SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 6
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Como anda a performance de sua equipe?
Gerenciar a performance de sua equipe, concomitantemente a da empresa,
exige dar importância ao processo de fixação de metas, definição de
objetivos como é conhecido em algumas organizações, e cuidar do
monitoramento do desempenho mês a mês.
Considerando um modelo ideal de gestão de desempenho, como este
processo deveria ocorrer? Como e quando deveriam ser fixadas as metas?
Como seria o acordo de metas com o colaborador? O que deveria ocorrer
entre a fixação da meta e sua aferição no final do ciclo? Perguntas cujas
respostas parecem ser óbvias. Mas, façamos uma reflexão, vamos
verificar como têm sido a prática nas organizações.
Comecemos considerando que grande parte das empresas brasileiras,
mesmo as multinacionais que aqui atuam, gerencia seus resultados
seguindo um cronograma integrado ao ano fiscal. Ou seja, os objetivos
estratégicos e as metas são perseguidos entre os meses de janeiro e
dezembro. Percebam que destaquei o período de “janeiro a dezembro”.
Para serem perseguidas entre estes meses, as metas deveriam estar
fechadas até dezembro do ano anterior. Aqui temos nossa primeira
dissonância: qual o percentual de empresas que entram janeiro com todas
as metas fixadas? Quantos colaboradores sabem desde os primeiros dias
do ano o que precisam realizar até dezembro? Sabemos que a maioria das
empresas não consegue entrar janeiro com o orçamento totalmente
aprovado, por consequência, como poderiam estar com todas as metas
definidas?
O que nos leva a outra questão: onde “nascem” as metas, qual sua
relação com o orçamento? Mais uma vez as respostas parecem óbvias!
Mas, infelizmente não são. Grande parte dos gestores tem muita
dificuldade para definir objetivos, relacioná-los à rotina de trabalho,
quantificá-los e distribuí-los dentre os membros da equipe. Podemos
identificar algumas áreas em que isto não ocorra com frequência, como
exemplo, nas áreas comerciais. Normalmente estas conhecem seus
objetivos, pelo menos no que tange ao mês a mês. Em outras palavras,
conhecem pelo menos as metas de curto prazo. Seja por uma dificuldade
real, como ter o orçamento aprovado, ou por não priorizarem o processo,
os gestores acabam definindo metas simplesmente para atenderem às
exigências dos processos da empresa, encaram este momento como algo
burocrático que precisam fazer ou como atividade que precise ser
realizada para que não sejam mal avaliados.
Uma pesquisa realizada com profissionais de aproximadamente cem
organizações, cujo modelo de gestão de pessoas não exige a fixação de
metas para colaboradores de linha (que não fazem parte do quadro de
gestão da empresa), demonstrou que estes colaboradores não possuíam
metas claramente definidas. Seus objetivos se restringiam a executar a
rotina do dia a dia, num modelo que a atuação na função para a qual o
profissional foi contratado determina o que ele deve entregar de resultado,
como se não houvesse diferenciação no resultado que cada um pode dar.
No universo desta pesquisa, os profissionais não recebiam nenhuma
comunicação a respeito de como sua atuação contribuía na execução das
estratégias da empresa.
Por menor que seja a empresa, os gestores sempre possuem desejos,
visões de futuros, pretensões. Estas pretensões podem ser traduzidas em
objetivos e estes podem ser organizados no modelo orçamentário. Mesmo
que as empresas não adotem um modelo de gestão orçamentária, elas
precisam definir seus objetivos. As metas são as ações que precisam ser
realizadas para que os objetivos sejam atingidos.
Imagine uma empresa com dez, cem ou mil colaboradores! Como seria se
cada um estivesse imbuído em atividades pouco alinhadas às pretensões
de futuro, aos objetivos estratégicos? Considere um vendedor que
mantém todos os dados dos clientes atualizados, um cadastro maravilhoso,
mas não vende, não traz faturamento. Podemos pensar num exemplo
oposto, o vendedor é brilhante na negociação, se relaciona com o cliente
de maneira tão genial que não perde uma venda, mas mantêm todas as
informações na memória, sem nenhum registro a respeito de preferência
de compra, produto mais vendido, prazo, preço etc., de repente, se afasta
por uma licença médica ou deixa a empresa, como ficaram as vendas?
Construir metas com a equipe permite melhor a própria gestão, pois
possibilita gerenciar o resultado. Além disto, favorece a comunicação com
colaborador sobre como ele está contribuindo para o alcance dos objetivos
estratégicos. Voltaremos a falar deste assunto adiante no tópico que
abordaremos o monitoramento das metas.
Alguns gestores se justificam dizendo que não definem metas porque não
há um processo na empresa que determine isto, não há avaliação de
desempenho e nem um planejamento estratégico estruturado. O fato é
que o processo apenas organiza a informação e a comunicação, mas para
gestores que não compreendem a importância desta atividade, o processo
se torna apenas mais uma burocracia a ser cumprida. Por outro lado,
gestores que compreendem a relevância do acordo de metas na gestão de
pessoas, não dependem de um processo que exija isto. Eles sabem que
estabelecer objetivos com os colaboradores tem a ver com gerar
resultados, alinhar todos numa mesma direção, direcionar ações para o
que de fato precisa ser feito, o que traz maior contribuição. Não encaram
esta atividade como algo burocrático, mas como algo estratégico e que
tem sua essência na própria natureza da liderança que influencia e
mobiliza as pessoas no alcance de objetivos desejados.
Assim sendo, por que é importante relacionar metas com os objetivos
estratégicos? Uma vez que os objetivos estratégicos representam aonde a
empresa quer chegar, as ações precisam estar totalmente integradas à
estratégia. Na prática o cumprimento das metas é o que transformam as
estratégias em realidade.
O acordo de metas
O ideal é que as metas sejam acordadas e fechadas até dezembro, ou no
mês que antecede o início do ano fiscal da empresa, para que os
colaboradores entrem o ano sabendo exatamente o que terão que
entregar. Este é um elemento fundamental para comprometer os
colaboradores com os resultados desejados da empresa.
Vimos onde nascem as metas e quando elas devem ser fixadas!
Chegamos a outro ponto importante: como devemos “acordá-las”? Mais,
uma vez, percebam que utilizo o termo “acordar”. O gestor pode
perfeitamente definir as metas e distribuí-las entre os membros da equipe
sem ouvir seus colaboradores, certificando-se apenas de que houve
entendimento. Contudo, experiências bem sucedidas mostram que,
quando acordamos as metas com os colaboradores, quando os
envolvemos e discutimos com eles o que precisa ser feito, seu nível de
comprometimento é muito maior. Ao ter voz ativa no processo, poder
optar entre as diversas alternativas e contribuir na definição do objetivo,
os colaboradores se responsabilizam pelos resultados.
As metas devem ser SMART:
eSpecíficas - tratar apenas de um resultado em cada meta
Mensuráveis - ter indicadores que possam ser medidos
Atingíveis - retratar a realidade, serem viáveis, não sonhos
Relevantes - ser ligada à estratégia empresa e às prioridades
do colaborador
Temporais - Ter um determinado para ser realizada
É importante ressaltar que existem alguns profissionais que acreditam que
as metas devem abordar algo que fuja à rotina dos colaboradores.
Quando o termo “fugir” estiver se referindo ao ser relevante, como
descrito acima, perfeito. O colaborador deve investir cerca de 80% de seu
tempo em atividades que ajudam a concretizar a meta; se o tempo está
sendo utilizado em algo diferente disto, temos o sinal claro de que há um
problema. As metas devem estar associadas às prioridades do colaborador
e, sobretudo, desdobradas da estratégia da empresa, organizando as
contribuições do colaborador.
Precisamos nos ater a duas questões:
 metas desvinculadas das prioridades dos colaboradores – quando isto
ocorre o profissional acaba dando foco ao que a rotina lhe impõe e
deixa as metas de lado.
 metas desvinculadas da estratégia – neste caso, as prioridades da
organização seguem num sentido e o colaborador tende a ir a outro.
Como são incompatíveis o que acaba ocorrendo é desperdício de
esforço e tempo.
Conhecer o conceito de meta SMART ajuda a definir melhor os objetivos,
porém o mais importante continua sendo a atitude do gestor. É
imprescindível que ele esteja engajado em produzir, junto com a equipe,
resultados cada vez melhores para a empresa. Em desafiar, estimular e
apoiar o colaborador, extraindo o melhor de cada um.
Monitoramento da performance
Trilhamos até este momento um caminho para estruturar as metas de sua
equipe e vinculá-las aos objetivos da organização. Agora iremos debater
sobre monitoramento e gestão do desempenho. Tão importante quanto
estabelecer objetivos é acompanhar a performance do colaborador, isto
minimiza desvios e quando eles aparecem ações podem ser tomadas com
maior agilidade.
É comum, em organizações que possuem avaliação de desempenho, que
as metas tenham sido acordadas e registradas em formulários ou
sistemas. Mas, também, é muito comum que os profissionais só voltem a
consultar estas informações quando for o momento de avaliar os
resultados. Em outras palavras, não há um acompanhamento da
performance da equipe. Como Ram Charan e Larry Bossidy escreveram
em seu livro Execução (2005), o problema nas grandes empresas não é
estabelecer a estratégia, é executá-la.
O gestor precisa estabelecer uma rotina de acompanhamento da
performance com sua equipe. Frequentemente deve verificar como está o
desempenho. Problemas irão aparecer, oportunidades surgirão, demandas
de outras áreas ou até mesmo da alta direção da empresa aparecerão.
Enfim, diversos fatores podem desviar o colaborador dos objetivos, por
isso é de suma importância que o gestor, juntamente com a equipe,
monitore constantemente o desempenho. Além de evitar desvios, o
monitoramento traz outro benefício: permite comemorar as vitórias
parciais e ganhar mais fôlego para continuar na busca pelos resultados.
Nesta etapa, continua sendo fundamental envolver a equipe, acordar com
ela como este acompanhamento será feito, quais informações serão
tratadas, com qual periodicidade e como serão tratados os eventuais
desvios. Manter o envolvimento reforça a responsabilidade.
Tenho visto excelentes resultados quando as reuniões de
acompanhamento são realizadas quinzenalmente.
Durante todo o momento de execução das metas, o processo contínuo de
feedback é fundamental. Discutir sobre os acertos, erros, relacionamento
dentre os membros da equipe e dificuldades de cada um é
importantíssimo para a boa performance dos colaboradores. O gestor fica
mais próximo da equipe e pode exercer seu papel de desenvolver o time e
conduzi-lo aos resultados.
Por fim, a performance da equipe será diretamente proporcional ao
envolvimento do líder com sua equipe. A atitude da liderança diante do
processo de gestão de desempenho é exponencialmente mais importante
que o processo em si.
Por Maurício França
Professor de Pós Graduação
Consultor na Dorsey Rocha & Associados
mauriciofranca@dorseyrocha.com
http://twitter.com/francamauricio
www.dorseyrocha.com
(11) 36739799
Bibliografia
BALDWIN, T.; RUBIN, R.; BOMMER, W. Desenvolvimento de Habilidades Gerenciais. 2ª
reimpr., Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
BERGAMINI, C. W.; BERALDO, D. G. R. Avaliação de Desempenho Humano na empresa.
4ª ed., São Paulo: Atlas, 2008.
BENNIS, W.; NANUS, B. Líderes: estratégias para assumir a verdadeira liderança. São
Paulo: Harbra, 1988.
BLANCHARD, K.; JOHNSON, S. Gerente Minuto, 30ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009.
BOSSIDY, L.; CHARAN, R. Execução: a disciplina para atingir resultados. 14ª ed., Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005
DONNELLON, A. liderança de equipes: escolha a equipe, comunique as metas, defina as
funções, crie um clima de confiança. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A Estratégia em Ação: balanced scorecard. 26ª reimpr., Rio
de Janeiro: Elsevier, 1997.
KOTTER, J. P. Afinal o que fazem os líderes? : a nova fase do poder e da estratégia. 3ª ed.,
Rio de Janeiro: Campus, 2000.
ULRICH, D.; ZENGER, J.; SMALLWOOD, N. Liderança orientada para resultados: como
líderes constroem empresas e aumentam a lucratividade. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

Weitere ähnliche Inhalte

Empfohlen

2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by Hubspot2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by HubspotMarius Sescu
 
Everything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPTEverything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPTExpeed Software
 
Product Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage EngineeringsProduct Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage EngineeringsPixeldarts
 
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental HealthHow Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental HealthThinkNow
 
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdfAI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdfmarketingartwork
 
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024Neil Kimberley
 
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)contently
 
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024Albert Qian
 
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsSocial Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsKurio // The Social Media Age(ncy)
 
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Search Engine Journal
 
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summarySpeakerHub
 
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd Clark Boyd
 
Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Tessa Mero
 
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentGoogle's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentLily Ray
 
Time Management & Productivity - Best Practices
Time Management & Productivity -  Best PracticesTime Management & Productivity -  Best Practices
Time Management & Productivity - Best PracticesVit Horky
 
The six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementThe six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementMindGenius
 
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...RachelPearson36
 

Empfohlen (20)

2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by Hubspot2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by Hubspot
 
Everything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPTEverything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPT
 
Product Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage EngineeringsProduct Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
 
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental HealthHow Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
 
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdfAI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
 
Skeleton Culture Code
Skeleton Culture CodeSkeleton Culture Code
Skeleton Culture Code
 
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
 
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
 
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
 
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsSocial Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
 
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
 
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
 
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
 
Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next
 
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentGoogle's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
 
How to have difficult conversations
How to have difficult conversations How to have difficult conversations
How to have difficult conversations
 
Introduction to Data Science
Introduction to Data ScienceIntroduction to Data Science
Introduction to Data Science
 
Time Management & Productivity - Best Practices
Time Management & Productivity -  Best PracticesTime Management & Productivity -  Best Practices
Time Management & Productivity - Best Practices
 
The six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementThe six step guide to practical project management
The six step guide to practical project management
 
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
 

Como anda a performance de sua equipe por Maurício França

  • 1. Como anda a performance de sua equipe? Gerenciar a performance de sua equipe, concomitantemente a da empresa, exige dar importância ao processo de fixação de metas, definição de objetivos como é conhecido em algumas organizações, e cuidar do monitoramento do desempenho mês a mês. Considerando um modelo ideal de gestão de desempenho, como este processo deveria ocorrer? Como e quando deveriam ser fixadas as metas? Como seria o acordo de metas com o colaborador? O que deveria ocorrer entre a fixação da meta e sua aferição no final do ciclo? Perguntas cujas respostas parecem ser óbvias. Mas, façamos uma reflexão, vamos verificar como têm sido a prática nas organizações. Comecemos considerando que grande parte das empresas brasileiras, mesmo as multinacionais que aqui atuam, gerencia seus resultados seguindo um cronograma integrado ao ano fiscal. Ou seja, os objetivos estratégicos e as metas são perseguidos entre os meses de janeiro e dezembro. Percebam que destaquei o período de “janeiro a dezembro”. Para serem perseguidas entre estes meses, as metas deveriam estar fechadas até dezembro do ano anterior. Aqui temos nossa primeira dissonância: qual o percentual de empresas que entram janeiro com todas as metas fixadas? Quantos colaboradores sabem desde os primeiros dias do ano o que precisam realizar até dezembro? Sabemos que a maioria das empresas não consegue entrar janeiro com o orçamento totalmente aprovado, por consequência, como poderiam estar com todas as metas definidas? O que nos leva a outra questão: onde “nascem” as metas, qual sua relação com o orçamento? Mais uma vez as respostas parecem óbvias! Mas, infelizmente não são. Grande parte dos gestores tem muita dificuldade para definir objetivos, relacioná-los à rotina de trabalho, quantificá-los e distribuí-los dentre os membros da equipe. Podemos identificar algumas áreas em que isto não ocorra com frequência, como exemplo, nas áreas comerciais. Normalmente estas conhecem seus objetivos, pelo menos no que tange ao mês a mês. Em outras palavras, conhecem pelo menos as metas de curto prazo. Seja por uma dificuldade real, como ter o orçamento aprovado, ou por não priorizarem o processo, os gestores acabam definindo metas simplesmente para atenderem às exigências dos processos da empresa, encaram este momento como algo burocrático que precisam fazer ou como atividade que precise ser realizada para que não sejam mal avaliados.
  • 2. Uma pesquisa realizada com profissionais de aproximadamente cem organizações, cujo modelo de gestão de pessoas não exige a fixação de metas para colaboradores de linha (que não fazem parte do quadro de gestão da empresa), demonstrou que estes colaboradores não possuíam metas claramente definidas. Seus objetivos se restringiam a executar a rotina do dia a dia, num modelo que a atuação na função para a qual o profissional foi contratado determina o que ele deve entregar de resultado, como se não houvesse diferenciação no resultado que cada um pode dar. No universo desta pesquisa, os profissionais não recebiam nenhuma comunicação a respeito de como sua atuação contribuía na execução das estratégias da empresa. Por menor que seja a empresa, os gestores sempre possuem desejos, visões de futuros, pretensões. Estas pretensões podem ser traduzidas em objetivos e estes podem ser organizados no modelo orçamentário. Mesmo que as empresas não adotem um modelo de gestão orçamentária, elas precisam definir seus objetivos. As metas são as ações que precisam ser realizadas para que os objetivos sejam atingidos. Imagine uma empresa com dez, cem ou mil colaboradores! Como seria se cada um estivesse imbuído em atividades pouco alinhadas às pretensões de futuro, aos objetivos estratégicos? Considere um vendedor que mantém todos os dados dos clientes atualizados, um cadastro maravilhoso, mas não vende, não traz faturamento. Podemos pensar num exemplo oposto, o vendedor é brilhante na negociação, se relaciona com o cliente de maneira tão genial que não perde uma venda, mas mantêm todas as informações na memória, sem nenhum registro a respeito de preferência de compra, produto mais vendido, prazo, preço etc., de repente, se afasta por uma licença médica ou deixa a empresa, como ficaram as vendas? Construir metas com a equipe permite melhor a própria gestão, pois possibilita gerenciar o resultado. Além disto, favorece a comunicação com colaborador sobre como ele está contribuindo para o alcance dos objetivos estratégicos. Voltaremos a falar deste assunto adiante no tópico que abordaremos o monitoramento das metas. Alguns gestores se justificam dizendo que não definem metas porque não há um processo na empresa que determine isto, não há avaliação de desempenho e nem um planejamento estratégico estruturado. O fato é que o processo apenas organiza a informação e a comunicação, mas para gestores que não compreendem a importância desta atividade, o processo se torna apenas mais uma burocracia a ser cumprida. Por outro lado, gestores que compreendem a relevância do acordo de metas na gestão de pessoas, não dependem de um processo que exija isto. Eles sabem que estabelecer objetivos com os colaboradores tem a ver com gerar resultados, alinhar todos numa mesma direção, direcionar ações para o que de fato precisa ser feito, o que traz maior contribuição. Não encaram
  • 3. esta atividade como algo burocrático, mas como algo estratégico e que tem sua essência na própria natureza da liderança que influencia e mobiliza as pessoas no alcance de objetivos desejados. Assim sendo, por que é importante relacionar metas com os objetivos estratégicos? Uma vez que os objetivos estratégicos representam aonde a empresa quer chegar, as ações precisam estar totalmente integradas à estratégia. Na prática o cumprimento das metas é o que transformam as estratégias em realidade. O acordo de metas O ideal é que as metas sejam acordadas e fechadas até dezembro, ou no mês que antecede o início do ano fiscal da empresa, para que os colaboradores entrem o ano sabendo exatamente o que terão que entregar. Este é um elemento fundamental para comprometer os colaboradores com os resultados desejados da empresa. Vimos onde nascem as metas e quando elas devem ser fixadas! Chegamos a outro ponto importante: como devemos “acordá-las”? Mais, uma vez, percebam que utilizo o termo “acordar”. O gestor pode perfeitamente definir as metas e distribuí-las entre os membros da equipe sem ouvir seus colaboradores, certificando-se apenas de que houve entendimento. Contudo, experiências bem sucedidas mostram que, quando acordamos as metas com os colaboradores, quando os envolvemos e discutimos com eles o que precisa ser feito, seu nível de comprometimento é muito maior. Ao ter voz ativa no processo, poder optar entre as diversas alternativas e contribuir na definição do objetivo, os colaboradores se responsabilizam pelos resultados. As metas devem ser SMART: eSpecíficas - tratar apenas de um resultado em cada meta Mensuráveis - ter indicadores que possam ser medidos Atingíveis - retratar a realidade, serem viáveis, não sonhos Relevantes - ser ligada à estratégia empresa e às prioridades do colaborador Temporais - Ter um determinado para ser realizada É importante ressaltar que existem alguns profissionais que acreditam que as metas devem abordar algo que fuja à rotina dos colaboradores. Quando o termo “fugir” estiver se referindo ao ser relevante, como descrito acima, perfeito. O colaborador deve investir cerca de 80% de seu
  • 4. tempo em atividades que ajudam a concretizar a meta; se o tempo está sendo utilizado em algo diferente disto, temos o sinal claro de que há um problema. As metas devem estar associadas às prioridades do colaborador e, sobretudo, desdobradas da estratégia da empresa, organizando as contribuições do colaborador. Precisamos nos ater a duas questões:  metas desvinculadas das prioridades dos colaboradores – quando isto ocorre o profissional acaba dando foco ao que a rotina lhe impõe e deixa as metas de lado.  metas desvinculadas da estratégia – neste caso, as prioridades da organização seguem num sentido e o colaborador tende a ir a outro. Como são incompatíveis o que acaba ocorrendo é desperdício de esforço e tempo. Conhecer o conceito de meta SMART ajuda a definir melhor os objetivos, porém o mais importante continua sendo a atitude do gestor. É imprescindível que ele esteja engajado em produzir, junto com a equipe, resultados cada vez melhores para a empresa. Em desafiar, estimular e apoiar o colaborador, extraindo o melhor de cada um. Monitoramento da performance Trilhamos até este momento um caminho para estruturar as metas de sua equipe e vinculá-las aos objetivos da organização. Agora iremos debater sobre monitoramento e gestão do desempenho. Tão importante quanto estabelecer objetivos é acompanhar a performance do colaborador, isto minimiza desvios e quando eles aparecem ações podem ser tomadas com maior agilidade. É comum, em organizações que possuem avaliação de desempenho, que as metas tenham sido acordadas e registradas em formulários ou sistemas. Mas, também, é muito comum que os profissionais só voltem a consultar estas informações quando for o momento de avaliar os resultados. Em outras palavras, não há um acompanhamento da performance da equipe. Como Ram Charan e Larry Bossidy escreveram em seu livro Execução (2005), o problema nas grandes empresas não é estabelecer a estratégia, é executá-la. O gestor precisa estabelecer uma rotina de acompanhamento da performance com sua equipe. Frequentemente deve verificar como está o desempenho. Problemas irão aparecer, oportunidades surgirão, demandas de outras áreas ou até mesmo da alta direção da empresa aparecerão. Enfim, diversos fatores podem desviar o colaborador dos objetivos, por isso é de suma importância que o gestor, juntamente com a equipe,
  • 5. monitore constantemente o desempenho. Além de evitar desvios, o monitoramento traz outro benefício: permite comemorar as vitórias parciais e ganhar mais fôlego para continuar na busca pelos resultados. Nesta etapa, continua sendo fundamental envolver a equipe, acordar com ela como este acompanhamento será feito, quais informações serão tratadas, com qual periodicidade e como serão tratados os eventuais desvios. Manter o envolvimento reforça a responsabilidade. Tenho visto excelentes resultados quando as reuniões de acompanhamento são realizadas quinzenalmente. Durante todo o momento de execução das metas, o processo contínuo de feedback é fundamental. Discutir sobre os acertos, erros, relacionamento dentre os membros da equipe e dificuldades de cada um é importantíssimo para a boa performance dos colaboradores. O gestor fica mais próximo da equipe e pode exercer seu papel de desenvolver o time e conduzi-lo aos resultados. Por fim, a performance da equipe será diretamente proporcional ao envolvimento do líder com sua equipe. A atitude da liderança diante do processo de gestão de desempenho é exponencialmente mais importante que o processo em si. Por Maurício França Professor de Pós Graduação Consultor na Dorsey Rocha & Associados mauriciofranca@dorseyrocha.com http://twitter.com/francamauricio www.dorseyrocha.com (11) 36739799 Bibliografia BALDWIN, T.; RUBIN, R.; BOMMER, W. Desenvolvimento de Habilidades Gerenciais. 2ª reimpr., Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. BERGAMINI, C. W.; BERALDO, D. G. R. Avaliação de Desempenho Humano na empresa. 4ª ed., São Paulo: Atlas, 2008. BENNIS, W.; NANUS, B. Líderes: estratégias para assumir a verdadeira liderança. São Paulo: Harbra, 1988. BLANCHARD, K.; JOHNSON, S. Gerente Minuto, 30ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009. BOSSIDY, L.; CHARAN, R. Execução: a disciplina para atingir resultados. 14ª ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2005
  • 6. DONNELLON, A. liderança de equipes: escolha a equipe, comunique as metas, defina as funções, crie um clima de confiança. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A Estratégia em Ação: balanced scorecard. 26ª reimpr., Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. KOTTER, J. P. Afinal o que fazem os líderes? : a nova fase do poder e da estratégia. 3ª ed., Rio de Janeiro: Campus, 2000. ULRICH, D.; ZENGER, J.; SMALLWOOD, N. Liderança orientada para resultados: como líderes constroem empresas e aumentam a lucratividade. Rio de Janeiro: Campus, 2000.