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                                                                                                                         DIMINUÍDO
                                                                                                                        DESDE 1990
                       A razão de mortalidade materna (RMM)                                                                                       madamente a metade. A melhora na inves-
                       estima a frequência de óbitos femininos                                                                                    tigação dos óbitos de mulheres em idade
                       ocorridos até 42 dias após o término da                                                                                    fértil (10 a 49 anos de idade), que permite
                       gravidez, atribuídos a causas ligadas à gra-                                                                               maior registro dos óbitos maternos, possi-
                       videz, ao parto e ao puerpério, em relação                                                                                 velmente contribuiu para a estabilidade da
                       ao total de nascidos vivos (NV). O núme-                                                                                   RMM observada nos últimos anos da série
                       ro de NV é adotado como uma aproxima-                                                                                      (Gráfico 1).
                       ção do total de mulheres grávidas [1].
                                                                                                                                                  Para atingir a meta do quinto Objetivo de
                       No Brasil, foi registrada redução na mor-                                                                                  Desenvolvimento do Milênio (ODM), o
                       talidade materna, desde 1990 (Quadro1).                                                                                    Brasil deverá apresentar RMM igual ou
                       Nesse ano, a RMM corrigida era 140 óbi-                                                                                    inferior a 35 óbitos por 100 mil NV até
                       tos por 100 mil NV, enquanto em 2007                                                                                       2015, o que corresponde a uma redução
                       declinou para 75 óbitos por 100 mil NV, o                                                                                  de três quartos em relação ao valor estima-
                       que representa uma diminuição de aproxi-                                                                                   do para 1990.

                        GRÁFICO 1



                           Razão de mortalidade materna (por 100 mil nascidos vivos) ajustada(1)
                                          Brasil, 1990/2007 e projeção até 2015
                         150
                               140,0
                         140           133,0
                                               129,3
                                                       126,4
                         130                                   123,0
                                                                       118,4
                         120                                                   112,5

                                                                                       105,7
                         110
                                                                                               98,3
                         100                                                                          91,1



 A queda da morte
                          90                                                                                 84,5
                                                                                                                    79,7
                          80                                                                                               75,0
                                                                                                                                  72,6   71,7   72,1   73,4   75,0



   materna se deve        70
                          60

fundamentalmente          50
                          40
      à redução da        30               Meta 35
                                                                                                                                                                              Fonte: DASIS/SVS/MS.
   mortalidade por        20
                          10
                                                                                                                                                                              (1) A RMM foi ajus-
                                                                                                                                                                              tada com uma função
  causas obstétricas       0
                               1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
                                                                                                                                                                              polinomial grau 6 com
                                                                                                                                                                              R2= 0,947.
            diretas.


  86
As mortes maternas podem ser classifica-           GRÁFICO 2
das como obstétricas diretas ou indiretas.
As mortes diretas resultam de complica-                  Razão de mortalidade materna por causas obstétricas
                                                            diretas e indiretas (por 100 mil nascidos vivos)
ções surgidas durante a gravidez, o parto
                                                                       Brasil(1), 1990, 2000 e 2007
ou o puerpério (período de até 42 dias
após o parto), decorrentes de intervenções,
                                                                                                                                                  Morte materna
omissões, tratamento incorreto ou de uma                       126,5                                                                              obstétrica direta
                                                                                                                                                  Morte materna
cadeia de eventos associados a qualquer                                                                                                           obstétrica indireta


um desses fatores. As mortes indiretas de-
correm de doenças preexistentes ou que se
desenvolveram durante a gestação e que
                                                                                                     63,5
foram agravadas pelos efeitos fisiológicos                                                                                                 55,5

da gestação, como problemas circulatórios
e respiratórios.
                                                                                                                   17,9                                 17,5
                                                                              13,5
A mortalidade materna por causas diretas
diminuiu 56%, de 1990 até 2007, en-
                                                                       1990                                 2000                                 2007
quanto aquela por causas indiretas aumen-             Fonte: SIM - CGIAE/DASIS/SVS/MS.
                                                      (1) Em 2000 e 2007, respectivamente, houve 3 e 1,9 óbitos maternos não especificados por 100 mil NV. Em 1990 não
tou 33%, de 1990 a 2000, e se manteve                 houve detalhamento desta informação.

estável de 2000 a 2007. O aumento verifi-
cado entre 1990 e 2000 foi um reflexo da         era 9,4 vezes superior à mortalidade por
melhoria nas investigações de óbitos sus-       causas indiretas. Essa relação reduziu-se
peitos de serem devidos a causas indiretas.     para 3,5 vezes em 2000, e 3,2 vezes em
Em 1990, a mortalidade por causas diretas       2007 (Gráfico 2).




                                                                                                                                                                           M ELHORA R A SAÚDE MATERNA
                                          QUADRO 1


     Estudos realizados pelo Ministério da Saúde permitem
   estimar a razão de mortalidade materna (RMM) desde 1990
     No Brasil, as dificuldades para mensurar a mortalidade materna têm sido amplamente
  documentadas. Imprecisões no registro geram subnotificação de óbitos maternos, o que
  demanda a adoção de um “fator de correção”. Há duas décadas, o Ministério da Saúde
  promove a realização de estudos para estimar esse fator, com a aplicação da metodologia
  RAMOS (Reproductive Age Mortality Survey) [2, 3 e 4]. Essa metodologia identifica e investi-
  ga as causas de todos os óbitos de mulheres em idade reprodutiva, em área e população
  definidas, usando múltiplas fontes de dados (como entrevistas com membros da família,
  parteiras, coveiros e profissionais de saúde que atenderam a mulher, bem como levanta-
  mento de dados dos registros vitais, prontuários médicos, registros de sepultamento e
  registros de parteiras tradicionais). A relação entre o número de mortes maternas conhe-
  cido por investigação e o número informado em atestados de óbito originais possibilitou
  a estimação dos valores corrigidos da RMM, que foram utilizados para ajustar os novos
  valores, desde 1990 até 2007, mediante uma função polinomial grau 6 (Gráfico 1). A pro-
  jeção realizada de 2008 até 2015 revelou valores entre 69 e 77 óbitos por 100 mil NV,
  indicando a dificuldade para cumprimento das metas deste ODM e, assim, a necessidade
  de revisão das estratégias de ação de forma a concentrar esforços nas áreas que apresen-
  tam maior mortalidade materna.




                                  R e l a t ó r i o      N a c i o n a l               d e       A c o m p a n h a m e n t o                                          87
GRÁFICO 3



                                Razão de mortalidade materna por causas específicas de morte
                                materna (por 100 mil nascidos vivos) - Brasil, 1990, 2000 e 2007


                        40,6




                                                                                                                                                       1990

                                                                                                                                                       2000
                                                    25,7
                                                                                                                                                       2007
                                  21,5


                                                                                                                  16,6
                                             15,1
                                                              12,3
                                                                         10,7            11,1

                                                                                                                                            7,3
                                                                                                  6,3      5,9
                                                                                                                          4,4                         5,0
                                                                                                                                  3,4                           3,6



                               Hipertensão                 Hemorragias                     Infecção Puerperal            Aborto         Doenças do aparelho circulatório
                                                                                                                                          complicadas pela gravidez,
                                                                                                                                             parto ou puerpério

                                                                     Causas Obstétricas Diretas                                           Causas Obstétricas Indiretas



                       Fonte: SIM - CGIAE/DASIS/SVS/MS.




                   No período de 1990 a 2007, houve re-                                                 pela Redução da Mortalidade Materna e
                   dução em todas as principais causas de                                               Neonatal (lançado em 2004), assim como
                   morte materna. Os óbitos maternos por                                                os impactos da regulamentação de ações
                   hipertensão foram reduzidos em 62,8%;                                                de Vigilância de Óbitos Maternos[7], po-
                   por hemorragia, 58,4%; por infecções                                                 dem estar associadas aos avanços obser-
                   puerperais, 46,8%; por aborto, 79,5% e                                               vados na redução das mortes por causas
                   por doenças do aparelho circulatório com-                                            obstétricas diretas. Contudo, as taxas por
                   plicadas pela gravidez, parto e puerpério,                                           causas diretas ainda são elevadas e repre-
                   50,7% (Gráfico 3).                                                                    sentam um grande desafio para o sistema
                                                                                                        de saúde. O alcance da meta proposta no
                   Mas é ainda preocupante a proporção de                                               âmbito deste ODM dependerá, assim, da
                   jovens que morrem por causas obstétricas.                                            implementação mais efetiva das ações de
                   Segundo dados da Secretaria de Vigilân-                                              saúde voltadas para a da mortalidade ma-
                   cia em Saúde (SVS), entre 1990 e 2007 a                                              terna no Brasil. Essas ações devem abar-
                   mortalidade materna na adolescência (de                                              car o planejamento familiar; a atenção ao
                   10 a 19 anos) variou entre 13% a 16% do                                              aborto previsto em lei; a qualificação da
                   total de óbitos maternos [5]. A gravidez na                                          atenção pré-natal realizada pelas equipes
                   adolescência constitui um grande desafio                                              de saúde da família; o encaminhamento
                   para os formuladores e gestores de políti-                                           oportuno das gestantes de risco a serviços
                   cas públicas do país.                                                                especializados; a atenção adequada duran-
                                                                                                        te o trabalho de parto e no pós-parto e o
                   Iniciativas de ampliação, qualificação e                                              tratamento de urgências e emergências.
       Acesso ao   humanização da atenção à saúde da mu-
  parto se dá no   lher no Sistema Único de Saúde, associa-                                             Os dados da Pesquisa Nacional de Demo-
primeiro serviço   das à Política Nacional de Atenção Integral                                          grafia e Saúde (PNDS) [8] indicam que,
     procurado.    à Saúde da Mulher [6] e ao Pacto Nacional                                            entre 1996 e 2006, o porcentual de par-



88
tos hospitalares passou de 96% para 98%,                     minhamento e vinculação à maternidade
com variações regionais (92% na região                       onde a gestante receberá assistência no
Norte e 99,5% na região Sudeste). Do                         âmbito do SUS.
total de partos, 76% foram realizados por
meio do SUS. A grande maioria foi assis-                     No que concerne aos procedimentos preco-
tida por profissionais formalmente qualifi-                    nizados pelo Ministério da Saúde para ga-
cados – médico (89%) ou enfermeira (em                       rantir uma atenção humanizada ao parto, a
8,3% dos casos).                                             PNDS 2006 mostra que 30% das gestantes
                                                             que realizaram parto normal tiveram acesso
O acesso à atenção no momento do parto                       a medidas farmacológicas ou não-farmaco-
tem melhorado. A PNDS 2006 mostrou                           lógicas para o alívio da dor (analgesia ou
que 90% dos nascimentos ocorreram no                         utilização de métodos não invasivos e não
primeiro serviço procurado, com destaque                     farmacológicos para o alívio da dor, como
para a região Sul, onde essa porcentagem                     massagens e técnicas de relaxamento). Ou-
foi de 96%.                                                  tra medida de humanização – a presença de
                                                             acompanhante no momento do parto – es-
No entanto, a despeito da existência de                      teve acessível a 16% do total de parturien-
lei e normas reguladoras [9] a assistência                   tes do País; no sistema privado esse porcen-
ao pré-natal ainda precisa universalizar a                   tual alcança 35%, enquanto entre usuárias
prática de definição prévia de local para                     do SUS é inferior a 10%. A proporção de
atendimento hospitalar ao parto, de enca-                    mulheres que receberam alívio da dor e


 GRÁFICO 4


         Evolução da porcentagem de partos cesáreos - Brasil e regiões, 1996/2007




                                                                                                                                    M ELHORA R A SAÚDE MATERNA
         60

         50

         40

         30

         20

         10

             0
                  1996       1997       1998      1999    2000     2001   2002   2003          2004   2005   2006   2007
        Brasil     40,2       39,8      38,1      36,9    37,8     38,1   38,6    40,0         41,8   43,2   45,0   46,5
         N         29,3       29,8      27,9      27,0    27,4     27,3   28,1    29,3         30,7   32,4   33,8   35,3
         NE        25,1       24,3      24,3      24,3    25,5     26,3   26,9    28,5         30,5   32,0   34,6   36,4
         SE        49,0       49,2      46,7      45,3    46,3     46,9   47,5    48,7         50,1   51,6   53,1   54,2
         S         43,5       43,7      42,2      40,5    42,1     43,2   44,1    46,0         48,1   49,8   51,3   52,8
         CO        50,5       49,4      45,7      42,7    43,4     44,1   44,2    45,8         47,3   49,4   50,6   52,9


  Fonte: Sinasc – CGIAE/DASIS/SVS/MS.




                                               R e l a t ó r i o    N a c i o n a l      d e     A c o m p a n h a m e n t o   89
O Brasil                puderam contar com um acompanhante                    comendação do Ministério da Saúde e da
      continua                 no parto foi maior para aquelas com maior             Organização Mundial da Saúde (OMS) é
  apresentando                 escolaridade.                                         que a proporção de cesáreas corresponda a
 elevadas taxas                                                                      cerca de 15% do total de partos e o proce-
                               O País continua sendo um dos que regis-               dimento seja realizado apenas quando há
 de cesarianas.
                               tram a maior proporção de partos cesáreos.            risco para a mãe ou para o bebê.
                               Em relação ao total de partos, as informa-
                               ções provenientes do Sistema de Informa-              Dados da PNDS 2006, por sua vez, apon-
                               ções de Nascidos Vivos (Sinasc) mostram               tam que 44% do total de partos realizados
                               que os percentuais de cesárea aumentaram              no Brasil foram por cesárea. Este tipo é
                               de 40%, em 1996, para 46,5%, em 2007.                 mais frequente nas regiões Sudeste (52%
                               O Sudeste é a região com a maior proporção            do total de partos) e Sul (51% do total de
                               de partos por cesárea, seguido de perto pelas         partos) e entre mulheres com 12 anos ou
                               regiões Sul e Centro-Oeste (Gráfico 4).                mais de estudo (83%).

                               O parto por cesárea expõe as mulheres e               Entre os partos realizados por meio do
                               os bebês a mais riscos, que incluem lesões            SUS, nos cinco anos anteriores à entre-
                               acidentais, reações à anestesia, infecções,           vista da PNDS de 2006, o porcentual de
                               nascimentos prematuros e mortes. A re-                cesáreas alcançou 34%, mas entre os par-



       GRÁFICO 5



                     Distribuição porcentual de mulheres em idade fértil (MIF) e MIF unidas,
                     usando algum método anticoncepcional - Brasil, 1986(1), 1996(2) e 2006(2)


                      1986

                      1996                                                                                         80,6
                                                                                                   76,7
                      2006
                                                               67,8
                                                                                   65,8


                                          55,4


                        43,5




             Mulheres em idade fértil (MIF) fazendo uso de algum método   MIF unidas fazendo uso de algum método anticoncepcional
                                 anticoncepcional


            Fonte: PNSMIPF 1986 [10], PNDS 1996 e PNDS 2006.
            (1) População alvo de 15 a 44 anos.
            (2) População alvo de 15 a 49 anos.




90
GRÁFICO 6



  Taxa de mortalidade por câncer de mama e de colo útero entre mulheres
      de 30 a 69 anos (por 100 mil mulheres) - Brasil, 1990, 2000 e 2007


                                        19,0

               17,4          17,7
                                                                                    1990


                                                                                    2000


                                                                                    2007




                                                             8,7       9,0
                                                                                    8,5




                                                                   ˆ




                      Câncer de mama                         Câncer de colo de útero

     Fonte: SIM – CGIAE/DASIS/SVS/MS.




tos realizados no sistema privado ou por              atenção deve ser melhorada: a incidência
convênios médicos, esse porcentual sobe               de sífilis congênita, o fato de as síndromes
para 81%.                                             hipertensivas se manterem como a primei-




                                                                                                                                M ELHORA R A SAÚDE MATERNA
                                                      ra causa de morte materna e a presença da
No período de 1996 a 2007, a porcenta-                mortalidade por causas perinatais como o
gem de mulheres grávidas que não tinham               componente mais expressivo das mortes
realizado nenhuma consulta de pré-natal               no primeiro ano de vida.
apresentou uma queda considerável, de
6,3% para 1,9%, segundo o Sinasc. No                  Segundo a PNDS 2006, o conhecimen-
mesmo período, o porcentual de mulheres               to de métodos anticoncepcionais é pra-
grávidas que tiveram pelo menos quatro                ticamente universal, observando-se um
consultas aumentou, de menos de 60%                   aumento gradual do número de métodos
                                                                                                           Uso de métodos
para 89%. Em 2006, segundo a PNDS, a                  conhecidos, sendo os modernos mais dis-
                                                                                                           anticoncepcionais:
primeira consulta de pré-natal ocorreu no             seminados do que os tradicionais, desde o
primeiro trimestre em 83% das gestações.              início da década de 1980. Esta PNDS[8]
                                                                                                           redução
Essa proporção foi menor na região Norte              mostra que o número médio de métodos                 significativa no
(74%) e maior na região Sul (87%).                    conhecidos está em torno de dez. A cami-             porcentual de
                                                      sinha masculina e a pílula são os métodos            laqueaduras e
Apesar dos avanços em termos de cobertu-              mais citados, mostrando grande diferença             um aumento dos
ra do pré-natal e captação precoce das ges-           em comparação com os resultados encon-               demais métodos
tantes, há evidências de que a qualidade da           trados em 1986, quando a pílula e a esteri-          modernos.


                                        R e l a t ó r i o   N a c i o n a l   d e         A c o m p a n h a m e n t o    91
Nos últimos anos,    lização feminina se apresentavam como os                                     nheiro vasectomizado, 4% faziam uso de
o risco de morrer    métodos mais conhecidos. Um grande au-                                       anticoncepcionais injetáveis, 2% utilizavam
    por câncer de    mento na prevalência de uso dos métodos                                      dispositivo intrauterino (DIU) e apenas 3%
   mama cresceu      anticoncepcionais foi verificado no período                                   utilizavam métodos tradicionais.
                     de 1986 a 2006 (Gráfico 5).
   discretamente,
                                                                                                  Em 2007, entre as mulheres brasileiras de
 enquanto houve
                     O uso de métodos contraceptivos, segundo                                     30 a 69 anos, as doenças do aparelho circu-
  estabilidade do    o tipo de método, por mulheres em ida-                                       latório e as neoplasias representaram 56%
  risco de morrer    de fértil no período de 1986 a 2006 sofreu                                   do total de óbitos. Na faixa etária conside-
    por câncer de    uma mudança profunda de padrão. Em                                           rada, as neoplasias de mama, de pulmão e
     colo uterino.   1986, os principais métodos contraceptivos                                   de colo de útero foram as causas de óbitos
                     utilizados por mulheres em idade fértil uni-                                 por neoplasias mais frequentes. No perío-
                     das eram laqueadura tubária (27%) e pílula                                   do de 1990 a 2007, a taxa de mortalida-
                     (25%). Em 1996, observou-se um aumen-                                        de por câncer de mama elevou-se de 17,4
                     to da prevalência da esterilização para 40%                                  para 19,0 por 100 mil mulheres de 30 a
                     e diminuição do uso da pílula para 20%. A                                    69 anos, o que representa um aumento de
                     PNDS 2006 mostra que 29% das mulheres                                        9,2%, enquanto a taxa de mortalidade por
                     em idade fértil unidas estavam esterilizadas,                                câncer de útero manteve-se estável, entre
                     25% utilizavam pílulas, 12% recorriam à                                      8,7 e 8,5 óbitos por 100 mil mulheres na
                     camisinha masculina, 5% tinham compa-                                        mesma faixa etária (Gráfico 6).




                       TABELA 1




                            Resumo dos avanços do Brasil segundo os indicadores do ODM 5,
                                               Brasil, 1996 e 2006 [11,12]


                         Indicadores                                                                                                  1996                2006
                         5.2                    Porcentagem de partos assistidos por                                                     83                  99
                                                profissionais de saúde qualificados(1)
                         5.3                    Porcentagem de mulheres de 15 a 49 anos que                                              55                  68
                                                usam métodos contraceptivos(2)
                         5.4                    Taxa de nascimentos entre adolescentes(3, 4)                                             86                  83
                         5.5                    Cobertura de atendimento pré-natal                                                       86                  99
                                                (pelo menos uma consulta)
                         5.6                    Cobertura de atendimento pré-natal (pelo                                                 76                  90
                                                menos quatro consultas)


                        (1) Porcentagem dos partos realizados em ambiente hospitalar ou outro estabelecimento de saúde – Sinasc/CGIAE/DASIS/SVS
                        (2) Algum método contraceptivo (modernos e tradicionais).
                        (3) Taxa específica de fecundidade por idade (em 1996, de cada 1000 mulheres de 15-19 anos de idade, 86 tiveram filhos; essa taxa refere-se ao
                        período de 0-3 anos anterior à pesquisa).
                        (4) A taxa específica de fecundidade por idade em 2006 também se refere ao período de 0-3 anos anterior à pesquisa.




92
QUADRO 2


                  Pesquisas mostram avanço na atenção à saúde da mulher
      O Brasil alcançou coberturas praticamente univer-                    A implementação simultânea de políticas públicas
 sais de pré-natal com pelo menos uma visita e parto                   que qualificam a atenção e melhoram a informação de
 assistido, assim como uma alta prevalência de uso dos                 óbitos pode estar contribuindo para a estabilidade da
 métodos anticoncepcionais. Isso ocorreu concomitan-                   mortalidade materna nos últimos anos, uma vez que
 temente a uma mudança profunda no padrão de uso,                      vem proporcionando o registro de um contigente de
 observando-se uma redução significativa no porcentual                  óbitos maternos que não eram notificados e também
 de mulheres laqueadas e um aumento dos demais mé-                     pela investigação dos óbitos com causas mal definidas
 todos modernos disponíveis, marcadamente daqueles                     que passam a ser computados como óbitos maternos.
 utilizados pelo homem. Observa-se também uma ex-                      Contudo, mesmo com esses avanços, ainda há necessi-
 pansão dos serviços de atenção à mulher em situação                   dade de aprimorar a investigação e aumentar a cober-
 de violência, abrangendo todas as regiões do país.                    tura do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
      Em 1997, 2002 e 2007, a Área Técnica de Saúde                    Um exemplo das iniciativas em curso é a pesquisa de
 da Mulher do Ministério da Saúde realizou levantamen-                 busca ativa de óbitos e nascimentos e a implantação
 tos junto às coordenações de saúde da mulher, setores                 do módulo de investigação de mortes maternas no apli-
 de vigilância epidemiológica e de informação e comitês                cativo do SIM.
 de morte materna dos Estados, obtendo informações                         Assim como as pesquisas nacionais demonstram,
 a respeito das experiências de investigação de óbi-                   estão colocados os desafios de consolidar os avanços
 tos de mulheres em idade fértil. Esses levantamentos                  apresentados na organização dos serviços de atenção à
 apontaram que, entre 1989 e 1990, as experiências                     mulher, acelerando a qualificação das ações ofertadas e
 de investigação de óbitos de mulheres em idade fértil                 de manter o diálogo com os diferentes atores, amplian-
 reportadas pelos gestores estaduais estavam restritas                 do o leque de ações de saúde da mulher, de forma a
 a seis municípios. Em 2007, abrangiam mais de 2.400                   caminhar cada vez mais no sentido de garantir os seus
 municípios.                                                           direitos sexuais e reprodutivos.




Referências Bibliográficas
[1] Rede Interagencial de Informação para a Saúde. Indicadores Básicos para a Saúde no Brasil: con-
ceitos e aplicações. 2ª Edição. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. p. 120.




                                                                                                                                     M ELHORA R A SAÚDE MATERNA
[2] Ministério da Saúde, Coordenação de Saúde Materno-infantil. Manual dos Comitês de Morte
Materna – 1ª. Edição. Brasília, 1994.
[3] Ministério da Saúde. Tanaka D`Andretta, Ana Cristina e Mitsuiki, Lia. Estudo da Magnitude da
Mortalidade Materna em 15 Cidades Brasileiras. São Paulo, 1999.
[4] Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção em Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Es-
tratégicas. Estudo da Mortalidade de Mulheres de 10 a 49 anos com Ênfase em Mortalidade Materna
– Relatório Final. Brasília, 2006.
[5] Ministério da Saúde. SIM/CGIAE/DASIS/SVS. Nota Técnica Mortalidade Materna no Brasil.
[6] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. - Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes / Ministé-
rio da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. –
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007.
[7] Ministério da Saúde. Portaria no 1.119, de 05 de junho de 2008 - Regulamenta a Vigilância de
Óbitos Maternos.
[8] MINISTÉRIO DA SAÚDE. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher -
PNDS 2006. Relatório. Brasília/DF, 2008.
[9] Brasil. Lei nº 11.634, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre o direito da gestante ao
conhecimento e à vinculação à maternidade onde receberá assistência no âmbito do SUS.
[10] BEMFAM. Pesquisa Nacional sobre Saúde Materno-Infantil e Planejamento Familiar no Brasil,
PNSMIPF, 1986. Rio de Janeiro, 1987.
[11] BEMFAM. Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde, PNDS 1996. Adolescentes brasileiros:
saúde sexual e reprodutiva. Rio de Janeiro, 1997.
[12] Ministério da Saúde. CEBRAP. Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde da Criança e da
Mulher, PNDS 2006. Brasília, 2008.




                                      R e l a t ó r i o       N a c i o n a l       d e     A c o m p a n h a m e n t o         93
PRINCIPAIS INICIATIVAS DO GOVERNO FEDERAL


  a . Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher - PNAISM

  b . Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal

  c . Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos

  d. Compromisso para Acelerar a Redução das Desigualdades na Região Nordeste




                                                                                                             M ELHORA R A SAÚDE MATERNA
  e na Amazônia Legal – Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil

  e. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU




                             R e l a t ó r i o    N a c i o n a l   d e   A c o m p a n h a m e n t o   95

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Melhora da Saúde Materna

  • 1. a MOrTaLIDaDE MaTErNa TEM DIMINUÍDO DESDE 1990 A razão de mortalidade materna (RMM) madamente a metade. A melhora na inves- estima a frequência de óbitos femininos tigação dos óbitos de mulheres em idade ocorridos até 42 dias após o término da fértil (10 a 49 anos de idade), que permite gravidez, atribuídos a causas ligadas à gra- maior registro dos óbitos maternos, possi- videz, ao parto e ao puerpério, em relação velmente contribuiu para a estabilidade da ao total de nascidos vivos (NV). O núme- RMM observada nos últimos anos da série ro de NV é adotado como uma aproxima- (Gráfico 1). ção do total de mulheres grávidas [1]. Para atingir a meta do quinto Objetivo de No Brasil, foi registrada redução na mor- Desenvolvimento do Milênio (ODM), o talidade materna, desde 1990 (Quadro1). Brasil deverá apresentar RMM igual ou Nesse ano, a RMM corrigida era 140 óbi- inferior a 35 óbitos por 100 mil NV até tos por 100 mil NV, enquanto em 2007 2015, o que corresponde a uma redução declinou para 75 óbitos por 100 mil NV, o de três quartos em relação ao valor estima- que representa uma diminuição de aproxi- do para 1990. GRÁFICO 1 Razão de mortalidade materna (por 100 mil nascidos vivos) ajustada(1) Brasil, 1990/2007 e projeção até 2015 150 140,0 140 133,0 129,3 126,4 130 123,0 118,4 120 112,5 105,7 110 98,3 100 91,1 A queda da morte 90 84,5 79,7 80 75,0 72,6 71,7 72,1 73,4 75,0 materna se deve 70 60 fundamentalmente 50 40 à redução da 30 Meta 35 Fonte: DASIS/SVS/MS. mortalidade por 20 10 (1) A RMM foi ajus- tada com uma função causas obstétricas 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 polinomial grau 6 com R2= 0,947. diretas. 86
  • 2. As mortes maternas podem ser classifica- GRÁFICO 2 das como obstétricas diretas ou indiretas. As mortes diretas resultam de complica- Razão de mortalidade materna por causas obstétricas diretas e indiretas (por 100 mil nascidos vivos) ções surgidas durante a gravidez, o parto Brasil(1), 1990, 2000 e 2007 ou o puerpério (período de até 42 dias após o parto), decorrentes de intervenções, Morte materna omissões, tratamento incorreto ou de uma 126,5 obstétrica direta Morte materna cadeia de eventos associados a qualquer obstétrica indireta um desses fatores. As mortes indiretas de- correm de doenças preexistentes ou que se desenvolveram durante a gestação e que 63,5 foram agravadas pelos efeitos fisiológicos 55,5 da gestação, como problemas circulatórios e respiratórios. 17,9 17,5 13,5 A mortalidade materna por causas diretas diminuiu 56%, de 1990 até 2007, en- 1990 2000 2007 quanto aquela por causas indiretas aumen- Fonte: SIM - CGIAE/DASIS/SVS/MS. (1) Em 2000 e 2007, respectivamente, houve 3 e 1,9 óbitos maternos não especificados por 100 mil NV. Em 1990 não tou 33%, de 1990 a 2000, e se manteve houve detalhamento desta informação. estável de 2000 a 2007. O aumento verifi- cado entre 1990 e 2000 foi um reflexo da era 9,4 vezes superior à mortalidade por melhoria nas investigações de óbitos sus- causas indiretas. Essa relação reduziu-se peitos de serem devidos a causas indiretas. para 3,5 vezes em 2000, e 3,2 vezes em Em 1990, a mortalidade por causas diretas 2007 (Gráfico 2). M ELHORA R A SAÚDE MATERNA QUADRO 1 Estudos realizados pelo Ministério da Saúde permitem estimar a razão de mortalidade materna (RMM) desde 1990 No Brasil, as dificuldades para mensurar a mortalidade materna têm sido amplamente documentadas. Imprecisões no registro geram subnotificação de óbitos maternos, o que demanda a adoção de um “fator de correção”. Há duas décadas, o Ministério da Saúde promove a realização de estudos para estimar esse fator, com a aplicação da metodologia RAMOS (Reproductive Age Mortality Survey) [2, 3 e 4]. Essa metodologia identifica e investi- ga as causas de todos os óbitos de mulheres em idade reprodutiva, em área e população definidas, usando múltiplas fontes de dados (como entrevistas com membros da família, parteiras, coveiros e profissionais de saúde que atenderam a mulher, bem como levanta- mento de dados dos registros vitais, prontuários médicos, registros de sepultamento e registros de parteiras tradicionais). A relação entre o número de mortes maternas conhe- cido por investigação e o número informado em atestados de óbito originais possibilitou a estimação dos valores corrigidos da RMM, que foram utilizados para ajustar os novos valores, desde 1990 até 2007, mediante uma função polinomial grau 6 (Gráfico 1). A pro- jeção realizada de 2008 até 2015 revelou valores entre 69 e 77 óbitos por 100 mil NV, indicando a dificuldade para cumprimento das metas deste ODM e, assim, a necessidade de revisão das estratégias de ação de forma a concentrar esforços nas áreas que apresen- tam maior mortalidade materna. R e l a t ó r i o N a c i o n a l d e A c o m p a n h a m e n t o 87
  • 3. GRÁFICO 3 Razão de mortalidade materna por causas específicas de morte materna (por 100 mil nascidos vivos) - Brasil, 1990, 2000 e 2007 40,6 1990 2000 25,7 2007 21,5 16,6 15,1 12,3 10,7 11,1 7,3 6,3 5,9 4,4 5,0 3,4 3,6 Hipertensão Hemorragias Infecção Puerperal Aborto Doenças do aparelho circulatório complicadas pela gravidez, parto ou puerpério Causas Obstétricas Diretas Causas Obstétricas Indiretas Fonte: SIM - CGIAE/DASIS/SVS/MS. No período de 1990 a 2007, houve re- pela Redução da Mortalidade Materna e dução em todas as principais causas de Neonatal (lançado em 2004), assim como morte materna. Os óbitos maternos por os impactos da regulamentação de ações hipertensão foram reduzidos em 62,8%; de Vigilância de Óbitos Maternos[7], po- por hemorragia, 58,4%; por infecções dem estar associadas aos avanços obser- puerperais, 46,8%; por aborto, 79,5% e vados na redução das mortes por causas por doenças do aparelho circulatório com- obstétricas diretas. Contudo, as taxas por plicadas pela gravidez, parto e puerpério, causas diretas ainda são elevadas e repre- 50,7% (Gráfico 3). sentam um grande desafio para o sistema de saúde. O alcance da meta proposta no Mas é ainda preocupante a proporção de âmbito deste ODM dependerá, assim, da jovens que morrem por causas obstétricas. implementação mais efetiva das ações de Segundo dados da Secretaria de Vigilân- saúde voltadas para a da mortalidade ma- cia em Saúde (SVS), entre 1990 e 2007 a terna no Brasil. Essas ações devem abar- mortalidade materna na adolescência (de car o planejamento familiar; a atenção ao 10 a 19 anos) variou entre 13% a 16% do aborto previsto em lei; a qualificação da total de óbitos maternos [5]. A gravidez na atenção pré-natal realizada pelas equipes adolescência constitui um grande desafio de saúde da família; o encaminhamento para os formuladores e gestores de políti- oportuno das gestantes de risco a serviços cas públicas do país. especializados; a atenção adequada duran- te o trabalho de parto e no pós-parto e o Iniciativas de ampliação, qualificação e tratamento de urgências e emergências. Acesso ao humanização da atenção à saúde da mu- parto se dá no lher no Sistema Único de Saúde, associa- Os dados da Pesquisa Nacional de Demo- primeiro serviço das à Política Nacional de Atenção Integral grafia e Saúde (PNDS) [8] indicam que, procurado. à Saúde da Mulher [6] e ao Pacto Nacional entre 1996 e 2006, o porcentual de par- 88
  • 4. tos hospitalares passou de 96% para 98%, minhamento e vinculação à maternidade com variações regionais (92% na região onde a gestante receberá assistência no Norte e 99,5% na região Sudeste). Do âmbito do SUS. total de partos, 76% foram realizados por meio do SUS. A grande maioria foi assis- No que concerne aos procedimentos preco- tida por profissionais formalmente qualifi- nizados pelo Ministério da Saúde para ga- cados – médico (89%) ou enfermeira (em rantir uma atenção humanizada ao parto, a 8,3% dos casos). PNDS 2006 mostra que 30% das gestantes que realizaram parto normal tiveram acesso O acesso à atenção no momento do parto a medidas farmacológicas ou não-farmaco- tem melhorado. A PNDS 2006 mostrou lógicas para o alívio da dor (analgesia ou que 90% dos nascimentos ocorreram no utilização de métodos não invasivos e não primeiro serviço procurado, com destaque farmacológicos para o alívio da dor, como para a região Sul, onde essa porcentagem massagens e técnicas de relaxamento). Ou- foi de 96%. tra medida de humanização – a presença de acompanhante no momento do parto – es- No entanto, a despeito da existência de teve acessível a 16% do total de parturien- lei e normas reguladoras [9] a assistência tes do País; no sistema privado esse porcen- ao pré-natal ainda precisa universalizar a tual alcança 35%, enquanto entre usuárias prática de definição prévia de local para do SUS é inferior a 10%. A proporção de atendimento hospitalar ao parto, de enca- mulheres que receberam alívio da dor e GRÁFICO 4 Evolução da porcentagem de partos cesáreos - Brasil e regiões, 1996/2007 M ELHORA R A SAÚDE MATERNA 60 50 40 30 20 10 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Brasil 40,2 39,8 38,1 36,9 37,8 38,1 38,6 40,0 41,8 43,2 45,0 46,5 N 29,3 29,8 27,9 27,0 27,4 27,3 28,1 29,3 30,7 32,4 33,8 35,3 NE 25,1 24,3 24,3 24,3 25,5 26,3 26,9 28,5 30,5 32,0 34,6 36,4 SE 49,0 49,2 46,7 45,3 46,3 46,9 47,5 48,7 50,1 51,6 53,1 54,2 S 43,5 43,7 42,2 40,5 42,1 43,2 44,1 46,0 48,1 49,8 51,3 52,8 CO 50,5 49,4 45,7 42,7 43,4 44,1 44,2 45,8 47,3 49,4 50,6 52,9 Fonte: Sinasc – CGIAE/DASIS/SVS/MS. R e l a t ó r i o N a c i o n a l d e A c o m p a n h a m e n t o 89
  • 5. O Brasil puderam contar com um acompanhante comendação do Ministério da Saúde e da continua no parto foi maior para aquelas com maior Organização Mundial da Saúde (OMS) é apresentando escolaridade. que a proporção de cesáreas corresponda a elevadas taxas cerca de 15% do total de partos e o proce- O País continua sendo um dos que regis- dimento seja realizado apenas quando há de cesarianas. tram a maior proporção de partos cesáreos. risco para a mãe ou para o bebê. Em relação ao total de partos, as informa- ções provenientes do Sistema de Informa- Dados da PNDS 2006, por sua vez, apon- ções de Nascidos Vivos (Sinasc) mostram tam que 44% do total de partos realizados que os percentuais de cesárea aumentaram no Brasil foram por cesárea. Este tipo é de 40%, em 1996, para 46,5%, em 2007. mais frequente nas regiões Sudeste (52% O Sudeste é a região com a maior proporção do total de partos) e Sul (51% do total de de partos por cesárea, seguido de perto pelas partos) e entre mulheres com 12 anos ou regiões Sul e Centro-Oeste (Gráfico 4). mais de estudo (83%). O parto por cesárea expõe as mulheres e Entre os partos realizados por meio do os bebês a mais riscos, que incluem lesões SUS, nos cinco anos anteriores à entre- acidentais, reações à anestesia, infecções, vista da PNDS de 2006, o porcentual de nascimentos prematuros e mortes. A re- cesáreas alcançou 34%, mas entre os par- GRÁFICO 5 Distribuição porcentual de mulheres em idade fértil (MIF) e MIF unidas, usando algum método anticoncepcional - Brasil, 1986(1), 1996(2) e 2006(2) 1986 1996 80,6 76,7 2006 67,8 65,8 55,4 43,5 Mulheres em idade fértil (MIF) fazendo uso de algum método MIF unidas fazendo uso de algum método anticoncepcional anticoncepcional Fonte: PNSMIPF 1986 [10], PNDS 1996 e PNDS 2006. (1) População alvo de 15 a 44 anos. (2) População alvo de 15 a 49 anos. 90
  • 6. GRÁFICO 6 Taxa de mortalidade por câncer de mama e de colo útero entre mulheres de 30 a 69 anos (por 100 mil mulheres) - Brasil, 1990, 2000 e 2007 19,0 17,4 17,7 1990 2000 2007 8,7 9,0 8,5 ˆ Câncer de mama Câncer de colo de útero Fonte: SIM – CGIAE/DASIS/SVS/MS. tos realizados no sistema privado ou por atenção deve ser melhorada: a incidência convênios médicos, esse porcentual sobe de sífilis congênita, o fato de as síndromes para 81%. hipertensivas se manterem como a primei- M ELHORA R A SAÚDE MATERNA ra causa de morte materna e a presença da No período de 1996 a 2007, a porcenta- mortalidade por causas perinatais como o gem de mulheres grávidas que não tinham componente mais expressivo das mortes realizado nenhuma consulta de pré-natal no primeiro ano de vida. apresentou uma queda considerável, de 6,3% para 1,9%, segundo o Sinasc. No Segundo a PNDS 2006, o conhecimen- mesmo período, o porcentual de mulheres to de métodos anticoncepcionais é pra- grávidas que tiveram pelo menos quatro ticamente universal, observando-se um consultas aumentou, de menos de 60% aumento gradual do número de métodos Uso de métodos para 89%. Em 2006, segundo a PNDS, a conhecidos, sendo os modernos mais dis- anticoncepcionais: primeira consulta de pré-natal ocorreu no seminados do que os tradicionais, desde o primeiro trimestre em 83% das gestações. início da década de 1980. Esta PNDS[8] redução Essa proporção foi menor na região Norte mostra que o número médio de métodos significativa no (74%) e maior na região Sul (87%). conhecidos está em torno de dez. A cami- porcentual de sinha masculina e a pílula são os métodos laqueaduras e Apesar dos avanços em termos de cobertu- mais citados, mostrando grande diferença um aumento dos ra do pré-natal e captação precoce das ges- em comparação com os resultados encon- demais métodos tantes, há evidências de que a qualidade da trados em 1986, quando a pílula e a esteri- modernos. R e l a t ó r i o N a c i o n a l d e A c o m p a n h a m e n t o 91
  • 7. Nos últimos anos, lização feminina se apresentavam como os nheiro vasectomizado, 4% faziam uso de o risco de morrer métodos mais conhecidos. Um grande au- anticoncepcionais injetáveis, 2% utilizavam por câncer de mento na prevalência de uso dos métodos dispositivo intrauterino (DIU) e apenas 3% mama cresceu anticoncepcionais foi verificado no período utilizavam métodos tradicionais. de 1986 a 2006 (Gráfico 5). discretamente, Em 2007, entre as mulheres brasileiras de enquanto houve O uso de métodos contraceptivos, segundo 30 a 69 anos, as doenças do aparelho circu- estabilidade do o tipo de método, por mulheres em ida- latório e as neoplasias representaram 56% risco de morrer de fértil no período de 1986 a 2006 sofreu do total de óbitos. Na faixa etária conside- por câncer de uma mudança profunda de padrão. Em rada, as neoplasias de mama, de pulmão e colo uterino. 1986, os principais métodos contraceptivos de colo de útero foram as causas de óbitos utilizados por mulheres em idade fértil uni- por neoplasias mais frequentes. No perío- das eram laqueadura tubária (27%) e pílula do de 1990 a 2007, a taxa de mortalida- (25%). Em 1996, observou-se um aumen- de por câncer de mama elevou-se de 17,4 to da prevalência da esterilização para 40% para 19,0 por 100 mil mulheres de 30 a e diminuição do uso da pílula para 20%. A 69 anos, o que representa um aumento de PNDS 2006 mostra que 29% das mulheres 9,2%, enquanto a taxa de mortalidade por em idade fértil unidas estavam esterilizadas, câncer de útero manteve-se estável, entre 25% utilizavam pílulas, 12% recorriam à 8,7 e 8,5 óbitos por 100 mil mulheres na camisinha masculina, 5% tinham compa- mesma faixa etária (Gráfico 6). TABELA 1 Resumo dos avanços do Brasil segundo os indicadores do ODM 5, Brasil, 1996 e 2006 [11,12] Indicadores 1996 2006 5.2 Porcentagem de partos assistidos por 83 99 profissionais de saúde qualificados(1) 5.3 Porcentagem de mulheres de 15 a 49 anos que 55 68 usam métodos contraceptivos(2) 5.4 Taxa de nascimentos entre adolescentes(3, 4) 86 83 5.5 Cobertura de atendimento pré-natal 86 99 (pelo menos uma consulta) 5.6 Cobertura de atendimento pré-natal (pelo 76 90 menos quatro consultas) (1) Porcentagem dos partos realizados em ambiente hospitalar ou outro estabelecimento de saúde – Sinasc/CGIAE/DASIS/SVS (2) Algum método contraceptivo (modernos e tradicionais). (3) Taxa específica de fecundidade por idade (em 1996, de cada 1000 mulheres de 15-19 anos de idade, 86 tiveram filhos; essa taxa refere-se ao período de 0-3 anos anterior à pesquisa). (4) A taxa específica de fecundidade por idade em 2006 também se refere ao período de 0-3 anos anterior à pesquisa. 92
  • 8. QUADRO 2 Pesquisas mostram avanço na atenção à saúde da mulher O Brasil alcançou coberturas praticamente univer- A implementação simultânea de políticas públicas sais de pré-natal com pelo menos uma visita e parto que qualificam a atenção e melhoram a informação de assistido, assim como uma alta prevalência de uso dos óbitos pode estar contribuindo para a estabilidade da métodos anticoncepcionais. Isso ocorreu concomitan- mortalidade materna nos últimos anos, uma vez que temente a uma mudança profunda no padrão de uso, vem proporcionando o registro de um contigente de observando-se uma redução significativa no porcentual óbitos maternos que não eram notificados e também de mulheres laqueadas e um aumento dos demais mé- pela investigação dos óbitos com causas mal definidas todos modernos disponíveis, marcadamente daqueles que passam a ser computados como óbitos maternos. utilizados pelo homem. Observa-se também uma ex- Contudo, mesmo com esses avanços, ainda há necessi- pansão dos serviços de atenção à mulher em situação dade de aprimorar a investigação e aumentar a cober- de violência, abrangendo todas as regiões do país. tura do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Em 1997, 2002 e 2007, a Área Técnica de Saúde Um exemplo das iniciativas em curso é a pesquisa de da Mulher do Ministério da Saúde realizou levantamen- busca ativa de óbitos e nascimentos e a implantação tos junto às coordenações de saúde da mulher, setores do módulo de investigação de mortes maternas no apli- de vigilância epidemiológica e de informação e comitês cativo do SIM. de morte materna dos Estados, obtendo informações Assim como as pesquisas nacionais demonstram, a respeito das experiências de investigação de óbi- estão colocados os desafios de consolidar os avanços tos de mulheres em idade fértil. Esses levantamentos apresentados na organização dos serviços de atenção à apontaram que, entre 1989 e 1990, as experiências mulher, acelerando a qualificação das ações ofertadas e de investigação de óbitos de mulheres em idade fértil de manter o diálogo com os diferentes atores, amplian- reportadas pelos gestores estaduais estavam restritas do o leque de ações de saúde da mulher, de forma a a seis municípios. Em 2007, abrangiam mais de 2.400 caminhar cada vez mais no sentido de garantir os seus municípios. direitos sexuais e reprodutivos. Referências Bibliográficas [1] Rede Interagencial de Informação para a Saúde. Indicadores Básicos para a Saúde no Brasil: con- ceitos e aplicações. 2ª Edição. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. p. 120. M ELHORA R A SAÚDE MATERNA [2] Ministério da Saúde, Coordenação de Saúde Materno-infantil. Manual dos Comitês de Morte Materna – 1ª. Edição. Brasília, 1994. [3] Ministério da Saúde. Tanaka D`Andretta, Ana Cristina e Mitsuiki, Lia. Estudo da Magnitude da Mortalidade Materna em 15 Cidades Brasileiras. São Paulo, 1999. [4] Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção em Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Es- tratégicas. Estudo da Mortalidade de Mulheres de 10 a 49 anos com Ênfase em Mortalidade Materna – Relatório Final. Brasília, 2006. [5] Ministério da Saúde. SIM/CGIAE/DASIS/SVS. Nota Técnica Mortalidade Materna no Brasil. [6] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. - Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes / Ministé- rio da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. [7] Ministério da Saúde. Portaria no 1.119, de 05 de junho de 2008 - Regulamenta a Vigilância de Óbitos Maternos. [8] MINISTÉRIO DA SAÚDE. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher - PNDS 2006. Relatório. Brasília/DF, 2008. [9] Brasil. Lei nº 11.634, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre o direito da gestante ao conhecimento e à vinculação à maternidade onde receberá assistência no âmbito do SUS. [10] BEMFAM. Pesquisa Nacional sobre Saúde Materno-Infantil e Planejamento Familiar no Brasil, PNSMIPF, 1986. Rio de Janeiro, 1987. [11] BEMFAM. Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde, PNDS 1996. Adolescentes brasileiros: saúde sexual e reprodutiva. Rio de Janeiro, 1997. [12] Ministério da Saúde. CEBRAP. Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde da Criança e da Mulher, PNDS 2006. Brasília, 2008. R e l a t ó r i o N a c i o n a l d e A c o m p a n h a m e n t o 93
  • 9. PRINCIPAIS INICIATIVAS DO GOVERNO FEDERAL a . Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher - PNAISM b . Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal c . Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos d. Compromisso para Acelerar a Redução das Desigualdades na Região Nordeste M ELHORA R A SAÚDE MATERNA e na Amazônia Legal – Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil e. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU R e l a t ó r i o N a c i o n a l d e A c o m p a n h a m e n t o 95