2. O Projeto de Pesquisa
Objetivo Geral
Apresentar ao aluno a estrutura e os conteúdos de um
projeto de pesquisa.
Objetivos específicos
Apresentar a estrutura de um projeto de pesquisa;
Discorrer sobre os conteúdos pertinentes em cada
parte do projeto;
Discutir as dúvidas dos alunos sobre o projeto.
3. O projeto de pesquisa possui a característica da flexibilidade,
podendo conter tópicos diferentes, conforme suas
necessidades. Aqui apresentaremos a seguinte estrutura:
Introdução ou apresentação do tema/objeto (o que fazer)
Problematização do tema/objeto e justificativa (por que fazer
e a partir de qual perspectiva)
Objetivos (para que fazer)
Procedimentos de Pesquisa (como fazer)
Cronograma (em que tempo fazer)
Bibliografia
4. Introdução ou apresentação do tema: nesta parte faz-se a
apresentação do tema do projeto (macro), apontando o recorte
do objeto (micro) e a questão a ser estudada. Mostra-se, de
forma breve e com auxílio da literatura, como partimos do
grande tema para um pequeno ponto de análise.
Exemplo: Política (tema) => Políticas Públicas => Políticas
Públicas de Saúde => Programa Mais Médicos (objeto)
INTRODUÇÃO OU APRESENTAÇÃO
DO TEMA/OBJETO (O QUE FAZER)
Tópico amplo (tema) => Pergunta de partida => tópico
específico (objeto) => perguntas de pesquisa
5. Pergunta de partida: são questões que nos inquietam e
que, na grande maioria das vezes, tem relação com os
nossos interesses, nossas experiências de vida.
Exemplo: de onde parte a ideia de estudar trabalho
portuário? Como quero estudar? Para que? O que me
instiga? No caso, as minhas questões surgem das
mudanças ocorridas no trabalho portuário, que modificaram
várias coisas e que eu vi acontecer em casa, como a
redução do poder aquisitivo.
6. O recorte do objeto consiste em escolher um campo de
observação, que seja factível. Para isso, deve-se escolher
dentro da temática proposta, algum objeto empírico, recortado
temporal e espacialmente, onde seja possível aplicar a
pesquisa e responder as questões propostas.
Na introdução apresentamos este recorte, mostrando como a
literatura nos auxiliou a estabelece-lo.
INTRODUÇÃO OU APRESENTAÇÃO
DO TEMA/OBJETO (O QUE FAZER)
7. Para auxiliar no recorte do objeto, procure:
Estabelecer perguntas como quem, que, quando e onde,
que ajudam a localizar o objeto: o que ele é, quem é ou
quem está envolvido, onde fica (localização) e quando irá
estudar (período).
Também questione os porquês e os comos: a qual todo o
objeto pertence? Porque o objeto funciona assim? Como
ele se comporta? Qual sua história (biografia) e a que
processo histórico ele pertence (história)?
Na introdução apresentamos este recorte, mostrando como a
literatura nos auxiliou a estabelecê-lo.
INTRODUÇÃO OU APRESENTAÇÃO
DO TEMA/OBJETO (O QUE FAZER)
8. Nesta parte apresentamos a problematização do tema e
do objeto, expondo as questões (problemas) de
pesquisa, quais as hipóteses enunciadas e como se
justifica a importância destas questões e hipóteses e da
própria escolha do objeto. Faz-se necessário mostrar os
avanços e debates da literatura, apontando as lacunas
existentes e os conceitos que basearão a pesquisa
(LIMA; GONDIM, 2006).
9. O problema de pesquisa, como o nome diz, consiste em
algo que não sabemos sobre o nosso objeto e que cujo
conhecimento é fundamental para o avanço dos estudos
em nosso campo de pesquisa ou para a aplicação de
uma determinada política.
Nesta parte apresentamos as questões de pesquisa e
quais foram os fundamentos da construção destas
questões, que são encontrados, em grande parte, na
literatura revista.
10. Ou seja, as indagações (perguntas) não fazem
sentido, sem estarem referenciadas em uma
“argumentação esclarecida durante a qual o pesquisador
transforma um objeto de estudo numa questão que deve
ser resolvida, e explica e legitima o seu projeto em relação
a outros projetos realizados ou possíveis”
(LETOURNEAU, 2011, p. 258)
Assim, as perguntas só fazem sentido se estiverem
formuladas enquanto um problema, relacionadas com a
temática e justificadas de sua importância.
11. Hipóteses: são as respostas que esperamos encontrar
ao responder as questões de pesquisa. Elas são
construídas teórica e empiricamente.
As hipóteses tem diferentes funções na pesquisa, sendo
uma delas a função norteadora, que auxilia no processo
de condução da pesquisa, contribuindo para a escolha
dos procedimentos metodológicos (BARROS, 2008).
12. Justificativa: Deve mostrar as contribuições que a pesquisa
pode trazer ao campo científico, cobrindo lacunas ou
ampliando compreensões sobre o tema e o objeto; assim
como apresentar a relevância social do problema a ser
pesquisado. Expõe também a importância do recorte temporal
e espacial do objeto (GIL, 2002).
Para Lima e Gondim (2006, p. 47), é o momento de
mostrarmos “[...] a pertinência da escolha do objeto, em
termos de aprofundamento do conhecimento sobre a temática
e de sua relevância teórica”.
13. Os objetivos indicam para que será feita a pesquisa.
Apresentam como serão respondidas as questões
propostas e testadas as hipóteses enunciadas.
Trazem verbos como verificar, analisar, mensurar,
compreender, investigar, estudar e podem ser divididos
em objetivos geral e específicos.
Objetivos são diferentes de resultados. Os objetivos são
da pesquisa, da condução da pesquisa, os resultados são
após a pesquisa. Algumas vezes o resultado pode
consistir no objetivo geral da pesquisa.
15. A figura anterior mostra que:
A estrutura do projeto é sequencial e relacionada;
Existe coerência entre as diversas partes do projeto;
A parte seguinte justifica e corrobora a parte anterior;
Que os objetivos são como faremos para responder a
pergunta de pesquisa;
Os procedimentos de pesquisa são como
operacionalizaremos os objetivos, sendo possível
responder as perguntas e validar as hipóteses.
16. Os objetivos se materializam em procedimentos de pesquisa.
Mostra-se como serão, na prática, respondidas as questões de
pesquisa. Deve incluir:
Tipo de pesquisa a ser realizado: quantitativo, qualitativo,
estudo bibliográfico, pesquisa documental;
Operação da pesquisa: local de realização, perfil dos
entrevistados ou pesquisados, amostra dos pesquisados (no
caso quantitativo);
Técnica de coleta de dados: busca em arquivos,
questionários, estudos de dados secundários, grupo focal,
observação participante, entrevista estruturada, etc.
17. O cronograma demonstra como será executada a
pesquisa no decorrer do tempo. Por exemplo, a pesquisa
de iniciação científica deve ser realizada em 1 ano. O
cronograma de um projeto de iniciação científica deve
contemplar as atividades (revisão bibliográfica, trabalho
de campo, redação do relatório) neste um ano.
19. Ao final do projeto devem ser listadas:
Referências bibliográficas: textos lidos e devidamente
citados no decorrer do texto;
Bibliografia utilizada: textos lidos, mas que não foram
citados no texto, no entanto interferem na composição do
argumento;
Pesquisa bibliográfica: textos pesquisados, mas ainda não
lidos e citados e que comporão a base da revisão
bibliográfica da pesquisa.
20. Os textos científicos podem ser escritos em diversas pessoas.
O uso destas indica a relação entre sujeito e objeto
empreendida na pesquisa.
1ª pessoa do singular: aqui o pesquisador assume a
responsabilidade pela pesquisa e demonstra relação de
reciprocidade com o objeto;
1ª pessoa do plural: o pesquisador demonstra que o objeto
é de domínio científico e que sua pesquisa possui uma
relação de compromisso com o campo científico;
Sujeito oculto ou 3ª pessoa: demonstra total distanciamento
entre sujeito e objeto.
21. BARROS, José D’Assunção. As hipóteses nas Ciências Humanas –
considerações sobre a natureza, funções e usos das hipóteses. Sísifo.
Revista de Ciências da Educação, nº 7, set/dez08, Lisboa.
Disponível em http://sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/sisifo7outrosPT.pdf
GIL, Antonio Carlos. Como redigir o projeto de pesquisa. In: Como
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GONDIM, Linda M.P.; LIMA, Jacob Carlos. Estrutura do projeto de
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LÉTOURNEAU, Jocelyn. Como circunscrever um assunto de pesquisa.
In ______. Ferramentas para o pesquisador iniciante. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2011. p. 247-256
MEDEIROS, João Bosco. Estrutura do texto dissertativo. In: Redação
Científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 9. Ed. São
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