perspectiva libertária e autogestionária. Papel do aluno: Reflectir sobre a realidade, sobre a opressão e as suas causas. Relação professor-aluno: O professor exerce o papel de conselheiro, uma espécie de monitor e instrutor à disposição do aluno. Método: Livre expressão, contexto cultural, educação estética. Conteúdos: São colocados para o aluno, mas não são exigidos. São resultantes das necessidades dos grupos. Avaliação: Auto-avaliação, sem carácter punitivo. A pedagogia libertária, também conhecida como pedagogia institucional, é uma forma de resistência contra a burocracia enquanto instrumento de acção dominadora e de controlo do Estado. Dessa forma, a educação passou a desenvolver o seu papel além dos muros escolares, estimulando a participação em grupos e movimentos sociais, o que permite trazer para a escola a realidade social. Para Tragtenberg (1985), a rotina da escola tradicional segue os padrões semelhantes a de um presídio: a presença discente deve ser registrada no diário do professor, o aluno é todo tempo vigiado, os seus gestos devem ser submissos, se quebrar as regras há punições e sanções. Ele compara as atribuições da função de professor, aos afazeres de um funcionário de fábrica, pois a educação é associada ao trabalho e o seu papel é ser o guardião do sistema. 3.3 Tendência Progressista Crítico-Social dos Conteúdos ou histórico-crítica A tendência progressista crítico-social ao contrário da tendência libertadora, tem a sua origem no materialismo histórico, expressada na metodologia dialéctica de construção socio individualizada do conhecimento. Conforme Queiroz apud Moita (2007), a pedagogia crítico-social dos conteúdos defende que a função social e política da escola deve assegurar por meio do trabalho com conhecimentos sistematizados, a inserção nas escolas, com qualidade, das
  • 13. 10 classes populares, garantindo as condições para uma efectiva participação nas lutas sociais. A actuação da escola consiste em preparar o estudante para o mundo e suas contradições, por meio da aquisição de conteúdos e da socialização para a participação activa e organizada na democratização social. Para servir aos interesses populares, a escola deve oferecer ensino de qualidade e possibilitar conteúdos articulados com a vivência social do aluno. A educação destaca-se como actividade mediadora na prática social, passando de uma experiência fragmentada para uma visão unificada. Papel do aluno: Sujeito no mundo como ser social, activo. Relação professor-aluno: O professor é autoridade competente que direcciona o processo ensino-aprendizagem, mediador entre conteúdos e alunos. Conhecimento: construído pela experiência pessoal e subjectiva. Metodologia: Contexto cultural e social. Conteúdos: São culturais, universais, sempre reavaliados frente à realidade social. Avaliação: A experiência só pode ser julgada a partir de critérios internos do organismo, os externos podem levar ao desajustamento. (Queiroz; Moita, 2007, p. 15). A pedagogia crítico-social, na intenção de uma educação crítica e democrática, propõe associar a formação de procedimentos lógicos do pensamento a uma perspectiva crítica, com o modus operandi da lógica dialéctica marxista. A pedagogia crítico-social formula princípios e orientações para a conversão do saber científico em saber escolar. Vygotsky (1984) entende que a acção pedagógica está carregada de intencionalidade e que o ensino da ciência pressupõe interesses que são sociais, políticos, daí a ideia de aprender uma cultura crítica. 4. Considerações das tendências pedagógicas contemporâneas As diversas tendências pedagógicas contemporâneas no processo de ensino aprendizagem constroem a prática educativa, visto que todas contribuem de forma enriquecedora para o processo educacional. As tendências pedagógicas são de fundamental importância para o processo educativo e consolidam, nas escolas, a prática dos professores. A tendência liberal tradicional prepara os alunos para assumirem o seu papel na sociedade e valoriza os conhecimentos acumulados como verdade absoluta. Nessa tendência, a autoridade do professor exige atitude receptiva
  • 14. 11 do aluno, uma aprendizagem mecânica. Não considera a singularidade do aluno. Tem presença nas escolas religiosas ou leigas que adoptam filosofias humanistas clássicas ou científicas. Na tendência liberal renovada, a escola deve adequar-se às necessidades individuais ao meio social. Os conteúdos são estabelecidos a partir das experiências vividas pelos alunos diante das situações problemáticas, exploradas por meio de experiências, pesquisas e método de solução de problemas. O professor é auxiliador no desenvolvimento livre da criança, fundamentado na motivação e estimulação. A tendência liberal renovadora não directiva valoriza a busca dos conhecimentos pelos próprios alunos, é facilitadora da aprendizagem. A educação é centralizada no aluno, e o professor é quem garantirá um relacionamento de respeito. Aprender é modificar as percepções da realidade. A tendência liberal tecnicista é modeladora do comportamento humano a partir de metodologias específicas. As informações são ordenadas numa sequência lógica e psicológica com procedimentos realizados para a transmissão e recepção de informações. Essa tendência tem por objectivo a transmissão de informações por parte do professor e a memorização como aprendizagem. A tendência progressista libertadora anseia levar professores e alunos a atingir um nível de consciência da realidade, na busca pela transformação social, a partir de temas geradores e grupos de discussão. Já a tendência progressista libertária visa a transformação da personalidade num sentido libertário e autogestionário, a escola dá ênfase à participação em grupo como mecanismos institucionais de transformação. A tendência progressista crítico-social dos conteúdos visa a difusão dos conteúdos culturais universais incorporados pela humanidade frente à realidade social. O método parte de uma relação directa da experiência do aluno confrontada com o saber sistematizado. O papel do aluno é participador e o do professor é ser mediador, com base nas estruturas cognitivas estruturadas nos alunos ou seja, a tendência histórico-crítica tem a prática social como ponto de partida e de chegada da prática educativa, aspectos filosóficos, económicos e político-sociais resultam na forma da sociedade actual. Essa tendência visa intermediar os métodos a partir da problematização, instrumentalização e catarse, e parte da prática social na qual professor e alunos se encontram em posições distintas e promovem o encaminhamento da solução dos problemas postos pela prática social.
  • 15. 12 Quadro síntese das Tendências Pedagógicas Disponível em: www.terezinhamachado.verandi.org/textos/doc_30.doc Acesso em: 20 Out/2019
  • 16. 13 5. Conclusões As tendências pedagógicas influenciam os docentes na construção do processo educativo, seja qual for a tendência seguida pelo educador, elas contemplam o enriquecimento do ensino e da aprendizagem, além de objectivarem a articulação entre a teoria e a prática. Compreender as diferentes concepções pedagógicas não significa apenas ler o que diferentes teóricos e pensadores falam ou escrevem sobre elas, significa compreender a prática educativa próxima ao contexto vivido de forma que a reflexão possibilite discutir e agir para a transformação. As tendências pedagógicas orientam a actuação do educador, possibilitam respostas sobre as questões de estruturação do processo de ensino, visam reflectir e compreender o que, para quem, para quê e porquê ensinar. É de fundamental relevância que os profissionais de educação conheçam as tendências pedagógicas. Isso porque a prática docente apresenta uma demanda cada vez maior de desafios a serem superados. As práticas educativas articuladas à pedagogia e à teoria de educação estão impregnadas de concepções ideológicas e filosóficas que interferem no processo de ensino e aprendizagem. O conhecimento histórico sobre as tendências pedagógicas pode ajudar a compreender as questões pertinentes à prática educacional, a sua relação com a vida e os movimentos sociais da época respectiva. Dificilmente iremos encontrar, na prática, uma escola que siga uma das tendências pedagógicas com total pureza, havendo elementos de uma e de outra que se misturam, mesmo porque essa tem sido a tradição dos nossos professores, que praticam um certo sincretismo pedagógico. Todavia, se não há uma prática pura de nenhuma das tendências, poderíamos afirmar, não de forma absoluta, que pelo menos as duas grandes tendências pedagógicas, a liberal e a progressista, possuem alguns princípios antagónicos os quais não podem conviver sem conflitos. Por fim, é importante definir na prática educativa os posicionamentos que merecem destaque, o que convém conservar e o que precisa mudar como reflexão necessária para que a educação possa contribuir para a transformação social, cultural e histórica do ser humano.
  • 17. 14 6. Referências bibliográficas ARANHA, M. A. Filosofia da Educação. São Paulo, SP: Moderna, 1996. CUSTÓDIO, C. P. A Educação Física e o Lúdico no Centro de Educação Infantil. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Criciúma, SC, Brasil, 2012. FOERSTE, G. M. S. Arte-Educação: pressupostos teórico-metodológicos na obra de Ana Mae Barbosa. 229p. Dissertação (Mestrado em Educação Escolar Brasileira)– Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1996. Disponível em: <https://ppge.fe.ufg.br/up/6/o/Dissert_GerdaMargirt_Schutz_Foerste.pdf>. Acesso em: 19 out. 2019. FILHO, Geraldo Francisco. Panorâmica das Tendências e Práticas Pedagógicas. 2ª ed. rev. Campinas, Átomo, 2011. FREIRE, P. Educação como Prática de Liberdade. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2006. __________ Acção cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1976. GADOTTI, M. História das ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1993. HELENA, M. Teorias Curriculares e as Tendências Pedagógicas e Educacionais na Perspectiva das Práticas Pedagógicas na Visão Inovadora do Gestor Democrático. Monografia de Conclusão de Curso, Universidade Cândido Mendes (UCAM), Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2011. LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: a pedagogia crítica-social dos conteúdos. 8. ed. São Paulo: Loyola, 1989. LUCKESI, C. C. Filosofia da educação. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1993. _____________ Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez (Colecção magistério. 2º grau. Série formação do professor), 1991. LURIZIAGA, L. História da educação e da pedagogia. 12. ed. São Paulo: Nacional, 1980. QUEIROZ, C. T.; MOITA, F. M. G. S. C. Fundamentos sócio-filosóficos da educação. Campina Grande:UEPB/UFRN, 2007. SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. 4. ed. Campinas: Autores Associados, 2013. TRAGTENBERG, M. Educação e Sociedade. São Paulo, SP: Cortez, 1988. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.