O documento descreve os principais acidentes nucleares da história, incluindo Chernobyl (1986), o maior desastre nuclear, que liberou radiação 400 vezes maior do que Hiroshima e matou mais de 2,4 milhões de pessoas, e Fukushima (2011), onde três reatores foram danificados por um terremoto no Japão.
1. MAIORES ACIDENTES NUCLEARES DA HISTÓRIA
Conheça os principais desastres nucleares e suas consequências.
A energia nuclear corresponde hoje a 17% da
geração de energia elétrica mundial. Apesar de
não gerar os gases do efeito estufa, o perigo se
encontra nos resíduos de alta radioatividade e na
possibilidade de acidente nas usinas, que podem
ser devastadores. Confira uma lista com os
principais casos de desastres da história:
Windscale (1957) - Durante o período que
sucedeu a Segunda Guerra, a Inglaterra também
buscava desenvolver armas nucleares. A pressa
em fazer uma bomba atômica em Windscale levou
ao incêndio no reator, vazando material radioativo
para a atmosfera. Para manter uma boa imagem
sobre seu programa nuclear, o governo do país
tentou ocultar as negligências que levaram ao
acidente, que – supostamente – ocasionou mais
de duas centenas de casos de câncer entre as
comunidades vizinhas.
Kyshtym (Ozyorsk - 1957) - Criada em 1957,
como fruto da corrida nuclear da União Soviética,
a usina de Mayak sofreu uma falha no sistema de
refrigeração do compartimento de
armazenamento de resíduos nucleares. O erro
causou uma explosão em um tanque com 80
toneladas de material radioativo.
A nuvem de gás contaminou a região em um
raio de 800 km. Como a cidade de Ozyorsk, onde
aconteceu o acidente, não estava no mapa
soviético, o fato ficou marcado como “o desastre
de Kyshtym”. Cerca de dez mil pessoas foram
evacuadas, sem explicação do governo. Foram
registradas pelo menos 200 mortes por causa da
exposição à radiação.
Yucca Flat (1970)
Crateras em Yucca Flat (Foto: Wikimedia Commons)
A região de intensos testes nucleares fica em
Nevada, a 65 km de Las Vegas. Em dezembro de
1970, um dispositivo de alta potência foi
detonado no subsolo, mas provocou rachaduras,
que resultaram em detritos radioativos na
atmosfera. Cerca de 86 trabalhadores foram
expostos à radiação. Não se sabe o que ocorreu
com os funcionários. Atualmente desativada, a
região recebeu seu último teste em 1992.
Bohunice (1977) - O acidente na usina de
Bohunice, na Tchecoslováquia de 1977 (hoje
dividida em República Checa e a Eslováquia)
ocorreu após uma mudança de combustível. Os
2. absorventes de umidade que cobriam as barras de
combustível não foram removidos da forma
correta. Como conseqüência, o combustível sofreu
superaquecimento, levando à corrosão do reator.
Segundo a Agência Internacional de Energia
Atômica, não há estimativas adequadas sobre
feridos ou mortos porque, na ocasião, o acidente
teria sido encoberto pelo governo soviético. O que
se sabe é que os gases radioativos se espalharam
por toda a usina.
Three Mile Island (1979) - A central nuclear de
Three Mile Island foi cenário de um acidente que
atingiu o nível 5 na Escala Internacional de
Eventos Nucleares, em 28 de março de 1979.
Localizada próxima a Harrisburg, capital da
Pensilvânia, a usina sofreu superaquecimento
devido a um problema mecânico, mas não chegou
a explodir, pois os técnicos optaram pela liberação
de vapor e gases.
Apesar de não haver casos de mortes em razão da
radiação, cerca de 25 mil pessoas entraram em
contato com os gases, que foram liberados para
evitar a explosão. No mesmo ano, uma comissão
presidencial e a Comissão Nuclear Reguladora
chegaram a seguinte conclusão: “ou não haverá
casos de câncer ou o número será tão pequeno
que nunca será possível detectá-los.”
Chernobyl (1986) - O maior desastre nuclear
da história ocorreu em Chernobyl, na região da
Ucrânia, em 26 de abril de 1986, quando um
reator da usina apresentou problemas técnicos,
liberando uma nuvem radioativa, com 70
toneladas de urânio e 900 de grafite, na
atmosfera. O acidente é responsável pela morte
de mais de 2,4 milhões de pessoas nas
proximidades e atingiu o nível 7, o mais grave da
Escala Internacional de Acidentes Nucleares
(INES).
Após a explosão do reator, vários
trabalhadores foram enviados ao local, para
combater as chamas. Sem equipamento
adequado, eles morreram em combate e ficaram
conhecidos como “liquidadores”. A solução foi
construir uma estrutura de concreto, aço e
chumbo, para cobrir a área da explosão.
No entanto, a construção foi feita com
urgência e apresenta fissuras, tanto que o local
até hoje é nocivo, pela radiação. Para se ter uma
ideia da magnitude do acidente, o volume de
partículas radioativas em Chernobyl foi 400 vezes
maior do que o emitido pela bomba atômica de
Hiroshima, lançada no Japão, após a Segunda
Guerra.
Prypiat, cidade elaborada para ser moradia dos
trabalhadores da usina, teve seus habitantes
mortos ou evacuados. Animais, rios e florestas
também foram contaminados e diversas
anomalias genéticas se deram na região, que
engloba antigos países do bloco soviético, como
Bielorrúsia, Ucrânia e Rússia. Hoje, 26 anos após a
catástrofe, foi iniciada a construção de uma nova
estrutura, para reduzir a ameaça de
radioatividade no local. Atualmente a cidade de
Prypiat é desabitada.
3. Césio – 137 (1987) - O acidente radioativo de
nível 5 segundo a INES aconteceu em Goiânia, em
1987, quando dois catadores de papel
encontraram um aparelho de radioterapia e o
levaram para um ferro-velho. Após desmontarem
o aparelho, os homens encontraram uma cápsula
de chumbo, com cloreto de césio em seu interior.
A coloração brilhante do cloreto de césio no
escuro impressionou Devair Ferreira, o dono do
ferro-velho, que levou o “pó branco” consigo e
distribuiu o material para familiares e vizinhos.
Após o contato com o césio, náuseas, vômitos e
diarreia atacaram (a sobrinha de Devair foi a
primeira a falecer, seis dias após ingerir o
material). Ao todo, onze pessoas morreram e mais
de 600 foram contaminadas. A exposição à
radiação atingiu 100 mil pessoas.
O ferro-velho onde abriram a cápsula foi
demolido, o comércio fechou e muitas pessoas se
mudaram. As autoridades sanitárias construíram
um depósito em Abadia de Goiânia, cidade
próxima, para armazenar as mais de 13 mil
toneladas de lixo atômico, resultantes do processo
de descontaminação da região.
Seversk (1993) - A cidade de Seversk, na região da
Sibéria, abriga reatores nucleares e indústrias
químicas para a separação e processamento de
urânio e plutônio. A União Soviética não permitia
que a cidade aparecesse no mapa, fato que
mudou em 1992, após um decreto de Boris
Yeltsin. Logo após, em 1993, a usina Tomsk-7
sofreu um acidente, em que um tanque com
substâncias radioativas explodiu. Uma nuvem
radioativa se formou na região, que hoje é
fechada e só pode ser visitada a convite. O
número de vítimas é desconhecido.
Tokaimura (1999) - A 100 km de Tóquio, a cidade
sede da indústria nuclear japonesa foi palco de um
acidente que expôs mais de 600 pessoas à alta
radiação, em 1999. Funcionários de uma empresa
de reprocessamento de urânio exageraram na
dose do metal radioativo em um reator
desativado há um ano, que sofreu uma reação
descontrolada, vazando a radiação.
Fukushima (2011) - Localizada a cerca de 250 km
ao norte de Tóquio, a usina nuclear Daiichi, em
Fukushima, sofreu danos em três de seus seis
reatores, em 11 de março de 2011, depois de um
terremoto de 9 graus na escala Richter ter
atingido o país. Autoridades japonesas afirmaram
que os níveis de radiação liberada foram altos,
quase preocupantes. O desastre foi classificado
com grau 5 na Escala Internacional de Acidentes
Nucleares (INES).
Após o ocorrido, cientistas japoneses
pretendem realizar uma mini fusão nuclear, a fim
de entender melhor o acidente de 2011 e se
preparar de forma adequada em caso de novas
catástrofes.