1. O documento apresenta vários jogos e dinâmicas de grupo para diferentes objetivos como apresentação, quebra de gelo, integração, animação, capacitação e resolução de conflitos.
2. Os jogos de apresentação incluem auto-apresentação, auto-retrato e exercícios para conhecer como os outros nos veem versus como nos vemos.
3. Jogos de quebra-gelo, integração e animação envolvem movimento corporal, conversas em pares e atividades lúdicas para relaxamento.
3. As dinâmicas de grupo são
fundamentais para o sucesso
da formação
4.
5. 5
JOGOS DE APRESENTAÇÃO 7
Auto-apresentação 7
Auto-retrato 8
Os “olhos da mente” 10
Novos nomes 10
Conhecimento pessoal 11
JOGOS DE QUEBRA-GELO 12
Estátuas de barro 13
Movimento 13
A Correia Rolante 14
É óbvio 14
Restabelecimento da confiança 14
JOGOS DE INTEGRAÇÃO 16
Presentes Materiais 16
Territórios 17
O caminho da confiança 17
A luta de palavras 18
Orquestração 18
JOGOS DE ANIMAÇÃO E RELAXAMENTO 19
Girar a cabeça 19
Conversas com o parceiro 19
O feiticeiro das palavras 20
Leilões 20
O advogado 20
O carrossel 21
JOGOS CAPACITAÇÃO 21
Levar a mal e apreciar 22
Estruturas 22
Fantasias do professor e do aluno 23
A história verídica 23
A construção de uma história 24
Escala de valores 24
Jogo do autodomínio 25
Índice
6. JOGOS PARA A SOLUÇÃO DE CONFLITOS 26
Exercícios de visão 27
Mudança 28
Estamos todos no mesmo saco 28
Fábrica 29
Casamento em Alto Mar 29
As Garrafas 30
Passeio Sinérgico 32
Desarmar a Bomba 32
Prédio do Ciúme 33
Laranjas Ugli 35
Bunker 36
Estudo de Caso – Advogado 39
Estudo de Caso – Hotel 40
BIBLIOGRAFIA 42
7. 7
JOGOS DE APRESENTAÇÃO
A apresentação é o primeiro momento de uma relação.
É o momento em que nos damos a conhecer, em que tentamos diminuir
a distância que nos separa de alguém ou dos elementos de um grupo.
Darmo-nos a conhecer pode ser uma tarefa difícil.
É confrontarmo-nos com o receio da opinião que os outros possam
formar a nosso respeito.
Em função do contexto, a apresentação
desenrola-seadiferentesníveisdeprofundidade.
Poderá ir desde o simples avançar de um nome,
até algo mais profundo, como a manifestação de
uma opinião, uma declaração de intenções ou a
expressão de sentimentos.
Noutra perspetiva, a apresentação é um
trabalho contínuo. A cada momento vamo-
nos dando a conhecer, vamos apresentando
novas características. Deste modo, a relação é como se estivéssemos
permanentemente a apresentarmo-nos. Fará sempre sentido “jogar” a
apresentação em qualquer momento, mesmo com alguém que já nos
conhece.
Ao trabalhar o tema “apresentação” é importante ter em conta o seu
carácter progressivo, partindo sempre de uma abordagem superficial para
níveis mais profundos. O risco envolvido numa aproximação demasiado
rápida poderá ser o de intensificar as inibições e o fechar dos elementos
do grupo ao contacto.
Um mesmo jogo de apresentação poderá ser utilizado em diversos
momentos com diferentes objetivos em função do grau de discussão
promovida a partir dele. Corresponderá deste modo, ao desejo do
orientador do grupo de atingir um novo nível de relacionamento.
AUTO-APRESENTAÇÃO
Objetivo: Conhecimento recíproco no primeiro encontro de grupo.
Grau de dificuldade: Fácil.
Fase do grupo: Inicial
Dimensão do grupo: indiferente.
Duração: 15 minutos ou mais, consoante a dimensão do grupo.
Local: qualquer um.
Material: nenhum em específico.
Desenvolvimento: Todos os participantes devem estar sentados em
círculo.Oanimadorapresenta-seemprimeirolugareconvidaosparticipantes
8. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
8
a fazerem o mesmo. Devem dizer o nome e tudo o que desejam acerca de si:
idade, emprego, estado civil, signo do zodíaco, atividades preferidas…
Concluída a apresentação, exploram-se as expetativas de cada um dos
participantes em relação ao trabalho que se está a iniciar e, eventualmente,
as fantasias, pensamentos ou preocupações antes do início do encontro.
Variações:Oanimadorpodeperguntaraosparticipantesseofatodeestarem
sentados em círculo lhes suscita alguma recordação ou emoção particulares.
Sugestões para o animador: A auto-apresentação é indispensável na
fase inicial de qualquer grupo. É importante que o animador tome nota
das informações que cada participante fornece acerca de si próprio e
conheça também as expetativas do grupo.
A verbalização dos pensamentos e das expectativas que precedem o
início do primeiro encontro, alivia a tensão e a ansiedade e predispõe os
participantes para o trabalho de grupo.
A disposição do grupo em círculo pode suscitar entusiasmo, mas
também preocupação já que os participantes se encontram numa posição
de igualdade e “a descoberto” uns em relação aos outros.
Pode-se utilizar uma narração ou uma recordação como ponto de
partida para realizar um psicodrama.
AUTO-RETRATO
Objetivo: Conhecimento mútuo.
Grau de dificuldade: fácil.
Fase do grupo: inicial.
Dimensão do grupo: entre 5 e 20 participantes.
Duração: uma hora ou mais, consoante a dimensão do grupo.
Local: uma sala e o grupo disposto em círculo.
Material: lápis e folhas de papel A5.
Desenvolvimento: O animador distribui a cada participante uma folha
A5 e um lápis. Convida-os a fazer um desenho ou a escrever uma frase que
seja representativa de si próprio, ou que descreva a própria maneira de ser
ou sentir. O texto escrito também pode ser o título de um filme, de uma
poesia, de um romance, o refrão de uma canção ou outra coisa qualquer
que exprime a perceção que cada um tem de si nesse preciso momento.
Os participantes, mantendo o anonimato dos seus trabalhos, entregam-
nos ao animador que, por sua vez, os faz circular, um de cada vez, por
todos os membros do grupo.
Posteriormente a terem observado atentamente os trabalhos, exprimem
o seu parecer e considerações acerca do carácter e da personalidade do autor.
9. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
9
Quando os trabalhos forem comentados, o animador convida o autor a
revelar ao grupo o seu próprio trabalho e a explicar o porquê do desenho
ou da frase. Discussão final livre.
Sugestões para o animador: É importante evitar comentários iniciais
aos trabalhos dos participantes para não condicionar as interpretações do
grupo. Pelo contrário, é positivo observar quem participou mais ou quem
participou menos e sublinhar os contributos interpretativos do material
produzido. Notar também a capacidade de cada participante em acolher e
elaborar as observações feitas ao seu trabalho.
COMO É QUE ME VÊEM… E EU, COMO É QUE ME VEJO?
Objetivo: observação e tomada de consciência dos aspetos positivos e
negativos da própria personalidade e da personalidade dos outros.
Grau de dificuldade: fácil.
Fase do grupo: inicial.
Dimensão do grupo: entre 10 e 15 participantes.
Duração: 15 minutos.
Local: sala vazia; sala de aula; ginásio.
Material: lápis e folhas de papel.
Desenvolvimento: O animador convida os participantes a sentarem-se
em círculo e distribui por cada membro uma folha de papel e um lápis.
Cada membro do grupo tem um número que o representa. Na folha
que lhes foi entregue coloca-se uma sequência progressiva de números,
tantos quanto o número de pessoas envolvidas no jogo.
Os participantes, no espaço da folha a seguir ao número representativo
de cada pessoa, escrevem uma apreciação sintética, um adjetivo, ou uma
característica que diga respeito ao membro que possui tal número, não se
esquecendo de escrever também o próprio número. O animador recolhe
as folhas – que devem ser anónimas – e lê em voz alta tudo o que foi
escrito pelo grupo a respeito de um determinado membro identificado
pelo número que lhe foi dado antes. Deste modo, obtém-se um conjunto
de características da personalidade de cada um dos constituintes do
grupo, tal como são vistos pelos outros.
Sugestões para o animador: O animador convida cada um dos
participantes e comentar, aceitar, discordar, ou aprovar tudo o que foi dito
e sublinhado pelos restantes membros do grupo.
10. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
10
OS “OLHOS DA MENTE”
Objetivo: experimentar os próprios modelos de comportamento.
Grau de dificuldade: fácil.
Fase do grupo: intermédia.
Idades: a partir dos 10 anos.
Dimensão do grupo: entre 5 e 20 participantes.
Duração: 40 minutos ou mais conforme o número de participantes.
Local: sala ampla com cadeiras manuseáveis.
Material: nenhum em específico.
Desenvolvimento: O animador explica aos participantes que o
jogo consiste em formar pares, em que um companheiro acompanha o
outro, finge ser cego, numa viagem imaginária. Quem assume o papel
de guia propõe e descreve um breve percurso, de maneira a permitir ao
companheiro “cego” a possibilidade de o acompanhar utilizando os “olhos
da mente”.
Aescolhadosparesedospainéisarepresentarélivre.Segue-seunicamente
que cada membro do par experimente o seu papel durante dois minutos.
Quando o jogo estiver concluído, os participantes verbalizam as
preferênciasporumououtropapel,exprimemasdificuldadesencontradas
e eventuais temores experimentados.
Sugestões para o animador: Notar as dificuldades de cada um dos
membros em representar ambos os papéis do jogo. Observar como é
vivida a assunção de respon-sabilidade no papel de guia e a capacidade de
confiar no outro por parte do “cego”. Notar o tipo de percurso escolhido,
tranquilo e seguro, ou, pelo contrário, difícil e inacessível.
NOVOS NOMES
Objetivo: Atenuar o problema dos estereótipos que sofrem as pessoas
de um grupo e os preconceitos que por vezes aprisionam os indivíduos.
Dimensão do grupo: Qualquer tamanho de grupo.
Local: Uma sala suficientemente ampla para acomodar todas as pessoas.
Material: Uma lista com nomes masculinos e femininos, se o grupo
for misto.
Desenvolvimento: O animador esclarece que para haver mais
espontaneidadenumgrupoformadoporpessoasqueaindanãoseconhecem
existeumaoportunidadevaliosaparaselivraremdasexpectativasresultantes
das suas identidades passadas, adoptando novos nomes, concordando em
não falar sobre os seus antecedentes, ocupação, cidade onde nasceram,
11. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
11
1.
3.
2.
etc., pelo menos no início dos encontros. Às vezes, certas profissões, como
sacerdote, religioso, médico, enfermeira, professor, etc., exigem certos tipos
de comportamento, despertando relações estereotipadas.
Para isso:
Antes de terem oportunidade de se conhecer, os integrantes do
grupo recebem novos nomes, sendo conhecidos apenas por esses
nomes enquanto durarem os trabalhos do grupo.
Existem diferentes maneiras de distribuição dos nomes. Uma
delas é preparar uma lista de nomes masculinos e femininos e, cada
um apontar um nome ao acaso. Outra consiste em colocar cada pessoa
diante do grupo, que passa a fazer várias sugestões, até que um nome
satisfaça tanto à pessoa como ao grupo. Outra, ainda, é cada participante
escolher um nome que tenha alguma conotação a que aspire.
É comum alguns participantes desejarem trocar os nomes
durante a existência do grupo ou voltar, mais tarde, aos seus
verdadeiros nomes, ou, num dado momento, querer revelar ou conhecer
a própria identidade ou conhecer a de outro membro.
CONHECIMENTO PESSOAL
Objetivo: Procurar formar uma identificação pessoal.
Dimensão do Grupo: Entre vinte e cinco a trinta participantes.
Duração: Cinquenta e cinco minutos.
Local:Umasalaampla,comcadeiras,paraacomodartodososparticipantes.
Material: Guardanapos de cores variadas.
Desenvolvimento:
Durante os primeiros cinco minutos o animador solicita às pessoas
participantes para que se concentrem, fechando para isso os olhos,
procurando uma interiorização e uma consciencialização acerca dos
próprios sentimentos no momento.
Decorridos os cinco minutos e abrindo os olhos, o animador pede
que cada um, em silêncio, escolha um guardanapo, relacionando a cor do
mesmo com os sentimentos do momento.
De seguida, formam-se subgrupos obedecendo às cores dos
guardanapos, resultando daí grupos numericamente variados.
Cada membro desses subgrupos irá explicar ao seu grupo a relação
encontrada entre a escolha da cor do guardanapo e os seus sentimentos do
momento, levando esta fase do exercício cerca de vinte minutos.
12. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
12
Finda esta etapa do exercício, despedem-se todos uns dos outros e, o
animador solicita que todos procurem expressar os seus sentimentos do
momento,atravésdeumaformadadaaoguardanapo.Oimportantenãoétanto
se a forma dada ao guardanapo é muito exata, mas sim o que ela representa.
A seguir, formam-se novos subgrupos, juntando os membros pela
semelhança das formas dadas ao guardanapo e, durante vinte e cinco
minutos cada um irá expor ao grupo o signi-ficado do formato.
Desfeitos os subgrupos, seguem-se, em grupo, os comentários acerca
da vivência deste exercício.
JOGOS DE QUEBRA-GELO
O corpo é a nossa fronteira, a nossa morada.
Atravésdeleinteragimoscomoexterior,recebemosemandamosmensagens.
Ele é, muitas das vezes o ponto de partida e o ponto de chegada de
muitos dos nossos problemas. É típico na
infânciater-semedodenãocrescerosuficiente,
confundir-se com a diferença dos sexos, quer
em termos de papéis, estereótipos, corpo, etc.
Na adolescência a “dismorfofobia” é
comum, isto é, o medo da desproporção das
diferentes partes do corpo.
Por outro lado, no adulto é possível viver a
tensão psíquica através de perturbações físicas,
naquilo a que se chama somatizações. Estes
são alguns dos motivos pelo qual é importante
aprendermos a estar atentos à linguagem do corpo.
Dado que a nossa realidade se centra sobretudo em torno do visível, é
importante refletirmos com o jovem sobre o enorme potencial que o seu
corpo encerra ao nível da comunicação e da sensibilidade.
Como seria se apenas pudéssemos ver com as mãos?
Aliás, como seria, se os nossos órgãos dos sentidos estivessem todos
trocados? Seria diferente a nossa visão do mundo? Ver-nos-íamos a nós
próprios de forma diferente? Seríamos capazes de o comunicar sem ser
pela fala?
13. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
13
Ao trabalhar o tema “corpo” a partir de técnicas de dinâmica de grupo
ou de dramatização, é fundamental abordar a sensação de ridículo e de
vergonha que este tipo de trabalho tende a provocar. Quaisquer que sejam
os jogos escolhidos para trabalhar o tema, é bom introduzir na análise
final a questão da vergonha, isto é, “o que se deixa de fazer por causa
daquilo que os outros pensam”.
ESTÁTUAS DE BARRO
Jogo de pares, onde um elemento é escultor e tem como tarefa modelar
o outro de forma a representar uma imagem do sentimento ou ação que
imaginou. Joga-se em silêncio. As orientações do escultor são dadas por
movimentações ou simples pressões sobre o “barro/corpo do parceiro”.
O “barro” não ouve, não fala, nem entende sinais. Fica imobilizado nas
posições em que o colocam e no final tenta adivinhar o que o escultor
tentou representar. Se o conseguir trocar de papéis, se não, o escultor
deverá continuar até conseguir transmitir a ideia em que se pensou. As
trocas poderão repetir-se as vezes que se desejar.
Temas de análise: Dificuldade de mexer/tocar no corpo do outro, a
distância que vai entre imaginar uma coisa e conseguir comunicá-la, a
irritação/frustração que resulta da não comunicação.
MOVIMENTO
No espaço – Jogo em grupo, num espaço bem definido, onde a tarefa de
cada jogador é circular por toda a área sem tocar em ninguém. O orientador
deveráirreduzindooespaçodeformaatornaratarefaprogressivamentemais
difícil. Deverá igualmente criar um sistema de penalização de acordo com o
grupo com quem trabalha (exemplo: sistemas de pontos, exclusão, etc.).
Em volume – Cabe a cada jogador, de forma estática, ocupar o maior
ou menor espaço, consoante a orientação fornecida, após a qual, os
jogadores colocam-se em posição. Como opção, pode-se criar um grupo
de jogadores e um de observadores que comentam o que viram.
No formato – Vão-se dando indicações para que cada jogador se
desloque experimentando alterações de forma e/ou peso (exemplo: ser
leve como uma pena, pesado como um elefante, ser grande como um
gigante, pequeno como uma formiga, etc.).
Temas de análise: A expressão corporal como forma de comunicação. A
capacidade de ligar a fantasia com a postura corporal. A maior ou menor
dificuldade na ocupação do espaço e o ser-se mais expressivo ou reservado.
14. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
14
A CORREIA ROLANTE
Objetivos: Confiança, desenvolvimento do grupo.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento: Formam-se duas filas de pessoas, de frente umas
para as outras e afastadas cerca de meio metro.
Alinham-se os elementos das duas filas por alturas. O primeiro par
separa-se e, uma destas pessoas deita-se de costas entre os primeiros seis
ou oito membros das filas. Levanta-se a pessoa até à altura da cabeça e esta
é passada, vagarosamente, ao longo da cadeia, até ao fim. Baixa-se com
cuidado o indivíduo até ao chão, quando este chegar ao fim da cadeia.
Conseguem-se melhores resultados se a pessoa estiver relaxada e
fechar os olhos.
É ÓBVIO
Objetivo: Alicerçar a confiança, consciencialização da nossa imagem e
de como olhamos para os outros, quebrar o gelo.
Desenvolvimento:Formam-segruposdequatrooucincoelementosque
se sentam numa pequena roda com o nosso grupo. Concentra-se a atenção
numa pessoa e manda-se cada um dos elementos da roda olhar para A e
deve iniciar uma frase com «É óbvio que tu…». Deve ser algo óbvio, como
por exemplo, uma peça de vestuário – sem se permitirem inferências, a
partir deste ponto. Procede-se de igual forma com B, C, D, etc. Recomeça-
se olhando com mais atenção e iniciando outra frase com «Vejo que tu…»
e que pode ser alguma coisa que não tenhamos reparado à primeira vista,
completando-se uma volta inteira. Recomeça-se outra vez com «Imagino
que tu…». Aqui já é permitido arriscar palpites, deduções, ideias loucas.
Confirmam-se as ideias com a pessoa que foi o ponto de convergência do
jogo: «É verdade?». Debate-se a experiência em grupos pequenos. Reúne-
se um grupo grande e faz-se uma volta com «Eu descobri…».
Variáveis: Imaginem-se outras ideias a respeito de outras pessoas do
grupo. Anotem essas ideias.
RESTABELECIMENTO DA CONFIANÇA
Objetivo: a) Melhorar a confiança mútua;
b) Restabelecer a confiança.
Dimensão do Grupo: Pode-se orientar vários pares simultaneamente.
Duração: Trinta minutos, aproximadamente.
Local: Uma sala suficientemente ampla que possibilite a locomoção
fácil por entre vários obstáculos, previamente colocados.
Desenvolvimento: É um exercício não-verbal muito útil, se for
feito seriamente.
15. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
15
O animador inicia explicando os objetivos do exercício e a técnica.
Uma pessoa irá conduzir a outra por entre obstáculos.
A seguir, uma vez formados os subgrupos pares inicia-se o exercício da
confiança.Apessoaqueforconduzidapelocolegaficacomosolhosfechados.
Quem conduzir coloca os seus braços sobre o ombro do colega e,
durante oito minutos conduzirá, em silêncio, o seu parceiro por entre os
obstáculos colocados previamente na sala.
A pessoa conduzida ficará atenta às próprias reações e sensações.
Decorridos oito minutos revezam-se os papéis e, o exercício prossegue
por mais oito minutos.
Terminado o tempo, processa-se a troca de ideias acerca da experiência
vivida. Cada qual irá expressar as suas reações e as suas sensações,
procurando responder às seguintes perguntas:
• Qual a impressão que teve ao ser conduzido?
• Chegou a resistir ao seu parceiro?
• Mostrou-se confiante ou hesitante?
• Como se sentiu com a reacção do colega?
• Como se sentiu ao ser conduzido?
• Discuta os seus sentimentos. Será que esta experiência serviu
para melhorar as suas relações?
• Procure relacionar estes sentimentos com o processo de
comunicação com os seus colegas. Faça alguma conexão com este
processo de comunicação e com o relacionamento que você tem
para com os outros. Será que precisa de melhorar a sua confiança
nos outros?
• O que mais apreciou neste exercício?
16. 16
Formação
B-
A-
JOGOS DE INTEGRAÇÃO
As técnicas de integração permitem analisar o comportamento
pessoal e do grupo. Isto é possível através de exercícios bem específicos
que possibilitem a partilha de
aspetos mais profundos das relações
interpessoais do grupo.
Para além disto, esta técnica
também permite trabalhar a
interação, a comunicação, os
encontros e os desencontros do
grupo.
Por outro lado, estas técnicas
ajudam a sermos vistos pelos outros
na interação grupal e como nos vemos a nós mesmos, privilegiando o
diálogo profundo em virtude da indiferença, discriminação e desprezo
vividos pelos participantes nas suas relações.
Os exercícios utilizados no desenvolvimento destas técnicas interpelam
as pessoas a pensar as suas atitudes e ao seu ser em relação.
PRESENTES MATERIAIS
Objetivos: Alicerçar a confiança, retroação positiva, aprender a dar e a
aceitar cumprimentos e sugestões.
Material: Lápis, dois ou três pedaços de papel para cada participante.
Desenvolvimento:
(No caso de existirem quadros de giz grandes).
Escrevem-se os nomes de todos os membros do grupo no topo de
uma divisória do quadro. Cada um, por sua vez, vai descrevendo possíveis
“presentes mentais” na divisória correspondente a cada nome. Devem ser
coisas que nós julgamos que as pessoas gostariam ou coisas que pensamos
que elas deveriam ter. Exemplo: “Eu concedo-te a dádiva de apreciares a
tua própria sabedoria.”
(Se não houver os quadros de giz).
Todos escrevem o seu nome em quatro ou cinco folhas de papel que
se metem dentro de um chapéu ou de um prato. Cada um retirará cinco
nomes e definirá quais os presentes para esses mesmos nomes. A um sinal
combinado todos entregam ao coordenador as suas folhas com os presen-
tes, dádivas que poderão ser partilhadas em voz alta se assim o desejarem.
17. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
17
1.
2.
Variáveis:
Em ocasiões festivas, podem trabalhar-se, por exemplo, cartões
de boas festas, ovos de Páscoa, etc., para neles escrever os nossos
presentes imaginários.
Podem repetir-se estas ações, intervalando-as ao longo do curso
ou exercício. Procure oferecer presentes que sejam mais relevantes
para as necessidades do recetor.
TERRITÓRIOS
Objetivos: Definição de valores, desenvolvimento social e de grupo.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento: Negociar a divisão do globo em diferentes países
ou estados e o modo como cada estado cria as suas próprias leis dentro
das suas fronteiras. Cada grupo ou indivíduo delimita um território, com
cadeiras, mesas, etc., e faz as suas leis. Promove-se um debate que pode
levar a várias improvisações dentro de cada território. O coordenador
pode sugerir que a improvisação se baseie em alguém que tenha infringido
uma das leis ou no estrangeiro que visite o novo território, etc.
Variáveis: Um grupo pode assumir o papel de autoridade num
determinado estado e o resto tem de obedecer às suas diretrizes.
Devem-se preparar as ideias ou então o coordenador terá de
desempenhar um papel ativo como cidadão.
Os territórios podem ser lugares imaginários, lugares espaciais, etc.
O CAMINHO DA CONFIANÇA
Objetivos: Alicerçar a confiança, consciencialização sensorial.
Material:Vendaparaosolhos(opcional),espaçodejogo(depreferência
ao ar livre).
Desenvolvimento: É importante realçar que esta é uma experiência
não-verbal. Escolhe-se um parceiro que se queira conhecer melhor.
«A» fecha os olhos (ou vendam-se os olhos) e «B» orienta-o e ajuda-o a
sentir o mundo em seu redor, através dos seus outros quatro sentidos. A
comunicação dos dois só é feita pelo tato. Protege-se o nosso companheiro,
inspira-se-lhe confiança, demonstrando que se tem muito cuidado. Há
que ser delicado e tentar proporcionar-lhe uma experiência agradável.
Passados 10 a 15 minutos trocam-se os papéis. Após igual período de
tempo leva-se o parceiro de volta ao mesmo sítio.
Debate-se a experiência com ele e volta-se ao grupo para fazer uma
volta com «Descobri».
18. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
18
A LUTA DE PALAVRAS
Objetivo: Vencer a timidez, desbloqueio da expressão dramática,
divertimento, imaginação.
Material: Cronómetro ou relógio.
Desenvolvimento: Um participante encara o outro de frente, no meio,
para um despique de 30 segundos: o grupo decide quem ganha e um outro
elemento do grupo pode desafiar o vencedor.
«Os desafios» dividem-se em categorias:
Insultos: insultos falsos,
pitorescos e inventivos; nada de
golpes «baixos» com verdades ou pontos
fracos. Os insultos são feitos em conversa
e devem ser encorajados.
Fôlego redobrado: o parceiro que desafia deve manter uma
torrentecontínuadepalavras;ambosdevemfalaraomesmotempo.
Gíria: transmite-se aos participantes uma emoção que eles
devem expressar (por exemplo, medo), recorrendo a sons
disparatados, falando os dois ao mesmo tempo.
Variáveis: Inventar novas categorias.
ORQUESTRAÇÃO
Objetivo: Concentração, desenvolvimento de grupo.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento:
Cada membro do grupo escolhe um método particular para produzir
um som que tem de ser diferente de todos os outros.
O objetivo principal é ser-se capaz de produzir o som, quando se
quiser, e variar a sua intensidade.
O coordenador inicia com um ritmo bem conhecido de uma melodia
popular e faz sinal ao grupo para que a reproduza, murmurando-a em
uníssono.Depoispedeacadaum,àvez,quecontinueaentoaramelodiacomo
seu próprio tom. Cabe ao coordenador decidir se se continua individualmente
com cada tom particular ou se se contínua com o grupo em uníssono.
Depois de todos terem «cantado» uma vez, o grupo «orquestra» a
canção, cantando cada um com o seu tom específico, mas em conjunto.
O coordenador pode assumir a mímica de um chefe de orquestra, dando
ênfase a uns sons e reduzindo outros.
Variáveis: Inventar melodias.
Trabalhar em conjunto, amplificando sons ou equilibrando-os, para
obtermos um melhor efeito auditivo.
B-
A-
C-
19. 19
JOGOS DE ANIMAÇÃO E RELAXAMENTO
As técnicas de animação e relaxamento têm como objetivo eliminar
as tensões, soltar o corpo, voltar-se para si e dar-se conta da situação
em que se encontra, focalizando o cansaço, a
ansiedade, a fadiga, etc., elaborando tudo isto
para um encontro mais ativo e produtivo.
Estas técnicas facilitam o encontro entre
as pessoas que se conhecem pouco, para além
de serem muito importantes quando o clima
grupal é muito frio e impessoal.
Astécnicasdeanimaçãoerelaxamentodevem
ser usadas quando é necessário romper o ambiente frio e impessoal ou, por
outro lado, quando se está cansado e se necessita de retomar uma atividade.
É importante ressaltar que elas não servem para preencher um vazio
ou o tempo que sobra ao indivíduo.
GIRAR A CABEÇA
Objetivos: Confiança, concentração, relaxamento.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento:Umelementodogrupodeita-senochãoedescontrai-
se. Um outro elemento segura-lhe a cabeça e move-a suavemente para a
esquerda e para a direita. O parceiro que está deitado deve descontrair
os músculos do pescoço e deixar que lhe amparem totalmente a cabeça
(muito difícil).
É necessário ter cuidado, pois a confiança é fundamental nesta
atividade. Os êxitos alcançados nesta difícil atividade devem ser anotados.
CONVERSAS COM O PARCEIRO
Objetivos: Alicerçar a confiança, imaginação, divertimento.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento: Escolhe-se um parceiro a quem
se dá a mão ou se põe o braço por cima deste. Arranja-
se um outro par e com ele se mantém uma conversa
em que cada parceiro, à vez, diz só uma palavra até se
formar uma frase (este jogo torna-se um exercício de
leitura do pensamento).
Variáveis: Formam-se equipas de três ou quatro em vez de pares.
20. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
20
O FEITICEIRO DAS PALAVRAS
Objetivos:Imaginação,comunicação,interaçãodegrupo,divertimento.
Material: Lápis e papel.
Desenvolvimento: (as instruções seguintes são transmitidas devagar,
uma de cada vez, fazendo pausa entre cada uma).
O coordenador diz «Eu sou um feiticeiro que vos vai retirar o dom da
fala. Mas, porque sou generoso, podeis ficar com quatro e apenas quatro
de todas as palavras que existem no mundo. Escolham um parceiro
e comuniquem com ele, utilizando apenas as vossas quatro palavras
complementando-as com gestos… (pausa).
Agora partilhem as palavras com o vosso parceiro, por isso podem
escrever as palavras dele. Têm agora oito palavras. Troquem de parceiros
e comuniquem só com as palavras da vossa lista. Partilhem as palavras.
Repitam este processo trocando de parceiros 4 a 6 vezes.
Agora peguem na vossa lista e tentem escrever um poema utilizando
somente essas palavras».
LEILÕES
Objetivos: Desenvolver a autoconfiança, imaginação.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento: Cada membro do grupo decide leiloar um objeto
imaginário e, depois de alguns preparativos feitos individualmente
(opcionais), os outros elementos do grupo improvisam a venda do objeto.
Cada membro do grupo deve participar como leiloeiro.
Variáveis: A turma traz artigos para serem leiloados a brincar ou
mesmo a sério.
O ADVOGADO
Objetivo: Concentração, aguçar o engenho, divertimento.
Material: Nenhum. Cadeiras colocadas em círculo.
Desenvolvimento: O advogado, que está no meio da roda, diz aos
participantes: «A partir de agora, quando eu vos dirigir a palavra, não me
devem responder. É a pessoa que estiver à vossa esquerda que deve responder
novossolugar.Nãodevemacenar,nemsorrir,nemresponder-medenenhuma
maneira». O advogado dirige-se a um e pergunta: «Compreendes?».
O elemento questionado responde quase sempre e deve ficar fora do
jogo… O advogado recomeça, fazendo perguntas a todos os outros e
pondo-os fora de jogo se eles responderem.
Para avançar para a regra seguinte, e tornar o jogo mais sofisticado,
ninguém poderá responder «Sim» ou «Não».
Podem acrescentar-se novas regras, à medida que o jogo se desenrola.
21. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
21
E-
D-
C-
B-
A-
O CARROSSEL
Objetivo: Desenvolver a improvisação, dramatização, divertimento.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento:
Duas pessoas começam por improvisar uma cena diária de
qualquer área temática, por exemplo: um polícia e um arrombador.
Ficam com os números 1 e 2.
Depois de este cenário estar bem definido, um elemento da
assistência, ao acaso, inicia uma outra cena e fica a ser o número
3. Terá, no entanto, de ser uma temática diferente. (Pode tornar-se num
cirurgião e começar a falar sobre a operação que está a efetuar).
O número 1 terá de arranjar uma desculpa para explicar a sua
saída, no contexto da cena, deixando os números 2 e 3 juntos.
Aparece um número 4 que volta a mudar de tema. O número 2
procura uma desculpa para a sua saída.
O jogo pode continuar enquanto se mantiver a fluidez e a
animação.
JOGOS DE CAPACITAÇÃO
As técnicas de capacitação devem ser utilizadas para trabalhar com
pessoas que já possuem alguma prática
no que se refere à animação grupal. Ela
possibilita a revisão, a comunicação e a
perceção do que fazem os destinatários,
a realidade que os rodeia.
Estas técnicas ampliam a capacidade
de escuta e de observação, facilitando e
clarificando as atitudes dos animadores
para que orientem melhor o seu trabalho grupal de forma mais clara e
livre com os grupos.
22. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
22
LEVAR A MAL E APRECIAR
Objetivos: Avaliação, resolução de problemas, expressão de
sentimentos, alicerçar a confiança.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento: Forma-se um círculo. Cada pessoa faz uma
afirmação que se inicia com «Eu levo a mal que…» (geralmente em
relação ao trabalho que se acabou de fazer ou numa experiência de turma
ou de grupo).
Recomeça-se a volta começando por «Eu aprecio que…»
Antesdeseiniciar,háqueconfirmarsetodoscompreendemosignificado
dos termos. Não são permitidos comentários a ninguém do grupo.
Qualquer pessoa pode dizer «passo», o que significa
«sem comentários».
Qualquer um pode dizer «Eu não levo nada a mal»
ou «Não há nada que eu aprecie».
Nota: Este não é um jogo vulgar mas é de
importância crucial. Por norma, é usado para avaliar
objetivos no decorrer de qualquer curso ou trabalho de grupo.
ESTRUTURAS
Objetivos: Confiança, concentração, controlo corporal.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento:Ocoordenadordivideogrupoempequenossubgrupos.
Cada subgrupo com 2 a 8 elementos «constrói» uma estrutura
específica, ligando os elementos uns aos outros.
Ideias:
Fazer uma ponte suspensa;
Uma ponte arqueada;
Uma árvore;
Um guindaste;
Um edifício moderno;
Um avião/helicóptero;
Na aplicação deste tipo de técnicas, ao propor-se o tema ou conteúdo
principal da atividade devem ser utilizadas dinâmicas que facilitem a
reflexão e o aprofundamento.
É de salientar que este tipo de técnicas é, geralmente, mais demorado.
23. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
23
2.
1.
3.
Um carro/camião/autocarro;
Um barco;
Uma antena;
Uma torre;
Uma abóbada;
Um templo;
Uma catedral.
Variáveis: Andar sem cair.
FANTASIAS DO PROFESSOR E DO ALUNO
Objetivos:Desenvolvimentosocial,improvisação,expressãodramática,
desenvolvimento de valores.
Material: Pequenos grupos ou pares.
Desenvolvimento: Cada par senta-se frente ao outro, de olhos fechados.
Cada pessoa pensa na sua carreira escolar e recorda «o pior professor
que teve». Recorda com pormenor todos os comportamentos aborrecidos
ou desmotivantes desse professor.
Os parceiros abrem os olhos e, à vez, falam a esse
pior professor usando o par como «alvo», dizendo
tudo o que não ousariam dizer-lhe pessoalmente.
Discute-se esta experiência.
Fazem-se os mesmos procedimentos para o
«melhor professor».
No grupo grande faz-se uma volta com «Eu descobri» ou «Eu
verifiquei que».
Variáveis:
Realizar as conversas de modo improvisado.
Utilizar o modelo da «Chuva de Ideias» acerca dos «bons» e dos
«maus» professores.
Escolhe-se uma das qualidades negativas que se vai aplicar a nós
próprios, fazendo uma «Escala de Valores».
A HISTÓRIA VERÍDICA
Objetivos: Auto-revelação, alicerçar a confiança, aptidões auditivas.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento: «A» conta a um parceiro um acidente verdadeiro
que lhe tenha acontecido.
O parceiro, «B», repete-o, tentando manter a mesma inflexão e ênfase
que «A» usou.
24. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
24
«A» assume um papel diferente, por exemplo, de uma velhinha
distraída e conta ou representa a história de novo.
«A» e «B» discutem a experiência.
Invertem-se os papéis e repete-se.
Variáveis: «A» e «B» interpretam as histórias um do outro.
A CONSTRUÇÃO DE UMA HISTÓRIA
Objetivos: Confiança, comunicação, imaginação.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento: Um grupo, formado por quatro pessoas, decide
a escolha de um tema para uma história. Começam por desenvolver a
história e as personagens escolhidas. A determinada altura, o coordenador
substitui as primeiras quatro pessoas por outras para que estas peguem
nas regras das primeiras quatro e continuem a história. Poderão
introduzir ligeiras modificações porque é-lhes permitido substituir uma
personagem por outra diferente. Um ponto há, que deve ser destacado: o
da continuidade das personagens, do tema e também o da continuidade
da história até que o grupo a termine. Esta atividade é muito útil, pois
permite uma discussão construtiva posterior.
Exemplos de temas: Corridas loucas, a casa assombrada, a fuga, a feira
popular, desportos loucos. A extensão da continuação de cada participante
pode variar, acelerando ou retardando assim a velocidade da história.
Variáveis: A história pode ser alargada com a integração de mais
elementos no grupo, de maneira que ninguém fique de fora e, com a
contribuição de todo o grupo. Discutem-se os papéis centrais de ação e a
maneira como evoluíram com a entrada de novos membros.
ESCALA DE VALORES
Objetivos: Auto-validação, clarificação de valores, comunicação,
escuta reflexiva.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento: O grupo e o seu coordenador escolhem a temática
a avaliar. Por exemplo:
Limpeza – sujidade;
A escola é formidável – a escola é horrível;
Comer de tudo – ser esquisito;
Avareza – esbanjamento;
TV sempre – TV nunca;
Não querer amigos – querer que todos sejam amigos;
Pessoa decidida – pessoa indecisa;
100% feliz – 100% infeliz;
Não discutir nunca – discutir sempre;
25. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
25
Seguir os outros – ser individualista.
Nota: A temática pode ser muito mais sofisticada do que a
apresentada acima.
Escolhe-se um canto da sala para as pessoas que partilhem um ponto
de vista extremo e, no outro canto, para as que partilham o ponto de vista
oposto. Convida-se, então, cada um, a dispor-se de acordo com a sua
opinião ou prática, ao longo da parede entre os dois cantos, segundo uma
escala de valores imaginária. Se duas ou mais pessoas quiserem ocupar
o mesmo ponto podem formar uma fila ou sentar-se frente à parede.
Tal como sucede nos outros jogos, não se critica a escolha que cada
participante fizer.
Variáveis: Cada um escolhe onde gostaria de estar e, não
necessariamente, onde está na realidade.
Cada pessoa explica por que motivos escolheu uma determinada
localização.
Dividir a escala em dois lados, estimulando um diálogo entre eles
sobre «Nós temos razão porque…».
JOGO DO AUTODOMÍNIO
Objetivos: Confiança, controlo corporal, reconhecimento sensorial.
Material: Nenhum.
Desenvolvimento: Pede-se ao grupo que se deite de costas no chão,
braços ao longo do corpo e com os pés afastados. O coordenador conta
até dez (mais ou menos 10 segundos), tempo durante o qual o grupo
conta o número de inspirações e expirações (ou seja, o número total de
respirações) que é em média de cinco.
Este número é aumentado de forma a que o grupo possa contar dez ou
mais respirações nos dez segundos.
O total também pode ser reduzido para uma por três ou uma por cinco
segundos, etc.
Variáveis: Controlar a velocidade de marcha do grupo. Caminhar
muito depressa/subitamente, contrastando com um passo muito vagaroso.
O grupo deita-se de barriga para baixo e cada pessoa arqueia as costas
usando o estômago como ponto de apoio.
Devem levantar-se os pés e os ombros do chão. O coordenador
estabelecerá a duração de cada exercício
Cada pessoa fica de pé com os braços estendidos ao longo do corpo e
os pés ligeiramente afastados. Sem a ajuda do coordenador, cada um vai
balançar o corpo em qualquer direção.
A questão está em ser-se capaz de atingir ângulos difíceis sem perder
o equilíbrio.
26. 26
Formação
O conflito é uma realidade do dia-a-dia de uma pessoa. Ou em casa
ou no local de trabalho, as necessidades e os valores da pessoa entram
constantemente em choque com os das outras pessoas.
Há conflitos relativamente pequenos e fáceis de vencer. Outros são
maiores e requerem uma estratégia para uma solução satisfatória ou, pelo
contrário, criam tensões constantes e inimizades em casa ou no trabalho.
A habilidade em solucionar satisfatoriamente os conflitos é
provavelmente uma das mais importantes que uma pessoa pode possuir
do ponto de vista social. Para além disso, há
poucas oportunidades formais na nossa sociedade
que a ensinam. Assim, como qualquer outra
habilidade humana, a solução de conflitos pode
ser ensinada. Como outra habilidade, ela consiste
numa infinidade de sub-habilidades, cada uma
separada e mesmo assim interdependente. Estas
habilidades precisam de ser assimiladas, tanto no
nível cognitivo como ao nível comportamental.
As crianças solucionam os seus conflitos
através das suas próprias estratégias. Embora estas estratégias nem sempre
solucionemsatisfatoriamenteosseusconflitos,mesmoassimelascontinuam
a usá-las na falta de mais esclarecimento acerca de outras alternativas.
A solução dos conflitos pode ocorrer mediante três estratégias:
evitando-os, adiando-os e confrontando-os.
Evitar e confrontar são estratégias diametralmente opostas.
Há pessoas que procuram evitar situações conflituosas e outras
que procuram fugir de certos tipos de conflitos. Tais pessoas tentam
reprimir reações emocionais, procurando outros caminhos ou mesmo
abandonando inteiramente a situação. Isso ocorre porque ou as pessoas
não sabem enfrentar satisfatoriamente tais situações ou porque não
possuem habilidades para negociá-las satisfatoriamente.
Embora as estratégias de evitar tenham um certo valor nas ocasiões em que
a fuga é possível, elas geralmente não fornecem ao indivíduo um alto nível de
satisfação.Elastendemadeixardúvidasemedosacercadoencontrodomesmo
tipo de situação no futuro e, a respeito de valores como coragem e persistência.
A tática consiste essencialmente numa ação de protelação em que a
situação arrefece, pelo menos temporariamente o assunto não permanece
muitoclaroe,umatentativadeconfrontoéimprovável.Assimcomonocaso
anterior, a estratégia do adiamento resulta em sentimentos de insatisfação
e insegurança acerca do futuro, o que preocupa a própria pessoa.
A terceira estratégia envolve um confronto com as situações e pessoas
em conflito. Este confronto pode, por sua vez, subdividir-se em estratégias
JOGOS PARA A SOLUÇÃO DE CONFLITOS
27. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
27
de poder e de negociação. As estratégias de poder incluem o uso da
força física e outras punições. Tais táticas são muitas vezes eficientes.
Geralmente há um vencedor e um vencido. Infelizmente para o vencido
o conflito muitas vezes recomeça. Hostilidade, angústia e ferimentos
físicos são muitas vezes as consequências das táticas dos protagonistas da
estratégia do poder.
Usando a estratégia da negociação, ambos os conflitos podem ganhar.
O objetivo da negociação consiste na resolução do conflito com um
compromisso ou solução que satisfaça ambos os envolvidos no conflito.
Tudo indica que o uso da estratégia da negociação fornece geralmente
uma quantidade maior de consequências positivas ou, ao menos, poucas
consequências negativas.
Porém, as boas negociações exigem outras habilidades que precisam
de ser aprendidas e praticadas. Tais habilidades incluem a habilidade de
determinar a natureza do conflito, eficiência em indicar as negociações,
habilidade em ouvir o ponto de vista do outro e, o uso do processo da
solução do problema através da decisão de consenso.
EXERCÍCIOS DE VISÃO
Objetivos: a) Sensibilizar o órgão da visão;
b) Obrigar os participantes a caracterizar a diferença
entre “olhar” e “ver”.
Dimensão do Grupo: Com qualquer número.
Duração: Trinta minutos, aproximadamente.
Local: Uma sala suficientemente ampla para acomodar todas as pessoas
participantes.
Desenvolvimento: O animador começa por
explicar a máxima importância que todos temos
em aprender a ver. No dia-a-dia acontece que
muitas vezes olhamos e não vemos.
A seguir convida os participantes do grupo
a perambularem pela sala, procurando ver com
atenção, descobrindo coisas novas.
Decorridos cinco minutos, o animador coloca
um relógio de pulso sobre a mesa com o mostrador virado para cima e,
pede aos participantes que olhem com atenção para esse relógio.
Uma vez visto o relógio, o animador formulará as seguintes perguntas:
- “De que marca é o relógio?”
- “Como é o marcador: em algarismos arábicos ou romanos?”
- “Outras características?”
28. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
28
Uma vez colhidas as respostas, verificar-se-á que muitos só olharam
para o relógio sem o terem visto realmente.
MUDANÇA
Objetivo: Essa dinâmica é utilizada para se falar sobre processos de
mudança.
Dimensão do grupo: Não há limites;
Material: Não necessita de material;
Desenvolvimento: O condutor da dinâmica solicita às pessoas que
fiquem em pares e de frente um para o outro. Pede-se que os participantes
observem bem quem se encontra à sua frente.
Solicita-se então que fiquem de costas um para
o outro e que mudem alguma coisa em si.
Após alguns segundos todos voltam à ficar de
frente para seus pares e tentam adivinhar o que o
outro mudou em si.
Pode-se repetir umas cinco vezes esta etapa,
aumentando a velocidade.
Possíveis temas para discussão:
• Mudar não é somente tirar coisas mas também agregar;
• O quanto eu procuro ou não recurso nas outras pessoas para mudar;
• Ter que mudar a toda a hora é incómodo, pois retira-nos da nossa
zona de conforto.
ESTAMOS TODOS NO MESMO SACO
Objetivo: Este jogo facilita a vivência de valores.
Dimensão do grupo: De 4 a 40 participantes .
Material: Um saco gigante, confecionado com tecido utilizado para
forro de biquínis e calções, pode ser adquirido em lojas de venda de tecido
ao metro. Deverá vir em formato tubular, será só medir a altura do saco
que achar ideal, cortar, costurar e está pronto.
Desenvolvimento: Podemos iniciar o jogo (por exemplo com 40
pessoas) questionando se todo o grupo caberia dentro deste saco gigante.
Após a constatação de que é possível todos entrarem é possível estipular
um percurso a ser percorrido pelo grupo.
O grupo poderá a qualquer momento fazer um pedido de tempo para
a escolha de novas estratégias.
Posteriormente podemos aumentar o desafio e o grau de dificuldade
29. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
29
colocando novos obstáculos no caminho a ser percorrido.
O jogo termina quando os participantes atingem o objetivo.
Dicas: Durante o jogo a comunicação no grupo é um fator fundamental
para o sucesso.
Caso seja necessário auxilie o grupo nesta tarefa.
Deverá dar tempo sempre que os intervenientes o solicitarem,
conversar neste jogo é muito importante.
Caso haja no grupo pessoas que pelas suas características físicas tenham
dificuldadeemjogar,fiqueatentoàformacomoogruporesolveestaquestão.
Para confeção do saco gigante peça ajuda a uma costureira profissional,
irá ajudar bastante.
FÁBRICA
Objetivos: Formação de equipas. Relacionamento Interpessoal.
Criatividade.
Dimensão do grupo: Não há limite
Material: Sucata.
Desenvolvimento: Disponibilizar material de sucata para o grupo.
O cenário é que o grupo todo deverá montar uma
fábrica, passando por todos os processos, sendo que
o tempo de que disporão será de 40 minutos para
elaborar o trabalho.
Nodecorrerdotempo,eaintervalos,ofacilitador
passa algumas orientações para o grupo, como:
a) A fábrica deve produzir um produto inusitado;
b) A fábrica deverá possuir 3 linhas de produção;
c) O tempo foi reduzido a 30 minutos.
CASAMENTO EM ALTO MAR
Objetivos: Desenvolver a flexibilidade, liderança e a capacidade de
comunicação através do consenso.
Dimensão do grupo: Não há limites
Material: Cópia do texto para cada participante
Desenvolvimento: O condutor da dinâmica irá entregar o texto abaixo
a cada participante, pedindo que, após a leitura, classifique as personagens
conforme as orientações presentes no final do texto:
Um casal de noivos marcou o seu casamento e decidiu realizar
a cerimónia em alto mar. Apanharam um barco conduzido por um
experiente marinheiro, uma senhora e um amigo do noivo.
Durante a viagem, veio uma tempestade muito forte, e o noivo
foi projetado para a água, perdendo-se no mar. A noiva procurou o
30. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
30
marinheiro e implorou para que ele resgatasse o seu noivo. O marinheiro
propôs, levando em conta que ela não tinha dinheiro suficiente para pagar
por um serviço tão perigoso, que pelo menos cortasse um dedo da sua
mão esquerda como prova de amor.
A noiva, sem saber que decisão tomar, pensou que a velha senhora
pudesse ajudá-la com sua sabedoria. A senhora disse: “Faça o que quiser,
não posso decidir por si.”
Depois de pensar muito, decidiu aceitar a proposta do marinheiro,
pedindoaoamigodeseunoivoqueaajudasseacortarodedo.Omarinheiro
então, cumprindo sua promessa, resgatou o jovem noivo do mar.
Logo que recuperou os sentidos e soube do acontecido, virou-se para a
noiva e disse que não casaria mais com ela, pois não conseguiria vê-la sem
um dos dedos da mão.
O amigo do noivo, ao ouvir sua decisão, imediatamente propôs à
jovem casar-se com ela. A jovem não só aceitou a proposta como pediu ao
marinheiro que atirasse novamente o seu antigo noivo ao mar.
Individualmente, classifique os personagens da história de 1 a 5, sendo:
1 = Pior
5 = Melhor
( ) Noiva ( ) Noivo ( ) Amigo do noivo ( ) Marinheiro ( ) Velha senhora
Após todos preencherem as suas folhas o condutor da dinâmica pedirá
que o grupo chegue a um consenso, observando durante a discussão as
atitudes de liderança, comunicação, flexibilidade e consenso.
AS GARRAFAS
Objetivo: Analisar a importância da organização, diferenciando uma
ação espontânea de uma ação planeada.
Dimensão do grupo: No mínimo 20 participantes
Material: Flip-chart, 6 garrafas vazias, de boca não muito estreita e
areia na quantidade exata para encher as seis garrafas, lona de 1x2m para
apanhar a areia que cair ao chão.
Desenvolvimento: Pede-se a 6 voluntários que se coloquem em fila e
aos pés de cada um coloca-se a garrafa vazia. Distante dos participantes, a
cerca de 6 metros, coloca-se a areia.
O objetivo é encher todas as garrafas com areia. A areia que for
derramada para fora do recipiente não poderá ser reaproveitada. Ganha o
que encher sua garrafa e, de volta ao seu lugar, colocar a garrafa aos seus
pés. O condutor da dinâmica conta até três e dá a ordem de partida e os 6
saem ao mesmo tempo em direção à areia.
Quando o primeiro voltar com a garrafa cheia, os outros param
imediatamente de encher suas garrafas.
31. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
31
Todos mostram o quanto conseguiram colocar nas suas garrafas e
verifica-se quanta areia ficou espalhada pelo chão.
Em seguida, pedem-se 6 novos voluntários e repete-se o exercício.
Antes de dar a ordem de partida, faz-se uma pequena avaliação de como
se comportou a equipa anterior. Antes de se fazer uma terceira volta da
mesma atividade, avalia-se novamente o desempenho da equipa anterior.
Finalmente, avaliam-se as três etapas da dinâmica.
Para esta discussão final, é interessante que as avaliações feitas em cada
etapa estejam anotadas de forma que todos possam tê-las à vista.
O condutor da dinâmica pede que todos reparem na avaliação da
primeira volta. Questiona por que aconteceram as coisas daquela maneira?
E pode, a partir do que for dito pelo grupo, analisar os elementos de uma
ação espontânea.
Ao analisar a segunda volta, pode perguntar que elementos foram
superados em relação à primeira? O que permitiu superar estas coisas?
Neste momento, o condutor da dinâmica pode reafirmar o que significa a
experiência que se vai acumulando em relação ao planeamento e à ação e
a importância de se refletir sobre ela. Ao analisar a última volta, discute-
se a fundo a necessidade de realizar ações de forma planeada, avaliando
os erros e os acertos. Posteriormente, analisa-se a importância de seguir
os objetivos de forma coletiva e completa (e não apenas parcialmente),
observando que não se tratava de uma competição, mas que o objetivo
era que todos enchessem as suas garrafas. Foi dito no começo que “ganha
aquele que conseguir encher a sua garrafa e, de volta ao seu lugar, colocar
a garrafa aos seus pés”.
Logo depois desta etapa, o facilitador da dinâmica deve levar as
pessoas a compararem a dinâmica com o que se passa na vida real de
cada um dos participantes.
Recomendação: Durante o desenvolvimento da dinâmica, o condutor
da mesma deve estar atento para que as avaliações sejam sobre a própria
dinâmica e não se entre em reflexões sobre a vida. Já na reflexão final
deve tentar que se deixe de lado o que aconteceu na dinâmica para que se
analise a realidade.
32. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
32
PASSEIO SINÉRGICO
Objetivos: Vivenciar a resolução de um desafio em equipa no qual seja
necessário: planear, organizar, ouvir, aceitar lideranças, cuidar do próprio
ritmo em função do ritmo do grupo, procurar a sinergia.
Dimensão do grupo: De 10 a 30 participantes.
Material: 1 Corda curta ou cabo por participante, cartaz com as regras.
Desenvolvimento: O espaço para esta dinâmica deve ser ao ar livre ou
numa sala grande sem mesas e cadeiras.
O condutor da dinâmica pede aos participantes que fiquem lado a lado,
abraçados pela cintura. Com o apoio de outro facilitador amarram-se com
as cordas os pés de todos (pé direito com o pé esquerdo do colega ao lado e
assim sucessivamente). Marca-se, distante do grupo, uma linha de chegada
com a qual o condutor da dinâmica desafia os participantes a atingi-la de
acordo com as seguintes regras (que devem ser escritas no cartaz):
• O grupo deverá planear uma forma de atingir o alvo a caminhar
naturalmente;
• A fila deve permanecer reta durante o trajeto;
• Definirem algum código verbal, este só poderá ser falado até o
meio do trajeto (exemplo: esquerda, direita, um, dois, etc.);
• O número de tentativas é reduzido a cinco vezes;
• O tempo é limitado a 10 minutos.
No final forma-se um círculo onde as pessoas terão espaço para relatar
sentimentos e avaliar a forma como realizaram a tarefa. Encerra-se a
actividade promovendo a discussão sobre os aspetos necessários para o
bom funcionamento de um trabalho em equipa.
Outros indicadores:
• Sinergia;
• Atenção ao próprio ritmo e dos outros;
• Comunicação intergrupal;
• Cooperação;
• Liderança;
• Organização para o trabalho;
• Planeamento participativo.
DESARMAR A BOMBA
Objetivos:Desenvolverotrabalhoemequipa,acriatividade,aliderança
e a cooperação.
Dimensão do grupo: De 8 a 24 participantes.
Material: Balde com água, uma bola (bomba), uma revista (que não pode
33. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
33
ser rasgada), duas folhas de papel negativo, 1,5m de fio, 60cm de fita-cola.
Desenvolvimento: A área para a realização desta dinâmica deve ser,
preferencialmente, em ambiente aberto (ar livre) mas, adaptando-se, é
possível também realizá-la em ambiente fechado.
O facilitador deverá dividir o grupo em pequenas equipas (de 3 a 6
participantes cada). Distribui-se o material juntamente com o texto abaixo:
Olá,
A sua equipa faz parte de um Esquadrão Especial de desactivação
de bombas que tem como objetivo desativar todas as bombas que se
encontram na área.
Para isso vocês deverão observar as seguintes regras:
Para neutralizar a bomba (bolinha), ela deve ser colocada
suavemente dentro da água que está no balde;
Nenhuma parte do corpo humano pode chegar a menos de 1,5m
de distância do balde sob o risco da bomba explodir;
A bomba não pode ser atirada. Se bater com força em qualquer
coisa ela explode;
A água do balde não pode espirrar para fora porque ela também
faz explodir a bomba;
A sua equipa pode utilizar apenas o material que recebeu para
desmontar a bomba, lembrando que a revista deverá ser devolvida sem se
rasgar no final da operação.
Boa sorte!!
O tempo para realização da tarefa dependerá do condutor da dinâmica
que levará em conta o público e o número de participantes.
No final o facilitador conduzirá uma discussão dirigida abordando as
experiências de cada um (ou da equipa se esta eleger um orador).
PRÉDIO DO CIÚME
Objetivos: Desenvolver a flexibilidade, liderança e a capacidade de
comunicação através do consenso.
Dimensão do grupo: Não há limites
Material: Cópia do texto para cada participante.
Desenvolvimento: O condutor da dinâmica irá entregar o texto abaixo
a cada participante, pedindo que, após a leitura, classifique as personagens
conforme as orientações no final do texto:
O JOÃO está casado com a FÁTIMA há muitos anos.
Depois de um certo tempo, o JOÃO começa a perceber um afastamento
por parte da esposa e fica carente.
34. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
34
JOÃO reencontra a MÓNICA, com quem teve um caso no passado,
e retomam a relação às escondidas. A MÓNICA visita o JOÃO no seu
apartamento enquanto a FÁTIMA vai trabalhar.
CRISTIANAéairmãdaFÁTIMA.EladesconfiaqueoseumaridoPEDRO
tem um caso com a MÓNICA, pois vê-a muito pelo prédio onde mora.
O casal JOÃO e FÁTIMA mora no mesmo prédio da CRISTIANA e
do PEDRO.
A CRISTIANA está a atravessar uma fase de muitos transtornos
psicológicos e tem um ciúme doentio do marido, mas não tem a
preocupação de se tratar.
PEDRO, já impaciente com a doença da esposa, não se preocupa muito
em dar satisfação à esposa sobre seus possíveis casos amorosos.
FÁTIMA, por sua vez, por não gostar da MÓNICA, começa a falar mal
dela para a sua irmã, dizendo que ela é uma oferecida e que não vale nada.
FLÁVIO, um vizinho que conhece bem os moradores do prédio, sabe
que a CRISTIANA gostaria de comprar uma arma. Ele vende-lhe a sua em
três parcelas sem juros.
Quando a CRISTIANA vê a MÓNICA sair do seu prédio com o cabelo
molhado, tem uma crise de ciúmes e dá três tiros na MÓNICA, que morre.
Após ler com atenção o texto, coloque os personagens em ordem de
culpa, ou seja, o número 1 como o maior responsável pelo que aconteceu e
os demais em ordem decrescente, ficando o número 6 para o menos culpado.
Opinião Pessoal: Opinião do Grupo:
ORDEM PERSONAGEM ORDEM PERSONAGEM
1º 1º
2º 2º
3º 3º
4º 4º
5º 5º
6º 6º
35. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
35
LARANJAS UGLI
Objetivos: Colocar os participantes numa situação de negociação a
fim de se observar a negociação, persuasão, criatividade, foco no objetivo,
fluência verbal, produtividade sob tensão e saber ouvir.
Dimensão do grupo: De 15 a 25 participantes.
Material: Cópia do texto para cada participante.
Desenvolvimento: Escolher de um a três voluntários que representarão
o produtor de laranjas Ugli e dividir o restante da turma em dois grupos.
Texto para os produtores:
Vocês são os únicos produtores de laranjas ugli no País, uma qualidade
rara de laranjas, uma verdadeira descoberta, com sementes importadas do
Médio Oriente que segundo as últimas descobertas, tem um grande poder
curativo e poderá ser usada na composição de medicamentos poderosos
para o combate de doenças graves. Trata-se de uma produção modesta.
Em breve estarão a receber algumas propostas de grandes laboratórios.
CadaumdoslaboratóriosqueestãointeressadosnaproduçãodeLaranjas
UgliprecisamdeumcomponenteespecíficodaLaranja.Umestáinteressado
na casca, outro nos gomos, e assim por diante. Entretanto este detalhe não
será abordado pelos produtores, esperando-se que os representantes dos
Laboratórios percebam e entrem num acordo ganha-ganha.
Ainda sobram o suco e a semente. As sementes interessam aos
produtores para replantarem a laranja. Os produtores investiram na
plantação desta qualidade de Laranja com o objetivo de lucro e a procura
dos Laboratórios valorizam ainda mais esta qualidade de laranjas.
Texto do grupo 1:
Vocês fazem parte do quadro de cientistas de um grande Laboratório
multinacional, Labosaúde, que está prestes a descobrir um medicamento
que será a solução definitiva para a cura da Sida. Estão dependentes
apenas de uma matéria-prima rara, a casca da laranja ugli, muito difícil
de se encontrar no mercado, porém acabaram de descobrir um produtor
de laranjas Ugli, que tem uma produção abaixo das necessidades do
Labosaúde, mas devido à grande dificuldade de se conseguir esta espécie
rara de laranjas, é uma grande descoberta e o Laboratório empenhará
todos os seus esforços para que esta produção seja integralmente fornecida
para este grandioso projeto. Iniciar um negócio com este produtor será a
solução para que o Labosaúde resolva todos os seus problemas financeiros
e consiga notoriedade no mercado mundial pela sua grande descoberta...
36. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
36
Texto do grupo 2:
Vocês fazem parte do quadro de cientistas de um grande laboratório:
Labormed, que acaba de descobrir um medicamento que previne e
cura qualquer tipo de cancro. O grande drama encontra-se na matéria-
prima que são os gomos da laranja Ugli, para confeção do medicamento.
Acabaram de ter notícias de um produtor cuja produção inteira viria
atender a necessidade do laboratório para colocar no mercado um
medicamento que iria prevenir e aliviar o sofrimento de muitas pessoas.
O grande desafio do Labormed é convencer esse produtor de laranjas
tão rara e valorizadas, a fornecer toda sua produção em benefício deste
projeto que será um grande benefício para a humanidade além de lançar
o Labormed entre os maiores Laboratórios do mundo.
Cada equipa terá a missão de convencer o produtor a fornecer toda a
sua produção de laranjas ugli. O condutor da dinâmica solicitará às duas
equipes que leiam as suas informações e dará 10 minutos para escolherem
um negociador que representará a empresa em reunião com produtores
de laranja. A reunião deverá durar 20 minutos, ao fim da qual deverão ter
chegado a alguma conclusão.
Após chegarem à conclusão final, os participantes fazem avaliação da
sua participação e do resultado da reunião.
BUNKER
Objetivos:Desenvolverotrabalhoemequipaecapacidadedenegociação.
Dimensão do grupo: Não há limite.
Material: Cópia do texto para cada participante.
Desenvolvimento: Distribuir os papéis dos potenciais sobreviventes
aos participantes para que defendam a sua causa pela sobrevivência.
Disponibilizar 15 minutos para chegarem a uma decisão. Impressionar o
grupo com a emergência da situação, avisando quanto tempo falta.
Ponha em discussão qual foi a base para chegar a uma conclusão.
Texto:
Daqui a 40 anos um cometa irá destruir toda a vida humana na Terra,
a qual entrará num período de 3 meses de frio e escuridão. Os cientistas
acham que a Terra não terá condições de manter a vida humana. Vocês
estão seguros, num bunker que os manterá em condições apertadas, mas
toleráveis, durante 6 meses, passados os quais poderão sair e tentar viver
lá fora. Quanto sabem, vocês são as únicas pessoas do mundo que irão
37. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
37
sobreviver. O bunker tem capacidade para mais 5 pessoas, e as portas só
serão fechadas quando a capacidade estiver completa. Há 16 pessoas lá
fora, dentro das quais vocês poderão escolher os outros 5 sobreviventes:
Maria - Bióloga
Colombiana, 31 anos, especialista de renome mundial sobre a ecologia
da Amazónia e os possíveis efeitos de um inverno nuclear. Durante seu
trabalho em campo, desenvolveu conhecimentos sobre reprodução
animal. Locomove-se numa cadeira de rodas, em consequência de um
acidente de helicóptero.
John- Estudante
25 anos, formado na Universidade de Londres, a frequentar a pós-
graduação em metalurgia. O seu chefe no trabalho duvida que ele consiga
concluir o curso.
Paulo - Trabalhador Rural
59 anos, viúvo, sofre de reumatismo e tem deficiência auditiva. Muita
experiência e bom conhecimento de agricultura.
Lu - Engenheira Mecânica
Chinesa, 34 anos, estava a verificar o sistema de ventilação do bunker
quando surgiu a emergência. Tem profundos conhecimentos de sistemas
de controlo informatizados.
Renata - Dentista
Australiana, 25 anos, ainda em boa forma física. Sofre de uma doença fatal.
Laura - Cozinheira
46 anos, divorciada, trabalha num restaurante próximo. Tem grande
experiência em alimentação. Após o divórcio, teve uma série de romances
fracassados que a levou ao alcoolismo.
Gustavo - Menino
8 anos, mimado, inteligente e um pouco precoce. Os professores e
psicólogos prevê-em um futuro académico brilhante.
Leo - Segurança
29 anos, exonerado do exército com desonra. Anda armado.
38. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
38
Márcia - Psicanalista
57 anos, trabalhou como psicoterapeuta, muito conceituada na sua
profissão. Cega.
Patrícia - Médica
31 anos, trabalha numa clínica de doenças transmissíveis. Embora
tenha uma visão liberal quer que seus filhos sejam padres e freiras.
Alice - Professora
27 anos, trabalhou com crianças de todas as idades. Recuperou-se
recentementedeumaoverdosededrogaseaindaestáatomaranti-depressivos.
Andreia - Menina
Uma criança de 10 anos muito mimada que quando contrariada acaba
a chorar escandalosamente.
Mariana - Ex-presidiária
Foi condenada a 25 anos de prisão. Saiu há uma semana e está a ter
dificuldades em adaptar-se a sociedade.
Joana - Prostituta
30 anos, vem de uma família de classe média. Nunca gostou de estudar
e trabalhar. Como opção resolveu prostituir-se.
Paula - Advogada
Brilhante advogada de 49 anos, reconhecida pelo seu brilhantismo em
todo mundo no que se refere a ações cíveis. Tem uma personalidade difícil
sendo conhecida pela sua teimosia e rigidez.
Manuela – Baby-Sitter
35 anos, cuidava de crianças até que se envolveu num caso de agressão
a uma delas.
39. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
39
ESTUDO DE CASO – ADVOGADO
Objetivos: Desenvolver a habilidade de resolução de problemas em
situações de aparente caos.
Dimensão do grupo: Até 10 participantes
Material: Cópia do texto para cada participante.
Desenvolvimento: O condutor da dinâmica entrega a cada participante
uma folha do texto abaixo e uma caneta. Individualmente (ou em grupo,
quando for o caso) os participantes tentarão resolver o problema apresentado:
AWDPéumaempresadoramodeinformática,comaproximadamente
500 funcionários. Hoje ela é considerada líder de mercado.
No ano de 1997, após um trabalho bastante forte na área de vendas,
visando aumentar o número de clientes a empresa conseguiu elevar em
37% a carteira.
A empresa vibrou muito com essa conquista. No entanto surgiu um
problema; o incumprimento monetário de vários deles.
O departamento de cobrança tem enfrentado grandes dificuldades no
sentido de fazer com que esses clientes cumpram os contratos.
A direção da WDP tem pressionado o departamento, pois a faturação
está muito baixa em função desta situação.
É importante considerar que esses são apenas dois casos, mas o volume
do acumulado está na ordem de aproximadamente 327 processos.
Cliente: 1
Valor do Contrato: 300.000,00 euros
Data do contrato: 20/11/07
Último vencimento: 20/11/08
Este cliente só cumpriu as três primeiras parcelas.
Cliente: 2
Valor do Contrato: 5.000,00 euros num ano
Data do Contrato: 02/12/07
Neste caso até agora o cliente não pagou nenhuma parcela.
Nosdoiscasosfoitentadoumacordo,porémnãohouveocumprimento
da proposta. Diante do exposto de que forma conduziria a situação para
que o problema fosse resolvido?
Situação
A
40. Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
40
Um cliente adquiriu um software no valor de 150.000,00 euros mais
mão-de-obra especializada. Tal produto apresentou problemas, levando à
queda na faturação do cliente e consequentemente, à sua insatisfação. O
mesmo quer a restituição do valor, devidamente corrigido pelas taxas do
governo, mais 6% ao mês pelo prejuízo causado.
A WDP não aceita a proposta porque vai além das suas
possibilidades. A contra proposta é apenas a restituição do
valor, de acordo com o IGPM. O cliente não aceita e quer
abrir processo contra a WDP.
Situação
B
Objetivo: Exercitar o trabalho em Equipa, trabalho sobre pressão e
tomada de decisão.
Dimensão do grupo: Não há limite
Material: Não necessita material
Desenvolvimento: O condutor da dinâmica informa aos participantes
que será colocada uma determinada situação e que o grupo deve discutir
as suas opiniões a respeito de que atitude teriam em relação à decisão
abaixo e o porquê:
Estamos na véspera do Carnaval de Veneza, onde a procura de
alojamento em hotéis no centro da cidade é muito grande.
Num hotel perto da Piazza de San Marco, de categoria 5 estrelas, foram
reservados todos os apartamentos para as festividades carnavalescas.
A cada final de semana, você, que é o gerente de reservas, faz um Check
do número de apartamentos e das confirmações. Mas, para sua surpresa,
houve um erro operacional da sua equipa. Foi reservada a mesma suíte
para 2 casais especiais:
ESTUDO DE CASO – HOTEL
Situação
41. Módulo 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas:
Manual de Dinâmicas de Grupo
41
• Um vinha em lua-de-mel e foi um grande contato do promotor de
vendas, que estava a procurar esta oportunidade já algum tempo;
• O outro casal está em comemoração dos seus 25 anos de casados,
pois tinham sido presenteados pelos seus filhos com uma volta ao
mundo, e o nosso hotel foi escolhido, porque fazia parte de grande
roteiro turístico.
Os dois casais são pessoas influentes e qualquer problema poderia
prejudicar a imagem do estabelecimento.
Você está num período de muita correria e de algumas horas extras.
Então resolve não apresentar o seu erro ao Gerente Geral do hotel, com
receio da sua reação, encaminhando o assunto à sua maneira.
Decide então manter a reserva para um dos casais e entra em contato
com o outro para cancelar a reserva e explicar-se.
42. 42
Formação
Caetano, A. P ( 2004) A complexidade dos processos de formação e a mudança dos
professores. Um estudo comparativo entre situações de formação pela investigação-ação,
Porto: Porto Editora
Campos, B.P. (1995) Formação de professores em Portugal, Lisboa: IIE
Campos, B. P. (2002) Políticas de Formação de Profissionais de ensino em Escolas
Autónomas, S.ta Mª da Feira: Editora Afrontamento
Campos, B. P. (2003) Quem pode ensinar. Garantia da qualidade das habilitações para
a docência, Porto: Porto Editora
Canário, R. (1992) (org) Inovação e Projecto Educativo de Escola. Lisboa: Educa.
Canário, R. (Org.) (1997) Formação e situações de trabalho, Porto: Porto Editora
Abrantes, J. C. (1992) Os Media e a Escola, Lisboa:Texto Editora
Benavente, A, (1992) As ciências da Educação e a inovação das práticas Educativas in
Decisões nas Políticas Educativas, Sociedade portuguesa de Ciências da Educação, Porto
Chadwick, C. B. (1992) Tecnologia Educacional para el docente, 3.º Edição, gabinete
de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação
Comissão de Reforma do Sistema Educativo (1998) Novas Tecnologias no Ensino na
Educação, Edição do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação
BIBLIOGRAFIA