O que devemos fazer para acelerar o crescimento de modo sustentado?
EDMAR BACHA
Economista, é diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças (IEPE/CdG). Foi presidente do BNDES, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e membro da equipe econômica do Plano Real. É bacharel em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutor pela Universidade Yale (EUA).
Desafios e oportunidades para as energias renováveis no Brasil - Elbia Silva ...
Desenvolvimento Econômico: Por que ficamos para trás? - Edmar Bacha
1. POR QUE FICAMOS PARA TRÁS?
Um apanhado de minhas pesquisas
EDMAR BACHA
São Paulo: Fundação FHC, 04/04/2018
2. Brasil ficou para trás a partir de 1980
(2014 US$, PIBpc, PPPs)
0,20
0,22
0,24
0,26
0,28
0,30
0,32
0,34
0,36
0,38
1950
1952
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
BRA / US
2017=26%
3. Colapso do PIB (Y´) coincide com
o da acumulação de capital (K’)
-6%
-4%
-2%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
1950
1952
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
K' Y'
4. Decomposição da acumulação de capital
• A partir da igualdade: valor do investimento = poupança, deriva-se:
• Taxa de crescimento do estoque de capital (K’) = taxa de poupança (s)
dividida pelo preço relativo do investimento (p) vezes relação
produto-capital (v) menos taxa de depreciação (δ):
K’ = s(1/p)v – δ
5. Colapso da acumulação de capital se associa à queda da
relação produto-capital e ao aumento do preço relativo
do investimento. Poupança não variou
BRASIL Períodos K' s v p δ
Idade de ouro 1950-1980 8.8% 19.4% 0.506 0.784 3.6%
Década perdida 1981-1992 3.3% 20.9% 0.357 1.009 4.1%
Reformas c/baixo
crescimento
1993-2003 2.1% 18.3% 0.352 1.013 4.2%
Síndrome chinesa 2004-2010 2.8% 18.5% 0.382 1.024 4.1%
Dia seguinte da Grande
Recessão
2011-2014 4.0% 20.3% 0.383 0.973 4.0%
Quase-estagnação 1981-2014 2.9% 19.5% 0.364 1.009 4.1%
7. Aumento do preço relativo do investimento também
coincide com substituição pesada de importações
[p(2000)=1.0]
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1947
1949
1951
1953
1955
1957
1959
1961
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
p original
p corrigido
8. Taxa básica de juros:
a caminho da “normalidade”?
JURO REAL PRAZO CURTOA
The Economist, taxa 3m/inflação projetada ano
PAÍS 16/10/2010 28/03/2018
BRASIL 5,5 2,7
TURQUIA -0,7 3,7
MÉXICO -0,1 3,5
CHINA -0,3 2,3
ÁFRICA DO SUL 1 2
INDONÉSIA 1,6 1,8
RÚSSIA 1,0 1,8
ARGENTINA 1,5 1,7
COLÔMBIA 1,9 1,6
MÉDIA (34 países) -0,2 0,0
DESVIO PADRÃO 1,7 1,7
10. ...como o são outros “preços surreais”
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
United
States
Mexico
Spain
Chile
Argentina
BRAZIL
USD PPP
Uso celular (1 min pré-pago)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
United
States
Spain
Chile
Mexico
Argentina
BRAZIL
USD PPP
Carro (Toyota Corolla)
11. Lições de 12 países de crescimento
rápido e sustentado: The Growth Report
[Botswana, China, Cingapura*, Coreia do Sul, Hong Kong*, Indonésia,
Japão*, Malásia, Malta*, Oman, Tailândia, Taiwan*] *hoje desenvolvidos
• Exploraram plenamente a economia mundial
• Mantiveram a estabilidade macroeconômica
• Alcançaram altas taxas de poupança e investimento
• Permitiram que mercados alocassem os recursos
• Tiveram governos comprometidos, críveis e capazes
12. Lições de 12 países que romperam a armadilha da renda
média: integração, externa e interna, facilitada por
homogeneidade e tamanho pequeno
• Poucos países que conseguiram ultrapassar a barreira da renda média depois da
2ª. Guerra o fizeram com abertura para o comércio internacional:
• Cingapura, Coreia do Sul, Hong-Kong, Israel, Taiwan (exportadores industriais)
• Espanha, Grécia, Irlanda, Portugal (exportadores de serviços, inclusive mão de obra)
• Austrália, Nova Zelândia, Noruega (exportadores de recursos naturais)
• Renda per capita ppc: mediana, $43 mil; Brasil, $15 mil
• Parcela comércio/PIB: mediana, 75%; Brasil, 27%
• Além de abertos ao comércio internacional, são relativamente igualitários e, com
exceção de Coreia do Sul e Espanha, bem pequenos
• Gini: mediano, 0,36; Brasil, 0,52
• População: mediana, 10 milhões; Brasil, 207 milhões
• Ao contrário dos 12 países que ascenderam, Brasil é grande, desigual e fechado
14. Relatórios recentes pró-abertura
• McKinsey, Brazil’s path to inclusive growth. McKinsey Global Institute,
maio 2014.
• CDPP/CINDES, “A integração internacional da economia brasileira: proposta
para uma nova política comercial”. Texto para Discussão, junho de 2016.
• OECD, “Fomentar a integração do Brasil na economia mundial. Capítulo 2
de Relatórios Econômicos OECD: Brasil. Paris: OECD, fevereiro 2018.
• Banco Mundial, Emprego e crescimento: a agenda da produtividade.
Washington, DC: Banco Mundial: março 2018.
• Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Abertura
comercial para o desenvolvimento. Brasília: SAE, março 2018.
15. Pilares de um programa de abertura
para o Brasil
Programa pré-anunciado, com três pilares, independentes
entre si e implantados gradualmente, ao longo de 4 anos:
• Redução do “custo Brasil” (reforma tributária; concessões
de infraestrutura)
• Troca de tarifas (e outras restrições à entrada de bens e
serviços importados) por câmbio
• Acordos comerciais internacionais
16. Referências
• E. Bacha, “Além da tríade: como reduzir os juros?”. Em: E. Bacha, Belíndia 2.0.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012: 251-268.
• E. Bacha, “Integrar para crescer: o Brasil na economia mundial”. Em: J. P. R.
Velloso (org.), Visão de Brasil: Estratégia de Desenvolvimento Industrial com
Maior Inserção Internacional. Rio de Janeiro: Fórum Nacional, 2013: 47-65.
• E. Bacha e R. Bonelli, “Accounting for the rise and fall of Brazil’s growth after
World War II”. Em: M. Damill, M. Rapetti e G. Rozenwurcel (orgs.),
Macroeconomics and Development: Roberto Frenkel and the Economics of
Latin America. Nova York: Columbia University Press, 2016: 188-207.
• E. Bacha e R. Bonelli, “Coincident growth colapses: Brazil and Mexico since the
early 1980s”, Novos Estudos/Cebrap, 35(2), julho 2016: 151-181.
• Banco Mundial, em nome da Commission on Growth and Development, The
Growth Report: Strategies for sustained growth and inclusive development.
Washington, D.C.: Banco Mundial, 2009.
17. Se nada disso der certo:
Confederação Terra Brasiliensis como alternativa