1) O documento relata as comemorações do Dia do Município de Alter do Chão, onde foram atribuídas medalhas a funcionários e um industrial local.
2) O presidente da Assembleia Municipal discursou sobre os desafios de perda populacional e necessidade de investimento e criação de empregos no concelho.
3) O documento também discute questões relacionadas à guerra na Ucrânia, como a dependência energética europeia da Rússia e os objetivos geopolíticos por trás do conflito.
Alter do Chão celebra dia do município e debate desafios da região
1. O Alterense
CDU Alter do Chão | Abril a Junho de 2022 | Junho de 2022 | N.º 35 | Ano IX
CDU
Dia do Município
Decorreu no dia 26 de Maio o dia do Município de Alter do Chão. As cerimónias comemorativas deste ano realizaram-se no Pavilhão Multiusos e
contaram com a presença da Diretora Regional de Cultura do Alentejo, a Dr.ª Ana Paula Amendoeira.
Foram atribuídas medalhas de 25 anos de Serviço Público a vários trabalhadores da CMAC e atribuído a medalha de mérito municipal a Manuel
Alves da Silva, industrial corticeiro, pelos seus serviços e dedicação à vila de Alter do Chão.
Na sua intervenção alusiva à data, o Presidente da Assembleia Municipal, João Martins da CDU, disse:
“Caros concidadãos
O concelho de Alter do Chão continua a perder população, tal como muitos outros concelhos do interior do país e, muito em particular, no Alto Alentejo. O último censo
ilustra bem esta chaga que nos atinge.
A falta de investimento público e privado têm conduzido este concelho a um despovoamento contínuo.
A criação de postos de trabalho é crucial para a fixação de pessoas e para o desenvolvimento económico do concelho de Alter do Chão. Mas o trabalho tem que ser
dignificado.
A construção da Barragem do Pisão, a conclusão do IC 13 e a dinamização do caminho-de-ferro são boas soluções, para que o desenvolvimento local e regio-
nal seja sustentável, não só para o concelho de Alter do Chão, mas igualmente para todo o distrito de Portalegre.
A promoção do Parque Industrial de Alter do Chão e da agricultura concelhia carecem de maior dinamização de modo a tornarem-se mais atrativas para os investido-
res e poderem ser um polo de desenvolvimento económico do concelho.
Numa população envelhecida, a prestação de cuidados de saúde e apoio social é fundamental.
No que se refere aos cuidados de saúde, a escassez de médicos no concelho é uma das grandes preocupações da população.
A municipalização desta valência é muito discutível, mas o que é indiscutível é a necessidade de mais e melhores condições de saúde para melhoria da qualidade de
vida da população em geral e, sobretudo, dos nossos idosos.
É de inegável importância social e solidária a prestação de serviços que as instituições de solidariedade social existentes no nosso concelho disponibilizam à comunidade.
A cultura e a instrução são cada vez mais fatores de importância fundamental no desenvolvimento económico, social e cultural, a nível local, regional ou nacional.
O ensino deve ser uma preocupação principal de qualquer órgão autárquico. É indiscutível a necessidade de mais e melhor ensino para combater o insucesso escolar.
O turismo cultural, o religioso e o gastronómico são cada vez mais exigentes.
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Maio, Maduro Maio...
Precisamos de valorizar e dinamizar ainda mais o património histórico e arqueológico do concelho, a Villa Romana da Casa da Medusa (Ferragial d’El-Rei),
a Necrópole Tardo-Antiga da Quinta da Cerca, a Villa Romana da Quinta do Pião, Ponte Vila Formosa, a Capela de S. Brás ou a Ponte dos Mendes como indispensá-
veis pólos de atração turística/cultural nacional e internacional.
Precisamos de classificar a Casa da Medusa como monumento nacional e dar-lhe a importância que ela de facto tem. Não precisamos de obras de fachada.
Um povo sem cultura nem instrução não tem história e o concelho de Alter do Chão quer ter a sua história.
O Poder Local Democrático é uma das grandes conquistas da Revolução de Abril e um forte pilar da democracia.
As novas competências que o Poder Central quer transferir para as autarquias locais, merecem toda a nossa atenção pois vão interferir com a vida de todos nós. É preciso estar
atento e perceber se a autarquia tem os meios materiais, financeiros e humanos para receber essas mesmas transferências.
Caros Alterenses, Sedenses, Chancenses e Cunheirenses
Como Presidente da AM, quero e tenho vontade, com a ajuda de todos, atrair investimentos geradores de postos de trabalho, inverter o despovoamento a que temos assistido
nas últimas décadas e melhorar as condições de vida do nosso concelho.
Precisamos que o Poder Central nos olhe com outros olhos e que nos dê as ajudas necessárias ao nosso desenvolvimento, criando políticas novas e adequadas à nossa região.
Assim, apelo a todos os habitantes do nosso concelho que, apesar das diferenças e divergências políticas que nos separam, e ainda bem que assim é, nos unamos nos esforços tão
necessários ao nosso desenvolvimento económico, social e cultural.
Aquilo que nos une (o melhor para o concelho de Alter do Chão) é muito mais do que o que nos separa.
De facto, somos poucos, mas todos somos necessários para ajudar no progresso da nossa terra e dos nossos cidadãos.
Conto com todos, contem comigo.”
À noite realizou-se um belíssimo concerto com António Zambujo e Os Cá d’Cima, seguido de fogo de artifício.
Dia 27 de Maio, por todo o país e incluindo todos os setores de atividade os trabalhadores voltam à rua para reafirmarem as exigências do 1º de
Maio de Trabalho digno e com Direitos pelo aumento dos salários e das pensões pelo direito à contratação coletiva e pela jornada de trabalho sema-
nal de 35 horas para todos os trabalhadores.
E porque, como não se cansam de afirmar o aumento do salário é (de facto) justo e necessário, exigem, e com razão, o aumento do salário mínimo
para níveis que garantam um mínimo de dignidade mas também, que ele empurre em vez de absorver os salários superiores de forma a inverter a
tendência de esmagamento do salário médio.
Em 2022, 136 anos depois dos acontecimentos de Chicago e 60 anos depois da conquista das oito horas nos campos do Alentejo e Ribatejo conti-
nuam a ser os salários dignos e a redução dos horários de trabalho as bandeiras desfraldadas pelo movimento sindical em praças e avenidas de todo
o país.
Como sempre, desde que a classe trabalhadora assumiu a luta pelos seus direitos, não lhes faltará quer o apoio dos seus representados quer a censura
dos que continuam a entender os trabalhadores como peças descartáveis na sua sede de lucros. Não faltarão ainda os que por desconhecimento ou
cegueira ideológica continuarão a ver justeza nas reivindicações mas impossibilidades de concretização pelas mil e uma razões que o capital lhes
vendeu e vende.
Importa pois, partir para o debate e ganhar a sociedade para a justeza da exigência de trabalho digno e com reposição de direitos.
O apoio da classe trabalhadora é não só esperado como da maior justiça tanto mais que as reivindicações correspondem a uma necessidade por
todos reconhecida, face à perda de poder de compra dos salários. Situação que se vem agravando na última década.
Também a censura de quantos persistem em ver os trabalhadores como peças do (seu) mecanismo de multiplicação de lucros não será surpresa.
Como também não o serão as posições marcadas pelos medos semeados pelos próprios detentores do capital ou pelos seus megafones de serviço na
comunicação social ou até entre a classe trabalhadora.
É para estes últimos, para os que por medo ou traição se posicionam contra a justeza das reivindicações e das lutas necessárias à sua concretização,
que deverá ser canalizado o esclarecimento e a persuasão. E não será difícil mostrar-lhes que as reivindicações apresentadas pelos trabalhadores
portugueses no 1º de Maio e renovadas no próximo dia 27 são não apenas justas e necessárias, mas também possíveis de satisfazer.
O gráfico abaixo da autoria do economista Eugénio Rosa mostra-nos a evolução da distribuição da Riqueza Produzida entre o capital e o trabalho.
Um olhar, por menos atento, notará de imediato que independentemente da evolução da riqueza produzida ela é injustamente distribuída: os traba-
lhadores receberam em 2019, sob a forma de “ordenados e salários” 35% do PIB enquanto para os donos do capital reverteu em “excedente bruto
da exploração” 41% do PIB.
É uma trajetória que tem vindo a ser agravada. Entre 2008 e 2019, a parte do Trabalho no Produto Interno Bruto, diminuiu de 36,5% para 35%
enquanto a do Capital aumentou de 40,6% para 41%.
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A situação é de tal modo escandalosa e afastada da média europeia que foi o próprio governo, que não pode ser “acusado” de “pró-trabalhadores”,
quem decidiu avançar com a chamada Agência para o Trabalho Digno que, apesar de ser pouco mais que uma operação de cosmética, mereceu de
imediato ataques desabridos das associações patronais.
O problema, é já de um problema nacional que se trata, não pode ficar mais tempo sem solução. A perda acentuada do poder de compra dos salá-
rios e o esmagamento dos rendimentos dos trabalhadores mais qualificados (que incorretamente gostam de apelidar de classe média) está a colocar
problemas em cadeia e que ultrapassam em muito a tragédia que significa em Portugal empobrecer-se a trabalhar.
Atente-se que são os trabalhadores qualificados do público e do privado os que “alimentam” as economias locais e têm sido esses os que têm sofri-
do as maiores perdas nas últimas décadas.
O exemplo da Função pública aqui ilustrado com a tabela de evolução salarial dos Assistentes Técnicos é ilustrativo da perda de poder de compra
dos salários, do esmagamento do salário médio e da passagem a um país de salário mínimo.
Uma situação que coloca problemas gravíssimos à gestão dos recursos humanos das empresas onde já coexistem trabalhadores com décadas de
experiência e altas qualificações com recém-admitidos, unidos pelo salário mínimo ou muito próximos desse patamar.
São estas as razões que justificam a luta.
É Justo e Necessário o aumento do salário.
Diogo Júlio Serra/Portalegre
Será verdade?
Todos os dias, nos mais diferentes órgãos de comunicação nacionais e internacionais, ouvimos e lemos notícias tão díspares sobre a guerra na Ucrâ-
nia que se torna difícil ao cidadão comum separar o trigo do joio, a verdade da mentira, a informação da desinformação e propaganda.
A concentração das tropas ucranianas no Donbass e as muitas entregas armas pela NATO a par do treino intenso de combate do batalhão Azov e do
exército e dos intensos bombardeamentos de Luhansk e Donetsk pelos ucranianos, apontavam para uma grande operação militar planeada pela
Ucrânia para o final do inverno? Por que razão os Estados Unidos anunciavam um ataque russo, há muito tempo? Porque sabiam que uma guerra
iria ocorrer?
E que dizer destes números (150.000 russos contra 500.000 ucranianos, contando com a Guarda Nacional)?
De acordo com alguns, os americanos compram petróleo russo e os negociantes tentam escapar às sanções dos EUA, escondendo o petróleo em
produtos refinados e a sua origem na Rússia. Este petróleo bruto seria refinado na India e depois vendido para os Estados Unidos. As cargas que
desembarcaram em Nova Iorque e Nova Jersey transitaram através do Canal de Suez e do Atlântico a partir das refinarias indianas.
Fala-se que o preço do gás natural, vindo da Rússia, transportado por gasoduto para a Europa é a 33,42€/MWh e que o preço do gás natural, vindo
dos Estados Unidos, transportado por barco para a Europa vai custar 53, 88€/MWh. É quase o dobro. Diz-se que os europeus, só lá mais para o
Outono, quando o frio e alguma fome apertarem, tomarão consciência daquilo em que se deixaram envolver.
Dizem outros que a maior tragédia vai ser a queda da Alemanha como grande potência económica e locomotiva da Europa e que as classes médias
da UE vão pagar os pacotes de sanções e que os ucranianos são a carne para canhão, havendo quem quisesse que assim fosse. Parte do sucesso da
Alemanha deve-se a uma relação de vantagens mútuas com a Rússia, pois esta fornecia a energia para a Alemanha a baixo custo. A Alemanha é o gran-
de parceiro da UE com a Rússia que fornecia 41% do gás e 34% do petróleo.
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O afundamento da Alemanha leva por arrasto a França e toda a Europa ocidental. A destruição do seu modo de vida e do seu bem-estar pode causar
convulsões sociais em toda a Europa.
Faz sentido a Europa/UE libertar-se da dependência energética russa para cair nas mãos dos americanos com aqueles preços de gás?
Será verdade que são os EUA quem autoriza as petrolíferas europeias a carregar petróleo da Venezuela e sem sanções americanas? Mas qual é o
papel da EU? Até agora, só o de completa subserviência e obediência face aos Estados Unidos. “Grandes” são os dirigentes europeus e
“democratas” são, entre outros, os “dirigentes amigos”.
Também se diz que ir para uma guerra, dependendo muito de “alguém”, sabendo como Estados Unidos se portaram no Afeganistão, no Iraque, na
Síria, etc., é uma grande aventura cheia de incertezas nos resultados finais e que o objetivo dos EUA para esta guerra era fazer da Ucrânia um estado
como o de Israel, ou seja, em vez de guarda do petróleo seria uma seta encostada ao coração da Rússia.
Tal como aconteceu com os senhores da guerra do Afeganistão são agora os oligarcas ucranianos que vão enriquecer com a guerra em que meteram
os seus cidadãos?
Afinal quem minou o Mar Negro? Só durante o briefing do secretário-geral da Organização Marítima Internacional, a IMO, em 12 de Abril, o dele-
gado da Ucrânia confirmou que tinham minado intencionalmente os seus próprios portos.
E a NATO/OTAN? Depois do que tem feito por esse mundo ainda é uma organização defensiva? E os 2% do PIB dos estados-membros para as
despesas com as armas? E quem são os grandes produtores de armas? Quem vai ganhar com estes 2%? Vai haver uma militarização da Alemanha?
Não precisamos de nos preocupar com os cereais (na Alemanha, a farinha começou a custar 3 euros), a energia, a saúde e os salários pois o que
interessa é a guerra. É ela que nos dá de comer.
A guerra do Ocidente contra a Rússia pretende, como todas as guerras, a destruição dos bens e das estruturas que os produzem e as sanções econó-
micas fazem parte dessa panóplia da guerra. Não esquecer que o palco da guerra é a Europa.
Para acabar com esta guerra nem os ucranianos e os americanos ainda perderam o suficiente e nem os russos já ganharam o suficiente.
Há já dois grandes vencedores, os Estados Unidos e a NATO e muitos perdedores. Outros vencedores são a China e a Índia a ver o enfraquecimen-
to da União Europeia. Do lado dos perdedores estão a Ucrânia, a Europa e a União Europeia e a neutralidade
A Rússia vai ser vencedora ou perdedora? Militarmente talvez vencedora, mas economicamente é também um país perdedor?
Podemos e devemos condenar esta guerra e urge acabar com ela. No entanto, para tal, deixem de nos mentir. Só a verdade pode ajudar a construção
da paz.
Romão Trindade/Alter do Chão
Uma delegação do PCP do concelho de Alter do Chão participou na homenagem a Catarina Eufémia que decorreu a 22 de Maio, em Baleizão.
A cerimónia contou com a presença de Jerónimo de Sousa, secretário geral do PCP, que reafirmou “Hoje como ontem, a luta de massas, a sua
in-ten-si-fi-cação e am-pli-ação, cons-titui o ins-tru-mento es-sen-cial da ação dos tra-ba-lha-dores na res-posta à ex-plo-ração. Luta
que, hoje como ontem, contará com o apoio do PCP e com o contributo dos comunistas”.
Homenagem a Catarina Eufémia
Ações do PEV Os Verdes
Os dirigentes Heloísa Apolónia e Victor Cavaco participaram no 35º Conselho do Partido Verde Europeu que se realizou de forma presencial (ao
fim de 2 anos de reuniões por vídeo conferência) na capital da Letónia, em Riga.
Foram apresentados no Conselho os candidatos para a eleição do novo Comité do Partido Verde Europeu.
Num difícil e emotivo debate sobre a guerra na Ucrânia, o PEV realçou as origens pacifistas do movimento verde internacional tendo conseguido
colocar em grande destaque a Paz como o principal objetivo dos Verdes na Europa.
O Partido Ecologista Os Verdes sinalizou o Dia Mundial do Ambiente, com a realização de um conjunto de iniciativas pelo país, em Defesa da Na-
tureza e da Biodiversidade.
Na aldeia de Juso, Cascais, o PEV promoveu uma caminhada e Conversa Ecologista em defesa da orla costeira e dos seus ecossistemas.
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Ficha Técnica
Edição e Propriedade: CDU - Alter do Chão
ISSN: 2183-4415
Periodicidade: Trimestral
Tiragem: 250 exemplares
Distribuição: Impressa e online (gratuitas)
Director: João Martins
Morada: Rua Senhor Jesus do Outeiro, n.º 17
7440 - 078 Alter do Chão
Telefone: 927 220 200
Email: cdualter2013@gmail.com
Facebook: www.facebook.com/cdu.alter
Coisas . . .
Saudações alterenses especiais ao doutor Pedro Dominguinhos pelas novas funções em que foi investido, a de presidente da Comissão Nacio-
nal de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência. Votos de bom trabalho na condução e coordenação do PRR.
Os vereadores do Partido Socialista, na oposição, não participaram nas cerimónias do Dia do Município. Porque seria?
O que tem feito este executivo municipal? Já passaram cerca de 9 meses e o que apresentaram foram apenas algumas boas atividades festivas
E o Pisão? Há muito que não se fala dele. Está esquecido?
A Associação Desportiva de Alter, ADA, foi campeã de futsal da distrital de Portalegre
Escavações arqueológicas: a quem interessar