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Artigo Original




ambiente familiar e consumo de álcool e tabaco entre adolescentes
Familiar environment and use of alcohol and tobacco among teenagers

Rafael Souza Moreno1, Renato Nabas Ventura2, José Roberto S. Brêtas3

Resumo                                                                     aBsTRaCT

   Objetivo: Analisar a influência do ambiente familiar em                    Objective: To analyze the influence of the family
relação ao uso de álcool e tabaco pelos adolescentes.                      environment in relation to alcohol and tobacco use among
   métodos: Trata-se de estudo descritivo, elaborado a partir              adolescents.
da análise e aprofundamento da categoria referente ao uso de                  methods: This was a descriptive study consisting of
drogas lícitas e a influência familiar, presente em um questio-            in-depth analysis on the topic of family influence related
nário semiestruturado, contendo ao todo 25 questões sobre o                to legal drug use. A semi-structured questionnaire
uso álcool e tabaco, realizado junto a 1.533 adolescentes de               containing 25 questions on alcohol and tobacco use
ambos os sexos, tendo por critérios de inclusão: adolescentes              was completed by 1,533 adolescents of both genders.
entre dez e 20 anos de idade, matriculados e frequentando                  Inclusion criteria were: adolescents aged ten to 20 years
regularmente a sexta, a sétima ou a oitava séries do ensino                who were regularly attending morning classes in the
fundamental e o primeiro, o segundo ou o terceiro anos do                  sixth, seventh or eighth years of elementary education or
ensino médio das escolas estaduais situadas nas regiões de                 in the first, second or third years of high school education
Santo Eduardo e Santa Emília, no município de Embu, no                     at state schools in two regions of the municipality of
período matutino, e que aceitaram participar das oficinas                  Embu, São Paulo, Brazil. Subjects agreed to participate in
de prevenção e promoção da saúde realizadas pelo Projeto                   preventive health promotion workshops of the Corporality
Corporalidade e Promoção da Saúde. A análise estatística                   and Health Promotion Project. Statistical analysis applied
foi aplicada por meio do teste do qui-quadrado, ao nível de                odds ratio, with a 95% confidence interval and chi-square
significância p<0,05, tendo como medida de risco a aplicação               test, being significant p<0.05.
do Odds Ratio, com intervalo de confiança de 95%.                             Results: 66% of the adolescents who had not tried
   Resultados: Os dados demonstraram que 66% dos ado-                      alcoholic drinks did not have any family members who
lescentes que não experimentaram bebidas alcoólicas não                    were frequent drinkers (p<0.001) and 84% of those
possuem familiares que bebem frequentemente (p<0,001)                      who smoked had family members who were smokers
e 84% dos que são fumantes apresentam familiares que                       (p<0.001).
fumam (p<0,001).                                                              Conclusions: The family environment induces and fa-
   Conclusões: O ambiente familiar induz e facilita o uso de               cilitates alcohol and tobacco use. It is extremely important
álcool e tabaco por adolescentes, tornando-se fundamental a                to use this knowledge to design preventive health education
utilização deste conhecimento na elaboração de projetos de                 projects.
prevenção e educação em saúde.
                                                                             Key-words: adolescent; alcohol drinking; smoking;
   Palavras-chave: adolescente; consumo de bebidas alco-                   family relations.
ólicas; tabagismo; relações familiares.

Instituição: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, SP,   Endereço para correspondência:
Brasil                                                                     Rafael Souza Moreno
1
 Enfermeiro do Hospital São Paulo; Especialista em Enfermagem em Ne-       Rua José Moreno Mostazo, 700
frologia; Membro do Grupo de Estudos Sobre Corporalidade e Promoção        CEP 07500-000 – Santa Isabel/SP
da Saúde (Gecopros), São Paulo, SP, Brasil                                 E-mail: splintermoreno@yahoo.com.br
2
 Médico do Departamento de Pediatria da Unifesp, São Paulo, SP, Brasil
3
 Psicólogo; Professor adjunto do Departamento de Enfermagem da Unifesp;    Fonte financiadora: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São
Líder do Gecopros, São Paulo, SP, Brasil                                   Paulo (Fapesp), processo 06/56390-8.

                                                                           Recebido em: 12/12/08
                                                                           Aprovado em: 31/5/09




                                                                                                            Rev Paul Pediatr 2009;27(4):354-60.
Rafael Souza Moreno et al




Introdução                                                         preocupa, uma vez que o uso cotidiano de álcool e tabaco
                                                                   em domicílios brasileiro é elevado(13,14).
   Historicamente, a utilização de substâncias naturais e             Durante o primeiro levantamento domiciliar realizado
produtos para obter alterações psicossomáticas, com o intuito      pelo Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psi-
de conferir ao usuário poderes de ver, sentir ou pressentir o      cotrópicas (Cebrid) em 2001, nas 107 cidades brasileiras
que outros na sobriedade não conseguem, confunde-se com            com população superior a 200 mil habitantes na faixa
a evolução natural da humanidade(1).                               etária compreendida entre 12 e 65 anos, constatou-se que,
   Em relação ao consumo de tabaco pela população                  dos 8.589 entrevistados, o uso cotidiano do tabaco foi re-
mundial, estima-se haver atualmente no mundo aproxi-               latado por 41%, enquanto que o de bebidas alcoólicas por
madamente um bilhão e 200 milhões de fumantes ativos,              69%(13). Já no levantamento domiciliar seguinte, em 2005,
dos quais 960 milhões são dependentes da nicotina(2). A            realizado com 7.939 indivíduos nas 108 maiores cidades
ingestão de álcool é ainda mais alarmante: mais de 80%             brasileiras, tomando a mesma faixa etária, observou-se que
da população mundial adulta utiliza ou já experimen-               o uso cotidiano de álcool aumentou para 75% e o de tabaco
tou algum tipo de bebida alcoólica, sendo que apenas               para 44%(14).
cerca de 20% dela pode ser considerada completamente                  Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo estu-
abstêmia(3).                                                       dar a influência do ambiente familiar no uso de drogas lícitas
   O público adolescente representa a parcela populacional         (álcool e tabaco) por adolescentes das escolas municipais das
mais vulnerável para se envolver com drogas lícitas, das           regiões do Jardim Santo Eduardo e Santa Emília, município
quais se destaca, pela significativa prevalência, o álcool, que    de Embu, buscando – por meio dos resultados obtidos – pro-
atualmente possui a faixa etária de experimentação mais            por ações referentes à prevenção e à educação em saúde dos
jovem, em torno de 12,5 anos; em seguida, encontra-se              estudantes destas escolas, com a criação de material didático
o tabaco (12,8 anos)(4). Sabe-se que, quanto mais precoce          relativo aos riscos e consequências do uso das drogas lícitas,
o contato com o álcool e o tabaco, maiores serão os riscos         dentro da perspectiva do projeto de extensão universitária
futuros de agravos à saúde(5,6).                                   denominado Corporalidade e Promoção da Saúde.
   O adolescente vivencia um período de intensa transfor-
mação biopsicossocial, no qual o que importa é a busca por         métodos
uma nova identidade e independência individual, absorvendo
atitudes, ações e costumes do meio em que está inserido.              Trata-se de um estudo descritivo, elaborado a partir da
Neste ponto, a família se constitui socialmente em uma             análise e aprofundamento das discussões referentes ao uso
unidade primordial no âmbito da construção, formação e             de drogas lícitas e a influência familiar. Aplicou-se um
desenvolvimento dos indivíduos que a compõem, transmi-             questionário semiestruturado com questões fechadas, sendo
tindo às gerações valores, regras, costumes, ideais, além de       realizado primeiramente um pré-teste com 48 alunos. Após
modelos e padrões de comportamento(7,8).                           as correções, o teste foi distribuído em sala de aula sob a
   Ao debater a questão do início precoce do uso e consumo         supervisão dos pesquisadores ao final do segundo semestre
de drogas lícitas, diversos autores apontam como influências       de 2006 e início do primeiro semestre de 2007, com 25
determinantes da experimentação a pressão dos amigos e o           questões semiestruturadas sobre o uso de álcool e tabaco,
ambiente familiar(9,10). Segundo Minayo, ao abordar o domí-        parte do Projeto ‘O uso de drogas lícitas na visão de adoles-
nio familiar e a sua influência na utilização de substâncias       centes que frequentam escolas do município de Embu, SP’.
psicoativas pelos adolescentes, destacam-se como fatores           O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Unifesp e
de proteção contra o uso de drogas o estabelecimento de            financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
fortes vínculos entre pais e filhos, a criação de regras e a       de São Paulo (Fapesp).
imposição de limites claros e coerentes, além da monito-              O questionário foi aplicado a 1.541 adolescentes que
rização, supervisão e apoio aos jovens nas suas decisões e         obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: faixa etária
atitudes, adotando principalmente o diálogo como prática           entre dez e 20 anos de idade, matriculados e frequentando
comum na rotina familiar(11). O ambiente familiar acaba            regularmente a sexta, sétima ou oitava séries de ensino
por influenciar o jovem a experimentar as drogas utilizadas        fundamental e o primeiro, segundo ou terceiro anos do
pelos pais e parentes próximos(11,12), característica esta que     ensino médio das escolas estaduais situadas nas regiões de


  Rev Paul Pediatr 2009;27(4):354-60.                                                                                          355
Ambiente familiar e consumo de álcool e tabaco entre adolescentes




Santo Eduardo e Santa Emília, no município de Embu, no             associação significante entre a variável adolescente já ter ex-
período matutino e que aceitaram participar das oficinas           perimentado bebida alcoólica ou fazer uso na vida e possuir
de educação em saúde realizadas pelo Projeto Corporali-            familiar que bebe frequentemente (p<0,001).
dade e Promoção da Saúde, no contexto do Programa de                  Ao analisar a questão da influência do ambiente domés-
Integração Docente-Assistencial do Embu (Pida-Embu)                tico e o uso de drogas lícitas, no caso específico do consumo
da Unifesp.                                                        de bebidas alcoólicas, 206 (43%) adolescentes apontaram
   Em relação às variáveis do estudo, adotou-se como critério      a figura paterna como principal familiar que bebe em seus
de definição: fez uso na vida de bebida alcoólica(4) – quando      lares. Dentre os demais citados, os tios ocupam o segundo
a pessoa fez uso pelo uma vez na vida; uso frequente de            lugar com 15%, seguidos pelos irmãos (9%) e mãe, com 6%,
bebidas alcoólicas(4) – quando a pessoa ingeriu seis ou mais       não havendo diferença significante entre meninos e meninas
doses de qualquer bebida nos 30 dias que antecederam a             em relação a quanto cada familiar influencia o uso de álcool,
pesquisa; ser fumante(15) – ter fumado um ou mais cigarros         como pode ser observado na Tabela 2.
nos últimos 30 dias.                                                  Dentre os adolescentes fumantes estratificados pelo com-
   Para análise estatística, aplicou-se o teste do qui-qua-        portamento tabagístico dos seus familiares, houve associação
drado e, nos casos em que este não se mostrasse adequado,          estatística entre possuir no ambiente doméstico familiares
foi utilizado o teste da razão de verossimilhança, com um          fumantes e o fato de o adolescente também apresentar esse
nível de significância de 5%, realizadas por meio do SPSS          hábito (Tabela 3). Os familiares mais citados foram o pai e a
12.0 for Windows, além da aplicação do Odds Ratio e                mãe, correspondendo a 35 do total dos adolescentes (56%),
intervalo de confiança de 95%, calculados pelo método              dos quais 16 (26%) destacaram o pai e 19 (31%), a mãe.
de Woolf(16).                                                      Merece atenção a prevalência elevada de tios (6,5%) e irmãos
                                                                   (9,7%) fumantes (Tabela 4).
Resultados
                                                                   Discussão
   Dos 1.541 adolescentes que obedeceram aos critérios de
inclusão no estudo, foram excluídos oito questionários devido         Os dados expostos nesta pesquisa corresponderam a adoles-
ao preenchimento incorreto dos dados.                              centes residentes em uma região bastante afetada pelos altos
   A população retratada nesta pesquisa foi composta por           índices de desemprego, violência e exclusão social, refletidos
1.533 adolescentes, sendo 799 (52%) do sexo masculino. A           nas elevadas taxas de mortalidade por causas externas, sobre-
média de idade para iniciação do álcool foi 12,1±1,9 anos          tudo homicídios, envolvendo adolescentes e adultos jovens
(variação: 3-20) e para o tabaco 12,6±1,5 anos (variação:          (214 por 100.000 habitantes)(17,18).
9-16). A maioria dos alunos (78%) se encontrava na faixa              O município de Embu compõe a sub-região Sudoeste da
etária entre os 12 e 16 anos. Em relação ao estado civil, 98%      região metropolitana de São Paulo, caracterizada por peque-
eram solteiros. Quanto à escolaridade, a maior parcela dos         na concentração industrial, baixo potencial de crescimento
estudantes (42%) estava matriculada e frequentava regular-         econômico e amplas áreas de proteção de mananciais. O mu-
mente a oitava serie do ensino fundamental.                        nicípio é uma estância turística, 100% urbanizada, com uma
   Os dados da Tabela 1 se referem aos adolescentes com            população estimada em 244.642 habitantes. A população
familiares que bebiam frequentemente, observando-se uma            de faixa etária entre zero e 19 anos perfaz 38% do total. A


Tabela 1 – Frequência absoluta e relativa de adolescentes que experimentaram bebidas alcoólicas, segundo os hábitos de seus
familiares
                                                 experimentou bebida alcoólica
                                              sim            Não             Total                      Valor p       oR (IC95%)
                                            n     %       n       %       n        %
 Familiar que bebe frequentemente
 Sim                                       479       53,6       220      34,4       699       45,6       <0,001     2,2 (2,65-1,79)
 Não                                       415       46,4       419      65,6       834       54,4
 Total                                     894                  639                1533




356                                                                                                  Rev Paul Pediatr 2009;27(4):354-60.
Rafael Souza Moreno et al




Tabela 2 – Distribuição dos familiares que bebem frequentemente, citados pelos adolescentes que fizeram uso na vida de bebidas
alcoólicas, segundo o sexo
                                                          Adolescentes que fizeram uso na vida
                                                     masculino         Feminino              Total                                     Valor p
                                                    n        %        n         %         n        %
 Familiar que bebe frequentemente                                                                                                         NS
 Pai                                               100           41,0          106          45,1                206        43,0           NS
 Mãe                                                16            6,6           14           6,1                 30         6,3           NS
 Irmãos                                             21            8,6           23           9,8                 44         9,2           NS
 Avós                                                6            2,5            5           2,1                 11         2,3           NS
 Tios                                               39           16,0           39          14,5                 73        15,2           NS
 Primos                                              2            0,8            1           0,4                  3         0,6           NS
 Pai/mãe                                            10            4,1           12           5,1                 22         4,6           NS
 Outros                                             10            4,1           15           6,4                 25         5,2           NS
 Não especificou                                    40           16,3           25          10,6                 65        13,6           NS
 NS: não significante.



Tabela 3 – Frequência absoluta e relativa de adolescentes fumantes, segundo os hábitos tabagísticos de seus familiares
                                                   adolescente fumante
 Variáveis                            sim                 Não                                  Total                  Valor p      oR (IC95%)
                              n              %         n         %                      n               %
 Familiar fumante                                                                                                     <0,001      3,9 (2,08-7,29)
 Sim                         62             83,8          835           57,2          897              58,5
 Não                         12             16,2          624           42,8          636              41,5
 Total                       74                          1459                        1533



Tabela 4 – Distribuição dos familiares que fumam, citados pelos adolescentes que apresentam o hábito tabagístico, segundo o
sexo
                                                                   adolescente fumante
 Variáveis                                  masculino                   Feminino                                  Total                 Valor p
                                       n                %             n          %                          n               %
 Familiar fumante                                                                                                                         NS
 Pai                                    7           26,9               9                25,0             16               25,8            NS
 Mãe                                    9           34,7              10                27,8             19               30,7            NS
 Irmãos                                 1            3,8               5                13,9              6                9,6            NS
 Avós                                   1            3,8               0                 -                1                1,6            NS
 Tios                                   1            3,8               3                 8,3              4                6,5            NS
 Pai/mãe                                1            3,8               1                 2,8              2                3,2            NS
 Outros                                 3           11,6               4                11,1              7               11,3            NS
 Não especificou                        3           11,6               4                11,1              7               11,3            NS
 NS: não significante.



população entre 18 e 24 anos com ensino médio completo                     lado, considerando os aspectos próprios da adolescência,
representa 29% e a média dos anos de estudo da população                   observa-se que cada movimento do adolescente em direção à
entre 15 e 64 anos é de 6,5 anos(18).                                      maturidade e ao desenvolvimento produz novas conquistas,
   Nesse contexto, a maioria desses jovens vive em um                      mas também novos problemas. Neste sentido, Ana Freud(19)
ambiente familiar desfavorecido, com condições socioeco-                   refere que uma mudança em qualquer setor da vida mental
nômicas inapropriadas para prover um meio adequado ao                      perturba o equilíbrio anteriormente estabelecido e impõe
desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo. Por outro                    a busca por novos compromissos. Diante dessa situação



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Ambiente familiar e consumo de álcool e tabaco entre adolescentes




de equilíbrio alterado em que se encontra o adolescente,           vens durante o período do adolescer. Entretanto, a falta
pode ocorrer a ingestão de drogas lícitas e ilícitas, o que        de capacidade dos pais em abordar a questão do uso das
se torna cada vez mais comum; dentre as lícitas, pode-se           drogas ou a falta de discernimento para tratar do assunto
nomear principalmente o álcool e o tabaco. O uso de dro-           com responsabilidade perante os filhos, orientando-os e
gas representa, por vezes, um auxílio para o adolescente           transmitindo valores a favor de sua saúde, constituem
superar suas inibições e ousar experimentar situações novas,       aspectos de não-coibição e favorecem o consumo tanto de
afirmando-se como igual dentro do seu grupo. Além disso,           álcool como de tabaco(24).
há a sedução por algo que é proibido e pela curiosidade da            Diante de todos esses acontecimentos transformadores, fe-
experiência.                                                       lizmente a maior parte dos adolescentes consegue a superação,
   Estudos mostram que baixo nível de escolaridade, sa-            atravessando essa etapa e reencontrando um lugar próprio no
lário não suficiente para satisfazer necessidades básicas,         mundo, conectado com a vida e projetos pessoais. Para que isso
conflitos intra e interfamiliares, falta de disciplina, falta      ocorra, os adolescentes necessitam de um meio e de pais, cuja
de intimidade dos pais em relação aos filhos, distância dos        presença estável e coerente proporcione um confronto claro e
pais, falta de diálogo entre os membros da família e baixa         honesto, estabelecendo os limites necessários. A família, desta
expectativa do futuro educacional dos filhos são fatores de        maneira, exerce um papel primordial na construção e formação
riscos que levam à indução dos jovens e/ou adolescentes            do indivíduo, sendo que problemas de relacionamento entre
ao consumo de drogas lícitas (7,8,10). Por outro lado, há          pais e filhos, ausência de normas e de regras adequadas, uso
relatos, na literatura internacional, da associação entre          de drogas pelos pais, além de relações afetivas e emocionais
jovens que vivem numa estrutura familiar consolidada               estreitas, tornam-se fatores de risco para o envolvimento com
com pais unidos e menor propensão ao consumo de drogas             bebidas alcoólicas e tabaco pelos adolescentes.
lícitas ou ilícitas, ao contrário daqueles em que os pais             Segundo pesquisa realizada na Unifesp, o álcool e o tabaco
não vivem juntos(20).                                              representaram as drogas com a faixa etária de experimentação
   Para Laranjeira e Pinsky(3) a facilitação do uso de be-         mais baixa, em torno respectivamente de 12,1 e 13,6 anos.
bidas no ambiente doméstico também está associada ao               Tais estimativas corroboram nossos achados. Essas médias são
hábito dos pais incentivarem seus filhos a beberem com             preocupantes em termos de saúde pública, uma vez que a
eles, hábito este que se torna cada vez mais comum nos             iniciação precoce às drogas lícitas potencializa o surgimento
lares brasileiros. Segundo Kalina(21), a família tem uma           de futuros dependentes químicos(4).
participação fundamental, pois quando se defronta com                 A partir dos dados apresentados, observa-se que o
um problema de uso de drogas na adolescência, é necessário         ambiente doméstico da população estudada pode estar
reportar ao grupo familiar as suas dificuldades, manifestas        influenciando os adolescentes quanto ao uso de drogas
ou não. Neste sentido, Outeiral(22) relata que, muitas vezes,      lícitas (álcool e tabaco). Dados semelhantes em relação
observam-se adolescentes em grupos familiares nos quais            ao consumo etílico são notados em pesquisa realizada em
não há um alcoolista, ou seja, um adicto ao álcool, mas            2002 no município de Pelotas (RS), a qual demonstrou
sim uma ‘cultura alcoólatra’, em que o álcool é idolatrado.        que a chance de tabagismo em adolescentes com pai e mãe
Existe em casa um lugar privilegiado – em geral na sala –          fumantes é 3,92 vezes maior do que no grupo no qual os
onde estão as garrafas de bebida. Quando chega um amigo            pais não são fumantes; entretanto, não houve relação com
ou alguém a quem a família quer prestar uma gentileza,             o consumo de bebidas alcoólicas, discordando da nossa
abre-se uma das garrafas e bebe-se algo. O adolescente,            pesquisa nesse ponto (25).
vendo esta substância tão venerada, quer usá-la também.               Atualmente, sabe-se que os filhos de dependentes quími-
Sem falar no fato comum de pais acharem graça e até se             cos constituem um grupo vulnerável ao desenvolvimento
sentirem orgulhosos se seu filho se embriaga: “é coisa de          de transtornos psiquiátricos, problemas físico-emocionais,
homem, acontece...”, dizem satisfeitos.                            dificuldades escolares, além de possuírem chances elevadas
   De acordo com Schenker e Minayo(11,23), pais que dia-           de consumirem substâncias psicoativas, em comparação com
logam frequentemente com seus filhos desde a infância              os filhos de não dependentes químicos(26).
e que conseguem impor limites claros ao longo da sua                  Em relação aos familiares que utilizam drogas lícitas,
formação estabelecem uma forte rede de proteção em                 citados tanto pelo grupo de adolescentes que ingeriam be-
relação ao consumo de substâncias psicoativas pelos jo-            bidas alcoólicas como pelo de fumantes, tanto o pai como a



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Rafael Souza Moreno et al




mãe exercem influência semelhante em meninos e meninas.                                 Em relação ao álcool, os filhos de pais que fazem o uso
Torna-se importante ressaltar a presença marcante dos tios e                         indiscriminado apresentam uma propensão quatro vezes
irmãos, representados tanto pelos que fizeram uso de bebidas                         maior para o desenvolvimento do alcoolismo do que filhos
alcoólicas como pelos fumantes, ou seja, parentes de primeiro                        de pais abstêmios(26).
grau exercendo influência direta nos jovens. Esses parentes                             O estudo, apesar de limitado, por ter sido realizado com
adultos em contato diário com os adolescentes são tratados                           estudantes do ensino fundamental e médio de duas regiões
na literatura como modelos observacionais para os jovens,                            do município do Embu, reflete a situação dos adolescentes
uma vez que se tornam figuras centrais e necessárias para a                          que vivem em uma região periférica da região metropolitana
fase do adolescer, na qual o indivíduo passa a absorver e a                          de São Paulo frente à iniciação cada vez mais precoce do uso
seguir os padrões e costumes de seus familiares(11).                                 de drogas lícitas (álcool e tabaco) e sugere a importância do
   Contudo, o hábito tabagístico não pode ser relacionado                            ambiente familiar na indução e facilitação deste uso.
apenas a fatores socioambientais, mas também a bases genéticas                          Os resultados do estudo permitiram ações de prevenção e
(fatores intrínsecos). Estudos mostram, atualmente, a expressão                      promoção à saúde, que estão sendo desenvolvidas pelo projeto
de genes relacionados ao tempo de metabolização da nicotina, à                       de extensão universitária Corporalidade e Promoção da Saú-
sensibilidade ou tolerância à nicotina e ao grau de intensidade                      de, junto às escolas de ensino fundamental e médio da região
da nicotina-dependência. Dessa maneira, existem indivíduos                           de Santo Eduardo e Santa Emília, município de Embu. De
que possuem uma expressão genética que os tornam pouco                               qualquer maneira, há necessidade de novos estudos em pontos
propensos à ação da nicotina, não sentindo prazer em usá-la,                         distintos do território nacional, mais padronizados, a fim de
e fumam apenas por estímulo e exposição ao meio em que                               fomentar a literatura nacional acerca do tema exposto.
estão inseridos(2). Assim, o fato de ser fumante ou abstêmio
acaba por ser resultado da sensibilidade inicial à nicotina, mas                     agradecimentos
o grau de dependência é determinado pela exposição a essa
droga lícita, tendo por influência direta o ambiente familiar                           Pelo apoio da Fapesp, por meio de bolsa de iniciação
e/ou extrafamiliar propensos ao uso do tabaco(2).                                    científica.




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Ambiente familiar e consumo de álcool e tabaco entre adolescentes




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Artigo Álcool e Drogas Entre Adolescentes

  • 1. Artigo Original ambiente familiar e consumo de álcool e tabaco entre adolescentes Familiar environment and use of alcohol and tobacco among teenagers Rafael Souza Moreno1, Renato Nabas Ventura2, José Roberto S. Brêtas3 Resumo aBsTRaCT Objetivo: Analisar a influência do ambiente familiar em Objective: To analyze the influence of the family relação ao uso de álcool e tabaco pelos adolescentes. environment in relation to alcohol and tobacco use among métodos: Trata-se de estudo descritivo, elaborado a partir adolescents. da análise e aprofundamento da categoria referente ao uso de methods: This was a descriptive study consisting of drogas lícitas e a influência familiar, presente em um questio- in-depth analysis on the topic of family influence related nário semiestruturado, contendo ao todo 25 questões sobre o to legal drug use. A semi-structured questionnaire uso álcool e tabaco, realizado junto a 1.533 adolescentes de containing 25 questions on alcohol and tobacco use ambos os sexos, tendo por critérios de inclusão: adolescentes was completed by 1,533 adolescents of both genders. entre dez e 20 anos de idade, matriculados e frequentando Inclusion criteria were: adolescents aged ten to 20 years regularmente a sexta, a sétima ou a oitava séries do ensino who were regularly attending morning classes in the fundamental e o primeiro, o segundo ou o terceiro anos do sixth, seventh or eighth years of elementary education or ensino médio das escolas estaduais situadas nas regiões de in the first, second or third years of high school education Santo Eduardo e Santa Emília, no município de Embu, no at state schools in two regions of the municipality of período matutino, e que aceitaram participar das oficinas Embu, São Paulo, Brazil. Subjects agreed to participate in de prevenção e promoção da saúde realizadas pelo Projeto preventive health promotion workshops of the Corporality Corporalidade e Promoção da Saúde. A análise estatística and Health Promotion Project. Statistical analysis applied foi aplicada por meio do teste do qui-quadrado, ao nível de odds ratio, with a 95% confidence interval and chi-square significância p<0,05, tendo como medida de risco a aplicação test, being significant p<0.05. do Odds Ratio, com intervalo de confiança de 95%. Results: 66% of the adolescents who had not tried Resultados: Os dados demonstraram que 66% dos ado- alcoholic drinks did not have any family members who lescentes que não experimentaram bebidas alcoólicas não were frequent drinkers (p<0.001) and 84% of those possuem familiares que bebem frequentemente (p<0,001) who smoked had family members who were smokers e 84% dos que são fumantes apresentam familiares que (p<0.001). fumam (p<0,001). Conclusions: The family environment induces and fa- Conclusões: O ambiente familiar induz e facilita o uso de cilitates alcohol and tobacco use. It is extremely important álcool e tabaco por adolescentes, tornando-se fundamental a to use this knowledge to design preventive health education utilização deste conhecimento na elaboração de projetos de projects. prevenção e educação em saúde. Key-words: adolescent; alcohol drinking; smoking; Palavras-chave: adolescente; consumo de bebidas alco- family relations. ólicas; tabagismo; relações familiares. Instituição: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, SP, Endereço para correspondência: Brasil Rafael Souza Moreno 1 Enfermeiro do Hospital São Paulo; Especialista em Enfermagem em Ne- Rua José Moreno Mostazo, 700 frologia; Membro do Grupo de Estudos Sobre Corporalidade e Promoção CEP 07500-000 – Santa Isabel/SP da Saúde (Gecopros), São Paulo, SP, Brasil E-mail: splintermoreno@yahoo.com.br 2 Médico do Departamento de Pediatria da Unifesp, São Paulo, SP, Brasil 3 Psicólogo; Professor adjunto do Departamento de Enfermagem da Unifesp; Fonte financiadora: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Líder do Gecopros, São Paulo, SP, Brasil Paulo (Fapesp), processo 06/56390-8. Recebido em: 12/12/08 Aprovado em: 31/5/09 Rev Paul Pediatr 2009;27(4):354-60.
  • 2. Rafael Souza Moreno et al Introdução preocupa, uma vez que o uso cotidiano de álcool e tabaco em domicílios brasileiro é elevado(13,14). Historicamente, a utilização de substâncias naturais e Durante o primeiro levantamento domiciliar realizado produtos para obter alterações psicossomáticas, com o intuito pelo Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psi- de conferir ao usuário poderes de ver, sentir ou pressentir o cotrópicas (Cebrid) em 2001, nas 107 cidades brasileiras que outros na sobriedade não conseguem, confunde-se com com população superior a 200 mil habitantes na faixa a evolução natural da humanidade(1). etária compreendida entre 12 e 65 anos, constatou-se que, Em relação ao consumo de tabaco pela população dos 8.589 entrevistados, o uso cotidiano do tabaco foi re- mundial, estima-se haver atualmente no mundo aproxi- latado por 41%, enquanto que o de bebidas alcoólicas por madamente um bilhão e 200 milhões de fumantes ativos, 69%(13). Já no levantamento domiciliar seguinte, em 2005, dos quais 960 milhões são dependentes da nicotina(2). A realizado com 7.939 indivíduos nas 108 maiores cidades ingestão de álcool é ainda mais alarmante: mais de 80% brasileiras, tomando a mesma faixa etária, observou-se que da população mundial adulta utiliza ou já experimen- o uso cotidiano de álcool aumentou para 75% e o de tabaco tou algum tipo de bebida alcoólica, sendo que apenas para 44%(14). cerca de 20% dela pode ser considerada completamente Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo estu- abstêmia(3). dar a influência do ambiente familiar no uso de drogas lícitas O público adolescente representa a parcela populacional (álcool e tabaco) por adolescentes das escolas municipais das mais vulnerável para se envolver com drogas lícitas, das regiões do Jardim Santo Eduardo e Santa Emília, município quais se destaca, pela significativa prevalência, o álcool, que de Embu, buscando – por meio dos resultados obtidos – pro- atualmente possui a faixa etária de experimentação mais por ações referentes à prevenção e à educação em saúde dos jovem, em torno de 12,5 anos; em seguida, encontra-se estudantes destas escolas, com a criação de material didático o tabaco (12,8 anos)(4). Sabe-se que, quanto mais precoce relativo aos riscos e consequências do uso das drogas lícitas, o contato com o álcool e o tabaco, maiores serão os riscos dentro da perspectiva do projeto de extensão universitária futuros de agravos à saúde(5,6). denominado Corporalidade e Promoção da Saúde. O adolescente vivencia um período de intensa transfor- mação biopsicossocial, no qual o que importa é a busca por métodos uma nova identidade e independência individual, absorvendo atitudes, ações e costumes do meio em que está inserido. Trata-se de um estudo descritivo, elaborado a partir da Neste ponto, a família se constitui socialmente em uma análise e aprofundamento das discussões referentes ao uso unidade primordial no âmbito da construção, formação e de drogas lícitas e a influência familiar. Aplicou-se um desenvolvimento dos indivíduos que a compõem, transmi- questionário semiestruturado com questões fechadas, sendo tindo às gerações valores, regras, costumes, ideais, além de realizado primeiramente um pré-teste com 48 alunos. Após modelos e padrões de comportamento(7,8). as correções, o teste foi distribuído em sala de aula sob a Ao debater a questão do início precoce do uso e consumo supervisão dos pesquisadores ao final do segundo semestre de drogas lícitas, diversos autores apontam como influências de 2006 e início do primeiro semestre de 2007, com 25 determinantes da experimentação a pressão dos amigos e o questões semiestruturadas sobre o uso de álcool e tabaco, ambiente familiar(9,10). Segundo Minayo, ao abordar o domí- parte do Projeto ‘O uso de drogas lícitas na visão de adoles- nio familiar e a sua influência na utilização de substâncias centes que frequentam escolas do município de Embu, SP’. psicoativas pelos adolescentes, destacam-se como fatores O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Unifesp e de proteção contra o uso de drogas o estabelecimento de financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado fortes vínculos entre pais e filhos, a criação de regras e a de São Paulo (Fapesp). imposição de limites claros e coerentes, além da monito- O questionário foi aplicado a 1.541 adolescentes que rização, supervisão e apoio aos jovens nas suas decisões e obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: faixa etária atitudes, adotando principalmente o diálogo como prática entre dez e 20 anos de idade, matriculados e frequentando comum na rotina familiar(11). O ambiente familiar acaba regularmente a sexta, sétima ou oitava séries de ensino por influenciar o jovem a experimentar as drogas utilizadas fundamental e o primeiro, segundo ou terceiro anos do pelos pais e parentes próximos(11,12), característica esta que ensino médio das escolas estaduais situadas nas regiões de Rev Paul Pediatr 2009;27(4):354-60. 355
  • 3. Ambiente familiar e consumo de álcool e tabaco entre adolescentes Santo Eduardo e Santa Emília, no município de Embu, no associação significante entre a variável adolescente já ter ex- período matutino e que aceitaram participar das oficinas perimentado bebida alcoólica ou fazer uso na vida e possuir de educação em saúde realizadas pelo Projeto Corporali- familiar que bebe frequentemente (p<0,001). dade e Promoção da Saúde, no contexto do Programa de Ao analisar a questão da influência do ambiente domés- Integração Docente-Assistencial do Embu (Pida-Embu) tico e o uso de drogas lícitas, no caso específico do consumo da Unifesp. de bebidas alcoólicas, 206 (43%) adolescentes apontaram Em relação às variáveis do estudo, adotou-se como critério a figura paterna como principal familiar que bebe em seus de definição: fez uso na vida de bebida alcoólica(4) – quando lares. Dentre os demais citados, os tios ocupam o segundo a pessoa fez uso pelo uma vez na vida; uso frequente de lugar com 15%, seguidos pelos irmãos (9%) e mãe, com 6%, bebidas alcoólicas(4) – quando a pessoa ingeriu seis ou mais não havendo diferença significante entre meninos e meninas doses de qualquer bebida nos 30 dias que antecederam a em relação a quanto cada familiar influencia o uso de álcool, pesquisa; ser fumante(15) – ter fumado um ou mais cigarros como pode ser observado na Tabela 2. nos últimos 30 dias. Dentre os adolescentes fumantes estratificados pelo com- Para análise estatística, aplicou-se o teste do qui-qua- portamento tabagístico dos seus familiares, houve associação drado e, nos casos em que este não se mostrasse adequado, estatística entre possuir no ambiente doméstico familiares foi utilizado o teste da razão de verossimilhança, com um fumantes e o fato de o adolescente também apresentar esse nível de significância de 5%, realizadas por meio do SPSS hábito (Tabela 3). Os familiares mais citados foram o pai e a 12.0 for Windows, além da aplicação do Odds Ratio e mãe, correspondendo a 35 do total dos adolescentes (56%), intervalo de confiança de 95%, calculados pelo método dos quais 16 (26%) destacaram o pai e 19 (31%), a mãe. de Woolf(16). Merece atenção a prevalência elevada de tios (6,5%) e irmãos (9,7%) fumantes (Tabela 4). Resultados Discussão Dos 1.541 adolescentes que obedeceram aos critérios de inclusão no estudo, foram excluídos oito questionários devido Os dados expostos nesta pesquisa corresponderam a adoles- ao preenchimento incorreto dos dados. centes residentes em uma região bastante afetada pelos altos A população retratada nesta pesquisa foi composta por índices de desemprego, violência e exclusão social, refletidos 1.533 adolescentes, sendo 799 (52%) do sexo masculino. A nas elevadas taxas de mortalidade por causas externas, sobre- média de idade para iniciação do álcool foi 12,1±1,9 anos tudo homicídios, envolvendo adolescentes e adultos jovens (variação: 3-20) e para o tabaco 12,6±1,5 anos (variação: (214 por 100.000 habitantes)(17,18). 9-16). A maioria dos alunos (78%) se encontrava na faixa O município de Embu compõe a sub-região Sudoeste da etária entre os 12 e 16 anos. Em relação ao estado civil, 98% região metropolitana de São Paulo, caracterizada por peque- eram solteiros. Quanto à escolaridade, a maior parcela dos na concentração industrial, baixo potencial de crescimento estudantes (42%) estava matriculada e frequentava regular- econômico e amplas áreas de proteção de mananciais. O mu- mente a oitava serie do ensino fundamental. nicípio é uma estância turística, 100% urbanizada, com uma Os dados da Tabela 1 se referem aos adolescentes com população estimada em 244.642 habitantes. A população familiares que bebiam frequentemente, observando-se uma de faixa etária entre zero e 19 anos perfaz 38% do total. A Tabela 1 – Frequência absoluta e relativa de adolescentes que experimentaram bebidas alcoólicas, segundo os hábitos de seus familiares experimentou bebida alcoólica sim Não Total Valor p oR (IC95%) n % n % n % Familiar que bebe frequentemente Sim 479 53,6 220 34,4 699 45,6 <0,001 2,2 (2,65-1,79) Não 415 46,4 419 65,6 834 54,4 Total 894 639 1533 356 Rev Paul Pediatr 2009;27(4):354-60.
  • 4. Rafael Souza Moreno et al Tabela 2 – Distribuição dos familiares que bebem frequentemente, citados pelos adolescentes que fizeram uso na vida de bebidas alcoólicas, segundo o sexo Adolescentes que fizeram uso na vida masculino Feminino Total Valor p n % n % n % Familiar que bebe frequentemente NS Pai 100 41,0 106 45,1 206 43,0 NS Mãe 16 6,6 14 6,1 30 6,3 NS Irmãos 21 8,6 23 9,8 44 9,2 NS Avós 6 2,5 5 2,1 11 2,3 NS Tios 39 16,0 39 14,5 73 15,2 NS Primos 2 0,8 1 0,4 3 0,6 NS Pai/mãe 10 4,1 12 5,1 22 4,6 NS Outros 10 4,1 15 6,4 25 5,2 NS Não especificou 40 16,3 25 10,6 65 13,6 NS NS: não significante. Tabela 3 – Frequência absoluta e relativa de adolescentes fumantes, segundo os hábitos tabagísticos de seus familiares adolescente fumante Variáveis sim Não Total Valor p oR (IC95%) n % n % n % Familiar fumante <0,001 3,9 (2,08-7,29) Sim 62 83,8 835 57,2 897 58,5 Não 12 16,2 624 42,8 636 41,5 Total 74 1459 1533 Tabela 4 – Distribuição dos familiares que fumam, citados pelos adolescentes que apresentam o hábito tabagístico, segundo o sexo adolescente fumante Variáveis masculino Feminino Total Valor p n % n % n % Familiar fumante NS Pai 7 26,9 9 25,0 16 25,8 NS Mãe 9 34,7 10 27,8 19 30,7 NS Irmãos 1 3,8 5 13,9 6 9,6 NS Avós 1 3,8 0 - 1 1,6 NS Tios 1 3,8 3 8,3 4 6,5 NS Pai/mãe 1 3,8 1 2,8 2 3,2 NS Outros 3 11,6 4 11,1 7 11,3 NS Não especificou 3 11,6 4 11,1 7 11,3 NS NS: não significante. população entre 18 e 24 anos com ensino médio completo lado, considerando os aspectos próprios da adolescência, representa 29% e a média dos anos de estudo da população observa-se que cada movimento do adolescente em direção à entre 15 e 64 anos é de 6,5 anos(18). maturidade e ao desenvolvimento produz novas conquistas, Nesse contexto, a maioria desses jovens vive em um mas também novos problemas. Neste sentido, Ana Freud(19) ambiente familiar desfavorecido, com condições socioeco- refere que uma mudança em qualquer setor da vida mental nômicas inapropriadas para prover um meio adequado ao perturba o equilíbrio anteriormente estabelecido e impõe desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo. Por outro a busca por novos compromissos. Diante dessa situação Rev Paul Pediatr 2009;27(4):354-60. 357
  • 5. Ambiente familiar e consumo de álcool e tabaco entre adolescentes de equilíbrio alterado em que se encontra o adolescente, vens durante o período do adolescer. Entretanto, a falta pode ocorrer a ingestão de drogas lícitas e ilícitas, o que de capacidade dos pais em abordar a questão do uso das se torna cada vez mais comum; dentre as lícitas, pode-se drogas ou a falta de discernimento para tratar do assunto nomear principalmente o álcool e o tabaco. O uso de dro- com responsabilidade perante os filhos, orientando-os e gas representa, por vezes, um auxílio para o adolescente transmitindo valores a favor de sua saúde, constituem superar suas inibições e ousar experimentar situações novas, aspectos de não-coibição e favorecem o consumo tanto de afirmando-se como igual dentro do seu grupo. Além disso, álcool como de tabaco(24). há a sedução por algo que é proibido e pela curiosidade da Diante de todos esses acontecimentos transformadores, fe- experiência. lizmente a maior parte dos adolescentes consegue a superação, Estudos mostram que baixo nível de escolaridade, sa- atravessando essa etapa e reencontrando um lugar próprio no lário não suficiente para satisfazer necessidades básicas, mundo, conectado com a vida e projetos pessoais. Para que isso conflitos intra e interfamiliares, falta de disciplina, falta ocorra, os adolescentes necessitam de um meio e de pais, cuja de intimidade dos pais em relação aos filhos, distância dos presença estável e coerente proporcione um confronto claro e pais, falta de diálogo entre os membros da família e baixa honesto, estabelecendo os limites necessários. A família, desta expectativa do futuro educacional dos filhos são fatores de maneira, exerce um papel primordial na construção e formação riscos que levam à indução dos jovens e/ou adolescentes do indivíduo, sendo que problemas de relacionamento entre ao consumo de drogas lícitas (7,8,10). Por outro lado, há pais e filhos, ausência de normas e de regras adequadas, uso relatos, na literatura internacional, da associação entre de drogas pelos pais, além de relações afetivas e emocionais jovens que vivem numa estrutura familiar consolidada estreitas, tornam-se fatores de risco para o envolvimento com com pais unidos e menor propensão ao consumo de drogas bebidas alcoólicas e tabaco pelos adolescentes. lícitas ou ilícitas, ao contrário daqueles em que os pais Segundo pesquisa realizada na Unifesp, o álcool e o tabaco não vivem juntos(20). representaram as drogas com a faixa etária de experimentação Para Laranjeira e Pinsky(3) a facilitação do uso de be- mais baixa, em torno respectivamente de 12,1 e 13,6 anos. bidas no ambiente doméstico também está associada ao Tais estimativas corroboram nossos achados. Essas médias são hábito dos pais incentivarem seus filhos a beberem com preocupantes em termos de saúde pública, uma vez que a eles, hábito este que se torna cada vez mais comum nos iniciação precoce às drogas lícitas potencializa o surgimento lares brasileiros. Segundo Kalina(21), a família tem uma de futuros dependentes químicos(4). participação fundamental, pois quando se defronta com A partir dos dados apresentados, observa-se que o um problema de uso de drogas na adolescência, é necessário ambiente doméstico da população estudada pode estar reportar ao grupo familiar as suas dificuldades, manifestas influenciando os adolescentes quanto ao uso de drogas ou não. Neste sentido, Outeiral(22) relata que, muitas vezes, lícitas (álcool e tabaco). Dados semelhantes em relação observam-se adolescentes em grupos familiares nos quais ao consumo etílico são notados em pesquisa realizada em não há um alcoolista, ou seja, um adicto ao álcool, mas 2002 no município de Pelotas (RS), a qual demonstrou sim uma ‘cultura alcoólatra’, em que o álcool é idolatrado. que a chance de tabagismo em adolescentes com pai e mãe Existe em casa um lugar privilegiado – em geral na sala – fumantes é 3,92 vezes maior do que no grupo no qual os onde estão as garrafas de bebida. Quando chega um amigo pais não são fumantes; entretanto, não houve relação com ou alguém a quem a família quer prestar uma gentileza, o consumo de bebidas alcoólicas, discordando da nossa abre-se uma das garrafas e bebe-se algo. O adolescente, pesquisa nesse ponto (25). vendo esta substância tão venerada, quer usá-la também. Atualmente, sabe-se que os filhos de dependentes quími- Sem falar no fato comum de pais acharem graça e até se cos constituem um grupo vulnerável ao desenvolvimento sentirem orgulhosos se seu filho se embriaga: “é coisa de de transtornos psiquiátricos, problemas físico-emocionais, homem, acontece...”, dizem satisfeitos. dificuldades escolares, além de possuírem chances elevadas De acordo com Schenker e Minayo(11,23), pais que dia- de consumirem substâncias psicoativas, em comparação com logam frequentemente com seus filhos desde a infância os filhos de não dependentes químicos(26). e que conseguem impor limites claros ao longo da sua Em relação aos familiares que utilizam drogas lícitas, formação estabelecem uma forte rede de proteção em citados tanto pelo grupo de adolescentes que ingeriam be- relação ao consumo de substâncias psicoativas pelos jo- bidas alcoólicas como pelo de fumantes, tanto o pai como a 358 Rev Paul Pediatr 2009;27(4):354-60.
  • 6. Rafael Souza Moreno et al mãe exercem influência semelhante em meninos e meninas. Em relação ao álcool, os filhos de pais que fazem o uso Torna-se importante ressaltar a presença marcante dos tios e indiscriminado apresentam uma propensão quatro vezes irmãos, representados tanto pelos que fizeram uso de bebidas maior para o desenvolvimento do alcoolismo do que filhos alcoólicas como pelos fumantes, ou seja, parentes de primeiro de pais abstêmios(26). grau exercendo influência direta nos jovens. Esses parentes O estudo, apesar de limitado, por ter sido realizado com adultos em contato diário com os adolescentes são tratados estudantes do ensino fundamental e médio de duas regiões na literatura como modelos observacionais para os jovens, do município do Embu, reflete a situação dos adolescentes uma vez que se tornam figuras centrais e necessárias para a que vivem em uma região periférica da região metropolitana fase do adolescer, na qual o indivíduo passa a absorver e a de São Paulo frente à iniciação cada vez mais precoce do uso seguir os padrões e costumes de seus familiares(11). de drogas lícitas (álcool e tabaco) e sugere a importância do Contudo, o hábito tabagístico não pode ser relacionado ambiente familiar na indução e facilitação deste uso. apenas a fatores socioambientais, mas também a bases genéticas Os resultados do estudo permitiram ações de prevenção e (fatores intrínsecos). Estudos mostram, atualmente, a expressão promoção à saúde, que estão sendo desenvolvidas pelo projeto de genes relacionados ao tempo de metabolização da nicotina, à de extensão universitária Corporalidade e Promoção da Saú- sensibilidade ou tolerância à nicotina e ao grau de intensidade de, junto às escolas de ensino fundamental e médio da região da nicotina-dependência. Dessa maneira, existem indivíduos de Santo Eduardo e Santa Emília, município de Embu. De que possuem uma expressão genética que os tornam pouco qualquer maneira, há necessidade de novos estudos em pontos propensos à ação da nicotina, não sentindo prazer em usá-la, distintos do território nacional, mais padronizados, a fim de e fumam apenas por estímulo e exposição ao meio em que fomentar a literatura nacional acerca do tema exposto. estão inseridos(2). Assim, o fato de ser fumante ou abstêmio acaba por ser resultado da sensibilidade inicial à nicotina, mas agradecimentos o grau de dependência é determinado pela exposição a essa droga lícita, tendo por influência direta o ambiente familiar Pelo apoio da Fapesp, por meio de bolsa de iniciação e/ou extrafamiliar propensos ao uso do tabaco(2). científica. Referências bibliográficas 1. Venâncio J, Jorge MA, Alencar PS, Belmonte PR, Reis VL. Textos de apoio 10. Ramirez RM, Andrade D. La familia y los factores de riesgo relacionados con em saúde mental. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. el consumo de alcohol y tabaco en los niños y adolescentes. Rev Lat-Am 2. Rosemberg J. Nicotina: droga universal. São Paulo: SES/CVE; 2003. Enfermagem 2005;13:813-8. 3. Laranjeira R, Pinsky I. O alcoolismo. São Paulo: Contexto; 1998. 11. Schenker M, Minayo MC. Risk and protective factors and drug use among 4. Galduróz JC, Noto AR, Fonseca AM, Carlini EA. V Levantamento nacional adolescence. 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  • 7. Ambiente familiar e consumo de álcool e tabaco entre adolescentes 19. Freud A. La adolescencia en cuanto perturbación del desarrollo. In: Caplan 23. Schenker M, Minayo MC. The importance of family in drug abuse treatment: G, Lebovici S, editors. Psicologia social de la adolescencia. Buenos Aires: a literature review. Cad Saude Publica 2004;20:649-59. Paidós; 1974. 24. Nurco DN, Kinlock TW, O’Grady KE, Hanlon TE. Differential contributions 20. Urquieta JE, Hernández-Avila M, Hernández B. El consumo de tabaco y of family and peer factors to the etiology of narcotic addiction. Drug Alcohol alcohol en jóvenes de zonas urbanas marginadas de México. Un análisis de Depend 1998;51:229-37. decisiones relacionadas. Rev Salud Publica 2006;48:S30-40. 25. Horta RL, Horta BL, Pinheiro RT. Drugs: families that protect and that expose 21. Kalina E. Psicoterapia de adolescentes. Rio de Janeiro: Francisco Alves; teenagers to risk. J Bras Psiquiatr 2006;55:268-72. 1979. 26. Figlie N, Fontes A, Moraes E, Payá R. Children of addicted parents with 22. Outeiral JO. Adolescer: estudos revisados sobre adolescência. 2nd ed. Rio bio-psychosocial risk factors: do they need a special care? Rev Psiq Clin de Janeiro: Revinter; 2003. 2004;31:53-62. 360 Rev Paul Pediatr 2009;27(4):354-60.