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A CRISE DE 1383-1385
1383
O rei D. Fernando morreu em Lisboa no dia 22 de Outubro de
1383, poucos dias antes de completar 38 anos de idade, e
deixou o país mergulhado numa grave crise de sucessão, pois,
em virtude do Tratado de Salvaterra, assinado com Castela, a
sua única filha legítima, D. Beatriz, estava casada com D. João I
de Castela.
Nesse tratado estabelecia-se que D. Beatriz seria rainha de
Portugal e que, até ter um filho legítimo maior de 14 anos, sua
mãe, a rainha viúva D. Leonor, exerceria a regência do reino.
D. Leonor Teles assumiu a regência e mandou aclamar D. Beatriz
como rainha. Mas surgiu contestação, em especial por parte do
povo e de alguns fidalgos fiéis a D. Fernando. Instalou-se a crise,
o país dividiu-se, a revolta espalhou-se por todo o reino.
Os descontentes organizaram-se, encabeçados por Álvaro Pais, e
com a colaboração do Mestre de Avis, D. João, planearam o
golpe de 6 de Dezembro de 1383, que conduziu ao assassinato
do conde Andeiro, castelhano tido como amante da regente, e
ao triunfo dos revoltosos.
A CRISE DE 1383-1385
1384
O segundo cerco de Lisboa foi imposto pelas forças
de Castela em 1384 e durou 4 meses e 27 dias.
Ocorreu no contexto da sucessão de D. Beatriz à morte de D.
Fernando (crise de 1383-1385), diante da revolta popular que
culminou com a aclamação do Mestre de Avis como Regedor e
Defensor do Reino.
É descrito por Fernão Lopes, que refere alguns dados
interessantes sobre a cerca da cidade, à época, descrevendo as
medidas defensivas, entre as quais:
 A cerca era amparada por 77 torres, no topo das quais foram
montados caramanchões de madeia, visando optimizar a
defesa;
 Os muros da cerca eram rasgados por 38 portas. A mais
crítica era a chamada Porta de Santa Catarina, defronte da
qual se estabeleceu o arraial de Castela, e defronte à qual se
registrava maior número de escaramuças.
 O lado da Ribeira era defendido por duas grossas estacadas,
desde as águas do rio até ao pé da cerca;
 uma estacada dobrada defendia o Caminho de Santos, por
baixo da Torre da Atalaia;
 O cerco de Lisboa foi levantado a 3 de Setembro de 1384,
devido sobretudo à epidemia de Peste Negra que assolou o
exercito Castelhano, causando-lhe muitas baixas, houve
também ataques na periferia do cerco por parte de forças do
exército de D. João, Mestre de Aviz, forças essas chefiadas
pelo fronteiro do Alentejo, Nuno Álvares Pereira.
A CRISE DE 1383-1385
1385
Entre o fim de 1383 e o princípio de 1385, Nuno Álvares
Pereira subjugou a maioria das cidades portuguesas que haviam
declarado apoio à princesa Beatriz e ao marido João I de castela.
Durante a Páscoa, chegaram a Portugal as
tropas inglesas enviadas em resposta ao pedido de ajuda feito
por João de Avis.
Apesar de não serem um grande contingente, contavam-se à
volta de 600 homens, eram tropas na sua maioria veteranas da
Guerra dos cem anos (1337 – 1453), bem treinados nas tácticas
de sucesso da infantaria inglesa. Entre o contingente inglês,
encontrava-se uma divisão de archeiros, que haviam provado o
seu valor contra cargas de cavalaria.
Com tudo a jogar a seu favor, João de Avis organizou uma
reunião das Cortes em Coimbra, juntando todas as figuras
importantes do reino. É aí que, a 6 de Abril, foi aclamado João I,
o primeiro Rei da Disnastia de Avis, num claro acto de guerra
contra as pretensões castelhanas.
Num dos seus primeiros éditos reais, João I nomeia Nuno
Álvares Pereira Contestável de Portugal e protector do reino.
Pouco depois, rei e general partem para o Norte, para acabar
com os últimos focos de apoio a Castela.
cronologia
• 1383
– Abril – A princesa Beatriz de Portugal (filha única do
rei Fernando ) casa com o rei João I de Castela
– 22 de Outubro - O rei Fernando morre: a rainha viúva Leonor
torna-se regente em nome de Beatriz e João de Castela
– Começa a resistência, liderada por João, Grão-Mestre de Avis :
vários castelos são ocupados
• 1384
– Janeiro – João I de Castela invade Portugal
– Abril – Os portugueses ganham a batalha dos Atoleiros
– Maio – Começa o cerco de Lisboa; é enviada uma embaixada a
Inglaterra
– Julho – Uma frota portuguesa rompe o cerco de Lisboa, embora
com pesadas derrotas
– 3 de Setembro - João I de Castela, retira-se para o seu reino
– Inverno – Nuno Álvares Pereira e João de Avis subjugam
cidades a favor de Castela
• 1385
– Páscoa – Chegada dos aliados ingleses
– 6 de Abril - João de Avis é aclamado rei nas Cortes de Coimbra.
– 29 de Maio – Dá-se a batalha de Trancoso
– Junho - João I de Castela invade Portugal com toda a força,
depois da derrota de uma expedição punitiva na batalha de
Trancoso
– 14 de Agosto – Batalha de Aljubarrota, vitória definitiva de
Portugal, fim.

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A crise de 1383 - 1385 - História 8º ano

  • 1. A CRISE DE 1383-1385 1383 O rei D. Fernando morreu em Lisboa no dia 22 de Outubro de 1383, poucos dias antes de completar 38 anos de idade, e deixou o país mergulhado numa grave crise de sucessão, pois, em virtude do Tratado de Salvaterra, assinado com Castela, a sua única filha legítima, D. Beatriz, estava casada com D. João I de Castela. Nesse tratado estabelecia-se que D. Beatriz seria rainha de Portugal e que, até ter um filho legítimo maior de 14 anos, sua mãe, a rainha viúva D. Leonor, exerceria a regência do reino. D. Leonor Teles assumiu a regência e mandou aclamar D. Beatriz como rainha. Mas surgiu contestação, em especial por parte do povo e de alguns fidalgos fiéis a D. Fernando. Instalou-se a crise, o país dividiu-se, a revolta espalhou-se por todo o reino. Os descontentes organizaram-se, encabeçados por Álvaro Pais, e com a colaboração do Mestre de Avis, D. João, planearam o golpe de 6 de Dezembro de 1383, que conduziu ao assassinato do conde Andeiro, castelhano tido como amante da regente, e ao triunfo dos revoltosos.
  • 2. A CRISE DE 1383-1385 1384 O segundo cerco de Lisboa foi imposto pelas forças de Castela em 1384 e durou 4 meses e 27 dias. Ocorreu no contexto da sucessão de D. Beatriz à morte de D. Fernando (crise de 1383-1385), diante da revolta popular que culminou com a aclamação do Mestre de Avis como Regedor e Defensor do Reino. É descrito por Fernão Lopes, que refere alguns dados interessantes sobre a cerca da cidade, à época, descrevendo as medidas defensivas, entre as quais:  A cerca era amparada por 77 torres, no topo das quais foram montados caramanchões de madeia, visando optimizar a defesa;  Os muros da cerca eram rasgados por 38 portas. A mais crítica era a chamada Porta de Santa Catarina, defronte da qual se estabeleceu o arraial de Castela, e defronte à qual se registrava maior número de escaramuças.  O lado da Ribeira era defendido por duas grossas estacadas, desde as águas do rio até ao pé da cerca;  uma estacada dobrada defendia o Caminho de Santos, por baixo da Torre da Atalaia;  O cerco de Lisboa foi levantado a 3 de Setembro de 1384, devido sobretudo à epidemia de Peste Negra que assolou o exercito Castelhano, causando-lhe muitas baixas, houve também ataques na periferia do cerco por parte de forças do exército de D. João, Mestre de Aviz, forças essas chefiadas pelo fronteiro do Alentejo, Nuno Álvares Pereira.
  • 3. A CRISE DE 1383-1385 1385 Entre o fim de 1383 e o princípio de 1385, Nuno Álvares Pereira subjugou a maioria das cidades portuguesas que haviam declarado apoio à princesa Beatriz e ao marido João I de castela. Durante a Páscoa, chegaram a Portugal as tropas inglesas enviadas em resposta ao pedido de ajuda feito por João de Avis. Apesar de não serem um grande contingente, contavam-se à volta de 600 homens, eram tropas na sua maioria veteranas da Guerra dos cem anos (1337 – 1453), bem treinados nas tácticas de sucesso da infantaria inglesa. Entre o contingente inglês, encontrava-se uma divisão de archeiros, que haviam provado o seu valor contra cargas de cavalaria. Com tudo a jogar a seu favor, João de Avis organizou uma reunião das Cortes em Coimbra, juntando todas as figuras importantes do reino. É aí que, a 6 de Abril, foi aclamado João I, o primeiro Rei da Disnastia de Avis, num claro acto de guerra contra as pretensões castelhanas. Num dos seus primeiros éditos reais, João I nomeia Nuno Álvares Pereira Contestável de Portugal e protector do reino. Pouco depois, rei e general partem para o Norte, para acabar com os últimos focos de apoio a Castela.
  • 4. cronologia • 1383 – Abril – A princesa Beatriz de Portugal (filha única do rei Fernando ) casa com o rei João I de Castela – 22 de Outubro - O rei Fernando morre: a rainha viúva Leonor torna-se regente em nome de Beatriz e João de Castela – Começa a resistência, liderada por João, Grão-Mestre de Avis : vários castelos são ocupados • 1384 – Janeiro – João I de Castela invade Portugal – Abril – Os portugueses ganham a batalha dos Atoleiros – Maio – Começa o cerco de Lisboa; é enviada uma embaixada a Inglaterra – Julho – Uma frota portuguesa rompe o cerco de Lisboa, embora com pesadas derrotas – 3 de Setembro - João I de Castela, retira-se para o seu reino – Inverno – Nuno Álvares Pereira e João de Avis subjugam cidades a favor de Castela • 1385 – Páscoa – Chegada dos aliados ingleses – 6 de Abril - João de Avis é aclamado rei nas Cortes de Coimbra. – 29 de Maio – Dá-se a batalha de Trancoso – Junho - João I de Castela invade Portugal com toda a força, depois da derrota de uma expedição punitiva na batalha de Trancoso – 14 de Agosto – Batalha de Aljubarrota, vitória definitiva de Portugal, fim.